Brasil Presbiteriano 762 - MAIO 2018

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Brasil Presbiteriano O Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 58 nº 762 – Maio de 2018

PREPARAÇÃO PARA O S/C 2018

Comissão de Hospedagem da 39º Reunião do Supremo Concílio reuniu-se no dia 26 de março em Águas de Lindoia com presidentes dos Sínodos paulistas e outras autoridades para preparação do SC/2018 Páginas 10 e 11

Falecimento

Rev. João Alves dos Santos foi promovido à glória no dia 22 de abril de 2018, deixando uma grande herança ao Reino de Deus na terra e para as vidas influenciadas pelo seu ministério Página 14

EDITORIAL

Educação Cristã

Celebração

Chegou o 5o Congresso Nacional

40 anos da IV IP de São Bernado do Campo

Com o tema A verdade da prática - Interpretação, ensino e aplicação da Escritura em nossos dias, congresso acontece entre os dia 31/05 a 03/06 em São Paulo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie

Pastoreada pelo Rev. Francisco das Chagas Vieira de Melo, IV IP de São Bernado do Campo celebra 40 anos com culto especial de Ação de Graça pelo trabalho realizado na cidade

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A verdade na prática

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EDITORIAL

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A verdade na prática

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título acima é o tema do 5º Congresso Nacional de Educação Cristã da IPB, e também de um dos livros do Dr. Daniel Doriani, preletor do evento. Suas outras obras, Educação na Justiça e A Encarnação nos Evangelhos serão lançadas no evento pela Cultura Cristã. Daniel M. Doriani (M.Div., Ph.D., Westminster Theological Seminary; S.T.M., Yale Divinity School) é vice-presidente de projetos acadêmicos estratégicos e professor de teologia no Covenant Theological Seminary em St. Louis, Missouri. Segundo D.A. Carson – o autor de A Intolerância da Tolerância, da Cultura Cristã –, poucos autores conseguem lidar de modo tão cuidadoso e criativo e com a teoria e

a prática da aplicação das Escrituras. O Dr. Doriani, segundo Carson, consegue dar à sua abordagem a necessária amplitude, sem perder a relevância. John Frame, outro respeitado teólogo Reformado – da série Senhorio, da Cultura Cristã, que já se prepara para lançar sua alentada Teologia Sistemática – destaca no discurso de Doriani o estimulante uso das Escrituras, apoiado em um excelente fundamento para uma nova “ciência da aplicação” ou “hermenêutica aplicada”. Ou, nas palavras de Bryan Chapell – O Sermão Cristocêntrico e Pregação Cristocêntrica, da Cultura Cristã, entre outros –, Doriani nos ajuda na passagem da interpretação bíblica para a aplicação na vida real.

Ano 58, nº 762 Maio de 2018

Daí o tema do Congresso, a verdade na prática. Após comunicar a Abrão sua aliança e fazer-lhe as promessas do pacto, em seguida ao decepcionante episódio que deu origem a Ismael, o Senhor declarou ao patriarca: “Eu sou o Deus Todo -poderoso; anda na minha presença e sê perfeito” (Gn 17.1). A verdade de Deus na prática humana. O Soberano parte de si mesmo, “Eu sou o SENHOR”, o absoluto, onipotente. Essa revelação ele faria a Isaque e a Jacó, e a repetiria a Moisés. A aliança parte da verdade de quem Deus é e, envolvendo aqueles que ele misericordiosamente chamou, inclui a prática de sua vontade nos termos do pacto: “Anda na minha presença e sê perfeito”. O Senhor continuou afirmando “Guarda-

rás a minha aliança, tu e a tua descendência no decurso de suas gerações” (v.9). Isso incluiria a prática da circuncisão, bem como a prática do Estatuto do Pacto, a Lei comunicada por meio de Moisés séculos mais tarde, após cuja leitura o povo solenemente declarou: “Tudo o que falou o SENHOR faremos e obedeceremos” (Êx 24.7). A verdade na prática. Essa é a marca do povo da aliança. A Lei foi repetida (Dt 6.1-3) para que fosse obedecida e, de acordo com o apóstolo Paulo, ela é “útil para o ensino, para a repreensão, para a correção”, um processo que ele denomina “educação na justiça”, cujo propósito é a capacitação do servo de Deus “para toda boa obra” (2Tm 3.16-17). A verdade na prática.

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GOTAS DE ESPERANÇA

Fruto, nunca mais! “(...) vendo uma figueira à beira do caminho, aproximou-se dela; e, não tendo achado senão folhas, disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti! E a figueira secou imediatamente” (Mt 21.19). Hernandes Dias Lopes

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esus já havia subido a Jerusalém para a festa da Páscoa. Estava mergulhado na sombra da cruz. Era sua última semana, antes de ser preso, julgado, condenado e crucificado. Jesus saíra de Jerusalém para pernoitar em Betânia e logo de manhã estava de volta à cidade que o aclamara e à cidade que, liderada pelos sacerdotes, reivindicaria sua morte. Cedo de manhã, ao voltar para Jerusalém, teve fome. Nesse momento, ele vê uma figueira à beira do caminho. Aproxima-se dela, mas não encontra nenhum fruto, apenas folhas. Jesus, então, pronuncia seu juízo à figueira. Aquela que, fazendo propaganda de frutos, deles estava desprovida, foi sentenciada a ficar sem frutos. Imediatamente a figueira secou. Que lições podemos aprender com esse episódio? Em primeiro lugar, folhas sem frutos são aparências que enganam. Na figueira, as folhas vêm depois dos frutos. Se a figueira tinha folhas, logo, anunciava ter frutos. Mas sua aparência era enganosa. Assim, também, muitas pessoas parecem ser espi-

rituais. Estão estrategicamente posicionadas à beira do caminho. Chamam a atenção para seu porte, para sua linda roupagem, para sua atrativa aparência. Estão revestidos de folhas, mas desprovidas de frutos. Fazem propaganda de frutos, mas só têm folhas. Sua vida é uma mentira. Seu discurso é um engano. Sua espiritualidade é uma farsa.

“Jesus não se contenta com folhas, ele quer encontrar em nós frutos!” Em segundo lugar, folhas sem frutos são propaganda que decepciona. A figueira primeiro produz frutos e depois brotam as folhas. As folhas protegem os frutos, mas não são um substituto deles. Os frutos vêm antes das folhas. Folhas sem frutos são propaganda enganosa. Consumada hipocrisia. Discurso sem vida. Espiritualidade falaciosa. Jesus estava com fome. A figueira, por ter folhas, fazia propaganda de seus frutos.

Mas, ao examiná-la, Jesus não encontra nela frutos. Aquela figueira era uma decepção. Em terceiro lugar, folhas sem frutos são promessas que fracassam. Jesus não encontra frutos na figueira para matar sua fome. Chegou faminto e saiu faminto. A promessa de frutos era exuberante, mas a realidade dos frutos inexistente. Havia um abismo entre o que figueira demonstrava e o que de fato a figueira era. Mesmo à beira do caminho, gerando tantas expectativas, frustrava a todos. Sua mensagem aos transeuntes era propaganda enganosa.

Suas promessas eram um consumado fracasso. Em quarto lugar, folhas sem frutos desembocam em severo juízo. Mateus registra a palavra severa de Jesus à figueira: “Nunca mais nasça fruto de ti” (Mt 21.19). Marcos, de igual forma, registra: “Nunca jamais coma alguém fruto de ti!” (Mc 11.14). Imediatamente após a sentença de Jesus, a figueira secou e secou até à raiz (Mc 11.20). A maldição que caiu sobre aquela figueira foi permanecer como estava, sem frutos. O que Jesus fez, foi arrancar sua máscara e sentenciá-la a permanecer estéril. Jesus

não amaldiçoou aquela figueira. Ela já era uma maldição. Não passava de uma consumada mentira. Esse milagre operado por Jesus, demonstrando seu juízo à figueira estéril tinha o propósito de alertar a respeito da falsa espiritualidade de Israel e de seus líderes que, embora ostentassem grande pompa religiosa, estavam desprovidos dos frutos da piedade. Esse milagre é um alerta para nós, ainda hoje. Jesus não se contenta com folhas, ele quer encontrar em nós frutos! O Rev. Hernandes Dias Lopes é o Diretor Executivo de Luz para o Caminho e colunista regular do Brasil Presbiteriano.


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TEOLOGIA E VIDA

O suborno e a sua gravidade espiritual e social “O que não empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita suborno (presente, dádiva, incentivo) contra o inocente. Quem deste modo procede não será jamais abalado” (Sl 15.5). Hermisten Costa

“A

essência do conceito de suborno é a presença de um incentivo que influencia indevidamente o desempenho de uma função pública, destinada a ser exercida gratuitamente” (John T. Noonan, Jr, Subornos, Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1989, Introdução, p.xi). O suborno consiste na doação de algum bem material ou não com vistas à obtenção de um julgamento oposto ao que é justo à luz da lei. Todo suborno envolve cinco elementos: 1) O doador, 2) o receptor, 3) a doação, 4) o propósito da doação e 5) a causa a ser julgada. O suborno, uma prática tão comum na Antiguidade, recebe tratamento diferente nas páginas do Antigo Testamento. O fundamento dessa perspectiva jaz em Deus, Aquele que é justo e reto, não sendo subornável (Dt 10.17-18). Quando nomeia juízes em Judá, Josafá os instrui mostrando que eles eram agentes de Deus, devendo, portanto, obedecer ao padrão de Deus (2Cr 19.6-7). O fato é que os princípios éticos de um povo nunca estarão em um nível superior ao da sua religião. A religião como produto cultural expressará sempre os

limites subjetivos do real e, consequentemente, os anseios de um povo. A fé cristã, no entanto, parte de um Deus transcendente, pessoal e que se revela. O Deus que fala e age, sendo sua ação uma forma do seu falar. Esse Deus é santo. Por meio de sua Palavra ele exige santidade de seu povo. A justiça é uma das expressões da santidade. Por isso, Deus instrui aos juízes a fim de que não fossem passionais e interesseiros na formulação de seus juízos, o que os impediria de enxergar com clareza a causa proposta. O suborno corrompe o que o homem tem de mais íntimo, sendo a sede de sua razão, emoção e vontade: seu coração (Ec 7.7). O suborno perverte a própria essência da prática da justiça, fazendo com o que o subornado avance ainda mais, elaborando discursos para justificar os seus atos (Êx 23.8). De fato, quão difícil é julgar a matéria em si, sem outros interesses e “estado de espírito”. O presente dado a quem julga pode ser um elemento extremamente eloquente a respeito da culpabilidade de quem o oferece; do baixo conceito sustentado a respeito de quem julga e, também, a ingênua vulnerabilidade de quem o recebe.

