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REFORMA 1517 - 2017

Brasil Presbiteriano O Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 56 nº 747 – Fevereiro de 2017

A REFORMA PROTESTANTE DO SECULO 16 O final da Idade Média foi marcado por muitas convulsões políticas, sociais e religiosas. Na religião houve a erosão do ideal da cristandade, com a sociedade coesa sob a liderança da igreja e dos papas. Nesse período, destacaram-se também os primórdios da Reforma Inglesa.

Membro do Corpo de Cristo

Com a palavra, a presidente da SAF

Conheça a Ong Aprisco

Thiago é membro da IP de Pinheiros, foi criado com valores cristãos, e acredita que seu trabalho na Protesis, é uma forma de ser luz no mundo.

A SAF precisa continuar crescendo, e para isso precisamos crescer em vida piedosa, nos aprimorar dos serviços que entregamos ao Senhor.

O trabalho foi iniciado com crianças, mas as necessidades locais levaram a Aprisco para novos atendimentos.

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EDITORIAL

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Lutero e Balaão

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história bíblica de Balaão, conquanto estranha, apresenta um componente muito contemporâneo, que faremos bem em destacar. As nuvens ameaçadoras que Balaque, rei de Moabe, via no horizonte eram o povo de Israel que avançava irremediavelmente, quase a alcançar a Terra Prometida onde terminaria entrando. Para isso os israelitas deveriam passar por Moabe e por Balaque, que estavam entre eles e o rio Jordão. Com uma compreensão teológica tipicamente pagã, o rei moabita acreditava que o profeta Balaão tinha o poder de forçar a maldição de Deus sobre Israel, permitindo a Balaque ferir e expulsar os invasores. Não deu certo. Não adiantou três vezes mudar o púlpito

de lugar, construir altares e sacrificar bezerros. Nada moveria o Senhor de manter a sua palavra e cumprir suas promessas pactuais feitas aos patriarcas e ao seu povo. Nem Balaão, nem qualquer oferta ou sacrifício que fosse. A ideia de comprar o favor de Deus é uma estratégia do Adversário. Por ocasião da tentação de Jesus, Satanás se saiu com a proposta “tudo isso te darei se prostrado me adorares”. É uma troca, nós lhe oferecemos algo e somos recompensados. Com o Senhor Deus é o contrário, porque recebemos primeiro e reconhecemos em seguida. Os benefícios do Senhor precedem nossa adoração. Não podemos forçar ou sequer induzir suas bênçãos. Não podemos comprá-lo ou mudar a sua vontade

porque se trata de um Deus Soberano. Lutero aprendeu acerca da Soberania de Deus a duras penas. Nada que a Igreja Católica – por meio de seu confessor – lhe dizia que fizesse, sequer abrandava o terror que ele sentia em face da justiça de Deus. Insistente em suas penitências, assustado no fundo de sua cela, nada lhe valeu até descobrir na Escritura que somos justificados mediante a fé, somente pela fé, em uma soberana demonstração da graça de Deus. Somos cobertos com o manto de justiça de Cristo, então a iniciativa não é nossa, mas do Senhor. Foi uma descoberta revolucionária em uma época de venda de indulgências e de alegada compra do favor divino. As convicções do Reformador acerca do tráfi-

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co do perdão foram afixadas à porta da Igreja do castelo de Wittenberg, mas não ficaram imobilizadas ali. Reproduzidas com o novo recurso da imprensa de tipos móveis criado por Gutenberg, as 95 teses ganharam a Europa, e a civilização ocidental não foi mais a mesma, nem o mundo. Mas a velha ideia satânica – adotada por Balaque e pela igreja medieval – de que o ser humano pode mover a mão de Deus, continua à nossa volta e requer atenção. Não adiante criticar o catolicismo medieval ou atual, e tantos neo-pagãos de nossos dias se vemos a fé cristã como um balcão de negócios com o Senhor. Mais do que nunca, os solas da Reforma continuam valendo, porque Deus continua soberano.

Ano 56, nº 747 Fevereiro de 2017

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Cibele Lima E-mail: bp@ipb.org.br Diagramação Aristides Neto

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GOTAS DE ESPERANÇA

Espiritualidade da Reforma

O reavivamento promovido pela palavra de Deus A Reforma do século 16 foi uma volta às Escrituras. Essa volta à palavra de Deus produziu mudanças profundas na vida da igreja e trouxe um poderoso reavivamento. O salmo 119, o maior capítulo da Bíblia, trata da excelência da palavra de Deus e de seus benditos efeitos em nossa vida. Destacaremos, aqui, a relação entre a palavra de Deus e o reavivamento. Hernandes Dias Lopes

E

m primeiro lugar, reavivamento e restauração (Sl 119.25). “A minha alma está apegada ao pó; vivifica-me segundo a tua palavra”. Davi está prostrado até ao pó. Sua alma está humilhada ao extremo. Nessa prostração total, clama pela vivificação que vem por meio da palavra. É a palavra de Deus que restaura a alma! Em segundo lugar, reavivamento e proteção (Sl 119.37). “Desvia os meus olhos, para que não vejam a vaidade, e vivifica-me no teu caminho”. Nossos olhos podem nos atrair para armadilhas perigosas. Podem ser um laço para os nossos pés. Por isso, o salmista roga a Deus proteção da queda e ao mesmo tempo vivificação no caminho de Deus, o caminho da santidade. Em terceiro lugar, reavivamento e aspiração (Sl 119.40). “Eis que tenho sus-

pirado pelos teus preceitos; vivifica-me por tua justiça”. Quanto mais suspiramos pela palavra de Deus, mais somos cheios dela e mais vivificados seremos pela justiça divina. Quanto mais cheios da presença de Deus, mais desejamos Deus em nossa vida. Em quarto lugar, reavivamento e consolo (Sl 119.50). “O que me consola na minha angústia é isto: que a tua palavra me vivifica”. A vida com Deus é uma jornada ao longo da qual a angústia sempre nos espreita. Porém, nas noites mais escuras da alma, a palavra de Deus nos vivifica, nos consola e nos enche de verdor e frutos benditos. Em quinto lugar, reavivamento e obediência (Sl 119.88). “Vivifica-me, segundo a tua misericórdia, e guardarei os teus testemunhos oriundos de tua boca”. Quando descemos aos vales escuros da vida ou tropeçamos em virtude de

nossa fraqueza, precisamos da misericórdia de Deus e quando ele nos vivifica, então, renovamos o nosso compromisso de obediência à sua palavra. Em sexto lugar, reavivamento e aflição (Sl 119.107). “Estou aflitíssimo; vivificame, Senhor, segundo a tua palavra”. A aflição é o cálice que bebemos enquanto caminhamos na estrada juncada de espinhos, entre o berço e a sepultura. Porém, nas horas em que sorvemos esse cálice amargo, Deus nos vivifica segundo a sua palavra, apruma nossos joelhos trôpegos, fortalece as nossas mãos descaídas e nos restaura o vigor. Em sétimo lugar, reavivamento e oração (Sl 119.149). “Ouve, Senhor, a minha voz, segundo a tua bondade; vivifica-me, segundo os teus juízos”. Oração e palavra são os

dois grandes instrumentos que nos levam à vivificação espiritual. Quando Deus ouve nosso clamor, então, sua palavra nos restaura. Pela oração falamos com Deus; pela palavra Deus fala conosco! Em oitavo lugar, reavivamento e libertação (Sl 119.154). “Defende a minha causa e liberta-me; vivifica-me, segundo a tua palavra”. Quando somos apanhados na rede da perseguição externa ou da aflição interna, precisamos de livramento e quando este chega, Deus nos vivifica pela sua palavra. Bendito livramento! Deus não nos deixa expostos ao opróbrio dos nossos inimigos. Em novo lugar, reavivamento e misericórdia (Sl 119.156). “Muitas, Senhor, são as tuas misericórdias; vivifica-me segundo os teus juízos”. Por causa das mui-

tas misericórdias de Deus não somos consumidos. Por elas, Deus não nos dá o juízo que merecemos. Por isso, ele nos ergue de nossa fraqueza e nos vivifica segundo os seus juízos. Em décimo lugar, reavivamento e amor à palavra (Sl 119.159). “Considera em como amo os teus preceitos; vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua bondade”. O amor à palavra de Deus descortina diante de nós o caminho da bondade divina e nesse caminho está a gloriosa realidade do reavivamento e da vivificação espiritual. É tempo de buscarmos ao Senhor e a sua palavra até que ele venha sobre nós, trazendo em suas asas, poderoso reavivamento espiritual! O Rev. Hernandes Dias Lopes é o Diretor Executivo de Luz para o Caminho e colunista regular do Brasil Presbiteriano.


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UNIVERSIDADE

Capelania da Universidade Presbiteriana Mackenzie Três desafios: intelectual, profético e pastoral A Capelania da Universidade Presbiteriana Mackenzie existe há 41 anos. Teve início em janeiro de 1975, com o saudoso Rev. Odayr Olivetti. Ao longo destas quatro décadas, a UPM tem contado com o trabalho de diversos capelães. Nas atividades realizadas diariamente, a capelania busca responder a três grandes desafios. Gildásio dos Reis

DESAFIO INTELECTUAL Deus nos fez à sua imagem e semelhança, e um dos aspectos dessa semelhança é nossa capacidade de pensar (Cl 3.10). Devemos, portanto, utilizar nossa racionalidade de forma sensata, prudente e honrosa. No contexto da universidade, lidamos com todo tipo de ideologias, crenças e cosmovisões. O ceticismo é um desafio dentro da universidade. A base para muito daquilo que é ensinado tem sua origem no pensamento humanista secular, com

forte influência do marxismo, ateísmo, agnosticismo e materialismo, apenas para citar algumas correntes. Como não existe neutralidade na educação, um dos desafios na universidade é o de identificar a cosmovisão dominante e fazer o contraponto com a cosmovisão cristã. O desafio é o de apresentar o evangelho como algo intelectualmente viável para alunos e professores. Os cristãos precisam ser vistos não como fanáticos religiosos, mas como pessoas inteligentes e bem preparadas, com boas razões que justifiquem a nossa fé e esperança em Cristo (1Pe 3.15).

