Divinum Abril

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EDITORIAL

Em tempos de crise nunca foi tão fácil beber bons vinhos a um custo tão baixo. O consumidor agradece e, de facto, numa volta às prateleiras de qualquer superfície comercial rapidamente se conclui que não faltam vinhos com qualidade a um valor inferior a 3,00 Euros. Por aqui se vê que a concorrência intrínseca ao sector é cada vez mais forte e, se por um lado os produtores conseguem baixar os custos de produção e rentabilizar cada vez melhor os seus recursos (as vinhas, a enologia, etc…), não deixa de ser também uma verdade que a pressão das vendas, dos stocks acumulados e da chegada de mais uma vindima, contribuem em muito para os preços que estão a ser praticados. Na realidade, as circunstâncias não se traduzem necessariamente numa má situação. A possibilidade de cada vez mais pessoas terem acesso a bons vinhos, só faz com que o consumidor se aperceba da qualidade dos nossos produtores e, simultaneamente, se auto eduque para um consumo mais qualitativo. Não obstante e, a médio prazo, a prática de preços abaixo dos custos, poderá levar a que alguns desses produtores desapareçam dos mercados ou tenham de alterar as suas políticas, com implicações a nível da própria regulação dos mercados. A DiVinum de Abril sai com uma novidade. Com esta edição e, pela primeira vez, é lançado um vinho, tendo a escolha recaído num produtor do Alentejo que detém uma imagem forte e possui vinhos de excelente qualidade. Trata-se do lançamento do Vale do Chafariz Reserva 2009, da Herdade da Ajuda. Sendo esta uma revista gratuita, não pode perder esta oportunidade de adquirir um vinho que não se encontra nas prateleiras de qualquer supermercado. Para além desta excelente possibilidade, a revista apresenta ainda a prova de tintos da colheita de 2008 (continuação da edição anterior), bem como artigos sobre Gastronomia e Vinhos, não esquecendo nunca a promoção dos vinhos portugueses. Boa leitura e bons vinhos. Hugo Cunha

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ÍNDICE

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Editorial

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Novidades

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Conversas com Marcelo Rebelo de Sousa

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Sogrape

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Guias de Compras

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Artigo de Opinião - Sérgio Pereira Gastronomia e Vinhos

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Espaço Blog - copode3.blogspot.com A despromoção do Vinho de Portugal

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Painel de Prova

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C.V.R. de Lisboa Vasco d’Avillez

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AEVP 2010 - A década da mudança

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Aveleda

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Quinta do Pinto

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Quinta da Chocapalha

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Gourmet Chefe Albano Lourenço

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Notícias





Terra a Terra Tinto Reserva 2008 e Quanta Terra Grande Reserva Branco 2009 reforçam portfólio do produtor duriense Quanta Terra «Terra a Terra – Tinto Reserva 2008» e «Quanta Terra – Grande Reserva Branco 2009» são os dois néctares de excelência que Celso Pereira e Jorge Alves, sócios e enólogos da empresa duriense «Quanta Terra», fazem agora chegar ao mercado nacional e internacional! O novo «Quanta Terra – Branco Grande Reserva 2009» fermentou e estagiou em barricas de carvalho francês, novas, de 500 Litros de capacidade, durante 14 meses. Produzido a partir das castas Gouveio e Viosinho, trata-se de um vinho de cor citrina e aroma intenso a frutos de polpa branca, damasco, mineral, aroma a pão tostado e baunilha. Na boca apresenta uma excelente acidez, equilibrada por uma belíssima estrutura. Elegante e sério ao mesmo tempo, termina longo e persistente Elaborado a partir das castas Touriga Franca (40%), Tinta Roriz (40%), Touriga Nacional (10%) e Tinta Barroca (10%), o «Terra a Terra - Tinto Reserva 2008» apresenta uma cor ruby. Este tinto, vindimado manualmente, estagiou durante 12 meses em barricas de carvalho francês. Apresenta notas aromáticas muito interessantes a frutos pretos (amora e cereja preta), tabaco preto, especiarias (pimenta branca e cravinho). Na boca mostra-se estruturado, denso e macio, termina longo e frutado. Muito equilibrado. Quintas de Melgaço lançam vinho pioneiro de edição limitada ‘Podridão nobre’ na base de um vinho exclusivo Para 2011, a aposta das Quintas de Melgaço vai para a edição limitada de um vinho nunca antes produzido. O Alvarinho QM Vindima Tardia é elaborado exclusivamente com uvas da casta Alvarinho, tardiamente colhidas. Apresenta uma ‘podridão nobre’ que lhe confere níveis mais elevados de açúcar e um aroma e paladar a frutos maduros, mel e amêndoas. A marca Quintas de Melgaço, especializada na produção de vinho verde Alvarinho, prepara-se assim para desvendar no mercado um vinho verde pioneiro, para já distribuído em edição limitada. Tradicionalmente efectuada de forma manual nos primeiros dias de Dezembro, a colheita das uvas da casta Alvarinho, por muitos considerada a melhor casta branca de uvas do mundo, resulta num vinho doce, dourado e com um final de boca complexo e persistente. Este vinho é ideal como aperitivo e acompanhamento de foie gras, patés e queijos.

QUINTA DA LIXA O primeiro Vinho Verde rosé Touriga Nacional Para 2011 a aposta da Quinta da Lixa vai para o lançamento do primeiro vinho rosé varietal de Touriga Nacional certificado como Vinho Verde, colheita de 2010. A exigência da casta Touriga Nacional não impediu a equipa de viticultura e o enólogo residente, Carlos Teixeira, de apostar num vinho pioneiro na região. O resultado é de um néctar de cor vermelha bem viva, com notações de morango e groselha complementado com sugestões florais que revelam a exuberância do aroma. Na boca apresenta-se muito equilibrado, com boa acidez e notas gulosas de fruta fresca. Terras do Minho, Touriga Nacional é um vinho envolvente e volumoso.

O PVP indicado é de 21,99 €.

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NOVIDADES ADEGA DE REDONDO RELANÇA TERRA D’OSSA e abre uma nova porta com o lançamento do Porta da Ravessa Reserva. A primeira novidade de 2011 da Adega de Redondo (AcR) já está nos mercados: o relançamento do clássico Terra d’Ossa, agora como vinho de mesa e também em embalagens bag-in-box. A presença da Serra d’Ossa a norte é determinante na qualidade das uvas que estão na origem dos novos vinhos de mesa Terra d’Ossa Tinto e Branco, permitindo a ocorrência de maturações muito equilibradas e, consequentemente, a produção de vinhos tintos extraordinariamente agradáveis e suaves para serem consumidos novos e de brancos muito frescos e aromáticos.

A Adega de Redondo Um vinho de elevada qualidade na tradição desta marca líder. A marca DOC Porta da Ravessa, no mercado há mais de 20 anos, vê agora aumentada a sua família com a introdução dos novos Reserva Tinto e Branco, que seguem a tradição e personalidade da marca e a qualidade dos vinhos produzidos pela Adega de Redondo. Para os seus consumidores, a AcR criou um vinho encorpado e aveludado de intensa cor rubi e aroma a frutos vermelhos, com notas de baunilha, fruto das castas Trincadeira, Aragonês, Alicante-Bouschet e Cabernet Sauvignon. Aos que preferem a leveza e frescura de um Branco, a AcR lança o Reserva de cor amarela citrina e intenso aroma a frutos exóticos com um toque de madeira, obtido a partir de uvas das castas Fernão Pires e Arinto.