Ainda que não tratando de vulnerabilidade pecaminosa, Calvino faz menção da dificuldade que enfrentamos ao termos de julgar: “Não há nada mais difícil do que pronunciar juízo com total imparcialidade, de modo a evitar a demonstração de favoritismo injusto, ou dar margem a suspeitas, ou deixar-se influenciar por notícias desfavoráveis, ou ser excessivamente radical, e em toda causa nada considerar senão a matéria em mãos. Só quando fechamos nossos olhos a considerações pessoais é que podemos pronunciar um juízo equitativo” (As Pastorais, São Paulo: Paracletos, 1998, [1Tm 5.21], p. 153). Em Deuteronômio, a mesma instrução de Êxodo é repetida (Dt 16.19). Notemos que sempre os prejudicados são os “justos”, o “inocente”, o “órfão” e as “viúvas”, símbolos de pobreza e desamparo. Os filhos de Samuel que também foram constituídos juízes, são acusados desse pecado, ignorando a lei de Deus e a integridade de seu pai (1Sm 8.3). Samuel teve de ouvir quieto, com tristeza e frustração os anciãos se aproveitando das circunstâncias (1Sm 8.5). Deus atende ao pedido pecaminoso do povo (1Sm 8.7-9,22; 10.17-24/Os 13.9-

11). Após uma batalha vitoriosa liderada por Saul contra os arrogantes amonitas, num clima de grande alegria, Saul é aclamado o primeiro rei de Israel. Na despedida de Samuel, depois de ter conduzido a Israel durante tantos anos, corajosa e serenamente, dá testemunho de sua integridade (1Sm 12.1-3) A resposta do povo atestou a absoluta integridade de Samuel: “Em nada nos defraudaste, nem nos oprimiste, nem tomaste coisa alguma das mãos de ninguém” (1Sm 12.4). Em Samuel temos um exemplo magnífico de integridade reconhecido ao longo das Escrituras (Jr 15.1; At 3.24; 13.20/1Sm 3.20;13.11-13). No entanto, o ato de subornar é bastante prático e eficaz em seus objetivos pecaminosos (Pv 17.8). O piedoso Asa, rei de Judá, em situação difícil por causa das guerras constantes contra Israel, compra a lealdade de BenHadade, rei da Síria, em oposição a Baasa, rei de Israel (1Rs 15.19-20). Do mesmo modo procedeu o pragmático Acaz em relação à Tiglate-Pileser, rei da Assíria, quando se viu em apuros diante da Síria e de Israel (2Rs 16.7-8). O homem perverso tem prazer em torcer o juízo;

ele não se compraz no que é direito (Pv 17.23). No 80 século a.C, a moralidade tornara-se baixa em Israel, estando os príncipes, juízes e sacerdotes, todos agindo por interesses, corrompendo a prática da justiça (Is 1.23/Is 5.23). Os líderes, além de só pensarem nos seus interesses, blasfemavam o nome de Deus, demonstrando nenhum respeito para com ele e sua Lei. Todo o sistema religioso e jurídico estava corrompido. (Mq 3.11). A consequência seria o cativeiro (2Rs 18.11-12). A prática do suborno confere ao homem a sensação de ser senhor da História. Na pressuposição de que todo homem tem seu preço, posso reger o meu destino. Desse modo, meus recursos se constituem em meu deus por meio do qual manipulo quaisquer situações adversas. O meu poder de persuasão, sedução, barganha e compra é a minha lei. A soberania de Deus é banida; o seu trono e cetro me pertencem: “As minhas mãos dirigem meu destino”. Fútil e perigosa ilusão. Deus continua no controle. Vê todas as coisas, e não se agrada dessa prática. Considerações Pontuais O que Deus condena está tão bem sedimentado e, às


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AÇÃO SOCIAL vezes, até mesmo legalizado em nossa sociedade que nós já até consideramos tais práticas em nossos planejamentos e expectativas. De fato, o caminho do mal sempre parece ser mais eficaz e rápido. Ele tende a nos fascinar pelo resultado mais fácil e imediatamente compensador. No entanto, Deus nos propõe caminhos de vida, de integridade, honestidade e princípios (Is 33.15). O sucesso não pode ser considerado apenas à luz do tempo breve ou longo, antes, a partir da eternidade. A instrução preventiva de Deus contra tais tentações e, ao mesmo tempo, como expressão de confiança e amadurecimento na fé, é-nos transmitida por Jesus Cristo (Mt 6.31-33). Deus nos fornece princípios que permanecem e que serão considerados parcialmente aqui, contudo, se tornarão plenamente evidentes na eternidade. Se quisermos habitar na casa do Senhor sigamos as normas, os princípios e os mandamentos desse mesmo Senhor. O usufruir da graça sem a busca da obediência é menosprezo para com a obediência de Cristo (2Co 6.1; Ef 2.8-10; Fp 2.5-8). “Se desejamos que a obediência de Cristo nos seja proveitosa, então devemos imitá-la” (João Calvino, Exposição de Hebreus, São Paulo: Paracletos, 1997 [Hb 5.9], p. 138). O Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa integra a equipe de pastores da 1ª IP de São Bernardo do Campo, SP.

Evangelização e Ação Social em Augustinópolis José Júlio de Azevedo

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esde que chegamos a Augustinópolis, uma pequena cidade no extremo norte de Tocantins, entre os rios Tocantins e Araguaia, a Sra. Maria Alci passou a visitar o Campo Missionário de Augustinópolis, conhecido pelos locais como IP de Augustinópolis. Ela disse ser a presidente da Associação das Quebradeiras de Coco e Produtores Rurais do município. Explicou que não tinha apoio oficial e nem um local adequado para reuniões, então oferecemos uma sala para uma reunião mensal na igreja – o que vem ocorrendo desde meados de 2017. O sonho dessas mulheres quebradeiras e dos produtores rurais é conseguir uma prensa para extração do óleo virgem dos frutos da palmeira babaçu – atualmente muito procurado por suas qualidades benéficas à saúde, favorecendo o aumento do bom colesterol e ajudando a diminuir o colesterol negativo. Ficamos sabendo do edital para projetos de uma instituição internacional, chamada Brazil Foundation – que financia projetos até o valor de R$30.000,00. Falamos com a Sra. Maria, a presidente, e nos inscrevemos. Graças a Deus, o projeto foi aprovado, entre mais de mil outros, com um apoio de R$17.000,00. A prensa, no entanto, custa em torno

de R$40.000,00 – por isso estamos adaptando a proposta inicial para a compra de materiais para cursos e materiais para artesanatos e construção de um quiosque para exposição e venda de produtos, já que entre as quebradeiras de coco há costureiras e pessoas que já fazem artesanatos utilizando-se da palha, casca e amêndoas do coco. Após um curso de aperfeiçoamento e aprendizagem de técnicas de artesanato em madeira, tecidos, linhas e frutos da palmeira e outros materiais naturais, a Associação pretende reivindicar junto à Prefeitura, um quiosque em praça ou espaço público para expor tanto seus produtos artesanais quanto o precioso óleo de babaçu prensado – que não contém agrotóxicos e é excelente para a alimentação. Atualmente, a Associação conta com cerca de cinquenta membros, a maioria mulheres. Há entre eles vários talentos, mas faltam recursos materiais. Terezinha, uma das associadas, sabe fazer bonecas, crochê, rede e tapetes; Francisco sabe tecer chapéus de palha de tucum, cofo (balaio) de duas e quatro talas de quibando para beneficiar o arroz; Arismar tem um pedacinho de terra onde cultiva verduras, arroz e feijão – além de colher coco das palmeiras babaçu; Maria Pereira faz sabão caseiro,

Templo do campo missionário da IPB em Augustinópolis

prepara azeite de coco e também sabe fazer crochê; José também se dedica a horticultura; Laurilene sabe fazer bordados, doces e salgados; Cássia é cabeleireira e quer aprender a fazer artesanatos; Eliézer sabe fazer pão caseiro e tem experiência como panificador; Maria Alci, a presidente, sabe fazer tapetes e tem muita criatividade em artesanatos com o caule, folhas e frutos do Babaçu; Genebra quer aprender a costurar; Maria José sabe costurar, fazer tapetes e é manicure; Luciana do Socorro quebra coco, como as outras, faz carvão e o óleo bruto (queimado), que já utilizado pelos índios, na região. Quando se fala em “quebradeiras” nos referimos a mulheres – e são milhares que sobrevivem precariamente nesse ofício – que fazem a colheita do coco da palmeira babaçu, transportam em balaios feitos com as folhas trançadas da palmeira até sua casa ou associação. Trabalham geral-

mente juntas, utilizam um porrete de madeira rija e um machado com a lâmina afiada fixada no chão, sobre a qual colocam a dura amêndoa para ser quebrada, de onde saem seis bagos do seu coco que é utilizado para a alimentação em forma de óleo. Seu mesocarpo também pode ser utilizado como farinha ou mesmo na forragem do gado. Temos sempre a oportunidade de iniciar as reuniões mensais e as assembléias da Associação das Quebradeiras de Coco e Produtores Rurais com orações e mensagem bíblica – unindo a evangelização com a ação social. Há uma frequência de cerca de 30 a 50 pessoas nas reuniões. Se alguma igreja ou algum leitor do Brasil Presbiteriano quiser saber mais, ou até mesmo colaborar com a Associação, entre em contato pelo telefone (63) 99944-3773. O Rev. José Júlio de Azevedo é pastor-missionário responsável pelo trabalho da Junta de Missões Nacionais em Augustinópolis, Tocantins.


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CELEBRAÇÃO

Uma história de perseverança, fidelidade e missão 40 anos da IV Igreja Presbiteriana de São Bernardo do Campo Cínthia Vasconcelos

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m 1964 em uma casa alugada na Estrada Galvão Bueno, atualmente conhecida como Av. Humberto de Alencar Castelo Branco no bairro Alves Dias, havia um ponto de pregação organizado pela UPH da I IP de São Bernardo do Campo, onde aproximadamente 70 pessoas se reuniam em cultos matutinos e escolas dominicais. Em dois anos esse ponto de pregação se tornou uma congregação. Uma casa de madeira, que se encontrava nos lotes adquiridos para a congregação, teve suas paredes internas derruba-

das transformando-se em um bom salão de culto que acomodava seus membros fiéis. Todo esforço, dedicação e oração de homens, mulheres, jovens e crianças, e a bondade, graça e misericórdia de Deus foram os alicerces que sustentaram o templo da congregação em 1972 e que no dia 12 de fevereiro de 1978 se tornou a IV IP de São Bernardo do Campo. 40 anos depois, com 288 membros, o prédio passou por algumas reformas para aumentar o espaço físico. A arquitetura passou a ser mais moderna, com traços contemporâneos, porém nem o tempo e nem a reforma deterioraram as princi-

Grupo de membros da IV IP de São Bernardo do Campo

pais estruturas erguidas, a centralidade da Palavra de Deus continua sendo a base que sustenta a igreja como organização e sua membresia. Pastoreada há mais de 20 anos pelo Rev. Francisco das Chagas Vieira de Melo, a igreja tem crescido, amadurecido e dado frutos não apenas com as atividades realizadas pela igreja e suas sociedades internas e ministérios, mas também com sua congregação no bairro Alvarenga, pastoreado pelo Rev. Wellington de Lima Lucena, em plena expansão, dinâmica, com uma UPH organizada e com SAF e mocidade em andamento. O culto de ação de graças

pelo aniversário de 40 anos da igreja foi comemorado com muita alegria e, como convidado especial, o Rev. Mário Manoel Alves foi o pregador da noite. Após o culto a igreja toda se reuniu no salão social para ainda juntos celebrarem com comes e bebes essa data tão importante para a vida da igreja. Agradecemos a Deus pela igreja amorosa, fiel, dinâmica e sensível que foi moldada por Deus durante esses 40 anos de história. Louvamos a Deus pelas famílias e membros da igreja que são envolvidos e ativos nos serviços e atividades da igreja e pelo envolvimento e visão missionária.

