O princípio da EaD na produção dos materiais didáticos A EaD prima-se por fundamentar o processo ensinoaprendizagem...
centrado no aluno,
e em sua autonomia.
O planejamento e desenvolvimento das atividades na EaD, e por conseguinte do material didático, deve ser tal que conduza o aluno a transformar a informação recebida, pesquisada ou compartilhada em conhecimento, ou seja, uma aprendizagem significativa.
A aprendizagem A aprendizagem acontece quando o aluno participa efetivamente do processo de transformação da informação em conhecimento atuando como seu construtor.
Assim, o material didático deve integrar-se em um design instrucional no qual o aluno seja incentivado a construir e reconstruir o conhecimento a partir da interação com os atores do processo: colegas, professores e tutores.
As teorias pedagógicas como base para a produção do material didático (Filatro, 2009) A perspectiva behaviorista considera a aprendizagem como a mudança de comportamento.
A perspectiva cognitivista, que inclui as teorias construtivista e sociointeracionista, vê a aprendizagem como o alcance da compreensão. A perspectiva situada entende a aprendizagem como prática social, como argumentava Paulo Freire.
O material didático é concebido para enfatizar as mudanças observáveis e mensuráveis do comportamento decorrentes de respostas aos estímulos. Apoia-se na premissa de que aprender equivale a formar, fortalecer e ajustar associações, apoiando por exemplo, a instrução programada e softwares que reforçam conexões através de feedback imediato.
Da perspectiva cognitivista, o material didático deve ser estruturado de modo a criar um conflito com as estruturas mentais previamente formuladas e este desequilíbrio impulsiona a busca do equilíbrio de novas estruturas mentais, o que Piaget chama de adaptação e que posteriormente Ausubel (por volta de 1980) adota que há uma diferenciação progressiva em que novos conceitos ganham mais significado à medida que novos relacionamentos são adquiridos.
Seguindo a abordagem construtivista, o material didático deve ser elaborado de modo que o aluno seja colocado diante de situações em que a aprendizagem ocorra através das descobertas, numa concepção mais individualizada. Já pela abordagem sociointeracionista, a concepção é mais social, em que a aprendizagem ocorre através da interação pessoal e portanto o material didático deve mediar esta interação.
Sob a perspectiva situada (final do século XX), o material didático também deve mediar a interação social, porém num contexto de aprendizagem que seja semelhante àquele em que o aluno aplicará a aprendizagem adquirida.
Quiz • Associar as colunas das perspectivas às às características esperadas no material didático (1) Associativista (2) Cognitiva (2) Situada
1 As proposições ou atividades devem dar retorno imediato As atividades devem ser propostas com instrução em pequenos passos 2 As atividades devem recuperar o conhecimento prévio do aluno O material didático deve favorecer uma recepção ativa do conhecimento O aluno deve reformular suas estruturas mentais acerca do conteúdo, após um desequilíbrio proporcionado deliberadamente pela proposição estabelecida no material didático. O material didático deve proporcionar atividades que emanem a interação entre os pares. 3 Além de proporcionar uma interação entre os pares, o material didático e suas proposições devem simular o mais perfeitamente as condições em que o conteúdo será utilizado
Um pouco mais da construção do material didático: a perspectiva sociointeracionista Vygotsky apresenta a aprendizagem sob a perspectiva social, assim
A formação de pensamentos superiores acontece
e através da cooperação social.
proporcionado pela prática,
com a interação entre os pares
Cada indivíduo guarda um potencial de desenvolvimento em si, é o desenvolvimento potencial. Para Vygotsky, a Zona de Desenvolvimento Proximal é a capacidade que o indivíduo tem de desempenhar tarefas com ajuda de outros companheiros mais capacitados ou mediadores, que facilitam o acesso a um determinado conhecimento. Assim o indivíduo apodera-se daquele conhecimento que fora apresentado e o torna como seu, uma vez que lhe foi atribuído significado, ou seja transformou-se em desenvolvimento real.
