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CORREIO DO PLANALTO – 3

Presidente da Câmara confiante na recuperação da produção da batata de semente

«Tenho muita fé neste projeto!»

Pesca de CARPA na Albufeira dos Pisões por: António Chaves

Verdadeiro emblema do Barroso, a produção da batata de semente promete recuperar a glória de outrora caso seja assumida «de corpo e alma». O presidente da Câmara de Montalegre acredita que a revitalização deste produto será um sucesso. A autarquia desdobra-se em apoios, basta, esclarece Orlando Alves, que os aderentes sejam «sérios» e «inteligentes».

Na sequência do desafio lançado em Fevereiro último, o município de Montalegre acaba de aprovar um regulamento de concessão de apoio financeiro destinado ao fomento da produção de batata de semente. Alguns agricultores aderiram ao repto lançado pela autarquia indo ao encontro de uma firme convicção que o atual executivo municipal possui na recuperação de uma caraterística identitária do concelho. Uma «causa» que faz parte do «cromossoma» dos barrosões, defende o presidente da Câmara Municipal de Montalegre. Orlando Alves diz que estamos perante «a recuperação daquilo que nós somos e daquilo que fez de nós uma terra grande».

LIGAÇÃO AO MUNDO RURAL O autarca lembra que à medida que foi abandonado o amanho da terra, o concelho «começou a definhar e hoje estamos na situação de quase mendicidade». Estreitar a ligação do homem rural à terra é o propósito da edilidade que olha para esta aposta como mais um empurrão para estancar a crescente desertificação que alastra não só no concelho como em todo o interior do país. Neste sentido, o edil falou, nestes termos, da reunião estabelecida entre a Câmara Municipal e os agricultores aderentes: «tivemos uma reunião depois de termos iniciado este processo de fomento da produção de batata de semente. Sensibilizamos os aderentes para a obrigação que têm de cumprir escrupulosamente as regras da produção da batata. São regras exigentes e que vão merecer presença constante e acompanhamento técnico. A reunião serviu, também, para preparar consciências no sentido de se consciencializarem disto: ou estão neste processo de corpo e alma e acreditam nele ou estão aqui para fazerem experiências. Se for este último caso, é melhor desistirem e deixarem de participar dando o lugar a outros».

«NAVEGAR A ONDA CERTA» Porém, Orlando Alves está convencido, pelo que observou, «que há aqui boa matéria prima, ânimo, vontade e que este é o caminho». Tudo somado, afirma o presidente, «estamos todos a navegar a onda certa». Ato contínuo acentuou: «hoje são 15 que aqui se apresentam como aderentes a este projeto. Se para o ano forem mais 15, já duplicamos». Uma dinâmica «que terá que crescer como cresceram outras coisas como a Feira do Fumeiro, que foi o espelho e o mote para muitas outras feiras que se fizeram pelo país abaixo». Na conversa que travou com os aderentes, o líder do executivo, entre várias considerações, afirmou: «ainda não encontrei uma única pessoa que não me dissesse que estava a meter-me em assuntos complicados. As pessoas que me fazem esta observação são pessoas que me querem bem e que conhecem um pouco tudo isto. Produzir hoje batata de semente não é o mesmo que se fazia à 20/30 anos. Hoje implica uma dedicação de muitas horas à exploração. Implica ter vontade de trabalhar e ter a consciência que tem que se fazer muita madrugada». Apesar das dificuldades, o presidente acredita que «o projeto tem muita perna para andar», apesar de «muitos ainda olharem para ele com muita descrença».