“Monte das Servas Escolha” e “Vinha das Servas” Herdade das Servas: brancos da colheita de 2010 chegam ao mercado em Março A Herdade das Servas acaba de lançar as novas colheitas, de 2010, do “Monte das Servas Branco Escolha” e do “Vinha das Servas Branco”, ambos vinhos para consumo no dia-a-dia e com elevado potencial gastronómico. São vinhos para consumir à temperatura de 12-14ºC, quando ainda jovens, portanto entre 2011 e 2012. “Monte das Servas Branco Escolha” entre os “Melhores Vinhos do Alentejo” A colheita de 2010 do “Monte das Servas Branco Escolha” é produzida a partir das castas Roupeiro (50%), Antão Vaz (30%), Viognier (10%) e Arinto (10%), apresentando-se com uma cor cítrica aloirada, aromas a frutos tropicais maduros integrado com algumas notas de mel. Fresco, frutado, elegante e com boa acidez, termina com um final agradável e persistente. Tem um grau alcoólico de 14% e um p.v.p. recomendado de € 4,54. “Vinha das Servas Branco” Roupeiro, Antão Vaz e Arinto são as castas que estão na origem do “Vinha das Servas Branco 2010” que, com 13,5% de álcool, possui uma cor cítrica e aromas a frutos tropicais. Um vinho fresco, frutado, com boa acidez e um final agradável. À venda com um p.v.p. de € 2,97

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NOVIDADES

Lançamento Casa Ferreirinha Reserva Especial 2003 Um vinho raro para momentos excepcionais Pela 14ª vez nos últimos 49 anos chega ao mercado um novo Casa Ferreirinha Reserva Especial – uma raridade que desde logo torna este vinho um caso excepcional. Este vinho, da colheita de 2003, apenas se faz em anos verdadeiramente excepcionais. Este lançamento representa pois um momento de grande emoção para os exigentes apreciadores destes vinhos raros, mas também para Luís Sottomayor – o enólogo chefe da Casa Ferreirinha que assina a obra e lhe dá a chancela de qualidade. Casa Ferreirinha Reserva Especial 2003 é a

segunda colheita desta “colecção” de luxo da Sogrape Vinhos a ser produzida no moderno centro de vinificação da Quinta da Leda, no Douro Superior. Estamos perante um tinto de eleição que dignifica a linhagem liderada pelo mítico Barca Velha, tendo sido lançado pela primeira vez no mercado em 1962, precisamente dez anos após o aparecimento daquele ícone maior da Casa Ferreirinha – e com o qual o Reserva Especial tem vindo a alternar colheitas ao longo das últimas décadas, sempre em anos de vindimas de indiscutível qualidade.

Quinta dos Carvalhais Reserva 2007 TODO O POTENCIAL DA TINTA RORIZ A Quinta dos Carvalhais acaba de lançar um Reserva Tinto 2007, um lançamento que ocorre somente em anos de excepcional qualidade e que enobrece a produção vinícola da Região do Dão. Um Dão DOC raro que explora e confirma todo o vasto potencial da Tinta Roriz – uma casta que em 2007 atingiu uma excepcional expressão na Quinta dos Carvalhais. Em vez da tradicional predominância da Touriga Nacional nos vinhos desta região, este Dão

DOC Reserva é feito à base da casta Tinta Roriz, que neste vinho revela a sua enorme qualidade e potencial. O Quinta dos Carvalhais Reserva Tinto 2007 está pronto a ser consumido com grande prazer, no imediato, embora seja de destacar a enorme capacidade de evolução que o vinho ainda apresenta em garrafa. PVP Recomendado: 25€

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Este Reserva Especial 2003 apresenta cor rubi ligeiramente atijolada e uma grande intensidade aromática, dominada pelos aromas a fruta vermelha bem madura, especiarias a pimenta e cravinho, balsâmico a alcachofras e espargos, tudo muito bem integrado com uma madeira de elevado nível que lhe confere uma grande complexidade. Na boca é muito equilibrado, com excelente estrutura, taninos firmes e de grande qualidade, fruta vermelha bem evidente, especiarias a pimenta, acidez muito bem integrada e final muito longo e complexo.


NOVIDADES

Adega de Borba apresenta a nova colheita do “Rótulo de Cortiça” Colheita excepcional do ano 2008 A Adega de Borba acaba de lançar a nova colheita do vinho Adega de Borba Reserva, conhecido por “Rótulo de Cortiça”. De cor rubi definida com nuance vermelha e um aroma fino e elegante sugerindo frutos pretos, compota e chocolate branco este vinho apresenta um sabor macio, com ligeira adstringência, equilibrado, algum frutado fresco, taninos suaves mas estruturados e com elegância no final de prova. O “Rótulo de Cortiça 2008” é produzido com uvas de castas Trincadeira, Aragonez, Castelão e Alicante Bouschet e é assinado pelo enólogo Óscar Gato.

QUINTA DO PORTAL Aposta inovadora da Quinta do Portal marca o arranque de nova categoria de vinhos: o Douro Doce

Apresentado com um teor alcoólico de 13,5%, o “Rótulo de Cortiça 2008” é um DOC Alentejo lançado no mercado após um estágio de 12 meses em barricas de 3º e 4º ano, de carvalho francês, e em tonéis de madeira exótica com envelhecimento posterior de 6 meses em garrafa na cave. Vocacionado para acompanhar pratos elaborados de carne, como caça e borrego, e doces. Este vinho pode ser consumido de preferência de imediato, mas também poderá ficar a estagiar pelo menos 10 anos. Cada uma das 150.000 garrafas produzidas tem o preço recomendado de 8€.

Fémina é a nova aposta da Quinta do Portal, um vinho direccionado para um público jovem, que procura novos sabores! Portal Fémina Branco. Este é mais um produto que marca a política de inovação da Quinta do Portal. A apetência dos consumidores por vinhos mais leves, de baixo teor alcoólico, mas com alguma complexidade, levou os responsáveis da Quinta do Portal a lançar um vinho inovador. Proveniente das castas Moscatel (85%) e Viosinho (15%), o Portal Fémina Branco tem um grau alcoólico de 11 graus. Foi vindimado manualmente e a sua fermentação decorrer em cubas de aço inoxidável, a uma temperatura controlada a 10/12 graus. Segundo o enólogo Paulo Coutinho, trata-se de um vinho leve, fresco e sedutor, fruto de duas variedades precoces, cada uma contribuindo harmoniosamente, quer em termos de aroma, quer em termos de frescura e acidez. Deve servir-se gelado e, depois de abrir a garrafa, esta deve ser conservada no frigorífico, para que possa voltar a ser usufruído na plenitude das suas faculdades. Este Portal Fémina Branco vem preencher uma necessidade sentida por um target do mercado que se situa, sobretudo, no campo dos novos consumidores, mais disponíveis para provar novos néctares e novos sabores. Os jovens urbanos entre os 20 e os 35 anos são o público-alvo de um vinho que chega ao consumidor com um preço de venda recomendado de 7,50 euros. Nesta fase lançamento, serão colocadas no mercado nove mil garrafas.

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O NOME DISPENSA APRESENTAÇÕES, É UM RECONHECIDO POLÍTICO E PROFESSOR CATEDRÁTICO. ESTEVE NA LIDERANÇA DO PSD, NO GOVERNO COMO MINISTRO DOS ASSUNTOS PARLAMENTARES MAS FOI O COMENTÁRIO POLÍTICO, ANOS MAIS TARDE, QUE O FEZ CHEGAR A CASA DE MUITOS PORTUGUESES. NÃO REJEITA A HIPÓTESE DE REGRESSAR À VIDA POLÍTICA ACTIVA POR ENQUANTO MARCA, MUITAS VEZES, A AGENDA POLÍTICA NACIONAL COM OS SEUS COMENTÁRIOS SEMANAIS.

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CONVERSAS COM

Como foi a sua infância? Marcelo Rebelo de Sousa - Muito feliz, graças a meus Pais, a meus irmãos, à minha escola primária “O Lar da Criança” e aos meus amigos. Muito cedo, na escola, formámos clubes de alunos e colaborámos nas actividades desportivas e culturais. E, com o meu Pai, pude viajar imenso pelo país, entre 1955 e 1960, ou seja, entre os seis anos e onze anos. Pude, ainda, assistir ao nascimento da televisão em Portugal, até porque o meu padrinho, Camilo de Mendonça, foi o primeiro Presidente da RTP. Ainda mantém uma ligação forte com Celorico de Basto? MRS - Fortíssima. Sou consultor, a título gratuito, da Biblioteca Municipal, para onde seguem, desde 2001, livros, ao ritmo de cerca de 500 por mês ou mês e meio, manuscritos e CD e DVD, para além dos que amigos ou instituições amigas doam. Sou, ainda, associado dos Bombeiros, da Santa Casa da Misericórdia e de uma Casa do Povo, depois de ter sido dirigente de todos eles. Como é que começou o gosto pela política? MRS - Em casa, enquanto criança, ao ouvir as conversas de meus Pais – o Pai, político desde sempre, salazarista; a Mãe, assistente social, bem mais à esquerda. Os comentários semanais aproximaram-no do grande público e dos portugueses. Tem noção que acaba por ser o “professor” de todos os portugueses? MRS - É verdade que a minha intervenção televisiva é um prolongamento da minha vocação como professor, com uma audiência muito mais vasta. Já me parece um exagero falar em todos os portugueses. Pensa regressar à vida política? MRS - É realidade que nunca se programa. Pode ou não suceder. Em 1996, só sucedeu pelo somatório de seis ou sete factores, todos imprevisíveis anos ou meses antes: o tabu de Cavaco Silva, a sua saída, a sucessão por Fernando Nogueira, a derrota do PSD nas legislativas, a derrota de Cavaco Silva nas presidenciais, a saída de Fernando Nogueira e o não avanço do sucessor natural, porque foi o candidato vencido um ano antes, Durão Barroso.