Desenvolvimento Potencial
ZDP – Zona de Desenvolvimento Proximal
Desenvolvimento Real
Ainda da perspectiva sociointeracionista...
O professor e o tutor devem ser elementos provocadores do processo de aprendizagem, mediando o processo de construção do conhecimento.
O material didático cumpre este papel se proporcionar ao aluno encontrar-se na ZDP e a partir de sua interação com seus pares consolidar seu conhecimento.
Neste contexto percebe-se a importância da CO-LABOR-AÇÃO,
ou seja a ação de trabalhar em conjunto, com seus colegas, tutores e professores.
O que é necessário para atuar na ZDP?
Professor e tutor
Aluno
Material didático
• Conhecer o aprendiz • Dominar a área do conhecimento • Criar desafios apropriados à aprendizagem • Dominar as TICs (letramento digital) • Atuar como mediador
• Ter autonomia e iniciativa • Cooperar com os colegas • Ser disciplinado • Estar disposto a colaborar.
• Deve ser estar estruturado de forma a proporcionar um progresso nos níveis cognitivos de aprendizagem. • As proposições e sua apresentação devem promover a cooperação entre alunos. • A forma de comunicar o conteúdo, as proposições e demais informações deve apresentar-se através de uma comunicação dialógica.
A construção do material didático
Na construção do material didático a fundamentação é a comunicabilidade que é a condição essencial para que haja compreensão.
Há a compreensão quando o indivíduo atribui significado àquilo que lhe está sendo apresentado através de um processo de associação a seus conhecimentos anteriores.
Assim o material didático deve ser elaborado com a concepção gradual de avanço nos níveis cognitivos.
A comunicabilidade acontece quando há a “argumentação dialógica” entre os atores.
Esta argumentação não se refere a apenas aos momentos síncronos ou assíncronos, mas no zelo pela instrução para a realização da atividade.
A comunicabilidade está na clareza e no modo com que o aluno vai receber a proposição da atividade, ou seja na dialogicidade do discurso.
Princípios norteadores da construção de um material didático (Villardi e Oliveira, 2005 apud Belisário, 2013) Atividade: O material didático deve permitir ao estudante aprender fazendo, descobrir as coisas por si e desenvolver a capacidade de observar, experimentar e criticar. Partir do prático para chegar ao teórico.
Realidade: Deve utilizar como base situações do cotidiano do aprendiz.
Progressividade: A organização do conteúdo a ser transmitido deve estar em etapas, graduadas por grau de dificuldade, evoluindo do simples para o complexo, gradual e consecutivamente.
Repetitividade: O material didático deve oferecer a oportunidade de repetir, em situações diversificadas, o conteúdo ensinado.
Variedade: Ao utilizar uma variedade de técnicas e métodos, diversificando os recursos instrucionais e alternando atividades, o material didático torna-se atraente aos estilos de aprendizagem.
Individualização: Atender à diversidade de características, interesses e necessidades individuais adequando-se, na medida do possível, aos diversos estilos de aprendizagem.
Estimulação: O material didático deve despertar o interesse, estimular a motivação.
Cooperação: Um fator fundamental no material didático é favorecer e estimular o trabalho em grupo e colaborativo.
Compreensão: Estimular o raciocínio lógico, a compreensão e memorização crítica, a análise e a síntese, entre as outras habilidades cognitivas é um dos desafios mais importantes na concepção e desenvolvmento do material didático.
Autoeducação: O material didático, deve promover a o desenvolvimento da motivação, da autocrítica e a atividade metacognitiva.
O autor do material didático deve estar aberto a uma reconstrução permanente do mesmo, incorporando as contribuições dos atores participantes do processo de construção do conhecimento, resultante do processo educacional de transformação de informação em conhecimento.
Métodos para a preparação de material para cursos on-line (Palange, 2009) Ao preparar um curso, o educador organiza o design pedagógico a partir de sua visão de educação e comunicação, assim poderá escolher entre um Monólogo ou um Diálogo.