Somos gratos pelas lutas e vitórias que compõem sua história certos de que em tudo Deus fortaleceu e sustentou sua igreja, e ainda hoje tem derramado suas bênçãos e sido misericordioso para com seu povo. Que Deus conceda ainda muitos outros anos de comemorações a essa amada igreja e que continue levantando homens e mulheres cheios do Espírito Santo, comprometidos com a pregação da Palavra e com a propagação do evangelho para que muitas outras igrejas nasçam pelo mundo com histórias tão belas e inspiradoras quanto essa. Cínthia Vasconcelos é membro da 4ª IP de São Bernardo do Campo


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CELEBRAÇÃO

Coração de pastor: os 80 anos de Rev. Alceu Davi Cunha Donizeti Rodrigues Ladeia

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prendemos com algumas figuras da atual história da IPB que a idade não bloqueia a força de serviço do coração pastoral. Um desses exemplos é o Rev. Alceu Davi Cunha, que no dia 20 de março completou 80 anos de vida. Esse irmão, jubilado desde 2010, continua firme em sua produção pastoral com pregações, visitas, aconselhamentos (inclusive para os próprios pastores) dando aulas e mesmo não tendo mais obrigação, participa das reuniões do presbitério (PRSB). Porque devemos ressaltar essa data? É simples: nós que fomos pastoreados por esse servo de Deus, temos de agradecer por Deus o ter preservado, dando-lhe força em meio ao duro tratamento de hemodiálise, que faz desde 2002, depois de tantos anos de tratamentos ininterruptos. Creio que nós da 1ª IP de São Bernardo do Campo, SP, fazemos coro com um grupo grande de irmãos e irmãs que tiveram o privilégio de serem pastoreados por ele. Rev. Alceu foi pastor na cidade de Natal, no bairro do Alecrim (1971-1975), na 1ª de Belo Horizonte (1980-1985), na IP de Viçosa (1986-1987), na IP Santo Amaro (1988-1994) e, por fim, em nossa IP de SBC. Soma-se ao seu extenso

currículo pastoral um legado deixado por ele quando foi o Secretário Nacional da Mocidade. Ao assumir essa missão, nossa mocidade corria riscos, e podemos dizer a IPB – sabedores de que a mocidade representa a igreja do amanhã – afinal, nas décadas de 70 e início de 80, o Rev. Alceu foi um aglutinador de multidões nos Congressos Regionais, disseminando no Brasil o valor do presbiterianismo bíblico. Nessas valorosas pequenas histórias encontramos grandes bênçãos: como a inspiração de novos pastores, o fortalecimento de futuras lideranças e como ele mesmo diz: a Nau estava indo para um precipício, e com a guinada causada pelos rumos da IPB naquela época, nossa igreja não caiu no fundo do abismo do liberalismo, nem também na chamativa doutrina da visão social promovida pelas teologias de esquerda. Temos, portanto, grande orgulho por sua grande contribuição

Rev. Alceu e diversos pastores

Rev. Alceu e familia

naquele momento. Rev. Alceu teve grande participação na vida de muitos alunos do Seminário Rev. José Manoel da Conceição. Foram treze anos ensinando naquela casa. Esses ex-alunos lembram com saudades das aulas de Teologia Bíblica, banhadas com os seus bons exemplos pastorais e com sua filosofia ministerial, fruto de sua experiência no campo. Nossa Igreja, por meio de seu Conselho promoveu um culto de gratidão

ao nosso Deus pela vida do Rev. Alceu. Nesse culto, realizado no dia 31 de março, tivemos boa participação de pastores (dentre eles o seu amigo de turma do Seminário de Recife, Rev. Anselmo Rodrigues, que veio de Mossoró, RN) de ex-ovelhas que vieram da 1ª Igreja de Belo Horizonte e da Igreja de Santo Amaro, somando assim um grande coro de vozes para adorar o Senhor Deus que é o autor da Vida. O pregador foi o Rev. Hermisten Maia

Pereira da Costa, um discípulo do Rev. Alceu, como ele mesmo declara. Naquela noite memorável ficou claro que a vida abençoada do Rev. Alceu é na verdade um pouco da história das bênçãos de cada um de nós. Destacamos também que, ao seu lado, tem sido o seu esteio sua esposa, Dona Míriam Cunha, mulher virtuosa que tem sido uma fiel lutadora pelo bem da Igreja, do bem estar de seus filhos e netos; mas muito mais, pois apesar de suas dificuldades de saúde ela tem sido, a esposa, a enfermeira, a motorista, e mais do que tudo isso, uma serva de Deus que respeita o marido e lhe tem sido a auxiliadora fiel, em toda e qualquer situação. Nossa oração de gratidão a Deus pela vida de Míriam Cunha, o anjo enviado por Deus para ajudá-lo em sua história de vida. Ele tem sua família abençoada ao seu lado, Dona Míriam Cunha, seu filho Alceu Davi Cunha Filho, sua filha Adelaide Cunha Cardoso, seu genro Rev. Timóteo Klein Cardoso, sua neta Sara e seu neto Isaque. Nossa gratidão e nosso respeito por aqueles que velam por nós e que são verdadeiros guias espirituais (Hb 13.7), dentre tantos, destacamos o nosso pastor Rev. Alceu Davi Cunha. O Rev. Donizeti Rodrigues Ladeia é pastor da 1ªIP de SBC e professor do JMC.


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EDUCAÇÃO CRISTÃ

Professor que é professor Nesta edição, a quinta da série, veremos que o bom professor...

procura conhecer a sua disciplina Cláudio Marra

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a Grande Comissão, Jesus determinou que façamos discípulos. O modo indicado por ele para o cumprimento de sua missão foi “batizando” e “ensinando-os” a obedecer tudo o que ele, Jesus, primeiro havia ordenado aos seus próprios discípulos. Entendendo, como deve entender, que ensinar na Escola Dominical é ser discipulador, o professor buscará adquirir conhecimento geral da Escritura. No sentido amplo, essa é

a sua disciplina. Para isso, serão necessárias as leituras individuais todos os dias. O conhecimento da Palavra irá aumentando e, com oração e séria meditação, se desenvolverá também o relacionamento íntimo com o Senhor. Há os que tomam um alentado café da manhã todos os dias, há os que apenas engolem uma xícara de café, se tanto. A leitura da Palavra, porém, bem como a meditação e a oração, não podem ser vistas como opcionais e questão de preferência pessoal. O crente que as descartar

terá sérios prejuízos espirituais. Melhor será acrescentar a esse hábito saudável o momento devocional com a família, apenas o casal, ou ambos e os filhos, o que for possível. Ainda com vistas ao maior conhecimento da Bíblia, o professor buscará a ajuda de bons livros. No site www.editoraculturacrista.com.br, na barra de opções para pesquisa clique em Livros e você verá boas sugestões de apoio ao seu esforço para crescer. No site da Editora Cultura Cristã há centenas de títulos que poderão ajudá-lo.

Além do necessário conhecimento geral da Escritura, disciplinas específicas programadas para a sua classe também exigirão seu cuidadoso estudo e aprofundamento. De novo, bons livros poderão ajudá -lo e você voltará ao site da Cultura Cristã. Ampliando a busca, o software Logos o porá em contato com as mais valorizadas opções de pesquisa. O Logos é uma biblioteca eletrônica que você pode carregar no computador, tablet ou smartphone. Adquirindo um dos pacotes da Logos você terá significativa

parte dos livros que publicamos por nossa editora a um custo muito atrativo (pt.logos.com). Mas não se esqueça dos cursos que o Centro Presbiteriano Andrew Jumper oferece, cursos on-line, desenhados para lideranças de igrejas e professores de EBD (http://cpaj.mackenzie.br/programas-cursos/ teologia-ead/). Bem, isso tudo é coisa para professor que é professor, mesmo. Isto é, você. O Rev. Cláudio Marra é o Editor do Currículo Cultura Cristã e autor do livro A Igreja Discipuladora.

CELEBRAÇÃO

Igreja Presbiteriana de Ourinhos comemora 56 anos Sérgio dos Santos

“C

om efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós; por isso, estamos alegres” (Sl 126.3). No último dia 08 de abril, a Igreja Presbiteriana de Ourinhos completou 56 anos de organização eclesiástica. Na ocasião, ministrou a Palavra o Rev. Claudio Marra. O trabalho presbiteriano em Ourinhos começou

em janeiro de 1955, por iniciativa do Presbitério de Botucatu. A primeira reunião aconteceu no dia 25 de janeiro na casa de Aderbal Ferreira de Oliveira, sob a condução do Rev. Domingos Rodrigues Hidalgo. Em 1956, por decisão do Presbitério, o grupo de irmãos foi organizado em Congregação Presbiterial, tendo o Rev. Joaquim Correa Lacerda como presidente da mesa diretora da Congregação.

No dia 8 de abril de 1962, em culto solene, nasceu a Igreja Presbiteriana de Ourinhos. Foram arrolados 58 membros comungantes e 18 membros não comungantes. José Antunes de Andrade, João Vieira, Otávio Christone e o Rev. Joãozinho Thomaz de Almeida formaram o primeiro Conselho. Hoje, a igreja conta com 270 membros, comungantes e não comungantes, e dois pastores: Rev. Sérgio

Revs. Cláudio Marra, Sérgio dos Santos e Eduardo Emerich

Roberto Bispo dos Santos e Rev. Eduardo Emerich. A Deus toda glória!

O Rev. Sérgio Roberto Bispo dos Santos é o pastor efetivo da IP de Ourinhos.