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CONVERSAS COM

Quando falamos em Eleições Presidenciais, o seu nome é geralmente falado. Tivemos eleições recentemente, ainda assim chegar à Presidência da República é um sonho ou ambição?

“TERIA ADORADO VER O MEU CLUBE DE SEMPRE CAMPEÃO (SPORTING

MRS - Nem uma ambição, nem um sonho. Uma hipótese possível.

nhã. Para meter o Rossio na Betesga, organizo bem a minha vida e concentro-me rapidamente no que tenho de fazer.

A leitura é uma paixão assumida, sei que já doou milhares de volumes à Biblioteca de Celorico. Mas ainda tem espaço para todos os livros que recebe e lê? MRS - De facto, já doei perto de 100000 volumes. Hoje, em casa, já só tenho 5000. Cheguei a ter 30000. Era quase invivível…

DE BRAGA). ASSIM, VI-O NUMA POSIÇÃO QUE NUNCA TINHA SONHADO, DESDE OS ANOS 50… UM ESPECTACULAR SEGUNDO LUGAR!”

Outra das suas paixões é o Sporting de Braga, na última época acreditou que era possível ser campeão? MRS - Realisticamente, nunca. Mas teria adorado ver o meu clube de sempre campeão. Assim, vi-o numa posição que nunca tinha sonhado, desde os anos 50… Um espectacular segundo lugar.

Consegue eleger o seu livro preferido? Ou autores? MRS - Tive vários ao longo da vida. Mas costumo dizer que me marcaram muito, à sua maneira, A Condição Humana do Malraux, Ulisses do Joyce e Guerra e Paz do Tolstoi.

Falando de vinhos, é consumidor habitual? MRS - Sou. De vinho tinto. Ao jantar Tem preferência por regiões?

Mantém o hábito de nadar todos os dias no Mar, como começou?

MRS - O Douro, claro. Mas sou confrade da Bairrada, e já consigo conviver bem com a Baga, sobretudo se se tratar de um vinho velho.

MRS - Tento manter, durante todo o ano. Normalmente, à hora do almoço. Sem almoço… Como é que consegue gerir o seu tempo, entre aulas, comentário político, família. Continua a dormir quatro horas? MRS - Em regra, sim. Nunca me deito antes das 4,30 - 5 da ma-

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Tem alguma opinião ou ideia da evolução do sector nos últimos tempos? MRS - Deu um salto sensacional desde o começo dos anos 80. Primeiro, no Douro e no Alentejo. Depois, um pouco por todo o país. Temos vinhos excelentes! Talvez marcas a mais, produções às ve-


CONVERSAS COM

“TEMOS VINHOS EXCELENTES! TALVEZ MARCAS A MAIS, PRODUÇÕES ÀS VEZES PEQUENAS, PREÇOS, AMIÚDE, ALTOS, MAS UMA QUALIDADE MUNDIAL!” zes pequenas, preços amiúde altos, mas uma qualidade mundial. Acredita que os vinhos aliados ao Turismo são duas das bandeiras de Portugal no estrangeiro? MRS - Sem dúvida. Em particular, somando a marcas já tradicionais, com mercados antigos, esforços que têm vindo a ser desenvolvidos para promover e distribuir outras marcas. Tudo num quadro mais vasto, cobrindo o vinho português como um todo. Para terminar, o que lhe falta fazer ou alcançar, a nível pessoal, profissional e até político? MRS - Pessoal – ultrapassar a distância que me separa, há semanas, do meu filho, da minha nora e dos meus netos, que foram viver para o Brasil. Profissional - publicar obras científicas programadas, até à jubilação, daqui por cerca de 8 anos. Político – continuar a contribuir pedagogicamente para a informação, a formação e o debate em Portugal, com novos meios e novas fórmulas e continuar a agir civicamente onde e quando se impuser, do voluntariado ao associativismo, da participação na sociedade civil ao poder local ou nacional. E, na medida em que faça sentido para a Comunidade e para o meu papel pessoal.

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ENTREVISTA COM FRANCISCO FERREIRA

A história da empresa fala por si. Mas quais são os dois ou três momentos chave que definem o sucesso Sogrape? Numa história já tão longa e tão rica como é a da Sogrape Vinhos não é fácil seleccionar este ou aquele momento, este ou aquele facto, como o mais importante ou decisivo. De qualquer forma, é incontornável considerar a concepção do vinho Mateus Rosé como o ponto de partida do bem-sucedido percurso da Sogrape. Foi uma acção de grande criatividade e extremamente inovadora desenvolvida pelo fundador da Empresa, Fernando van Zeller Guedes, que soube reunir uma equipa capaz de produzir um vinho diferente, numa garrafa diferente, com um rótulo diferente, que acabou por conquistar o mercado mundial, fruto também do génio comercial do seu criador, que construiu uma rede de distribuição de grande qualidade e eficiência, baseada em estreitas relações pessoais de confiança e amizade. Foram o músculo financeiro e o conhecimento profundo dos mercados internacionais proporcionados pelo estrondoso sucesso do

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SOGRAPE

Mateus Rosé que permitiram à Sogrape crescer mais rapidamente até à posição de liderança que hoje ocupa em Portugal. Este é um dado indesmentível, mesmo se hoje sabemos que as vendas do Mateus Rosé já só representam pouco mais do 20% da facturação total da Empresa. Outro momento que considero crucial para a consolidação do sucesso da Sogrape prende-se com a capacidade de resposta revelada pela sua gestão perante a grave crise do início dos anos 90, na sequência da Guerra do Golfo e com o reforço das leis anti-álcool: aí, uma gestão de cariz familiar, sem perder os valores de identidade e responsabilidade apurados durante décadas, soube aprofundar a abertura à modernidade, rodear-se de quadros profissionais competentes e de uma estrutura organizativa agilizada, focandose no “core business” dos vinhos. Creio ter sido esta concentração no sector vinícola, depois de uma fase de diversificação de investimentos, que traçou em definitivo o perfil da Sogrape dos nossos dias, aberta às mais modernas tecnologias, à investigação científica, às aquisições de marcas prestigiadas como a Offley, a Ferreira ou a Sandeman, ou virada para a internacionalização da sua produção nos chamados mercados do Novo Mundo, casos da Argentina, Chile e Nova Zelândia. Em suma, no início da década de 90, a Sogrape não se limitou a responder a uma crise económica conjuntural, mas lançou também as sementes para a criação de um novo posicionamento nos mercados cada vez mais globalizados, com os bons resultados que se conhecem.

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Por outro lado, quais os momentos mais difíceis? Para as organizações ganhadoras, os momentos de crise costumam ser também oportunidades de superação. Já vimos que a “crise do Golfo”, chamemos-lhe assim, foi o ponto de partida para a inserção da Sogrape num novo e mais eficiente modelo de negócio de exportação de vinhos, nomeadamente através de aquisições muito proveitosas de casas exportadoras de Vinho do Porto. Se recuarmos aos primórdios da Sogrape vamos também encontrar uma situação crítica que determinou a busca de uma saída de sucesso. Refiro-me às bruscas restrições impostas pelo Governo brasileiro, em 1947, às importações de produtos de segunda necessidade, isto quando o Mateus Rosé tinha então no Brasil o seu grande e quase único mercado de exportação. Esta situação acabaria por determinar duas consequências importantes para o futuro da Empresa: por um lado, muitos accionistas, receosos, optaram por vender as suas posições àv família Guedes; por outro lado, Fernando van Zeller Guedes viu-se na necessidade imperiosa de procurar novos mercados internacionais para o Mateus Rosé e de investir tudo na conquista do mercado britânico, que ele sabia ser a montra do mundo e a porta. Foi a oportunidade de o fundador da Sogrape mostrar o seu génio comercial, a sua capacidade de criar laços de amizade e de relacionamento profissional com os principais importadores ingleses e mundiais. Sobre as restrições impostas pelo Governo brasileiro, o actual Presidente da Sogrape, Fernando Guedes, costuma dizer: “Por vezes, há males que vêm por bem…”


