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Equipamento Básico de Carp Fishing I (Canas e Carretos) Texto e fotos de Pedro Martins

O presente artigo pretende ajudar todos aqueles(as) que, querendo iniciar-se na modalidade fascinante que é o Carp Fishing, pretendam adquirir o material básico. Como em todos os desportos e artes, em termos de qualidade e preços, existem diversas gamas, mais ou menos acessíveis, piores ou melhores, consoante o orçamento de cada um. Eu diria, grosso modo, que existe: 1) a gama baixa e muito acessível; 2) a média e acessível, de qualidade aceitável; 3) a de alta qualidade e de preços mais restritivos, só recomendável para pescadores com grande experiência e que sejam praticantes inveterados e assíduos da modalidade (fora ou dentro da competição, fora ou dentro do país). Pode-se dizer que, num certo sentido, hoje em dia, a escolha de material específico é mais fácil do que há alguns anos atrás. A oferta cresceu muito devido ao aumento de praticantes da modalidade, o que contribuiu para tornar os preços mais competitivos. No entanto, são ainda escassas as lojas portuguesas “físicas” que nos permitem comprar o equipamento completo de Carp Fishing, sendo possível, por vezes, comprar alguns componentes isolados. Por isso, a maior parte dos praticantes, em Portugal, em particular no Norte, compra em lojas on-line, estrangeiras ou portuguesas. Isso não é o ideal mas o possível pois, quando se pretende comprar, nada substitui o manuseamento prévio de canas e carretos. De qualquer forma, quem começa terá sempre que optar, tendo em conta o seu orçamento inicial. Os foruns de pesca estão repletos de dúvidas sobre aquisição de material. Dada a variedade da oferta nem sempre é fácil escolher, porque se deve ter em conta diversos factores, um dos mais importantes é o tipo de Carp Fishing que se vai 1


fazer (grandes lagos, pequenos lagos, rios caudalosos ou pequenos rios, etc); a constituição física também importa, assim como a dimensão dos peixes. Por exemplo, no estrangeiro, em países como França ou Espanha, infelizmente para nós, as exigências são diferentes, face às dimensões consideráveis das capturas. Posto isto, apenas para facilitar a exposição, eu dividiria o equipamento básico de carp fishing, se não contarmos com os iscos (aspecto já tratado por outros autores da APCF), em quatro classes fundamentais: a) Canas e carretos (as “ferramentas” fundamentais da arte); b) Materiais de montagem (linhas, chumbos, anzóis, destorcedores, etc); c) equipamentos de apoio (espetos, suportes, rod pods, sacos de canas, abrigos, cadeiras, baldes, barcos, sondas etc); d) kit de cuidados com a carpa (tapete de recepção, camaroeiro, balança, sacos de pesagem e retenção).

1. Canas e carretos Como estas são as ferramentas fundamentais do carpista, vamos dedicar-lhes este primeiro artigo. Neste como em outros componentes, a nossa sugestão é que quem começa nem deve cair no extremo de comprar uma cana demasiado barata (a não ser que não tenha outra alternativa), nem deve tão pouco cair no erro de comprar uma cana topo de gama, da qual seguramente não conseguirá tirar partido logo no início. Apesar de tudo, não se deve desprezar certas promoções ocasionais (as promoções podem não resultar da falta de qualidade do produto mas da dificuldade de escoamento para o mercado e da descontinuação de alguns modelos de canas). Nem se deve pensar que a primeira compra é para toda a vida. O mercado em segunda mão começa a ser bastante activo e aliciante em Portugal, pelo que não terá problemas em vender posteriormente material usado. Trate sempre bem o seu material, é uma forma de prolongar a sua vida e de o valorizar, tendo em vista uma posterior troca. Só deve optar por comprar algo de grande qualidade quando já domina os segredos da modalidade e sabe exactamente as