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REFLEXÃO

A batalha pelo futuro do Brasil Antônio Cabrera

G

rave isto: a batalha pelo futuro do Brasil está sendo travada nas salas de aula e estamos perdendo de lavada. Nossos problemas políticos têm raízes educacionais profundas. Qual é o ponto em comum da agenda de Lula, um condenado de segunda instância que se movimentou livremente pelo Sul: Bagé: Universidade Federal do Pampa Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria Passo Fundo: Universidade Federal da Fronteira Sul Em termos estratégicos, não há nada mais precioso do que o controle da educação. Afinal, é ali que está a semente de tudo. É nesse solo que a esquerda semeia praticamente sem concorrência. Estive recentemente

no Fórum Indígena em Dourados, MS, e apresentei um trabalho sobre a importância do índio ter a sua autonomia financeira. Afinal, são 110 milhões de hectares em reservas, o que em uma conta de padaria valem mais de 110 bilhões de reais. Quando questionei como alguém com esse patrimônio pode viver em situação de penúria, a reação de uma índia cursando a Universidade Federal de Brasília foi a tomada do microfone para vomitar uma série de ladainhas ideológicas. Uma pena, mas nenhum comentário sobre os números apresentados. Esses alunos não são incapazes de raciocinar, mas o que os torna incapazes de pensar é a educação que estão recebendo. Afinal, cada campus está virando um imenso “campo de reeducação”. Mas conheci pessoas que

me alegraram o coração. Uma delas foi a irmã Aracy, a primeira índia a cursar uma Universidade! E claro, naquela época, sem ranços ideológicos: Outra foi o Pr. Rinaldo de Matos, fundador da Além, uma entidade que nasceu da convicção de que somos chamados a fazer discípulos de Jesus e de que podemos fazer isso por meio da tradução da Bíblia. Hoje, de um total de 274 línguas indígenas no Brasil, apenas cinco possuem a Bíblia completa. Os desafios são gigantescos. Este mapa mostra as centenas de etnias indígenas sem a presença missionária. Quem se habilita? Mas posso dizer que, depois de dois dias com esses e outros valorosos líderes, como os pastores Sérgio Nascimento e Ronaldo Lidório, o Brasil

Aracy, primeira índia a cursar uma Universidade, e Antônio Cabrera

Antônio Cabrera e Pr. Rinaldo de Matos

está mudando e, apesar de todas as histórias negativas que você ouve na mídia, o evangelho está avançando. Nada pode se comparar com uma Santa Ceia distribuída por pastores indígenas. “Soli Deo Gloria!”

Pastores indígenas realizam Santa Ceia

O Dr. Antônio Cabrera Mano Filho, presbítero da IP de São José do Rio Preto (SP), foi Ministro da Agricultura do Brasil no governo Collor e é membro do Conselho de Curadores do Instituto Presbiteriano Mackenzie.


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SUPREMO CONCÍLIO 2018

Preparativos para a hospedagem do Supremo Concílio São Paulo de braços abertos para receber os deputados presbiterianos, do Oiapoque ao Chuí Clodoaldo Furlan

A

Comissão responsável pelos preparativos reuniu-se dia 26 de março em Águas de Lindoia com presidentes dos Sínodos paulistas e outras autoridades, num total de 285 pessoas, presbíteros e pastores em sua maioria. O encontro começou com devocional em que expôs a Palavra de Deus o Rev. Hernandes Dias Lopes, colunista do Brasil Presbiteriano. Os hinos e cânticos foram conduzidos pelo Rev. Cláudio Cardozo, da CHHN. No momento de preparação para o SC, foi testado o aplicativo que será utilizado nas verificações de presença e nas votações durante a reunião de julho. A Comissão de Hospedagem para a RO-SC/IPB-2018 tem esta composição: Presidente: Presb. Clodoaldo Waldemar Furlan; Vice-Presidente: Rev. Davi Charles Gomes; Secretário Executivo: Rev. Ademir Aguiar; Secretário: Rev. Agnaldo Duarte de Farias, Tesoureiro: Presb. Paulo Mastro Pietro; Membros: os Revs. Ageu Cirilo de Magalhães Júnior, Allen Ale-

xandre Bispo da Silva Borges, Arival Dias Casimiro, Dario de Araújo Cardoso, Davi Romualdo da Costa, Diego Gonçalves Dias, Devanir Araújo Mendonça, François Nunes, George Alberto Canelhas, João Dilson de Oliveira Outeiro, José Maurício Passos Nepomuceno, Waldemar Alves Pereira Filho, Waldomiro Fonseca Júnior, Welerson Evangelista Pinto, Zedequias Alves, e Presb. Alexandre Sanvido, A 39 Reunião Ordinária do Supremo Concilio da Igreja Presbiteriana do Brasil deverá ocorrer de 22 a 29 de julho de 2018, no Hotel Monte Real, Águas de Lindoia, SP. A hospedagem será em sete hotéis conveniados para o evento: Monte Real, Bela Vista, Zanon, Panorama, Glória, Majestic e Guarany. A Comissão espera mais de 1400 deputados dos 384 Presbitérios de todo o Brasil. Haverá ônibus no dia 22 e 29 nos três aeroportos de São Paulo: Viracopos, Guarulhos e Congonhas. Na abertura, dia 22/7, haverá culto às 18h00, com a participação de Coral e Orquestra Intersinodal compostos pelos quinze Sínodos

do Estado de São Paulo. São Paulo recebeu a RO-SC/ IPB, em 1943, na cidade de Botucatu, e em 1994, na cidade de São Paulo. Agora temos a honra de receber o SC na cidade de Águas de Lindoia. A Igreja Presbiteriana do Brasil no Estado de São Paulo tem hoje: 15 Sínodos, 58 Presbitérios, 700 Igrejas, os Seminários SPS e JMC, o Centro de Pós Graduação Andrew Jumper, a Universidade Mackenzie campus Higienópolis, Tamboré e Campinas, a Casa Editora Presbiteriana, Luz para o Caminho, a sede da Junta de Missões Nacionais e da Agência Presbiteriana de Missões Transculturais, a Associação Nacional de Escolas Presbiterianas, Fundação Presbiteriana de Educação, Fundação JMC, Fundação Mackenzie de Pesquisa e Agência Presbiteriana de Comunicação e Evangelização. São Paulo está de braços abertos para receber os deputados do Supremo Concilio representando o povo presbiterianismo de todo o território brasileiro.

Presb. Clodoaldo Furlan, Rev. Hernandes e dive

O Grupo de Trabalho reunido no amplo salao do

O Presbítero Clodoaldo Waldemar Furlan é o presidente do CECEP, da Comissão de Hospedagem para a RO-SC/IPB-2018.

O Pregador - Rev. Hernandes Lopes


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Informações sobre a RO-SC/IPB–2018

ersas autoridades presentes

o Hotel Monte Real Resort

Programação

Dia 22, domingo Chegada dos conciliares, com acesso à hospedagem a partir das 15h00. Culto às 18h00 Jantar de boas-vindas às 20h00. Dia 23, segunda-feira Ato de Verificação de Poderes, às 08h00. Sessão Preparatória, às 10h00, seguida da Primeira Sessão Regular. Dias 24 a 28 Sessões Regulares. Dia 29, domingo Culto de Gratidão, às 10h00. Almoço de Encerramento, às 12h00.

1. Encerradas no dia 25 de abril as inscrições dos deputados para participação da RO-SC/ IPB–2018, que ocorrerá nos dias 22 a 29 de julho de 2018. As inscrições ficaram abertas por 100 dias, desde 15 de janeiro de 2018. 2. Os deputados serão acomodados por ordem de inscrição, na seguinte ordem dos hotéis: 1º) Monte Real; 2º) Bela Vista; 3º) Zanon; 4º) Panorama; 5º) Glória. 3. Os deputados que levam familiares ficarão hospedados juntamente com sua família conforme o hotel escolhido (Majestic ou Guarany) para os seus familiares (site: www.executivaipb.com. br). 4. Os membros ex-officio, visitantes, correspondentes, acompanhantes e delegações estrangeiras serão hospedados nos Hotéis Majestic e Guarany. 5. No mês de maio, a Comissão de Hospedagem enviará um voucher para entrada no Hotel e demais informações. 6. O acesso ao Hotel Monte Real para participar da RO-SC/ IPB–2018 se dará apenas através de inscrição prévia. Os que desejarem participar da reunião e não necessitam de hospedagem e alimentação, deverão fazer a sua inscrição no site da Secretaria Executiva no item “sem hospedagem”, com direito ao crachá, material e coffee breaks. Permanecerão abertas até o dia 15/06/2018 ou até o esgotamento das vagas. 7. As inscrições (pagantes) dos ex-officio, visitantes, correspondentes e acompanhantes (pagamento da hospedagem pode ser dividido em até 3 vezes) continuarão no Hotel Guarany, pois

as vagas no Hotel Majestic estão esgotadas. Permanecerão abertas até o dia 15/06/2018 ou até o esgotamento das vagas. 8. As refeições serão feitas nos mesmos hotéis da respectivas hospedagens (café-da-manhã/ almoço/jantar). Haverá transporte entre os hotéis e o Hotel Monte Real, onde ocorrerão as reuniões do SC-IPB/2018. Todos os hotéis ficam bem próximos ao Hotel Monte Real e o transporte ocorrerá de forma muito rápida e eficiente devido à ausência de trânsito na cidade. 9. No dia 22/07/2018 (domingo) haverá transporte de ônibus (Aeroportos – Águas de Lindoia). Também no dia 29/07/2018 (domingo) haverá transporte de ônibus (Águas de Lindoia – Aeroportos). Os transportes ocorrerão somente nos dias 22 e 29/07/2018. 10. Distância dos aeroportos a cidade de Águas de Lindoia: a) Aeroporto Internacional de Viracopos, Campinas/SP – Distância aproximada: 120 km – tempo aproximado 1h30; b) Aeroporto Internacional de São Paulo, Guarulhos/SP – Distância aproximada: 160 km – tempo aproximado: 2h30; c) Aeroporto Congonhas, São Paulo/SP – Distância aproximada: 200 km – tempo aproximado: 2h30. 11. Aos que utilizarão o translado Aeroporto–Hotel e Hotel– Aeroporto: necessário informar com antecedência a Secretaria Executiva do SC/IPB os horários de seus voos através do e-mail: sc2018@executivaipb.com.br. 12. Qualquer dúvida, por favor, entre em contato através do e-mail: sc-2018@ipb.org.br


