w w w . i m p i .c o m . b r EDIÇÃO COMEMORATIVA | 2017
20 anos
RELACIONAMENTOS
AUTOCONHECIMENTO E COMPORTAMENTO
SAÚDE MENTAL
TERAPIA MODERNA
TABUS E 1 INFORMATIVOS
Conheça o IMPI
O IMPI tem como missão promover melhor qualidade de vida, oferecendo serviços personalizados e tecnologias inovadoras nas diversas áreas da saúde, à luz da compreensão integrada do ser humano mente-corpo-emoção.
Localizado em Brasília, mais precisamente no Lago Sul, o IMPI possui um amplo espaço físico cercado por área verde e modernas instalações, onde os clientes encontram conforto, qualidade e bem-estar.
Conta também com um grande estacionamento reservado, oferecendo segurança e tranquilidade.
Além de consultórios aconchegantes, a clínica conta com uma cafeteria em seu interior, proporcionando mais conforto aos seus clientes.
Sumário SERVIÇOS EDITORIAL
04 05
ENTREVISTA (61) 33642745
(61) 986126370
SHIS QI 05 Chácara 85, Lago Sul Brasília-DF
06 09 relacionamentos
CEP: 71600-620 www.impi.com.br
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Horário de funcionamento: Segunda à Sexta: 8h – 21h Sábado 8h - 13h
autoconhecimento e comportamento
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CONSELHO EDITORIAL Francisca Sampaio Leão Tales Sanleo Sampaio Leão Thaiara Luchtenberg Burtet
saúde mental
MATÉRIAS JORNALÍSTICAS Larissa Corumbá
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FOTOGRAFIA Vanessa Ottoni Ana Morena
Terapia moderna
DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICO Isaac Guimarães REVISÃO DE TEXTOS Dora Ramos
62 69 CICLO VITAL:
CRIANÇA E ADOLESCENTE
IMPRESSÃO Athalaia Gráfica e Editora
70 80
REVISTA DIGITAL: www.impi.com.br
/impi
tabus e INFORMATIVOS @clinicaimpi
w w w . i m p i . c om.b r
81 97 CORPO CLÍNICO CONVÊNIOS
98 106 3
Nossos serviços ESPECIALIDADES
Psiquiatria
IMPI HIGH-TECH
Estimulação Magnética Transcraniana (TMS)
Psicologia Psicopedagogia
PROCEDIMENTOS
Botox Preenchimento
Estimulação Elétrica Transcraniana
Exames fonoaudiológicos
Psicomotricidade
Avaliação Neuropsicológica
Acupuntura
Fonoaudiologia
Biofeedback
RPG
Fisioterapia
Neurometria
Nutrição
Reabilitação Cognitiva
Terapia Ocupacional
Check-up cerebral
Plástica
Terapia Virtual
Neurologia
Terapia REAC
GRUPOS
Oficina Infantil de Psicomotricidade Grupo de Pais Grupo de Otimização Cerebral Grupo de Reabilitação
ENTRE EM Contato CONOSCO E MARQUE SUA CONSULTA.
Editorial
Francisca Sampaio Leão Neuropsicóloga e diretora -presidente do IMPI
Dalmo Garcia Leão Médico e diretor técnico do IMPI
Seja bem-vindo a um novo futuro.
esde a sua fundação, em 1997, o Instituto de Medicina e Psicologia Integradas (IMPI) mostra-se pioneiro e inovador tanto na área da pesquisa, quanto na área da tecnologia. Em 2017, ao completar 20 anos de existência, celebramos com alegria o fato de que o nosso Instituto encontra-se consolidado como um centro de referência e excelência em bem-estar cerebral. Com o objetivo de comemorar todas as conquistas realizadas durante essas duas décadas, idealizamos a criação deste exemplar e convidamos alguns profissionais do nosso corpo clínico para apresentar e debater temas muito pertinentes e atuais, tais como a neuroterapia, acupuntura, fisioterapia, autismo, Alzheimer, mitos conjugais, efeitos biológicos do estresse psicológico, transtorno de ansiedade generalizada e respiração, depressão e o sistema imunológico, ansiedade em crianças, dietas da moda, dentre outros assuntos. Citamos as principais diferenças entre medo e fobia, advertimos sobre a hora certa de consultar um psiquiatra, comentamos sobre os principais desafios dos adolescentes de hoje em dia, explicamos a vacina contra o estresse, esclarecemos o papel da orientação profissional, reunimos os 10 sinais de que você está agindo como vítima perante a vida, advertimos sobre os efeitos de uma comunicação disfuncional sobre a família e preparamos um questionário sobre satisfação matrimonial e outro sobre assertividade. Além disso, também está disponível uma entrevista em que Francisca comenta sobre a criação do Instituto e os desafios que o IMPI enfrenta atualmente. Nas próximas páginas, você ainda vai descobrir detalhes sobre o funcionamento de alguns dos principais serviços oferecidos pelo nosso Instituto como, por exemplo, a Estimulação Magnética Transcraniana, a Neurometria e o Check-up Cerebral, sendo este último a nossa mais nova ferramenta para estimular a prevenção de doenças relacionadas ao cérebro. Seja muito bem-vindo ao IMPI. Seja bemvindo a um novo futuro!
Boa leitura!
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ENTREVISTA
Francisca Sampaio LeĂŁo, fundadora e diretora-presidente do Instituto de Medicina e Psicologia Integradas, comenta os momentos mais marcantes dos vinte anos do IMPI. Texto: Larissa CorumbĂĄ
rancisca Sampaio Leão é a fundadora e diretora-presidente do Instituto de Medicina e Psicologia Integradas, o IMPI. Psicóloga formada pela Universidade de Brasília (UnB), ela exerce a profissão há mais de quatro décadas e, dentre as suas especializações, estão a neuropsicologia e a neuromodulação cerebral. Francisca nunca cogitou apenas tratar doenças. O desejo dela sempre foi trabalhar com a prevenção dessas enfermidades. Foi com esse anseio que a psicóloga, acompanhada por um grupo de médicos cardiologistas, criou o Instituto de Medicina e Psicologia Integradas (IMPI) em Brasília, no ano de 1997. Duas décadas após a inauguração, o IMPI está hoje consolidado como um centro de referência em prevenção, avaliação e tratamento da saúde mental. Dentre os serviços de tecnologia oferecidos estão a Estimulação Magnética Transcraniana, a Estimulação Elétrica Transcraniana, Terapia Virtual, o Biofeedback, a Neurometria, a Reabilitação Cognitiva e o Check-up cerebral, sendo este último o mais novo lançamento da clínica. De acordo com Francisca, o IMPI foi criado com o objetivo de prevenir as doenças causadas pelo stress, promovendo uma melhor qualidade de vida, uma vez que a expectativa de vida aumenta a cada ano. “O objetivo é que o paciente venha ao IMPI também para prevenir as doenças e não apenas para tratá-las”, ressalta. Nesta entrevista, Francisca comenta sobre a fundação do IMPI, o contato com as novas tecnologias e os desafios que o Instituto enfrenta nos dias atuais.
“Desejamos estimular a cultura da prevenção.” 7
Como aconteceu a criação do IMPI? Em meados dos anos noventa, eu e um grupo de cardiologistas formamos um grupo de estudos. Queríamos encontrar recursos para amenizar o sofrimento dos nossos pacientes que apresentavam tristeza, angústia, dores, sentimento de impotência, medos generalizados, palpitações e picos de pressão que aumentavam a cada dia. No entanto, a medicina e a psicologia tradicionais não nos ofereciam recursos para aliviar o sofrimento desses pacientes. Foi nessa busca que nos deparamos com os conceitos da Medicina Mente-Corpo, que enxerga o ser humano como um sistema integrado entre mente, corpo e emoção. Essa ciência coloca o paciente como agente da sua própria doença ou da sua própria saúde. Enquanto na visão da medicina tradicional o médico é o dono do conhecimento, na visão da Medicina Mente-Corpo, a doença é vista como uma linguagem do corpo. Ou seja, as enfermidades sempre querem nos dizer algo. Portanto, precisamos prestar mais atenção na doença, para descobrir o que ela quer nos dizer. A partir destes conceitos criamos o Programa de Controle do Stress. Nesse projeto, apresentávamos, por meio de palestras, as pesquisas nas quais nos baseamos, oferecíamos aulas teóricas sobre o stress e nutrição e aulas práticas de meditação, relaxamento e posturas de alongamento. A equipe dessa iniciativa era formada por psicólogos, professores de educação física, nutricionistas e fisioterapeutas. Naquela época, não se sabia muito sobre doenças geradas por stress como, por exemplo, as
“Queremos ser cada vez mais reconhecidos como um local de referência e excelência em bem-estar.“ crises de ansiedade e de pânico. As pessoas iam ao cardiologista e diziam que estavam se sentindo mal, que o coração estava palpitando, que achavam que estavam tendo um ataque do coração, mas na verdade elas estavam tendo uma crise decorrente do stress. Depois de um tempo, o Instituto que tinha como objetivo tratar as doenças do stress de modo geral, passou a cuidar da saúde mental. Convidei profissionais de outras áreas para se juntarem ao nosso time e, hoje em dia, o IMPI conta com cerca de quarenta profissionais de mais de dez áreas de especialização da saúde, dentre elas psiquiatria, psicologia, psicopedagogia, psicomotricidade, neuropsicologia, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, nutrição, cirurgia plástica, dentre outras. Alguns dos principais serviços oferecidos hoje pelo nosso Instituto são a Estimulação Magnética Transcraniana, a Estimulação Elétrica Transcraniana, a Neurometria e o Checkup Cerebral, sendo este último a nossa mais nova especialidade. Além disso, o IMPI também oferece aplicações de botóx, preenchimento facial, exames fonoaudiológicos, acupuntura, RPG, oficina infantil de psicomotricidade, grupo de pais, grupo de otimização cerebral e grupo de reabilitação.
Atualmente o IMPI está consolidado como centro de referência em saúde mental de Brasília e pretendemos continuar na busca pelas melhores tecnologias para oferecer a melhor qualidade de vida possível aos nossos pacientes.
Como é a sua relação com a O IMPI completou vinte ciência e com a tecnologia? anos de existência. Como você se sente ao fazer Frequento todos os anos o um balanço dessas duas Simpósio Internacional de décadas? Neuromodulação Cerebral, que reúne os melhores profissionais do mundo da área da saúde mental para debater novas ideias, tecnologias e discutir os avanços relacionados às terapias de neuromodulação cerebral. Nesses encontros são apresentados tudo o que há de mais moderno na área. A ciência, a tecnologia e as pesquisas relacionadas à saúde mental avançam a cada dia, principalmente, no exterior. Por isso, me mantenho constantemente atualizada em relação a essas novas descobertas.
Eu me sinto realizada. A fundação do IMPI foi como um PhD, pra mim. Enfrentei muitas dificuldades, mas acreditei que conseguiria concretizar esse projeto. A persistência é fundamental para se alcançar o que deseja. Eu acredito que se a gente persistir, tudo o que a gente quer, a gente consegue. A razão de eu ter conseguido superar as dificuldades é que eu vivia na minha vida pessoal tudo aquilo o que eu passava para os meus pacientes.
O IMPI enfrenta algum desafio atualmente? O IMPI sempre tem desafios, porque nós nunca paramos de procurar melhorias. Queremos ser cada vez mais reconhecidos como um local de referência e excelência em bem-estar físico e mental. Pretendemos continuar trazendo o que há de melhor, de mais recente e de mais eficaz em tecnologia para a prevenção e o tratamento de doenças relacionadas ao cérebro. Além disso, desejamos estimular a prevenção de doenças, porque na nossa sociedade, não existe a cultura da prevenção. As pessoas só procuram um profissional da saúde quando já estão doentes e isso é um grande problema, porque pode tornar mais difícil e prolongado o tratamento. Então temos essa ambição de fazer com que as pessoas entendam a importância do cérebro, porque ele é o órgão mais importante do corpo. É ele quem regula a nossa saúde mental e a nossa saúde física. Tudo depende do cérebro, por isso, cuidar dele é essencial para prevenir doenças e ter uma qualidade de vida melhor. Esses são os grandes desafios e são eles que me inspiram e motivam a realizar o meu trabalho todos os dias.
Recepção da sede do Instituto de Medicina e Psicologia Integradas (IMPI), localizado no Lago Sul, em Brasília/DF
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relacionamentos
MITOs CONJUGAIS A maioria dos fracassos ou da infelicidade no casamento se deve a mitos, que vão passando de geração em geração, através dos contos de fadas, das músicas, da mídia. Por causa desses mitos, os relacionamentos podem se tornar fontes de insatisfação, ódio, raiva, stress. A minha experiência clínica, na qual atendi centenas de casais, mostra que esse assunto merece atenção.
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PRIMEIRO Mito MITO DO AMOR ROMÂNTICO A maioria dos problemas no casamento surge porque os cônjuges não se sentem seres inteiros, têm uma autoimagem fragmentada e acreditam que dependerão de uma outra pessoa para
Francisca Sampaio Leão Neuropsicóloga
completá-los e fazê-los felizes. Essa crença está embasada no Mito do Amor Romântico. Tratase de uma narrativa bastante antiga, baseada na mitologia grega. De acordo com o mito, éramos andróginos, tínhamos, no mesmo corpo, ambos os sexos. Os homens possuíam quatro mãos e quatro pernas, dois órgãos sexuais. Eram ágeis, corajosos, externavam grande poder e ousaram desafiar os deuses. Diante disso, Zeus decidiu castigá-los, dividindo-os em duas metades. Assim
Se você sofre influência desse mito, procure quebrálo, se possível com a ajuda de um profissional. É muito difícil fazê-lo e com certeza, muitas frustrações e sofrimentos poderão surgir em função disso.
os condenou a viver eternamente em busca da sua outra metade. Até hoje esse mito vem influenciando nossos relacionamentos amorosos. O ideal para um casamento feliz seria que o processo do casamento ocorresse primeiro dentro de nós mesmos, nos tornando seres inteiros. Só após esse processo, poderíamos nos casar com um outro ser inteiro, compartilhando a nossa vida de forma mais saudável e feliz. O Mito do Amor Romântico precisa ser quebrado. Não podemos acreditar que o outro seja a única fonte de felicidade. Vários fatores são importantes, como, por exemplo, ampliar a consciência pelo autoconhecimento, aprender mais sobre nosso funcionamento, estar mais atento ao momento presente, procurar sentir prazer nas pequenas coisas do cotidiano e quebrar paradigmas que nos impedem de viver de forma autônoma emocionalmente.
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SEGUNDO Mito O casal tem que fazer tudo junto Conhecer alguns mitos conjugais limitantes e quebrá-los é fator essencial para vivermos uma vida amorosa mais prazerosa. O ideal num casamento é este ocorrer entre dois seres inteiros, no qual a intersecção entre esses inteiros é espaço do casamento. Nesse espaço comum, o casal constrói patrimônio, cria os filhos, faz escolhas e estabelece metas comuns. Mas cada um dos cônjuges precisa de um espaço seu, individual, para viver experiências nem sempre compartilhadas com a pessoa amada, tais como trabalho, esporte, amigos, hobby, não significando que eventualmente esses momentos não
Se você sofre influência desse mito, procure quebrá-lo, se possível com a ajuda de um profissional. É muito difícil fazê-lo e com certeza, muitas frustrações e sofrimentos poderão surgir em função disso.
possam ser vividos a dois. O que nos impede de viver assim? Um mito: O casal tem que fazer tudo junto. Isso empobrece a relação, pois ambos deixam de viver suas individualidades. O que nos atrai é justamente a singularidade e, se somos influenciados por esse mito, deixamos de ser nós mesmos para sermos um pedaço do outro. Um exemplo: deixamos de visitar um parente ou amigo porque o outro não poderá ir, temendo desagradá-lo ou dar motivo para que ele faça o mesmo. Então, aprisionamo-nos nessa relação, perdendo a nossa identidade e o resultado é insatisfação, raiva, medo, culpa, apego, posse, cobrança.
Se você precisa casar para ser feliz, não está pronto para o casamento. Para viver em harmonia, procure primeiro se conhecer, descobrir dentro de você a felicidade porque certamente a encontrará e o casamento será um compartilhar dessa felicidade.
casa. Se o alicerce não é sólido, o indivíduo passa muito tempo levantando paredes, colocando telhado, portas e um vento mais forte destrói tudo. Por outro lado, o difícil em ser solteiro é que a sociedade foi preparada para casais. Quando alguém, até por escolha, não se casa, é cobrado; e várias pessoas acabam se casando para corresponder a expectativas. As mulheres sofrem mais com essa situação do que os homens, porque muitas vezes pensam que não se casaram porque ninguém as desejou. Então, deve haver algo de errado com elas. Não percebem que a maioria das pessoas casadas são infelizes no casamento. Enquanto não atingimos a dimensão de nos sentirmos “solteiros”, não devemos pensar em casamento, sob pena de vivermos uma união infeliz ou chegarmos a uma separação.
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TERCEIRO Mito acreditar que a chave da felicidade é o casamento Outro mito que limita nossas relações amorosas: acreditar que a chave da felicidade é o casamento. Aprendemos com as histórias infantis, os romances, filmes, que final feliz é o casamento: “E eles viveram felizes para sempre” Tudo terminou bem. Mas sabemos que os problemas começam aí. São duas pessoas com valores e atitudes diferentes, e o pior é que cada um quer impor seus valores e suas atitudes, vistos como melhores. É natural todos querermos ganhar; aí vêm os conflitos e, com eles, a frustração. Cada cônjuge pensa que estar com a pessoa amada é suficiente para estar completo, feliz. Aos poucos, descobre-se que não é bem assim e vem a sensação de que se foi enganado, que o outro é uma farsa. O casamento é como construir uma
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QUARTO Mito o cônjuge pode descarregar tudo no outro Outra crença devastadora para o casamento: o cônjuge pode descarregar tudo no outro. Infelizmente, acredita-se que o lar é o lugar onde podemos descarregar nossos sentimentos mais ferozes sem a preocupação de ferir o outro, pois, em outros ambientes, como o trabalho, com os amigos ou estranhos, prefere-se mostrar as melhores condutas, o melhor tato e a melhor diplomacia. O lar se torna o local para se liberar as emoções, o paraíso da espontaneidade. Os ataques geram contra-ataques.
As relações conjugais necessitam da mesma cortesia, educação e do mesmo respeito que oferecemos aos estranhos. Isso ajuda a criar uma atmosfera caseira afetuosa. Esses fatores estão sob o nosso controle. Podemos decidir quando seremos amáveis, descorteses ou bemhumorados. O caminho da cólera tem um preço muito elevado. Os que apelam para expressões agressivas, geralmente recebem o mesmo que ofereceram. A retaliação mais comum é o comportamento passivo-agressivo, no qual o agredido evita a guerra aberta e torna-se subversivo e sabotador.
Não estou querendo defender um relacionamento familiar inibido ou exageradamente cortês. É importante, numa relação familiar, se compartilhar sentimentos fundamentais, como a franqueza e a informalidade, pois são elementos importantes numa boa relação. Mas não podemos esquecer que a cortesia, o bom gosto e o decoro são essenciais em qualquer tipo de relacionamento principalmente no familiar, no qual seus membros estarão ligados por toda a vida. É no lar que não se deve atacar a dignidade do outro, sob pena de gerar rancor, ressentimentos, raiva.
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QUINTO Mito O casamento deve ser uma sociedade 50%-50% Esse é mais um mito que tem levado casais a desgastes e separações. A ideia de direitos iguais, oportunidades iguais, pagamentos iguais tornou-se uma bandeira para muitos casais, que acreditam que, se as coisas não forem divididas meio a meio, pode caracterizar-se uma situação de exploração. Na atualidade, felizmente, estamos vivenciando uma maior flexibilização dos papéis de homem e mulher, deixando para trás estereótipos rígidos das funções masculinas e femininas. O homem urbano já é capaz de ficar na cozinha preparando o jantar enquanto sua esposa descansa na sala,
lendo jornal e verificando os índices da Bolsa de Valores. Mas ainda existem muitos casais que levam esse mito ao pé da
A necessidade de provar o quanto faz mais que o outro evidencia um sinal básico de imaturidade, desamor, falta de interesse e compromisso com o outro. Quando você ama realmente seu parceiro, sente prazer em tornar sua vida mais fácil e agradável. Quando vejo cônjuges contando pontos e dizendo: “você está em dívida comigo”, percebo que a separação está próxima. É muito prazeroso fazer as coisas porque desejamos sem esperar algo em troca.
letra, achando que a participação conjunta é justa e desejável, não percebendo que, numa vida a dois, dependendo das circunstâncias, uma combinação 60% 40%, 80% - 20%, 90% - 10% ou qualquer outra pode ser mais adequada do que 50% - 50%. Alguns insistem numa única forma de ver o mundo, achando ser a sua melhor. Os casais fazem controle através de anotações. “Eu coloquei o lixo para fora 3 vezes essa semana e você apenas 2. Eu levei as crianças para a escola 4 vezes e você apenas 1”. “Eu lhe fiz 5 elogios esse mês e você nenhum”, “Não lhe mando mais cartões porque você também não me tem mandado”. “Não tenho lhe telefonado mais porque você também não telefona”.
QUESTIONÁRIO DE SATISFAÇÃO MATRIMONIAL 6
SEXTO Mito Uma relação extraconjugal destrói o casamento Um outro mito muito comum: uma relação extraconjugal destrói o casamento. Muita gente acredita que ter uma aventura significa que algo está errado com o casal. Mentira! Podemos afirmar que, das pessoas que costumam se envolver nessas aventuras, apenas uma pequena parcela o faz devido a conflitos na relação. A maioria age assim por causa de conflitos internos. Muitos indivíduos buscam uma aventura por estarem inseguros com relação aos seus atrativos físicos ou ao seu desempenho sexual e, constantemente, estão procurando autoafirmação. Outros são tão sexualmente ativos que poucos conseguem acompanhar seu ritmo. Há ainda aqueles que estão sempre insatisfeitos e isso também inclui os relacionamentos. Em muitos casos, agem dessa forma apenas por curiosidade, procurando emoções fortes ou ainda a superação do tédio. É importante ressaltar que existem razões saudáveis e doentias na busca ou não dessas aventuras. Pode ocorrer num casamento de 30 anos, no qual o homem ou a mulher jamais tenham desejado ou ido atrás de aventura e que ambos sejam perfeitamente normais. Já, em outros momentos, podem ficar evidenciados graves problemas biológicos ou psicológicos. Existem É melhor viver a vida de pessoas que relatam forma coerente com seus que, após uma aventuvalores éticos. ra, o casamento melhorou consideravelmente. Para outras, as relações extraconjugais são inteiramente desaconselháveis, porque vão resultar em culpa, vergonha e sofrimento em virtude de temperamento, religião ou condicionamentos sociais.
Após cada pergunta, anote o número que mais se aproxima ao que você acha atualmente do seu casamento ou do seu cônjuge.
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satisfeito
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mais ou menos
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insatisfeito
Estou: Satisfeito com a quantidade de tempo que falamos. Feliz com os amigos que temos em comum. Satisfeito com nossa vida sexual. De acordo com a quantidade de tempo que passamos arrumando a casa e no trabalho. De acordo com a forma como gastamos o dinheiro. Satisfeito com seu desempenho como pai ou mãe; (isso se refere ao tipo de comunicação do seu cônjuge com os filhos. Se você não tiver filhos, marque seu grau de satisfação com isso.) Achando que você está realmente “do meu lado”. Satisfeito com o nosso tipo de lazer (Esporte, férias, etc.). Bastante de acordo com seus pontos de vista sobre a vida (valores, atitudes, religião, política, etc). Geralmente contente com a forma como você se relaciona com sua própria família. Geralmente contente pelo modo como você se vincula com a minha família (referindo-se à família dos seus pais, irmão, etc.). Satisfeito com seus hábitos em geral, seus maneirismos e sua aparência. Some a pontuação total.
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Um casamento muito bom
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A relação está entre satisfatória e boa
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Necessidade de algumas mudanças básicas
-60
Baixo nível de satisfação matrimonial
Questionário: Lazarus, Arnold A.
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relacionamentos
COMUNICAÇÃO EMOCIONAL MAIS EFICAZ Francisca Sampaio Leão Neuropsicóloga
A COMUNICAÇÃO EMOCIONAL não violenta e o gerenciamento de conflitos têm sido temas de numerosos estudos por parte de vários cientistas da área. O Dr. Gottman chegou a duas conclusões básicas:
1- Não existem relacionamentos emocionais duradouros sem conflitos crônicos.
Diante de situações conflituosas, quando perdemos o controle de nossas emoções, o resultado pode ser desastroso. O Dr. Gottman define esse tipo de relação negativa como característico dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, uma metáfora que se traduz como quatro atitudes que destroem qualquer tipo de relação (a crítica, o desprezo, o contra-ataque e o apedrejamento).
2- O que mais nos afeta emocionalmente é o distanciamento emocional das pessoas que amamos.
O primeiro cavaleiro, a CRÍTICA, é representado pela atitude com a qual a pessoa do outro é desqualificada. Atinge-se a pessoa e não o fato, que não é esclarecido. Por exemplo, “Você só pensa em você!” O segundo Cavaleiro se traduz pelo DESPREZO. É o mais violento e perigoso, porque o sarcasmo magoa muito. Podemos comunicá-lo com gestos, trejeitos, causando profunda irritação no parceiro. Essa forma de comunicação inviabiliza uma solução pacífica. Mas o que podemos fazer para resolver conflitos sem violência? O primeiro princípio da Comunicação não Violenta é substituir a CRÍTICA por uma afirmação objetiva dos fatos. Se você diz para um subordinado “Você não aprende mesmo, hein!”, “Esse relatório não está nada bom!”, A reação da pessoa é ficar na defensiva. Você pode ser objetivo dizendo: “Nesse relatório precisamos colocar três ideias para comunicar nossa mensagem e você é capaz de colocá-las”. O segundo princípio é numa conversa colocar o referencial em nós, expressando como nos sentimos naquela situação. Devemos iniciar a frase com “EU” em vez de “VOCÊ”. Ao falar apenas de mim, nem critico nem ataco o outro. Quando eliminamos a CRÍTICA e o DESPREZO, certamente a nossa comunicação se torna mais harmoniosa. O CONTRA-ATAQUE E O APEDREJAMENTO são os 2 últimos Cavaleiros do Apocalipse (atitudes negativas no relacionamento). Se em uma situação de conflito costumamos utilizar essas atitudes, ou seja, esses cavaleiros, com certeza a nossa comunicação emocional está prejudicada. Infelizmente, nas nossas batalhas emocionais, invocamos esses guerreiros.
Quando nos sentimos atacados, geralmente CONTRA-ATACAMOS e em consequência a outra pessoa sente-se ofendida, CONTRA-ATACANDO com mais violência. Se essa escalada prossegue, o nosso relacionamento poderá ser bastante abalado pela rejeição, pelo divórcio ou até mesmo pela agressão física violenta. Quando um CONTRA-ATAQUE é “bem-sucedido”, a ferida da parte derrotada, muitas vezes com um tapa dado pelo mais forte, aumenta e o convívio fica cada vez mais difícil. O APEDREJAMENTO é o quarto Cavaleiro, é a quarta atitude negativa típica de homens e que tanto desagrada as mulheres. Nessa fase já caracteriza um relacionamento em desintegração, seja o casamento ou uma sociedade que, após um período de críticas, indiferenças, Ataques, Contraataques, uma das partes escolherá a fuga, abandonando o campo de batalha, pelo menos emocionalmente. Por sua vez, a outra parte, em busca de contato, busca a conversa, enquanto o outro ignora. Sem êxito, as abordagens vão ficando cada vez mais violentas, numa tentativa desesperada de volta. A retratação emocional não é eficaz para a resolução de conflitos. O APEDREJAMENTO com frequência leva a um triste final. Avalie os seus relacionamentos emocionais! Diante de um conflito, qual desses guerreiros você costuma chamar? Ou, em qual desses estágios você se encontra na sua relação amorosa? Se as situações citadas forem uma realidade em sua vida, procure dar outro rumo a sua comunicação emocional.
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relacionamentos
OS EFEITOS DE UMA COMUNICAÇÃO DISFUNCIONAL SOBRE A FAMÍLIA
Terapia Familiar Sistêmica é uma abordagem que trabalha com a família em conjunto, resolvendo os conflitos através da compreensão dos seus padrões rígidos de
funcionamento. Esses últimos são comportamentos ou atitudes difíceis de serem modificados e que impedem mudanças dentro da dinâmica familiar, trazendo consequências inadequadas e indesejáveis.
Vanessa Lucia Suzuki Martins Psicóloga
Cinco características de uma família disfuncional:
A Terapia Familiar Sistêmica tem como objetivo principal possibilitar o diálogo entre os membros de uma família, permitindo uma análise da situação presente, na busca de ações geradoras de mudanças. Por provocar mudanças em toda a família, “a melhora pode ser duradoura, porque cada membro da família é modificado e continua provocando mudanças sincrônicas nos outros”, como escreveu Nichols & Schwartz (2007). Jackson, em Nichols & Schwartz (2007), descreveu as famílias como unidades homeostáticas que mantêm relativa constância de funcionamento interno. Para ele, homeostase familiar diz respeito “às famílias como unidades que resistem à mudança” (p.45). Com a função de restaurar o equilíbrio do sistema, o princípio da homeostase (postulado da Biologia) estaria a serviço de regular qualquer impacto provocador de mudança e de desequilíbrio na família. Esse fato está condicionado ao grau de flexibilidade de uma família ao interagir através de seus padrões relacionais. Se o sistema se organiza de forma a que só suporte graus mínimos de mudança, os padrões relacionais serão rígidos, trazendo sofrimento aos seus membros, devido ao engessamento do sistema. Entretanto, caso não haja uma intervenção no sentido de identificar a dificuldade, esse engessamento poderá se cronificar, produzindo padrões relacionais intensamente rígidos que se repetirão por gerações, perpetuando a momentânea disfuncionalidade. Sendo assim, o conceito de
homeostase está no centro da principal função do sintoma na família. “A homeostase dá nascimento ao conceito de função interpessoal do sintoma” (Nichols e Schwartz p. 28). O autor citado acima, em um de seus artigos, Schizophrenic symptoms and family interaction, ilustrou como os sintomas dos pacientes preservam a estabilidade da família, pois esses sintomas podem ser considerados mensagens ocultas que explicam os relacionamentos. Se o sintoma for visto dessa forma, deduz-se que tornar manifesta essa mensagem faz com que ele perca sua utilidade e, portanto, desapareça. Isso pode ocorrer porque, ao externalizar o sintoma, o próprio sistema encontra recursos para superar a crise e tem flexibilidade para utilizá-los num novo equilíbrio. Isso confirma o argumento de Jay Haley, também em Nichols e Schwartz (2007): os sintomas “representam uma incongruência entre os níveis de comunicação” (p. 46). De acordo com Molina-Loza (1996), “o terapeuta sempre busca atribuir uma função a cada sintoma” porque “quando se atribui uma função ao sintoma pode-se, na prática, conseguir duas coisas: que a família aceite essa nova versão e, segundo, que o sintoma possa ser definido como voluntário... Isso também permitirá que o emergente familiar, com sua conduta sintomática, seja definido como indispensável para o funcionamento atual da família” (p.33). Sendo assim, do ponto de vista da terapia sistêmica, a comunicação afeta o comportamento. Uma família disfuncional é uma família em que os conflitos, a má conduta e muitas vezes o abuso por parte dos membros individuais ocorrem continuamente e regularmente, fazendo com que outros membros acomodemse com tais ações. Podemos dizer que ocorre um bloqueio no processo de comunicação na família. Do ponto de vista da comunicação, a família sintomática perde-se em críticas, acusações, silêncios, duplas mensagens: há muita dificuldade em colocar-se no lugar do outro e rigidez em tentar novas formas de resolver problemas.