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exigências do tipo de águas em que vai pescar, além das suas capacidades enquanto lançador e outros aspectos. Uma boa forma de avaliar a qualidade do material disponível é consultar foruns nacionais e estrangeiros onde aparecem por vezes críticas ao modelo que pretendemos comprar, alguns deles são até especializados nisso. Existem seguramente modelos em que a relação qualidade/preço é assaz favorável. Não se precipite. Tenha paciência suficiente para procurar, esta é uma qualidade indispensável a qualquer carpista… Como em outras modalidades, não existe propriamente uma cana standard que nos permita pescar, com eficácia - ou a mesma eficácia -, em todas as águas, em todas as circunstâncias. No entanto, é possível, para quem começa, em Portugal, pescar apenas com um modelo de canas sem grandes problemas. De qualquer forma, é fundamental adquirir sempre as canas aos pares. Ou seja, deve comprar sempre, pelo menos, duas canas exactamente iguais, pois isso melhora a eficácia e a precisão nos lançamentos e na pesca. Em Portugal, estranhamente, só é permitido pescar com duas canas (estamos perante uma modalidade de pesca sem morte!). No entanto, uma terceira cana (e mesmo uma quarta) pode sempre dar jeito e por vezes garante um preço total melhor: para sondar o pesqueiro, para pescar noutras paragens em que as leis sejam mais racionais, para ter uma cana de reserva já montada e pronta. As especificações das canas de Carp Fishing variam em torno de aspectos como: a) Teste de curvatura1, que aparece em libras, sendo que este varia geralmente entre as 2,5 libras e as 3,5 libras; as canas com testes superiores são indicadas para lançamento de spods ou bait-rockets (foguetes de engodagem), embora sejam utilizadas canas de mais de 3,5 libras (um comportamento próximo de canas de surf-casting) em certos tipos de pesca mais exigentes no tocante ao lançamento e às chumbadas usadas (quanto a nós, não são recomendáveis para o tipo de pesca praticada entre nós); este é um dos factores mais importantes a ter em conta na escolha. b) Comprimento: oscila, geralmente, entre os 3,6m (12 pés) e os 3,9m (13 pés); c) Número de secções: 2, três ou mais (telescópicas). As canas de 2 secções são as mais usadas, pela maior robustez, melhor acção e dinâmica que proporcionam, apesar de não serem tão fáceis de guardar na viatura. d) Tipo de carbono do blank e) Tipo de encaixe (invertido, espigão, etc) Além da qualidade do blank, outros factores há a ter em conta na escolha do material, prendem-se com a qualidade dos acabamentos e dos materiais usados nos passadores e nos porta-carretos. Neste particular, a marca japonesa Fuji é uma garantia de qualidade mas encarece automaticamente o produto. Uma cana de qualidade aceitável, hoje em dia, deverá contar obrigatoriamente com passadores SIC. As duas principais qualidades valorizadas numa boa cana de Carp Fishing, que dependem do seu processo de fabrico e da qualidade dos tecidos de carbono e resinas usados, nem sempre fáceis de juntar no mesmo modelo são, de forma análoga às canas de surf-casting:

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O Teste de Curvatura (T.C.) é a força necessária para que, colocado o cabo da cana num plano horizontal, a sua ponteira, ao ser vergada, faça um ângulo de 90º com o respectivo cabo. Logicamente, quanto mais elevado for o T.C. mais força é preciso exercer para dobrar a cana até se atingir este ângulo. Um teste de curva de 3 libras significa que é preciso submeter a ponteira à tracção de um peso de, pelo menos, 3 libras (1,360 Kg).

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a) a capacidade de lançamento; b) a capacidade para amortecer os golpes do peixe – que nesta pesca podem ser extremamente violentos - e proporcionar boas sensações na luta, evitando ao mesmo tempo as desferragens. As canas muito dotadas no aspecto a) são geralmente mais rígidas e difíceis de manusear e podem não ser muito práticas ou agradáveis na luta com o peixe, podendo até favorecer as desferragens. Só um lançador experiente poderá tirar partido delas, pelo que constitui um erro crasso um principiante comprá-las. No entanto, os fabricantes têm evoluído na concepção dos blanks (varas de carbono em bruto das canas), conseguindose, cada vez mais, conciliar os dois aspectos. Aliás, esse é o grande objectivo dos fabricantes de canas de Carp Fishing, até do ponto de vista do marketing, apesar de nem sempre ser alcançado.