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CURSOS E CONGRESSOS

Capacitando Portadores da Esperança Eleny Vassão

A

Capelania Hospitalar da ACS – Associação de Capelania na Saúde, ex-ACEH, tem como visão ser um instrumento indispensável no cuidado integral em meio ao sofrimento, levando conforto e esperança, promovendo bem-estar e sentido de vida através do relacionamento restaurador com Deus, com o próximo e com o meio ambiente, trabalhando com excelência na capacitação de visitadores e capelães, visando a assistência que promova transformação para o bem da sociedade. No ano de 2018, a ACS está promovendo diversos Cursos e Congressos, como: Curso de Músicas nos Hospitais Despertando e capacitando músicos, cantores, conjuntos e corais evangélicos para se apresentar andando pelos corredores dos hospitais, levando o consolo da Palavra através da música. A programação abordará temas como Experiências no Hospital; Visão Geral do Ministério de Capelania Hospitalar; Os Benefícios da Música na Saúde; Música na Igreja versus Música no Hospital; Apresentação de Camerata; O Canto no Hospital; Apresentação de Harpa; Música com Afeto – Interação com o Paciente; Coral no Hospital; Música para Crianças; Culto na Psiquiatria; Música em Geriatria e Cuidados Paliativos. Data: 2 e 9 de junho, das 9h00 às 17h00 Preço: R$200,00 Local: IP de Pinheiros Curso de Capelania Hospitalar Nível I em Módulos O sofrimento humano traz à tona a fragilidade do ser, suas culpas, medos e ansiedades. A Palavra de Deus, compartilhada através de pessoas atenciosas e capacitadas pelo curso teórico e treinamento prático em Capelania Hospitalar, oferece conforto, segurança e paz no relacionamento com Deus, em Cristo Jesus. Objetivos: Capacitar membros de igrejas evangélicas através de curso teórico e prático para que possam prestar assistência espiritual, emocional e social a pacientes, seus familiares e profissionais da saúde nos hospitais, através da Capelania Hospitalar.

Datas: 28/07; 25/08; 22/09; 27/10; 24/11, na APECOM. Público-alvo: evangélicos maduros, com bom conhecimento bíblico e equilíbrio doutrinário, com mais de dois anos de membresia em uma mesma igreja, que assine a Declaração de Fé da ACEH e traga boas referências de seu pastor e de outros líderes (Kit). Diferencial: Treinamento prático nos hospitais por 180 horas para os alunos aprovados na seleção pós-curso. Consultoria na organização de capelanias em hospitais. Curso de Capelania Hospitalar em Pediatria Levando alegria, conforto e aconchego para crianças enfermas nos hospitais (ambulatórios e datas especiais), através da Capelania Hospitalar. O público-alvo do curso são professores de escola bíblica dominical, pedagogos, pessoas com habilidades especiais em lidar com crianças enfermas, que sejam membros da mesma igreja evangélica há mais de um ano, maiores de idade, com bom conhecimento bíblico e equilíbrio doutrinário. Entre os temas que serão abordados estão: Ministrando à Criança Enferma; A Arte de Contar Histórias; A Prática da Capelania; Ministrando aos Pais da Criança; Recursos Visuais para Trabalho no Hospital; Atividades com as Crianças no Leito; Levando a Criança a Cristo; Pantomima e Histórias Breves; A Criança e o Adolescente à Morte; Cuidando da Família no Luto; Cuidando da Criança Enlutada; Música para Crianças Enfermas; Manipulação de Fantoches no Hospital. Data: 30 de junho e 7 de julho Horário: 8h00 às 18h00 Preço: R$160,00 Seminário de Espiritualidade e Saúde Mental “A Cura da Alma – Abordagem Psiquiátrica, Psicológica e Bíblica” O seminário que aborda temas como Ansiedade e Síndrome do Pânico; Álcool e Drogas; Transtornos Alimentares; Depressão e Suicídio, tem como objetivo oferecer informação dos aspectos clínico, psicológico e espiritual à população em geral, especialmente para as escolas, empresas e igrejas, promovendo a prevenção e o cuidado de proble-

mas que afligem a alma, capacitando líderes para discernir, aconselhar e, se necessário, encaminhar para tratamento pessoas em situação de risco. Data: 04 e 05 (noite) e 06 (dia todo) de setembro Local: Instituto Presbiteriano Mackenzie Preço: R$ 250,00 Promoção: ACEH – Associação de Capelania Evangélica Hospitalar + Chancelaria, em parceria com CCBS + COPEX da Universidade Presbiteriana Mackenzie e Sociedade Bíblica do Brasil. Curso Internacional de Capelania em Cuidados Paliativos Diariamente nos vemos diante de pessoas muito doentes, caminhando para o final da vida, e nem sempre sabemos o que lhes dizer, ou como confortá-las, e às suas famílias. Como se preparar para ser um profissional da saúde que possa cuidar integralmente de seu paciente? Como um líder religioso/espiritual pode acolher e cuidar dos membros de sua comunidade, encorajando e fortalecendo a esperança do enfermo e de seus familiares? Como fazer parte de uma Equipe Multidisciplinar em Cuidados Paliativos nos Hospitais? Como ajudar a tomar decisões éticas na terminalidade da vida? Como cuidar do processo de perda e luto em crianças e adultos? O curso tem como objetivo capacitar capelães para a participação em Estudos Multidisciplinares de Cuidados Paliativos nos hospitais e profissionais da saúde para o cuidado integral aos seus pacientes e familiares. Data: 15 a 20 de novembro de 2018 Horário: 09h00 às 17h00 Preço: R$600,00 Local: Hospital Cruz Azul de São Paulo Público-alvo: Visitadores, Capelães, Pastores, Seminaristas e Profissionais da Saúde Coordenação Geral dos Cursos: Eleny Vassão de Paula Aitken Inscrições: www.capelanianasaude.com.br Informações: capelaniahospitalar@gmail.com Eleny Vassão de Paula Aitken é a Diretora da Capelania Hospitalar da Associação de Capelania na Saúde.


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EDUCAÇÃO CRISTÃ

Chegou o

O

Conselho de Educação Cristã e Publicações (CECEP) realiza em São Paulo o 5º Congresso Nacional de Educação Cristã da IPB, entre os dias 31 deste mês e 3 de junho, no auditório Ruy Barbosa da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Campus Higienópolis. O tema é A verdade na prática – Interpretação, ensino e aplicação da Escritura, e o preletor o Dr. Daniel Doriani, autor da Cultura Cristã. Pregará no culto de abertura o Rev. Roberto Brasileiro, Presidente do SC/IPB. O Congresso oferecerá 40 oficinas para treinamento: A Confessionalidade na Universidade; O ensino contemporâneo na classe de jovens; Comunicação contemporânea do evangelho; FaceBook e outras mídias sociais; Uma proposta Reformada para Educação Cristã; Como preparar seu adolescente para a Faculdade; O culto das crianças; Como o adulto aprende e Didática de aulas para jovens e adultos, entre outras. O costume de atrasar as inscrições poderá deixar interessados sem vagas. O custo da inscrição é de R$ 180,00 e o pagamento pode ser feito por boleto, cartão de débito e cartão de crédito (parcela única). Para professores, superintendentes da ED, pastores, missionários, evangelistas e seminaristas da IPB haverá um desconto substancial e o valor cai para R$ 100,00.

Lançamentos

Rev. Roberto Brasileiro, Presidente do SC/IPB

Dr. Daniel Doriani, autor da Cultura Cristã

A Editora Cultura Cristã lançará na ocasião os livros Educação na Justiça – Um plano para interpretar e aplicar a Bíblia e A Encarnação nos Evangelhos de Daniel Doriani; Educação em Casa, na Igreja e na Escola – Uma perspectiva Cristã, de Filipe Fontes; e Elementos Essenciais da Educação Cristã de Karen B. Tye.

As inscrições e maiores informações podem ser encontradas no site <editoraculturacrista.com.br/congresso>, ou através dos números: São Paulo: (11) 3207-7099/ Demais localidades: 0800-0141963. No site do evento é possível ter acesso à programação completa, horários e temas das oficinas e dicas de lugares para hospedagem.


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FALECIMENTOS

Rev. João Alves dos Santos, Th.M. Valdeci Santos

N

a manhã de 22 de abril de 2018, o Rev. João Alves dos Santos foi promovido à glória! Rodeado por sua família, o corpo fragilizado cedeu e a jornada de um grande líder teve o seu fim terreno. O legado deixado pelo “Rev. João” não pode ser mensurado por obras publicadas, títulos obtidos ou bens acumulados, mas sua herança é percebida nas vidas influenciadas por ele. A história de João Alves sempre esteve conectada à Igreja Presbiteriana Conservadora, denominação em que serviu por mais tempo ao Mestre. Ele nasceu quando essa denominação celebrava o terceiro ano de sua organização, em 1943. Oriundo de um lar evangélico, João teve seus “fundamentos da fé” fortalecidos pelos ensinamentos da IPC de Braúna, debaixo de uma paineira, onde as crianças recitavam o Catecismo da Doutrina Cristã e decoravam versículos bíblicos. A pequena igreja local foi “pastoreada” pelo pai de João, o presbítero Odilon Alves dos Santos, até sua mudança para São Paulo na década de 1960. Daquela singela igreja, Deus levantou cinco ministros da Palavra e alguns presbíteros. Com apenas 11 anos de idade, João ingressou no seminário, sendo o pri-

meiro aluno menor de idade naquela instituição. Naquela época, o seminário oferecia três cursos: o propedêutico (atual fundamental), o pré-teológico (equivalente ao ensino médio) e o curso teológico propriamente dito. Daquela instituição ele só saiu ao concluir todos os cursos em dezembro de 1963, com 20 anos. Os desafios ministeriais em sua jovem denominação, com poucos recursos, mas com uma membresia firme na sã doutrina, eram gigantescos e em vez de receber uma “igreja” para pastorear, João recebeu um “campo” logo após ser licenciado. Os campos da época consistiam de igrejas, congregações, pontos de pregação e o cuidado de famílias isoladas que, embora leais à denominação, frequentavam outras igrejas irmãs por não terem trabalho organizado na redondeza. O campo que recebeu foi Bauru, que incluía as igrejas de Bauru, Iacanga, Ibitinga, Itajú, Bariri, Brotas e as fazendas Pontal e Pau D’Alho. Atenção ainda era dedicada às cidades do Campo do Noroeste do Estado, especialmente Glicério, Braúna e Birigui. Pouco tempo depois, pastoreou os campos da Alta Paulista e Sorocabana, e por breve tempo ainda cuidou das igrejas de Limeira, em São