SOGRAPE

Responsabilidade ou o Espírito de Pertença –, com uma grande capacidade de permanente abertura à inovação e à modernidade, com tudo o que isso implica de actualização dos modelos de negócio ou de recurso às tecnologias mais evoluídas. É esta forma de estar, esta Cultura de procura constante do melhor de dois mundos perfeitamente compatíveis, que em minha opinião tem permitido à Sogrape Vinhos fazer a diferença. O portfólio da Sogrape é bastante variado, ainda assim a empresa mantém o reconhecimento e a qualidade nos variados segmentos. Qual o segredo do sucesso? O segredo é mantermo-nos fiéis aos princípios que nortearam a criação de Mateus Rosé e da Sogrape Vinhos, um profundo respeito pelas preferências dos consumidores, actualizado, sem concessões com a qualidade. Depois, o elevado know-how da equipa e a excelência das condições de produção da Sogrape Vinhos fazem o resto. Surpreendem-se com as opiniões que ouvem acerca dos vossos vinhos? As opiniões existem, boas e más. E todas elas são importantes. Umas vezes surpreendem-nos pela positiva, outras vezes pela negativa. Mas arriscaria dizer que na maior parte dos casos temos uma importante noção dos vinhos que produzimos, e maior prova de concordância que recebemos do consumidor é a sua preferência pelas nossas marcas. A Sogrape Vinhos foi eleita European Winery of the Year. O que significa este prémio? Significa algo de muito especial, porque se trata também de um prémio atribuído por uma organização internacional que goza de grande credibilidade e reputação. Embora seja uma distinção referente ao desempenho de um ano específico, encaro-o como um verdadeiro prémio de carreira, só acessível a personalidades e organizações com um vasto percurso de sucesso e uma marcante presença internacional. Penso, por isso, que este é um prémio que honra o Dr. Salvador Guedes, como Presidente da Sogrape Vinhos, mas celebra também o esforço e a capacidade de quantos ajudaram a construir esta Empresa desde 1942. Como vê a actual projecção dos vinhos portugueses e como está o mercado dos vinhos? A verdade é que os vinhos Portugueses têm evoluído, ainda que lentamente, desde a produção até à comercialização. Contudo, a imagem de Portugal não é nítida aos olhos de muitos mercados internacionais. Não existindo uma percepção negativa, que creio não ser esse o problema, a questão é que infelizmente para muitos a origem Portugal não é ainda sequer uma opção. Quais as características diferenciadoras que fazem desta uma empresa diferente das outras que existem no mercado? Prefiro não fazer comparações, mas antes sublinhar as razões que em minha opinião justificam a liderança e o sucesso da Sogrape Vinhos. E penso que o principal segredo estará na forma harmoniosa como tem sido possível aliar os valores próprios de uma empresa de cariz nitidamente familiar – como sejam a Educação, a 20

Estão previstos novos vinhos? Novos projectos? Parar é morrer. A inovação é essencial para o desenvolvimento da Sogrape Vinhos e das suas marcas. Portanto, se nesta fase complexa que os mercados atravessam, a Sogrape Vinhos está essencialmente empenhada na consolidação dos seus negócios, não quer dizer que o desenvolvimento e a criatividade estejam, de alguma forma, limitados.


Sociedade Agrícola Encosta do Guadiana Regional Alentejano Herdade das Albernoas Tinto 2009

Sociedade Agrícola Encosta do Guadiana Regional Alentejano Herdade Paço do Conde Tinto 2008

Sociedade Agrícola Encosta do Guadiana Regional Alentejano Herdade Paço do Conde Reserva Tinto 2009

Cor rubi. Aroma frutado com notas de frutos vermelhos. Paladar macio, equilibrado e muito suave no final de prova.

Cor rubi intensa. Aroma frutos vermelhos bem maduros e ligeiras notas tostadas, resultando numa intensa complexidade aromática. No paladar este vinho mostra-se macio, estruturado, frutado e de final suave.

Cor granada. Aroma muito intenso, complexo, notas baunilhadas conjugadas com notas de cereja preta. Paladar estruturado, macio, final longo e elegante.

2,30€

3,00€

9,00€

Principais pontos de venda: Grupo Auchan, Intermarché, Makro

Principais pontos de venda: Grupo Auchan, Continente, Intermarché

Principais pontos de venda: Grupo Auchan, Continente, Pingo Doce

Adega de Redondo Doc Alentejo Porta da Ravessa Tinto 2009

Adega de Redondo Doc Alentejo Anta da Serra Tinto 2008

Adega de Redondo Doc Alentejo Reserva ACR Tinto 2009

Apresenta cor rubi intensa, aroma a frutos vermelhos com notas de baunilha, sabor encorpado e aveludado.

Apresenta cor intensa, aroma a frutos vermelhos com notas de chocolate preto e folha de tabaco, sabor concentredo, complexo e persistente.

2,19€

2,69€

5,99€

Principais pontos de venda: Pingo Doce, Continente, Jumbo

Principais pontos de venda: Pingo Doce, Continente, Jumbo

Principais pontos de venda: Pingo Doce, Continente, Jumbo

Apresenta cor rubi acentuada, aroma a frutos vermelçhos e compotas, sabor redondo e aveludado.

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ARTIGO DE OPINIÃO

POR: SÉRGIO PEREIRA (ESCANÇÃO)

Nos dias de hoje é sabido e notório por todos os leitores e demais pessoas em geral o crescente interesse no desenvolvimento de jantares gastronómicos, vínicos, de apresentação, show-cooking, cursos de cozinha, feiras de vinhos, harmonizações em eventos disponíveis em restaurantes ou outros locais, que levam muitas dessas pessoas e curiosos seguidores deste tipo de acontecimentos ou eventos, a serem cada vez mais “cultos” nas lides da alta cozinha e vinhos em Portugal, na opinião e procura exigente que fazem no presente, e que já não é definitivamente moda, é uma cultura.

Costumo dizer que Portugal sempre teve boa comida e bons vinhos, penso é que nunca como hoje se utilizaram e conjugaram tão bem esses dois binómios da nossa secular tradição de gastronomia aliada a sabores fortes, marcados, suculentos, intensos, e vinhos que de norte a sul de Portugal sempre demonstraram um carácter muito próprio revelador de cada região específica que possuímos, quer seja pelo seu clima, solo, ou reflexo das castas tintas ou brancas utilizadas, quer no resultado final de um que pode bem ser um Colares Branco de aromas marítimos de imensa frescura, ao Vinho do Porto Vintage de corpo cheio, untuoso, com fruta e açúcar, entre outras características que fazem destes, dois exemplos únicos de vinhos no mundo, que podemos harmonizar com uma gastronomia única também. A Portuguesa. E neste artigo irei deixar as dicas e bases para essa boa e feliz harmonização que com uns simples usos de bons ingredientes e vinhos ao dispor de cada um, poderá tornar aquela refeição em sua casa, ainda mais divertida e balanceada, pelos gostos e aromas dos vinhos e gastronomia portugueses. Hoje em dia, é possível encontrar muitos vinhos que necessitam de um acompanhamento para deles retirarmos toda a sua expressão, que poderá vir do terroir, ou simplesmente do trabalho do enólogo que lhe aufere essa característica escondida, que só este ou aquele prato consegue desvendar. Muitos pratos também existem que dificultam e muito a vida aos simples vinhos que estamos habituados a fazer acompanhar, e que por vezes tornam a refeição algo enfadonha, “normalizada” em sabor, ou até por vezes incomodativa no retrogosto obtido. Tudo também ao gosto de cada pessoa, pois existem duas grandes “vagas” de harmonização, aquela em que o balanço de aromas e gostos surge pelo correcto balanço, quer do vinho que não se sobrepõe 22

á comida, ou desta que faz “desaparecer” o vinho da boca tornando uma coisa e outra desconexa, não sendo esse o objectivo. Ou optar pelo prolongamento destes gostos e aromas elevando até ao prazer máximo a experiência de harmonização. Começamos por alguns pontos chave que poderão utilizar facilmente na mesa de um qualquer restaurante quando escolhe um prato e depois o adequa com um vinho pela lista, ou quando em casa o objectivo pode ser abrir aquele vinho há muito guardado, ou oferecido e trazido pelo convidado e em que o desafio, que deve sempre ser prazeroso, se torna em encontrar o prato perfeito para esse vinho em questão, a saber são os seguintes: Gordura e riqueza de um prato ou vinho, deverão ser sempre conjugados. É mesmo um dos elementos importantes da gastronomia quando a partir de um prato rico em proteínas e constituintes, como a carne de caça, as carnes de forno ou assados fortes, necessitam de um vinho de corpo acentuado e marcado pelos taninos e demais complexidades. Vinhos tintos poderosos do tipo Douro Reserva ou Dão Touriga Nacional para acompanhar uma Posta á Mirandesa DOP acompanhada de um estufado de favas e milhos, é a escolha certa, sabendo que é no corpo de um vinho que devemos pensar sempre, quando neste caso, um belo Cozido á Portuguesa, com as carnes brancas e vermelhas mezcladas com os enchidos e legumes vários cozidos que balançam proteína e vegetais, fazem pedir um Bairrada Baga com o corpo menos marcado pelo lado clássico, bem ao estilo deste vinho especiado e austero. Se a escolha vem pelo vinho, e este é um branco Colares clássico elaborado pela Malvasia de Colares típica da região, de corpo médio com a fruta branca madura e de acidez marcada em todo o compri-