DESAFIO PROFÉTICO O profeta era o instrumento através do qual Deus falava ao povo. Era a “boca” de Deus (Dt 18.1819), falava em nome de Deus as palavras de Deus (2Pe 1.21). Essa função profética, além de central, é um dos desafios do trabalho do capelão na UPM. Aparentemente simples, tal tarefa no campus de uma universidade se transforma num grande desafio. O Mackenzie realiza, anualmente, aproximadamente 600 eventos, alguns deles com público entre 50 a 200 pessoas e outros nos quais a audiência chega a 1.000. E cada um destes eventos, realizados pelos mais de 40 cursos (Direito, Arquitetura, Psicologia, Engenharia, Teologia, Filosofia, Administração, e tantos outros) tem início com uma reflexão bíblica feita pelo capelão, reflexão essa que precisa revelar ou expressar a cosmovisão cristã

reformada. Para cada reflexão, exige-se tempo para estudo, pesquisa e muita oração. Para exercer essa função profética o capelão precisa ser um estudioso da palavra, da cultura e dos tempos em que ministra. Só assim, ele poderá ser a “boca de Deus” para uma sociedade tão carente do evangelho. DESAFIO PASTORAL O uso bíblico do termo “pastor” sempre traz a ideia de cuidado, zelo, proteção. O próprio Deus é chamado de “pastor de Israel” (Sl 80.1). Em Isaías 40.11 lemos que ele “como pastor, apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seio; as que amamentam ele guiará mansamente”. No Novo Testamento, vemos Jesus se identificando como o “bom pastor”, que “dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10.11,16).

A figura do pastor sempre remete a alguém que, na sua função, alimenta, protege, ensina, orienta e encoraja. Em uma palavra, pastores cuidam (Hb 13.17). Passam diariamente pelo campus da UPM cerca de 42 mil alunos. Muitos deles buscam ajuda na capelania para as muitas crises que enfrentam na vida. Muitos vêm de lares desestruturados, sem uma boa formação ética e acabam sendo vítimas das más influências no campus. Muitos vêm de outros estados, deixam seus lares e o convívio familiar e buscam apoio e orientação na capelania. Outros desafios que enfrentam são: dificuldade financeira, uso de drogas, promiscuidade sexual, incertezas e ansiedades. Tudo isso exige um cuidado pastoral que é exercido pelos capelães. Com discipulado por meio do aconselhamento, visitação, pregação, intercessão e ensino, a capelania está sempre pronta a atender aos alunos. O desafio aqui é o pastoral. Ou seja, cuidar desses jovens. E ao fazer isso a capelania se torna um braço de apoio às suas famílias e igrejas. O Rev. Gildásio Jesus Barbosa dos Reis, colaborador regular do Brasil Presbiteriano, é pastor da IP do Parque São Domingos (SP) e Capelão Universitário na UPM.


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REFLEXÃO

Afinal, o que é orar? Augustus Nicodemus

O

rar a Deus deveria ser uma coisa simples. Todavia, poucos assuntos precisam de mais esclarecimentos do que a oração. Há muitos conceitos errados sobre a oração por causa do misticismo e da superstição, por falta de conhecimento bíblico e ideias equivocadas sobre Deus. Seguem alguns pontos fundamentais e relevantes sobre oração. Estou pressupondo o básico: quem vai orar acredita que Deus existe e que ele recompensa os que o buscam. 1 – Orar é basicamente apresentar a Deus, mediante Jesus e com a ajuda do Espírito, nossos desejos, necessidades, confissão de pecados, intercessões, agradecimentos. Somente o Deus trino nos conhece, é capaz de atender os pedidos e o único que pode perdoar pecados. Portanto, não há qualquer fundamento bíblico para dirigirmos nossas orações a quaisquer criaturas, vivas ou mortas, mas somente ao Deus trino. 2 – Devemos orar a Deus em nome de Jesus. A razão é que o pecado nos afastou de Deus e não podemos nos aproximar dele por nossos próprios méritos. Cristo é o único, na terra e no céu, que foi constituído pelo próprio Pai como mediador entre ele e os homens. Não há qualquer

base bíblica para se chegar a Deus pela mediação de qualquer outro nome. A Bíblia nos ensina que “não há outro nome dado aos homens” e que “há somente um mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo”. 3 – Orar em nome de Jesus é nos achegarmos a Deus confiados nos méritos de Cristo e no perdão de pecados que ele nos conseguiu na cruz. É pedir a Deus com base nos merecimentos de Cristo e não nos nossos. É renunciar a toda justiça própria e chegarmos esvaziados de nós mesmos, nada tendo para oferecer em nosso favor a não ser a obra daquele que morreu e ressuscitou por nós. Onde não houver essa disposição e atitude, invocar o nome de Jesus será vão. Esse nome não é um talismã ou uma palavra mágica, ou a senha para desbloquear as bênçãos de Deus. Não funciona nos lábios daqueles que ainda confiam em si mesmos e na sua própria justiça, ainda que repitam esse nome dezenas de vezes em oração. 4 – Embora possamos pedir a Deus qualquer coisa que desejarmos, todavia, só deveríamos orar por aquelas que trazem a maior glória de Deus, que promovem o crescimento do reino de Deus neste mundo e que são para nosso bem, sustento, proteção, alegria, bem como de nosso próximo. Foi isso que Jesus nos

ensinou a pedir na oração do “Pai Nosso”. Assim, é tentar a Deus orarmos por coisas ilícitas e pedir coisas que ele declara, na Bíblia, serem contra a sua vontade. 5 – Deveríamos nos lembrar de orar por outras pessoas. A Bíblia nos ensina a pedir a Deus pelos irmãos em Cristo, pela Igreja de Cristo em todo o mundo, pelos governantes, por nossos familiares e pessoas de todas as classes, inclusive pelos nossos inimigos. Todavia, não há qualquer base bíblica para oferecer petições em favor dos mortos. 6 – Deus nos encoraja a trazer diante dele as nossas petições. Todavia, ainda que a eficácia de nossas orações dependa exclusivamente dos méritos de Cristo, Deus nos ensina em sua Palavra que há determinadas atitudes nos que oram que fazem com que ele não atenda essas orações, como brigas entre irmãos, mundanismo e egoísmo, tratar mal a esposa, pecados ocultos, incredulidade e dúvidas, falta de perdão a quem nos ofende, hipocrisia, vãs repetições, entre outras coisas. Por outro lado, se nossas orações são respondidas, isso não se deve à nossa santidade, mas à graça de Deus mediante Jesus, que nos habilita a viver de forma agradável a ele, e ao fato de que as orações, por essa mesma graça, foram feitas

de acordo com a vontade de Deus. 7 – Deus requer fé da parte dos que oram, a confiança de que Deus existe, que ele nos aceitou em Cristo e que é poderoso para nos dar o que pedimos, ou então, nos dar muito mais do que imaginamos. Orar com fé é trazer diante de Deus nossas necessidades e descansar nele, confiantes que ele responderá de acordo com o que for melhor para nós. Orar com fé não significa determinar a Deus que cumpra nossos pedidos, ou decretar, como se a oração tivesse um poder próprio, que esses pedidos aconteçam. Orações não geram realidades espirituais e nem engravidam a História. É Deus quem ouve as

orações e é ele quem decide se vai respondê-las ou não, e isso de acordo com sua vontade e propósito de sempre nos fazer bem. Se houvesse mais oração verdadeira a Deus por parte dos que professam conhecê-lo mediante Jesus, quem sabe veríamos aquele avivamento e reforma espirituais que tanto desejamos para nossa pátria? “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (2Cr 7.14). Texto publicado no blog www. tempora-mores.blogspot.com.br. Rev. Augustus Nicodemus Lopes é pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia e Vice-presidente do SC/ IPB.


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AÇÃO SOCIAL E EVANGELIZAÇÃO

Conheça a ONG Aprisco N

a cidade de Rio Grande da Serra, localizada entre Santo André, Ribeirão Pires e Suzano (SP), existe há oito anos uma organização não governamental (ONG) denominada Aprisco. Tudo começou em 2008, quando uma capela presbiteriana foi inaugurada em propriedade rural. Em pouco tempo, muitas crianças, passaram a frequentar os cultos e atividades, crianças com vários problemas e necessidades familiares. “Percebemos que elas precisavam muito mais. Então, juntamos um grupo de presbiterianos e, no mesmo ano, criamos a ONG APRISCO – Associação de Presbiterianos para Inclusão Social Comunitária”, conta Edson Carvalho, coordenador geral da Aprisco, membro da congregação presbiterial Fazenda Santa Fé (Presbitério de Santo André), instalada no mesmo terreno da ONG Aprisco, em Rio Grande da Serra. Os primeiros atendimen-

sede da aprisco

tos da Aprisco foram feitos com distribuição de cestas básicas e remédios. Muitos desafios surgiram. O principal foi construir um complexo de prédios para atender as crianças. “Deus nos deu a visão de construírmos com material reciclado (de demolição), e ainda estamos construindo com material que, pela providência de Deus, tem chegado na Aprisco por pura providência divina”, testemunha Edson. A partir da visão da dignidade de todos, não há um público alvo específico. O trabalho foi iniciado com crianças, mas as necessia-

bazar beneficente para ajudar refugiados

rio Grande da serra (sP)

des locais levaram a Aprisco para novos atendimentos e a dez projetos. Entre eles está o “Servir”, que demanda mais gasto, pois realiza viagens missionárias com estudantes de Medicina e Odontologia treinados pela missionária da Aprisco, Dra. Célia. “Precisamos de remédios, máscaras, luvas e apoio das mais variadas formas. Temos o apoio da IP de Pinheiros, por exemplo, que auxilia nos gastos com gasolina, o que é uma benção! Com o “Servir”, temos revitalizado igrejas como a IP Nova Campina (SP), que no primeiro momento foi beneficiada e

hoje, entendendo a importância do projeto, também nos ajuda. Com o apoio de outras igrejas presbiterianas, o sonho de Edson é replicar uma Aprisco em cada Sínodo da IPB. Isso possibilitará atingir cada vez mais vidas. A Aprisco realiza atendimentos diretos com aulas de música, esporte, cursos, segurança alimentar, farmácia – que atende clínicas de recuperação de dependentes químicos –, asilos, casa abrigo, missionários, projeto Servir e população local, e ainda mantém o “Acampaprisco”, festival de inverno com música sa-

irmãos da igreja local, instalada na aprisco.

cra, que tem o objetivo de ajudar entidades sociais da cidade. Além disso, a ONG tem assento nos Conselhos Municipais, ocupando em alguns casos, a presidência, o que dá abrangência muito maior de pessoas atendidas. “Para colaborar com a ONG Aprisco, ore pelos projetos, nos procure para ser voluntário e, havendo possibilidade, contribua financeiramente. Venha nos conhecer, e implante uma Aprisco em sua região”, apela Edson. Para saber mais, acesse www.ongaprisco.org.br ou www.facebook.com/ongaprisco .