Paulo, e de Pádua Dias, em Minas Gerais. Para cuidar de igrejas nessa extensão “inimaginável” aos pastores contemporâneos, o Rev. João viajava de trem ou ônibus para as cidades, e delas aos sítios e fazendas, de trator, charrete, cavalo ou mesmo a pé. No entanto, ele não podia evitar essas “viagens pitorescas” a fim de cuidar do rebanho que lhe havia sido confiado. Sabedor de que uma denominação não sobrevive sem uma firme formação teológica, Rev. João almejou melhor preparo para servir a igreja também na docência. Em 1971, uma porta foi aberta pela instrumentalidade do Rev. William Roger Le Roy, que o apresentou ao Faith Theological Seminary, EUA, de onde recebeu uma bolsa para os estudos, mas tendo de se responsabilizar por seu sustento pessoal. Nos três anos em que estudou naquela instituição, o Rev. João dizia ter-se tornado especialista em lavar banheiros e limpar quadros negros, além de lavar pratos no período de férias em um hotel ligado à organização. Além da formação empírica no campo da faxina, o período do Rev. João no Faith Theological Seminary também resultou no grau de Mestre em Antigo Testamento. Ao retornar dos Estados

Unidos em 1974, o Mestre João Alves logo assumiu as funções de docência no Seminário Presbiteriano Conservador, em São Bernardo do Campo, SP. Devido à carência de professores, porém, teve de ensinar outras matérias como Grego, Introdução do Antigo e Novo Testamento, Exegese do Antigo e Novo Testamento, Profetismo Bíblico e Teologia Sistemática. Também no Seminário Conservador, Mestre João Alves atuou como diretor de 1980 a 1996. Além do mais, sua dedicação à docência se estenderia para além dos muros denominacionais e abençoaria outras igrejas-irmãs, principalmente a Igreja Presbiteriana do Brasil. Na IPB, o Mestre João Alves ensinou Grego e Exegese do Novo Testamento no Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas, de 1980 a 1986, e as mesmas matérias no Seminário Presbiteriano José Manoel da Conceição, São

Paulo, de 1980 a 2003, retornando novamente a ensinar naquela instituição de 2005 até 2018. Quando foram feitos os primeiros esforços para a formação de um órgão de Pós-Graduação na IPB, na primeira turma dos mestrandos se encontravam o Rev. João Alves (Novo Testamento) e o Rev. Heber Carlos de Campos (Teologia Sistemática), que mais tarde seriam coordenador e diretor da instituição conhecida como Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper. Naquela célebre cerimônia de formatura, pregou o Pb. F. Solano Portela, amigo de longa data do Rev. João. No CPAJ, o Rev. João trabalhou arduamente até o seu falecimento. A vida acadêmica de João Alves ainda incluiu um bacharelado em Direito, pela Faculdade de Direito de Bauru (1963), e outro em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Prof. José A. Vieira na cidade de Machado, MG (1981). No campo da escrita e produção, seus inúmeros artigos e obras expuseram a doutrina bíblica por meio de uma linguagem clara e concisa. João costumava dizer que a “a igreja pode ter doutrina e ainda não ter vida. A doutrina, em si, não é suficiente. Pode ser apenas formal e estéril. Mas ela é


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MISSÕES necessária para uma vida cristã genuína e uma pregação fiel ao evangelho”. Grande parte da alegria e contentamento desse servo de Deus provinha de quatro mulheres que o acompanharam continuamente, inclusive no momento de sua morte; sua esposa Elaíne (casaram-se a 31 de janeiro de 1987), e suas três filhas, Aline, Anne e Louise. Sem qualquer uma delas João se dizia incompleto! O amigo leal, perspicaz, conselheiro e intenso se foi! Para nós que o conhecemos ficam o seu exemplo e seus conselhos. Dentre esses, dois foram especialmente dirigidos aos jovens pastores: (1) Sejam leais aos seus votos de ordenação e cumpram o juramento que fizeram de continuar no estudo da Palavra e nos estudos teológicos, mas sempre lembrando que de nada valerá o conhecimento que não for usado para a glória de Cristo; e (2) que sejam pregadores da Palavra, pois não há outro caminho para o sucesso no ministério senão o da pregação fiel da Palavra. Todavia, aos pastores de meia idade (especialmente este que escreve) ele costumava dizer: “Não queime a vela nas duas pontas”. Gigantes também caem! João foi um gigante que caiu, mas ao cair foi elevado àquela região celestial nas quais ele ouve coisas inefáveis! O Rev. Valdeci da Silva Santos é o responsável pela Secretaria Geral de Apoio Pastoral da IPB

Seminário RDNE, em BH, lança o CPM – Projeto Celeiro PRO-MISSIO Ulisses Horta Simões

O

Seminário “Rev. Denoel Nicodemos Eller” (BH) surgiu no século 20; no entanto, seu papel está sendo repensado para o século 21. Em 1976, quando surgiu o seminário, a IPB tinha 974 igrejas organizadas em todo o território nacional; para atendê-las, tinha 673 pastores ordenados. Isso não chegava a proporcionar um pastor para cada igreja; precisamente, 0,69 pastores por igreja. Em 2016, quarenta anos depois, eram 2805 igrejas organizadas, 4475 pastores ordenados. A taxa de crescimento do número de pastores foi, em média, três vezes maior, no mesmo período, do que a taxa de organização de igrejas. Conservando-se as mesmas taxas médias, dentro de apenas oito anos, isto é, por volta do Supremo Concílio de 2026, serão dois pastores por igreja, em todo o território nacional. Uma impressionante inversão, em termos de projeções... Se considerarmos somente o Sudeste (SP, MG, RJ e ES), o quadro é ainda mais, digamos, “assustador”... Os investimentos de esforços para preparação de pastores são

enormemente mais elevados, em termos proporcionais, do que os investimentos em missões e plantação de igrejas. É urgentemente necessário um planejamento estratégico que aumente, substancialmente, o contingente de plantadores de igrejas e missionários. Jesus disse que a seara é grande e os trabalhadores são poucos (Lc 10.2). Isso ainda é plenamente verdadeiro, porém, sua constatação maior não está nos centros urbanos que já têm igrejas evangélicas, mas nos países, tribos e localidades nacionais onde ainda são inexistentes ou escassos os empreendimentos missionários. Essas reflexões indicam que é urgente fomentar empreendimentos e vocações missionárias, o que inclui a tarefa de plantação de igrejas. Pensando nisto, e no seu papel no século 21, o seminário idealizou e lançou CPM – Projeto Celeiro PRO-MISSIO. A ideia é aproveitar todas as facilidades do seminário, desde as instalações, a educação teológica, a localização estratégica da capital mineira, as parcerias, e as motivações históricas que originaram o seminário, para transformá-lo, em curto prazo,

num “celeiro missionário”. Por ele, o seminário pretende: • Fortalecer a vertente missiológica e evangelística em sua educação teológica, mesmo em nível de ‘bacharelado’; • Motivar novas vocações: missionários e plantadores; • Oferecer preparo missiológico complementar; • Estreitar o relacionamento com as agências da IPB: JMN, APMT e PMC; • Cultivar parcerias, como com a WEC (Missão Amém), “Povos & Línguas”, “Desafio de Minas”, IBEL, M3 (Missão ao Mundo Muçulmano), Missão Caiuá, igrejas, concílios, missionários instalados nos campos, entre outros... • Proporcionar habilitações profissionalizantes, com fins e foco missiológicos (há muitos lugares em que o missionário não pode ser recebido como tal); • Prover e facilitar treinamentos de imersão, em campos no Brasil (inclusive tribos indígenas) e no mundo; • Monitorar o surgimento de relevantes projetos missionários e de plantação de igrejas, entre os alunos, até que eles sejam introduzidos em seus pro-

jetos, por via das agências; • Mobilizar a comunidade presbiteriana sob sua influência, em favor de uma ação missionária intensiva. • Constituir, para os programas de treinamento dos futuros missionários e plantadores de igrejas, o Fundo de Patrocínio do CPM, bem como o PAECPM: Patronos Empreendedores do CPM-RDNE. O CPM-RDNE constituiu, como corpo consultivo de conselheiros, os seguintes irmãos: Rev. Ronaldo Almeida Lidório, Rev. Elias dos Santos Medeiros, Rev. Cácio Evangelista da Silva e Rev. José João de Paula. Em 2017, realizou sua primeira conferência missionária temática; na ocasião, lançou a primeira edição da publicação oficial do evento e do projeto. Em outubro próximo, realizará a segunda conferência, também em Belo Horizonte. Conheça o Projeto CPM -RDNE, acessando www. seminariordne.org.br/ cpm. Ore por esse desafiador projeto. Soli Deo Gloria!

O Rev. Ulisses Horta Simões é o Diretor do Seminário Presbiteriano Rev. Denoel Nicodemos Eller.


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ACONSELHAMENTO

Recebendo críticas Valdeci Santos

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inguém gosta de ser criticado, censurado, diminuído ou ter seus defeitos apontados. Porém, a crítica é inevitável e, portanto, devemos esperá-la, examiná -la e absorvê-la. As melhores censuras vêm daqueles que nos amam, pois o sábio diz: “Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto. Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém, os beijos de quem odeia são enganosos” (Pv 27.5-6). Há, contudo, a reprimenda truculenta, que acaba ferindo mais do que edificando. Sobre essa, o salmista Davi ensina que os críticos “afiam a língua como espada e apontam, quais flechas, palavras amargas” (Sl 64.3). Ou seja, a pessoa criticada se sente, na maioria das vezes, como se estivesse sendo esfaqueada. Portanto, a primeira coisa a fazer ao receber uma crítica é perguntar pela intenção do seu autor. Que mais poderia ser feito ao se receber uma crítica? Qual deveria ser o procedimento correto nesse momento? Por mais que a crítica seja dura e soe injusta como ela deveria ser processada? Deveria eu ficar amargo quando sou criticado? Deveria eu receber a crítica com cinismo e simplesmente me afastar da pessoa que me criticou? Deveria eu ficar calado e sair cabisbaixo? Deveria a crítica ser recebida como

um instrumento de Deus ou como ofensa pessoal? Enfim, o que fazer nesses momentos? Embora não exista uma “receita de bolo” sobre esse assunto, há alguns princípios que nos ajudam a manter a santidade ao receber críticas em vez de revelarmos, ainda que temporariamente, nossa insanidade. Nesse sentido, é importante refletir sobre os fundamentos abaixo. Ao receber uma crítica, tente responder, ainda que mentalmente, da seguinte maneira: 1. Se me conhecesse tanto quanto eu me conheço, você seria mais duro comigo Geralmente, a pessoa criticada reage com auto justificação (“eu não faço isso!”), autoproteção (“você é quem está errado!”) ou auto exaltação (“realmente, você não sabe nada sobre mim!”). Porém, se formos honestos em relação às nossas falhas e pecaminosidade, teremos de admitir que aquilo pelo que somos censurados é apenas uma pequena fatia do bolo. No cômputo geral, somos bem piores do que nosso crítico imagina (e provamos isso quando, em nossa mente, julgamos nosso crítico)! 2. Minha tendência é manter a melhor opinião sobre mim mesmo O fato é que a Queda (Gn 3) resultou em mais do que a expulsão do ser humano do Éden. O pecado distor-