ARTIGO DE OPINIÃO

mento do vinho bem como os aromas marítimos e minerais que o constituem, a escolha por um Robalo grelhado ao sal, acompanhado por uma Açorda de Coentros, faz desta uma harmonia perfeita. Intensidade de aromas. Depois da gordura, o próximo elemento a ter sempre em conta é o aroma e sabor, e o quanto estes podem estar presentes num prato e num vinho. Um prato com muito sabor, pode ser sempre considerado um prato também próximo de ter muita gordura e riqueza, mas não o é totalmente, pois se pensarmos num farto acompanhamento de batatas cozidas em azeite ou um arroz malandro de grelos, a gordura e a riqueza estão lá por certo, mas o aroma é certamente mais curto e menos marcante. No inverso, o que aqui se retrata, pensemos num grelhado de legumes em pleno verão na sua casa de campo, os pimentos, courgetes, espargos e beringelas na grelha, são um “concerto” de aromas, e lá está, nada ricos em gorduras ou complexidades demais. Sendo assim, para este ultimo exemplo, um branco sem madeira Alentejo, cheio de fruta fresca e corpo baixo ou um Vinho Verde Alvarinho elaborado só em inox já da colheita de 2010, irão por certo tornar aquele tal ”concerto” de aromas dos legumes grelhados, num espectáculo gastronómico invejável para receber os seus amigos, pois conjugam-se vinhos aromáticos vibrantes com a fusão dos aromas terrosos e minerais dos legumes a grelhar. Acidez de comida e vinho. Aromas amargos e ácidos em certas comidas, tornam os vinhos também com frescura e acidez menos marcados por essas características, tornando-os menos vibrantes e assim mais refrescantes. Por esta mesma razão qualquer acidez encontrada em um qualquer prato, deverá ser conjugado pela acidez presente no vinho a utilizar. A acidez é aqui a característica que penso ser a que menos se detecta estar presente numa comida, mas se pensarmos no tomate, o tempero de limão, o escabeche, a maçã crua, ou simplesmente vinagre, estamos a falar de acidez. E assim, se estivermos á mesa com umas Petingas Fritas temperadas com sumo de um limão espremido acompanhado por um arroz malandro de tomate, a acidez está tanto 23

mais quanto também está a gordura do óleo para a fritura do peixe utilizado, ou a proteína do amido presente no arroz malandro, e aqui deverá pedir um branco Vinho Verde DOC de Monção ou Melgaço por exemplo, ou um tinto Douro de colheita recente, em que ambos possuem uma frescura global quer pela acidez das castas, quer pelos climas em que estes dois assentam raízes e os tornam ferramentas úteis com este prato diário em muitas casas de comida das imensas ruas do nosso país. O aqui referido escabeche, que em Portugal se consome com base em peixe ou carne, é e sempre será um dos grandes busilís na harmonização, pois há os que escolhem o Bairrada Bruto para o acompanhar utilizando a acidez de comida e vinho para o balanço necessário, e outros há que vão no Dão colheita frutado e redondo que possa combater e complementar o amargo da marinada em vinagre e cebola com a fruta suculenta do vinho terminando nos seguidores do Vinho Verde DOC tinto para o escabeche de Lampreia, em que os taninos descontrolados deste vinho ainda bem típico se ligam com o sangue deste ciclóstomo dos nossos rios nacionais. Os três para mim estão bem certos, se no Bairrada elaborarmos um escabeche de Cavala e no Dão um de Perdiz. Doçura. A escolha de vinhos secos na conjugação de pratos doces e com açúcar, pode tornar este um pouco ácido no final e tornar a experiência pouco agradável, e por isso, quando falamos de comida doce, os vinhos com estilo doce ou com residual de açúcar presente poderão e são a melhor escolha nesta harmonização. E quanto mais doce for a comida mais doce o vinho terá de ser para a acompanhar, e ao pegar neste exemplo vem de certeza á memória de todos a bela doçaria que temos catalogada, desde a conventual á moderna e caseira das nossas mães e avós. E na conventual se ao fim de uma refeição escolhermos um pudim abade de priscos, com o toucinho e os ovos como reis postos no prato, a escolha de um Moscatel de Setúbal, ou de um Licoroso Abafado que agora se encontram revitalizados no mercado, fazem deste pudim um mimo para quem pensa no colesterol elevado. Se pensa naquele arroz doce ou aletria bem típicas da quadra de Natal, não se esqueça de um Madeira Malvasia bem fresco que adequa


Recentemente em mais uma edição da Essência do Vinho 2011, numa das várias harmonizações disponíveis neste evento, particular foi uma de vinhos portugueses versus pratos de cultura Oriental, e foi notória a boa utilização das regras anteriores, que aqui descrevo, partindo do prato inicial com um vinho para começo de harmonização invulgar, pois tratou-se um recente estilo de classificação do nosso Vinho do Porto, o Rosé, servido bem fresco que favoreceu a harmonia com um rosbife de pato frio, laminado acompanhado por um coulis (molho concentrado) de frutos vermelhos, aniz e saké, seguido de um Douro DOC Rosé Óleo, Sal, Taninos. Os taninos, provenientes da comum enologia dos vinhos tintos, se com um tataki (corte de peixe) de atum corado, polvilhado com combinada com comida salgada ou oleosa, poderão torná-los um pimenta rosa, sementes de sésamo torradas, flor de sal e gelatina tanto ou quanto metálicos e desagradáveis, por isso utilizar um tinto de wasabi, expressando o que de melhor um rosé pode exibir potente com uma conserva de peixe em azeite não resultará, em que quando bem interpretado, se reparou bem o inicio foi logo com para esta o ideal será abrir um Tejo colheita ou um Lisboa do mesmo a utilização de carne, decrescendo em termos de complexidade de proteína que na terceira tentativa já foi a de utilizar o nosso calibre para tornar esta a tapa portuguesa ideal. No caso dos salgados, se entrarmos nos variados queijos suculentos bem conhecido bacalhau, numa versão do tipo carpaccio marique podemos encontrar, com curas longas em que o sal residual é nado, regado com um pesto de coentros e acompanhado por uma alto, a escolha de um vinho com taninos terá sucesso, se este possuir couve já disponível em Portugal, a bok-choy que com um Douro DOC branco de 2010 sem madeira, fez desta outra característica que consiga “abafar” uma vibrante conjugação agraciada por toesse salgado constituinte, o açúcar, e aí o Um prato com muito sabor, dos os presentes na sala, quando nada fazia Porto Vintage é o remate final e sempre ideal com um Serra DOP ou um Ovelha de Beja pode ser sempre considerado esperar, tudo se superou com o servir da socurado com cardo, processo ainda mantido um prato também próximo de bremesa, um crumble clássico de maçã salteada em cardamomo (semente) e gengibre, por muitas marcas na região. ter muitA gordura e riqueza a notar-se a manteiga do crumble e o toque exótico da base da maçã, em que um belíssiPortanto, pense sempre em: mo Vinho do Porto Branco 10 Anos, fez a delícia do evento em Conjugar prato rico, com vinho de corpo acentuado. questão, fazendo perceber com profusão a todos os curiosos que Conjugar prato aromático, com vinhos aromáticos. Conjugar pratos de acidez presente, com vinhos frescos e com acidez. participaram nesta harmonização, que a partir dos ingredientes ou dos vinhos, desde que se interpretem e se percebam bem, a Conjugar prato doces, com vinhos doces. Evitar pratos salgados e oleosos, com vinhos de taninos fortes ou dita harmonização que aqui terminamos é infindável para uma imensa viagem nos sabores e gostos. estagiados em madeira. o seu corpo fortificado mas de frescura de fruta tropical característica desta casta, ao lácteo do leite e o cremoso dos ovos e amido quer do arroz quer da aletria, para assimilar estas sobremesas bem populares na perfeição. Se a simplicidade for nas tartes ou bavaroises de fruta, as colheitas tardias, facilmente adquiríveis nas garrafeiras, são pela doçura média ou longa de alguns destes exemplares o ideal para acompanhar estas sobremesas.

Se nos casos anteriores tem como exemplos de gastronomia, os pratos da nossa cozinha portuguesa, o que dizer de um menu mais vanguardista e experimentar novas sensações, alcançáveis com ingredientes novos e de outras culturas.