No momento final da luta o blank é posto à prova. As canas demasiado rígidas, como a da figura, podem causar desferragens.

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Combate com uma carpa de 12kg com uma cana de acção progressiva e T.C. de 3,25 lb. Repare na curvatura da cana que não está ainda a ser submetida à máxima pressão.

Todavia, existem já canas bastante acessíveis, de acção progressiva e/ou semiparabólica (um compromisso intermédio entre a acção de ponta e a total) que oferecem 5


bons desempenhos no lançamento e boas capacidades na luta com o peixe, já que quando solicitadas tendem a vergar de forma mais harmónica e não apenas na ponta. Existem também canas muito mais flexíveis e de acção parabólica (vergam do cabo até à ponta), excelentes na luta em proximidade com o peixe, mas menos indicadas para pescas a distâncias maiores, ou para pescas em obstáculos, em que é preciso forçar o peixe. Para certas condições de pesca próxima ou stalking2, são as mais indicadas, mesmo em T.C. de 2 libras. Não serão, contudo, as mais adequadas para usar as técnicas de engodagem com PVA ou fio solúvel (que implicam um grande acréscimo de peso no lançamento, sempre que se usam chumbadas pesadas) e para grandes lançamentos com chumbadas pesadas.

Exemplo do modo de trabalhar de uma cana parabólica, a poucos metros de distância, numa sessão de stalking.

O ideal, trata-se apenas da nossa opinião pessoal, é optar por um modelo intermédio e versátil, que pode oscilar entre as 2,5libras e as 3 libras de teste de curva, consoante o modelo. A relação entre o teste de curva e a gramagem da cana, sendo proporcional (uma cana, da mesma marca e modelo, com mais teste de curva consegue lançar pesos maiores do que outra com menos), não é, devemos sublinhar, linear, de modelo para modelo, de marca para marca. Salvo raras excepções (a Shimano, por exemplo, divulga estes dados nos seus catálogos), as canas de Carp Fishing não explicitam a gramagem – o peso máximo lançável, por exemplo, 150gr), ao contrário das canas de mar. 2

Stalking, em inglês significa, literalmente, “pesca emboscada”. É uma variante leve do carp fishing em que se procura e pesca o peixe, ou até um peixe apenas, mantendo o contacto visual, geralmente a poucos metros de distância e com tácticas, iscos e engodagens de resultados imediatos. Por conseguinte, não é uma modalidade que exija muito tempo e material, apenas uma boa cana, camaroeiro, tapete, e o mínimo necessário em iscos e material de montagem. Por vezes, a nossa experiência tem provado, atingem-se melhores resultados em poucas horas de stalking do que em três dias de pesca com material pesado.

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Geralmente, os carpistas utilizam chumbos entre 60 e 120 gr, podendo usar ainda mais, em circunstâncias excepcionais (correntes fortes e grandes distâncias – neste caso a cana pode até nem ter a capacidade de lançamento, desde que se consiga colocar a montagem através de barco). Uma cana de 3 lb, geralmente, está à altura de lançar chumbadas com peso médio de 100gr.

Alguns exemplos de canas com testes de curvatura diferentes

Concluindo, a nossa sugestão, para o praticante português, é que compre, para começar, uma cana de qualidade razoável e preferencialmente de acção semiparabólica/progressiva, com um teste de curvatura de 3 libras e um comprimento de 3,6m (12 pés). Em certos casos, uma cana de 2,5 libras chega e proporciona mais prazer na luta com o peixe. Geram-se por vezes muitos equívocos, no mundo do Carp Fishing. Se está a começar, não é o facto de possuir uma cana de 3,5 libras e 3,9m que fará com que lance mais ou pesque melhor. Para uma pessoa de constituição física não muito atlética ou de baixa estatura, será mais fácil tirar todo o partido das capacidades de lançamento (comprimir o blank, é o termo técnico, pois é isso mesmo que acontece) com uma cana menor e com um teste de curvatura médio (3 libras). Além de que servirá bem para as condições de pesca nacionais, a não ser que seja indispensável lançar sempre a mais de 100m. Mesmo que seja, hoje em dia muitos carpistas optam por colocar as suas montagens através de um barco pneumático.

