A 10º Sinfonia de Chostakovitch

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Onde está: Home / Acervo (2013-2014) / Compositores / Dmitri Chostakovitch

DMITRI CHOSTAKOVITCH

SÃO PETERSBURGO, 25 DE SETEMBRO DE 1906 / MOSCOVO, 09 DE AGOSTO DE 1975

BIOGRAFIA

OBRAS RELACIONADAS

As convulsões políticas na Rússia do séc. XX marcaram a carreira de Chostakovitch. Nascido em 1906, o compositor fez efectivamente a sua aprendizagem musical no período posterior à revolução de 1917, conhecendo um primeiro grande sucesso com a Sinfonia nº 1, composta quando tinha apenas 19 anos. Nesta obra detecta-se já o pendor satírico que iria permear a sua obra, e que lhe valeu, neste período inicial, algumas críticas de menor consequência por parte de facções ligadas ao regime soviético. Nesta fase, Chostakovitch era reconhecido no seu país como um compositor de grande talento, e as suas obras eram frequentemente apresentadas na União Soviética e em países da Europa ocidental. Nas décadas que se seguiram, o prestígio de que gozava veio a ser abalado pela imposição institucional do modelo do realismo socialista. O ataque por parte da crítica à sua ópera Lady Macbeth em 1936 (logo após uma performance em que Estaline esteve presente), embora não tenha levado a represálias directas por parte do regime, determinou limitações à actividade criativa de Chostakovitch que só foram atenuadas depois da morte de Estaline em 1953.


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Onde está: Home / Acervo (2013-2014) / Obras / Sinfonia nº 10 em Mi menor, op.93

SINFONIA Nº 10 EM MI MENOR, OP.93

DMITRI CHOSTAKOVITCH, SÃO PETERSBURGO, 25 DE SETEMBRO DE 1906 / MOSCOVO, 09 DE AGOSTO DE 1975

[1953; c.45min.] SINOPSE

1. Moderato 2. Allegro 3. Allegretto 4. Andante – Allegro

Uma das grandes figuras da música russa no séc. XX é indiscutivelmente Chostakovitch. A sua obra cruzou as duas grandes guerras e o tempo subsequente da Guerra Fria. As perplexidades desses tempos difíceis e as condicionantes políticas e sociais de um mundo dividido em blocos acabaram por reflectir-se na sua produção. Mas o alcance da sua vastíssima obra, em muitos domínios e nomeadamente na sinfonia, é de primeira grandeza. A 10ª Sinfonia foi terminada entre Julho e Outubro de 1953, embora se refira correntemente que alguns esboços e anotações datariam de 1946. A morte de Estaline ocorrida no início de 1953 terá constituído um impulso adicional, para um compositor que tinha sido criticado pelo poder político e não compunha uma nova sinfonia havia 8 anos. Esta sinfonia reage de algum modo a esse facto. A obra é de grande amplitude, positiva, emotiva, generosa, expressiva, grandiosa. Foi muito bem recebida pelo público tanto no seu país como no estrangeiro. No que respeita ao plano formal, esta sinfonia segue o mesmo tipo de sequência de andamentos das suas anteriores sinfonias nº 5 e nº 7: lento, rápido, lento, rápido. O primeiro andamento – Moderato – é um andamento expressivo, construído de trás para a frente, realizando um fantástico movimento de muitos minutos até ao seu apogeu. A gestão controlada do movimento e o domínio técnico e expressivo da orquestra conduzem o andamento a partir do registo grave das cordas, denso e espesso, acumulando tensão e energia a cada minuto que passa. Ainda que o ambiente pareça por vezes pesado e opressivo – e nem tudo o que se escreve no registo grave é necessariamente pessimista ou atormentado – ele haverá de conduzir a música a outras alturas. O segundo andamento – Allegro – é uma espécie de scherzo breve (sobretudo se comparado com a duração total da sinfonia, que rondará os 45 minutos). O carácter é irónico, mordaz, cortante, lembrando uma das facetas mais características de alguma da escrita de Chostakovitch. Consideramno uma referência expressa a Estaline. O carácter mais tenso e penetrante da sua escrita responde bem ao ambiente criado pelo primeiro andamento. O terceiro andamento – Allegretto – movimenta-se nos territórios do ritmo e da dança, alternado melodias de características opostas, da vivacidade à melancolia e da sombra à transparência. O último andamento – Andante - Allegro – faz um percurso próximo do primeiro, partindo também do registo grave e caminhando de forma não linear para uma poderosa definição do som orquestral, no fim da sinfonia. No que diz respeito aos temas, há um aspecto de entre todos que deve sublinhar-se: esta é a primeira obra de Chostakovitch que utiliza como elemento melódico uma sequência de notas retirada da parte inicial do seu nome, utilizando a correspondência sonora da escrita melódica alfabética (DSCH = Ré, Mi bemol, Dó, Si). Este motivo aparece recorrentemente no terceiro andamento, sempre de forma muito clara, e virá a ser utilizado em obras posteriores. Também no terceiro andamento aparece repetidas vezes um solo de trompa, construído sobre as notas musicais que correspondem ao nome de Elmira (uma antiga aluna do compositor). Um desenho melódico muito semelhante encontra-se também no primeiro andamento de Das Lied von der Erd, de Mahler, o que constitui também uma espécie de homenagem, segundo as palavras do próprio compositor.