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E se este for um conceito básico para agora pensar melhor como pedir aquele vinho para aquele prato típico que encontra num restaurante ou elaborado em casa, lembre-se de tudo o que leu aqui, e harmonize-se…



APESAR DA CRISE, OU POR FORÇA DA MESMA, NUNCA SE INVESTIU TANTO NA PROMOÇÃO DOS NOSSOS VINHOS COMO AGORA. A QUANTIDADE DE CONFERÊNCIAS, EVENTOS E PROVAS DE TIMBRE INTERNACIONAL COM VISTA À PROMOÇÃO DOS NOSSOS VINHOS FORA DE PORTAS É EM NÚMERO CADA VEZ MAIOR. O LEMA É SEMPRE O MESMO, A PROMOÇÃO DO VINHO DE PORTUGAL. O que resta saber é se depois de todas estas acções quem é que tira um benefício mais imediato? Os pequenos ou os grandes produtores, distribuidores ou importadores, jornalistas e críticos que são pagos a peso de ouro para cá virem dar a sua opinião? E no final de tanta acção quais são os resultados oficiais, será que há dados que comprovem que o número de exportações aumentou? No meio de tudo isto e nos bastidores do mundo do vinho, ecoam vozes descontentes com certas situações, ora por um reencaminhamento quase sistemático dos jornalistas estrangeiros para os mesmos lugares, pela constatação uma e outra vez de que alguns dos ditos jornalistas vindos de fora apenas se interessam pelos nomes mais sonantes deixando de lado os mais pequenos, ora pelo sistemático desprezo a que alguns passam a vida a ser sujeitos. No final de contas é gente que reclama um pouco de atenção mais que merecida pois também contribuem para que os ditos jornalistas estrangeiros cá venham muitas das vezes… passear.

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ESPAÇO BLOG

Ao que parece os Vinhos de Portugal vão começar a ostentar um selo/marca que os identifique no mercado externo, pelo que pude apurar o pequeno rótulo vai surgindo um pouco por todos os produtores que adiram à dita campanha/acção.

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Ao que parece os Vinhos de Portugal vão começar a ostentar um selo/marca que os identifique no mercado externo, pelo que pude apurar o pequeno rótulo vai surgindo um pouco por todos os produtores que adiram à dita campanha/acção. Até aqui tudo bem, a promoção dos nossos vinhos faz cada vez mais falta, o que não acho minimamente correcto é uma qualquer promoção segundo o nome de Vinhos de Portugal com vinhos de baixa ou média gama quando a meu ver devia ser um exclusivo apenas e só dos vinhos de gama alta, sim esses mesmos, os melhores vinhos de Portugal deveriam ser aqueles com direito a ostentar esse selo ou rótulo. Essa mesma promoção deverá servir para cativar as atenções com o que de melhor se faz por cá, esse sim é um bom motivo para quem desconhece os nossos vinhos se interessar depois pelos restantes. O que nos entusiasma mais, saber que compramos um vinho com qualidade e que nos aguçou a vontade de conhecer os restantes ou simplesmente comprarmos um vinho banal sabendo que pelo mesmo preço temos melhor ou igual no nosso país? Utilizar a marca Vinhos de Portugal apenas para vender sem garantias de alta qualidade, produtos que muitas vezes surgem com uma imagem fraca e pouco apelativa num mercado onde certamente vão ocupar nichos onde o posicionamento será baixo, seria a meu ver um grande tiro no pé. Passamos então de uma Promoção para uma Despromoção do vinho feito em Portugal, em que seria bem mais lógico em vez de se gastar tanto dinheiro em Conferências e Eventos, organizar provas por cada região e convidar a crítica de renome internacional para atestar a qualidade dos nossos vinhos, depois que fosse atribuído a marca/ rótulo de Vinho de Portugal, apenas aos melhor pontuados, por exemplo a todos os vinhos que ficassem num intervalo de 90 a 100 pontos e certamente que seríamos mais bem vistos lá fora do que com vinhos de entrada ou média gama. Para colmatar tudo isto, aquele que mais influencia a nível mundial o mundo do vinho, de seu nome Robert Parker, reordenou recentemente as regiões do mundo que os seus colaboradores vão provar a partir de agora, cabe-nos a nós ficar no mesmo pote de provas de um tal Sr. Mark Squires que irá provar ocasionalmente junto de Portugal grandes potências do vinho como o são Israel e a Grécia. Será que quem está encarregue de promover o nosso vinho lá fora, não deveria esforçar-se um pouco mais para conseguir que Portugal ficasse no mesmo pote de uma Espanha, Argentina, Chile…


PAINEL DE PROVA

José Reverendo Conceição (enólogo Qta. da Sequeira)

Um agradecimento especial para o nosso provador, pela disponibilidade e amabilidade com que acederam ao nosso convite.

A prova desta edição incidiu sobre vinhos tintos de 2008 que não foram provados na edição anterior. Pretendemos mostrar aos nossos leitores que existe um variado leque de vinhos de preço médio capazes de estar à altura de qualquer desafio. Foram vinhos enviados de todas as zonas vitivinícolas do país o que tornou esta prova abrangente e equilibrada.

CLASSIFICAÇÃO QUALITATIVA

FICHA DE PROVA Tipo de Vinho: TINTOS DE 2008 Tipo de Prova: Cega Condições de Prova: Realizada no Laboratório da CVR Vinhos Verdes. Vinhos servidos à temperatura ideal. Notas: Foram excluídas as notas de prova dos vinhos, com os quais o(s) elemento(s) do painel possuam qualquer tipo de relação profissional. Os preços de venda ao público referidos são recomedados pelos produtores.

CASTELINHO ARGENTEA DOC DOURO CASTELINHO VINHOS

PORTAL DOC DOURO QUINTA DO PORTAL

Nariz muito fresco e floral, aromas a frutos silvestres e especiarias. Na boca são notório os taninos muito persistentes, boa acidez e bom volume de boca.

Nariz exuberante com aromas a frutos vermelhos bem maduros, chocalate preto, ameixa, violeta com uma boca muito elegante e taninos muito saborosos.

€12,00

€7,40

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19-20: Grande vinho de classe mundial. 17-18: Excelente, de grande categoria. 16-17: Muito bom, com personalidade e complexidade. 14-15: Bom, sólido e bem feito, bebe-se com prazer. 12-13: Médio, honesto, simples, correcto. 10-11: Abaixo da média, sem defeitos graves mas também sem virtudes. Menos de 10: Negativo, defeituoso ou desiquilibrado.

SANTA VITÓRIA TOURIGA NACIONAL REG ALENTEJANO CASA SANTA VITÓRIA De cor vermelha opaca, apresenta-se no nariz muito exuberante com notas de frutos vermelhos, rosas, chocolate negro. Na boca apresenta-se harmonioso com muita boa acidez, taninos muito bem polidos. Um belo conjunto.

€15,80


2008 VINHOS TINTOS PAINEL DE PROVA

FORAL DE PORTIMÃO PETIT VERDOT REG. ALGARVE A.A.C.

BURMESTER DOC DOURO SOGEVINUS

CASTELINHO RESERVA DOC DOURO CASTELINHO VINHOS

No nariz frutos vermelhos, especiarias e toque de chocolate. Muito boa acidez taninos redondos. Algum volume.

Nariz com notas de frutos silvestres, anis, especiarias. Boca com taninos muito saborosos. Final de boca muito longo.

€4,70

€5,99

€7,75

GRANDES QUINTAS DOC DOURO SOC. AGRÍCOLA CASA D’ARROCHELLA

HERDADE SÃO MIGUEL ARAGONÊS REG. ALENTEJANO CASA AGRÍCOLA ALEXANDRE RELVAS

VALE DE CAVALOS DOC DOURO MANUEL D. POÇAS JUNIOR

Nariz muito exuberante cheio de frescura com aromas a frutos silvestres, especiarias. Boca com taninos persistentes, um pouco secos. Bom volume de boca.

Vinho de cor vermelha intensa. No nariz frutos vermelhos, chocolate negro, especiarias, madeira bem presente. Na boca os taninos mostram-se persistentes, ainda jovens. Bom final de boca.

Nariz floral muito delicado e elegante com aromas a rosas e frutos silvestres com um toque de baunilha. Na boca apresenta-se com boa acidez, taninos redondos e bom final de boca.

No nariz, frutos vermelhos muito maduros com chocolate e um toque de especiarias. Na boca apresenta-se com taninos bem presente com um final de boca muito presistente. Potencial de Guarda.