Referências Bibliográficas MOLINA-LOZA, C. A. Destino familiar, desatino terapêutico. Belo Horizonte: Artesã, 1996. NICHOLS, M. P. & SCHWARYZ, R. C – Terapia familiar: conceitos e métodos; tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese. Porto Alegre: Artmed, 2007. OSÓRIO, L. C. & colaboradores. Manual de terapia familiar. Porto Alegre: Artmed, 2009.
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relacionamentos
Comunicação emocional sem violência
TÉCNICAS PARA APRIMORAR RELACIONAMENTOS PESSOAIS E PROFISSIONAIS Francisca Sampaio Leão Neuropsicóloga
Hoje, estamos assistindo um enorme sofrimento do ser humano em nosso planeta. Parece que perdemos o contato com a nossa essência e não estamos usando as nossas habilidades humanas para nos relacionar com as pessoas. Estamos vivendo uma época de violência em todos os âmbitos da nossa sociedade. Essa realidade tem mobilizado a mim e a vários outros profissionais, principalmente da área da psicologia, a encontrar maneiras mais eficazes para ajudar pessoas a terem relacionamentos mais respeitosos, embasados na confiança. Fiquei animada quando me deparei com o método do Doutor Marshall Rosenberg, de resolução pacífica de conflitos. O seu principal mérito é o de centralizar a comunicação na empatia, ou seja, nos colocar no lugar do outro. Ele nos oferece ferramentas para capacitar pessoas, instituições e povos a viverem num mundo onde a confiança é mútua, favorecendo os nossos relacionamentos e até a nossa saúde. Essa abordagem (comunicação não violenta) nos ajuda a reformular a maneira pela qual nos expressamos e ouvimos os outros, ou seja, em vez de nossas palavras serem reações automáticas, tornam-se respostas conscientes, embasadas na consciência do que estamos percebendo, sentindo e desejando; estabelecendo-se, assim, uma atmosfera empática e respeitosa. Não existe nada de novo nessa abordagem, já que esse conhecimento está presente há séculos. Além de ser um processo de comunicação, essa abordagem é um lembrete permanente para mantermos a nossa atenção focada na relação, e que seja uma relação baseada no princípio do dar e do receber. Quem recebe aprecia o presente sem se preocupar com as consequências que o acompanha; quem doa, se beneficia com o bem -estar que produziu no outro.
O processo dessa comunicação consiste de quatro componentes que são: 1
A OBSERVAÇÃO O que ocorre na situação que estamos vendo os outros fazerem ou dizerem e se é enriquecedor ou não para a nossa vida. O importante é ser capaz de articular essa observação sem fazer nenhum julgamento ou avaliação. Simplesmente dizer o que nos agrada ou não naquilo que as pessoas estão fazendo.
Portanto, esse processo consiste em expressar as quatro informações claramente (verbal ou por outros meios). À medida que mantivermos a nossa atenção focada nesses componentes e ajudarmos os outros a fazerem o mesmo, estaremos estabelecendo um fluxo de comunicação dos dois lados. Esse método pode ser aplicado em todos os níveis de comunicação nas diversas situações: Relacionamentos amorosos Familiar Escolas Organizações Terapias
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SENTIMENTO
Negociações Disputas ou conflitos
Identificarmos como nos sentimos ao observar aquela ação. – magoados, irritados, assustados, alegres, divertidos, etc.
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NECESSIDADE Reconhecemos quais de nossas necessidades estão ligadas aos sentimentos que identificamos na situação.
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O PEDIDO BEM ESPECÍFICO Esse componente enfoca o que estamos querendo da outra pessoa. Então: 1 - Observar as ações que afetam o nosso bem-estar; 2 - Como nos sentimos em relação ao observado; 3 - As necessidades, valores, desejos, etc; 4 - Ações concretas que pedimos para enriquecer nossa vida.
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A SEIS SUGESTÕES PARA LIDAR COM CONFLITOS
Certifique-se de que a conversa ocorra em hora e lugar adequados. Não será uma boa ideia ter essa conversa imediatamente após o ocorrido, quando os ânimos ainda estão acirrados ou em público ou num corredor. O melhor será escolher um local onde possam falar com a certeza de que não serão incomodados.
ABORDAGEM AMIGÁVEL COMPORTAMENTO OBJETIVO EMOÇÃO
Certifique-se de que está lidando com a pessoa que é a fonte do problema porque é ela que tem os meios para resolvê-lo. Imagine que, na empresa onde trabalho, um colega me faça uma crítica pejorativa na frente de toda a equipe. Será inútil me queixar disso mais tarde para outros colegas ou para uma amiga ao telefone? No entanto, isso é o que gostaria de fazer. Se eu o fizer, esse meu colega jamais saberá o que penso e os colegas que ouviram o meu desabafo repetirão o que eu disse de forma distorcida e com exageros, comuns nessas situações, e a minha reputação poderá ficar abalada. Para ganhar o respeito e mudar o comportamento de meu colega, devo falar diretamente com ele.
NECESSIDADE
TEMPO E LUGAR
FONTE
Tenho utilizado um acróstico com seis pontoschave dessa abordagem: FTACEN.
Comece com um tom amigável para que o outro se sinta à vontade durante as suas primeiras palavras. Comece dirigindo-se a ele pelo nome que é a palavra mais atraente para a pessoa. Depois diga algo positivo, que seja verdadeiro. Assim a porta da comunicação estará aberta.
Vá direto ao assunto. Explique o comportamento que motivou a insatisfação, mas limite a sua descrição ao que aconteceu e nada mais, sem qualquer alusão a um julgamento moral.
Após a descrição dos fatos, diga a emoção que sentiu como resultado do ocorrido. Evite falar sobre a sua raiva. A raiva é uma emoção dirigida ao outro e não uma expressão de mágoa interna e tende a colocar a outra pessoa na defensiva. Será muito mais forte e eficaz falar sobre o que você sentiu, sobre a sua emoção: Ex.: Eu fiquei magoada.
Fale sobre a necessidade que tem de ser reconhecida. Exemplo: Preciso sentir que sou importante para você.
EXEMPLOS DE COMUNICAÇÃO UTILIZANDO OS QUATRO COMPONENTES:
componentes
Uma mãe poderia expressar esses quatro componentes ao filho adolescente dizendo: 1 – Pedro, quando vejo um copo sujo embaixo da mesinha e mais suas meias sujas perto da TV; 2 – fico irritada; 3 – porque preciso de mais ordem no espaço que utilizamos em comum; 4 – você poderia colocar o copo sujo na pia da cozinha e suas meias no cesto de roupa suja no seu quarto?
Outro exemplo, numa situação de trabalho:
componentes
Uma paciente estava constantemente estressada porque a colega que trabalhava próxima à sua mesa, saía e deixava seu celular na mesa, que tocava sem parar. Ela ficava irritada, agressiva, jogava indiretas a ela, desabafava com colegas, no entanto a sua colega continuava fazendo a mesma coisa e o relacionamento delas piorava a cada dia. Se ela optasse por esse processo, como poderia se comunicar com a colega?
1 - Descrever o fato: Joana, todas as vezes que sai da sua mesa e deixa o seu celular, ele toca várias vezes. Hoje você saiu 3 vezes e a cada vez que saiu ele tocou cinco vezes; 2 - Descrever a emoção: fico muito irritada, furiosa; 3 - Descrever a necessidade: porque preciso de silêncio para trabalhar; 4 - Pedido bem específico: então, todas as vezes que sair da sua mesa, por favor, poderia levar o seu celular?
Existem outras formas de Comunicação que geram conflitos, violência e que nos alienam do nosso estado natural. Julgamentos Moralizadores O julgamento é alienante porque subentende uma natureza errada ou maligna nas pessoas que não agem de acordo com os nossos valores. Esse julgamento aparecem em frases como:
“ “ “
O teu problema é ser egoísta demais.” Eles são preconceituosos.” Ela é preguiçosa.”
Formas de Julgamento Culpa Insulto Depreciação Rotulação Crítica Comparação Esse tipo de Comunicação nos prende num mundo de ideias sobre o Certo e o Errado. A nossa atenção se foca em classificar, analisar e determinar níveis de erros em vez de focar no que nós e os outros necessitamos e não estamos obtendo.
Existem outras formas de comunicação alienantes, como: Comunicar nossos desejos na forma de exigências. É comum, na nossa cultura, educarmos com ameaças, implícita ou explicitamente, provocando sentimento de culpa ou punição se aquela instrução não for atendida. O ideal seria educar as nossas crianças para que fizessem
Exemplo Um casal. A mulher desejava mais afeto do marido, no entanto ela não sabia como obter o que queria porque a sua forma de comunicação não expressava as suas necessidades. O marido a rotulava de carente e dependente e ela o rotulava de indiferente e insensível. Se o meu colega se foca muito em detalhes e nos pormenores, ele é rotulado como “Cricri” e compulsivo. Se sou organizada e sistemática, e o outro não faz como eu, é lambão e desorganizado. Classificar e julgar as pessoas estimula a violência. Em vez de dizer que a violência é ruim, posso dizer: Tenho medo do uso da violência para resolver conflitos. Perceba a diferença das duas maneiras de expressar a mesma ideia. Uma é através do julgamento (a violência é ruim) e a outra maneira colocando o referencial em mim (tenho medo do uso da violência para resolver conflitos). Um psicólogo, professor de psicologia da Universidade do Colorado, pesquisa a relação entre linguagem e violência. Ele pegou amostras literárias de vários países do mundo e tabulou a frequência das palavras que classificam e julgam as pessoas. O seu estudo constata uma elevada correlação entre o uso frequente dessas palavras e a incidência da violência.
mudanças nas suas vidas não para evitar punições, mas por perceberem que a mudança as beneficia. Da mesma maneira deveria ser nos nossos relacionamentos. Crescemos usando uma linguagem que, em vez de nos encorajar a perceber o que estamos sentindo e do que precisamos, nos estimula a rotular, comparar, exigir e proferir julgamentos.
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relacionamentos
o amor de forma patológica Dentro da psicologia e de diferentes formas, o sentimento “amor” aparece em muitos consultórios de psicologia. O relacionamento amoroso acaba sendo fonte de diversos reforçadores dos quais as pessoas dependem todos os dias.
uando um relacionamento acaba, a sensação é de vazio, tristeza e falta de sentido. O amor obsessivo surge quando o amor próprio acaba e muitas vezes a pessoa se enxerga sem estímulos para continuar e seguir sua própria vida. A sensação de que não existe vida longe do parceiro e a necessidade contínua de estar junto ocasionam quadros de desespero e de dor. Existem grupos que trabalham formas de amor em excesso, como mulheres que amam demais, que funcionam como os grupos de apoio para tratar, ouvir e entender sobre o sentimento de dependência afetiva. Ela está ligada muitas vezes a processos de carência emocional durante a fase infantil e pode gerar traumas pelo resto da vida.
Viviane Cristina Guimarães Psicóloga
Pessoas que foram condicionadas a serem maltratadas enquanto jovens, ou viram os pais serem, acabam aceitando relações doentes, acreditando ser funcional por não merecer algo melhor. A dependência afetiva traz crises como uma droga em retirada, a abstinência acaba gerando a sensação de ansiedade e agonia. A busca pelo parceiro se torna insistente e até mesmo autodestrutiva. Na clínica pode-se trabalhar o encontro com sua própria história de vida, fortalecendo o social, o profissional, tirando o foco de um único setor. Temos que ter os vários setores funcionando em conjunto para não desestabilizar, quando um tiver fases ruins; estimular o autoconhecimento e a valorização de si mesmo; ter amor próprio em todos os sentidos da palavra. Dessa forma, o amor patológico deixará de ser um problema social e irá diminuir os casos de mortes por
amores obsessivos, que se parecem mais com ódio e vingança do que qualquer outro sentimento. A psicologia trabalha temas diversos, mas as relações amorosas sempre terão espaço para melhorarmos enquanto pessoa e enquanto parceiro. Seja você um cuidador de si mesmo e ajude qualquer amigo que precise conhecer mais sobre sua forma de amar. Amar de forma obsessiva não significa amar mais, pode ser traço de insegurança, inferioridade e desamor. O ciúme acaba tomando conta de muitas relações e, se isso não for tratado, poderá desgastar ou arruinar a vida de muitas pessoas. Procure um profissional e não se aprisione em relações doentes, somente para ter um parceiro, ou para não ficar sozinho. Estar em contato consigo mesmo significa aprendizado e muitas vezes pode oferecer uma vida rica de sabores diferentes. Encontre-se e trabalhe a arte dos desencontros.
autoconhecimento e comportamento
Atenção, autogestão e saúde emocional compreensão a respeito do papel da atenção no equilíbrio psicológico e emocional de todos nós vem se desenvolvendo significativamente. Ferramenta altamente flexível, a atenção atua em inúmeras operações mentais. Ela promove a compreensão, fortalece a memória, vitaliza a aprendizagem, fomenta a percepção do que sentimos e por que sentimos, auxilia na leitura das emoções dos outros e nos corrige para uma interação mais harmoniosa com o nosso ambiente cultural. Em síntese, ela se estabelece como a base principal de nossa saúde emocional. Se ela é fraca, nos saímos mal. Mas se é poderosa, nos leva a sobressair nas mais diversas áreas.
Vitor Santiago Borges Psicólogo 23
A reflexão profunda exige de todos nós uma mente bem focada, pois quanto mais nos distraímos, mais superficiais são nossas reflexões.”
Nessa breve reflexão, procuro estabelecer o papel fundamental da atenção em nossas vidas a partir de uma tríade fundamental: o foco interno, o foco no outro e o foco externo. Uma vida realizada exige o desenvolvimento dessas três formas de atenção. Como um músculo, a atenção quando bem utilizada se expande e fortalece, quando pouco utilizada definha. Proveniente do latim attendere, ela é a nossa base de contato, nos conectando com o mundo e, ao mesmo tempo, determinando os contornos de nossa experiência. Entretanto, começamos a nos dar conta dos vários obstáculos inerentes ao ambiente tecnológico em que vivemos e que vêm produzindo um crescente subdesenvolvimento da atenção, principalmente, nas crianças de hoje. Uma tendência marcante é o fato de muitas crianças crescerem em uma nova realidade que as leva a se conectarem mais às máquinas do que às pessoas. E, por muitos motivos, isso é perturbador, pois o circuito social e emocional do cérebro de uma criança se desenvolve por meio dos seus contatos interpessoais ao longo de sua rotina. Por conseguinte, menos tempo passado com pessoas e mais tempo em interação com a tela do computador e do celular produz significativos déficits emocionais e sociais. Nos jovens de hoje, constatamos, em escala crescente, uma dificuldade e resistência cada vez maior para a leitura. Mais motivados em checar as mensagens que lhes chegam
pelos aparelhos celulares através do Instagram, do WhatsApp e Facebook, não se sentem atraídos a explorar a expansão de novas descobertas pela experiência literária. Em 1977, o visionário economista e vencedor do Nobel, Herbert Simon, atentou para esse perigo, alertando para o período em que vivemos, caracterizado pelo paradoxo do excesso de informação e empobrecimento da compreensão: “a informação consumirá a atenção de quem a recebe. Eis por que a riqueza de informações cria a pobreza da atenção”. Aliado à posição de Simon, o filósofo Martin Heidegger explanou posição semelhante de maneira profética nos idos de 1950: “A maré da revolução tecnológica cativa, enfeitiça, deslumbra e diverte de tal forma o homem que o pensamento computacional pode algum dia se tornar a única forma de pensar, o que acarretará uma perda do pensamento meditativo, tão fundamental para a essência de nossa humanidade”. A reflexão profunda exige de todos nós uma mente bem focada, pois quanto mais nos distraímos, mais superficiais são nossas reflexões. Uma mente focada é capaz de se abstrair, intencionalmente, das distrações emocionais, o que significa que quem tem um foco aprimorado se torna relativamente imune às turbulências psicológicas, adquirindo maior capacidade de se manter calmo durante os momentos de dificuldade, mantendo-se no prumo em meio às agitações da vida emocional.
Por isso, a capacidade de tirar a atenção de uma coisa e transferi-la para outra é essencial para o bem-estar de todos nós. Há uma relação fundamental entre atenção e intenção. A intenção é nossa força motriz, aquilo que nos move em direção a metas e alvos que passamos a definir em nossa experiência, tendo em vista a nossa realização pessoal. Se eu intenciono chegar a algum lugar, a atenção será a minha ferramenta, o meu veículo. No que se refere ao meu bem estar global, o foco interno, o foco no outro e o foco externo são fundamentais. Nesse sentido, a atenção voluntária, a força de vontade ‘atencional’ e a escolha intencional envolvem operações a partir do córtex pré-frontal, sendo a base de desenvolvimento para a autoconsciência, a reflexão, a deliberação e o planejamento. O foco intencional, portanto, oferece uma alavanca fundamental para a boa gestão do nosso cérebro. Mas, se há uma operação assertiva que, pelo foco intencional nos proporciona a autogestão de nossas experiências internas, há, ao mesmo tempo, uma operação mental errática que se desenvolve por meio das divagações. Uma pergunta que costumo fazer no consultório psicológico aos pacientes é: “Ocorre de você se perceber em diversos momentos fazendo uma coisa e pensando em outra?”, e sempre me respondem: “Frequentemente”. Partindo dessa pergunta, referida aos pacientes em terapia, levantamos a questão: Para onde os pensamentos divagam quando não estamos focados em nossa experiência concreta? Invariavelmente para o “eu” e suas preocupações, para aquela narrativa altamente emocional relativa a tudo sobre mim, e que confere uma poderosa e ao mesmo tempo restritiva fixação no nosso ego. O ego, portanto, é a matriz de nossa mente inquieta, produzindo fixações imaginárias relativas ao seu próprio valor e que fomentam as carências, os vícios e as vulnerabilidades emocionais em todos nós. A obsessão com o “eu” promove uma permanente tensão em nossas experiências internas, pois, apegado ao seu valor, transita por circuitos obsessivos difíceis de desenganchar. Por outro lado, quando a mente encontra foco em uma atividade criativa ou construtiva, ela desenvolve o que os psicólogos que pesquisam a criatividade chamam de flow. A mente flui e o bem-estar emocional resulta como consequência. Para a nossa autogestão, é fundamental o desenvolvimento de uma habilidade cognitiva chamada de
“metaconsciência” que é basicamente a capacidade de sermos observadores neutros e desapegados dos nossos conteúdos mentais, especificamente, nossas representações emocionais alimentadas pelo nosso eu. Técnicas de meditação e mindfulness ajudam no desenvolvimento dessa habilidade e promovem o nosso foco interno. Com elas, aprendemos a nos relacionar com nossos conteúdos de forma autônoma, emancipada, integrando melhor o nosso self à realidade. São dois, portanto, os registros nos quais podemos aportar nossa experiência psicológica: o real e o imaginário. No real, a mente se alinha aos acontecimentos e à experiência desenvolvendo um foco sensível e saudável. No imaginário, ela se desalinha, envolvendo-se em turbulências emocionais que proporcionam os estados de ansiedade e depressão. Torna-se, por assim dizer, uma mente sem rumo. Ser expectador e não ator das próprias narrativas mentais é o caminho aberto para o bem-estar emocional, mas para isso há a necessidade de se desenvolver o foco interno, atento e puramente observador em relação às narrativas emocionais e imaginárias. Com o foco interno, potencializa-se a capacidade de desapego e a experiência mental desenvolve a capacidade de presença experiencial, antes sabotada pelas obsessões imaginárias. Quanto ao foco no outro e no ambiente externo, ocorre basicamente o mesmo, pois o ego, alimentado pela mente desatenta que rumina obsessivamente sobre si própria, encontra-se incapaz de perceber com maior amplitude e profundidade tanto os outros com quem se relaciona como também o ambiente em que concretamente existe. Por ser obcecado quanto ao seu valor, o ego ocupa-se muito mais em como os outros o percebem, do que em perceber. Seu compromisso é formulado em “o que eles estão pensando a meu respeito”. Com isso perde de vista a percepção qualificada do outro e do ambiente em que se encontra, criando pontos cegos, pois não é o pensamento imaginário que potencializa nossa consciência, mas a capacidade de estarmos intencionalmente atentos ao valor do momento experimentado. Em síntese, o pensamento que reproduz as ruminações é o maior obstáculo à consciência, que se amplia a partir da boa atenção. Resumindo, a atenção plena em direção à nossa experiência, tanto interna quanto externa, no momento presente de nossas vivências reais, é o princípio e o fim do nosso bem-estar emocional e do aprimoramento de nossa autogestão.
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autoconhecimento e comportamento
Vem de “asserto” que significa uma afirmação considerada verdadeira, ou seja, uma assertiva. É dizer “sim” quando se quer dizer “sim”e principalmente dizer “não” quando se quer dizer “não”. Significa falar o que se pensa ou se sente, para a pessoa certa, de forma apropriada, no momento oportuno e sem agredir o outro. O treino assertivo é de grande valia para melhorar os nossos relacionamentos interpessoais. A passividade, também chamada de não asserção, diz respeito àquelas pessoas que se sentem muito ansiosas e impedidas de dar respostas adequadas dentro do relacionamento interpessoal. São pessoas tímidas, boazinhas e incapazes de afirmar seus direitos e agir com os seus sentimentos. Preocupam-se com os outros e sentem-se culpadas se negarem algo a alguém. Geralmente possuem baixa autoestima e temem assumir qualquer posicionamento pessoal que contrarie o outro. Por outro lado, no comportamento agressivo, a pessoa consegue expressar pensamentos, sentimentos e opiniões, mas faz de uma forma que viola os direitos da outra pessoa, tentando impor a sua vontade, seja através de uma maneira de falar agressiva (gritando, ameaçando, intimidando) ou através de gestos ameaçadores (cerrar os punhos, atacar fisicamente o outro, etc.). O objetivo da agressão é dominar o outro, através de humilhação, da degradação, de modo
As ser tivi da de
Gabriela Brunelli Bofill Psicóloga
que os demais sintam-se fracos e menos capazes de defender seus direitos. Esse tipo de comportamento traz também consequências, para a pessoa agressiva tais, como: conflitos interpessoais, culpa, tensão, solidão; ela se sente aborrecida, além de perder oportunidades. Voltando à asserção, as vantagens dessa forma de se comunicar são a melhora da capacidade de negociação, o aumento da autoconfiança, confere mais credibilidade e diminui o estresse. A comunicação assertiva é transparente, honesta e de mão dupla, ou seja, o assertivo também aceita quando o outro é assertivo com ele, quando as pessoas dizem as coisas de forma clara e objetiva. Pesquisas demonstraram que o aprendizado de respostas assertivas inibirá ou enfraquecerá a ansiedade previamente experimentada em relações interpessoais específicas. Utilizando-se a assertividade, a probabilidade de ser compreendido e atendido pelo outro aumenta e, mesmo quando, apesar de ser assertivo, as pessoas envolvidas não chegam a um compromisso, quem foi assertivo sente-se satisfeito por ter conseguido se expressar de forma adequada, sabendo que fez a sua parte. Para criar habilidades no campo da assertividade, faz-se necessário procurar um Psicólogo, preferencialmente que tenha abordagem Comportamental ou Cognitivo-Comportamental, pois um profissional, com essa qualificação, utiliza técnicas específicas para a aquisição dessa forma de comunicação interpessoal e isso garante relacionamentos mais adequados e saudáveis.
Você gostaria de saber como está a sua assertividade? Imagine as situações abaixo e escolha a opção que corresponderia, na maioria das vezes, a sua forma de reação:
1
Você emprestou dinheiro para um amigo do trabalho que acertou de lhe pagar quando recebesse o próximo salário, mas, uma semana após a data do seu pagamento, o amigo ainda não fez nenhuma menção da dívida. Sua atitude?
A) b) c)
2
Esperar até que o amigo se manifeste. Cobrar o pagamento ouvindo a justificativa para o não pagamento, mas afirmando que precisa do dinheiro. Chama-o de irresponsável e exige que ele pague juros pelo atraso.
Você atende ao telefone e uma pessoa pede para que você contribua com uma campanha filantrópica com uma quantia fixa mensal. Você então:
a) Diz timidamente que não quer colaborar, mas cede à insistência da pessoa para se livrar da situação ou por temer a sua reprovação pelos outros por ter negado um pedido de ajuda. b) Elogia a campanha, mas pede desculpas por não poder contribuir e pede licença para desligar o telefone. c) Agride verbalmente a pessoa por tê-lo incomodado em sua casa, avisa para não ligar mais e desliga o telefone enquanto a outra pessoa ainda está falando.
3
Você admira profundamente uma pessoa que não lhe conhece e, por coincidência, senta-se ao lado dela durante uma viagem. Você então:
a) Tem muita vontade de expressar sua admiração, mas passa toda a viagem calado, por vergonha do que a pessoa possa pensar de você ou por achar que ela não gostaria de conversar com você. b) Apresenta-se e afirma que admira a pessoa, tomando o cuidado de respeitar o direito do outro de não querer conversar naquele momento. c) Apresenta-se e afirma que admira a pessoa, insistindo em conversar com ela, mesmo que ela esteja se preparando para dormir, pois você não quer perder essa oportunidade única.
4
Você comprou um produto no supermercado e, após ter pago e já saindo, percebe que o caixa lhe deu dinheiro a menos no troco. Você então:
a) b)
Imagina que irá atrapalhar se interromper o serviço do caixa e vai embora um pouco chateado com o dinheiro perdido. Retorna ao caixa e afirma que está faltando uma quantia para o troco correto, pedindo para que ele complemente o dinheiro. Caso o caixa negue-se a pagar, chama o gerente para explicar a situação e afirma que tem o direito de receber a parte que falta. c) Acusa em voz alta o caixa de querer enganá-lo e exige o dinheiro, ameaçando denunciá-lo ao gerente.
5
Você deixou seu carro na oficina e está sem transporte para ir ao trabalho por alguns dias, mas você sabe que um colega passa todos os dias, próximo a sua casa. Você então:
a) b) c)
Não fala nada porque prefere não incomodar ninguém com favores e fica indo de ônibus. Pergunta ao colega se pode ficar dando-lhe carona. Pede carona ao colega na frente dos outros dizendo que istso não custaria nada para ele. Em seguida, pergunta se ele não poderia sair um pouco mais cedo de casa.
Se você marcou a letra “b” na maioria das situações acima, provavelmente você tem um padrão de comportamento assertivo. Porém, se a opção “a” foi a mais predominante, seu comportamento é característico de um padrão não-assertivo. E finalmente, caso tenha marcado em maior número a opção “c” é bem provável que a sua maneira de se comunicar com as pessoas seja do tipo agressivo.
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autoconhecimento e comportamento
Você se considera uma pessoa criativa? Você é criativo? Você se considera criativo? Quer ter uma ideia? Então responda o questionário abaixo: 1
Quando você sai para comer:
2
A) Prefere ir a restaurantes que já conhece e pedir pratos que já provou antes. b) Prefere variar, conhecer novos restaurantes e tipos de comidas.
3
Quando tem um problema, seu primeiro pensamento é:
A) Geralmente escolhe os mesmos gêneros b) Gosta de variar, costuma alternar os gêneros.
4
A) Negativo, fica preocupado e perde o sono. b) Nas possibilidades para resolver o problema.
5
Quando chama os amigos para sua casa você:
6
A) Encomenda algo. b) Faz a comida.
7
Quando compra um carro escolhe a cor: A) De acordo com o que é mais fácil de revender ou que estraga menos. b) Que gostou mais.
Sarah Sammy M. Sampaio Neuropsicóloga
Quando vai assistir a um filme:
Quando vai se vestir ou vai às compras: A) Fica no básico, preferindo cores neutras e tende a seguir o que as pessoas têm usado no momento. b) Arrisca, misturando cores, tecidos, texturas e acessórios, tentando criar um estilo próprio. Você gosta de: A) Pensar de forma mais racional. b) Sonhar acordado.
8
Você, geralmente, numa palestra: A) Não gosta de fazer perguntas e sai sem perguntar nada. b) Sempre faz pelo menos uma pergunta, nem que seja para o colega ao lado. RESULTADO Se você respondeu a letra B em mais da metade dessas perguntas, parabéns, pois você tem um grande potencial criativo.