Fernando C. Lapa, 2014

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21 SET | 2014

ORQUESTRA SINFÓNICA DO PORTO CASA DA MÚSICA 12:00 SALA SUGGIA

Takuo Yuasa direcção musical Concerto comentado por Fernando C. Lapa

Dmitri Chostakovitch Sinfonia nº 10 em Mi minor, op.93 [1953; c.45min.] 1. Moderato 2. Allegro 3. Allegretto 4. Andante – Allegro Takuo Yuasa direcção musical Takuo Yuasa tem­‑se apresentado no Grand Théâtre de Aix­‑en­‑Provence, Royal Festival Hall de Londres, Konzert­ haus de Viena, Alte Oper de Frankfurt, Liederhalle de Es‑ tugarda e Sibelius Hall em Lahti, Finlândia. Foi Maestro Titular da Orquestra Sinfónica Gumma no Japão e Maes‑ tro Convidado Principal da Orquestra Sinfónica Escoce‑ sa da BBC e da Orquestra do Ulster na Irlanda do Norte. Nasceu em Osaka, onde estudou piano, violoncelo, flauta e clarinete. Diplomou­‑se em Teoria e Composição na Universidade de Cincinnati e estudou direcção com Hans Swarowsky na Escola Superior de Música de Viena, Igor Markevich em França e Franco Ferrara em Siena, an‑ tes de se tornar assistente de Lovro von Matacic. Desde a conquista do Prémio Especial no Concurso Internacio‑ nal de Direcção de Fitelberg em Katowice (Polónia), tem dirigido frequentemente as principais orquestras pola‑ cas. A sua versatilidade leva orquestras de todo o mun‑ do a convidá­‑lo para dirigir tanto o repertório standard como obras mais obscuras de grandes compositores. Em 2007 recebeu o Prémio Cultural Iue pela sua contribui‑ ção excepcional para a música e pelos seus feitos artísti‑ cos internacionais. Colaborou recentemente com orquestras como a Fi‑ larmónica de Estrasburgo, a Nacional de França, a Filar‑ mónica de Bruxelas, a Sinfónica do Porto Casa da Música, a Sinfónica Aarhus e as principais orquestras japonesas. Visita frequentemente várias orquestras do Reino Unido. As suas qualidades musicais e de liderança têm atraído vários conservatórios de música da Europa e orquestras nacionais de jovens. MECENAS PROGRAMAS DE SALA

Gravou as integrais das sinfonias de Brahms e Schu‑ mann. Tem uma carreira discográfica bem­‑sucedida como artista exclusivo da Naxos e tem sido alvo de óptimas críti‑ cas, numa gama ampla de repertório que abrange Britten, MacMillan e Rawsthorne, Webern e Schönberg, Honeg‑ ger, Vieuxtemps, Macdowell, Schubert, Rimski­­‑Korsakoff, Pärt, Górecki, Glass e Nyman, juntando­­‑se ainda um gru‑ po emergente de compositores japoneses como Mayuzu‑ mi, Ohki, Bekku, Yashiro, Moroi, Akutagawa e Yamada. É Professor Associado do Centro de Artes Performativas da Universidade de Belas­­‑Artes e Música de Tóquio. Fernando C. Lapa Nasceu em Vila Real, em 1950. Fez os estudos musicais no Conservatório de Música do Porto, onde concluiu o Curso Superior de Composição na classe de Cândido Lima. É autor de uma obra considerável, tendo estreado até ao presente mais de duas centenas de peças, de todos os géneros. Muitas obras suas têm sido repetidamente executadas, em muitas centenas de concertos, tanto no país como no estrangeiro, sendo algumas delas transmi‑ tidas pela RDP, RTP e outras estações de rádio e televisão, nacionais e estrangeiras. Está representado em numero‑ sas gravações em CD e tem partituras editadas em Portu‑ gal e na Alemanha. Dirigiu o Coro Académico da Universidade do Minho durante 16 anos. Assinou cerca de três centenas de textos de crítica musical no jornal Público, entre 1994 e 2006. Tem leccionado em diversas escolas de todos os níveis de ensino, nomeadamente na Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo. É professor no Conservatório de Música do Porto desde 1984.

