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No Circuito

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SalaS de bateriaS

as salas de baterias são um dos locais que mais geram debates sobre classificação de áreas. É sabido que as baterias, como as chumbo-ácidas, liberam hidrogênio quando em recarga, o que requer a elaboração de procedimentos de segurança, tanto para as atividades de operação quanto para as de manutenção. A existência de diversos exemplos de explosões em salas de baterias, especialmente as que alimentam Centros de Processamento de Dados, tipicamente de altas capacidades, denota a importância de uma análise devidamente embasada, visando a especificação correta dos equipamentos elétricos e eletrônicos nelas instalados.

Em uma auditoria, foi encontrado um documento emitido pelo departamento de projetos da empresa, que na verdade tratava-se de um levantamento sobre diversas normas estrangeiras, reproduzindo todas as recomendações nelas mencionadas sobre salas de baterias. O relatório revelou alguns conflitos entre as diversas normas consultadas, porém, nas conclusões, limitou-se a dizer que “as disposições das normas deveriam ser atendidas”. Ou seja, por ter identificado recomendações divergentes, mas não ter analisado e apontado quais diretrizes deveriam ser seguidas na empresa, o relatório foi considerado inócuo, o que motivou a contratação da consultoria.

Nas redes sociais

Nas redes sociais, vez por outra o assunto é colocado em pauta. Certas “opiniões”, emitidas por pessoas que em princípio lidam com o tema, a julgar pelos respectivos perfis profissionais, assustam. Abaixo, há uma seleção de um destes debates, colhido nas redes sociais. Os nomes dos autores foram preservados.

“É fácil dizer que todos os equipamentos destinados ao uso em áreas classificadas devem ser Ex; no entanto, exagerar na segurança pode não ser uma boa engenharia.

Então, por favor, analisem o seguinte. - Sala com baterias e UPS, com as seguintes características: - Exaustor dimensionado para 6 a 12 mudanças de ar, visando que os níveis de concentração de H2 sejam mantidos abaixo de 1%; - Se o nível de H2 exceder 1%, toda a energia da sala será cortada; - A exaustão é intertravada com o carregador, desligando-o caso a exaustão pare; - O interruptor de luz está localizado fora da sala; - O detector de gás e o motor do exaustor foram selecionados adequadamente, levando em consideração o gás H2 e o EPL Gb (IIC, T1).

Nestas condições, as luminárias da sala precisam ser Ex?

E se garantirmos que a concentração de H2 ficará sempre abaixo de 1%, ainda devemos classificar esta sala?

Vocês acham que na vida real, o que poderá acontecer?”

E dentre as respostas, destacam-se:

“Basicamente, uma zona pode ser reduzida aplicando-se uma ventilação “à prova de falhas”. Portanto, medidas apropriadas devem ser aplicadas para permitir que um equipamento “normal” seja instalado. Espero que isso ajude um pouco nesta primeira etapa.”

“É um tema interessante. Eu acho que a luminária deve ser Ex, especialmente se for uma luminária de emergência com bateria incorporada.”

“Tenho certeza que sim. No entanto, inspeção ou monitoramento adicionais devem ser feitos conforme necessário. Além disso, uma luminária para Zona 2 pode ser uma solução. Depende do cliente.”

“Todos os dispositivos de segurança, e os dispositivos envolvidos na reinicialização do UPS, devem ser Ex.”

“Ainda é uma área Zona 2. Em meu país, o detector de gás e a exaustão permitiriam o uso de equipamentos de uso geral, mas apenas se eles não possuíssem fontes de ignição ou superfícies aquecidas. Temo que a iluminação possa desrespeitar a limitação de temperatura, então provavelmente precisará ser Ex.”

“Em minha opinião, a determinação da quantidade de renovações de ar para manter o hidrogênio abaixo de 25% do LIE é o requisito para instalar equipamentos não Ex. A avaliar a integridade do sistema de exaustão, do sistema de alarme, etc. Se no momento que a ventilação falhar, na sala não se formar imediatamente uma atmosfera explosiva, também deveremos calcular o tempo até que seja atingido o LIE com a exaustão parada. Portanto, existem medidas suficientes para garantir que a sala não seja classificada, e não exija equipamento Ex. Resumindo, deve ser efetuada uma avaliação completa de acordo com a norma, e considerar-se o pior caso.”

Pelo exposto, podemos considerar que a colocação de uma questão específica como esta, que envolve a segurança da planta, em um fórum aberto de internet, foi muito arriscada. A omissão de dados como o tipo e capacidade da bateria, e até se a instalação é onshore ou offshore, não permite responder de forma segura, já que além dos requisitos das normas técnicas, podem ser aplicáveis disposições legais específicas.

Além disso, não foram identificadas as qualificações dos respondentes, o que impede ao formulador da pergunta escolher com confiança “a melhor resposta”.

A resposta correta e segura será obtida não na internet, mas por um consultor especializado, por meio de um parecer detalhado, considerando as características operacionais da planta e das disposições técnicas e legais aplicáveis, mediante a emissão da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica.

Se você possuir alguma dúvida sobre classificação de áreas, mande um e-mail para em@arandaeditora.com.br. Seus questionamentos poderão ser abordados em uma próxima edição.

Estellito Rangel Júnior Engenheiro eletricista e primeiro representante brasileiro de Technical Committee 31 da IEC

Esta seção propõe-se a informar e analisar temas relativos a instalações elétricas em atmosferas potencialmente explosivas, incluindo normas brasileiras e internacionais, certificação de conformidade, novos produtos em análises de casos. Correspondência para Redação de EM, seção “EM Ex”; Alameda Olga 315; 01155-900 São Paulo, SP; e-mail: em@ arandaeditora.com.br

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