Como seria possível treinar a criatividade de forma simples em sua própria casa? Abaixo estão enumeradas quatro maneiras para esse treinamento:
Produção de texto
Biofeedback
A Criatividade pode ser avaliada/medida e treinada através de novas tecnologias utilizadas na abordagem da neuropsicologia clínica. Muitas pessoas acham que ser criativo é herança genética ou coisa de gênios. Na verdade, a criatividade faz parte do dia a dia de pessoas comuns como eu e você. Ela pode e deve ser estimulada e aprimorada desde a infância. Inúmeras pesquisas mostram que a criatividade é fundamental para um bom desempenho cognitivo. Crianças e adultos, com déficits na criatividade, acabam tendo dificuldades: primeiramente na aprendizagem e posteriormente na área organizacional. Assim, a criatividade passou a ser vista como algo desejável e necessário para a realização pessoal dos indivíduos. Baseando-se na importância do tema, muitas técnicas de avaliação e aprimoramento da criatividade começaram a surgir nos últimos tempos. Uma delas foi o Neurofeedback, que consiste na estimulação de ondas cerebrais capazes de induzir um estado maior de criatividade. A associação de exercícios específicos a essa técnica de estimulação possibilita a potencialização de forma rápida e duradoura da inteligência criativa. Isso porque, atualmente, a criatividade é considerada como um tipo de inteligência, pois abrange várias funções cognitivas, como a inteligência verbal e a inteligência executiva. Se você quer ser bem-sucedido em todos os âmbitos da sua vida, não perca tempo e comece hoje a estimular sua criatividade, você viu que é muito fácil e simples, só precisa querer. Todos os recursos estão em suas mãos, mas se você tem dificuldade para executar essas tarefas sozinho, procure ajuda de um profissional (neuropsicólogo) que poderá te orientar de forma personalizada.
Você pode recortar de uma revista palavras aleatórias e construir um texto que contemple todas elas, ou pode também recortar uma gravura e fazer um texto sobre ela.
Aumento dos seus estímulos no dia a dia
Coma coisas diferentes, vá a lugares que nunca foi, conheça novas pessoas, veja obras de arte, leia poemas, use coisas diferentes no seu visual, entre outros.
Relaxamento da mente
Pessoas muito rígidas possuem dificuldade de ter flexibilidade cognitiva. Logo, possuem muitas restrições mentais, pensando sempre da mesma maneira, tendo dificuldade de achar novas soluções e estratégias para as problemáticas cotidianas. Geralmente são pessoas que sempre cometem os mesmos erros e possuem dificuldade de serem assertivas.
Brincadeiras
Descontrair-se, sorrir e usar o bom humor ajuda a estimular o lado lúdico que, por sua vez, alimenta a mente com boas ideias.
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autoconhecimento e comportamento
Dez sinais de que você está alimentando a vítima que há em você Saia desse vale de lágrimas e lamentações e assuma a responsabilidade de fazer diferente.
vitimização é um traço que aparece com muita frequência nas pessoas que procuram ajuda psicológica em busca de um bálsamo para as dores da sua alma. O maior
empecilho para a mudança desse perfil são as crenças distorcidas e o forte apego à autoimagem idealizada, observada na fantasia de que é sempre o outro o grande causador da sua infelicidade.
Erocilda Gabriel de Lima Psicóloga
É importante descobrir quais são as bases que sustentam essa imagem idealizada. O intuito aqui é apresentar alguns sinais que podem auxiliar você a identificar se faz da vitimização o seu estilo de vida. Seja atento e sincero, pois essa descoberta é o primeiro e mais importante passo para alcançar a transformação que tanto almeja. Vamos a eles?
Você tem bons relacionamentos e se sente aceita e amada pelo seu círculo familiar, de amizade, do trabalho, no seu relacionamento conjugal? Se sua resposta for um “não” para qualquer das perguntas acima, você vai perceber que essa postura lhe traz exatamente o oposto do que você deseja. Então, vamos entender um pouco mais sobre a vitimização e as possibilidades de libertação desse processo em você? O dicionário online de português descreve o vitimismo como: “sentimento de ser vítima; sensação 1) Você sempre se vê como uma excelente de quem está ou foi sujeito à opressão, maus-tratos, pessoa, mas que não teve sorte na vida nem arbitrariedades, discriminação etc. Geralmente de nos relacionamentos? quem tem sempre essa percepção sobre o que lhe acontece: sua vida não avança porque o vitimismo 2) Você acredita que dá o melhor de si e que não a deixa.”. só atrai pessoas que querem se aproveitar Sigmund Freud, pai da psicanálise, nos apresende você? ta o conceito de projeção e caracteriza esse comportamento como um mecanismo defensivo que a 3) Você sempre encontra um culpado ou mente encontra para minimizar a ansiedade. Uma responsável pelo seu sofrimento ou problema vez que os impulsos inconscientes e indesejados são que está passando? projetados em outra pessoa. A “vítima” projeta nas outras pessoas os próprios 4) Você tem mais lamentações do que pensamentos, comportamentos e emoções que são alegrias para compartilhar? julgados como inaceitáveis pela sua mente. Essa forma distorcida de enfrentar a realidade acaba blo5) Você frequentemente fala de fracassos, queando a sua autocrítica e a capacidade de avaliar perdas, traições e dificuldades na vida? racionalmente as situações cotidianas. Podemos perceber esse comportamento nas jus6) Você é expert em fazer grandes sacrifícios tificativas apresentadas diante dos fracassos – “O pelos outros, sem que ninguém lhe peça? meu chefe não gostava de mim e por isso me despediu” ou “Não passei no vestibular por que...” e assim 7) Você sempre se sente carente e exige por diante. atenção, cuidados, apoio e carinho? Uma das estratégias dos vitimistas é a manipulação emocional e, embora ela traga mais benefício 8) Você acredita que sua vida hoje tem muito do que problema em curto prazo, não é o que acona ver com a sua infância sofrida? tece no decorrer da vida, pois as pessoas, do seu círculo de relacionamentos, acabam se cansando 9) Você tem grande apego ao seu passado e de sofrer com as chantagens emocionais e muitas ele continua como referência para suas ações tendem a abandonar a relação. presentes? O forte apego ao vitimismo se dá devido aos ganhos secundários, presentes em todos os quadros de 10) Você não perdoa com facilidade? adoecimento, sejam eles, físicos ou mentais. A “vítima” exige atenção e cuidados que, na maioria das vezes, são dispensados pelos outros na tentativa de não magoá-la. Geralmente é hipersensível, tende a disAgora sugiro que dê uma pausa nessa leitura e avalie torcer qualquer assunto considerando-os como ofencom muita sinceridade: sa pessoal e, consequentemente, cria a maior confusão, ataca e acusa os outros com muita intolerância. Eva Pierrakos informa que muitas vezes essa autoimagem idealizada impõe altos padrões morais que dificultam ainda mais a compulsão em negar a imperfeição presente no momento. O medo de se expor, o disfarce, a tensão, a culpa e a ansiedade reforçam a falsa pretensão imposta pelo eu idealizado e acaba impedindo a pessoa de aceitar-se como é no presente.
O que você recebe de retorno do mundo está lhe deixando feliz?
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Embora existam facetas do eu idealizado que não podem ser consideradas boas, éticas e morais, como é o caso das tendências agressivas, hostis, arrogantes e ambiciosas, muitas vezes são exaltadas por algumas vítimas, por acreditarem que elas constituem prova de força, independência e superioridade. Na maioria dos casos, existe uma combinação dos padrões morais superexigentes com o orgulho de ser invulnerável, distante e superior. Muitas crises pessoais se originam desse dilema interno – o forte apego à autoimagem idealizada, mais do que qualquer outro problema de ordem externa. É muito importante perceber esse padrão repetitivo e como ele se apresenta em sua vida e, partindo dessa percepção consciente, por meio do autoconhecimento, ir se aproximando do seu verdadeiro eu. Quem sou eu realmente? Buscando responder a essa pergunta de maneira profunda, você permite que a sua intuição lhe mostre o caminho a ser seguido como uma oportunidade de crescimento e desenvolvimento. Ao seguir esse caminho, você percebe a autopunição que se impõe quando se vê diante dos fracassos e dos seus sentimentos de raiva, mesmo que projetados nos outros, mas que continuam reverberando contra você mesmo e provocando doenças, perdas, acidentes e fracassos exteriores sob as mais variadas formas. Como saber onde começou esse padrão destrutivo? Em regra ele começa na infância e nas relações parentais. A falta de amor maduro e de afeto suficiente transformou essa carência em feridas, que ainda não foram tratadas adequadamente e continuam clamando de forma, muitas vezes inconsciente, esse retorno ao passado. É somente por meio do autoconhecimento que você poderá chegar a um acordo com as mágoas, decepções e necessidades não satisfeitas e, como adulto, assumir a responsabilidade de realizar em você as mudanças que a criança ferida vem se propondo a realizar, ao recriar situações semelhantes às vividas no passado.
Bibliografia consultada: https://www.dicio.com.br/vitimismo - em 23/01/17 http://www.psiconlinews.com – o vitimismo manipulador - em 23/01/17 https://amenteemaravilhosa.com.br/eu-permito-nao-ser-uma-vitima/ em 23/01/17. FREUD, Sigmund. O Ego e os Mecanismos de Defesa. Porto Alegre: Artmed. 2006. PIERRAKOS, Eva. O Caminho da Autotransformação. São Paulo. Cultrix. 1990.
A partir dessas descobertas e na busca por um estilo de vida mais prazeroso, leve e feliz, um bom começo seria:
1) Aceitar, respeitar e valorizar-se como é, sem medo, sem condenação e sem rótulos. 2) Assumir suas falhas e erros sem projetálos em ninguém.
3) Desistir de resolver os problemas familiares, de amigos ou pessoas próximas e conhecidas, limitando-se apenas a contribuir caso lhe solicitem. 4) Aceitar dar um “não” como resposta às solicitações de terceiros quando não está disponível internamente para atendê-los. 5) Abandonar a necessidade de ser sempre bonzinho/boazinha. 6) Deixar de cobrar e esperar a retribuição das suas ações ou do reconhecimento delas. 7) Parar de culpar as pessoas e assumir a
responsabilidade por tudo que lhe acontece e, a partir daí, fazer escolhas mais assertivas.
8) Ser autêntico e não precisar se esforçar para agradar. 9) Desapegar-se de todos os medos e traumas vividos na infância e assumir a responsabilidade de ser feliz no presente. 10) Agradecer pelas experiências vividas e conseguir praticar o perdão.
A psicoterapia pode ajudar você a ressignificar a sua história pelo desenvolvimento de uma percepção mais realista do mundo e de si mesmo. É preciso parar de olhar para fora e começar a olhar para dentro. Não tenha medo de mergulhar com profundidade. É no fundo do mar que se encontram os tesouros naufragados e também é no mergulho mais profundo no interior do seu Ser que você vai se descobrir e se encantar! Não estou querendo dizer que esse mergulho seja fácil, pois sei das dificuldades e dores a serem enfrentadas, apenas lhe afirmo que vale a pena pagar o preço da transformação. Resgate-se! Vá em busca do seu maior tesouro!
autoconhecimento e comportamento
Para além do princípio do prazer Buscamos o estado emocional ideal. Queremos nos sentir bem interna e externamente. Nosso compromisso não é com a dor, mas com o prazer e a felicidade. Infelizmente não nos sentimos sempre assim. Precisamos lidar com dores e tristezas que são inevitáveis em nossas experiências. E, quando sentimos essas emoções, tentamos escapar delas, como se a dor e o desprazer fossem uma antítese do que queremos ou sonhamos. Queremos ser bem sucedidos e sempre de bem com a vida. Quando algo ocorre fora do nosso alcance, seja uma rejeição ou um insucesso, esmorecemos e deprimimos. Nossa vida interior está sempre direcionada ao prazer, jamais para a dor. É inato. Todos nós nascemos com o compromisso para o sucesso, para sermos amados e bem sucedidos. Buscamos o bem-estar de nós mesmos em todo e
Vitor Santiago Borges Psicólogo
qualquer momento como um instinto tatuado inapagável. Se as coisas não ocorrem conforme nossas expectativas, mudamos de humor. Por que somos tão insaciáveis em tudo o que não precisamos, mas sempre no que queremos? Por que buscamos o tempo todo o nosso desejo e não o nosso crescimento? Porque ignoramos nossa lei natural de crescimento que definirá nossa real felicidade e finalidade. Em 1920, Freud escreveu o texto “Além do Princípio do Prazer”, nele elaborou uma lei de “constância”, em que a quantidade de energia mais baixa possível corresponderia a uma diminuição de quantidade de excitação em nosso organismo psicofísico. Por isso escreveu: “A tendência dominante da vida mental e, talvez, da vida nervosa em geral, é o esforço para reduzir, para manter constante ou para remover a tensão interna devida aos
estímulos”. Quando nos encontramos em um estado de tensão, seja física ou emocional, e dele conseguimos nos liberar, sentimos um prazer de grande efeito. Libertamo-nos da tensão que antes nos atormentava e, enquanto experimentamos essa liberação, um prazer real se manifesta. Freud parte do princípio da homeostase, do equilíbrio psicológico e físico para definir o bem-estar humano. A partir desse princípio, entende que o ser humano sempre busca retornar a esse estado mental e físico em sua experiência, buscando um perpétuo estado de deleite e alívio e não querendo ser subtraído do mesmo. Esse é o princípio do prazer, mas em contrapartida a ele precisamos lidar com a realidade, que nem sempre, e muitas vezes, não atende a essa demanda. Do estado infantil à idade adulta, precisamos experimentar a dor, a frustração e o
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que não queremos encarar. É uma lei evolutiva da qual queremos sempre escapar. E, em nossa experiência emocional, que se torna mais complexa com o passar dos anos, tudo vai se tornando mais sutil. Um sentimento não atendido, uma demanda de nossa parte recusada, forma em nós aquele estado de tensão que não queremos tolerar. Quando fracassamos em uma intenção ou planejamento, a dor se torna complexa, emocional. Quando somos rejeitados e não acolhidos, o processo se desenvolve e se instala em nós em forma de sofrimento. Mas nossa busca perpétua por prazer e pelo bem -estar imediato nos levará à felicidade, àquele estado mental que define a estabilidade do nosso ser? Não! O ser humano é também predestinado à frustração e à dor se quiser evoluir. Sua evolução visa não o prazer, mas a felicidade. E, para sermos felizes, precisamos aprender a sentir a dor, por isso defino aqui três escolas distintas de “felicidade” e somente uma chegará à meta. Primeiro, os bon-vivants, que entendem a vida como usufruto e não como crescimento. Buscam se preencher com o momento presente. Querem gozar de cada momento, sem deixar passar nada! Imóveis, buscam o prazer sempre renovado. O objetivo de vida não é criar e agir, mas desfrutar. Buscam o menor esforço ou apenas o esforço necessário parar encher de novo a taça de vinho. Como palmeiras preguiçosas, estendem-se o máximo possível para recolher os raios do Sol. O homem feliz, para esses, será aquele que souber saborear ao máximo o momento que tem em mãos.
Segundo, os preguiçosos e pessimistas, que encaram a vida como um problema ou fracasso. Sentem-se tão mal colocados diante da vida que a encaram como um constante escapar visando o próprio bem-estar. Para esses, vale menos ser do que mais ser, e o melhor seria “ser de modo algum”. Querem uma vida sem problemas, sem riscos e por isso diminuem os contatos e esforços para não se arriscarem. Abaixam suas luzes e se fecham em suas epidermes e casulos, pois o ser feliz será aquele que pensar, sentir e desejar menos. Por fim, os amantes, para os quais viver é ascender e descobrir, pois vale mais ser do que não ser, buscando tornarem-se sempre mais. Para esses, a felicidade e o bem-estar exigem conquista e crescimento. Querem ir além para chegar a si mesmos. A felicidade e o prazer, sob esse ponto de vista, não é o bem buscado, mas efeito e recompensa de uma consciência alcançada ou um talento descoberto e realizado. É uma consequência do esforço, de uma tensão em direção ao crescimento. Sem buscar diretamente a felicidade, eles buscam a própria consciência. Tomam a posse do seu ser e encaram as próprias sombras querendo ultrapassá-las. Nada realizam, a menos que seja num crescendo. Felicidade de crescimento é a felicidade para os realizados na Terra, buscando conexões fundamentais e vinculações vitais. Sob esse prisma, os seres humanos felizes precisam se desenvolver em três sucessivos movimentos:
CULTIVO DE SI MESMO
O ser humano só se torna humano na condição de se cultivar!
Precisa buscar cada vez mais unidade em suas ideias, sentimentos e condutas. Ser íntegro. Cultivar-se é se apropriar de si mesmo. Ter compromisso em encarar e superar seus conteúdos em forma de apegos e dependência. Lidar com medos e paixões. Aprender com suas dores e ir além delas. Ter vida interior em direção a objetos cada vez mais elevados, a metamotivos e metavalores, como salientou o psicólogo humanista Abraham Maslow. É individuar-se segundo um dos maiores psiquiatras do último século e fundador da Psicologia Analítica, Carl Gustav Jung. O ser humano que se encontra na senda da individuação perde as influências da massa coletiva e se singulariza, tornando-se um ser humano original e consciente de si. Assumindo a substância de sua vida interior, ele se fecunda. Vai além das imagens e representações culturais e coletivas. Encontra-se consigo, tornando-se um ente singular em contato íntimo de descoberta. Um ser humano assim é feliz, pois encontrou sua humanidade. Não foge de si para se tornar refém de representações e imagens estéreis. Simplesmente torna-se, sem se preocupar ou se ocupar com os vícios narcísicos da comparação com os demais.
Autonomia e abertura
Por ter vida interior e contato consigo, o indivíduo não se isola, mas também não depende. Sem dependências emocionais sabe que a felicidade não está no outro, mas em si mesmo, no seu desenvolvimento interior. A ilusão de que outro o fará feliz se dissipa em consequência do seu contato íntimo. Por isso, a partilha é segura e fecunda. Encontra, no outro parceiro e nas demais relações, conexões de troca e não de dependência. Vertido para dentro, sabe viver para fora. A felicidade não está no outro, mas pode ser aquecida na partilha. Quer os outros como parceiros e companheiros emocionais a partir dos quais aquece a própria seiva da vida interior. Não dependência, mas encontro. Nas relações desenvolve um sofisticado senso de seletividade. Não está aberto a ter intimidade e familiaridade com todos, mas somente com aqueles que valem a pena.
Conexão com a Vida e amplitude
Sendo cada vez mais ele mesmo, se esforça por ampliar a base do seu ser na descoberta do que o famoso psiquiatra e fundador da Logoterapia (terapia do Sentido), Viktor Frankl, chamou de “presença ignorada de Deus”. A última e primordial conexão do indivíduo é com o Sagrado, quando encontra seu senso de identidade costurado ao tecido da existência. Em carta ao amigo P.W. Martin, Jung escreveu: “O maior interesse de meu trabalho não é o tratamento da neurose, mas a abordagem espiritual... que é a verdadeira terapia”. E, em outra carta escrita ao amigo Lucas Menz, afirmou: “Descobri que todos os meus pensamentos circulam ao redor de Deus como os planetas ao redor do Sol, e são irresistivelmente atraídos por Ele. Sinto que seria um gravíssimo pecado opor qualquer resistência a essa força”. E, para o padre Victor White, escreveu: “A divina presença é maior do que qualquer outra coisa. Existe mais de um caminho para a descoberta do genus divinum em nós. Essa é a única coisa que importa. Desejei ter a prova da existência de um Espírito vivo e a consegui. Não me pergunte a que preço”. Felicidade, além do princípio do prazer, é aquela base estável que não é dada, mas oferecida a todos que se sentem chamados a conquistá-la. Ela é o resultado de nosso crescimento interior, daquela evolução individual que só compete a nós realizar. Ela não está isenta de dor como também demanda coragem. Mais do que coragem, sobriedade e sensibilidade frente às ofertas contínuas da vida. Começa em nosso olhar e se dilata por todo o nosso ser. É uma lei de evolução e crescimento fundamental. A felicidade é uma escola de seleção em que os selecionados aprenderam a ser a partir de si mesmos. Aprenderam a dar as mãos para a vida aceitando seus desafios, contentamentos e descontentamentos. Ela cresce à medida que o ser humano passa pelas oscilações dos seus momentos visando mais. O além do princípio do prazer é aquele além em que podemos ser a partir do nosso ser. Mas, nesse processo, não temo afirmar: há dores que me são vitais, como também há prazeres que me são mortais.
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autoconhecimento e comportamento
FOCO NO AGORA
O CAMINHO PARA O SUCESSO
Para você que sonha em ter uma transformação na sua vida, mas sente que alguma coisa o trava, o congela, sente que anda em círculos, que repete os mesmos erros e não sai do lugar: este texto é para você! Para se obter sucesso, é preciso ter mudanças em nosso olhar e ações perante a vida. Duas coisas importantes são: ACORDE e AJA! Primeiramente é necessário que você faça uma autoanálise. Pare e reflita sobre como são suas atitudes diante da sua vida: no trabalho, nos estudos, nas relações familiares e nas relações amorosas. Será que em todas essas facetas da vida você está se dedicando?! Você oferece um tempo de qualidade para elas ou apenas passa por essas facetas de forma mecânica e passiva?! Uma outra reflexão importante é saber se você se sente merecedor de tudo o que deseja. Como? Respondendo esse questionamento com sinceridade. Seus pensamentos são mais positivos e otimistas ou mais negativos e pessimistas?! Você sabia que o pensamento é o combustível para nossas ações?! Observe esse pequeno esquema:
PENSAMENTO EMOÇÃO COMPORTAMENTO RESPOSTA FISIOLÓGICA Sarah Sammy M. Sampaio Neuropsicóloga
Você se sente merecedor de tudo o que deseja?
Diante disso, perceba que, para cada pensamento, existe uma emoção associada. Isso porque, para cada pensamento, produzimos certos tipos de neurotransmissores. Por exemplo, se você pensa de maneira negativa o seu corpo libera mais adrenalina, epinefrina e cortisol que, por sua vez, gera uma emoção negativa, como o medo. Consequentemente, você terá um comportamento também negativo, como, por exemplo, deixar de apresentar um trabalho na faculdade, “matar” uma reunião importante, não realizar uma apresentação em público, deixar passar oportunidades. Tudo isso acontece também devido à resposta fisiológica que o caminho do pensamento percorre: o coração acelera, vasoconstrição (mãos frias e com sudorese), tensão muscular, e isso pode levar à paralisação de suas ações. Logo, o medo é paralisante, não apenas por questões emocionais, mas também fisiológicas. Assim, é imprescindível que você mude seus pensamentos para que possa conquistar tudo aquilo que deseja. Mas, como posso fazer isso?! Todas as vezes que o pensamento negativo invadir sua mente bloqueie-o e substitua-o por um pensamento positivo imediatamente. Tomando essa atitude positiva por diversas vezes, o seu cérebro mudará o padrão. Sempre que pensar nas dificuldades, fale para si mesmo: eu posso e eu consigo, repetidamente. Se puder, diga em voz alta. Um outro exercício: todos os dias pela manhã, ao acordar, coloque uma música animada que o motive. Vá para frente do espelho e fale em voz alta: “eu posso, eu consigo, eu sou poderoso(a)” e pule ao mesmo tempo. Isso ativa todo o seu corpo, bem como os seus neurotransmissores e hormônios, liberando citocina, cerotonina e endorfina, o que levará à produção de emoções positivas e de autoconfiança. E assim você terá pensamentos positivos e assertivos. AJA! “A neurociência mostra que nosso cérebro acaba por aceitar e até mesmo procurar o padrão que mais se repete. Nossa mente, buscando por segurança e subsistência, compara nossa vida a telejornais, telenovelas, noticiários, filmes e tudo o mais que nos cerca. Nossa mente passa a acreditar na média dos acontecimentos, que de antemão foram tão corriqueiramente apresentados, e que são de fato normais, aceitáveis e até desejáveis. Então, depois de tantos e tão impactantes estímulos, temos um cérebro programado para repetir uma vida ‘normal’ e ‘medíocre’, sem questionamentos e sem maiores expectativas. “Uma vida abaixo de nossas reais possibilidades potenciais.” (Livro “O poder da ação”. Autoria: Paulo Vieira) O que você deseja, uma vida normal ou uma vida com abundância?! Você é quem decide e realiza. Basta agir, saindo de sua zona de conforto, que é o lugar onde damos nossas desculpas para não fazermos o que sabemos que devemos fazer.
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autoconhecimento e comportamento
O estado de flow e a personalidade autotélica e acordo com relatos biográficos, ao trabalhar no teto da Capela Sistina, no Vaticano, Michelangelo Buonarroti (1475-1564) esteve de tal modo absorvido em seu trabalho artístico, que ignorou a fome, o sono e o cansaço, submetendose ao desconforto até desmaiar de exaustão. Por mais de uma semana, não trocou as roupas e os sapatos, a ponto de a pele dos
VitorSantiago Santiago Vitor Borges Borges Psicólogo Psicólogo
pés se descolarem quando precisou retirá-los. Sua capacidade de persistir no trabalho criativo, desconsiderando a fome e a fadiga, indica que Michelangelo foi o que a Psicologia que estuda a motivação denomina de “personalidade autotélica” – do grego autos (eu), e telos (fim). Trata-se do indivíduo que desfruta significativamente de sua atividade, deixando-se absorver completamente enquanto retira da mesma o máximo de motivação e gratificação. Geralmente, tais pessoas fazem as coisas em razão de si mesmas, do próprio prazer que
extrai delas, em vez de buscarem nas mesmas uma meta, um resultado esperado ou um objetivo externo em relação à atividade. A experiência de realização em torno de determinada atividade não visa um fim, pois o próprio processo já é o fim desejado. É como o escritor que não escreve um livro para se divulgar ou se tornar reconhecido, mas simplesmente porque escrever o faz se sentir vivo e realizado, levando-o àquele estado de profunda gratificação, que os psicólogos que estudam a criatividade e as bases da motivação intrínseca chamam de flow.
Desde os primeiros estudos sobre o processo criativo, realizados na década de 1960, pesquisas qualitativas e quantitativas, que exploram as bases da motivação intrínseca, observam o perfil de pessoas que buscam atividades com grande fervor e dedicação, sem que haja qualquer tipo de recompensa externa para isso. O substrato dessa motivação (flow) exprime o estado de viver em “capacidade total” em torno de um trabalho ou atividade que envolva a experiência criativa. Até o presente, as observações que apontam para o estado de flow o definem como um estado subjetivo que envolve as seguintes características:
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Concentração intensa e dirigida naquilo que se está fazendo no momento 2 3
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Fusão de ação e consciência Perda da autoconsciência reflexiva, ou seja, perda da consciência de si mesmo como ator social Sensação de que pode controlar as próprias ações, sentindo a segurança de que se pode responder ao que quer que aconteça a seguir Distorção da experiência temporal (sensação de que o tempo passou mais rapidamente do que o normal) Experiência da atividade como sendo intrinsecamente gratificante, a ponto do resultado final ser apenas um efeito colateral do processo.
A absorção, ou seja, o flow presente nessas experiências momentâneas de alto rendimento, envolve basicamente uma intencionalidade da atenção. Pela concentração intensa e o envolvimento exigidos para a atividade, ocorre uma fusão entre ação e consciência, em que a última encontra o seu fluxo genuíno na ação criativa, produzindo assim, uma subtração da atenção voltada para o eu. O flow surge no momento em que o eu é completamente apagado do cenário da consciência. Pela ausência de crítica e preocupação com o próprio desempenho, somado a uma postura de mindfulness, caracterizada pela ausência de julgamento, a consciência se expande em direção ao flow profundo. O tempo em que se passa absorvido nesse estado criativo sofre uma distorção por parte da consciência, pois, ao contrário do estado de tédio, passa rapidamente sem que o envolvido o perceba. No dizer dos poetas, o tempo cronológico (objetivo) é superado pelo tempo kairológico (subjetivo, tempo do coração), em razão da experiência de deleite realizada. Pesquisas longitudinais sobre flow levaram os observadores a constatar que sua ativação está diretamente relacionada às conquistas nos estudos, no trabalho e nos esportes. Csikszentmihalti e colaboradores (1993) observaram o desenvolvimento de adolescentes talentosos, durante o ensino médio, e constataram que o compromisso com uma área de talento desde os sete anos se impõe paulatinamente pela identificação dessa área como fonte de flow aos 13 anos. As conclusões que surgem dessas pesquisas sugerem que a força de compromisso, a persistência e as conquistas realizadas pelos adolescentes estão diretamente vinculadas às experiências anteriores de flow. As recompensas intrínsecas desse estado de absorção estimulam não apenas a persistência em torno de uma determinada atividade, mas também a autoconfiança que se desenvolve a partir dela, promovendo uma boa autoestima. O conceito de “personalidade autotélica” vincula-se intrinsecamente ao estado recorrente de flow, pois seu desenvolvimento emerge do envolvimento experimentado em situações que demandam altas habilidades e desafios. A criação da Capela Sistina é um exemplo. Nos estudos de adolescentes norte-americanos, ela se relaciona a estados afetivos positivos, como também à qualidade de objetivos pessoais em que o foco amadurece com clareza a partir do talento. Não é esperada a afirmação “eu quero ser famoso” em uma personalidade autotélica. Ao contrário, sua expressão tende a se caracterizar como “quero ser um talentoso desenhista”.