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PRESBITERIANISMO EM FOCO

Jean D’Aubigné e sua História da Reforma Marcone Bezerra Carvalho

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ouco lembrado em nossos dias, Jean-Henri Merle D’Aubigné (17941872) é um importante personagem do movimento reformado e, no que diz respeito à historiografia do protestantismo, o autor mais famoso na Europa do século 19. Descendente de uma ilustre família protestante de Nîmes, França, D’Aubigné nasceu em Genebra, Suíça. Como muitos outros huguenotes, seus antepassados haviam deixado a França devido às perseguições religiosas. O principal refúgio foi Genebra, que, de 1798 até 1815, esteve sob o domínio francês. Ele teve uma educação clássica e, desde cedo, cultivou o gosto pela literatura, artes e história. Sua juventude coincidiu com o esfacelamento do Antigo Regime e o desabrochar de um novo tempo: o período pós-Revolução Francesa. Decidiu-se pela carreira ministerial e realizou seus estudos teológicos na Academia de Genebra (1813-1817). Nessa época, a Igreja Reformada não vivia seus melhores dias na Europa continental. O liberalismo teológico tinha seduzido parte dos pastores e a pregação bíblica fora substituída pelos discursos religiosos. Em meio a esse cenário, D’Aubigné testemunhou o avivamento que alcançou

Genebra nas décadas de 1810 e 1820. Pela instrumentalidade dos Irmãos Morávios e de pregadores britânicos, a chama da igreja se manteve acesa. Um fato de especial importância foi a atuação do escocês Robert Haldane, em Genebra. Seus ensinos e piedade impactaram seus ouvintes e, especialmente, alguns estudantes. Um deles foi D’Aubigné, que, em julho de 1817, foi ordenado pastor. Aos 23 anos, o jovem ministro conhecia as ideias e a prática do liberalismo, assim como a piedade evangélica expressada na vida de pastores como Haldane. Por não haver igreja vacante em sua região, o pastor genebrino dirigiu, de 1818 a 1823, a igreja francesa de Hamburgo, na Alemanha, e, de 1824 a 1830, a igreja protestante franco-alemã de Bruxelas, na Bélgica. Nesse último país, ele dirigiu a Église du Musée a convite do rei da Holanda, Guilherme I. Nas duas congregações, destacou-se como ministro erudito e piedoso. Antes dessas experiências pastorais, entre 1817 e 1818, D’Aubigné aprofundou seus conhecimentos na Universidade de Berlim. Seu contato com August Neander, respeitado historiador local, foi determinante em sua formação intelectual e lhe proveu o método científico pelo qual ele levaria a cabo o plano de escrever uma história da Reforma, plano concebi-

do sob o impacto da celebração do tricentenário das teses luteranas, no Castelo de Wartburg, em 1817. A experiência de viver no exterior e de pastorear comunidades multiétnicas ampliou sua visão acerca do reino de Deus. Deve também ser observado que, em 1829, ele se casou com Marianne Brelaz, filha de portugueses radicados na Suíça. Mesmo vivendo fora de seu país, D’Aubigné manteve contato com seus compatriotas e visitava Genebra sempre que possível. Em 1831, após ter recusado os convites da família real para ser o instrutor-chefe dos príncipes holandeses e também para ensinar e/ou pastorear em Montauban, Paris e Roterdã, ele regressou à sua cidade e realizou um ministério que lhe projetou internacionalmente. Com 37 anos e com a experiência ministerial de Hamburgo e Bruxelas, ele sentia-se preparado para trabalhar pela reforma religiosa em seu berço de origem. Iniciava-se, assim,

a obra magna de d’aubigné foi publicada pela ceP em seis volumes que circularam de 1951 em diante

um lindo capítulo na história do movimento reformado: o ministério de Jean–H. Merle D’Aubigné em Genebra (1831-1872). A elaboração da sua Histoire de la Réformation de la seizième siècle, cujos volumes apareceram entre 1835 e 1853, está relacionada ao propósito de demonstrar como Deus governa o mundo em favor de seu povo. D’Aubigné apreciava a riqueza do passado: o que ocorreu na Europa do século 16 podia ocorrer no seu tempo. Vinculou-se à Société Évangélique de Genève, organizada fora da igreja e que representou um esforço pela preservação da ortodoxia protestante. A Société criou um seminário (École de théologie) e publicou um jornal (Gazette Évangélique). Em termos práticos, isso significou o rompimento com a igreja estatal. Alijado da Vénérable Compagnie (res-

ponsável pela administração eclesiástica), até sua morte D’Aubigné se dedicou às carreiras de historiador, teólogo e professor. Ele ensinou teologia histórica na École, de 1832 até 1872. Sua erudição, seus escritos, suas palestras e seu estilo diplomático lhe conferiram grande reconhecimento em vida, havendo ele angariado títulos e condecorações: Doctor of Civil Law pela Universidade de Oxford, Doctor Honoris Causa pelas Universidades de New Jersey (atual Princeton) e Berlim, Grand Medal of Gold for Science concedida pelo Rei da Prússia, cidadão honorário de Edimburgo, Escócia, etc. Em Genebra, seu nome foi dado a uma das ruas da cidade. Era frequentemente convidado por monarcas, igrejas e instituições de toda Europa para falar em ocasiões solenes. Seus livros obtiveram sucesso inigualável. A Histoire de la Réformation de la seizième siècle, somente no século 19, foi bastante reeditada e traduzida para o inglês (49 edições), alemão, espanhol, polonês, dinamarquês, sueco e italiano. Jean D’Aubigné não somente discorreu sobre o protestantismo, mas foi um verdadeiro protestante. Louvamos a Deus por seu exemplo. O Rev. Marcone Bezerra Carvalho é historiador e colunista regular do Brasil Presbiteriano.


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IGREJA PERSEGUIDA

Morte de cristãos no mundo Em um ano cerca de 1.200 cristãos são assassinados em todo o mundo por causa da sua religião

C

erca de 1.200 cristãos foram assassinados no mundo entre novembro de 2015 e outubro de 2016 “por razões relacionadas a suas crenças”, informou a ONG Portas Abertas, no início de janeiro. Em 2016, de 1º de novembro de 2015 a 31 de outubro de 2016, o número de cristãos assassinados registrados por Portas Abertas

era de 1.173 pessoas, contra 7.100 em 2015, após vários anos de aumento (1.201 mortos em 2012, 2.123 em 2013 e 4.344 em 2014). Das vítimas fatais, quase a metade foi registrada na Nigéria, com 695 mortos. “As crises muito violentas que impactaram os números em 2015 diminuíram de intensidade, seja porque os grupos extremistas estão em

retrocesso (exemplos: Boko Haram, o grupo Estado Islâmico) ou porque os cristãos já morreram ou fugiram da zona”, segundo o relatório da ONG. No dia 11 de janeiro, Portas Abertas divulgou a classificação anual dos “50 países onde os cristãos são mais perseguidos”. No total, “215 milhões” de pessoas são vítimas de persegui-

ções, de forma “forte, muito forte ou extrema”, ou seja, aproximadamente um terço da população cristã destes Estados. No entanto, esses números, que englobam apenas os assassinatos de cristãos “provados de forma certa”, através de informações divulgadas na imprensa e na internet, estão “abaixo da realidade”.

Assim, a Coreia do Norte, primeiro país do “índice mundial de perseguição a cristãos”, não aparece no registro dos homicídios por falta de “dados confiáveis” no país “mais fechado do planeta”. Ore pelos cristão perseguidos em todo o mundo. Fonte:http://istoe.com.br/quase-1-200-cristaos-sao-assassinados-em-um-ano-por-sua-religiao

SEMINÁRIOS IPB

JMC tem novo capelão Reverendo Fôlton Nogueira é o novo capelão do Seminário Presbiteriano José Manoel da Conceição (JMC), designado para o cargo após o falecimento do Rev. Onezio Figueiredo (20.11.16).

O

Rev. Fôlton é bacharel em Teologia pelo JMC (1984) e Mestre em Teologia Sistemática pelo Centro de Pósgraduação Andrew Jumper (1998). Professor de Ética Cristã e Apologética no JMC de 1986 a 2000; professor de Ética Cristã no Seminário Presbiteriano do Sul em 1997; Diretor do Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição de 1990 a 2000

e Professor no Seminário Presbiteriano Rev. Denoel Nicodemus Eller em 2007 e 2014. Foi pastor no Presbitério de São Caetano do Sul (SP) de 1984 a 2003 e no Presbitério Médio Rio Doce (MG) de 2004 a 2014. Desde 2015 é pastor do Presbitério de Belo Horizonte. Palavra do Capelão Os Seminários diferem das Faculdades de Teologia basicamente por seus

objetivos. Enquanto estas buscam principalmente informar seus alunos, capacitando-os a exercer uma profissão no sentido mais técnico possível, aqueles – os Seminários – vão além e procuram fazer com que essas informações sejam interpretadas e aplicadas dentro de uma Confissão de Fé. Usando o termo bíblico: que exprimam a “analogia da fé”. Em um Seminário, e especialmente neste, todos os professores estão “engajados” na defesa da fé cristã. A Bíblia orienta todo o ensino e prática: as línguas são vistas como expressão da revelação

divina, como uma dádiva do Verbo Divino; a sistematização da Teologia como a possibilidade de se examinar e correlacionar a revelação divina de modo compreensível ao ser humano; a história como o registro dos atos redentivos de Deus; e as “práticas pastorais” como o exercício da providência do próprio

Deus no cuidado de seu rebanho, conduzindo-o a águas tranquilas e a pastos verdes. Em suma, o Seminário tem um compromisso com o Deus que se revela nas Escrituras Sagradas. E obviamente deseja que seus alunos – aqueles que buscam fazer a vontade do Senhor – tenham também esse compromisso. É exatamente aí que entra o trabalho do Capelão: fazer com esse compromisso, apesar dos muitos afazeres que, por vezes, tumultuam o dia a dia, nunca seja esquecido e muito menos deixe de ser praticado.Com a ajuda de Deus essa será minha prioridade.”