€7,49

€7,50

€7,00

HERDADE DA FARIZOA RESERVA REG. ALENTEJANO COMPANHIA DAS QUINTAS

PARUS REG. PENÍNSULA SETÚBAL HERDADE DA COMPORTA

CABEÇA DE BURRO DOC DOURO CAVES VALE DO RODO

Nariz com fruta madura, frutos silvestres, ameixa. Taninos um pouco secos, final de boca médio.

No nariz estão presentes os frutos vermelhos maduros, especiarias. Boca boa com uma acidez bem equilibrada.

€12,75

€7,50

No nariz os frutos vermelhos bem notórios. Na boca apresenta-se com taninos persistentes e com boa acidez.

€10,00

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PAINEL DE PROVA VINHOS TINTOS 2008

KOPKE DOC DOURO SOGEVINUS

PINTO MERLOT SYRAH REG. LISBOA QUINTA DO PINTO

Nariz com notas bem presentes de frutos vermelhos, chocolate preto, com a madeira bem integrada. Boca com taninos bem bem trabalhados. Bom final de boca, persisitente.

Nariz com notas florais e frutos vermelhos, Na boca boa acidez e taninos suaves.

€4,95

€9,50

HERDADE PENEDO GORDO DOC ALENTEJO ANTÓNIO M. ESTEVES MONTEIRO

MAGNA CARTA REG. ALENTEJANO CAVIPOR

Vinho de ce cor vermelha opaca. No nariz apresentase com aromas a frutos silvestres mas com pouca intensidade, na boca apresenta boa acidez com taninos suaves. Final de boca média.

Nariz floral com aromas a frutos vermelhos, rosas. Boca com boa acidez. Taninos suaves com volume de boca médio.

€3,99

€5,99

ALFARAZ REG. ALENTEJANO HERDADE DA MINGORRA

VINHA DA TAPADA REG. ALENTEJANO HERDADE DOS COELHEIROS

Vinho de cor vermelha com alguma intensidade. Nariz com aromas a frutos vermelhos, ameixa. Boca com taninos suaves. Boa acidez.

Nariz com algum pimento, frutos vermelhos, demonstra já alguma evolução. Boca com taninos muito redondos, final de boca médio, com acidez equilibrada.

€14,75

€4,66

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COMISSÃO VITIVINÍCOLA DA REGIÃO DE LISBOA

Trata o mundo dos vinhos por “tu”, esteve na presidência da ViniPortugal durante vários anos mas agora tem um novo desafio… a presidência da CVR Lisboa. Já traçou a meta, os objectivos e os caminhos para o sucesso.

Como foi chegar à presidência da CVR Lisboa? Foi uma campanha muito interessante em que visitei inúmeros Agentes económicos nomeadamente todas as Adegas Cooperativas pois o meu amigo e concorrente Engº Costa e Oliveira é o Secretário- Geral da Fenadegas. Tinha que o “bater” no seu próprio terreno ou perderia a eleição. Era algo que imaginava? Não imaginava até estar a concorrer, nem imaginava que fosse preciso fazer uma campanha tão aguerrida e persistente! Com todo o seu percurso e know-how no mundo dos vinhos, a liderança na Viniportugal, este é um grande desafio? Sim é um grande desafio pois esta nova Missão de que me encontro revestido, é muito mais rica e abrangente do que tudo o que tenho feito até aqui. A certificação é primordial e é um assunto novo para mim. Tenho estado a ter a oportunidade de aprender mais e de ser um profissional mais completo. Está praticamente a chegar à CVR. Mas já tem ideia dos primeiros projectos? Por onde quer começar? De facto só entrei ao serviço nesta nova Missão em 1 de Janeiro de 2011. Passaram 3 meses e meio…muito pouco para vos responder, no entanto tempo suficiente para aprender que a CVR Lisboa tem uma equipa de luxo, com 10 pessoas muito dotadas

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e pacientes que me têm ensinado o B; o A; e por fim o B; A, BÁ deste assunto da Certificação. Ainda é uma região pouco conhecida dos consumidores. Ou as coisas têm vindo a mudar? De facto é uma Região de Vinhos que tem muito para dar e para mostrar mas tem que se trabalhar nela, e com ela, todos os dias da semana. Agora, já é mais conhecida pois a qualidade dos vinhos nela produzidos, assim o tem determinado. No entanto como mudámos de nome recentemente temos de explicar isso mesmo aos nossos consumidores: de Estremadura mudámos para Lisboa e chamamo-nos Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa. A mudança de nome de Estremadura para Lisboa vai beneficiar a região? Por mim não tenho dúvidas de que vai. Mais para diante se verá, se este meu palpite, está ou não certo. No entanto vou lutar com o meu saber e com a minha experiência para que assim se passem as coisas. Falámos com alguns dos produtores da região e percebemos que a expectativa quanto à sua vinda é enorme. O quê que pode responder a esses produtores? Tenho que exercitar muito a minha humildade! Se põem confiança em mim, se depositam esperança em todos nós, não podemos fa-


C.V.R. LISBOA

“Neste momento difícil da Promoção dos Vinhos, não podemos baixar os braços quer no trabalho que fazemos, cada Presidente de uma CVR, nem podemos deixar de contribuir para a solução dos problemas do nosso sector.”

zer outra coisa que não seja merecer esse respeito e trabalhar mais e aprender mais. Só assim mereceremos ser considerados como iguais, como pares, daqueles que antes de nós já tinham aberto o caminho da certificação dos Vinhos da, então, Estremadura. No que diz respeito à região que lidera, quais são as principais características diferenciadoras? São a presença de brisas marítimas do lado Oeste do Monte Junto e por outro lado a certa continentalidade que existe no interior ou seja para Leste do Monte Junto. Neste momento difícil da Promoção dos Vinhos, não podemos baixar os braços quer no trabalho que fazemos, cada Presidente de uma CVR, nem podemos deixar de contribuir para a solução dos problemas do nosso sector. Aproxima-se a data para as Eleições da Direcção e demais Corpos Sociais da VINIPORTUGAL. Há vários candidatos, o que é óptimo. Temos de saber escolher e isso passa por nos informarmos sobre quem são e que obra fizeram? De nada serve dizer na rua e repetir em reuniões: “…Eu cá voto naqueles que estiverem a ganhar!…”

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AEVP

2010 A DÉCADA DA

PELA PRIMEIRA VEZ EM DEZ ANOS AS VENDAS DE VINHO DO PORTO CRESCERAM, 2010 FOI O ANO DA MUDANÇA COM SUBIDAS NA ORDEM DOS 2.9% EM VOLUME E 5.1% EM VALOR, OU SEJA UM VALOR SUPERIOR A 370 MILHÕES DE EUROS.

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AEVP

OS DADOS SÃO DA AEVP, ASSOCIAÇÃO DE EMPRESAS EXPORTADORAS DE VINHOS DO PORTO QUE APESAR DE TER ACOMPANHADO OS PROGRESSOS DO SECTOR NÃO ESCONDE A SURPRESA PELOS RESULTADOS ALCANÇADOS. O PRESIDENTE ANTÓNIO SARAIVA NÃO ESCONDE A SATISFAÇÃO NA HORA DE OLHAR OS NÚMEROS, QUE SE REVELAM SURPREENDENTEMENTE POSITIVOS DEPOIS DE VÁRIOS ANOS COM RESULTADOS NADA ANIMADORES. A QUESTÃO QUE SE COLOCA DE IMEDIATO É O PORQUÊ, QUAIS OS FACTORES PARA ESTE CRESCIMENTO

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A resposta surge de imediato, “o fenómeno Vintage 2007, teve um peso muito importante, pois devo realçar que uma das Empresas nossas associadas teve a pontuação máxima pela Wine Spectator, e graças a este merecido reconhecimento, a categoria Vintage, com especial enfoque no ano 2007, teve um impacto muito positivo nos resultados, em volume e em valor”, refere António Saraiva. Mas esta é de facto, apenas uma das explicações, não podemos esquecer a evolução do preço médio que teve um efeito cambial positivo no que respeita ao USD e à Libra. Tal como na maioria dos sectores em crescimento, os vinhos não são excepção, as exportações são determinantes para assegurar este crescimento. “O nosso sector sempre foi vocacionado para a exportação, embora o mercado interno tenha um impacto muito importante dado os volumes envolvidos, pois tem tido uma evolução positiva, e é uma mostra muito importante da categoria Vinho do Porto, para o turismo que nos visita, dentro e fora da Região Demarcada do Douro”, reforça. Depois de alcançado o sucesso a António Saraiva já perspectiva o futuro e desde logo defende que é urgente uma mudança no Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, de instituto público para Entidade Pública Empresarial.