Carretos Quanto aos carretos (e linhas), torna-se muito mais fácil a escolha e a aquisição, em qualquer boa loja de material de pesca. O sistema de dupla embraiagem (baitrunner), sendo muito popular e eficaz, não é, de forma alguma, indispensável, além de que

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encarece os carretos e torna-os mais pesados. Mas é sempre uma opção possível e na sondagem revela-se extremamente prático. Logo, é boa ideia adquirir um para este efeito.

O Shimano Big Baitrunner LC - 1200, um clássico dos baitrunners, e talvez o mais fiável e robusto, dotado de uma bobine para grandes lançamentos e grande capacidade de fio. É bem visível na foto a patilha levantada em modo de embraiagem livre. Assim que se dá à manivela o carreto passa a funcionar como um carreto normal (tendo de haver regulação prévia dos dois modos de funcionamento.)

Todavia, regra geral, um bom ou razoável carreto standard de surf-casting serve perfeitamente para o carp fishing. Para quem não puder comprar um Shimano ou um Daiwa, existem opções bastante acessíveis e de qualidade segura no mercado. Com efeito, esta gama reúne todas as características exigidas no Carp Fishing: bom enrolamento do fio (que aumenta a performance nos lançamentos e evita cabeleiras), boa capacidade de armazenagem de fio (idem); formato cónico da bobine (idem), embraiagem precisa e segura, capacidade de “levantamento” (cranking power, a tradução não é muito fácil) – atendendo à dimensão das capturas e à força que exercem, em particular quando temos que as “arrancar” de obstáculos, este tipo de carretos é o mais indicado pois prima pela robustez, em todos os sentidos. Ora, a velocidade de recuperação geralmente varia em função inversa da “força” do carreto. Um carreto de Carp Fishing não deve ser muito veloz na recuperação. Regra geral, 300 m de 0,35 é uma capacidade de armazenagem suficiente. Bobines de 5500 a 10000 de capacidade são adequadas.

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Exemplos de bons carretos para carp fishing, havendo alternativas mais baratas no comércio.

Quanto às linhas, um bom monofilamento de 0,35mm constitui a opção mais versátil, embora se possa descer por vezes, em locais abertos e sem obstáculos, para 0,30mm. O mercado português está também repleto de fios de boa qualidade, a preços bons, em bobines de grandes dimensões, não tendo que se recorrer às lojas estrangeiras ou online. A nossa preferência pessoal vai para cores discretas (tipo castanho, creme ou esverdeado) ou neutras. Canas de sondagem e engodagem (bait rocket) Além das canas para pescar, existem canas específicas para sondagem com bóia e para engodagem. As primeiras têm, geralmente, testes de curva da ordem dos 2,5 lb, visto que a sensibilidade é um factor importante. As segundas apresentam testes superiores a 4,5 libras, podendo algumas apresentar 5,5 libras e são dotadas de uma acção adequada a bons lançamentos. Se optou por comprar 3 canas, então pode reservar uma delas para a sondagem com bóia. Também pode fazê-lo, como solução de recurso, com a mesma cana com que pesca, mas isso é pouco prático. Uma cana de bait-rocket tem que conseguir lançar pesos consideráveis a uma boa distância, os bait-rockets cheios de engodo. Em muitas situações, é indispensável utilizá-las para obter resultados, pelo que é conveniente reservar uma parte do orçamento para comprar uma, são geralmente mais baratas. Uma cana de pescar pode lançar apenas bait-rockets pequenos, como os que a marca Fox comercializa, os quais podem revelar-se muito úteis e práticos. Não deve lançar bait-rockets grandes ou médios com a sua cana de pescar, corre o risco de a partir, pois pesam muito mais do que uma chumbada convencional. Uma solução de recurso é usar

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uma vulgar cana de surf-casting, de 200gr, ou mais, de acção, que estará à altura da situação.

Engodagem com spod ou bait-rocket com uma cana de 5,5 libras de TC (Chub Outkast). Observe a pressão exercida na cana por um bait-rocket de grandes dimensões.

À esquerda: bait-rocket pequeno que pode ser usado com canas normais. À direita: bóias de marcação.

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