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anos

REFORMA 1517 - 2017

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O Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 56 nº 747 – Fevereiro de 2017

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A REFORMA PROTESTANTE DO SÉCULO 16 Antecedentes – final da Idade Média – II Alderi Souza de Matos

Primeiros Movimentos de Reforma Nos séculos 14 e 15, surgiram alguns movimentos esporádicos de protesto contra certos ensinos e práticas da Igreja Medieval. Um deles foi encabeçado por João Wycliff (1325?-1384), um sacerdote e professor da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Wycliff atacou as irregularidades do clero, as superstições (relíquias, peregrinações, veneração dos santos), bem como a doutrina da transubstanciação, do purgatório, as indulgências, o celibato clerical e as pretensões papais. Seus seguidores, conhecidos como os lolardos, tinham a Bíblia como norma de fé que todos devem ler e interpretar. João Hus (c.1372-1415), um sacerdote e professor da Universidade de Praga, na Boêmia, foi influenciado pelos escritos de Wycliff. Definia a igreja por uma vida semelhante à de Cristo, e não pelos sacramentos. Dizia que todos os eleitos são membros da igreja e que o seu cabeça

é Cristo, não o papa. Insistia na autoridade suprema das Escrituras. Hus foi condenado à fogueira pelo Concílio de Constança. Seus seguidores ficaram conhecidos como Irmãos Boêmios (1457) e foram muito perseguidos. Foram os precursores dos Irmãos Morávios, que veremos posteriormente, outro grupo protestante cujas raízes são anteriores à Reforma do século 16. Outro indiví-

pregou contra a imoralidade na sociedade e na Igreja, inclusive no papado. Governou a cidade por algum tempo, mas finalmente foi excomungado e enforcado como herege. Movimentos Devocionais Além dos movimentos que romperam com a Igreja, houve outros que permaneceram nela por se

Holanda e especialmente na Alemanha (Reno). Os principais místicos dessa época foram Meister Eckhart (†1327); Tauler (†1361) e os “Amigos de Deus”, Henrique Suso (†1366) e mais tarde o célebre teólogo e líder eclesiástico Nicolau de Cusa (1401-1464). O misticismo dava ênfase à união com Deus, ao amor, à humildade e à caridade, e produziu uma belíssima

15. Suas ênfases recaíam sobre a espiritualidade, a leitura da Bíblia, a meditação e a oração. Também valorizava a educação, criando ótimas escolas. Foi um movimento leigo, para ambos os sexos, e também exerceu grande influência sobre os reformadores protestantes. Os participantes eram conhecidos como Irmãos da Vida Comum. A obra mais importante e popular produzida por esse movimento foi o belíssimo livreto devocional A Imitação de Cristo (1418), escrito por Thomas à Kempis. Os humanistas bíblicos

duo incluído entre os pré-reformadores é Jerônimo Savonarola (1452-1498), um frade dominicano de Florença, na Itália, que

concentrarem na vida devocional, sem críticas aos dogmas católicos. Um deles foi o misticismo, bastante forte na Inglaterra,

literatura devocional. Outro importante movimento foi a Devoção Moderna, que se manteve forte durante todo o século

O interesse pelas obras da Antiguidade levou ao estudo da Bíblia nas línguas originais pelos chamados humanistas bíblicos. Os principais deles foram o italiano Lorenzo Valla (†1457), estudioso do Novo Testamento; o inglês John Colet (†1519), estudioso das epístolas paulinas; o alemão Johannes Reuchlin (†1522), notável hebraísta; o francês Lefèvre D’Étaples (†1536), tradutor do Novo


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Testamento; e o holandês Erasmo de Roterdã (1466?-1536), “o príncipe dos humanistas”, que publicou uma edição crítica do Novo Testamento grego com uma tradução latina, talvez a obra mais importante publicada no século 16, que serviu de base para as traduções de Lutero, Tyndale e Lefèvre e muito influenciou os reformadores protestantes. Esse retorno às Escrituras muito contribuiu para a Reforma do século 16. situaÇÃo Geral O final da Idade Média foi marcado por muitas convulsões políticas, sociais e religiosas. Entre as políticas destacou-se a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), entre a Inglaterra e a França, na qual tornou-se famosa a heroína Joana D’Arc. Houve também muitas revoltas camponesas, o declínio do feudalismo, a expansão das cidades e o surgimento do capitalismo. No aspecto social, havia fomes periódicas e o terrível flagelo da peste bubônica ou peste negra (1348). As guerras, epidemias e outros males produziam morte, devastação e desordem, ou seja, a ruptura da vida social e pessoal. O sentimento dominante era de insegurança, ansiedade, melancolia e pessimismo. Isso era ilustrado pela “dança da morte”, gravuras que se viam em toda parte com um esqueleto dançante.

Na área religiosa, houve a erosão do ideal da cristandade ou “corpus christianum”, a sociedade coesa sob a liderança da igreja e dos papas. A religiosidade era meritória, com missas pelos mortos, crença no purgatório e invocação dos santos e Maria. Ao mesmo tempo, havia grande ressentimento contra a igreja por causa dos abusos praticados e do desvio dos seus propósitos. Isso é ilustrado pela situação do papado no final do século 15 e início do século 16. Os chamados papas do Renascimento foram mais estadistas e patronos das artes e da cultura do que pastores do seu rebanho. A instituição papal continuou em declínio, com muitas lutas políticas, simonia, nepotismo, falta de liderança espiritual, aumento de gastos e novos impostos eclesiásticos. Como papa Alexandre VI (1492-1503), o espanhol Rodrigo Borja foi um generoso promotor das artes e da carreira dos seus filhos César e Lucrécia; Júlio II (1503-1513) foi um papa guerreiro, comandando pessoalmente o seu exército; Leão X (15131521), o papa contemporâneo de Lutero, teria dito quando foi eleito: “Agora que Deus nos deu o papado, vamos desfrutá-lo”. Continua na edição de março com A Reforma Protestante – 1ª Parte. O Rev. Alderi Souza de Matos é o historiador da IPB.

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Primórdios da R Em muitas aspectos, a Reforma inglesa foi um movimento independente, resultante da iniciativa do rei [Henrique VIII], embora durante a década de 1520, diversos estudiosos das Universidades de Oxford e Cambridge tivessem demonstrado grande interesse nas idéias de Lutero. Um dos mais importantes elos intelectuais entre a Inglaterra e os luteranos da Alemanha foi William Tyndale. Sua importância se deve aos muitos panfletos que escreveu e à sua brilhante tradução do Novo Testamento. Além disso, alguns remanescentes dos seguidores de Wycliffe tinham sobrevivido e continuavam a espalhar seus ensinamentos contra o papa. A Reforma na Inglaterra (...) resultou do desejo de Henrique VIII de ter um herdeiro do sexo masculino. (...) Henrique desejava o divórcio de sua esposa, Catarina de Aragão (...) Além de querer determinar uma sucessão ordeira, sua afeição por Catarina havia se transformado em aversão, tendo em vista que ele estava apaixonado por Ana Bolena, uma jovem dama de companhia da rainha. (...) Em 1527, Henrique pediu ao papado a anulação do casamento, mas pelo fato de Catarina ser tia de Carlos V, cujas tropas ocupa-

vam Roma naquele tempo, nenhuma atitude foi tomada. Uma pessoa impaciente e determinada, Henrique decidiu que já havia esperado o suficiente. (...) Assim, em 1533, Thomas Crammer, arcebispo de Canterbury, anulou o casamento e validou a união secreta já existente com Ana Bolena. O papa reagiu declarando a excomunhão de Henrique. Por isso, os católicos também consideraram ilegítima a filha de Henrique e Ana — Elizabeth. Em 1534, a adoção da Lei de Supremacia, que tornava o rei — e não o papa — “o único líder supremo no mundo da Igreja da Inglaterra”, mostrou o rompimento definitivo com Roma. Apesar da maioria dos ingleses ter aceito a divisão sem protestos, alguns recusaram-se a renunciar a lealdade a Roma e conse-

quentemente foram decapitados por traição. Muitas das mudanças que se seguiram na Igreja tinha a aprovação das classes mais influentes, especialmente a dissolução dos mosteiros. Depois que um relatório os acusou de corrupção, em 1536 e 1537 eles foram fechados e suas propriedades confiscadas, dando assim ao governo uma fonte adicional de renda e eliminando possíveis núcleos de oposição católica. Muitas propriedades monásticas foram doadas ou vendidas por valores irrisórios para as classes mais altas, fazendo delas, desse modo, simpatizantes do rompimento com Roma. Mesmo tendo o rei se tornado líder da Igreja da Inglaterra, suas doutrinas e práticas em grande parte continuaram as mesmas. Apesar de algumas inova-


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Catolicismo Medieval

Reforma Inglesa

ções, como a existência de uma Bíblia em inglês, a partir da tradução do Novo Testamento preparada por William Tyndale – uma em cada paróquia para ser usada pelos leigos – Henrique reafirmou a crença e as práticas católicas na Lei dos Seis Artigos (1539). Essa lei aprovada pelo Parlamento a pedido do rei, confirmava a transubstanciação, o celibato do clero, as missas particulares e as confissões. Henrique continuou sua busca por um herdeiro e finalmente sua terceira esposa deu-lhe um filho, Eduardo VI, que o sucedeu no trono em 1547, com 10 anos de idade. Um garoto sempre doente, Eduardo governou através de conselheiros que eram predominantemente protestantes. O novo regime cancelou a Lei dos Seis Artigos, tor-

nou o inglês a língua oficial dos cultos e permitiu o casamento do clero. Para substituir a liturgia católica, Cranmer produziu o Book of Common Prayer [Livro comum de orações]. Ele era escrito num inglês belo e imponente e, numa segunda edição, expressava claramente a doutrina protestante. No breve reinado de Eduardo, a Inglaterra mudou do catolicismo para o protestantismo reformado. Essa tendência, porém, foi revertida depois que Eduardo faleceu em 1553. Como filha de Catarina de Aragão, (...) Mary Tudor forçou a aprovação de leis no Parlamento (... e) a Inglaterra voltou a ser católica. Na verdade, porém, a situação havia mudado de maneira tão drástica que Mary não conseguiu fazer voltar o relógio. Um dos grandes obstáculos era a

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O crescimento da religião popular falta de fundos para projetos como a reabertura dos mosteiros. Até mesmo a rainha sabia que essas terras não podiam ser tomadas de seus proprietários influentes (...). Outro de seus erros foi perseguir os protestantes. Mais de trezentas pessoas, incluindo o arcebispo Cranmer, foram queimadas nas fogueiras. Essas execuções conferiram a ela o apelido de “Mary a Sanguinária” (...). Mary morreu em 1558, amarga e desanimada, sabendo que sua meia-irmã Elizabeth seria sua sucessora ao trono. Quer Elizabeth desejasse ser protestante ou não, as circunstâncias a forçaram a tomar uma posição reformada. (...) ela permitiu uma pequena diversidade religiosa para o bem da unidade nacional. (...) Em 1571 o Parlamento aprovou uma declaração de fé essencialmente protestante, os Trinta e Nove Artigos. Uma obra-prima de ambiguidade calculada, trata-se de um sumário das crenças anglicanas que continua sendo oficial até hoje. Em resumo, a Reforma inglesa foi um tanto anômala devido à sua união da doutrina reformada com uma estrutura católica medieval não-reformada. Adaptado de Dois reinos, Robert G. Clouse, Richard V. Pierard, Edwin M. Yamauchi e outros. Cultura Cristã.