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Em pesquisa realizada com adultos norte-americanos, Abuhamdeh (2000) observou que, quando comparada com pessoas que não apresentam tais características, a personalidade autotélica opta por situações que estimulem o seu crescimento, envolvendo-se em todas as oportunidades que desafiem suas habilidades. Outra constatação é de que as mesmas tendem a apresentar baixo estresse, pois mantêm seu interesse no quadrante de fluxo (flow). Como o estado de flow promove recompensas intrínsecas para a saúde mental, um dos objetivos da Psicologia Positiva é ajudar as pessoas a identificar as atividades que estimulem o flow, mediante duas perspectivas que perpassem suas rotinas: 1. encontrar e dar forma a atividades e ambientes que conduzam mais a experiências de flow; e 2. identificar características pessoais e habilidades de atenção que possam ser aprimoradas para aumentar as probabilidades de flow. Como o estado de flow e a personalidade autotélica, que dele se desenvolve, se baseiam em um reconhecimento do próprio talento e da área de interesse que o promove, é lícito questionarmos os padrões de desenvolvimento pessoal em torno de nossas atividades desde o ensino fundamental. Vivemos um modelo pedagógico generalista que condiciona os indivíduos a reproduzirem informações comuns em vez de estimular talentos individuais. Essa educação que promove mais a domesticação, em torno da informação, do que o estímulo da aptidão individual vem produzindo indivíduos desplugados dos seus talentos e predicados individuais. Sobreposto a isso, em muitas experiências familiares da atualidade, vemos se
reproduzir a lógica da imposição das expectativas paternas sobre os interesses originais dos seus descendentes. Um indivíduo que nasce com o interesse e talento para ser pianista muitas vezes precisa colidir ou não, dependendo do seu temperamento, se é mais agressivo ou mais passivo, com as expectativas dos seus pais. Pais críticos e cheios de expectativas narcisistas em relação aos seus filhos, ou pais frustrados, que não conseguiram realizar os próprios sonhos, sabotam um talento de forma tão inconsciente quanto inconsequente. Esforçamse em domesticar seus filhos forçando-os aos seus desejos, sem se ocuparem em perceber os talentos e interesses naturais dos seus descendentes. As demandas coletivas solapam e sabotam o desenvolvimento das singularidades, e, como a singularidade é a característica mais profunda e definidora de todos nós, precisamos lutar com afinco, tanto contra a família quanto contra a cultura para nos tornarmos o que realmente somos. Um dos grandes desafios da Psicologia e da Pedagogia atuais é fornecer modelos e parâmetros saudáveis que esclareçam e estimulem os talentos individuais, em vez de generalizar formatos e padrões que dissociem os indivíduos de suas áreas de interesse mais fecundo, vinculadas ao desenvolvimento de suas personalidades. Quanto maior o número de personalidades autotélicas, melhor o desenvolvimento e enriquecimento da cultura em que vivem.
autoconhecimento e comportamento
Será que precisamos estar sempre conectados? m qualquer lugar que chegamos, seja em um lugar público ou privado, não é o sorriso que nos dá boas vindas. Quase todas as pessoas estão ensimesmadas em seus smartphones ou computadores. Muitas vezes nem vemos o rosto de quem está ao nosso lado. Todos, ao nosso redor, estão conectados em alguma rede social ou algum aplicativo. Não conversamos mais, não ouvimos mais o outro. Ficamos invisíveis de uma hora para outra. A observação do que passa, ao nosso redor, ficou em segundo plano. Não olhamos mais as janelas e tão pouco a paisagem que está por trás delas. Com isso, estamos perdendo o olfato (não sentimos mais o cheirinho de um café
saindo na hora), a visão (tudo que está próximo tornou-se distante). O Facebook transformou-se em um diário aberto. Todos os dias nos sentimos na obrigação de postarmos qualquer coisa contanto que o outro nos veja e nos perceba. Seja a casa com piscina, o prato do restaurante que visitamos ou a última viagem que fizemos. Será que precisamos mostrar ao outro tanta felicidade? Por que a felicidade não reside mais no nosso silêncio? Não temos mais segredos, segredos esses que antes só eram compartilhados com pessoas que amávamos ou escondidos nos nossos diários com capas floridas e cadeado. Nossa Subjetividade esvaise. Viramos coletivo. Viramos grupos de Whatsapp (grupos
de família, de trabalho, de clube e tantos outros). Preferimos conversar por um aplicativo do que conversar pessoalmente. Reclamamos da falta de tempo, mas passamos horas registrando tudo o que vemos e, ao mesmo tempo, não prestamos atenção em nada. Não queremos ter uma vida interessante, mas uma vida que pareça ser interessante para o outro. Hoje, viramos máscaras de felicidade, não temos mais o direito de não sorrir. Precisamos recuperar esse direito - o de sermos quem nós somos, sem precisar da aprovação do outro. A internet veio para nos ajudar e não para nos prejudicar. Usemos o tempo a nosso favor. Ah, o tempo... ele está nos convidando para viver. Vamos ouvi-lo?
Maria José Larangeiras de Faria Mendes Psicóloga 41
saúde mental
Tiago Pereira Damaceno Médico com colaboração de Matheus Teles Gomes de Araújo
efeitos cognitivos da depressão e você é familiarizado com as histórias de Harry Potter, personagem de J.K. Rowling, deve se lembrar de um tipo de criatura sombria e amedrontadora, cuja própria presença retira a alegria do ambiente e cujo principal feito é o de sugar as memórias mais felizes de uma pessoa deixando-a apática, lenta e triste. Lembrou? Essas criaturas mágicas são chamadas de dementadores. A editora-chefe da revista mente e cérebro, Gláucia Leal, numa edição exclusiva sobre a depressão, utiliza a figura dos dementadores para ilustrar esse distúrbio mental. De fato, os dementadores apresentam muitas características em comum com a depressão, como a extrema angústia, o desespero e a infelicidade que ambos trazem. No entanto, neste artigo iremos tratar de outros efeitos da depressão, os impactos cognitivos do distúrbio, ou seja, a ação da depressão sobre nossa memória, atenção e sobre nossa tomada de decisões. Em “Harry Potter e a ordem da Fênix”, o quinto livro da saga, Duda Dursley, primo e irmão adotivo de Harry, é atacado por um dementador, porém há um detalhe, Duda é um trouxa (ou seja, ele não é um bruxo) e os efeitos do “beijo” do dementador são devastadores para o pobre colega não bruxo. Duda, além de extremamente triste e desolado, encontra-se temporariamente incapaz de falar, letárgico, com problemas de memória, inapto para tomar suas próprias decisões e impossibilitado de ter um foco de atenção duradouro chegando ao ponto de ser levado ao hospital por seus pais. A depressão tem efeitos, além daqueles mais conhecidos, como a angústia profunda. Esse distúrbio do humor atinge também nossas funções cognitivas e motoras. A doutora Marcia Rozenthal, da UFRJ, relata “Várias são as queixas neurocognitivas presentes durante o estado depressivo, incluindo redução das habilidades atentiva, mnêmica e lentidão do pensamento”. Desde a atenção, a memória e até a rapidez com que se pensa podem ser prejudicadas num quadro de depressão e essas disfunções cognitivas podem se manter mesmo durante as fases assintomáticas. Fontes: Scielo - Alterações neuropsicológicas associadas à depressão Scielo - Aspectos neuropsicológicos da depressão Scielo - Impacto da estimulação cognitiva sobre depressão, ansiedade, cognição e capacidade funcional em adultos e idosos de uma universidade aberta da terceira idade Revista Mente e Cérebro - Edição especial “Depressão como entendê-la e lidar com ela”. Abril/Maio 2016.
No que tange às funções cognitivas, uma das mais facilmente observadas por um profissional da saúde é a atenção. Um efeito observado em todos os tipos de depressão é a alteração da atenção sustentada, ou seja, da capacidade de manter o foco de atenção. A intensidade dessas alterações varia conforme a gravidade do quadro depressivo, mas podem persistir mesmo após a diminuição dos sintomas. Nossa memória também pode ser afetada em distúrbios do humor como a depressão. A psicóloga Patrícia Porto afirma em seu artigo “Alterações neuropsicológicas associadas à depressão” que a aquisição e a evocação de memórias estão entre os domínios cognitivos mais comumente afetados pelo quadro depressivo. A Dra. Porto também relata que os déficits de memória estão diretamente relacionados à depressão em idosos e principalmente em pacientes com histórico de depressão crônica ou recorrente. Pessoas deprimidas geralmente têm dificuldades para tomar decisões, provavelmente pelo fato de que nossas emoções têm um papel importante nesse processo, e num indivíduo deprimido seu emocional encontra-se abalado. A tomada de decisões é mais um domínio cognitivo desequilibrado por esse distúrbio e pacientes com depressão apresentam-se mais lentos no processo de deliberação, além de ser comum a falta de confiança no seu próprio posicionamento, como é demonstrado pelo pesquisador FC Miller em seu estudo Decision making cognition in mania and depression (Cognição da tomada de decisão em mania e depressão), de 2001. Mesmo com tamanha severidade, existem algumas luzes no fim do túnel. Existem várias formas de tratar os déficits cognitivos advindos da depressão, desde medicamentos e exercícios cognitivos até a psicoterapia e a meditação. Estilos de vida saudáveis, com a prática de exercícios físicos, a socialização e as dietas balanceadas podem parecer figurinhas repetidas, mas são, sim, métodos que mantêm cérebro e mente sãos. Então, não deixe de bater aquela bola com seus amigos nas tardes de domingo, sair para dançar ou de frequentar aquele clube do livro.
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saúde mental
TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA E RESPIRAÇÃO ansiedade é uma resposta ao estresse, aos sentimentos de ameaça e à preocupação; porém quando perdura por mais de seis meses, ou apresenta comportamento
desproporcional às circunstâncias, passa a ser considerada Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) que, segundo o manual de classificação de doenças mentais (DSM. IV), a partir dos seguintes critérios:
Sueli da Rocha Gonçalves Psicóloga
Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos 6 meses, com diversos eventos ou atividades.
O indivíduo considera difícil controlar a preocupação.
A ansiedade e a preocupação estão associadas a três (ou mais) dos seguintes sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias, nos últimos 6 meses):
(1) Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele (2) Fatigabilidade (3) Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente (4) Irritabilidade (5) Tensão muscular (6) Perturbação do sono (dificuldades em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto)
O foco da ansiedade ou preocupação não está confinado a aspectos de um transtorno do Eixo I; por ex., a ansiedade ou preocupação não se refere a ter um Ataque de Pânico (como no Transtorno de Pânico), ser embaraçado em público (como na Fobia Social), ser contaminado (como no Transtorno Obsessivo-Compulsivo), ficar afastado de casa ou de parentes próximos (como no Transtorno de Ansiedade de Separação), ganhar peso (como na Anorexia Nervosa), ter múltiplas queixas físicas (como no Transtorno de Somatização) ou ter uma doença grave (como na Hipocondria), e a ansiedade ou preocupação não ocorre exclusivamente durante o Transtorno de Estresse Pós-Traumático.
A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente signi-ficativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (droga de abuso, medicamento) ou de uma condição médica geral (por ex., hipertiroidismo), nem ocorre exclusivamente durante um Transtorno do Humor, Transtorno Psicótico ou Transtorno Inva-sivo do Desenvolvimento.
Fonte: DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais)
Embora dependa de cada indivíduo, os sintomas típicos dos transtornos de ansiedade incluem medo, tensão interior, irritabilidade e dificuldade de concentração. Os sinais físicos podem ser boca seca, tonturas, tensão muscular, sudorese e palpitações – sendo que todos interferem na vida cotidiana. Uma pessoa pode sofrer de mais de um tipo de transtorno de ansiedade ao mesmo tempo e, por vezes, juntamente com outros transtornos de humor, como é o caso da depressão.
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Transtorno de Pânico
Transtorno ObsessivoCompulsivo (TOC)
Transtorno de Ansiedade Social (TAS)
Transtorno de estresse póstraumático (TEPT)
É caracterizado por súbitos ataques de pânico associados a um medo ou nervosismo excessivo. O transtorno do pânico também pode incluir sintomas como a sudorese, dor, cefaleia, náusea, coração acelerados e boca seca.
Provoca pensamentos repetitivos, invasivos e indesejados que resultam em medos irracionais (obsessões) associados, por exemplo, à limpeza, a secreções corporais ou à saúde. Em resposta a esses medos, os doentes podem criar rituais especiais (compulsões), que podem incluir lavagem, limpeza ou banho persistente, verificação constante e repetitiva, manutenção de uma dieta rígida, entre outros.
Leva as pessoas a temer ou evitar situações sociais. A pessoa tem medo de agir de forma humilhante ou embaraçosa.
É causado por um trauma, por um evento terrível que realmente aconteceu na história do indivíduo. A ansiedade, então, advém de medo de pensamentos, lembranças ou sintomas relacionados com a experiência traumática.
O que fazer em relação a esses sintomas?
À parte da recomendação consensualmente aceita de medicação e psicoterapia, existem algumas técnicas bastante simples que podem ser utilizadas a qualquer momento e que interrompem, relativamente rápido, o estado corporal que a ansiedade provoca. Elas podem ser utilizadas tanto no tratamento dos Transtornos Ansiosos como também em caráter preventivo – aos primeiros sinais de ansiedade ou de desconforto emocional.
O uso de técnicas baseadas no controle voluntário da respiração para a redução do estresse e para a promoção do bem-estar biopsicossocial e espiritual tem sua origem em tradições médi-cas remotas, tais como nos rituais e cânticos xamânicos, na ayurveda e yoga da Índia, no qi-gong e na acupuntura da China, nas práticas espirituais da medicina tibetana e também na medicina hipocrática da Grécia.
TÉCNICAS DE RESPIRAÇÃO Respiração diafragmática A respiração tem um papel importantíssimo no processo fisiológico da ansiedade, uma vez que a hiperventilação (respiração rápida, curta e superficial, estilo “cachorrinho”) tem o poder de intensificar os sintomas ansiosos. Sendo assim, a solução é fazer inverso: respirar profun-damente, devagar e, de preferência, pelo diafragma. Experimente enviar o ar inspirado para a região baixa do abdômen, abaixo das costelas. Para auxiliar, você pode imaginar que possui um pequeno balão nessa região e, intencionalmente, enviar o ar para preenchê-lo. Colocar a mão sobre a região ajuda também, pois torna possível
visualizar o movimento abdominal e assim apontar a respiração correta. Inspire pelo nariz e expire pela boca. Faça séries de 10 respirações, sempre contando e dizendo o número em voz alta, e então iniciando o ciclo respiratório em tempos iguais (por exemplo, 3 segundos para inspirar e outros 3 para expirar). Recaptação de CO² Respirar no saquinho - basta expirar pela boca dentro de um saquinho de papel, devagar e pausadamente, e inspirar o ar do próprio saquinho. Faça diversas vezes seguidas, sem tirar a boca de dentro do saquinho.
TÉCNICAS DE RELAXAMENTO Existem diversos tipos de técnicas de relaxamento, todas com o objetivo de obter, basicamen-te, um estado fisiológico agradável e tensões reduzidas. Embora grande parte delas
trabalhem tendo em vista uma sensação de tranquilidade e bem-estar, existem pequenas diferenças técnicas que focam em um ou outro aspectos mais específicos.
TÉCNICAS COGNITIVAS Visualização Visualize, em sua mente, a situação que o preocupa. Talvez você esteja muito ansioso com uma reunião, uma entrevista de emprego ou com contas a pagar. Provavelmente, uma cena “preocupante” já passou pela sua cabeça muito antes de você se propor a fazer um exercício de visualização. São as nossas “imagens mentais”, que podem nos causar extremo desconforto, ansiedade e toda uma extensa gama de sentimentos negativos.
Quando uma imagem mental causa desconforto, nossa primeira tendência é a de interrompê -la. É o famoso “não quero nem imaginar”. No entanto, a técnica aqui trata-se de justamente IMAGINAR. Não interrompa a cena preocupante – vá até o final. Imagine os detalhes, as cores, os cheiros, as pessoas, os diálogos. Deixe a cena se desenrolar, como a um filme que você assiste. Se sentir-se muito ansioso, pratique a respiração diafragmática enquanto visualiza.
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saúde mental
Efeitos
biológicos
de um stress psicológico
Tiago Pereira Damaceno Médico com colaboração de Matheus Teles Gomes de Araújo
Sabe aquela angústia que sentimos quando olhamos no celular e vemos dezoito ligações perdidas da mãe? Ou então aquela sensação ruim quando recebemos uma mensagem do namorado ou da namorada dizendo “Preciso conversar com você”. Pior ainda quando é do chefe, que faz questão de adicionar a palavra “urgente” ao fim da mensagem. Dá até calafrios. Como poderíamos nomear essa emoção ruim? Seria ansiedade? Seria estresse? Ou será uma crise de pânico? Bom, na realidade o que muda seria a intensidades dos sintomas. Não me proponho aqui a discorrer profundamente sobre a diferença entre estresse e ansiedade, o fato é que ambos existem e são reações normais. Há, no entanto, um ponto em que o estresse e/ou a ansiedade se tornam prejudiciais e até patológicos. Tal limite não é muito claro e suas diferenças são sutis, de forma que ambos os conceitos são muitas vezes utilizados como sinônimos. Para o nosso organismo, a diferença é menor ainda, as respostas fisiológicas ao estresse e à ansiedade são similares e elas podem ser benéficas ou prejudiciais para nossa sanidade física e mental. Sabemos que mente e corpo são intrinsecamente conectados. Biológico e psicológico conversam, interagem, influenciam um ao outro de forma mútua. O filme “Divertida Mente”, da Disney e Pixar, ilustra isso de uma forma muito interessante. No longa as emoções da pequena Riley são representadas por personagens vivos e conscientes dentro de sua cabeça. As emoções de desprezo e de nojo são representadas pela personagem Nojinho, cuja função é impedir que Riley coma algo que lhe fará mal. Podemos notar nesse exemplo que emoções de nojo e desprezo (psicológico) impedem que o organismo (biológico) seja prejudicado. Se a mente e o corpo, a psique e o orgânico, estão tão profundamente conectados, como se daria essa interação em condições prejudiciais de estresse e ansiedade? De que formas estímulos aversivos psicológicos poderiam alterar o funcionamento do cérebro, das glândulas e dos outros órgãos? No
livro “Cem Bilhões de Neurônios”, 2005, o doutor Roberto Lent explica essas alterações, dando destaque a algumas respostas fisiológicas, como a liberação de adrenalina, a secreção de hormônios relacionados ao estresse e à baixa da imunidade. Nessas situações mais prejudiciais, os ajustes fisiológicos atingem também o sistema imunológico e endócrino. Então, além de respostas como a taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos), a taquipneia (aceleração do ritmo respiratório), a sudorese, entre outros, há também a liberação de adrenalina e noradrenalina no sistema e essa última, por sua vez, acentua e prolonga as respostas fisiológicas citadas acima. Além disso, os altos níveis de adrenalina e noradrenalina, juntamente com a ativação contínua da amígdala (estrutura cerebral intimamente ligada ao medo e suas reações) levam à ativação conjunta de estruturas neuroendócrinas, denominadas de eixo hipotálamo-pituitária-adrenal. A ativação desse eixo no organismo resulta na liberação de um grupo de hormônios e o mais conhecido é o cortisol, também chamado de hormônio do estresse. O grupo de hormônios do cortisol tem também ação anti-imunitária e anti-inflamatória, de forma que, quando presentes constantemente no corpo, podem abaixar a resistência a infecções. Por exemplo, muitas pessoas ansiosas ou depressiva desenvolvem gastrites, infecções de repetição, piora nas crises de asma ou alergias. Outros possíveis efeitos da ansiedade crônica são o aumento da suscetibilidade do indivíduo a doenças respiratórias e cardiovasculares, sendo especialmente determinante da ocorrência de infarto do miocárdio, segundo o Dr. Roberto Lent. Convém citar uma frase do especialista em psicofarmacologia, Dr. Gerald Crane, também conhecido como “O Espantalho” das histórias do Batman, da DC Comics, “Eu respeito o poder da mente sobre o corpo. É por isso que faço o que faço”. De fato, nosso cérebro produz uma mente que, por sua vez, tem grande influência no organismo, incluindo no próprio cérebro. Para termos saúde plena, precisamos conhecer como nosso ser funciona. Nós não somos apenas um conjunto de átomos ou um aglomerado de células. Também não somos só uma consciência abstrata flutuante. Para sermos completamente saudáveis, precisamos cuidar de todas as partes: mente, corpo e espírito.
Fontes: Livro - Lent, Roberto (2005). Cem Bilhões de Neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo: Editora Atheuneu. Páginas: 663 - 665 Disney - Divertida Mente
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saúde mental
O TRANSTORNO DO PÂNICO E A TERAPIA COGNITIVOCOMPORTAMENTAL O transtorno do pânico é uma doença crônica e corresponde a um transtorno de ansiedade. Atinge cerca de 3% da população e, em geral, inicia-se na adolescência ou no adulto jovem, sendo mais frequente nas mulheres. É considerado uma reação de alerta do organismo a um evento percebido como ameaçador no qual ocorrem fortes sensações de ansiedade no corpo, acompanhadas de pensamentos catastróficos de que o indivíduo está perdendo o controle ou de que está morrendo. No geral, as crises de pânico apresentam pelo menos quatro dos seguintes sintomas: palpitações ou ritmo cardíaco acelerado, suor, tremores, sensações de falta de ar, dor ou desconforto no peito, náusea ou
Vanessa Lucia Suzuki Martins Psicóloga
mal-estar abdominal, boca seca, sensações de tonteira, desequilíbrio e desmaio, visão embaçada, desrealização (sensação de não saber onde se está), despersonalização (sensação de estranheza em relação a si mesmo), formigamento nos membros superiores e inferiores, calafrios e tensão corporal crescente. É importante salientar que existe uma causa química por trás dos sintomas citados acima: a deficiência na fabricação de serotonina. A serotonina é responsável pela produção de uma sensação de bem-estar e, quando essa se encontra numa baixa concentração no organismo, pode resultar em sentimentos de irritabilidade, crises de choro, alterações no sono, etc. A baixa da serotonina também provoca um aumento na noradrenalina e na dopamina, neurotransmissores ligados à angústia, à ansiedade, ao medo e à agressividade.
Um modelo de tratamento muito utilizado foi construído a partir da perspectiva da TCC, pois essa propõe que os ataques de pânico derivam de interpretações erradas de certas condições corporais. RANGÉ (2008, p.176) afirma que, “A suposição é a de que há um processamento inadequado das informações, de tal forma que um estímulo externo (uma mudança brusca da luminosidade, um ruído, um telefonema) ou de um estímulo interno (reconhecimento repentino de sensações de taquicardia, vertigem ou náusea) decorreria uma interpretação de perigo ou ameaça iminente que dispararia, por sua vez, a ativação simpática. As sensações corporais subsequentes “confirmariam o perigo” e gerariam interpretações mais catastróficas ainda. Estas interpretações produziriam mais ansiedade, numa espiral crescente e rápida”.
O tratamento para o transtorno do pânico pode envolver o uso de psicofármacos para reequilibrar a distribuição dos neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e dopamina) e a psicoterapia. O uso de psicofármacos tem como objetivo bloquear os ataques de pânico, diminuir a ansiedade antecipatória, reverter a evitação fóbica, assim como reconhecer e tratar as co-morbidades. Dentro do modelo cognitivo-comportamental, é comum a utilização das seguintes estratégias:
Solução de problemas
O objetivo geral é que os clientes desenvolvam uma grande quantidade de respostas alternativas para lidar com uma situação problema que possibilitam a escolha de respostas mais adequadas e a redução de emoções negativas. O treinamento assertivo que é uma expressão direta, honesta e adequada de sentimentos acompanhada de comportamentos correspondentes deve ser desenvolvido.
Psicoeducação
Consiste no fornecimento de informações sobre o modelo de terapia adotado, o tratamento medicamentoso, o transtorno envolvido e sobre como os sintomas do cliente se encaixam nesse modelo.
Reorientação da vida
Automonitoramento
O uso do Curtograma poderá auxiliar o cliente a verificar o que ele tem feito na vida que o agrada ou o desagrada. É um passo importante para ele saber por onde começar a alterar a sua forma de proceder. A Lista de Desejos, que corresponde a todos os desejos que se possa identificar e inclui desde os de curto prazo até os de longo prazo, proporciona uma oportunidade dele olhar para o amanhã e transformá-lo naquilo que as pessoas gostariam de vivenciar a partir de um determinado momento.
Estratégias de manejo da ansiedade
prevenção de recaídas
É ensinada alguma forma de auto-observação para que ele tenha maior consciência sobre o que está fazendo, pensando e sentindo. O Registro Diário dos Pensamentos Disfuncionais, com treino de reestruturação de um pensamento disfuncional, é uma das técnicas utilizadas para tal finalidade.
A estratégia A.C.A.L.M.E-S.E. dá uma noção sobre atitudes fundamentais a serem adotadas no manejo da ansiedade. Cada letra consiste em uma atitude: A (Aceite sua ansiedade), C (Contemple as coisas à sua volta), A (Aja com sua ansiedade), L (Libere o ar de seus pulmões), M (Mantenha os passos anteriores), E (Examine seus pensamentos), S (Sorria, você conseguiu) e E (Espere o futuro com aceitação).
O cliente deve estar sempre se automonitorando para evitar que novas crises de pânico aconteçam. Questionamentos como: “será que estou sendo mais intolerante com as coisas que acontecem comigo e no meu corpo, será que estou agindo de maneira perfeccionista e exigente demais, será que voltei a pensar de forma mais catastrófica?” são úteis nesse momento.
As técnicas de relaxamento, como: o treino respiratório e a respiração diafragmática também são ótimas estratégias, pois geram uma sensação de bem-estar e tranquilidade. E, por fim, pode-se utilizar a Elaboração da hierarquia de exposição situacional ao medo e à ansiedade, que consiste em construir uma hierarquia de exposição às situações ansiogênicas; o Desmembramento dos objetivos positivos em pequenos passos, que nada mais é do que a subdivisão da estratégia acima e a Exposição situacional gradual e prolongada, como o próprio já diz, é o momento de começar a usar regularmente o que foi estipulado nas fases acima.
Diversos estudos clínicos demonstram a eficácia da TCC no tratamento do transtorno do pânico, pois ela consiste em ensinar ao cliente procedimentos terapêuticos que visam modificação dos pensamentos disfuncionais e a redução dos sintomas físicos da ansiedade e da esquiva fóbica. A melhora e os ganhos terapêuticos obtidos produzem, em geral, aumento da autoconfiança, da assertividade e da autoestima, melhorando a qualidade de vida desses pacientes. RANGÉ, Bernard & BORBA, Angélica. Vencendo o pânico: terapia integrativa para quem sofre e para quem trata o transtorno de pânico e agorafobia. RJ: Cognitiva, 2008.
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saúde mental
Depressão e o sistema imunológico
as histórias de super-heróis, seja nos filmes ou nos quadrinhos, é muito comum encontrarmos algum herói ou heroína que sofreu alterações genéticas
que desencadearam uma série de superpoderes incríveis. Exemplos deles são o Capitão América, o Homem-Aranha, a Mulher Invisível e, um dos meus preferidos, o Incrível Hulk.
Tiago Pereira Damaceno Médico com colaboração de Matheus Teles Gomes de Araújo
Após ser exposto a uma explosão de radiação gama, uma das radiações mais letais para o ser humano, o doutor Bruce Banner transforma-se no Incrível Hulk. Uma criatura com força imensurável, uma capacidade de se regenerar de qualquer ferimento e que fica mais forte conforme sua raiva aumenta. No entanto, o Hulk nem sempre é tão incrível assim. Apesar de sua força extraordinária, o grande verdão não é lá dos mais inteligentes e nem dos mais moderados. Digamos que autocontrole não é seu ponto forte. Na verdade, o que faz com que o inteligentíssimo Dr. Bruce Banner se transforme é uma onda de raiva incontrolável, devastadora e, até mesmo, patológica. Talvez a raiva impetuosa do Dr. Banner possa ser vista como um distúrbio de humor que altera desde suas células e DNA até seu corpo, cérebro e suas capacidades cognitivas. Nos filmes todas essas mudanças geram um ser incrível. Podemos dizer que as mutações do Hulk geram o sistema imunológico perfeito, capaz de curar e sanar qualquer dano ao organismo instantaneamente. Porém, na vida real, as coisas não acontecem dessa forma. Uma exposição à radiação gama, como a que Bruce Banner sofreu, seria fatal para qualquer ser humano. Tal exposição provavelmente prejudicaria o sistema imunológico, poderia gerar um distúrbio de humor, como a depressão, e certamente danificaria o DNA de várias células, gerando múltiplos tumores em todo o organismo. No entanto, para nosso espanto, a depressão, os distúrbios imunológicos e o câncer nem precisam de uma bomba de raios gama para caminharem juntos. Pesquisas sobre a interação do sistema nervoso central e o sistema imunológico vêm ganhando força. Atualmente já é claro que há uma via de mão dupla entre cérebro e sistema imune. Porém quais são essas interações, como elas acontecem e quais são os efeitos observáveis no comportamento do indivíduo são questões que ainda precisam de respostas mais profundas e completas. Alguns estudos, como o de Zorrilla e colaboradores, 2001, demonstram uma baixa no número de células imunes NK (glóbulos brancos particularmente importantes no combate a infecções virais e células cancerígenas) em pessoas com um quadro de depressão e um aumento anormal na produção
de outros leucócitos (células do sistema imune, também conhecidas como glóbulos brancos). Luciana Vismari e colaboradores [1], 2008, relatam que um desequilíbrio na quantidade de um grupo de proteínas imunológicas, chamadas de citocinas, pode induzir sintomas depressivos. De fato, existe todo um conceito de que a depressão pode ser na verdade uma disfunção do sistema imune. Essa ideia é discutida por Brian E. Leonard [2], e ele demonstra que há uma associação entre a falha do funcionamento da serotonina, um hormônio com papel fundamental na manutenção do nosso humor e bem-estar, e um aumento nos níveis de cortisol, também conhecido como hormônio do estresse, e citocinas pró -inflamatórias, proteínas do sistema imune. B. E. Leonard argumenta então que o estresse crônico inicia a depressão ao alterar o sistema imune e o eixo cerebral hipotálamo-pituitária-adrenal:
Bom, sabemos que existem várias práticas saudáveis que auxiliam na prevenção das alterações de humor, como a depressão e a ansiedade, porém isso não quer dizer que nós sempre estaremos livres de tais transtornos. Mas a boa notícia é que os tratamentos, tanto psicoterápicos quanto farmacológicos, estão cada vez mais certeiros e eficazes, nos possibilitando dias bons mesmo em meio às intensas angústias da vida.
Fontes: [1] Luciana Vismari/USP - Depressão, antidepressivos e sistema imune: um novo olhar sobre um velho problema [2] Brian E. Leonard/NCBI - The concept of depression as a dysfunction of the immune system [3] Marvel - Hulk
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saúde mental
QUAL A DIFERENÇA?
O Medo é importante para a autopreservação da espécie, uma vez que libera adrenalina, permitindo que você possa lutar ou fugir em uma situação de perigo. O medo faz parte da nossa natureza, não pode e não deve ser controlado ou inibido. A fobia é um medo exagerado, irracional que paralisa o individuo, ficando assim refém do “medo” que ele sabe que precisa enfrentar, mas é mais forte que
Sarah Sammy M. Sampaio Neuropsicóloga
ele. Muitas vezes vem associado a respostas fisiológicas alteradas como aceleração cardíaca, suor, tremor, falta de ar, dor de barriga, tontura, enjoo entre outras. A fobia traz um prejuízo real para quem sofre desse transtorno. A pessoa acaba deixando de fazer coisas importantes do cotidiano que antes não eram um problema. Diferentemente do medo que vem para que o indivíduo reaja a algo ameaçador, mesmo que seja fugir. Já a fobia o paralisa, de forma completamente irracional e sozinho é quase impossível que ele consiga neutralizar o processo fóbico.
Porque se desenvolve a fobia?