Começo por referir a satisfação pelo que observei em matéria de pesca, na minha última estadia nas aldeias de Morgade e de Negrões. Na albufeira decorria um concurso de pesca à carpa, durante um período de quatro dias, organizado pela Associação Portuguesa “Carp Fishing”. Mau grado o lançamento da espécie nestas águas, não se sabe por quem, há alguns anos atrás, que diminuiu a visita de pescadores à região, a existência da carpa no lago é um realidade definitiva e com a qual temos que conviver. A questão que agora se coloca é como tirar partido do que o presente nos oferece. Mau grado o negativismo em aceitar e acolher ideias novas, são organizações exteriores à região que descobrem as potencialidades da terra que os naturais têm dificuldade em admitir: - A carpa não é boa para comer, ponto final! Como se estivéssemos ainda a viver na era pré-histórica dos caçadores e recolectores! Em conversa com um professor da Universidade do Minho e um cidadão Inglês, ambos participantes do concurso, fiquei a saber várias coisas: -Que já estiveram envolvidos nalgumas acções de recolha de lixo, nesta barragem; - Que praticam uma pesca desportiva, sem morte dos animais; retirados da água, são fotografados e pesados, tratados se necessário,e em seguida devolvidos à água; -Que o Carp Fishing é a modalidade mais aliciante do momento, em toda a Europa, ganhando também cada vez mais adeptos em Portugal; -Que se transformou numa indústria turística muito rentável, em muitos lugares; Que a Barragem do Pisões é a eleita em todo o país, quer nesta modalidade, quer na envolvente paisagística; -Que é uma pesca selectiva, tecnicamente desenvolvida, que busca apenas alcançar recordes, somente pelo prazer desportivo, pela fotografia e pelo convívio entre todos os participantes, em estreito convívio com a natureza. - Que no interior do nosso país é já possível encontrar carpas com tamanhos impressionantes, com mais de 20 kg de peso; -Que na França já foi capturada uma carpa com 40 kg, esperando-se apurar até onde é possível chegar, em Portugal. Referiram-me também que é possível realizar nesta barragem concursos internacionais de carpa que podem atrair centenas de participantes de várias partes do mundo e com acompanhantes , por vários dias, o que além das receitas geradas em alojamentos e refeições é também uma aprendizagem de como podem ser aproveitados os recursos locais de que dispomos. Sugeri, por isso ao Presidente da Câmara de Montalegre, Prof. Orlando Alves, a realização de uma exposição fotográfica, no átrio da entrada do edifício da Câmara de Montalegre, para divulgação das imagens das carpas captadas no concurso realizado na Albufeira dos Pisões, nesta primeira quinzena de Junho. Foi reconhecido o interesse e a oportunidade da iniciativa. Claro que vai ser necessária a colaboração da Associação CARP FISHING portuguesa. Apreciar imagens de carpas com sete a dez quilogramas de peso, saídas e devolvidas à Albufeira dos Pisões não é evento que se observe todos os dias. A Carp Fishing tem-se dedicado também a realização de acções de formação, nomeadamente junto dos alunos das escolas e do público em geral e pode levá-las a efeito também aqui, em colaboração com a autoridade local. O conceito de pesca, como actividade lúdica, com respeito integral da natureza, ainda não é suficientemente óbvio, na nossa terra, suportado também pelos maus exemplos de pesca utilitária e de turismo selvagem que por aqui tem frutificado. Não basta realizar conferências e seminários enfadonhos, sobre que futuro para o mundo rural. Impõe-se paciência e sagacidade para agarrar as oportunidades que se nos oferecem, fazendo da nossa terra um lugar onde é agradável viver, onde cresce o emprego e o numero de nascimentos, uma terra com futuro e com esperança, mau grado o negativismo sistemático de que estamos imbuídos. As circunstâncias não são fáceis, não senhor, mas não podemos aceitar os desafios apenas quando temos a garantia de que os vamos ganhar. Ainda hoje li no Público, uma frase do fundador e presidente da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento que dá muito que pensar:

“A Instabilidade é infecciosa mas a esperança também”.

RECUPERAR O VIGOR ECONÓMICO Todavia, sustenta Orlando Alves, «eu tenho muita fé neste projeto!», para de seguida puxar pela memória: «assim como trabalhei a primeira Feira do Fumeiro, onde andei pelas portas a pedir às pessoas para produzirem mais porcos, também agora tenho consciência de que se soubermos trabalhar, podemos recuperar a auréola e o estigma que se perdeu». Em resumo, Orlando Alves disse estar «satisfeito pelo feedback que recebi e tenho a certeza que se soubermos ser inteligentes, este processo será coroado de êxito e vai ser o processo que nos vai permitir recuperar a matriz, a identidade, a chama e o vigor económico que Montalegre e toda a região do Barroso já tiveram e que é urgente recuperar».


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