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orquestra sinfónica do porto casa da música Christoph König maestro titular

A Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música tem sido dirigida por reputados maestros, de entre os quais se destacam Baldur Brönnimann, Olari Elts, Leopold Ha‑ ger, Michail Jurowski, Andris Nelsons, Vasily Petrenko, Emilio Pomàrico, Jérémie Rohrer, Peter Rundel, Michael Sanderling, Tugan Sokhiev, John Storgårds, Joseph Swen‑ sen, Gilbert Varga, Antoni Wit, Takuo Yuasa ou Lothar Zagrosek. Entre os solistas que colaboraram recentemen‑ te com a orquestra constam os nomes de Midori, Vivia‑ ne Hagner, Natalia Gutman, Truls Mørk, Steven Isserlis, Kim Kashkashian, Ana Bela Chaves, Felicity Lott, Chris‑ tian Lindberg, António Meneses, Simon Trpčeski, Sequei‑ ra Costa, Jean­‑Efflam Bavouzet, Lise de la Salle, Cyprien Katsaris, Alban Gerhardt ou o Quarteto Arditti. Diversos compositores trabalharam também com a orquestra, no âmbito das suas residências artísticas na Casa da Músi‑ ca, destacando­‑se os nomes de Emmanuel Nunes, Jona‑ than Harvey, Kaija Saariaho, Magnus Lind­berg, Pascal Dusapin e Luca Francesconi. A Orquestra tem vindo a incrementar as actuações fora de portas. Nas últimas temporadas apresentou­‑se nas mais prestigiadas salas de concerto de Viena, Estrasbur‑ go, Luxemburgo, Antuérpia, Roterdão, Valladolid, Ma‑ drid e no Brasil, e é regularmente convidada a tocar em Santiago de Compostela e no Auditório Gulbenkian. Para

Violino I Zofia Wóycicka José Pereira* Vadim Feldblioum Evandra Gonçalves Vladimir Grinman Maria Kagan Emília Vanguelova Andras Burai Roumiana Badeva Alan Guimarães Tünde Hadadi Diogo Coelho* Pedro Carvalho* Sara Moreira* Violino II Jossif Grinman Nancy Frederick Tatiana Afanasieva Mariana Costa Francisco Pereira de Sousa Lilit Davtyan Pedro Rocha Paul Almond Vítor Teixeira Germano Santos Domingos Lopes Nikola Vasiljev

Viola Simon Tandree* Anna Gonera Luís Norberto Silva Rute Azevedo Hazel Veitch Jean Loup Lecomte Emília Alves Theo Ellegiers Francisco Moreira Biliana Chamlieva Violoncelo Vicente Chuaqui Feodor Kolpachnikov Gisela Neves Hrant Yeranosyan Michal Kiska Bruno Cardoso Aaron Choi Sharon Kinder Contrabaixo Slawomir Marzec Florian Pertzborn Jean Marc Faucher Altino Carvalho Tiago Pinto Ribeiro Joel Azevedo

além da apresentação regular do repertório sinfónico, a orquestra demonstra a sua versatilidade com abordagens aos universos do jazz, fado ou hip­‑hop, ao acompanha‑ mento de projecção de filmes e aos concertos comenta‑ dos, bem como a diversas acções educativas, incluindo o projecto “A Orquestra vai à escola”, workshops de compo‑ sição para jovens compositores e a masterclasses de di‑ recção com o maestro Jorma Panula. A interpretação da integral das sinfonias de Mahler marcou as temporadas de 2010 e 2011. Em 2011, o ál‑ bum “Follow the Songlines”, gravado com Mário Laginha e Maria João com David Linx e Diederik Wissels, ganhou a categoria de Jazz dos prestigiados prémios Victoires de la musique, em França. Em 2013 foram editados os con‑ certos para piano de Lopes­‑ Graça pela editora Naxos. A gravação ao vivo com obras de Pascal Dusapin foi Esco‑ lha dos Críticos 2013 na revista Gramophone. Na tempo‑ rada de 2014, a Orquestra é dirigida pela primeira vez por maestros como Peter Eötvös e Ilan Volkov, e interpreta uma nova obra de Unsuk Chin em estreia mundial. A origem da Orquestra remonta a 1947, ano em que foi constituída a Orquestra Sinfónica do Conservatório de Música do Porto, que desde então passou por diversas designações. Engloba um número permanente de 94 ins‑ trumentistas, o que lhe permite executar todo o repertó‑ rio sinfónico desde o Classicismo ao Século XXI. É par‑ te integrante da Fundação Casa da Música desde Julho de 2006.

Flauta Ana Maria Ribeiro Angelina Rodrigues Alexander Auer

Trompete Sérgio Pacheco Ivan Crespo Luís Granjo

Oboé Aldo Salvetti Tamás Bartók Eldevina Materula

Trombone Severo Martinez Dawid Seidenberg Ruben Tomé* Nuno Martins

Clarinete Luís Silva Carlos Alves Gergely Suto António Rosa Fagote Gavin Hill Robert Glassburner Pedro Silva Trompa Jasper de Waal* Hugo Carneiro Bohdan Sebestik José Bernardo Silva

DILIVA – Sociedade de Investimentos Imobiliários, S.A., é patrono do Maestro Titular da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música A CASA DA MÚSICA É MEMBRO DE

Tuba Sérgio Carolino Tímpanos Jean­‑François Lézé Percussão Paulo Oliveira Nuno Simões André Dias* Renato Peneda*

*instrumentistas convidados


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