
6 minute read
Danuta Kondek Acidentes com cargas -Pedro Galveia
localização para identificar pessoas com febre, potenciais portadores do coronavírus. O governo chinês introduziu também o chamado Código de Saúde, ou seja, um sistema eficaz de monitorizar a sociedade que recolhe dados sobre os residentes e, assim, avalia o seu possível risco de adoecer (histórico de viagens, tempo gasto em hotspots, contatos com pessoas infetadas). Aos residentes é atribuído um código (vermelho, amarelo, verde) que, dependendo da escala de risco de infeção por Covid-19, lhes permite entrar em determinadas zonas públicas ou os proíbe e obriga à quarentena. Também é interessante que nas estações de comboios, metros ou em locais públicos de grande fluxo de pessoas, Wuhan Guide Infrared introduziu um sistema que melhorou o método de medição da temperatura corporal baseado na tecnologia de infravermelhos. Num ecrã de infravermelhos é possível detetar passageiros e localizar com rapidez e precisão as pessoas cuja temperatura corporal excede as normas permitidas. Podemos especular, com base nas restrições aplicadas pela China, se isso é legal e em que medida viola a privacidade humana. Em termos deste último, é uma brecha enorme, e a mera atribuição de marcações de cores às pessoas cria uma espécie de divisão da sociedade, que certamente afeta muito o seu senso de dignidade e independência. No entanto, em face de uma grande ameaça e mortalidade neste país, devemos discutir a introdução de restrições e controlos tão fortes que tenham impacto sobre a interrupção da propagação da Covid-19? Facilitará a proteção e aumentará a segurança ou, ao contrário, induzirá mais ansiedade do controlo constante e nos bloqueará em todos os campos da existência? Como será a nossa vida daqui a alguns anos ...?
Acidentes com cargas
Advertisement
Os acidentes na vertente marítima e portuária sucedem-se ao longo dos anos, registando alguma melhoria nos últimos anos de acordo com as estatísticas, mas são ainda bastantes os que deixam navios ou instalações portuárias à mercê dos acidentes, prejudicando em muitos casos as cargas que deles fazem uso temporário. Tianjin, há alguns anos atrás, e, mais recentemente, o porto de Beirute, navios afundados, com incêndios a bordo, contentores perdidos no mar, navios de transporte de gado afundados com toda a carga, naufrágios, entre muitos outros que assolam os mares e as zonas ribeirinhas têm trazido problemas graves para a integridade e despacho em tempo das cargas. O transporte marítimo de cargas sempre enfrentou acidentes. A entrega das cargas na condição em que as mesmas são expedidas nem sempre é atingível. Pelas mais variadíssimas causas, por vezes, no papel do transitário de orientar o percurso de uma carga através dos vários meios de transporte, que lhe permitam chegar ao destino de um modo eficiente, nem sempre o caminho escolhido é o que garanta a entrega da carga sem danos. A escolha de determinado modo de transporte permite ter maior confiança, tal como os parceiros que se escolhem para o mesmo, mas nem sempre as condições meteorológicas e os fatores externos ao transporte garantem a integridade das cargas. Existem um sem fim de situações e pontos de transporte onde esses danos podem acontecer. Desde o método de acondicionamento, às várias transferências modais, aos diferentes meios de transporte ou na sua entrega ou receção. De acordo com o UK P&I Club, as maiores queixas em relação à carga conten-
Pedro Galveia
torizada referem-se maioritariamente a danos físicos (28%), seguidas de problemas com cargas refrigeradas (15%), contentores perdidos por condições adversas (11%), havendo depois causas menores como infiltrações, roubo, contaminação e infestação. Segundo o The Swedish Club, num relatório lançado recentemente, no período de 2015 a 2019, a média de reclamações em navios de contentores atingia os 52.000 dólares. Para o mesmo período, e considerando apenas as reclamações acima de 5.000 dólares, em termos de volume os danos por carga molhada atingiram os 27,9%, por temperatura 21,9% e os danos físicos representavam 18,1%. Se visto pela vertente do custo das indemnizações em vez do volume, a carga molhada representa já 40,6% dos custos, a nível de danos na temperatura 20,3% e os contentores perdidos representam 10,6% do valor dos custos com as seguradoras. Apenas 4% das reclamações às seguradoras são por contentores perdidos no mar, no entanto estes representam cerca de 10% dos custos de indemnizações, gerando, em média, custos na ordem dos 135.000 dólares, comparados com os cerca de 52.000 dólares para a generalidade das reclamações como atrás enunciado. Em relação ao número de reclamações
por contentores perdidos no mar, cerca de 50% deve-se a mau tempo, 26,5% devido a mau/insuficiente acondicionamento/fixação das cargas pelo expedidor (shipper) e 8,8% devido a má peação a bordo. Novamente, se virmos pela vertente do custo geral das indemnizações, a causa imediata da perda de contentores centra-se 80,8% no mau tempo, representando o mau/insuficiente acondicionamento/fixação das cargas pelo expedidor ou a bordo cerca de 8% e 6,6%, respetivamente. O correto acondicionamento das cargas é um dos principais fatores para o sucesso da entrega das cargas aos clientes sem avarias e, conseguindo-o, um dos maiores elementos para a confiança de um determinado transporte/cliente. Nem sempre é fácil ficar imune aos muitos fatores externos que a todo o momento influenciam a integridade das cargas, e para o setor dos transitários é quase transparente o modo como as cargas são inicialmente acondicionadas, mas em todo o caso durante o transporte o impacto pode ser enorme, levando à perda total da carga, ou a bloqueios temporários em portos ou navios, fruto de fatores externos no mesmo meio de transporte, por exemplo com outras cargas. O seguro das cargas e transporte é vital para a salvaguarda dos bens dos clientes,
O seguro das cargas e transporte é vital para a salvaguarda dos bens dos clientes, mas mais importante é toda a preparação e segurança oferecida ao transporte, de modo a que se permita o normal funcionamento da cadeia...
mas mais importante é toda a preparação e segurança oferecida ao transporte, de modo a que se permita o normal funcionamento da cadeia, minimizando os fatores externos e prevendo o melhor trajeto para as cargas, evitando problemas como, por exemplo, um ciberataque que pode bloquear uma carga num porto/navio durante algumas semanas. Os transitários têm essa decisão e sexto sentido para proporcionar aos clientes a melhor solução custo/tempo/benefício, mas nem sempre o caminho escolhido é o mais certo, infelizmente. Resta continuar a trilhar sempre o aparente melhor caminho, para oferecer o melhor serviço.
WE ARE WHAT OTHER LOGISTICS COMPANIES WILL BE.