Os estudos mais antigos do contexto da Reforma tendem a retratar o final da Idade Média como um período em que a religião estava em declínio. Em parte, isso reflete a postura não crítica adotada por esses estudos quanto à literatura do século 15, a qual criticava a igreja. Os estudos modernos, usando critérios mais confiáveis, demonstraram que a verdade é precisamente o contrário. Entre 1450 e 1520, a Alemanha teve um aumento considerável na piedade religiosa popular. No final desse período, às vésperas da Reforma, a religião estava talvez enraizada de modo mais firme na experiência e na vida das pessoas comuns do que em qualquer época do passado. O cristianismo do início da Idade Média havia sido primariamente monástico, focado na vida, no culto e nos escritos dos monastérios e conventos da Europa. Programas de construção de igrejas prosperaram no final do século 15, assim como as peregrinações e a moda de colecionar relíquias sagradas. O século 15 já foi descrito como “o período inflacionário da literatura mística”, refletindo o interesse popular crescente pela religião. O século 15 testemunhou uma abundante apropriação popular de crenças e práticas religiosas, nem sempre de maneiras ortodoxas. O fenômeno da “religião popular” em geral tem um relacionamento tangencial com as declarações mais precisas, contudo abstratas, das doutrinas cristãs que a igreja preferia, mas que muitos achavam ininteligíveis ou sem atrativos. Em algumas partes da Europa, surgiu algo parecido com “cultos de fertilidade”, ligados e emaranhados com os padrões e preocupações da vida cotidiana. As necessidades agrárias das comunidades rurais – tais como trabalhar com o feno e ceifar – estavam firmemente associadas com a religião popular. Assim, na diocese francesa de Meaux no início do século 16, os santos eram invocados regularmente para evitar doenças nos animais e nas crianças, a praga e problemas nos olhos, ou para assegurar que as jovens encontrassem maridos apropriados. A ligação direta entre a religião e a vida cotidiana era assumida como óbvia. O espiritual e o material estavam interligados em todos os níveis. Adaptado de O Pensamento da Reforma, de Alister McGrath, Cultura Cristã.


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As noventa e cinco teses: a genuína penitência ou arrependimento Djaik Neves

A história mundial, e particularmente a ocidental, não seria a mesma sem a Reforma Protestante e o início dela foi marcado pelo famoso convite de Lutero às autoridades da igreja para debaterem a respeito da venda de indulgências, convite esse oficializado na afixação, por Lutero, das 95 teses na porta do Castelo de Wittenberg. Conforme se interpreta, a partir das teses, a obra de Lutero foi como um simples ato de segurar uma corda que estava ao seu alcance a fim se firmar para, logo depois, perceber que a tal corda era do sino que se pôs a badalar após o puxão involuntário, e deu início a um cataclisma que abalou o mundo. As indulgências, contra as quais em especial Lutero escreveu suas teses, eram uma remissão (compra) de uma ou mais penas que a própria igreja havia imposto sobre o fiel (ou o próprio Deus como consequência de algum pecado); para isso, fazia-se uso dos méritos excedentes de Jesus e dos santos. O que era prática comum dos padres, devido à supervalorização e vantagem financeira, se tornou um ato exclusivo do papa. O reformador inicia com as teses que destacam o que podemos considerar reflexo e, até, sinônimo da fé, o arrependimento, traduzido pelo próprio Lutero como “penitência”. E mesmo que para nós hoje, o significado de penitência esteja relacionado a um tipo de pagamento do pecado, o que Lutero quer mostrar em suas quatro primeiras teses é, realmente, a necessidade de reconhecimento e tristeza pelo pecado, para o que a Palavra de Deus convoca os crentes em muitas ocasiões, e consequente abandono do pecado e obediência. Chamando a atenção para a “penitência”, como de fato ela é, além de ser bíblico (citando Jesus, conforme Mateus 4.17), ele corrige a ideia tanto de obras obrigatórias para se obter o perdão de Deus como também o pagamento das famigeradas indulgências, condenadas de modo enfático na maioria das teses. Conforme a teologia dos puritanos, arrepender-se é “dar as costas ao pecado”, o que combina com a ênfase do reformador em rejeitar a “penitência sacramental” ou, contextualizando, a mera religiosidade que se resume a um ritual sem o correspondente coração contrito; segundo ele, ainda, o que chama de “penitência interior” seria inútil se, exteriormente, não se revelasse na “mortificação da carne”. Na resposta à pergunta 87 de nosso Breve Catecismo, temos um reflexo da afirmação de Lutero na Tese de número 4, pois se afirma que no arrependimento o pecador reconhece tanto o seu pecado como também a misericórdia de Deus a seu dispor em Cristo, acompanhado de ódio e tristeza pelo pecado. Enquanto Lutero havia dito que o arrependimento é contínuo enquanto segue o “ódio de si mesmo”; segundo ele, esta é a verdadeira “penitência interior”. Para Lutero, bem como para os puritanos, “arrependimento é, em essência, uma vida transformada”, pois conforme ainda a tese 4, a “penitência” se estende até “a entrada no reino dos céus.” O Rev. Djaik Souza Neves é Mestrando em Novo Testamento pelo Andrew Jumper

Citações de Lutero para o ano eclesiástico TRANSFIGURAÇÃO – Mateus 17.19 (5 de fevereiro) O Pai Celestial ainda nos dirige estas palavras: Este é meu Filho amado, e continuará a fazê-lo até o Dia do Juízo, e o céu jamais será fechado. Quando você é batizado, participe da Sagrada Comunhão (...) ou escute um sermão, o céu está aberto, e ouvimos a voz do Pai Celestial. Todas essas obras descem sobre nós do céu aberto acima de nós (LW 22:20). SEPTUAGÉSIMA – Mateus 20.1-16 (12 de fevereiro) Com relação às aparições de Cristo depois de sua ressurreição (...) surgiu uma alegria e louvor comum de Deus, cada um bendizendo a graça concedida a outro, ainda mais do que a que lhe foi concedida, por muito mais modesta que fosse a do outro. Tão simples de coração eram eles que todos desejavam ser o primeiro, não em possuir os dons, mas em louvar e amar a Deus; pois o próprio Deus e sua bondade eram suficientes para eles, por menores que fossem seus dons. Mas os assalariados e os mercenários ficam verdes de inveja quando observam que não estão em primeiro lugar na posse das boas coisas de Deus (Mt 20.11-12) (LW 21:319). SEXAGÉSIMA – Lucas 8.4-15 (19 de fevereiro) Quando alguém ouve a Palavra, Deus deve colocar em seu coração a convicção de que essa é certamente a Palavra do Pai. E quando ele ouve a palavra de Cristo, ele está persuadido de que está ouvindo a Palavra de Deus Pai. Quando o coração

pode chegar à conclusão de que Deus o Pai mesmo está conversando conosco, então entram o Espírito Santo e a luz, e o homem é iluminado e se torna um mestre alegre que agora pode testar e julgar todas as doutrinas (LW 23:96). QUINQUAGÉSIMA – Lucas 18.3143 (26 de fevereiro) Agora a coisa mais preciosa que Deus tem é morte e morrer; e Cristo a aceitou no amor, alegre e voluntariamente, por obediência a seu Pai. Nós fugimos dela e consideramos a vida mais preciosa do que a morte. Abraçou-a como doçura e deu a sua vida até a morte, e apenas porque ele deve subir ao trono da glória e reinar eternamente com o Pai, ele deve (e o faz voluntariamente) morrer na cruz; ele abandona a vida e aceita a morte (LW 51:40). Citação de Luther’s Works (LW), edição norte-americana (56 vols., St. Louis: Concordia Publishing House e Filadélfia: Fortress Press, 1955-1986).


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FORÇAS DE INTEGRAÇÃO

Com a palavra, a presidente da SAF, Ana Maria Prado e parabéns as suas “Amigas da SAF”, por tudo que juntas têm construído para Cristo ao longo desses 132 anos da SAF. Amadas irmãs sócias da amada SAF, e amadas irmãs “Amigas da SAF”, Feliz 2017 com Jesus, o Senhor da Igreja, à frente de todas, e com a ajuda das queridas “Amigas da SAF”, para juntas continuarmos servindo a Jesus e à IPB sendo “uma bênção” para a glória de Deus.

No dia 9 de janeiro de 2017, a presidente da Confederação Nacional das Sociedades Auxiliadoras Femininas (CNSAFs) postou na página oficial do Facebook, uma saudação e palavras de ânimo a cada sócia da SAF, para o ano que se inicia.