ceu as nossas perspectivas sobre Deus, sobre a vida e sobre nós mesmos. Por isso, a distorção do pecado faz com que avaliemos a nós mesmos como ótimos, excelentes ou apenas vítimas da avaliação de outros. Nossa avaliação a nosso respeito é sempre positiva e a crítica dos outros sempre negativa e equivocada. 3. Quero crescer à semelhança de Cristo Portanto, se Cristo foi injustamente criticado e até avaliado negativamente, não seria surpresa que algo semelhante acontecesse comigo. Dessa maneira, quando eu me sinto ofendido e respondo com ressentimento ao ser avaliado negativamente ou injustamente, acabo deixando de me identificar com Cristo em seu sofrimento. Além do mais, Romanos 8.28-29 ensina que Deus usa todas as circunstâncias para me refinar e conformar à imagem de Cristo. Portanto, a crítica, ainda que injusta, pode ser usada por Deus para apontar algo que necessita ser mudado em minha vida a fim de que eu me pareça mais com meu Redentor. 4. A crítica é, antes de mais nada, uma permissão de Deus para me corrigir O coração humano é enganoso e desesperadamente corrupto (Jr 17.9). Isso significa que, geralmente, eu me encontro cego para meus próprios erros. Dessa maneira, quando alguém me critica, pode estar ofe-

recendo uma ajuda preciosa para que eu note algo em minha vida que necessite ser mudado. Nesse sentido, eu deveria receber a crítica como um instrumento de Deus que evita que eu permaneça em minha ignorância e erro. Em outras palavras, minha sanidade nesta vida depende da correção divina que vem por meio da crítica de outros! 5. Qual é o padrão pelo qual estou sendo criticado? Algumas vezes, a razão pela qual eu me sinto tão ofendido é porque não estou sendo criticado por aquilo que a Bíblia ensina que eu deveria ser avaliado, mas simplesmente porque não fui aprovado pelo critério pessoal de algum amigo ou irmão. Nesse sentido, o código usado para me avaliar não foi as Escrituras, e sim a opinião pessoal de alguém, a tradição de outros ou a expectativa de muitos. No entanto, qualquer padrão que não seja o alvo de Deus para a vida de seus filhos não deveria nem mesmo ser considerado e a crítica perderia o seu valor. Nenhum cristão deveria se fazer escravo da opinião de outros e nem mesmo de sua própria opinião sobre si. Ambas podem estar erradas! Essa foi a razão pela qual o apóstolo Paulo disse: “A mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós ou por tribunal humano; nem eu tampouco julgo a mim mesmo (...) pois quem me julga é o Senhor” (1Co 4.3-

4). Contudo, lembre-se de que ser julgado por Deus muitas vezes é mais duro do que ser julgado pelos homens! 6. O que a crítica revela sobre a pessoa que está me censurando? Se a boca fala do que está cheio o coração (cf. Mt 15.18; Lc 6.45), toda censura acaba revelando algo também sobre o crítico. Algumas vezes, ela revela que essa pessoa nunca compreendeu a graça, o evangelho ou a misericórdia de Deus. Nessas ocasiões, ela mostrará que meu crítico é um legalista, alguém que ainda acredita na salvação pelas obras. Todavia, pode ser que a crítica revele que aquele que me corrige é um irmão/irmã, pai/mãe, filho(a) ou amigo(a) amoroso e verdadeiramente deseja meu crescimento espiritual. Por isso, não posso desprezar a crítica sem considerar o seu autor. Conclusão Ainda que o remédio seja amargo, ele não deve ser desprezado. Toda crítica pode nos ensinar algo e por isso não deveria ser “descartada” precipitadamente. Dessa forma, que o Senhor nos dê graça para receber e responder corretamente às críticas e também graça àqueles que a fazem para que sempre nos digam a “verdade em amor” (Ef 4.15). O Rev. Valdeci da Silva Santos é o Pastor dos Pastores da IPB e vicediretor do Andrew Jumper.


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CONFLITOS

A força dos ventos e o poder de Jesus Sérgio Roberto dos Santos

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palavra vento refere-se ao ar em movimento. No sentido figurado pode significar uma circunstância favorável ou não. Certa vez, Jesus atravessava o mar da Galileia com seus discípulos. O dia tinha sido de muito trabalho. De tão cansado, Jesus pegou no sono. “(...) levantou-se grande temporal de vento, e as ondas se arremessavam contra o barco, de modo que o mesmo estava a encherse de água. E Jesus estava na popa, dormindo sobre o travesseiro” (Mc 4.37-38a). Ao ouvir o desespero e o

clamor dos discípulos, Jesus acordou, levantou e repreendeu os ventos e o mar. Logo em seguida, fez-se grande bonança. Maravilhados, os discípulos pergunta-

ram: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?”. Quem é este? Paulo diz: “(...) nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis

e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele” (Cl 1.16). Há uma frase sobre a rela-

ção entre a distância e o amor, o vento e o fogo, que nos ajuda a entender por que os ventos e o mar obedeceram a Jesus, diz ele: “A distância faz ao amor aquilo que o vento faz ao fogo: apaga o pequeno, inflama o grande”. Os ventos não diminuíram a Jesus, só mostraram o quanto ele é grande, o quanto ele é Senhor. Foi naquela ocasião com os discípulos, e assim será conosco. Quanto mais o vento soprar em nossa vida, mais revelará a grandeza de Jesus. O Rev. Sérgio Roberto Bispo dos Santos é pastor da IP de Ourinhos, SP.

MEDITAÇÕES

Casa de oração para todos os povos “A Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos” (Is 56.7). Frans Leonard Schalkwijk

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or causa da perseguição em Jerusalém, o diácono Filipe se refugiou em Samaria e logo sabia o que tinha de fazer: evangelizar (At 8). Depois recebeu uma ordem específica de ir à estrada para Gaza. Obedeceu, mas precisou de mais um toque para se aproximar da figura principal da comitiva que passava.

Era o ministro de finanças da rainha da Etiópia, ao sul do Egito (Sl 68.31). Durante séculos existiu uma colônia militar de judeus na fronteira em Assuan. De alguma forma o Senhor tinha tocado no coração do oficial para adorar em Jerusalém. Visitou o templo e, no pátio dos gentios (Jo 2.14), assistiu de longe o culto. Comprou o livro do profeta Isaías na tradução

grega e agora, voltando, estava lendo, como era de costume, em voz alta. Filipe, andando ao lado da caravana, logo reconheceu o texto (Is 53). Foi convidado para subir e explicá-lo. A partir daquela passagem mostrou como o Messias Jesus é o Cordeiro de Deus que leva o pecado do mundo, inclusive de africanos (At 8.35). O etíope entendeu e abraçou de coração a mensagem sobre o Filho de Deus e o batismo de arrependimento para remissão de peca-

dos (Hb 6.1,2). Vendo um riacho, pediu que fosse batizado. Filipe o batizou, mas logo percebeu que o Senhor o mandou de volta ao seu ministério em Palestina. Uma grande alegria invadiu o coração do oficial que prosseguiu sua viagem para o sul. Sem dúvida continuou sua leitura chegando a um trecho comovente para esse estrangeiro estéril. “Não fale o estrangeiro, que se houver chegado ao SENHOR, dizendo: O SENHOR com efeito, me

separará do seu povo; nem tão pouco diga o eunuco: Eis que eu sou uma árvore seca” (Is 56.3). Porque quem quer andar no caminho dEle, Deus o incluirá na aliança da graça, dandolhe um novo nome, convidando-o para a festa preparada na casa do SENHOR, a casa de oração para todos os povos! Aleluia! Evangelizemos, ficando atentos ao toque do Espírito Santo. Extraído de Meditações de um Peregrino, de Frans Leonard Schalkwijk, Cultura Cristã, 2014.


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PRESBITERIANISMO EM FOCO

Frank Arnold e sua contribuição à Igreja Brasileira Marcone Bezerra

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stadunidense nascido (1931) e criado na Filadélfia (PA), Frank Leonard Arnold foi convertido através do ministério Mocidade para Cristo quando estudava engenharia metalúrgica na Pennsylvania State University. Nos últimos anos de faculdade, participou de estudos bíblicos e, ao término da graduação (1953), queria ser missionário sem abandonar o ofício de engenheiro. Porém, teve de servir ao exército, na Alemanha, por dois anos. Em seguida, decidido a conciliar a engenharia e a causa missionária, estudou no Westminster Theological Seminary, em Filadélfia. Nesse período, conheceu sua futura esposa, Hope Abigail, que estudava enfermagem no hospital presbiteriano da cidade. Casaram-se em 1956 e, a partir de 1959, foram residir em Richmond (VA), onde Frank exerceu sua profissão e passou a nutrir o desejo de servir a Deus no exterior. Não pensava em ser pastor, mas em ser um profissional que, com sustento próprio, se dedicaria à obra evangélica. Seus planos, no entanto, não eram os do Senhor. Servindo nos fins de semana como capelão voluntário em um presídio, Deus dispôs seu coração para o ministério pastoral e confirmou seu desejo pelas missões transculturais. Ordenado em 1962

pela Igreja Presbiteriana do Sul (PCUS), Frank deixou sua profissão e, por exigência da Junta de Missões, antes de ir para o Brasil, teve de pastorear durante um ano em Ashburn e Aldie, cidades próximas a Richmond. O casal Arnold desembarcou por aqui em 1963 e permaneceu até 1996. Com eles, em 1963, vieram três filhos. Outros dois nasceram durante sua estada entre nós. Mesmo após a aposentadoria, já nos EUA, Frank jamais se desligou do Brasil. Ao longo das décadas, ele atuou em diferentes áreas e deu importante contribuição aos presbiterianos brasileiros. Plantação e revitalização de igrejas. Frank serviu no Maranhão de 1964 a 1973. A família se instalou em São Luís (MA), e ele passou a dar assistência às congregações na região do Rio Munim e também às que estavam na capital. Em seguida, de 1973 a 1977, ele serviu em Manaus (AM) e, finalmente, de 1979 a 1981, em Altamira (PA), realizando o mesmo que havia feito no Maranhão. Desenvolvimento social. A formação acadêmica de Frank e Hope lhes permitiu empreender ações ou projetos sociais. Em São Luís, Frank ensinou jovens a fazer peças fundidas de alumínio. Duas pequenas fundições foram estabelecidas e vários rapazes tiveram emprego. A