É difícil saber ao certo a origem, pode ser predisposição genética, comportamental (pessoa que tem dificuldade de enfrentar seus medos), ambiental (convívio com pessoas que exageram seus medos). Pessoas que são mais ansiosas têm uma probabilidade maior de gravar um medo como algo fóbico, devido a sua fisiologia, que pode ou não estar relacionado ao um trauma ou a um acontecimento especifico. Geralmente sua causa é multifacetária, englobando vários aspectos.
Quais os tratamentos mais utilizados nos dias atuais?
Hoje em dia, com a evolução tecnológica na área da saúde, temos cada dia mais ferramentas para o tratamento de fobias como:
1
Terapia com realidade virtual: óculos simulador da realidade em 3D. Como é a sessão. O paciente se senta confortável em uma poltrona reclinável parecida com uma cadeira de avião, o óculos simula o paciente fazendo check-in, entrando no saguão de embarque e por fim entrando no avião que também simula decolagem, turbulência e pouso. O indivíduo passa por esse processo de forma sistemática, dessa forma o cérebro vai perdendo a sensibilidade ao objeto fóbico, no caso o avião, e, assim, passa a não ver esse fato como algo ameaçador, já que passou por essa situação varias vezes e nada aconteceu.
Como é a sessão. O paciente se senta confortavelmente em uma poltrona reclinável, o terapeuta coloca sensores em seus dedos e couro cabeludo, a fim de medir suas respostas fisiológicas (batimentos cardíacos, respiração, sudorese e temperatura periférica, velocidade sanguínea e ondas cerebrais). Posteriormente é dada uma atividade para ser executada. Por exemplo: o paciente tem que pensar na barata que é seu objeto fóbico, depois ele vê e toca em figuras ou baratas de borracha (também podemos associar o óculos virtual), feito isso toda a fisiologia do paciente irá mudar, como aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da vasoconstrição, respiração ofegante, a temperatura periférica cai entre outras alterações neurofisiológicas. Logo após o paciente passa por um treinamento a fim de ensiná-lo a controlar todas essas alterações fisiológicas, para que na vida real ele saiba como administrar os sintomas de forma consciente e racional. Ao longo do tratamento, o que era fóbico passa a ser normal ou apenas medo ou receio, já que o paciente não terá mais a associação com reações fisiológicas intensas, o que caracteriza a fobia.
Precisa tomar remédio?
2
Biofeedback, neurofeedback e neurometria São ferramentas de tratamento que também utilizam a dissensibilização sistemática, porém a dissensibilização acontece por meio do controle fisiológico, e o paciente visualiza o objeto fóbico e treina suas respostas fisiológicas para que fique menos ansioso e logo mais relaxado.
A necessidade de se medicar o paciente irá depender do nível fóbico em que ele se encontra; para isso é importante se fazer uma avaliação psicológica e psiquiátrica. Em alguns casos específicos, a utilização medicamentosa será imprescindível para o êxito do tratamento, devido a grandes alterações fisiológicas e comorbidades associadas, que poderão dificultar o tratamento do paciente, pois ele precisará ter condições para enfrentá-las.
Quais são as fobias mais comuns? Altura (acrofobia) Lugares cheios e multidões (agorafobia) Aranhas (aracnofobia) Baratas (catsaridafobia) Cachorros (cinofobia) Lugares fechados, como elevadores ou aviões (claustrofobia) Escuro que persiste após a infância (escotofobia) Falar em público (glossofobia) Sangue (hematofobia) Dentistas (odontofobia)
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saúde mental
VACINA CONTRA O STRESS odos nós já passamos por situações adversas. Desde ocasiões constrangedoras até as experiências mais traumáticas de nossas vidas. Você se lembra daquele vexame que passou pela primeira
vez na frente dos seus colegas de escola ou até mesmo do trabalho? E daquele fim de relacionamento que realmente o marcou e deixou uma cicatriz? Talvez, ao pensar nessas coisas, você ainda sinta uma ponta de dor ou constrangimento.
Tiago Pereira Damaceno Médico com colaboração de Matheus Teles Gomes de Araújo
Cada um reage diferente a essas experiências negativas. Alguns sofrem brevemente e logo se recompõem, enquanto outros podem chegar a desenvolver distúrbios psiquiátricos, como a depressão, porém, cada caso é um caso. No entanto, para esses indivíduos, a dor é inevitável e, de fato, não se pode evitar momentos de dor enquanto se está vivo. Apesar dessa dura realidade da vida, nós ainda temos a capacidade (e a esperança) de melhorarmos nossa existência. Que tal combatermos as patadas do mundo aumentando nossa resistência mental? Talvez, ao melhorar nossa capacidade de recuperação, após eventos traumáticos, nós possamos nos encontrar mais positivos diante das duras realidades da vida, talvez evitando até mesmo a depressão ou o distúrbio do estresse pós-traumático. Situações de estresse representam os principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças psiquiátricas, como a depressão profunda ou o transtorno do estresse pós-traumático. No entanto, o cérebro humano possui mecanismos de proteção que nos conferem resiliência a situações adversas, ou seja, nos dão resistência mental para que não desenvolvamos transtornos de humor em qualquer situação de estresse. A resiliência ao estresse varia de indivíduo para indivíduo, no entanto, existem grupos de pessoas que são constantemente expostas a situações potencialmente traumáticas, como policiais, bombeiros, funcionários de centros hospitalares de emergência ou militares em situações de guerra, e, ao aumentar a resiliência mental desses grupos, nós poderíamos possivelmente protegê-los contra o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos induzidos pelo estresse. Imagine como seria interessante medicamentos que funcionassem como vacinas contra a depressão, prevenindo transtornos depressivos em vez de apenas amenizarem seus sintomas como os medicamentos tradicionais. Verdadeiros potencializadores da resiliência mental. Assim como a vacina contra o tétano ou contra a tuberculose, essas “paravacinas” - ou seja, algo semelhante a uma vacina - nos tornariam imunes aos efeitos deletérios do estresse.
Bom, fico feliz em informar que tais compostos já existem. Ainda são poucos e as pesquisas sobre o assunto também estão em suas fases iniciais, mas as tais “paravacinas” já estão disponíveis no mercado. Um anestésico muito comum atualmente é o Calypsol - não, não é a banda de forró - porém, no ano de 2015, Rebecca Brachman, uma pesquisadora pioneira do campo da psicofarmacologia preventiva, publicou um trabalho em que ela observou que o anestésico agia também prevenindo comportamentos depressivos em camundongos. Em seus estudos, a Dra. Brachman também relata que o composto age não só no nível comportamental, mas também no nível fisiológico, ou seja, no organismo dos animais. A cetamina, uma droga anestésica e principal agente do Calypsol, foi utilizada pela Dra. Brachman para testar seus efeitos protetores contra comportamentos depressivos. Nesse estudo, um grupo de camundongos recebeu a cetamina e outro recebeu uma substância placebo e, após uma semana, ambos os grupos foram submetidos a estresses sociais e tiveram hormônios relacionados ao estresse administrados de forma crônica em seus organismos. Os resultados mostraram que os camundongos que receberam a cetamina preventiva foram protegidos contra os efeitos negativos do estresse mesmo após 3 semanas da administração da cetamina, enquanto que os animais que receberam placebo foram acometidos pelos comportamentos depressivos. Podemos concluir, dos dados apresentados pela Dra. Brachman, que a cetamina pode induzir uma resiliência persistente contra o estresse e que por isso pode ser um tratamento útil contra distúrbios por ele induzidos. A ideia de que medicamentos podem ser utilizados de forma preventiva é um tanto quanto recente no campo da psiquiatria, porém ela pode de fato ser o futuro. Talvez, daqui a cinquenta anos, as pessoas olhem para a depressão da mesma forma como nós olhamos para a tuberculose, como uma doença do passado. Citando a Dra. Brachman “Esse pode ser o início do fim da epidemia na saúde mental”. Fontes: TED X - Could a drug prevent depression and PTSD? Science Direct - Ketamine as a Prophylactic Against Stress-Induced Depressive-like Behavior Rebecca Brachman
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saúde mental
Alzheimer
Tiago Pereira Damaceno Médico com colaboração de Matheus Teles Gomes de Araújo
A maioria das pessoas, incluindo uma parte dos profissionais da saúde, não tem ideia, em termos de mortalidade e morbidade, sobre quais são as principais doenças que afetam o cérebro e a mente. Uma das maiores preocupações para a saúde pública, tanto em países desenvolvidos quanto nos que estão em desenvolvimento, são as doenças neurodegenerativas. Entre essas doenças, a mais conhecida é o mal de Alzheimer, como ficou conhecido o quadro demencial mais comum na população humana e que causa grande impacto na vida social, econômica e familiar. A demência de Alzheimer apresenta um crescimento exponencial com promessa de quadruplicar nos próximos 40 anos. A doença é ainda pouco elucidada; trata-se da formação de placas de um grupo de proteínas chamadas de beta-amiloide e que ainda são pouco conhecidas. O acúmulo dessas placas proteicas entre os neurônios gera uma desorganização imunológica cerebral, evoluindo com a perda de conexões cerebrais e, por fim, morte celular, ocasionando a diminuição do volume do cérebro, que pode ser observado numa ressonância magnética. A doença tem maior incidência em pessoas com 65 anos para cima, sendo mais frequente em mulheres. O diagnóstico não é dos mais simples. O primeiro passo é a investigação minuciosa para que sejam descartados possíveis quadros reversíveis como deficiências em vitaminas, infecções, tumores, efeitos colaterais de outras medicações, AVC, depressão, distúrbio do sono. Alguns neurocientistas dividem a doença em três estágios:
Estágio I pré-sintomático
Geralmente a cognição permanece intacta; há a deposição lenta do peptídeo (beta-A), apesar dos níveis elevados da proteína beta-amiloide que podem ser sugeridos pela tomografia por emissão de pósitrons (PET).
Estágio II
Início dos sinais clínicos como comprometimento insidioso das funções cognitivas, início da morte neuronal e, com isso, da diminuição do volume cerebral, que pode ser melhor reconhecida pela avaliação com a RM (ressonância magnética).
Estágio III
Estágio final da doença, início dos problemas cognitivos ou comportamentais graves, além da perda acentuada de volume cerebral (perde-se 5% da massa encefálica por ano enquanto o idoso saudável perde 1%).
Região anatômica dos lobos temporais
Os danos começam pelos lobos temporais (regiões laterais do cérebro, na altura das têmporas) e, consequentemente, a memória declarativa ou explícita − necessária para recordação de experiências e acontecimentos − é a mais prejudicada. Outra área afetada é o hipocampo, que é fundamental para o processamento de informações e a capacidade de fixação, o que torna tarefas cotidianas, como se vestir ou manter uma conversa ao telefone com um amigo, cada vez mais difíceis.
Região anatômica do hipocampo
Infelizmente, a grande maioria só tem acesso ao diagnóstico e tratamento nos estágios finais da doença, principalmente quando se tem muito pouco a fazer. Pessoalmente, vejo a doença como uma das mais graves e tristes afecções; por vezes digo que ela parece “roubar a essência da alma”. Realmente me frustro ao ver que a pessoa não apresenta melhoras, no sentido de que ela não pode ser curada e nem regredir seus sintomas, podemos apenas desacelerá-los com tratamentos paliativos. E, é claro, não é somente a pessoa que sofre, toda a família e os amigos mais próximos são afetados por essa situação, de forma que nós, profissionais da saúde, devemos tratá-los com igual importância durante toda a intervenção. Alimentação equilibrada, exercícios físicos, não fumar, não consumir bebidas alcoólicas de forma abusiva parecem até recomendações clichês, mas ainda são as formas mais eficientes de nos afastarmos do quadro. A maioria das pesquisas recentes indicam que a estimulação cognitiva associada ao mal de Alzheimer em seus estágios mais precoces poderia prolongar mais anos de vida e dar mais vida aos anos.
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saúde mental
Tiago Pereira Damaceno Médico com colaboração de Matheus Teles Gomes de Araújo
O cérebro humano é base para uma mente realmente incrível e única; tal singularidade coopera para que sejamos os autores de feitos inéditos no planeta Terra. O simples fato de estarmos contemplando nossa própria natureza é um exemplo. No entanto, com um cérebro tão complexo, é razoável que tenhamos distúrbios mentais igualmente exóticos em situações de lesão cerebral. Realmente, danos diretos ao cérebro são capazes de provocar as mais inusitadas falhas em nossos processos mentais. Existem, por exemplo, lesões específicas que podem danificar o sentido da propriocepção, nossa percepção de nosso próprio corpo no espaço, podendo fazer com que a pessoa não saiba dizer onde seus membros estão a não ser que ela olhe para eles. A seguir, conheça uma lista com dez disfunções mentais um tanto quanto extraordinárias.
Apotemnofilia
Distúrbio neurológico em que uma pessoa, sob outros aspectos seja mentalmente capaz, deseja ter um membro amputado para se “sentir inteira”. Também chamada de transtorno de identidade da integridade corporal.
Síndrome da mão alienígena
Sensação de que a própria mão está à mercê de uma força exterior incontrolável, o que resulta em seu movimento real. A síndrome provém em geral de uma lesão nas regiões cerebrais do corpo caloso (região que liga os hemisférios cerebrais) ou no cingulado anterior (estrutura próxima ao corpo caloso relacionada à tomada de decisões).
Síndrome de Capgras
Síndrome rara em que a pessoa está convencida de que parentes próximos - em geral pais, cônjuges, filhos ou irmãos - são impostores. Ela pode ser causada por danos entre áreas do cérebro que lidam com o reconhecimento facial e aquelas que controlam respostas emocionais. Uma pessoa com síndrome de Capgras poderia reconhecer as faces de uma pessoa amada, mas não sentir a reação emocional normalmente associada a ela. Também chamada de delírio de Capgras.
Prosopagnosia
Transtorno caracterizado pela incapacidade da pessoa reconhecer faces humanas vistas anteriormente e aprender outras faces. A pessoa pode inclusive ter dificuldade de reconhecer o próprio rosto em fotos ou no espelho. Também há relatos de pessoas com prosopagnosia que apresentam dificuldades em diferenciar animais, como cães e gatos. O transtorno é explorado em alguns filmes como “Visões de um crime”, dirigido por Julien Magnat, o em que uma mulher sobrevive ao ataque de um assassino, porém ela acorda com prosopagnosia e não consegue mais reconhecer o rosto do criminoso. Existe um caso verídico (disponível nas fontes, no fim do artigo) de uma mulher que sobreviveu a um tiro na cabeça e desenvolveu o transtorno após o ocorrido.
Visão cega
Condição em que indivíduos efetivamente cegos em decorrência de danos diretos no cérebro, córtex visual, conseguem desempenhar tarefas que pareceriam comumente impossíveis, a menos que eles pudessem ver os objetos. Por exemplo, eles podem indicar objetos e descrever se eles estão na vertical ou na horizontal, ainda que não possam perceber conscientemente o objeto. A explicação parece ser que a informação visual viaja através de duas vias no cérebro: a via antiga e a via nova. Se somente a via nova estiver danificada, a pessoa pode perder a capacidade de ver um objeto, mas continuar ciente de sua localização e orientação no espaço.
Síndrome de Cotard Síndrome de Koro
Distúrbio que aflige homens, geralmente jovens e particularmente comum a jovens asiáticos, em que se desenvolve a ilusão de que o pênis está encolhendo e pode acabar caindo. Existe também o inverso dessa síndrome, que, por sua vez, acomete em geral homens idosos em que a ilusão é de que seu pênis está se expandindo.
Membro fantasma
A sensação de existência de um membro perdido por acidente ou amputação. Por exemplo, muitos casos são de veteranos de guerra que perderam um dos membros, como um braço ou uma perna, mas que relatam sentirem dores ou coceiras em seus braços e pernas perdidos.
O uso do Curtograma poderá auxiliar o cliente a verificar o que ele tem feito na vida que o agrada ou o desagrada. É um passo importante para ele saber por onde começar a alterar a sua forma de proceder. A Lista de Desejos, que corresponde a todos os desejos que se possa identificar e inclui desde os de curto prazo até os de longo prazo, proporciona uma oportunidade dele olhar para o amanhã e transformá-lo naquilo que as pessoas gostariam de vivenciar a partir de um determinado momento.
Sinestesia
Condição em que uma pessoa percebe algo num sentido além daquele que está sendo estimulado, como, por exemplo, sentir um gosto (paladar) de uma forma geométrica (visão), ou ver a cor (visão) de um som (audição). A sinestesia não é apenas uma maneira de descrever experiências, como as metáforas que um escritor usaria; os sinestesistas realmente experimentam as sensações. Uma possível explicação é que as vias neurais relacionadas aos sentidos não foram completamente dissociadas umas das outras, durante o desenvolvimento neural, nas fases embrionárias e no início da infância.
Agnosia
Transtorno raro caracterizado por uma incapacidade de identificar objetos e pessoas, embora os sentidos, como a visão ou audição, estejam funcionais e nem haja qualquer perda significativa de memória ou intelecto. Ou seja, o ser humano olha para uma maçã, um relógio ou seu próprio rosto no espelho e não consegue dizer o que está vendo.
Talvez você esteja um pouco cético diante de condições tão incomuns; algumas até parecem terem saído de um filme de ficção científica. E, de fato, várias dessas disfunções mentais são abordadas em obras cinematográficas. Mas toda essa lista foi retirada do livro “O que o cérebro tem para contar” do neurocirurgião e cientista Dr. V. S. Ramachandran, que atualmente trabalha na Universidade da Califórnia em São Diego.
Fontes: Livro - Ramachandran, V. S. (2014). O que o cérebro tem para contar: Desvendando os mistérios da natureza humana. Editora Zahar. Arquivos brasileiros de neurocirurgia - Prosopagnosia após ferimento por arma de fogo: relato de caso BVS - Prosopagnosia congênita: relato de caso
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Terapia moderna
Check-Up Cerebral
O Check-Up Cerebral, o mais novo serviço do IMPI, tem como objetivo estimular a prevenção das doenças do cérebro e garantir uma melhor qualidade de vida Texto: Larissa Corumbá
Monitore-se!
O Check-Up Cerebral é o que há de mais moderno e atual nas clínicas de primeiro mundo. Ao observar essa tendência mundial, a neuropsicóloga e diretora-presidente do IMPI, Francisca Sampaio Leão, decidiu implantar essa novidade no Instituto de Medicina e Psicologia Integradas (IMPI). O serviço, que deve ser lançado a partir de março de 2017, é o primeiro Check-Up Cerebral de alto nível de todo o país e tem como objetivo estimular a prevenção das doenças relacionadas ao cérebro, com a finalidade de garantir uma melhor qualidade de vida.
“O cérebro é o órgão mais importante do nosso corpo e, como a nossa expectativa de vida aumenta a cada dia, precisamos cuidar muito bem dele, constantemente”
diz Francisca Sampaio Leão. “Muitas vezes, quando o médico encaminha o paciente, ele já vem com a doença em estágio avançado e nesse caso, infelizmente, o tratamento torna-se mais difícil e prolongado. Se o paciente faz o Check-Up Cerebral regularmente e, em algum momento, um exame apontar uma alteração inicial em alguma função do cérebro, é possível reabilitá-la sem que hajam maiores danos”. Além de verificar a cognição, marcadores biológicos e funcionais, o Check-Up Cerebral oferecido pelo IMPI também atua na prevenção de doenças como Acidente Vascular Cerebral (AVC), Alzheimer e demais doenças do cérebro. O Check-Up Cerebral do IMPI acontece em cinco etapas. Na primeira delas, o paciente é acompanhado por um neuropsicólogo que, por meio de testes, mede os níveis de ansiedade e depressão. Em seguida, o neuropsicólogo realiza testes cognitivos que avaliam funções cerebrais como a memória, percepção, atenção, associação, dentre outros fatores. Após esses testes, é realizado o Exame Funcional, que verifica os marcadores neurofisiológicos (predomínio de ondas cerebrais, batimentos cardíacos, temperatura periférica, reserva funcional, resposta fisiológica, entre outros) e a fisiologia do sistema autonômico simpático e parassimpático do paciente. Por meio desse exame, é possível identificar transtornos de ansiedade, reserva funcional, intolerância à glicose, hiperatividade, intolerância alimentar, transtornos digestivos, capacidade de relaxamento, bem-estar emocional, esgotamento cerebral, fluxo sanguíneo, transtornos respiratórios, exaustão, tensão nervosa, intoxicação, dentre outros. Logo após, é solicitado pelo médico uma bateria de exames de sangue que vai verificar marcadores biológicos como, por exemplo, a quantidade das vitaminas e enzimas presentes no cérebro do paciente. Por fim, os resultados de todos os exames e testes são encaminhados para o médico, que entrega o laudo ao paciente. Caso seja observada qualquer alteração nos resultados dos exames, o paciente recebe as orientações para começar o tratamento, que também acontece nas instalações do IMPI. Francisca diz que qualquer pessoa pode fazer um Check-Up Cerebral, principalmente a partir dos quarenta anos, “porque algumas doenças relacionadas ao cérebro podem surgir precocemente a partir dessa idade”.
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Terapia moderna
NEUROMETRIA
Potencialize as suas capacidades cerebrais! Além de ser bastante eficaz no combate e na prevenção de vários transtornos mentais, a Neurometria também potencializa a alta performance e garante melhorias na saúde física dos pacientes Instituto de Medicina e Psicologia Integradas (IMPI) tem grande preocupação em sempre oferecer aos pacientes tudo o que há de mais moderno e eficiente em termos de tecnologia na área da saúde mental. Seguindo essa regra, um dos serviços disponíveis em nossa clínica é a Neurometria, uma técnica atual e efetiva indicada principalmente
Texto: Larissa Corumbá
para aqueles que desejam combater ou prevenir transtornos de ansiedade, dificuldades de aprendizagem, fobias e depressão. Esse método monitora e identifica o predomínio de ondas do cérebro, realiza uma Análise Funcional e treina o Sistema Nervoso Autonômico e Cognitivo do paciente, com o objetivo de melhorar a saúde física, mental e potencializar a alta performance.
A sessão da Neurometria começa quando o neuropsicólogo conecta eletrodos nos dedos e na cabeça do paciente. De acordo com a Sarah Sammy, neuropsicóloga do IMPI, esses eletrodos captam os sinais neurofisiológicos e transmitem os dados a um monitor, permitindo que o paciente acompanhe todas as alterações em tempo real. Ao final de cada sessão – que varia entre 40 minutos e 1 hora –, um treinamento específico é realizado exclusivamente para cada paciente. “Ele leva esse treinamento para a casa por meio de um Indutor de Ondas Cerebrais (IOC). Esses exercícios são frequências que devem ser escutadas diariamente, por pelo menos 30 minutos, até a próxima sessão, na semana seguinte”, explica a Sarah Sammy. Esses áudios funcionam como um “dever de casa” e têm como finalidade fortalecer as sinapses geradas durante a sessão da Neurometria. “O paciente pode escutar o IOC quantas vezes desejar, desde que haja um intervalo de 3 a 4 horas entre os áudios.” A Neurometria é um método não invasivo, que não apresenta efeitos colaterais e que pode ser realizado por pessoas de todas as idades. “O tratamento deve durar em média de 3 a 6 meses, mas tudo depende da patologia a ser tratada e da disciplina do paciente durante as sessões”, diz. Em 2014, a servidora pública Juliana Bonfim, de 30 anos, começou a tratar uma ansiedade generalizada no IMPI. Como sugestão terapêutica para o transtorno, foi sugerido que ela iniciasse as sessões de Neurometria, juntamente a uma psicoterapia de linha cognitivo-comportamental. “Dependendo do grau da patologia a ser tratada, o paciente deve realizar uma psicoterapia ou tomar medicamentos ao mesmo tempo em que realiza a Neurometria, a fim de potencializar os resultados da técnica”, explica Sarah Sammy. Juliana se queixava de um problema severo de ansiedade, acompanhado por desatenção, falta de concentração, insônia e uma agitação mental intensa. “Sentia-me exausta de tanto pensar, dormia muito mal – quando dormia – e a ansiedade excessiva que eu possuía estava prejudicando minha vida acadêmica, profissional e afetiva”, relata. A primeira sessão da Neurometria ocorreu em setembro daquele mesmo ano. Ainda no decorrer do tratamento, Juliana percebeu mudanças comportamentais, redução da ansiedade, melhoria na qualidade de vida, maior conhecimento corporal e controle dos pensamentos angustiantes. “Isso me animou bastante”, diz. A funcionária pública comenta que os resultados da Neurometria superaram as suas expectativas. “Nunca mais tive crises de ansiedade, meu sono melhorou bastante e minha autoestima também”. Ela afirma que, devido ao controle da ansiedade, a Neurometria melhorou a sua cognição e
proporcionou progressos na saúde física, reduzindo gripes, infecções e problemas intestinais. Juliana também ressalta a importância dos treinamentos gerados pelo IOC a serem realizados em casa, no intervalo entre as sessões. “A Neurometria não é um tratamento que se limita apenas ao consultório. Para mim, os exercícios foram fundamentais para o sucesso do meu tratamento”, exclama. Para Sarah Sammy, essa técnica potencializa o que já é bom e trata o que está fora dos parâmetros. “A Neurometria consolida as mudanças no sistema nervoso, no emocional e no comportamental do paciente. É um método rápido e eficiente”, finaliza.
SAIBA MAIS!
Estes transtornos, distúrbios e dificuldades podem ser combatidos ou prevenidos pela Neurometria:
Depressão Ansiedade Estresse Dependência química Cefaleia tensional Enxaqueca Dores crônicas Fibromialgia Bruxismo Transtornos de ansiedade Transtornos do humor Distúrbios respiratórios Distúrbios do sono Distúrbios de atenção Distúrbios cardíacos Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade – tdah Transtorno obsessivo compulsivo – toc Síndrome do pânico; Dificuldade em fazer provas Dificuldade de raciocínio lógico Dificuldade de leitura e interpretação Dificuldade de memória Dificuldades de aprendizagem em geral A Neurometria também é uma técnica complementar no tratamento para baixo rendimento escolar e desmotivação para o estudo.
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Terapia moderna
Neuroterapia
a terapia do futuro
Neuroterapia consiste na utilização terapêutica de diferentes estratégias de Neurofeedback, com o objetivo de diminuir os sintomas resultantes de disfunção do Sistema Nervoso Central. É uma forma de tratamento não farmacológica, não invasiva, sem efeitos secundários, e é eficaz numa grande variedade de condições médicas e psicológicas. A neuroterapia foi criada para trabalhar o indivíduo “de dentro para fora”, principalmente a modulação cerebral, mudando circuitos cerebrais que não são funcionais para aquele determinado indivíduo. Por exemplo, no caso de ansiedade e depressão, podemos mudar o cérebro desses indivíduos para que o trabalho comportamental possa ser realizado de forma mais rápida e permanente, uma vez que o paciente aprende a identificar as causas fisiológicas da sua patologia e assim aprende também a modificá-las. Mudar comportamentos não é tarefa fácil, principalmente quando nosso cérebro e nossa fisiologia já possuem padrões próprios de funcionamento que sempre se repetem. O fisiológico é muitas vezes mais forte que nossa vontade de mudar o comportamento. Assim, uma pessoa impulsiva e explosiva pode não conseguir se controlar mesmo depois de muito tempo de terapia. A causa pode estar muito mais ligada à fisiologia, como excesso de adrenalina (aceleração dos batimentos cardíacos), estresse da suprarrenal (produção de cortisol em excesso), SNA simpático demasiadamente elevado em comparação ao parassimpático; predominância de vasoconstrição (menos sangue nas periferias – mãos frias e com sudorese), alteração respiratória, entre outras alterações fisiológicas que tornam o indivíduo mais propenso a um certo tipo de comportamento. Quando se muda e se adequa essa fisiologia, pode-se também mudar o comportamento e as emoções desse indivíduo.
Outro exemplo: no momento de um trauma, a circuitaria cerebral também grava marcadores neurofisiológicos como:
Velocidade cardíaca Índice barorreflexo (hiperventilação) Frequência simpática do momento Contração muscular Atividade cerebral do momento.
A partir desses marcadores, é possível driblar e recriar a circuitaria/engrama, trabalhando o paciente de forma mais rápida, em vez de trazer à tona a memória negativa (que, em alguns casos, pode até fortalecer a circuitaria/engrama). A Neuroterapia também é uma psicoeducação, uma vez que aprendemos que o sistema nervoso autonômico não é tão autonômico assim. Dessa forma, podemos aprender a mudar nossa fisiologia através de diversos exercícios.
Sarah Sammy M. Sampaio Neuropsicóloga
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Como é a sessão de neuroterapia?
O paciente se senta em uma poltrona confortável, o terapeuta coloca eletrodos em pontos estratégicos a fim de medir os marcadores fisiológicos, bem como avaliar o predomínio de onda cerebral. Os eletrodos podem ser posicionados na orelha, nos dedos, no couro cabeludo ou em uma máscara (para avaliar a respiração). A localização exata dos eletrodos bem como as atividades desenvolvidas são determinadas em uma avaliação preliminar. Todo o processo de tratamento se dá com o paciente conectado a esses eletrodos que possuem a função de captar os sinais fisiológicos e enviá-los para um software específico que, por sua vez, fará a interpretação dos dados. O paciente, por intermédio de um monitor, poderá acompanhar tudo em tempo real. Ele verá como seu corpo e seu cérebro reagem perante algo que o deixa ansioso e estressado e logo depois terá a oportunidade de mudar sua fisiologia de forma consciente. Assim, quando o mesmo fato ocorrer fora do ambiente monitorado (na vida real), ele saberá exatamente que estratégia utilizar para se acalmar, tal qual fez no consultório.
Qual o tempo de duração da sessão? De 40 minutos a 1 hora e 20 minutos.
Quais são as indicações para se tratar com neuroterapia? Ansiedade Depressão Pânico Fobias Insônia Déficit de atenção Problemas de aprendizagem Alterações Neurológicas Estresse Aumento do potencial cerebral Enxaqueca
Quanto tempo dura o tratamento?
A duração do tratamento acontece de forma diferente para cada indivíduo, dependendo de algumas variáveis. A mais importante é a disciplina, já que o paciente leva exercícios para fazer em casa. Isso porque o cérebro aprende através de repetição e quanto mais o indivíduo fizer os exercícios, mais rápido ele verá o resultado. Pode-se dizer, no entanto, que o tratamento dura em média de 3 meses a 1 ano.