“I

rmãs queridas, feliz 2017 na presença do Senhor Jesus! Estamos iniciando um novo e promissor ano e precisamos renovar as nossas forças no Senhor Jesus, corrigir nossas falhas, rever nossos calendários, organizar nosso tempo para que possamos ter uma vida devocional mais aprimorada, orando sem cessar e lendo a sua santa Palavra com constância. Planejar nossas atividades com eficiência, eficácia e excelência, a fim de remirmos o tempo e continuarmos a servir a Jesus com todas as nossas forças, sendo boas mães, esposas dedicadas, exímias donas de casa, competentes no que fazemos para a sociedade brasileira e dedicadas auxiliadoras na obra do Senhor. Mesmo com tantas tarefas e afazeres indispensáveis a uma auxiliadora, como aquela citada em Provérbios capítulo 31, o tema do

quadriênio nos alerta para termos um olhar especial nos campos da Seara do Senhor, no que é prioridade para Jesus, no aprimorar de uma vida piedosa a fim de termos cada vez mais os pés formosos para anunciar as Boas-Novas: “Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas” (Is 52.7). Vislumbrando nosso serviço, lembramos que a SAF precisa continuar crescendo, e para isso precisamos crescer em vida piedosa, nos aprimorar dos serviços que entregamos ao Senhor a fim de termos excelência, inclusive na quantidade de auxiliadoras envolvidas nas mais diferentes áreas do jeito SAF de servir. A SAF precisa de ajuda para cumprir seus objetivos, os quais são os objetivos de todas as Sociedades Internas da IPB, e Deus tem nos ajudado enviando muitos irmãos e irmãs para nos ajudar ao longo de 132

ana maria Prado, presidente da cnsafs

anos que completamos. Sabemos que a SAF tem um número de sócias, mas muitas outras valorosas irmãs, embora sem seus nomes no rol de sócias, também nos ajudam, oram por nós, contribuem para nossos projetos, estão presentes sempre que podem em nossas atividades sendo também, nossas queridas ajudadoras e colaboradoras. A Confederação Nacional das SAFs – CNSAFs, por meio de sua diretoria iniciou o site da SAF (www. saf.org.br/enquete-saf) uma pesquisa para saber: Quantas “Amigas da SAF” tem a sua SAF? Parabéns as auxiliadoras das SAFs

Ana Maria Prado é Presidente da CNSAFs


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IGREJA EM AÇÃO

NOTA DE FALECIMENTO

Congregação Haitiana em Cuiabá Criada em maio de 2014, congregação atende irmãos haitianos que chegaram na região em busca de trabalho e novas oportunidades

O

s encontros que deram origem à Congregação Jardim Eldorado em Cuiabá (MT), começaram em fevereiro de 2014 com visitação, discipulado e evangelização dos haitianos que moravam no bairro e região como imigrantes, buscando oportunidades de trabalho. A Congregação foi inaugurada em maio de 2014, com estudos de “primeiros passos”, objetivando batismo e profissão de fé, reuniões de oração com toda a igreja, reunião de oração de mulheres, projeto de música, escola bíblica dominical e culto matutino, e culto vespertino com grande enfoque evangelístico. Estima-se que hoje tenhamos por volta de 1200 haitianos residindo em Cuiabá – MT, e boa parte deles reside no Jardim Eldorado e imediações. Durante toda a semana a Congregação está ativa, com 60 membros adultos e 13 crianças. Estima-se que hoje Cuiabá abrigue cerca de 1.200 haitianos, muitos residindo no bairro Jardim Eldorado e imediações, o que, de acordo com o obreiro evangelista, Beethoven Charleston, é um campo muito grande para a evangelização. A IP de Cuiabá mantém esse trabalho com vistas à

evangelização desses haitianos que vieram para o Brasil em busca de melhores condições de vida, mas sem deixar de congregar e Ministérios já existente na Congregação: • Ministério Dorcas • Ministério Juventude • Ministério de Crianças • Ministério de Louvor • Junta Diaconal

adorar a Deus. “Até que se entrosem, a Igreja Presbiteriana os ajuda, para que façam parte de uma comunidade haitiana em terra brasileira. Sendo assim, entendemos que se trata de uma Missão Transcultural em nosso próprio país proporcionando o conhecimento de Deus a todos aqueles que ainda não o conhecem”, compartilha Rev. Marcos Serjo, pastor da IP Cuiabá.

N

Yank Torres

a página oficial do Facebook, a União de Mocidade Presbiteriana (UMP Nacional) publicou os pesares pelo falecimento do jovem Yank Torres, que era membro da IP em Marabá (PA). “No dia 02/01/2017, nosso amado irmão e amigo Yank Torres partiu para estar com Cristo. Yank era membro da IP em Marabá (PA) e, durante o tempo determinado pelo Senhor, trabalhou diligentemente em prol do Reino de Deus, prestando serviços de grande relevância à IPB por meio da Confederação Sinodal de Mocidade Carajás (onde ocupava o cargo de 2º Secretário), na Federação de Mocidades do PLTA (Presidente) e UMPs locais. Apesar da dor, somos imensamente gratos a Deus pela vida de Yank. Não temos dúvidas de que, até o seu último suspiro, esse jovem buscou em tudo glorificar

ao Senhor. Também somos gratos ao Pai pela graciosa esperança de que, apesar de nós, apesar deste mundo, pelos méritos de Cristo, um dia estaremos – assim como Yank e com o Yank – eternamente com o Senhor. Que no Senhor tenhamos o consolo de que precisamos. Soli Deo Gloria!” “Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda” (Sl 139.16).

Quer aprender mais sobre missiologia, estratégias no campo missionário e ferramentas de engajamento em missões na igreja local? Seja aluno do Centro de Formação Missiológica. Aulas modulares em São Paulo e Recife. Inscrições abertas para turma de 2017. Para informações sobre disciplinas, duração e valores, acesse www.apmt.org.br , escreva para cfm@apmt.org.br ou ligue para (11) 3207-2139.


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O CONSULTÓRIO BÍBLICO REVISITADO

A rainha dos céus Editoria assinada primeiramente pelo Rev. Galdino Moreira (1889-1982) e em seu último formato redigida desde 1977 pelo Rev. Odayr Olivetti até seu falecimento (1928-2013) Odayr Olivetti

Pergunta – “Quem é a ‘rainha dos céus’ mencionada em Jr 44.17-19,25?” Resposta: o capítulo 44 de Jeremias é, todo ele, uma profecia referente ao Egito. Em sua maior parte é repreensão e promessa de castigo aos judeus que, vivendo no Egito, foram infiéis ao Deus único. Acompanharam as crenças e práticas dos egípcios, entre as quais, a adoração da “rainha dos céus”. Entre os muitos deuses e deusas do Egito, havia uma deusa cujo nome era Nut, mãe dos deuses (mãe de Osíris, de Ísis e de outros deuses). Era a abóbada celeste personificada, e às vezes a identificavam com a vaca celestial – animal sa-

grado por excelência entre os egípcios antigos. Com tudo isso, era adorada como a senhora dos céus. Vários desses cultos pagãos tiveram suas versões entre os gregos e os romanos que, entre outras idolatrias, praticavam a adoração da “rainha dos céus”. Por um processo sutil e gradativo de extravio e falsificação, se introduziu na igreja cristã o culto pagão através da adoração de Maria, chamada “rainha do céu”. É notável o recurso jesuítico usado, por exemplo, para explicar o que aconteceu em Chartres, França, cidade situada a uns noventa quilômetros a sudoeste de Paris. Na

Idade Média foi construída ali uma catedral que é considerada uma das mais belas obras da arte gótica. A catedral “Notre Dame de Chartres” (Nossa Senhora de Chartres), dedicada ao culto de Maria, foi constru-

ída num local onde existira um templo pagão. Quando algum turista mais conservador se espanta ao saber disso e pergunta: “Como?! Então aqui os pagãos cul-

tuavam os seus deuses, e agora os ‘cristãos’ celebram os seus ritos?!” – a resposta, sugerida por cínico sofisma jesuítico, é logo dada ao guia: “Ah! Acontece que os pagãos adoravam aqui a rainha do céu. Quer dizer que, sem o saber, adoravam Maria, a rainha do céu”! A verdade é que o culto pagão foi introduzido na igreja cristã apóstata, entre outros extravios e abusos que provocaram com o tempo a reação dos precursores da Reforma (esmagados pela Inquisição) e pela vitoriosa ação dos reformadores, no século 16. Mas os adoradores de Nut, ou seja, da chamada “rainha do céu”, pululam

Tema anual UPH A Confederação Nacional de Homens Presbiterianos, da Igreja Presbiteriana do Brasil (CNHP/ IPB) apresenta subtemas anuais que auxiliam nos trabalhos desenvolvidos pelas UPHs em diferentes igrejas presbiterianas. O tema do quadriênio 2015/2018 é “Eis que o homem presbiteriano saiu a semear”. Dentro deste tema central, em 2017, o subtema “Homem presbiteriano semeando a paz” poderá ser explorado nas reuniões de homens. O objetivo do subtema é levantar assuntos de reflexão

acerca do temperamento do cristão. Um cristão pacificador e temperante, usando como base os textos de Isaías 48:18 “Há! Se tivésseis dado ouvidos aos meus mandamentos! Então, seria a tua paz como um rio, e a tua justiça, como as ondas do mar”, e de Colossenses 3:15 “Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos”. Mais informações úteis para a UPH de sua igreja, podem ser adquiridas no site www.uph.org.br.

por toda a parte ainda hoje, em diferentes modos de mariolatria. Deus impediu que os judeus infiéis visados pela profecia de Jeremias continuassem usando o seu nome. Já não podiam dizer: “Tão certo como vive o Senhor Deus” (Jr 44.26). Melhor seria que os atuais adoradores da chamada rainha do céu deixassem de dizer “se Deus quiser” (Tg 4.15) e de se apresentar com o nome de “cristãos” – a menos que se arrependam do seu pecado e se dediquem ao culto do Deus único, Pai e Filho e Espírito Santo, pondo-se na dependência total da graça de Deus (Ef 2.8) e confiando em Jesus Cristo como o único Mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5; Jo 14.6).