Rev. Frank Arnold e Hope, sua esposa - Maio de 2014

irmã Hope, sob a direção de um médico, dava palestras nas comunidades rurais e também divulgava seu conhecimento de saúde pública em igrejas, escolas e até em concentrações militares. Entre outras coisas, os Arnold introduziram o uso de privadas (fossas sanitárias) em pequenas cidades interioranas que não as conheciam. Mediação entre a missão estadunidense e as igrejas brasileiras. As décadas de 70 e 80 marcaram a última fase do relacionamento entre as igrejas norte-americanas e a IPB e, por outro lado, a aproximação delas da IPIB. No continente, o Brasil era o principal campo de atuação dos missionários ianques. Para mediar os contatos e parcerias, Frank residiu em Atlanta (GA) e serviu, de julho de 1977 a julho de 1979, como secre-

tário da PCUS para América Latina e Caribe. Outra função administrativa por ele exercida foi a de secretário-executivo da missão presbiteriana no Brasil (1981–1986). Estabelecido em Campinas (SP), Frank viajava pelo país para encorajar os missionários e darlhes assistência. Educação teológica. Durante os anos em que esteve em Manaus, Frank treinou irmãos e irmãs através do material preparado pelo IBEL. Sob os auspícios do Presbitério do Amazonas, tanto na capital como em outras cidades, Frank abriu cursos para treinamento de leigos. Ao mesmo tempo em que recebiam instrução doutrinária, alguns alunos ajudavam na abertura de congregações ribeirinhas. Por sua vez, de 1986 a 1996, colaborando com a IPIB, o experiente missionário

trabalhou no seminário teológico que a denominação manteve em Fortaleza (CE). Na instituição, ele ocupou as funções de professor, deão e, por um ano, de diretor. Sua esposa foi a diretora do curso de música. Artigos e livro. Durante e depois de sua estada em nosso país, Frank publicou artigos em revistas nacionais e estrangeiras. Foram ao menos dezessete textos relacionados ao Brasil. Em 2009, ele lançou um importante livro sobre a atuação dos presbiterianos estadunidenses no Brasil. A obra está disponível em português (Uma longa jornada missionária: a história das missões presbiterianas norte-americanas no Brasil, Editora Cultura Cristã). A partir de 1996, já aposentados, Frank e Hope voltaram aos EUA (Atlanta (GA)) e colaboraram com brasileiros, ora oferecendo cuidado pastoral, ora dando assistência a alguma congregação. Em 2014, o casal se mudou para uma comunidade de aposentados e, desde então, reside em Stone Mountain (GA). Os vínculos com o Brasil estão bem presentes na vida dos Arnold: Rogéria, brasileira de Anápolis (GO), é casada com o filho John. A Deus seja a glória pela contribuição de Frank. O Rev. Marcone Bezerra Carvalho é pastor da 1ª IP de Santiago, Chile, e colunista regular do Brasil Presbiteriano.


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SÉRIE CUIDADOS PARA UMA VIDA FELIZ

Cuidado com as aparências Cláudio Marra

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er para crer” é lema bastante popular. A Bíblia, porém, nos ensina que precisamos depender de outro sentido, mais do que da visão porque, afinal, as aparências enganam. A Bíblia conta que o patriarca Jacó tinha vários filhos. Um deles, José, era odiado por seus irmãos porque parecia ter mania de grandeza e, o que era pior, era o preferido do papai. Na primeira oportunidade, os rapazes radicalizaram. Venderam o irmãozinho como escravo. O que passou, passou, mas uma época de escassez

os fez ir ao Egito comprar comida e... quem acabaram encontrando lá? Justamente o irmãozinho odiado e vendido. Só que eles não o reconheceram. José era agora homem feito e parecia príncipe do Egito. Na verdade, era o Primeiro Ministro. Toda a pompa e circunstância diziam isso. Suas roupas diziam isso. Os filhos de Jacó, porém, ainda pareciam ser o que eram mesmo: um bando de camponeses. José os reconheceu e tratou de experimentá-los, para ver se tinham aprendido alguma coisa na vida. Além de outros exemplos, a Bíblia relata como

começou esse equívoco de julgar pelas aparências. Aconteceu algum tempo depois da criação, no Éden. O Criador havia colocado o ser humano no jardim cheio de coisas boas, mas

tinha feito uma ressalva: “De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.16-17). O inimigo, porém, abordou a mulher e lhe ofereceu o fruto proibido. E como a mulher reagiu? Depois de uma fraca resistência inicial, “Vendo... que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu” (Gn 3.6). As aparências não são

tudo. O primeiro casal arrastou consigo na desobediência a raça humana que representava. Anos mais tarde, após revelar sua lei ao povo de Israel, Deus lhe disse: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Dt 6.4). Não temos de ver para crer, porque a fé vem pelo ouvir a palavra de Cristo (Rm 10.17). “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o coração” (Sl 95.7-8). Não ouvir a Palavra de Deus traz sofrimento e morte.

nos cultos dominicais. Rogamos a Deus que abençoe o conjunto coral, e que desperte os musi-

cistas das igrejas que não têm um coral para que estimulem suas comunidades a resgatarem esse

importante ministério.

“De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.16-17).

O Rev. Cláudio Marra é o Editor do Currículo Cultura Cristã e autor do livro A Igreja Discipuladora.

ARTE SACRA

Coral IPM retorna atividades após mais de 20 anos Christofer Cruz

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coro misto da IP de Mineiros (Goiás), contando com cerca de 33 coristas, retomou seus trabalhos no mês de fevereiro deste ano, sob a liderança do seu regente, Christofer Cruz. No dia 1º de abril, o coro misto e o coro infantil apresentaram uma cantata relembrando os últimos passos de Jesus rumo à crucificação, começando

no domingo da Entrada Triunfal em Jerusalém, e culminando no domingo da Ressurreição. Com a nave do templo e a galeria cheias, a cantata foi seguida de um sermão baseado em um texto que remetia ao tema da cantata: o maravilhoso amor de Deus provado na cruz em favor dos seus filhos. Agora, passado o tempo da páscoa, o coro continua com seus ensaios regulares visando à participação

Christofer Freitas Oliveira Cruz, Bacharel em Teologia, trabalha com jovens, adolescentes e música na IP de Mineiros (GO).


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Boa Leitura Beleza e Glória do Espírito Santo – Joel Beeke, Joseph A. Pipa

Visando exaltar a beleza e glória da terceira pessoa da Trindade, o livro Beleza e Glória do Espírito Santo é uma rica compilação de estudos com foco bíblico, doutrinário, histórico ou pastoral sobre o inestimável ministério do bendito Espírito Santo, cuja obra é essencial para a salvação daqueles escolhidos pelo Pai e comprados pelo Filho pelo seu precioso sangue. Em tempos em que o ministério do Espírito na igreja é identificado com fenômenos extraordinários ou experiências emocionais, este livro nos apresenta uma perspectiva bíblica do Espírito como aquele que exalta a Palavra Encarnada através da Palavra escrita, trazendo redenção e paz àqueles por quem Cristo morreu. Glória somente a Deus – Matthew Barrett, David VanDrunen

Glória somente a Deus nos leva à admiração e à adoração através de verdades bíblicas sobre a

glória de Deus de um modo que demonstra como devemos pensar e agir centrados em Deus, e não em nossa vontade. A obra de David VanDrunen, organizada por Matthew Barrett, analisa o soli Deo gloria, um dos lemas da Reforma, de modo claro e minucioso, com embasamento bíblico e abordando o que os cristãos contemporâneos precisam ouvir. O livro faz parte da série Os Solas da Reforma, que explora a relevância contemporânea desse legado para a igreja global. Na Editora Cultura Cristã você pode encontrar os volumes da série, obras que apresentam os temaschave da Reforma que precisam ser redescobertos para a própria existência da igreja e sua missão no mundo.

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Entretenimento e reflexão O Brasil Presbiteriano não necessariamente endossa as mensagens dos filmes aqui apresentados, mas os sugere para discussão e avaliação à luz da Escritura.

Mulheres discípulas – Kathy McReynolds, Boyd Luter

Um Sonho de Liberdade

As mulheres estavam entre os primeiros discípulos de Cristo, elas não ficaram no banco de trás no desenvolvimento da igreja e não se comportaram segundo a cultura que seu tempo esperava, eram fortes, corajosas e “modelos para as mulheres cristãs contemporâneas” e até para os homens. Por esse motivo, Kathy McReynolds e Boyd Luter usam em Mulheres Discípulas exemplos de mulheres durante o ministério de Cristo e da igreja primitiva, para desenvolver um padrão de discipulado para as mulheres de hoje, utilizando a Bíblia como guia e cosmovisão para um estudo sobre um tema recorrente em debates sobre feminismo e religião.

Sobre esses e outros títulos acesse www.editoraculturacrista.com.br ou www.facebook.com/editoraculturacrista ou ligue 0800-0141963

Em 1946, Andy Dufresne (Tim Robbins), um jovem e bem sucedido banqueiro, tem a sua vida radicalmente modificada quando condenado à prisão perpetua por ter assassinado sua mulher e o amante dela. No presídio, faz amizade com Red (Morgan Freeman), um prisioneiro que cumpre pena há 20 anos e controla o mercado negro do presídio. De modo introspectivo, o longa – considerado um dos maiores clássicos do cinema – eleva o debate sobre a liberdade a outros nichos. Nesse sentido, as relações apresentadas no decorrer do filme são uma análise do comportamento humano em todas as suas faces. Um Sonho de Liberdade serve como plano de fundo para debates sobre pautas recorrentes na sociedade contemporânea, como liberdade, ética, amizade e redenção.

Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças Como levaríamos a vida se pudéssemos apagar ligeiramente as dores provocadas por decepções e assuntos mal resolvidos? Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças nos leva a pensar sobre essa possibilidade. O longa, estrelado por Jim Carrey e Kate Winslet, nos apresenta a história de Joel Barish, que resolve se submeter a um processo que apaga de seu cérebro todos os traços de memória de Clementine Kruczynski. Os dois eram namorados, mas depois de um tempo, os problemas ficaram mais frequentes que os sorrisos. Mais do que uma história dramática de amor que aborda questões que, infelizmente, muitos casais preferem não enfrentar, o filme questiona como enfrentamos a realidade e lidamos com dor e sofrimento.

Meu Malvado Favorito A animação da Universal Pictures pode até parecer apenas mais um filme infantil com muita cor e desfechos clichês, mas ele vai além. Muito além. Com uma mensagem sobre amor, novas oportunidades e sonhos, Meu Malvado Favorito é uma comédia para a família toda e que gera muita reflexão a partir de analogias que nos remetem a maravilhosa história de amor de Cristo com a humanidade. O suposto vilão Gru escolheu amar três garotinhas fofas (e bem bagunceiras) e sacrificou seus sonhos (um tanto quanto questionáveis) visando o bem-estar de Agnes, Margô e Edith. Nossa dica: assistam todos os filmes da trilogia Meu Malvado Favorito a partir de uma ótica cristã. Isso conduzirá à abordagem da poderosa e constrangedora mensagem do amor de Cristo por nós.

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