Cabe ressaltar que não é apenas um tratamento, mas também uma forma de melhorar o que já está bom, aumentando o potencial cognitivo, atrasando o envelhecimento do cérebro e melhorando sua produtividade. Logo, a neuroterapia atua também de forma preventiva.
Terapia moderna
Estimulação magnética transcraniana Texto: Larissa Corumbá
A Estimulação Magnética Transcraniana é um tratamento eficaz no combate, principalmente, à depressão e à ansiedade; No IMPI, a técnica é realizada por profissionais capacitados e com uma das melhores tecnologias da área.
Para o cérebro cansado: Estimulação
Há cerca de quatro anos, o advogado Murilo Barros, de 46 anos, passava por um momento de profunda tristeza. Ele se dizia bastante desanimado com a vida e relata que encontrava dificuldades até para realizar as atividades mais simples do dia a dia. Ao procurar soluções para o problema que o angustiava, Murilo se deparou, por meio das redes sociais, com um tratamento chamado Estimulação Magnética Transcraniana (EMT). Após ler depoimentos de várias pessoas que saíram do estado depressivo com a ajuda dessa técnica, o advogado resolveu investir nesse tratamento. Foi então que ele começou a realizar as sessões da Estimulação Magnética Transcraniana no Instituto de Medicina e Psicologia Integradas (IMPI). Murilo comenta que começou a perceber melhoras significativas em seu quadro clínico, logo
“Percebo que ao final de cada sessão me sinto mais disposto com a vida“
nas primeiras sessões. “O resultado da Estimulação Magnética Transcraniana superou as minhas expectativas. Percebo que ao final de cada sessão me sinto mais disposto com a vida. Por mim, eu teria um aparelho deste em minha casa”, brinca. O médico do IMPI, Dr. Tiago Damaceno, explica que a Estimu- lação Magnética Transcraniana é uma técnica bastante moderna. “Essa tecnologia permite que o tecido neuronal seja modulado, aumentando ou diminuindo a atividade cerebral, de acordo com a demanda clínica do paciente”, conta. O IMPI foi pioneiro ao trazer essa tecnologia a Brasília. “A Neuro-MS, da Neurosoft, é uma máquina de origem russa e está no IMPI desde 2009”, diz. Ainda segundo o médico, essa técnica é indicada para o tratamento de transtornos neuropsiquiátricos tais como depressão, insônia, ansiedade, irritabilidade, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), esquizofrenia com alucinações auditivas, transtorno do pânico, transtorno do stress pós-traumático, dentre outros. Ainda de acordo com o médico, a Estimulação Magnética Transcraniana é uma técnica extremamente segura e é recomendada para ser realizada a partir dos 12 anos de idade. Dentre os benefícios desse tratamento, pode-se citar o aumento das capacidades cognitivas, melhora da atenção, da concentração e da memória. O Dr. Tiago afirma que não há contraindicações para o uso da Estimulação Magnética Transcraniana, embora pacientes que apresentem implantes metálicos intracranianos, próteses cocleares, geradores implantáveis ou de infusão, marcapassos ou risco de induzir crises epiléticas, devam evitar esse tipo de tratamento.
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CICLO VITAL:
CRIANÇA E ADOLESCENTE
ANSIEDADE EM CRIANÇAS Ansiedade é uma combinação complexa de sentimentos de medo, apreensão, angústia e preocupação, geralmente acompanhada de sensações físicas como palpitações, dor no peito, e/ou falta de ar.
ansiedade em níveis adequados é saudável e mobiliza o indivíduo nas suas atividades diárias. Os distúrbios da Ansiedade estão entre as principais causas
Sarah Sammy M. Sampaio Neuropsicóloga
de consultas médicas em todo o Mundo. Uma pesquisa recente afirma que a ansiedade afeta 13 de cada 100 crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos de idade. As meninas são mais acometidas que os meninos e, em metade dos casos, as crianças apresentam Ansiedade associada à Depressão. Em crianças não escolares, a ansiedade pode se manifestar em comportamentos agressivos, irritabilidade, problemas com o
sono e apetite (muito ou pouco), medos frequentes, solicita muito a presença dos pais, dificuldade de seguir regras e respeitar a privacidade dos adultos. Nas crianças que já estão na escola acima de 7 anos observam-se dificuldades na atenção, principalmente para tarefas de rotina e escolares, inquietude, rapidez exagerada e displicência em suas atividades, dificuldades na socialização, e outras situações.
Como os pais devem lidar com a ansiedade dos filhos?
Os pais são figuras fundamentais para a criança, pois são eles que vão moldar o seu desenvolvimento. É importante que se informem, seja por meio de profissionais e mesmo de leituras especializadas, de como se dá este desenvolvimento, e que função desempenham neste processo. A adequação das suas atitudes, o acolhimento das necessidades, a convivência com a insegurança e o prazer, o manejo com os desejos e a frustração são situações com as quais estarão lidando diariamente e, com certeza, estarão oferecendo aos seus filhos a oportunidade deste aprendizado, que, no futuro, lhes deixará em condições de conviver e lidar com as situações de maior complexidade.
Conte uma história Uma ótima maneira de explicar coisas assustadoras e acalmar seu filho é contando histórias. Por exemplo, se seu pequeno se apavora durante um temporal, invente uma historinha sobre um passarinho que também está assustado com a chuva, mas acaba se acalmando quando a mãe dele o protege bem pertinho do corpo dentro de um buraco no tronco de uma árvore.
Comemore os feitos e não ria dos medos Alguns pais obrigam os filhos a enfrentar seus medos, porque querem que eles sejam independentes, mesmo quando ainda não estão prontos para isso. Só que essa estratégia quase nunca dá certo. Se você forçar uma criança apavorada a descer o escorregador de qualquer jeito, ela não só se sentirá mal, mas passará a ter medo de você, além do escorregador. Permita que seu filho desenvolva naturalmente sua autonomia, ao seu próprio ritmo.
Não exija coragem Alguns pais obrigam os filhos a enfrentar seus medos, porque querem que eles sejam independentes, mesmo quando ainda não estão prontos para isso. Só que essa estratégia quase nunca dá certo. Se você forçar uma criança apavorada a descer o escorregador de qualquer jeito, ela não só se sentirá mal, mas passará a ter medo de você, além do escorregador. Permita que seu filho desenvolva naturalmente sua autonomia, ao seu próprio ritmo.
Seja um bom exemplo Seu filho aprende observando você. Se você pula quando escuta um trovão, nunca sai de perto enquanto ele brinca, prolonga demais as despedidas, ou larga um “agora que a mamãe chegou vai dar tudo certo” sempre que ele enfrenta um desafio, você reforça a ideia de que há muitas coisas assustadoras na vida e que só você pode protegê-lo. Mas se você enfrenta situações desconhecidas com calma e confiança, com o tempo ele aprenderá a se comportar da mesma maneira.
Como deve ser o ambiente ideal para que a criança não corra o risco de ser acometida pela ansiedade excessiva?
O ambiente familiar seguro, no qual os pais se respeitam e lidam de modo adequado com os problemas naturais da vida, será mais acolhedor para as dificuldades da criança, mostrando e ensinando a ela como lidar com as adversidades que possam estar ocorrendo. Isso irá atenuar e permitir que ela trabalhe melhor a ansiedade.situações de maior complexidade.
Sinais que você pode estar com transtorno de ansiedade: Problemas com o sono freqüentemente. Acorda cansado Se sente com freqüência esgotada e com baixa energia para realizar as tarefas do dia a dia. Preocupação excessiva com o futuro e com os problemas Irritabilidade Dificuldade de se manter focado Problemas com a memória Problemas com os estudos, dificuldade de armazenar as informações. Em situação de prova pode relatar o famoso branco, dificuldades em matérias que antes não tinha, fica nervoso no momento da prova (transpira as mãos, sente o coração acelerar, medo de esquecer tudo). Dores de cabeça freqüentes, de estomago, tensão muscular, dor no corpo Medos freqüentes Tem mais pensamentos negativos e catastróficos
A ansiedade é pano de fundo de vários outros transtornos como: Depressão, Fobias, Pânico , TOC, Insônia, Enxaqueca, Déficit de atenção e Dificuldade de aprendizagem.
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CICLO VITAL:
saúde mental CRIANÇA E ADOLESCENTE
AUTISMO Mas afinal, o que significa esse termo? Muitos dizem, baseando-se no senso comum, que as crianças autistas são: “crianças que vivem em seu mundo”, “crianças com dificuldades de socialização”, “crianças com dificuldades de comunicação” ou “crianças que não conseguem trabalhar em grupos”. Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode ser definido como um transtorno que apresenta prejuízo persistente na comunicação social recíproca e na interação social, bem como padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e/ ou atividades. Esses sintomas
estão presentes desde o início da infância e limitam ou prejudicam o funcionamento diário. Geralmente, as famílias observam as dificuldades nessas áreas, antes dos 3 anos de idade, quando começam a perceber e a se preocupar com as diferenças observadas, cada vez mais visíveis ao longo do desenvolvimento.
Caroline Fabrine Nunes Araujo Neuropsicóloga
Kanner, em seu artigo de 1943, “Distúrbios autísticos do contato afetivo”, introduziu a noção de Autismo Infantil Precoce, no contexto da psiquiatria infantil. Esse autor trouxe um grande diferencial ao mostrar a precocidade da síndrome que apresentava, abrindo a possibilidade de se pensar e estudar o sofrimento psíquico nas crianças muito pequenas, o que não era concebível até o momento. Segundo a descrição de Kanner (1943), na criança autista, pode ser observada tanto uma ausência de movimentos antecipatórios quanto de movimentos de ajustamento à pessoa que a sustenta. São frequentes os movimentos ritualizados, utilizando de maneira estereotipada os objetos, manipulando-os de forma repetitiva. O interesse por movimentos circulares é grande e está presente uma extrema preocupação pelo que é idêntico ou pelo que é imutável; qualquer mudança no cotidiano dessas crianças é rebatida com uma grande violência. Seus pais as descreviam como: “se bastando a si mesmas”, “como em uma concha”, “mais contentes sozinhas”, “reagindo como se as pessoas não existissem, parecendo ignorá-las”. Assim, quais são as características que se pode observar nessas crianças para auxiliar numa intervenção precoce?
Quanto mais precoce for a intervenção, maior a possibilidade de uma melhor evolução. Sendo assim, alguns fatores podem contribuir para um melhor prognóstico e desenvolvimento da criança: Intervenção precoce, com profissionais especializados e adequados, conforme a necessidade de cada caso. Apoio consciente dos pais e demais familiares. Apoio do ambiente escolar/ educacional.
Ausência de atenção partilhada; dificuldade de relacionamento com outras pessoas; pouco ou nenhum contato visual; aparente insensibilidade à dor; preferência pela solidão; não responder ao nome; atraso no desenvolvimento da linguagem; falta de intenção comunicativa (só comunica após solicitação); ecolalia; insistência em repetição, resistência à mudança de rotina; recusa colo ou afagos; age como se estivesse surda; dificuldade em expressar necessidades; ausência de movimentos antecipatórios.
O trabalho clínico com estas crianças necessita que o profissional se proponha a estar presente num espaço de intervenção, no sentido de “estar com” a criança, respeitando suas dificuldades, percebendo suas potencialidades, bem como intensificando suas possibilidades reais de desenvolvimento e de aprendizagem. Essas crianças devem ter acesso a ambiente o menos restritivo possível, vivenciando interações diversas com outras crianças para que possam conviver com referenciais culturais típicos da sua fase de desenvolvimento, no que se refere à linguagem, ao comportamento e às relações sociais. Acreditamos que, quanto maior for a multiplicidade de experiências oportunizadas a essas crianças - dentro de um ambiente seguro e bem estruturado -, melhores serão suas condições de vir a serem cidadãos críticos, criativos e transformadores. Constantemente, as crianças autistas nos levam a novos conhecimentos e a novas descobertas no rumo do tratamento das mesmas, por isso ainda se tem muito que pesquisar e conhecer acerca do funcionamento psíquico delas.
Referências Bibliográficas KANNER, L. (1943). Os distúrbios do contato afetivo. In ROCHA, P. (org), Autismos. São Paulo: Escuta, 1997, p. 111-170.
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CICLO VITAL:
CRIANร A E ADOLESCENTE
O adolescente de hoje e seus desafios Doralice Oliveira Sampaio Psicรณloga
Jury Ricardo Gomez Garcia Psicรณlogo
entro do desenvolvimento humano, a fase da adolescência é complexa. O adolescente passa por mudanças biológicas, cognitivas e emocionais, tornandose mais focado em amigos, buscando uma maior independência fora de casa, entrando em conflito com os pais. Uma parte desses indivíduos passa sem grandes problemas, preparando-se para uma idade adulta saudável. No entanto, alguns experimentam problemas que vão desde abandono escolar, uso de drogas, delinquência, automutilação até suicídio. Hoje, a investigação cientifica aplicada se orienta, cada vez mais, para ajudar os pais e os jovens em ambientes de risco e buscar a forma de desenvolver seus potenciais para encontrar uma melhor inserção na vida adulta sem grandes traumas e conflitos. Para isso, utiliza-se meio de terapias de grupo e individual, inserção social como atividades competitivas, arte (música, dança, teatro), olimpíadas de conhecimento (matemática, física, química, história e geografia), entre outros. Outro fator importante no desenvolvimento da adolescência está ligado aos valores físicos e cognitivos, como a aparência física e o desenvolvimento escolar, que contribuem para o senso de identidade de um adolescente. Essas características devem ser avaliadas com cuidado pelos pais e orientadores, identificadas precocemente para serem desenvolvidas, respeitando as particularidades de cada um. Devemos considerar relevante as origens do comportamento sociocultural do adolescente, tendo em vista a diversidade social e étnica da população
brasileira, além de hábitos e costumes ligados à matriz sociocultural. Essa diversidade pode ser dinamizada e integrada com um processo de inclusão social permanente e incisivo em todos os níveis educacionais, tanto públicos quanto privados, além da família e dos grupos sociais organizados. Outro vetor básico a ser avaliado é o cérebro do adolescente que se encontra em desenvolvimento. De acordo com os neurocientistas, deve-se explorar o cérebro do adolescente e entender como ele se desenvolve. Existe uma desconexão básica entre o senso comum e o que realmente está acontecendo no cérebro desses jovens. Esse cérebro, ainda em desenvolvimento, tem uma grande plasticidade. É nesse período que o cérebro de uma pessoa será drasticamente reformulado pela última vez. Os adolescentes são sensíveis a experiências e aprendizagem, já que existe um alto nível de interconexão entre estímulos e processamento cognitivo. É significativo quando observamos que os seres humanos se lembram com muita facilidade de sua adolescência. Esse é o momento em que se abre uma janela para fixar aprendizagens e metas. Nessa fase da vida, o cérebro tem zonas mais plásticas que outras, criando certo desequilíbrio. O córtex pré-frontal controla planejamento e pensamento sobre o futuro, equilíbrio entre riscos, recompensas e raciocínio lógico. Os hormônios sexuais liberados por eles somados com fatores ambientais, como contradições culturais, incertezas e dúvidas, os tornam mais impulsivos, liberando mais dopamina no cérebro, e, portanto, com menos participação do controle Pré-frontal.
Em Busca da Identidade do Adolescente Segundo Erickon, a principal tarefa da adolescência é enfrentar a crise de identidade, de forma a se tornar um adulto único, com um senso de identidade coerente e um papel valorizado na sociedade. Essa crise de identidade pode não se resolver integralmente na adolescência, estendendo-se, com isso, até a fase adulta. O que podemos entender em relação à crise de identidade na adolescência? Podemos considerar alguns componentes dessa complexa fase do desenvolvimento humano como, por exemplo, o papel do adolescente dentro da família, independência de pensamento e ação, inserção em grupos sociais (bairro, escola, clube e interação online), influência da cultura atual (religião, livros, filmes, teatro, músicas, dança, pintura-desenho e esportes). Esses componentes interagem de diversas formas na cognição, na emoção e no comportamento do adolescente, tendo como
resultado uma aproximação individual com a sociedade, levando em conta os traços básicos da personalidade e a formação desses indivíduos. Essa interação se organiza no seu dia a dia, aceitando ou rejeitando as experiências vividas, formando com elas comportamentos que podem ser de diferentes valores para sua consciência em reformulação (passagem da infância para adolescência). Esse processo de identidade do adolescente passa por diferentes estágios, que pode se reproduzir de diferentes formas, dependendo do seu grupo social (mais estruturado – menos estruturado) no momento em que ele começa a interagir fora de sua casa, passando a formar parte da escola e dos grupos extraescolares. É nesse período de sua vida, que ele sente a necessidade de ser aceito por um grupo. E, dependendo do grupo, que o aceitou ou com que ele se identificou, que podem começar alguns conflitos e os grandes desafios.
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Principais conflitos e desafios dessa fase do desenvolvimento Os conflitos que mais aparecem ultimamente no consultório estão ligados ao Bullying, ao sexo e às drogas. O Bullying pode ser caracterizado por intimidação, comportamento agressivo que se destina a causar angústia ou dano, envolve um desequilíbrio de poder ou força entre o agressor e a vítima, e ocorre repetidamente ao longo do tempo. Ele pode assumir muitas formas, incluído física, verbal, relacional e cibernética. Jovens que são vítimas dessas agressões têm uma tendência a ficarem isolados, o seu desempenho acadêmico cai, diminui a sua autoestima, são mais propensos ao suicídio.
Sugestões aos pais e cuidadores de como enfrentar esse problema A – Buscar ajuda especializada. B – Conhecer o ambiente escolar e o grupo no qual
o adolescente está inserido. – Conhecer o tipo de bullying que está sendo praticado. D – Os pais e cuidadores devem entrar em contato direto com o indivíduo que está sofrendo bullying para dar apoio e estudar em conjunto a forma de se resolver o problema. E – Entrar em contato com a escola, no sentido de cobrar da Instituição um programa contra a prática deste comportamento.
C
O sexo é um fator importante no desenvolvimento do adolescente, que se expressa em sua vida emocional, social e comportamental, em que a atividade hormonal tem uma participação importante por estar ligada diretamente com a atividade cerebral. Essas mudanças se expressam por meio de condutas impulsivas, tímidas e pensamentos contraditórios. Esse jovem, além de mudanças físicas e endócrinas, deve também incorporar elementos culturais do seu meio social de referência. É nesse momento que ele passa por um período de adaptação, como mudanças anatômicas, valores culturais, preconceitos, ideias fabricadas pelo meio cultural, etc.
Propostas para os pais e cuidadores A – Observar a precocidade ou retardo nos interesses sexuais do adolescente. B – Procurar conhecer o perfil de preferência de atração sexual para poder ajudar a esclarecer as dúvidas.
C
– Incluir dentro da família, o sexo como um tema comum a ser tratado por meio de diálogos espontâneos. D – Não considerar o sexo como um tabu. Em relação ao uso de substâncias psicoativas, podemos identificá-lo como um problema extremamente complexo que pode ter um forte impacto em muitas dimensões da vida do adolescente, como obtenção do prazer, alívio das angústias e suposta abertura para novas realidades. O adolescente encontra-se em um momento de conflitos entre a realização instantânea do prazer e o tempo que demanda a difícil formação profissional. A partir desses conflitos, é que o jovem busca caminhos curtos. Em outros retratos sociais, falta acesso aos bens culturais e educacionais e poucas perspectivas, dando espaço para a fantasia da droga. Esse processo de mudanças acontece, também, no Sistema Nervoso central, com amplas modificações de neurônios e conexões nervosas para dar passo a uma nova etapa do crescimento. Por meio dessas mudanças externas (sociedade) e internas (cérebro), o jovem passa a enfrentar o contato com as drogas. Essas modificações predispõem os jovens a reações imaturas, como impulsividade, irritabilidade e insegurança, além do desejo de aceitação dentro dos novos grupos, sendo a substância psicoativa atrativa nesta época. O jovem não conhece bem que o uso dessas substâncias pode causar danos irreversíveis à estrutura do cérebro e aumentar o risco de desenvolvimento de uma dependência química.
Sugestões para os familiares A – Ficarem próximos do desenvolvimento do adolescente, enquanto indivíduo inserido em grupos.
B – A família precisa estabelecer um vínculo afeti-
vo estreito com o jovem. C – Desenvolver junto com o adolescente uma cultura ampla e objetiva sobre as drogas, dentro da sociedade e dos indivíduos; por meio de informações recomendadas. D – Buscar conhecimentos e tratamentos com especialistas no tema, já que esse assunto tem dimensões universais. Como proposta final, devemos lembrar que o cérebro do adolescente está nesse momento em uma fase de reformulação, tanto na estrutura quanto no funcionamento, o que favorece o processo de aprendizagem, a mudança de comportamento e as modificações de pensamento para um melhor enfrentamento com as novas expectativas de vida.
CICLO VITAL:
CRIANÇA E ADOLESCENTE
PROGRAMA DE ENRIQUECIMENTO INSTRUMENTAL (PEI) E A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA demanda nos atendimentos psicopedagógicos em relação às crianças/adolescentes com dificuldades de aprendizagem
Mariângela Mello Pereira Amazonas Psicopedagoga
identificadas dentro de um Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Disfunção Executiva, Desordem do Processamento Auditivo (PA) entre outros, é cada vez mais crescente. A partir de uma avaliação neuropsicológica ou psicopedagógica, podemos constatar alguns déficits em comum, entre esse público, como a baixa
atenção, a impulsividade para solucionar os problemas, a dificuldade em organizar e elaborar o pensamento, as dificuldades nas habilidades comparativas que englobam o campo perceptual e interativo com o meio. Nessa caminhada, observamos o quanto é positivo o uso do Programa de Enriquecimento Instrumental na intervenção psicopedagógica.
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Para tanto conversaremos sobre o PEI e também sobre no que se pauta um atendimento psicopedagógico. O PEI é um programa desenvolvido por Reuven Feuerstein, através de uma intervenção fundamentada na teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural e na Experiência de Aprendizagem Mediada. Através de exercícios estruturados, o PEI busca desenvolver a organização do pensamento, estimulando a criança/adolescente aprender a pensar, melhorando sua eficiência intelectual. A Modificabilidade Cognitiva Estrutural está fundamentada na modificabilidade, na flexibilidade da estrutura cognitiva, tendo como um dos aportes conceituais que o ser humano tem uma plasticidade cerebral, flexível, aberta a mudanças, dotado de um potencial e de uma disposição para a aprendizagem (Gomes, 2002). Seguindo essa linha de pensamento, Feuerstein estabelece uma relação entre a aquisição do conhecimento e a formação da estrutura cognitiva, afirmando que o desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem são específicos e interagem promovendo o desenvolvimento da inteligência. Acreditamos em um modelo psicopedagógico com uma visão mais global, ecológica e sistêmica reunindo os aspectos biológicos, pedagógicos e sociais que intervêm nos processos individuais de ensino e aprendizagem do sujeito. Nesse sentido, a psicopedagogia tende a compreender como a criança/adolescente articula seu
pensamento e sua aprendizagem com o meio em que vive. Assim, participa do processo de aprendizagem “um equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito.” (http://www. portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos) A intervenção psicopedagógica, em consonância com essa proposta, poderá usar o PEI como um instrumento de trabalho, com o intuito de melhorar as capacidades e habilidades cognitivas. Quando mediamos uma atividade, organizamos sua execução e a forma como a criança/adolescente está pensando, assim, podemos perceber quais as formas de ação e a modalidade de aprendizagem que serão usadas com a criança e/ou o adolescente. A intervenção psicopedagógica com a aplicação do PEI trabalha entre o nível de desenvolvimento real e proximal da criança e/ou do adolescente, contribuindo para o desenvolvimento intelectual e para desenvolvimento da aprendizagem socioescolar. Referências CORREA, Roberta Claro Romão. Uma proposta de reabilitação neuropsicológica através do programa de enriquecimento instrumental (PEI). Ciênc. cogn., Rio de Janeiro , v. 14, n. 2, p. 47-58, jul. 2009 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-58212009000200005&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 31 jan. 2017. GOMES, C.M.A.. Feuerstein e a Construção Mediada do Conhecimento, Artmed. Porto Alegre, 2002. http://www.cdcp.com.br/pei.php
CICLO VITAL:
CRIANÇA E ADOLESCENTE
O papel da Orientação Profissional na escolha profissional do adolescente adolescência é um período muito valorizado em nossa sociedade e está relacionada à juventude, ao conflito, ao descompromisso, à vivacidade e à contestação. É tido como um momento de grandes incertezas, pois os jovens transitam entre dois mundos, o infantil e o adulto, e não se sentem pertencentes a nenhum deles. Erickson (1972) define essa fase como uma moratória psicossocial, que são os lugares que este “ser”, que não é criança e nem adulto, pode ocupar na
Sueli da Rocha Gonçalves Psicóloga
sociedade, e que também ainda não estão definidos, o que pode causar grandes sofrimentos. Esse período, portanto, não deveria ser visto como uma crise pré-programada biopsicologicamente, pois assim seriam deixados de lado alguns fatores cruciais para o desenvolvimento dos jovens, como as condições sociais e culturais de cada indivíduo. Por outro lado, soma-se aos desafios do adolescente a árdua tarefa de se adaptarem às grandes transformações hormonais que ocorrem em seu organismo. Para Jeammet (2005), essa é uma função do organismo, é inerente à condição humana e se traduz, necessariamente, numa patologia. Entre os estudiosos da adolescência, há certa divergência sobre esse período. Uns afirmam
que é um período composto por crises, outros dizem que é uma construção social, porém ambos são importantes para o estudo e a compreensão dessa fase de desenvolvimento do ser humano. A psicanálise, através das etapas do desenvolvimento da personalidade, fornece subsídios à compreensão da adolescência como sendo um ajuste psicológico em função das mudanças ocorridas no sujeito. Segundo Bloss (1985), a adolescência é uma etapa final da fase genital de desenvolvimento psicossexual em que ocorre a reedição do édipo e sua possível elaboração, e esta seria a soma de vários ajustes às novas condições interiores e exteriores enfrentadas pelo indivíduo, e que vão sendo construídas desde a primeira infância.
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Aberastury (1981) concebe essa etapa como sendo um “período de contradições, confuso, ambivalente, doloroso e caracterizado por fricções no meio familiar” (p.13), portanto, é um processo normal e esperado que cada indivíduo deve experienciar. Para esta autora, o adolescente enfrenta três lutos fundamentais nessa fase:
1
PRIMEIRO LUTO o luto pelo corpo infantil perdido, base biológica da adolescência, imposta ao indivíduo que tem que sentir e viver suas mudanças como algo externo, e se encontra como um espectador impotente em relação ao que ocorre no seu próprio organismo.
2
SEGUNDO LUTO O luto do papel e da identidade infantis que o obrigam a uma renúncia da dependência e entrada em uma nova fase desconhecida.
3
TERCEIRO LUTO O luto pelos pais da infância, os quais persistem em retê -lo na sua personalidade, procurando o refúgio e a proteção que eles significam. Bohoslavsky (1998) define a crise da adolescência como algo que morre e algo que nasce, portanto, se relaciona com a noção de desestruturação e reestruturação da personalidade, em que o adolescente está em crise, pois se encontra neste processo. Outeiral (2003) afirma que o final da adolescência poderia ser caracterizado pelo estabelecimento de uma identidade
estável, por uma aceitação da sexualidade, com a consolidação do papel sexual adulto, pela independência dos pais e pela escolha profissional. A entrada no mundo profissional é exigência do fim da adolescência, o que obriga os jovens estarem em permanente formação, pois as mudanças rápidas que acontecem no mundo capitalista levam a uma acirrada competição, tanto na entrada como na permanência, pois o mercado de trabalho é altamente competitivo e exigente. Segundo Lehman (2005) o mercado de trabalho, que está em constante mudança, incentiva o indivíduo a investir cada vez mais na educação como forma de ascender e se sobressair na carreira e, com isso, faz com que o indivíduo adquira a responsabilidade pelo seu êxito, ou pelo fracasso no mundo empresarial; e assim, nesse momento, o adolescente-adulto, repleto de incertezas sobre qual mundo transitar, precisa criar sua identidade ocupacional. Segundo Sparta (2003), para que as novas funções exigidas pelo mercado fossem desempenhadas, cursos de especialização e formação surgiram, tendo como objetivo o aumento da produtividade e possibilitar o acesso das pessoas ao mercado de trabalho. Nesse contexto surgiu a Orientação Profissional para auxiliar os indivíduos nas suas escolhas. Levenfus (1997) considera a Orientação Vocacional Ocupacional um processo mais abrangente, que diz respeito não somente à informação das profissões, mas a toda uma busca de conhecimento a respeito de si mesmo, das características pessoais, familiares e sociais do orientando, promovendo o encontro das afinidades do mesmo com aquilo que ele pode vir a realizar em forma de trabalho. Classifica, portanto, como uma
abordagem psicológica, ou psicopedagógica, que visa a buscar uma identidade profissional. A Orientação Profissional consiste em possibilitar ao adolescente o seu autoconhecimento, e a identificação de seus interesses, a influência familiar e a definição de seu projeto de vida. É papel do Orientador Profissional também esclarecer situações, conscientizar e vincular a problemática do adolescente, frente à escolha de seu futuro, com o contexto histórico e as situações locais onde essa escolha se dá. Para tanto, o Orientador Profissional deve levar em consideração a etapa de vida em que o adolescente se encontra, as influências dos amigos e familiares, além das vivências que cada jovem traz de todo o seu desenvolvimento. A finalidade da Orientação Vocacional é avaliar, analisar, esclarecer e informar o examinando suas áreas de interesses, aptidões específicas e gerais, que se apresentam inseridas em suas possibilidades. Revela, também, tendências e habilidades em área ou campos de trabalho. O objetivo da Orientação Vocacional é associar esses campos e sugerir caminhos ou tendências profissionais, que possam estar mais próximas das possibilidades, capacidades e dos interesses do examinando, é poder proporcionar ao examinando uma forma de resolver o “dilema” diante desse momento de decisão. Referências Bibliográficas ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. ; Adolescência normal: Um enfoque psicanalítico; Porto Alegre; Artes Médicas; 1981. Blos, P. (1985). Adolescência: uma interpretação psicanalítica. São Paulo: Martins Fontes. BOHOSLAVSKY, R. Orientação vocacional: a estratégia clinica. 2.Edição.São Paulo : Martins Fontes, 1988. Erikson, E. H. (1972). Identidade, juventude e crise. Rio de Janeiro: Zahar Jeammet, P., & Corcos, M. (2005). Novas problemáticas da adolescência: Evolução e manejo da dependência. São Paulo: Casa do Psicólogo. LEHMAN, Y. P. Estudo sobre evasão universitária: as mudanças de paradigmas na educação e suas conseqüências. 2005. Tese (Livre docência) - Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo: São Paulo, 2005. OUTEIRAL, J.. Adolescer: estudos revisados sobre adolescência. 2. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: REVINTER, 2003.
tabus e INFORMATIVOS
Entendendo as
principais
abordagens psicológicas
Vitor Santiago Borges Psicólogo
ciência psicológica é essencialmente introspectiva. Diferentemente dos demais campos da Ciência, a Psicologia não possui um objeto de estudo externo a ela. Trata-se da própria mente utilizando-se dela mesma para entender a si própria. Diante de tal desafio e originalidade, a Psicologia tornou-se uma ciência ou campo de estudo com diferentes compreensões do mesmo fenômeno, dada a sua complexidade: a personalidade, o comportamento e a mente do homem. Por isso, disponibilizo para o leitor leigo em Psicologia um quadro sumarizado das principais escolas psicológicas ao longo de sua história e as abordagens que se destacam em nossos dias.