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CAPELANIA

Eu, servir? Eleny Vassão

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m meus aconselhamentos, às vezes atendo pessoas que ficam o dia todo em casa, com boa saúde, mas fechadas em si mesmas. Vivem infelizes, sem propósito. Não se lembram de que o nosso Salvador veio à terra para servir, e quer que sigamos o seu exemplo. Servir ao Senhor é compartilhar o seu amor, servindo outros e levando-os ao conhecimento do nosso maravilhoso Salvador. Um dos lugares onde precisamos muito de pessoas amorosas e comprometidas é a Casa do Aconchego. Trata-se de um projeto que teve início nove anos atrás, em parceria com o Setor de Filantropia do Instituto Presbiteriano Mackenzie, com incentivo do Rev. Marcos Serjo e de Hellen Altimeyer, sendo integralmente mantido pelo Mackenzie por sete anos e meio quando, por uma mudança nas leis do país, passou a ser mantido somente através de doações. A Casa é um lar para os pais das crianças com câncer, ou à espera de transplantes ou então que sofreram sérias queimaduras ou com AIDS e estão em tratamento nos Hospitais das Clínicas de São Paulo, ICESP, I. Infectologia Emílio Ribas e ITACI. Atendemos diariamente cerca de setenta pessoas vindas de todas as partes do

Brasil, ficando em São Paulo, distantes de suas casas e famílias por meses ou até anos. Demonstramos que Deus os ama, cuida deles e quer lhes dar uma nova vida em Cristo. Fazemos isso servindo-lhes refeições, doando roupas e materiais de higiene e fraldas, oferecendo-lhes camas para descanso e local para banho, além de oficinas de artesanato, contando de histórias, com música, brinquedoteca, desenho e pintura, e com a doação de literatura bíblica. Somam-se mais de 1400 atendimentos gratuitos por mês. Ali, as mães que estão com seus filhos hospitalizados também podem lavar as suas roupas e deixá-las secando, enquanto desabafam a sua dor e são aconselhadas biblicamente por nossas capelãs-monitoras. O amor de Deus é percebido desde o portão de entrada, quando cada pessoa se sente especial e volta a sorrir, sentindo-se acolhido, esquecendo-se de seu sofrimento por algumas horas ou encontrando ouvidos atentos para chorar e desabafar sua dor por ver um filhinho em estado de saúde tão grave. É um lar longe de seu lar. Uma família que a abra-

ça, quando os seus estão tão distantes, em outra parte do país (veja nosso vídeo em www.casadoaconchego.org. br). Nossa equipe é composta, na sua grande maioria, de voluntários comprometidos, capacitados através do treinamento teórico e prático dos Cursos de Capelania Hospitalar da ACEH. Eles são desafiados a viver o amor de Deus antes de pregá-lo. Têm buscado desenvolver a paciência, a humildade, a empatia e a sensibilidade para com os que sofrem, devolvendo-lhes compaixão, amor e cuidados integrais. São utensílios para honra, santificados e úteis nas mãos do nosso Redentor. Há poucos dias, estávamos reunidos na festa de fechamento de ano com a equipe de voluntários e capelães da Casa do Aconchego, comendo um delicioso churrasco na casa de uma das líderes, e conversando sobre o que a Casa do Aconchego tem significado para a vida de cada um. Relato a seguir alguns desses testemunhos: Seu Narciso era zelador de uma igreja, homem simples, gentil e sorridente,

CASA DO ACONCHEGO – Rua Oscar Freire, 2229, Pinheiros, São Paulo, SP. Fone: (11) 2507-9294. Coordenadora Geral: Eleny Vassão; Presidente do IBA – Instituto Beneficente Aconchego: Dr. Paulo Tsai; Gerente Geral: Priscila M. Casareggio.

que queria ajudar na Casa de alguma forma, enquanto fazia o seu treinamento em capelania nos hospitais. Então, ele se levantava mais cedo, ia pelas ruas juntando latinhas de refrigerante para vendê-las e dar o valor para as necessidades do dia a dia da Casa. Levou sua esposa, Dona Antônia, para ajudá-lo na Casa. Além do seu serviço, ele também conversa com os pequenos enfermos, brinca, conversa e ora por eles. É ele quem comenta: “As crianças são todas doentes, mas são sempre alegres. Com elas, aprendi a dar valor à vida”. Dona Antônia acrescenta: “Tem dias que acordo cansada, com dores por todos os lados, mas eu me levanto e vou trabalhar na Casa. Volto feliz e me esqueço das dores. Em vista dos problemas que a gente vê ali, os nossos se tornam como um grão de areia. A gente aprende muito com eles, dá e recebe carinho. Eu amo trabalhar lá”. Neide é psicóloga aposentada e foi para a Casa para servir. Seu lugar predileto é a cozinha, mas ela se oferece alegremente para fazer qualquer coisa. Solange era funcionária do Banco do Brasil. Sonhava em se aposentar para servir na Casa do Aconchego. “Eu me senti testada, pois não sabia se aguentaria ver tanto sofrimento das crianças. Com cinco hérnias de disco e doenças reumáticas,

pensei que não poderia fazer muito. Outro dia, pensei que não poderia ir trabalhar, depois de uma cirurgia odontológica. Mas decidi ir, e servir mesmo de boca fechada!” Logo chegou na Casa a Helen, menina queimada e com cicatrizes no rosto e cabeça. Ela correu ao encontro da Solange e de seu marido Abílio, que também nos ajuda fielmente, e os abraçou fortemente. As dores de Solange sumiram. Os seminaristas do JMC, que têm trabalhado ao nosso lado tanto nas Capelanias dos Hospitais como na Casa do Aconchego, podem contar muitas experiências com esses pais e crianças, e relatar o impacto em sua vida e ministério. As senhoras das SAFs de diversas igrejas e de algumas outras denominações também têm se tornado nossas parceiras, suprindo a necessidade de alimentos, material de higiene e roupas. Sempre precisamos de ajuda material e também de pessoas dispostas a compartilhar o amor de Cristo arregaçando suas mangas e servindo com alegria. Entre no nosso site e veja como você pode participar! Eleny Vassão de Paula Aitken, missionária da IPB, é capelã evangélica titular do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e do Hospital do Servidor Público do Estado e presidente da ACEH – Associação de Capelania Evangélica Hospitalar. Coordenadora da Casa do Aconchego, é autora de diversos livros publicados pela Cultura Cristã.


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IGREJA EM AÇÃO

Curso Lidere - 2017 A

Igreja presbiteriana de Pinheiros, realizará a partir de 7 de março, um curso chamado “Lidere”, que tem o claro objetivo de capacitar leigos com as ferramentas necessárias para a plantação de igrejas. De acordo com publicação do site da IP Pinheiros, o público-alvo consiste em membros de diferentes igrejas presbiterianas do Brasil (IPBs) e outras denominações evangélicas, que tenham desejo de servir em tempo parcial no ministério de plantar novas igrejas, assu-

mindo o papel de líderes do trabalho, seja em residências, igrejas ou congregações recentemente iniciadas. A carga horária conta com 16 matérias, que serão apresentadas ao longo de 2 anos, com aulas de terça e quinta-feira (2 vezes por semana) das 19h às 22h, sempre na IP Pinheiros (Av. Das Nações Unidas, 6151 - Alto de Pinheiros (Estação Cid. Universitária- CPTM). Os professores são pastores com experiência em plantação de igrejas: Rev. Arival Dias Casimiro Pastor titular da igreja

presbiteriana de Pinheiros. Rev. Antônio Jeam Pastor plantador no bairro de Veleiros em São Paulo com formação em psicanálise. Rev. Chun K. Chung Pastor plantador em Alphaville. Pós-graduação em missiologia e Novo testamento. Miss. Daniel Basso Plantador na cidade de Vinhedo com formação em apologética e História da igreja. Rev. Jonatas Camargo Pastor plantador na cidade de Cajamar e diretor do Ins-

tituto bíblico John Knox. Pb. José Milton Secretário executivo da Junta missionária de Pinheiros. Pb. Milton Flávio Membro da diretoria da Junta missionária de Pinheiros e conselheiro da Universidade Mackenzie. Rev. Roberto Carlos Pastor plantador no bairro de Jardim d’ Abril com experiência de plantação de igrejas no Nordeste. Rev. Thiago Cardoso Pastor plantador em Taboão da Serra com experiência ministerial com jo-

vens e adolescentes. O valor da mensalidade é de R$100,00 e não inclui o material didático. Para mais informações ligue para (11) 3814-2858 (11) 99551-4953 (whatsapp) ou e-mail para chunjmc@gmail.com.

Convocação CE – 2017 Por ordem do Presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil, Rev. Roberto Brasileiro Silva, o Secretário Executivo do SC/IPB, Rev. Juarez Marcondes Filho, convocou a Comissão Executiva do SC/IPB para reunir-se ordinariamente, no dia 28 de março de 2017, às 13h30 em Brasília – DF. A presente convocação se estende até o dia 31 de março de 2017, às 14 horas. Os membros da CE ficarão no hotel ESUITES LAKESIDE, SHTN, onde a reunião se dará. Os documentos que serão examinados nessa reunião deverão ser encaminhados à Secretaria Executiva do SC/IPB: SGAS 906 Conjunto A – lote 8, Asa Sul – Brasília/DF. A postagem deverá ser feita até o dia 26/02/2017 aos cuidados do Rev. Dalzir Rodrigues da Silva. Mais informações no telefone (61) 3247-7703.