Se o Diálogo for importante para o educador é necessário construir a alternativas para que os outros atores do processo educativo “falem”.
Se a escolha for pela transmissão da informação o educador poderá optar pelo Monólogo.
Métodos para a preparação de material para cursos on-line (Palange, 2009) Ao preparar um curso, o educador organiza o design pedagógico a partir de sua visão de educação e comunicação, assim poderá escolher entre um Monólogo ou um Diálogo.
Se o Diálogo for importante para o educador é necessário construir a alternativas para que os outros atores do processo educativo “falem”.
Se a escolha for pela transmissão da informação o educador poderá optar pelo Monólogo.
Diálogo
Monólogo
É preciso buscar informações sobre o aluno, seus interesses, dificuldades e possibilidades.
Se o educador optar pelo monólogo, o que ele irá selecionar independe do outro.
O diálogo depende do contexto: em quais situações a aplicação do conteúdo está presente na intencionalidade do aluno?
A organização do material é disponibilizada numa sequência estruturada em aulas ou lições.
Quais as tecnologias serão necessárias para efetivar o diálogo? Simulações , jogos, wiki, fóruns, bate-papo etc.
O material didático com fundamentação behaviorista é a orientação para a preparação do material destes cursos.
O curso deve prever a colaboração para a realização de atividades.
Os recursos educacionais
Quão necessários são para situação de aprendizagem e que valor agregam ? Definidos os conteúdos escolhe-se os recursos
textos (e seus formatos) imagens links vídeos animações jogos ...
Referenciais de qualidade para educação superior a distância (MEC-SEED, 2007)
No contexto da política permanente de expansão da educação superior no País, implementada pelo MEC, a EaD coloca-se como uma modalidade importante no seu desenvolvimento. Nesse sentido, é fundamental a definição de princípios, diretrizes e critérios que sejam Referenciais de Qualidade para as instituições que ofereçam cursos nessa modalidade. Por esta razão, a SEED/MEC apresenta, para propiciar debates e reflexões, um documento com a definição desses Referenciais de Qualidade para a modalidade de educação superior a distância no País.
Clique aqui para ter acesso ao documento na íntegra.
O Decreto 5.622 (20/12/2005) estabelece a política de garantia de qualidade no tocante aos variados aspectos ligados à modalidade de educação a distância, notadamente ao credenciamento institucional, supervisão, acompanhamento e avaliação, harmonizados com padrões de qualidade enunciados pelo Ministério da Educação.
Entre os tópicos relevantes do Decreto há o estabelecimento destes referencias de qualidade para a Educação Superior a distância, no qual se insere o item Material didático.
Devido à complexidade e à necessidade de uma abordagem sistêmica, os referenciais de qualidade para projetos de cursos na modalidade a distância devem compreender categorias que envolvam, fundamentalmente, aspectos pedagógicos, recursos humanos e infraestrutura. (i) Concepção de educação e currículo no processo de ensino e aprendizagem
Para dar conta destas dimensões, os seguintes tópicos principais devem estar integralmente expressos no Projeto Político Pedagógico de um curso na modalidade a distância:
(ii) Sistemas de Comunicação (iii) Material didático (iv) Avaliação
(v) Equipe multidisciplinar (vi) Infra-estrutura de apoio (vii) Gestão Acadêmico-Administrativa (viii) Sustentabilidade financeira
Devido à complexidade e à necessidade de uma abordagem sistêmica, os referenciais de qualidade para projetos de cursos na modalidade a distância devem compreender categorias que envolvam, fundamentalmente, aspectos pedagógicos, recursos humanos e infraestrutura. Para dar conta destas dimensões, os seguintes tópicos principais devem estar integralmente expressos no Projeto Político Pedagógico de um curso na modalidade a distância:
(i) Concepção de educação e currículo no processo de ensino e aprendizagem
(ii) Sistemas de Comunicação
(iii) Material didático
(iv) Avaliação
(v)
(vi)
Equipe multidisciplinar
Infraestrutura de apoio
(vii) Gestão Acadêmic oAdministra tiva
(viii) Sustentabilidade financeira
Assim os Referências de qualidade do MEC apresenta no item Material Didático algumas entre as seguintes considerações
O Material Didático, tanto do ponto de vista da abordagem do conteúdo, quanto da forma, deve estar concebido de acordo com os princípios epistemológicos, metodológicos e políticos explicitados no projeto pedagógico, de modo a facilitar a construção do conhecimento e mediar a interlocução entre estudante e professor, devendo passar por rigoroso processo de avaliação prévia (prétestagem), com o objetivo de identificar necessidades de ajustes, visando o seu aperfeiçoamento.