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Estruturalismo
Em 1879, o médico e fisiologista Wilhelm Wundt fundou o primeiro laboratório de psicologia experimental do mundo, na Universidade de Leipzig, na Alemanha, conferindo à Psicologia o estatuto de ciência plena. Sua convicção era de que a Psicologia deveria investigar os processos elementares da consciência (experiência imediata), com suas combinações e relações, da mesma forma que os químicos estudavam os elementos fundamentais da matéria. Segundo Wundt, a correta compreensão dos estados mentais como atenção, intenção e metas, é o que definiria o campo de estudo da Psicologia. Para tal, utilizou como método a introspecção analítica, ou seja, a auto-observação cuidadosa e acurada dos processos mentais. Líder do movimento conhecido como Estruturalismo, Wundt postulou os seguintes princípios: 1. Os psicólogos devem estudar e entender a consciência humana, especialmente
Psicanálise
Freud (1856-1939) se contrapôs à Psicologia tradicional da consciência ao descobrir que subjacente a esta, existe um substrato inconsciente muito mais amplo. No seu ponto de vista, a psicologia que se limita à análise da consciência se torna totalmente inadequada para a compreensão das motivações mais profundas e fundamentais do comportamento humano. Por meio de observações, ao longo de anos de trabalho clínico e analítico, concebeu a personalidade humana composta de três grandes sistemas psíquicos: o id, o ego e o superego. Embora cada um desses sistemas tenha sua característica –, suas propriedades, seu dinamismo e suas funções, eles atuam uns sobre os outros com tal interpenetração, que é difícil discriminar separadamente a contribuição de cada um no comportamento humano. O id seria o sistema original da personalidade, isto é, a matriz pela qual o ego e o superego se diferenciam ganhando sua autonomia. Formado pelos instintos e impulsos inatos voltados para o desejo e em obediência ao princípio do prazer, o id é amoral, sendo mais o reservatório de energia psicofísica que outorga movimento aos demais sistemas. Freud chamou o id de a verdadeira realidade psíquica que não tolera aumentos de energia experimentados como estados de tensão. Seu movimento fundamental é em direção ao prazer. O ego nasce de uma necessidade executiva em decorrência da colisão do id (princípio do prazer) e as pressões ambientais (princípio
as experiências sensoriais; 2. Devem servir-se de trabalhosos estudos introspectivos e analíticos de laboratório; 3. A análise dos processos mentais, em seus elementos, deve descobrir suas combinações e conexões, buscando localizar, no sistema nervoso, as estruturas a eles relacionadas. Wundt descreveu esse novo campo de pesquisa da seguinte forma: O mundo da psicologia contém olhares, tons e sentidos; é o mundo do escuro e do claro, do barulho e do silêncio, do áspero e do liso; seu espaço é às vezes grande e às vezes pequeno, sabem-no todos os que voltaram à casa de sua infância; seu tempo é às vezes curto, às vezes longo... Contém também pensamentos, emoções, lembranças, imaginações, volições (escolhas) que naturalmente se atribuem à mente... Apesar de iniciar formalmente a pesquisa e o objeto de estudo da Psicologia, o movimento psicológico de Wundt não contribuiu no desenvolvimento do tratamento e da clinica psicológica, que só ganhou expressão através de Sigmund Freud e sua construção teórica: a Psicanálise.
da realidade). Enquanto que o id apenas reconhece as pressões instintivas da mente, o ego faz distinção entre as coisas da mente e o mundo externo, sendo, portanto, o “executivo” da personalidade, sede do livre-arbítrio. O superego, por sua vez, representa internamente os valores da sociedade transmitidos pelos pais, e reforçados pelo sistema de recompensa e castigo da criança. É a polícia interna. Sendo o componente moral da personalidade, é nele que se formam os sentimentos de culpa e vergonha. Sua função é julgar e moralizar as escolhas. Como mediador, o ego administra as pressões contrárias do id e do superego. Freud concebeu a personalidade humana dividida entre o instinto amoral e a moral coletiva. Um indivíduo saudável é aquele que consegue integrar relativamente bem esses sistemas opostos em sua vida mental. E a prática clínica psicanalítica procura integrar os elementos inconscientes do indivíduo, que são reprimidos em sua educação, com tudo o que o indivíduo aceitou em sua consciência. Para a Psicanálise, a personalidade é um ente dividido, tendo por isso, tendência ao adoecimento emocional psicológico. A teoria psicanalítica se voltou particularmente para os aspectos sintomáticos e patológicos da experiência humana. Da escola de Freud, surgiram outros modelos psicanalíticos que revisitaram o modelo freudiano, ampliando suas perspectivas e seu escopo, como as teorias das relações objetais, voltadas para o desenvolvimento infantil. Entre elas, as que mais se destacaram foram as abordagens de Melanie Klein (1882-1960) e Heinz Kohut (1913-1981). Porém, o discípulo mais influente de Freud e que depois se tornou seu principal dissidente foi Carl Gustav Jung (1875-1961), reconhecido como um dos maiores pensadores do século XX.
Psicologia Analítica
Para Jung, os fundamentos da personalidade são arcaicos, primitivos, inatos, inconscientes e universais. A personalidade total ou psique, segundo Jung, é formada por vários sistemas isolados que atuam uns sobre os outros, e são os seguintes: 1. Ego ou mente consciente: formado por percepções, memórias, pensamentos e sentimentos conscientes. É responsável por nossos sentimentos de identidade e continuidade, encarado como o centro da personalidade. 2. Inconsciente individual: composto pelas experiências reprimidas, esquecidas e ignoradas (inicialmente muito fracas e subliminares para marcar sua fixação na consciência). Marcado por complexos (grupo organizado de sentimentos, pensamentos, percepções e memórias), o inconsciente individual age como um magneto, atraindo o sujeito para temas emocionais que se repetem sem que tenha consciência, ao longo de suas escolhas através da experiência. Seu núcleo procede, em parte, das experiências da criança com sua mãe e pai, e quanto mais poderosa a força que emana desse núcleo, maior será o número de experiência que atrairá para si, através de repetições ou fixações emocionais. É o exemplo de um indivíduo que busca relacionamento com pessoas críticas por ter sido criado em um ambiente emocionalmente crítico. 3. Inconsciente coletivo: o mais poderoso e influente sistema da psique. Nele se encontram depositados, de modo latente, a memória coletiva e ancestral de todos nós. É o reino dos mitos e arquétipos que influenciam nossas escolhas e experiências mais profundas. Sobre ele estão erigidos o ego, o inconsciente individual e todas as outras aquisições individuais. Seus componentes estruturais são os arquétipos, motivos e imagens primordiais, míticas, que influenciam a vida psíquica de cada indivíduo. A natureza dos arquétipos é universal e procede do inconsciente coletivo. Aqui seguem os principais: persona (máscara ou representação social, usada pela pessoa, em resposta às convenções sociais e tradicionais da cultura). Anima (o lado feminino da personalidade masculina, pois vivendo com mulheres através do tempo – principalmente a mãe –, o homem internalizou formas e princípios emocionais tipicamente femininos, acarretando ou não uma identificação homossexual). Animus (o que ocorre com os homens, também ocorre com as mulheres, nelas desenvolvendo aspectos inerentes à psique masculina). Sombra (representa o aspecto animal da natureza humana, sendo responsável pelo aparecimento, na consciência e no comportamento, de pensamentos, sentimentos e ações desagradáveis e socialmente reprováveis). Self – princípio de unidade e integração psicológica no homem. Sua assimilação conduz o indivíduo a uma evolução e ampliação da personalidade. Coloca o indivíduo em contato com o Sagrado e lhe confere um valor de realização psicológica vital. O Self é, por assim dizer, o patamar evolutivo e ao mesmo tempo o princípio de conscientização e espiritualização da personalidade humana. É o arquétipo da iluminação. Diferentemente da Psicanálise, a Psicologia Analítica de Jung, ocupa-se com a evolução e tem como alvo a ampliação da personalidade por sua integração através do Self.
83
Behaviorismo ou Psicologia Comportamental
Iniciada pelo psicólogo da Universidade de Chicago John Watson (1878-1958), a psicologia comportamental procurou se fixar na observação do comportamento observável, buscando para isso métodos objetivos. Suas principais teses, em oposição ao método introspectivo de Wundt, e a formulação de uma psicologia do inconsciente em Freud e Jung, foram: 1. Os psicólogos deveriam estudar os eventos ambientais, os chamados estímulos, e o comportamento observável em forma de respostas a esses estímulos. 2. A experiência é a influência principal no comportamento, nas aptidões e nos traços, destacando-se acima da hereditariedade. Por essa razão, a aprendizagem é um tópico de significado especial para a investigação. 3. A introspecção deve ser abandonada em benefício de métodos objetivos (experimentação, observação e testes). 4. Os psicólogos devem buscar a descrição, explicação, predição e controle do comportamento. Devem também priorizar tarefas práticas, tais como aconselhamento de pais, legisladores, educadores e homens de negócios. 5. O comportamento de animais inferiores deve ser investigado juntamente com o comportamento humano, pois os organismos simples são mais fáceis de estudar e entender do que os complexos. A partir deles, deve-se desenvolver o entendimento em direção aos comportamentos humanos mais complexos. Para Watson, o comportamento pode ser modulado por estímulos específicos e, por isso, controlado e moldado cientificamente. Em seu livro de 1930, Behaviorism, sustenta essa visão: Deixe sob a minha responsabilidade uns 10 bebês saudáveis e bem formados, e um mundo especificado por mim para criá-los, e garanto escolher algum aleatoriamente e treiná-lo para tornar-se especialista em qualquer área, seja um médico, um advogado, um empresário e até mesmo um mendigo ou um bandido, independentemente do talento, da tendência, da habilidade, da vocação e da raça dos seus ancestrais. À medida que o behaviorismo evoluiu através de novos autores dessa escola, sua filosofia ampliou-se, como foi o caso do behaviorismo radical de Frederic Skinner (1904-1990), com o conceito de “condicionamento operante”, mecanismo que seleciona a resposta de um indivíduo em razão de sua premiação, pelo fato de ser bem-sucedida. O comportamento operante ocorre sem qualquer estímulo antecedente externo observável. A resposta do organismo é espontânea, o que não significa que não haja um estímulo que a elicie, mas que somente não é detectável quando ocorre, conforme Watson supunha. Mais ocupado com o fenômeno da aprendizagem do que com o do estímulo e das respostas na fórmula ambiente/comportamento, Skinner destacou a lei de aquisição que resulta da força de um comportamento operante aumentado por um estímulo reforçador. Assim, a personalidade não é somente passiva a estímulos ambientais, mas é capaz de modificar o próprio ambiente diante de reforços emocionais positivos. O homem não é só produto do meio em que vive, mas é também o seu agente. Psicólogo de grande popularidade, Skinner recebeu destaque num editorial de 1972 da revista Psychology Today: “Pela primeira vez na história dos Estados Unidos, um professor de psicologia alcançou a celebridade comparável à dos astros de cinema e televisão”.
descobrir-se cada vez mais em contato com os Valores B ou metavalores, valores vitais e transcendentes que acarretam o crescimento espiritual e consciente do ser humano em seu processo de evolução individual. Maslow acreditava que os pré-requisitos para a autorrealização eram o amor suficiente na infância, a satisfação das necessidades fisiológicas e de segurança nos primeiros dois anos de vida. Se a criança for segura e confiante nesse período, seu caminho em direção à autorrealização na fase adulta não apresentará obstáculos. Todo o espectro do bom desenvolvimento humano foi exposto por Maslow no que chamou de satisfação na hierarquia das necessidades:
Psicologia humanista
Para a psicologia humanista, a psicologia comportamental (behaviorismo) era definida como uma abordagem limitada, artificial e improdutiva da natureza humana. Para os psicólogos humanistas, o foco no comportamento manifesto era desumanizador, reduzindo o ser humano ao status de simples animal ou máquina. Também se opuseram às tendências deterministas e psicopatológicas da Psicanálise, que minimizava o papel da consciência enquanto potencial de crescimento e bem-estar. Se os psicólogos, como é o caso dos psicanalistas, se concentrassem apenas em estudar a disfunção mental, como poderiam compreender a natureza da saúde emocional, da alegria, do êxtase, da bondade, da generosidade? Fundada nos trabalhos de Abraham Maslow (1908-1970) e Carl Rogers (1902-1987), a Psicologia Humanista foi considerada a terceira força na Psicologia, lançando as bases da Psicologia Positiva. Na visão de Maslow, cada indivíduo é dotado de um potencial inato para a autorrealização – o pleno desenvolvimento das habilidades e a realização de todo o seu potencial humano. Por isso, sua pesquisa buscou identificar as características das pessoas autorrealizadas e, portanto, psicologicamente saudáveis. Foi em razão desse perfil, que Maslow desenvolveu sua abordagem psicológica, caracterizando o indivíduo autorrealizado com as seguintes características: 1
Percepção objetiva da realidade;
2
Plena aceitação da própria natureza;
3
Compromisso e dedicação a algum tipo de trabalho;
4
Simplicidade e naturalidade do comportamento;
5
Necessidade de autonomia, privacidade e independência;
6
Experiências culminantes ou místicas;
7
Empatia e afeição pela humanidade;
8
1
Necessidades fisiológicas;
2
Necessidade de segurança, ordem e estabilidade;
3
Necessidade de pertinência e amor;
4
Necessidade de estima (de si e dos outros);
5
Necessidade de autorrealização (vinculação e conexão com os Valores B, valores transcendentes e de conexão com o Sagrado). Carl Rogers convergiu com Maslow ao afirmar que a força motriz da personalidade é o impulso para a realização do self. Entretanto, embora o anseio por autorrealização seja inato, ele pode ser incentivado ou reprimido pelas experiências da infância. Por esse motivo, Rogers enfatizou a relação entre mãe e filho por ela afetar diretamente o self em evolução na criança. Se a mãe satisfaz a necessidade de amor do bebê, que Rogers chamou de atenção positiva, ele provavelmente terá uma personalidade saudável com potencial para autorrealização. As pessoas plenamente funcionais ou psicologicamente saudáveis para Rogers apresentariam as seguintes características:
1
Mente aberta para aceitar qualquer tipo de experiência e novidades;
2
Tendência a viver plenamente cada momento;
3
Capacidade para se orientar pelos próprios instintos e não pelas opiniões ou razões de outras pessoas;
Resistência ao conformismo;
4
Senso de liberdade em pensamento e ação;
9
Estrutura de caráter democrático;
5
Alto grau de criatividade;
10
Atitude criativa;
6
11
Alto grau de interesse social.
Necessidade contínua de maximizar o seu potencial humano.
Portanto, o trabalho clínico de Maslow teve como alvo o desenvolvimento da personalidade em direção prospectiva à autorrealização. Para isso, o indivíduo precisaria
A terapia de Rogers concentrou-se na pessoa, e constituiu uma perspectiva mais ampla, que foi além do tratamento dos distúrbios emocionais, visando o potencial de crescimento e humanização de cada indivíduo, tendo em vista sua autorrealização.
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Psicologia Positiva
O pressuposto da Psicologia Humanista, de que os psicólogos deveriam estudar não somente os aspectos psicopatológicos do homem, mas também seu potencial para a virtude e crescimento, foi reprisado pelo presidente da APA (American Psychological Association), Martin Seligman, em 1998. Em um simpósio (1998) sobre a ciência do otimismo e da esperança, Seligman observou que o “incansável enfoque nos aspectos negativos cegou a Psicologia para muitos exemplos de crescimento, perícia, esforço e insight resultantes até mesmo de acontecimentos dolorosos e indesejáveis da vida”. Com opinião semelhante à de Maslow, Seligman salientou: Por que as ciências sociais enxergam o potencial e as virtudes humanas – como o altruísmo, a coragem, a
Terapia Cognitiva
Desenvolvida por Aaron T. Beck, na Universidade da Pensilvânia no início da década de 60, sob a forma de uma psicoterapia breve, altamente estruturada e orientada para o momento presente do paciente, a Terapia Cognitiva foca a resolução de problemas atuais, a modificação de pensamentos negativos e comportamentos disfuncionais. Seu pressuposto fundamental é de que o pensamento distorcido ou disfuncional (que influencia o humor e o comportamento do paciente) está relacionado a todos os distúrbios psicológicos. Seu modelo é fundado, por conseguinte, no seguinte axioma: penso, logo sinto; sinto, logo reajo. Portanto, o desenvolvimento de uma avaliação realista, livre das distorções do pensamento negativo habitual e viciado, promove uma melhora duradoura no quadro emocional, resultando na modificação de crenças disfuncionais recorrentes do paciente. Por apresentar resultados altamente promissores na clínica psicológica, a Terapia Cognitiva vem sendo considerada no meio médico um modelo de tratamento padrão que está baseado em 9 princípios norteadores: 1- A Terapia Cognitiva se baseia em uma formulação em contínuo desenvolvimento do paciente e de seus problemas em termos cognitivos-emocionais (como interpreta e sente suas experiências). Procura identificar o pensamento disfuncional do paciente, que ajuda a manter seus sentimentos de tristeza ou ansiedade (“Eu sou um fracasso, eu não consigo fazer nada certo, eu jamais serei feliz”).
honestidade, a obediência, a alegria, a saúde, a responsabilidade e o bom estado de espírito – como ilusões absolutas, defensivas ou secundárias, enquanto a fraqueza e as motivações negativas – como a ansiedade, a luxúria, o egoísmo, a paranoia, a raiva, a desordem e a tristeza – são consideradas autênticas? A Psicologia Positiva, enquanto movimento psicológico contemporâneo visando o crescimento e a autorrealização do indivíduo, nasceu desse e de outros apelos de Seligman. Seu postulado teórico e prático ocupa-se, atualmente, com a questão da felicidade e do crescimento psicológico do ser humano, através de pesquisas sobre as virtudes e potencialidades de crescimento, do bem-estar, da resiliência, da coragem e do enfrentamento emocional dos problemas, formalizando uma ciência psicológica em torno da felicidade. Diferentemente do prazer que não produz crescimento, os cientistas da Psicologia Positiva concordam que a “felicidade autêntica” só pode resultar do crescimento e amadurecimento virtuoso da personalidade, e seu trabalho clínico atual tem como alvo exatamente isso.
Tal crença ou distorção (vício cognitivo) leva o paciente a repetir os mesmos comportamentos problemáticos que reforçam suas crenças, mantendo-o fechado em circuito emocional viciado pelo sofrimento (isolamento, evitação, esquiva, etc...). 2- A Terapia Cognitiva requer uma aliança terapêutica segura, para junto ao paciente, superar seus problemas cognitivos que estão na base de seu sofrimento emocional. 3- A Terapia Cognitiva enfatiza a colaboração e a participação ativa entre terapeuta e paciente, tendo em vista a superação e o crescimento interior do paciente, seu ajustamento cognitivo. 4- A Terapia Cognitiva é orientada em metas e focalizada nos problemas centrais do paciente, e que são constantemente reavaliados entre terapeuta e paciente que, alinhados, tomam decisões conjuntas no processo terapêutico. 5- A Terapia Cognitiva inicialmente enfatiza o presente, os problemas atuais e as situações aflitivas para o paciente. Em geral, o terapeuta cognitivo inicia a terapia com o exame cuidadoso de problemas no aqui-e-agora, independentemente do diagnóstico. A atenção volta-se para o passado em três circunstâncias: quando o paciente expressa predileção por isso, quando o terapeuta julga que é importante entender como e quando pensamentos disfuncionais se originaram afetando a vida do paciente atualmente e, quando o trabalho voltado em direção a problemas atuais produz pouca ou nenhuma mudança cognitiva. 6- A Terapia Cognitiva é educativa, visa ensinar o paciente a desenvolver habilidades emocionais e sociais e enfatiza a prevenção de recaída. 7- A Terapia Cognitiva objetiva um tempo limitado. 8- A Terapia Cognitiva ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder a seus pensamentos e crenças disfuncionais. 9- A Terapia Cognitiva utiliza uma variedade de técnicas para mudar pensamento, humor e comportamento.
Logoterapia
Desenvolvida pelo psiquiatra vienense Viktor Frankl (1905-1997), a logoterapia pode ser considerada uma importante contribuição para a abordagem Humanista de Maslow. Também conhecida como a “Psicoterapia do Sentido da Vida”, caracteriza-se pela exploração da experiência imediata com base na motivação humana mais fundamental, que é o encontro com o sentido da vida. Para além do prazer, o homem anseia pelo sentido, pois somente uma vida de sentido é uma vida realizada. Tratase de uma psicoterapia essencialmente positiva, orientada para o espírito em suas necessidades mais profundas de realização. De acordo com Frankl, a logoterapia originase “do espiritual”, concebido como o princípio que associa o ser humano à realidade e, portanto, purgado de suas fixações imaginárias que o envolvem no sofrimento. Para Frankl, o fato fundamental que impulsiona o homem a partir de suas camadas psíquicas mais profundas, não é a vontade de poder ou a vontade de prazer, mas a vontade de sentido. Assim, uma vida dedicada ao poder e ao prazer é uma vida humanamente superficial, irrealizada, pois o homem só se torna plenamente humano quando se sente ou percebe-se vinculado a um Sentido que o transcende, a uma Causa a partir da qual retira todos os seus potenciais de crescimento interior. Ao falar de sentido, Frankl se refere à coerência, à busca de propósito e finalidade. Quando perde seu sentido religioso ou existencial, o homem se desconecta tornando-se ansioso, inseguro e apegado, prisioneiro de suas fantasias. Cai, por assim dizer, num vazio existencial e sofre. Portanto, a logoterapia objetiva a conscientização do espiritual, concebendo o espiritual como a correta compreensão da realidade e seu lugar no mundo. É uma psicoterapia voltada para o desenvolvimento da consciência e sua emancipação dos pensamentos obsessivos, base das emoções de angústia e sofrimento. Os principais livros de Frankl traduzidos para 32 idiomas foram: “Em Busca do Sentido (1946)”, “A Vontade de Sentido (1969)”, e “A presença ignorada de Deus (1943)”.
Estas são as principais abordagens da ciência e da clínica psicológica. Há ainda outras que se desenvolveram de modo a complementar e a justapor as principais abordagens aqui elencadas. Mas desenvolvê-las ultrapassaria os limites desse artigo.
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tabus e INFORMATIVOS
QUANDO DEVO ME CONSULTAR COM UM PSIQUIATRA? inda se acredita, em pleno século XXI, que o psiquiatra é só “médico de loucos”. Muitas pessoas consideram uma ofensa pessoal ser encaminhadas por familiares, professores, médicos e psicólogos a consultar um psiquiatra. “Mas eu não sou maluco, não sou louco” é o primeiro protesto. Hoje em dia as pessoas levam um ritmo de vida muito acelerado; sintomas como ansiedade e estresse, por exemplo, estão presentes todo o tempo, associados a problemas familiares, pressões no trabalho, dificuldades financeiras, à violência que tendem a causar nas pessoas insegurança e medo. Todos esses fatos causam
Alfonso Alfonso Paz Médico
um desequilíbrio e podem ser muitas as formas de apresentação dos sentimentos que as pessoas passam a experimentar como, por exemplo, fadiga, cansaço, distúrbio do sono, dores musculares, dores de cabeça, irritabilidade, alterações de humor, alterações da memória, dificuldade de concentração, falta de apetite, depressão, esgotamento profissional, perda de libido, crises de choro, visão turva, ouvir vozes; sensação de a pessoa estar sendo vigiada, seguida; mania de arrancar os cabelos, comer compulsivamente, comprar compulsivamente, medo de estar em lugares públicos, uso abusivo de álcool, uso de drogas, pensamentos suicidas, pensamentos homicidas, uso nocivo e abusivo de internet, jogos patológicos, compulsão sexual e ciúme patológico. Todos os transtornos neurais têm uma característica em
comum: fazer sofrer. Tanto o paciente quanto quem está a sua volta sofrem com a doença. Só se percebe a doença através dos prejuízos que ela provoca e quando impede a pessoa de ter uma vida com qualidade. Mas é possível viver melhor com a ajuda profissional especializada. A psiquiatria (do grego psyché = alma + iatria = Tratamento Médico) é uma especialidade da medicina que lida com a prevenção, a atendimento, o diagnóstico e a reabilitação das diferentes formas de sofrimentos mentais, sejam eles de forma orgânica ou funcional e em manifestações psicológicas severas. Nossa função profissional como Psiquiatras é promover saúde mental e física, cujo resultado pode ser visto no sorriso das pessoas que ganharam uma nova oportunidade para escreverem a história de suas vidas.
tabus e INFORMATIVOS
O cérebro cérebro humano é realmente incrível. Se você ganhasse um real para cada neurônio em seu encéfalo você seria bilionário. Dentro de nossos crânios, habitam cerca de cem bilhões de neurônios vivos, ativos e que se comunicam. Todas essas células foram organizadas e conectadas com uma complexidade nunca antes testemunhada no Universo, resultando em seres igualmente inéditos. É certo que nós, seres humanos, somos mais uma espécie de animais em meio a muitas outras. Somos vertebrados como os calangos, mamíferos como as onças -pintadas e primatas assim como os saguis ou os macacos-pregos. No entanto, certamente não somos apenas isso. Afinal de contas, onde já se viu macacos construindo arranha-céus, ou onças pintadas recitando poemas ou até mesmo calangos indagando “Ser ou não ser? Eis a questão”? Tais feitos, e muito outros, são únicos à espécie humana.
Francisca Sampaio Leão Neuropsicóloga com colaboração de Matheus Teles Gomes de Araújo
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Algumas funções do cérebro humano a linguagem me vem à mente - são tão poderosas que eu chegaria ao ponto de afirmar que elas produzem uma espécie que transcende a condição simiesca no mesmo grau em que a vida transcende a química e a física triviais” Dr. V. S. Ramachandran
Único e complexo, porém finito e frágil
Nosso cérebro nos capacita para a realização de obras espetaculares e isso faz dele um órgão singular e sem precedentes. Porém, mesmo sendo único, ele também é mais um órgão em meio a vários outros, assim como nós somos mais uma espécie entre várias outras, e como tal possui suas fragilidades, seus limites e suas necessidades para se manter saudável. Componente principal de nosso sistema nervoso central, nosso cérebro consome aproximadamente 20% de toda a energia produzida pelo organismo, chegando a utilizar 25% do oxigênio inspirado. Mesmo dispondo de tamanhas reservas energéticas, o poderoso cérebro está sujeito a doenças, transtornos, distúrbios e múltiplas disfunções. Não é à toa que a doença denominada de “Mal do século XXI” é um distúrbio mental, a depressão. Impactos fortes na cabeça, altos níveis de estresse, o abuso de álcool, uma dieta inadequada e vários outros fatores podem prejudicar o cérebro, gerando distúrbios mentais dos mais variados. Por exemplo, você sabia que não é tão raro, nos consultórios de psiquiatria do SUS, o aparecimento de pessoas que sofreram um acidente de moto, bateram a cabeça, e desenvolveram um transtorno psicológico
denominado de agnosia, em que elas perdem a capacidade de reconhecer objetos de uso comum, como um relógio. A pessoa até sabe a função e a aparência, mas ao ser questionada quanto ao nome do objeto ela se mostra incapaz de responder, mesmo estando com sua fala intacta. No entanto, os distúrbios que afligem, em massa a população brasileira, e até mesmo a população mundial, são os distúrbios de humor, como a ansiedade e a depressão. Para tais doenças, não se faz necessário um acidente de trânsito; elas não discriminam por cor, credo, poder aquisitivo ou localidade. Em todo o mundo, qualquer tipo de pessoa pode ser acometida por esses transtornos em algum momento de sua vida. Essa fragilidade que nosso cérebro apresenta possui um lado positivo. Diante de todas essas doenças, a raça humana se encontra profundamente movida a buscar maneiras de prevenir, tratar e curar esses problemas. Há, atualmente, um empreendimento em nível mundial para melhorarmos nossa saúde cerebral e, assim, alcançarmos mentes saudáveis. A consciência para o cuidado do cérebro aumenta cada vez mais, nos dando boas expectativas para o futuro de nosso bem-estar mental.