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PRESBITERIANOS DO BRASIL

Membro do corpo de Cristo Ser sal da terra e luz do mundo com minha profissão, sempre foi algo muito claro para mim

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e acordo com a ABOTEC – Associação Brasileira de Ortopedia Técnica – menos de 3% dos deficientes físicos brasileiros, conseguem ter acesso a produtos de alta tecnologia e última geração para substituir membros amputados, ou com má formação. Pelo censo de 2000, há no Brasil 24,5 milhões de pessoas portadoras de deficiência, ou 14,5% da população. Desse total, 26% têm deficiência física ou motora – 6% possuem falta de um ou mais membros – e 48% encontram problemas para enxergar. A tecnologia investida em novos produtos para substituir partes do corpo é inacessível para grande parcela da população. Um braço mecânico, por exemplo, pode custar R$30.000,00 e, no caso de crianças, um produto neste valor, durará cerca de um ano e meio, precisando ser trocado para nova adaptação. Thiago Jucá (26) é um jovem engenheiro mecatrônico, formado em 2016 pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP), fundador da startup Protesis – Tecnologia Assistiva Personalizada - que, desde o início dos estudos, sentiu interesse em investir em tecnologia que beneficiasse essa parcela da

população, que sofre com algum tipo de deficiência. A primeira prótese criada por Jucá, foi produzida com plástico ABS (o mesmo usado para LEGO) e PLA (derivado da glicose de milho) com uma impressora 3D. A prótese foi criada especialmente para um garoto chamado Pepi, que recebeu a prótese com muita alegria. O vídeo da entrega, foi um sucesso na internet. “Eu conheci o primo de Pepi, Rafael, que também não tem braço, mas tem uma prótese muito boa, que me disse que tinha um primo pequeno que não tinha uma prótese. Para criança é mais difícil conseguir uma prótese, porque cresce rápido e logo a prótese fica pequena. Elas são caras e é difícil conseguir pelo SUS”, conta Thiago. Sem conhecer Pepi, Thiago fez a prótese do garoto através de um sistema de captura por foto usando visão computacional. Só na hora pôde ver se o produto final daria certo. A segunda prótese que Thiago fez, foi para uma garotinha, Isabelly, que mora em Vitória (ES) e não tem a mão esquerda. Isabelly pediu uma mão e uma boneca. O engenheiro decidiu, então, produzir a prótese para a garota, e colocar também

isabelly feliz com seu presente: uma prótese de mão

impressora 3d da empresa Protesis

Pepi, o primeiro garotinho a usar a prótese mecânica

uma mini prótese na boneca e entregar de presente. A alegria foi enorme, para ambos. “Meu coração se enche de alegria em poder ser usado por Deus para abençoar com minha profissão. Quero ajudar pessoas, quero ver pessoas felizes, e saber que isso é possível, me anima muito”, conta o engenheiro. Thiago é membro da Igreja Presbiteriana de Pinheiros, foi criado em família e com valores cristãos, e acredita que nesse trabalho na Protesis, é uma forma de ser luz no mundo. “Eu sempre tive de tudo na vida, não passei por privações e reconheço que posso ser usado por Deus. É

de saúde. Penso e oro por isso”, conta Thiago. Atualmente a Protesis funciona em uma pequena sala de incubadora, mas a ideia é continuar produzindo próteses impressas em 3D, a preço mais baixo que o do mercado e criar uma rede colaborativa para levar o produto a quem precisa, por meio de doações. “Creio que há um longo trabalho pela frente, mas a disposição do coração é fazer diferença”. Para ajudar a Protesis a abençoar mais pessoas, ore e entre no site para saber mais: https:// www.protesis.com.br ou www.facebook.com/protesisbrasil . Para doações acesse www.bit.do/protesis

muito triste saber a luta de quem não tem um membro, e isso afeta também questões emocionais do indivíduo. Quando me proponho a ajudar com próteses mais acessíveis, estou acreditando e difundindo a mensagem de que a ausência de uma parte do seu corpo não te define, e desejo usar desse contato para falar do amor de Deus”. No futuro, o jovem engenheiro tem o objetivo de unir o trabalho a uma proposta missionária. “Eu penso, no futuro, em levar esse projeto para regiões de risco, de conflito militar, onde há muita amputação, criando uma equipe de evangelistas, missionários e de outras áreas


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MEDITAÇÕES

Barnabé “Barnabé... vendo a graça de Deus, alegrou-se...” (At 11.23). Frans Leonard Schalkwijk

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m Jerusalém havia um levita crente de nome José. Era da diáspora e falava também grego. Crente firme ajudando no apostolado, pastorado e diaconato (At 4.37). Zezinho ganhou o apelido Barnabé, Zé Consolador (At 4.36). Era pacificador sábio, que de certo ajudou a resolver briguinhas entre as viúvas, das quais havia

muitas em Jerusalém. Barnabé não estava entre os sete diáconos, embora tivesse qualificações de sobra (At 6.3), mas provavelmente já servia no ensino. Por causa da perseguição, muitos crentes fugiram de Jerusalém, tornando-se missionários nos lugares do seu exílio (At 8.4). Uns conterrâneos de Barnabé se refugiaram em Antioquia, onde ganharam muitos

discípulos para o Senhor (At 11.20). Quando essa notícia chegou aos ouvidos dos apóstolos, decidiram que alguém devia verificar a situação. Mas quem? Escolheram o cipriota sábio com seus dons específicos. Chegando lá, Barnabé, “vendo a graça de Deus, alegrou-se”. Será que dá para ver a graça de Deus? Para isso precisa ter olhos espirituais. Aquela igreja era jovem com seus probleminhas. Mas Barnabé percebeu que eram “problemas da bênção”, como uma fralda

suja de uma criancinha. “Ver a graça” depende muito da nossa idade e condição espiritual (2Pe 3.18). Será que temos problemas de vista, não vendo a graça de Deus nas pessoas que estamos servindo? Sem dúvida, “ver a graça” significa “ver os frutos da graça” (Gl 5.22). Quem despreza o dia dos humildes começos (Zc 4.10), e não percebe os botões da graça de Deus na vida de alguém, cria uma atitude crítica (At 9.26). Mas Barnabé apontou a

CULTURA CRISTÃ

Lançamento do cd “Canta IPB” O Conselho de Música da IPB tem a grande satisfação de divulgar o lançamento do Cd “CANTA IPB”. São 13 músicas selecionadas do Festival Virtual MPB (Música Presbiteriana

Brasileira) realizado durante o ano de 2015 em território nacional. É um Cd que reflete nossa fé e prática nas várias linguagens culturais de nosso país. Todo trabalho foi feito contando com

a melhor qualidade de músicos e produção. O intuito do Conselho de Música é disponibilizar esse material para uso dominical e diário aos cristãos de nossa nação. Contamos com a aprecia-

ção de todos bem como a colaboração no processo de divulgação. O Cd está disponível para compra no site da Editora Cultura Cristã (www.editoraculturacrista.com.br)

outros a graça na vida de um ex-perseguidor recémconvertido. E, quem sabe, o desentendimento posterior entre Paulo e Barnabé ocorreu (At 15.39), porque Paulo viu a graça no jovem João Marcos somente anos depois (2Tm 4.11). Senhor, abre meus olhos para que eu possa ver melhor a graça na vida dos outros a fim de me tornar mais um consolador. Por amor de Jesus. Amém. Extraído de Meditações de um Peregrino, de Frans Leonard Schalkwijk, Cultura Cristã, 2014.


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Boa Leitura CD Canta IPB

O texto bíblico de Salmo 33:3 tem norteado as ações e atitudes do Conselho de Hinologia, Hinódia e Música sintetizadas no CD “CANTA IPB”. O CD apresenta 13 músicas selecionadas por meio do Festival Virtual MPB – Música Presbiteriana Brasileira, realizado em 2015, compostas com arte e júbilo por presbiterianos das várias regiões do país. Por isso mesmo, é perceptível a variedade de estilos nos arranjos musicais, destacando-se a firmeza bíblico-teológica. A expectativa do Conselho de Música é que essas canções sejam ensinadas e cantadas por todas as igrejas presbiterianas e que juntamente com o CD “Povo da Aliança”, seja uma excelente opção para os ajuntamentos do povo de Deus. (Rev. Heleno Guedes Montenegro Filho - Presidente do Conselho de Música da IPB)

Emanuel em nosso lugar - Cristo na adoração de Israel

O significado da morte de Jesus é pintado nas cores do tabernáculo, do sacerdócio, das festas e dos sacrifícios do Antigo Testamento. Este livro de Tremper Longman III, o ajudará a aprender mais sobre a natureza de Deus e a respeito do nosso relacionamento com ele. Você verá que Deus é o nosso Rei no céu, que estabelece seu reinado no meio do seu povo. Como Rei, ele consagra espaços, pessoas, certos atos e tempos que são especialmente dedicados ao seu serviço. Agora voltamos nossa atenção a esses conceitos importantes, embora difíceis, do Antigo Testamento que são, com frequência, negligenciados. Consideraremos em primeiro lugar o espaço sagrado, depois as ações sagradas, então as pessoas sagradas e, finalmente, o tempo sagrado.

Sobre esses e outros títulos acesse www.editoraculturacrista.com.br ou www.facebook.com/editoraculturacrista ou ligue 0800-0141963

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Entretenimento e reflexão O Brasil Presbiteriano não necessariamente endossa as mensagens dos filmes aqui apresentados, mas os sugere para discussão e avaliação à luz da Escritura.

Milagres do Paraíso Christy (Jennifer Garner) e Kevin Beam (Martin Henderson) são pais de três garotas: Abbie (Brighton Sharbino), Annabel (Kylie Rogers) e Adelynn (Courtney Fansler). Eles vivem em uma confortável casa, junto com cinco cachorros, e acabam de abrir uma clínica veterinária, o que fez com que tivessem que apertar os cintos e hipotecar a casa. Cristãos convictos, os Beam vão à igreja com frequência. Um dia, Annabel começa a sentir fortes dores na região do abdômen. Após muitos exames, é constatado que a garota possui um grave problema digestivo. Tal situação faz com que Christy busque a todo custo algum meio de salvar a vida da filha, ao mesmo tempo em que se afasta cada vez mais de Deus.

Os 33 (2015)

Os sonhos de pardais (2005)

Capiapó, Chile. Um desmoronamento lacra a única entrada e saída de uma mina, prendendo 33 mineradores a mais de 700 metros abaixo do nível do mar. Eles ficam em um lugar chamado Refúgio e, liderados por Mario Sepúlveda (Antonio Banderas), precisam racionar o alimento disponível. Paralelamente, o Ministro da Energia Laurence Golborne (Rodrigo Santoro) faz o possível para conseguir que os mineiros sejam resgatados com vida, enfrentando dificuldades técnicas e o próprio tempo. Uma história real, que comoveu o mundo todo, trazendo grandes lições sobre a fragilidade humana, e a necessidade de união e muita estratégia em tempos de grande dificuldade.

The Dreams of Sparrows (título original), é um filme-documentário sobre pós-guerra no Iraque, dirigido por Hayder Daffar do Grupo Eye Iraque, um grupo de cinema iraquiano. Foi filmado ao longo de 2003 e 2004 com uma câmera de mão, consistindo em entrevistas com vários cidadãos iraquianos, explorando os sentimentos sobre as mudanças que ocorrem ao seu redor após a guerra. Entre os entrevistados estão pintores, escritores e diretores de cinema. Os temas variam de cultura à política. A captura de Saddam Hussein ocorreu durante a filmagem. Um dos produtores teria sido morto pelas forças dos EUA antes que o filme fosse concluído, em uma batalha de Fallujah.

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