Atitudes
Habilidades
CompetĂŞncias Conhecimento
Em consonância com o projeto pedagógico do curso, o material didático, deve desenvolver habilidades e competências específicas, recorrendo a um conjunto de mídias compatível com a proposta e com o contexto socioeconômico do públicoalvo.
Atitudes
Habilidades
Competências
Conhecimento
Somente a experiência com cursos presenciais não é suficiente para assegurar a qualidade da produção de materiais adequados para a educação a distância.
Para atingir estes objetivos, é necessário que os docentes responsáveis pela produção dos conteúdos trabalhem integrados a uma equipe multidisciplinar, contendo profissionais especialistas em desenho instrucional, diagramação, ilustração, desenvolvimento de páginas web, entre outros.
A produção de material impresso, vídeos, programas televisivos e radiofônicos, videoconferências, CD-ROM, páginas WEB, objetos de aprendizagem e outros, para uso a distância, atende a diferentes lógicas de concepção, produção, linguagem, estudo e controle de tempo.
É recomendável que as instituições elaborem seus materiais para uso a distância,
buscando integrar as diferentes mídias, explorando a convergência e integração entre materiais impressos, radiofônicos, televisivos, de informática, de videoconferências e teleconferências, dentre outros,
sempre na perspectiva da construção do conhecimento e favorecendo a interação entre os múltiplos atores.
Material didático impresso O que é ? Utiliza papel como suporte de comunicação
É um recurso pedagógico desenvolvido com a finalidade específica de desenvolver a aprendizagem.
Possibilidades de uso Utilização de materiais existentes não produzidos para a EaD.
Utilização de materiais desenvolvidos por instituições especializadas em desenvolvimento de materiais para a EaD.
Adaptação de materiais não projetados para a EaD.
Assume uma configuração que se ajusta à concepção pedagógica que lhe deu origem.
Elaboração dedicada para utilização específica em EaD.
Um hipertexto
O hipertexto
pode conter
texto alfabético tradicional
Sons, vídeos imagens (estáticas ou dinâmicas) animações gráficos
Profª Ana Paula Figeiredo
recebendo, nesse caso, o nome de hipermídia.
O hipertexto
cria muitas trajetórias para a aquisição da informação O Hipertexto é um conjunto de informações que
desta forma pode ser entendido como a superação das limitações da linearidade de um texto escrito.
Fonte: NCE
O hipertexto não é apenas um texto escrito com uma nova roupagem que lhe insere links, mecanismos de interação, alternativas de rolagem etc. Na realidade, o hipertexto revoluciona o conceito de texto, pois que liberta o leitor das limitações impostas pela sequencialidade dos textos escritos convencionalmente (Senna, 2001 apud Belisário, 2013).
Referências BELISÁRIO, A. Desafios da produção de material didático para educação a distância. In Fidalgo et al (orgs), Educação a Distância: meios, atores e processos. CAED, UFMG, 2013. FILATRO, A. As teorias pedagógicas fundamentais em EAD. In Litto e Formiga, Educação a distância: o estado da arte. Capítulo 14, 2009.
NCE. HTML: uma linguagem de hipertexto. Disponível em http://www.nce.ufrj.br/ginape/cursohtml/conteudo/introducao/hipertexto.htm PALANGE, I. Os métodos de preparação de material para cursos on-line. In Litto e Formiga, Educação a distância: o estado da arte. Capítulo 52, 2009.