Um órgão a ser cuidado
Por mais incrível e complexo que seja, o cérebro também é finito e frágil. Também precisa de oxigênio, água, sais minerais, açúcares, enfim as necessidades comuns a qualquer órgão humano. No entanto, a noção de que o cérebro é mais um órgão e que precisa de cuidados, assim como o coração, não é tão presente em nossa população. Por exemplo, em 2015, o Brasil possuía cerca de 13 mil médicos especialistas em cardiologia, porém, em neurologia, eram apenas 4 mil, quase dez mil médicos a menos, conforme a demografia médica no Brasil, realizada pela USP. Tal fator reflete uma possível falta de consciência tanto populacional quanto governamental sobre os cuidados que devemos tomar com nossa saúde cerebral. Somente em nível de exemplo, nos Estados Unidos, onde existem fortes campanhas em prol da consciência da saúde cerebral - as Brain Awareness weeks, por exemplo - foram investidos 6 bilhões de dólares somente em pesquisas nas áreas da neurociência, enquanto que o investimento em pesquisas das doenças do coração foram de 1,3 bilhões, segundo dados do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (o NIH). Demonstrando assim que a saúde cerebral é, sim, prioridade. Entre as funções cerebrais mais afetadas em todo o mundo estão as funções cognitivas, pois elas estão entre os principais alvos de várias doenças mentais e cerebrais mais comuns. Os distúrbios de humor, como a depressão e ansiedade, as demências, como a doença de Alzheimer e os déficits de atenção, como o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), já são problemas bem conhecidos de toda população brasileira e todos afetam a cognição. A ansiedade e a depressão podem ser causadas por fatores endógenos, como uma deficiência nutricional, baixa de vitamina B12 ou ácido fólico, por exemplo. Fatores exógenos também podem acarretar esses distúrbios de humor, como situações adversas constantes, que geram altos níveis de estresse para o indivíduo. Tais distúrbios afetam várias funções cerebrais, desde as emoções, sensações e percepção até os níveis cognitivos
superiores como o raciocínio e a memória. Tudo isso reduz a expectativa de vida saudável dos brasileiros em quase dez anos, conforme um indicador do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME) da Universidade de Washington, EUA, realizado em 2015. Podemos e devemos cuidar da saúde de nosso cérebro. Em sua carta para a comunidade da cidade de Filipos, na Grécia, S. Paulo fez uma declaração interessante. Ele demonstrou sua preocupação pela saúde emocional e cognitiva - percepção e intelecto - de seus amigos ao afirmar:
Esta é a minha oração: que o amor de vocês aumente cada vez mais em conhecimento e em toda a percepção, para discernirem o que é melhor, a fim de serem puros e irrepreensíveis até o dia de Cristo. Filipenses 1:9-10. NVI.
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Seu cérebro saudável
No documentário “O cérebro”, do canal History Channel, a seguinte frase é citada “Aprendemos mais sobre ele (o cérebro) nos últimos cinco anos do que nos últimos cinco mil anos”. Uma frase um tanto quanto forte, porém verdadeira. Estudar o cérebro não é algo fácil, você consegue imaginar como se pode acessar as características mais complexas do cérebro humano? Como podemos quantificar emoções? Localizar anatomicamente as memórias? Ou entendermos as bases orgânicas do que chamamos de consciência? Se você pensou em tecnologias de ponta e equipamentos de acesso neural que mais parecem ter vindo de filmes de ficção científica, você acertou, em parte pelo menos. Existem várias metodologias psicológicas que conciliam a complexidade cerebral com tratamentos surprendentemente simples e que não necessitam de maquinários tecnológicos avançados, permitindo assim um acesso indireto às funções neurais. No entanto, atualmente, diferentemente de outras épocas, nós temos em mãos não somente os mais incríveis aparatos de acesso neural, como temos também uma gama de profissionais especializados no cérebro. Hoje podemos estimular grupos específicos de neurônios do córtex cerebral utilizando campos magnéticos, com uma metodologia high-tech chamada de estimulação magnética transcraniana (cuja sigla vem do inglês, e é TMS). Podemos, assim, potencializar a atenção sustentada, ou então simplesmente estimular uma região do córtex que irá ajudar a pessoa a relaxar e descansar. Podemos também examinar níveis de ansiedade, depressão ou propensões a disfunções mentais, mensurando parâmetros biológicos como a frequência cardíaca, a resposta fisiológica e até mesmo a predominância das ondas cerebrais de cada indivíduo, permitindo assim um tratamento altamente personalizado e preciso. No IMPI, nossa equipe tem em mãos, além de outras metodologias, as tecnologias citadas acima. Temos também um leque de profissionais especializados no cérebro e na mente. Desde médicos, Fontes: USP - Demografia Médica. 2015. NIH - Estimates of Funding for Various Research, Condition, and Disease Categories. History Channel - O Cérebro. Dr. Schweikart - A vitamina B12.
psicólogos e psiquiatras até fonoaudiólogos, psicopedagogos, nutricionistas, neuropsicólogos e fisioterapeutas, todos capacitados para tratarem de forma meticulosa nossa mente e cérebro, tendo resultados que estendem-se também a todo o organismo. Sabe quando você vai a um buffet que tem uma variedade imensa de opções e você não sabe nem por onde começar a degustar? Pois bem, perceba que você já pode começar a sentir-se da mesma forma quando se trata de manter seu cérebro com saúde. Com os recursos disponíveis no IMPI, podemos ajudá-lo a se concentrar mais em seus estudos para concursos públicos ou a tratar de suas crises de ansiedade (que provocam aquela gastrite nervosa). Podemos auxiliar pessoas com transtornos de atenção e hiperatividade a se concentrarem e serem mais atenciosas, por exemplo. Tratamos também muitos casos de depressão. Auxiliamos pessoas com dependências químicas. Enfim, as possibilidades são muitas, são reais e estão acessíveis. Lembre-se que seu cérebro é mais um órgão. E é, sim, incrível, complexo e poderoso em suas funcionalidades, mas também possui necessidades e uma saúde a ser cuidada. Mantenha-se saudável, não somente em seu coração, seus pulmões ou seus rins, mas também em sua mente, seu espírito e em seu cérebro. O Globo - Depressão é uma das principais causas de incapacitação no Brasil. Carta de Paulo aos Filipenses. Instituto de Medicina e Psicologia Integradas (IMPI). Livro - Ramachandran, V. S. (2014). O que o cérebro tem para contar: Desvendando os mistérios da natureza humana. Editora Zahar.
tabus e INFORMATIVOS
DIETAS DA MODA om a epidemia da obesidade, aumentaram as doenças crônicas não transmissíveis como a diabetes tipo 2, houve aumento do colesterol, aumento de triglicérides, da doença cardíaca, de pressão alta, de
acidente vascular cerebral, de entupimento das artérias, insuficiência renal e alguns tipos de câncer. A modificação de hábitos alimentares e a prática de atividade física previne essas doenças, melhora a qualidade de vida e promove uma longevidade saudável.
Barby dos Anjos Macedo Nutriciosnista Esportiva
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Já estiveram na moda dietas nas quais se come apenas proteína, somente sopa, até um regime baseado no consumo de chás e sucos, mais conhecida como “detox”. A moda agora é o jejum intermitente – intermittent fasting, em inglês, dieta low carb (tradicional), dieta paleolítica low carb, dieta do mediterrâneo low carb e dieta cetogênica. Atualmente, os critérios de beleza passaram a ser sinônimo de magreza e de corpo perfeito. Para alcançar esses “corpos ideais”, as pessoas começaram a adotar práticas de alimentação que podem ser prejudiciais à saúde. Antes de iniciar uma dieta restritiva, faça acompanhamento com o endocrinologista e o nutricionista.
A dieta low carb tradicional
Dieta Paleolítica Low Carb
A Dieta paleo baseia-se na ideia de que devemos consumir os alimentos que nossos ancestrais consumiam durante a maior parte da evolução humana. Assim, a alimentação deveria se basear nos alimentos mais comumente encontrados e consumidos durante a era Paleolítica. A dieta paleo low carb se compõe de alimentos não processados que estavam disponíveis na era paleolítica ou antes da revolução industrial. Promove o emagrecimento, a redução da glicemia e de doenças cardiovasculares. Inclui vegetais, frutas, tubérculos, nozes, sementes, carnes, ovos, mariscos e peixes.
É conhecida pela redução da ingestão de carboidratos e prometem o emagrecimento rápido. Dieta low carb tradicional deve ter aproximadamente 40% lipídios, 40% proteínas e 20% carboidratos. Na nutrição esportiva, esses 20% de carboidratos estariam presentes nas refeições anteriores ao treino para fazer a síntese de glicogênio. Não deve ser realizada sem acompanhamento de um profissional e monitoramento de exames bioquímicos. A dieta low carb pode ser variada conforme as necessidades calóricas do paciente. O profissional pode realizar um acompanhamento nutricional e usar estratégias respeitando a individualidade metabólica e nutricional de cada um. Algumas pessoas se adaptam bem, mas outras podem desencadear distúrbios A dieta tem 4 fases:
Dieta Mediterrânea Low Carb
Fase 1 – Indução: Comer menos de 20 gramas de carboidratos por dia durante 2 semanas. Fase 2 – Perda de peso continuada: Adicionar
lentamente nozes, vegetais e frutas com poucos carboidratos.
Fase 3 – Pré-manutenção: Quando chegar perto do peso ideal, começar a adicionar carboidratos até a perda de peso desacelerar. Fase 4 – Manutenção: Pode comer os carboidratos saudáveis que quiser desde que mantenha o peso.
A dieta mediterrânea é popular, especialmente nos círculos de profissionais de saúde na Europa. A dieta mediterrânea Low carb defende o consumo de peixe em vez da carne vermelha, maior consumo de vegetais e enfatiza o consumo de azeite de oliva extra virgem em vez das gorduras. Tem efeito protetor na prevenção de doenças cardiovasculares, câncer, e diabetes tipo 2. Estas dietas são muitas vezes mal interpretadas. O cardápio está recheado de vegetais e algumas frutas.
Jejum Intermitente
O Jejum Intermitente não é uma dieta e, sim, o nome dado ao estilo de alimentação que alterna períodos de jejum com períodos de alimentação. O jejum prolongado é capaz de prevenir o ganho excessivo de peso, mas também pode causar alterações metabólicas na desregulação dos mecanismos cerebrais de controle do apetite. O jejum caracteriza-se como um estado que o corpo, após ficar um determinado tempo sem receber nutriente, utiliza reservas de gorduras estocadas no tecido adiposo. O Corpo passa a utilizar glicose estocada no fígado, glicogênio muscular e hepático. A insulina, o hormônio relacionado com a glicose, se estabiliza, o que, não só melhora o metabolismo de carboidratos, mas também reduz o apetite e vontade de comer doce. Faz o cérebro funcionar melhor e ajuda no tratamento de pessoas com resistência à insulina e pré-diabetes. Eu não recomendo nenhum tipo de dieta ou jejum intermitente. A Alimentação deve ser individualizada de acordo com as necessidades de macro e micronutrientes. Chamamos de individualidade biológica o fenômeno que explica as variações entre os elementos da mesma espécie, o que faz que com que não existam seres iguais entre si. (Tubino 1990). Você provavelmente já ouviu falar de uma pessoa dizer que come e malha igual a uma celebridade, neste contexto, todos estão infringindo o primeiro princípio da individualidade biológica. Nenhum de nós tem um corpo ou metabolismo igual. Precisamos aprender a fazer um acompanhamento médico e nutricional para obter resultados saudáveis e definitivos.
Dieta cetogênica
Prega um constante estado de cetose em que o organismo usa a gordura ou os “corpos cetônicos ou ácidos graxos” como fonte de energia ao invés da glicose. A dieta cetogênica é a mais popular e existe desde a década de 1920, quando foi desenvolvida pelo Dr. Wilder nos Estados Unidos, para ser empregada no tratamento da epilepsia refratária, principalmente em crianças. A dieta cetogênica para epilepsia é composta de 92% de gorduras, 6% de proteínas, 2% de carboidratos e é necessário iniciar em uma unidade hospitalar, após o corpo entrar em cetose. Hoje em dia, a dieta cetogênica para a perda de peso é de aproximadamente de 70% de gordura, 25% de proteína e somente 5% de carboidratos. São usados ovos inteiros, queijos, bacon, azeite de oliva, carnes mais gordas e óleo de coco. Qualidade de vida é o jeito que cada um escolhe para viver bem. Mude seu estilo de vida e pratique saúde. Nutrição esportiva é a área que aplica a base de conhecimentos em: nutrição, atividade física e fisiologia humana. Os principais objetivos são: aumentar o desempenho físico, reduzir o percentual de gordura corporal, aumentar a massa muscular, buscar um emagrecimento saudável, prevenir a obesidade, a hipertensão arterial, o diabetes tipo II, o câncer etc. Nosso corpo é estruturado basicamente por água, proteínas, gordura e minerais e esses componentes precisam ser fornecidos ao organismo pela alimentação e suplementação. Dessa forma a nutrição esportiva pode auxiliar no programa de exercício físico, promovendo um envelhecimento saudável e com qualidade de vida.
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tabus e INFORMATIVOS
Fisioterapia aplicada à terceira idade egundo o Conselho Federal de Fisioterapia (Crefito), a fisioterapia é uma ciência da Saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por alterações genéticas, por traumas e por doenças adquiridas. A atuação do fisioterapeuta é realizada para o tratamento e/ ou prevenção de lesões. O fisioterapeuta atende em diversas áreas, dentre elas: ortopédica, neurológica, respiratória, pediátrica, geriátrica. Agora vou falar um pouco da atuação do Fisioterapeuta que exerce sua atividade na Geriatria.
Vanessa Lanucci Costa Nóbriga Fisioterapeuta
Com o crescimento da população idosa, a Fisioterapia vem atuando com o intuito de promover a independência do idoso nas atividades de vida diária, minimizando algumas consequências do envelhecimento, tais como as quedas, o déficit de memória, os problemas osteomusculares, respiratórios e urinários. O Fisioterapeuta realiza exercícios de fortalecimento muscular com o objetivo de melhorar a marcha, a equilíbrio, a propriocepção, a coordenação motora, a flexibilidade, minimizando as dores articulares decorrentes das artroses e artrites que surgem com o avançar da idade. Os problemas respiratórios no idoso também são outro problema muito frequente que pode levar a grandes complicações dependendo da fragilidade do idoso. A Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), atelectasias (colapso parcial ou total do pulmão)
e pneumonia são exemplos de doenças respiratórias que mais acometem os idosos. Além disso, a respiração curta e superficial dificulta as trocas gasosas e sobrecarrega o coração. Com o avançar da idade, muitos idosos apresentam déficit de memória e são acometidos por alguma doença como o Parkinson, o Alzheimer ou a demência senil. Exercícios de memória, propriocepção, equilíbrio e trabalhos manuais para melhorar e diminuir o tremor devem ser realizados. Outra doença muito comum entre os idosos é a depressão, que os acomete por motivos variados: o falecimento do companheiro (a) ou amigos, as debilidades motoras (que levam à dependência). Por isso, é muito importante o seu tratamento com uma equipe multidisciplinar (psicólogos, psiquiatras, geriatra, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional) para uma boa recuperação.
tabus e INFORMATIVOS
Acupuntura e seus benefícios
Vanessa Lanucci Costa Nóbriga Fisioterapeuta
Acupuntura é a técnica da medicina tradicional chinesa mais popular, mas existem outros métodos de tratamento advindos do mesmo conceito: Auriculoterapia, Moxabustão, Gua-sha, Hai-hua, Craniopuntura e Eletroacupuntura. No IMPIInstituto de Medicina e Psicologia Integradas, atuamos com a maioria destas técnicas. Na acupuntura, buscamos o equilíbrio energético do paciente. A avaliação é realizada para saber quais meridianos estão em desequilíbrio. Estudamos o indivíduo através do pentagrama que se divide nos seguintes elementos: Fogo, Terra, Ar, Agua e Metal. E cada elemento possui, coligado a ele, um órgão e uma víscera. Elemento Fogo (Coração e Intestino Delgado), Terra (Baço-Pâncreas e Estômago), Ar (Pulmão e Intestino Grosso),
Água (Rim e Bexiga) e Metal (Fígado e Vesícula). O intuito é tratar e avaliar o indivíduo de forma global, pois o nosso corpo sobrecarrega um “órgão” para suprir a necessidade de outro, que está fraco ou fragilizado, por algum motivo que geralmente é uma doença. A constituição do indivíduo é muito importante na sua avaliação, porém, no Brasil, devido a nossa mistura, não apresentamos uma constituição pura. Por ser uma técnica milenar, a acupuntura tem uma atuação muito relevante na melhora do quadro clínico de pacientes com problemas de depressão, fobias, ansiedade, dores musculares, enxaqueca, problema de estômago, circulação, câncer, entre outras doenças. Estudos apontam que, com o tratamento da acupuntura, há diminuição das crises e do uso de medicamentos em vários pacientes.
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CORPO CLÍNICO
O IMPI selecionou
os melhores
profissionais da área da saúde para lhe atender. Conheça nosso corpo clínico.
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Medicina
Medicina
Medicina
Adriano Alves Moreira
Alessandro Henrique Alves Ribeiro
Alfonso Alfonso Paz
CRM 22009/DF
CRM 16592/DF
CRM 9019/DF
Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Barbacena.
Graduado em Medicina pela FACIPLAC–DF.
Pós-Graduação em Psiquiatria pelo Centro de Ensino Superior de Valença – RJ. Especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria/Associação Médica Brasileira. Atendimento a adultos.
Membro efetivo da Associação Brasileira de Psiquiatria. Pós-Graduação em Psiquiatria. Pós-Graduação em Medicina do Trabalho em Psiquiatria. Atendimento a dependentes químicos e tratamento de alcoolismo. Atendimento a adultos e idosos.
Graduado em Medicina em 1986 em Havana (Cuba). Especialização em Medicina Geral Integral. Especialização em Anestesiologia, Reanimação Hospitalar e UTI pelo Hospital Clínico Cirúrgico Hermanos Ameijeiras, em Havana (Cuba). Curso de Pós-Graduação em Psiquiatria (Cenbrap). Especialista em Psiquiatria pela AMB e ABP. Atendimento a clientes com Doenças Mentais e Dependência Química. Atendimento a adolescentes e adultos.
Medicina
Medicina
Medicina
Ewerton Torreão de Freitas Medeiros
Fabio de Souza Trindade
Frederico Correia de Oliveira
cRM 20676/DF
CRM 13490/DF
CRM 16480/DF
Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Graduado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (SP).
Graduado em Medicina pela Universidade Presidente Antônio Carlos em Juiz de Fora, MG.
Especialista em Bioética e Medicina do Trabalho pela USP.
Pós-Graduação/ Residência Médica em Neurocirurgia no Hospital Municipal Dr. Mário Gatti (SP).
Residência Médica em Psiquiatria pelo Instituto Municipal Philippe Pinel (IMPP), Escola Mental do Rio de Janeiro (ESAM).
Membro Titular da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor – SBED.
Atendimento a crianças e adolescentes.
Especialista em Psiquiatria pela IPEMED–SP e Medicina Oriental pela IAMEC – SP. Mestre em Bioética pelo Centro Universitário São Camilo – Pompéia – SP. Atendimento a clientes com Disfunções Sexuais. Atendimento a adolescentes e adultos.
Médico Perito do INSS. Atendimento a pacientes a partir dos 16 anos de idade.
Medicina
Medicina
Medicina
Ingrid Coutinho Chaves de Oliveira
Olimpio César Alencar Cunha
Tiago Pereira Damaceno
CRM 10701/DF
CRM 19551/DF
CRM 19048/DF
Graduada em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Residência Médica em Psiquiatria no Complexo Hospitalar de Juquery-SP.
Graduado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco /UPE. Residência Médica em Cirurgia Geral pelo Hospital de Base do DF.
Formação em Psiquiatria da Infância e adolescência pela Secretaria de Saúde do DF.
Residência Médica em Cirurgia Plástica pelo Hospital Agamenon Magalhães FUSAM em Recife (PE).
Pós-Graduanda em Álcool e Drogas na UNIFESP/UNIAD.
Especialista em Cirurgia Plástica pela Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Atendimento a crianças e adolescentes.
Graduado em Medicina pela Faciplac (DF). Pós-Graduado em Psiquiatria pela IPEMED ( Instituto de Pesquisa e Ensino Médico, Brasilia, DF). Pós- Graduando em Dependência e outras Drogas pela UNIFESP (SP). Atendimento a adultos.
Atendimento a adultos.
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
Aline Dornelas Guimarães
Augusto Parras Albuquerque
Caroline Fabrine Nunes de Araujo
CRP 14166/DF
CRP 18510/DF
Psicóloga formada pelo Centro Universitário IESB – Brasília (DF).
Graduado em Psicologia pelo Centro Universitário IESB-DF.
Especialização em Análise Comportamental-Clínica pelo IBAC (Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento) Brasília-DF.
Graduado em Educação Física pela Faculdade Dom Bosco de Educação Física, DF.
Pós-graduação em Gestão de Pessoas pelo Centro Universitário UDF/UNICSUL. Atendimento a crianças, adolescentes, adultos e idosos.
Formação em Psicomotricidade Relacional. Especialização em Educação Física Especial e Desporto Adaptado pela Universidade de Brasília - UNB. Mestre em Educação pela Universidade de Brasília - UNB.
CRP 10624/DF
Psicóloga Clínica formada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Mestre em Psicologia Clínica com Crianças Autistas pela Universidade de Brasília (UnB). Especialização em Neuropsicologia pelo IEPSE (Brasília – DF). Atendimento a crianças, adolescentes, adultos e idosos, individual ou em grupo.
Atendimento a crianças e adolescentes.
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PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
Daniela Wood F. G. G. Fraga
Doralice Oliveira Sampaio
Erocilda Gabriel de Lima
CRP 15029/DF
CRP 17179/DF
CRP 6117/DF
Psicóloga formada pela Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG. Especialista em Psicossomática pela Faculdade de Ciências de SP - FACIS. Especializanda em Teoria Psicanalítica pelo Centro Universitário de Brasília - UniCEUB.
Psicóloga formada pelo IESB (Brasilia-DF). Curso de Psicanálise dos Vínculos aplicada em Diversos Contextos. Atendimento a adolescentes e adultos.
Psicóloga formada pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Especialista em Psicologia Clinica pelo Conselho Regional de Psicologia Brasília – (CRP –DF). Formação em Coaching Gerencial pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). Professional & Advanced Coach (Abracoaching).
Atendimento a clientes com Transtornos Alimentares.
Atendimento individual a adultos e grupos.
Emite relatório psicológico para cirurgia bariátrica. Atendimento a adultos.
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
Francisca Sampaio Leão
Gabriela Brunelli Bofill
CRP 1891/DF
CRP 3255/DF
Hiderlene Rosendo Da Ponte Montenegro
Psicóloga formada pela Universidade de Brasíla (UnB). Diretora do IMPI - Instituto de Medicina e Psicologia Integradas. Coordenadora e Facilitadora dos Programas de Controle do Estresse, Auto-Estima e Educação da Mente. Especialista em Psicologia Clínica e Psicologia Hospitalar. Especialização em Neuropsicologia. Formação em Terapia de Casal e Familiar, Hipnose Ericksoniana, PNL e Psicoterapia Cognitiva. Especialização em Neuromodulação Cerebral. Estudiosa e pesquisadora nas áreas do Estresse e Neurociências. Atendimento a adultos.
CRP 11657/DF
Psicóloga Clínica formada pelo UniCEUB.
Psicóloga formada pelo UniCEUB.
Formação, à nível de especialização, em PsicoterapiaAnalítico Comportamental pelo INSPAC (Instituto São Paulo de Análise do Comportamento) em Brasília/DF.
Especialista em Psicologia Clinica em Gestalt Terapia pelo IGTB (Brasilia/DF).
Formação em Terapia Conjugal, Familiar e Sexual.
Atendimento a adolescentes e adultos.
Atendimento a adultos, idosos e Casais. Orientação Sexual.
Formação em Terapia Analítico-comportamental.
Terapia Conjugal.
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
Isaac Melo Ferreira
João Victor de Castro Sebba
Jury Ricardo Gomez Garcia
CRP 16334/DF
CRP 11662/DF
CRP 12891/DF
Psicólogo formado pelo IESB. Especialização em Análise Comportamental Clínica pelo IBAC (Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento) Brasília- DF, em andamento. Graduação em Administração de Empresas pela UNIFOR (Universidade de Fortaleza). Curso de Biofeedback. Atendimento a adolescentes, adultos, idosos e Casais.
Psicólogo formado pelo UniCEUB (Brasília, DF). Pós-graduação em Gestão de Pessoas e Recursos Humanos. Pós-graduação em Controles Internos e Auditoria Bancária. Pós-graduação em Terapia Familiar e Conjugal. Formação em Terapia Sexual pela CIPS (Clinica Integrada de Psicologia e Sexologia – Brasília, DF). Pós-graduando em Transtornos Alimentares, Obesidade e Cirurgia Bariátrica.
Psicólogo formado pela La Universidad Central de Las Villas (Cuba). Especialista em Psicologia da Saúde pelo Instituto Superior de Ciências Médicas de La Habana (Cuba). Master em Psicologia Médica pela Universidade Central de Las Villas. Neuropsicólogo pela Universidade Central de Cuba. Atendimento a adultos.
Atendimento a adolescentes, adultos, Casais e Terapia Familiar.
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
Maria José Larangeira de Faria Mendes
Patricia de Souza Pinto
Sarah Sammy M. Sampaio
CRP 18084/DF
CRP 14354/DF
CRP 17327/DF
Socióloga formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC. Psicóloga formada pela Universidade Veiga de Almeida (RJ). Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental pelo CPAF (RJ). Especialização em Terapia Vivencial (RJ). Especialização em Terapia do Luto (RJ) Atendimento a adultos, idosos, casais e terapia familiar.
Psicóloga formada pelo IESB (Brasília-DF). Especialista em Análise do Comportamento pelo IBAC (Brasília-DF). Formação em Análise do Comportamento Infantil pelo IBAC. Pós- Graduação em Avaliação Neuropsicológica pelo INCURSOS (Goiânia–GO). Atendimento a crianças e adolescentes.
Psicóloga formada pela Universidade Paulista (UNIP), Brasília-DF. Especialização em Neuropsicologia pelo IEPSE (Instituto de Ensino e Pesquisa em Saúde e Educação), Brasília-DF. Realiza Avaliação e Reabilitação Cognitiva; Terapia virtual (fobias); Neuroterapia (terapia monitorada); Biofeedback (ansiedade e depressão); Neurofeedback (TDH); Neurometria (tratamento e avaliação); Estimulação elétrica. Atendimento a adolescentes e adultos.
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PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
Sueli da Rocha Gonçalves
Vitor Santiago Borges
Vanessa Lucia Suzuki Martins
CRP 16303/DF
CRP 9312/DF
Psicóloga formada pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI- SC).
Psicólogo formado pela Universidade Estácio de Sá – RJ (UNESA).
Mestrado em Saúde, Educação e Meio Ambiente pela Universidade Plínio Leite (UNIPI ) em Niterói-RJ.
Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade Católica de Brasília.
Especialização em Terapia Corporal na Orgone, em Curitiba.
Especialização em Medicina Psicossomática pela UNESA.
Pós-graduação em RH pela FGV (RJ).
Especialização em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental pela UNESA.
Especialização em Orientação Profissional.
Atendimento a Dependentes Químicos e Terapia Conjugal.
Atendimento a adultos.
CRP 15430/DF
Psicóloga formada pela UNIP. Pós-graduação em Terapia Familiar Sistêmica pela Academia Terapêutica de Belo Horizonte. Pós-Graduação em Terapia Cognitivo Comportamental pelo Centro Educacional Capacitar. Atendimento a crianças, adolescentes e adultos. Psicoterapeuta Familiar.
Atendimento a adolescentes, adultos e idosos.
PSICOLOGIA
Fonoaudiologia
Fonoaudiologia
Viviane Cristina Guimarães
Hilquias Alves Damasceno
Lara Rilve Gonçalves
CRF 10006/DF
CRF 9820/DF
CRP 15246/DF
Psicóloga formada pelo UniCEUB (Brasilia, DF). Especialista em Análise do Comportamento pelo IBAC (Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento). Especialista em Gestão Pública pela Faculdade Phênix (Brasilia, DF). Atendimento a adultos e adolescentes.
Formada pelo Centro Universitário Planalto do DF (UNIPLAN).
Formada pelo Centro Universitário Planalto do DF (UNIPLAN).
Pós-Graduação em Psicopedagogia pelo IBI/DF (em andamento).
Especialização em Linguagem pelo CEFAC(GO).
Atendimento a pacientes com gagueira, distúrbios da leitura e escrita, problemas de fala, linguagem e voz e Processamento Auditivo Central.
Atendimento a clientes com problemas neurológicos, de linguagem, fala, disfagia, gagueira, distúrbio da leitura e escrita, e Processamento Auditivo Central.
Atendimento a crianças, adolescentes, adultos e idosos.
Atendimento a crianças, adolescentes, adultos e idosos.
Psicopedagogia
Psicopedagogia
Nutrição
Janirléa Lima
Mariângela Mello Pereira Amazonas
Barby Dos Anjos Macedo
MEC 893
Formada em Pedagogia com Habilitação em Orientação Educacional pela UniCESP (Instituto Científico de Ensino Superior e Pesquisa/DF). Pós-Graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Neuropedagoga, Psicanalista e Docente Universitária. Atendimento a clientes com TDA, TDAH, autismo, síndrome de Down, dislexia, discalculia, displaxia e problemas que interferem na aprendizagem. Atendimento a crianças, adolescentes e adultos.
MEC 283502
CRN 7192
Graduada em Pedagogia pela Unicamp, SP.
Nutricionista Esportiva com ênfase em bem-estar.
Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem.
Atendimento a clientes obesos, diabéticos, hipertensos e praticantes de atividade física/ exercício físico.
Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional. Habilitada para aplicação do Programa de Enriquecimento Instrumental – Nivel básico e Nível I (PEI). Atendimento a crianças e adolescentes.
Fisioterapia e Terapia Ocupacional
Fisioterapia e Terapia Ocupacional
Reforço Escolar
Vanessa Lanucci Costa Nóbriga
Lara Liege Carmo do Nascimento
Cristiane Loureiro Ferreira
CREFITO 49179-F
Formada em Fisioterapia pela Universidade Católica de Brasília. Pós-graduação em Fisioterapia Hospitalar pela CEAF – Goiânia. Pós-graduação em Acupuntura pela Uni-Saúde – Brasília/DF. Curso de Reeducação Postural Global para estabilização segmentar pela Mundo Fisio Goiânia. Curso de Kinesio Taping pela Brasilia Fisio. Curso de Aperfeiçoamento em Fisioterapia em Geriatria pela CEAF - Goiânia. Em andamento o curso de Maitlan (técnica de terapia manual). Atendimento a clientes com problemas ortopédicos, neurológicos, gestantes, pneumológicos e drenagem linfática.
CREFITO 1041-TO
Formada pela Universidade Potiguar, RN (UnP).
Formada em Pedagogia pela AEUDF.
Atendimento a clientes com problemas neurológicos, ortopédicos, geriátricos, com dificuldade de locomoção, saúde do trabalhador e atividades de vida diária.
Experiência em reforço escolar e acompanhamento escolar para educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.
Atendimento a crianças, adolescentes, adultos e idosos.
A metodologia de ensino é de acordo com a do professor em sala de aula. Utiliza materiais didáticos pedagógicos. Formação: Pré-alfabetização (método fônico) para crianças e adultos.
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CONVÊNIOS
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