ANUARIO INTERNACIONAL DA COMUNICACIÓN LUSÓFONA
2012 11
O sistema público de televisão cultural e educativa no Brasil César Bolaño - bolaño.ufs@gmail.com Paulo Victor Melo - paulovictorufs@gmail.com (Universidade Federal de Sergipe)
Resumo O presente artigo delineia um quadro histórico da televisão pública no Brasil e apresenta o cenário atual do setor, abrangendo a diversidade de emissoras entendidas como integrantes dessa modalidade de televisão. Analisa-se o contexto do surgimento da TV Pública no país – adotando como marco histórico a criação da Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa e o início das atividades das emissoras educativas com o surgimento da TV Universitária de Pernambuco, em 1967 – bem como as condições que proporcionaram a evolução do segmento, que culminou com a criação da Empresa Brasil de Comunicação, em 2007. Palavras-chave: TV Pública; Indústria Cultural; Economia Política da Comunicação.
Abstract The present paper traces a history of public television in Brazil and presents its current scenario, covering the diversity of channels and networks included in this type of television. We analyze the context of the emergence of public broadcasting in the country. It starts with the foundation of the Brazilian Educational TV Center Foundation, and the beginning of the Pernambuco University TV broadcast activities in 1967. The conditions that provided the sector evolution, culminating in 2007, when the EBC (a centralized Brazilian state owned TV network) is created, are also considered. Keywords: Public TV; Cultural Industry; Political Economy of Communication.
Introdução A conceituação sobre TV pública, no Brasil, é algo ainda pouco consolidado na literatura acadêmica sobre o tema e indefinido do ponto de vista da legislação sobre radiodifusão do país. A Constituição Federal do Brasil de 1988, em seu artigo 223, determina que: compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.
Ao apontar esta divisão, a Constituição Federal define que o conjunto da radiodifusão brasileira deveria ser regulamentado buscando um equilíbrio entre essas três formas de organização de serviços midiáticos. Porém, não houve, desde então, nenhuma lei regulamentando o artigo, que definisse as características de cada um dos sistemas, nem as condições de complementaridade, espaço mínimo ou proporção de cada um no espectro eletromagnético. Frente a esta indefinição, no âmbito da sociedade civil, a acepção mais recorrente é aquela que identifica a comunicação pública como a que mantém uma autonomia mínima de mercados e governos. A Carta de Brasília, documento final do 1° Fórum Nacional de TV Públicas, realizado em 2007, ilustra esta perspectiva: “A TV Pública deve ser independente e autônoma em relação a governos e ao mercado, devendo seu financiamento ter origem em fontes múltiplas, com a participação significativa de orçamentos públicos e de fundos não-contingenciáveis”.