AEVP

QUAIS AS VANTAGENS? “Entendemos este assunto como de uma importância elevadíssima para o sector, pois o IVDP embora não dependa em termos de receitas do Orçamento Geral do Estado, é obrigado, em termos de despesa, às regras de consolidação orçamental, ou seja por um lado da cativação de 20% do seu orçamento, e por outro de autorização prévia da tutela (Ministério da Agricultura e Finanças) para os gastos correntes”. Para consolidar e aumentar as exportações a AEVP propõe a criação de um fundo comercial ao qual possam apenas concorrer as marcas próprias dos comerciantes. “Essa estratégia necessita que o IVDP seja uma EPE para que possa coordenar o fundo promocional a criar”, acrescenta. A proposta até já foi feita ao governo mas até agora a ainda não houve uma resposta concreta do executivo. António Saraiva aguarda que em breve haja desenvolvimentos sobre o assunto e ressalva que a proposta não prejudica o Estado, na opinião do presidente da AEVP é precisamente o contrário, o fundo permite ao sector do Vinho do Porto, que paga exclusivamente o seu organismo de fiscalização e controlo, criar um sistema de incentivo próprio às exportações. A estratégia comercial da AEVP está bem definida agora só falta mesmo a aprovação do Governo para que possa ser posta em prática. Para continuar nos trilhos do sucesso e para consolidar os resultados obtidos em 2010, António Saraiva recorda que o sector deve apostar no incremento do valor das Denominações de Origem Porto e Douro, através da valorização das categorias especiais dos Vinhos do Porto e dos vinhos do Douro. “São estas as categorias que trazem maior valor acrescentado à Região e aos agentes económicos que ali operam. E por isso deve ser dada prioridade à promoção destes produtos”, acrescenta. Outro factor, não menos importante, é aumentar o conhecimento dos consumidores acerca do Vinho do Porto sobretudo junto de novos públicos e criar ainda novos momentos de consumo. “É necessário trabalhar o aumento de percepção do Vinho do Porto, educando, formando e sensibilizando, sobretudo junto de públicos profissionais, para que estes possam “passar a palavra”, conclui.

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PELOS TRILHOS DO ROMANTISMO

AO CHEGAR À AVELEDA SOMOS SURPREENDIDOS POR UMA ENVOLVÊNCIA ÍMPAR EM TERMOS DE JARDINS E DA PRÓPRIA ARQUITECTURA, A QUINTA TEM SEGREDOS QUE SÃO REVELADOS A QUEM POR ELA PASSEIA, AS FOLLIES, QUE FAZEM DA AVELEDA UM PONTO DE REFERÊNCIA NACIONAL E INTERNACIONAL.

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Ao iniciar a nossa viagem, entramos e somos logo confrontados com uma mancha verde de árvores e plantas, ainda sentimos o cheiro da terra, do orvalho da manhã e somos invadidos pelo silêncio que é apenas interrompido pelo chilrear dos pássaros. Passamos pelo vale dos fetos e fazemos uma paragem para apreciar o Eucalipto Glóbulos que tem mais de 200 anos, mais à frente uma Sequóia prende-nos a atenção e depois o olhar pára e fixa-se na Casa do Guarda de Cima, um pequeno edifício que parece saído de uma história de encantar, abre-nos o apetite para prosseguir caminho e logo à frente uma nova paragem… Chegámos à Casa Romântica, do Séc. XIX, ao lado o portão principal e do outro lado uma grande avenida ladeada de árvores seculares


AVELEDA até chegar à Casa de Família. Seguimos em frente e encontramos do lado esquerdo a Torre das Cabras, uma folly, aparentemente sem nenhuma função, um simples devaneio de quem a criou mas que serve de abrigo a uma família de cabras anãs que lá vivem. Depois do que vimos a vontade é continuar a descobrir cada recanto da quinta. Não é preciso andar muito até chegar ao Lago dos Cisnes ou Lago da Mata, mais um momento de contemplação. De um lado está uma Janela Manuelina trazida da Casa do Infante Dom Henrique, no Porto. Na outra extremidade do lago temos a Casa de Chá, bem ao estilo Vitoriano, é altura de uma nova paragem de alguns minutos para apreciar, ao fundo, as vinhas da Aveleda. A paragem deu-nos novas forças para prosseguir a caminhada, o elemento água está muito presente na Quinta e por isso é com naturalidade que observamos a Fonte de Nossa Senhora da Vandoma e a seguir a Fonte das Quatro Irmãs, esta última situada em frente à Casa de Família representa o ciclo da vida através dos perfis das quatro irmãs, nascidas em cada estação do ano. A Casa Senhorial está no centro da propriedade e em perfeita comunhão com a natureza, fica rodeada de belos jardins, cada recanto é uma surpresa, o verde da relva mistura-se com as flores, vermelhas, rosas, amarelas e o azul da água… uma verdadeira paleta de cores. Um pouco à frente um verdadeiro tesouro, a Adega Velha onde estão guardados muitos dos segredos da família. Foi um dos primeiros edifícios construídos na Quinta dedicado inteiramente à produção de vinhos, actualmente serve de casa a centenas de

barricas que guardam a aguardente vínica Adega Velha. A tradição mistura-se com a modernidade e uns metros à frente encontrámos o centro de engarrafamento de onde saem milhões de garrafas por ano. A visita está a chegar ao fim mas ainda há tempo de passar pela Loja da Aveleda e apreciar alguns dos produtos da Quinta. Terminamos com uma prova de vinhos e queijos. O desfecho perfeito depois de um percurso pelo encantador mundo da Aveleda. A visita é agradavelmente surpreendente, o amor pelo detalhe e pelo pormenor está bastante visível, nada é feito ao acaso, há um aproveitamento da mãe natureza, caminhos de pedras e cascos de árvores, jardins românticos, uma mescla de espécies de plantas, algumas muito raras. Há uma tríade perfeita, a envolvência natural, o negócio do vinho e o produto acabado, a garrafa, que retrata a história de uma família, neste caso a família Guedes, que está no sector do vinho há mais de 300 anos.

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AVELEDA

GAMA FOLLIES Os devaneios criativos deram o nome a uma gama de vinhos da Aveleda lançada em 2006. Cada um dos cinco vinhos, que compõem a gama Follies, está assim associado a uma destas estruturas arquitectónicas, representadas por uma gravura diferente em cada um dos rótulos. Algumas destas Follies são a Janela Manuelina, a Fonte das Quatro Irmãs ou a Torre das Cabras. O administrador da Aveleda, Martim Guedes recorda que a gama é o resultado de um longo trabalho a nível da viticultura, enologia e restantes áreas da empresa envolvidas. Foi lançada sob a assinatura «Inspirações da Alma», e os seus vinhos foram desde logo reconhecidos pela sua qualidade, como o denotam as numerosas distinções obtidas a nível nacional e internacional. “No ano passado, a Aveleda lançou os Grande Follies (branco e tinto) cuja aceitação, em diversos mercados, tem sido muito positiva, estes vinhos foram recentemente galardoados com 93 pontos pela revista americana Wine Enthusiast, o que nos deixa naturalmente muito satisfeitos”, acrescenta. Mas os prémios não ficam pelos vinhos a Empresa foi distinguida com o prémio Best of Wine Tourism na categoria de jardins, parques e arquitectura. “Tivemos, desde sempre, a preocupação de desenvolver o nosso negócio respeitando a natureza envolvente bem como o nosso património cultural, um legado de várias gerações”. O prémio chegou como um estímulo e é o sinal de reconhecimento de quem visita a Aveleda, “Uma viagem pelos sentidos, através da qual temos oportunidade de partilhar com todos os nossos visitantes um pouco da nossa história e tradição. Mas uma visita vale mais do que mil palavras...”, acrescenta Martim Guedes.

FOLLIES As Follies são um movimento cultural da arquitectura que tem como particularidade ter na sua génese um ímpeto criativo. Era interpretado como um devaneio de inspiração do artista, muitas vezes potenciado pelo romantismo e sem razões funcionais. Essas manifestações estão presentes na Aveleda fruto dos ímpetos da família Guedes. As Follies surgiram em momentos distintos, estavam na propriedade mas só mais tarde é que foram entendidas como um movimento cultural que hoje em dia é valorizado e dado a conhecer aos visitantes.

Como chegar à Quinta da Aveleda Vindo do Porto, apanhe a A4 em direcção a Amarante/Vila Real. Saída 12 Penafiel Sul /Entre-os-Rios. Passar a Portagem virar à direita. Andar 200m virar à direita. Seguir em frente e a 500m encontra a Quinta da Aveleda. www.aveleda.pt

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É UMA DAS DESIGNADAS “QUINTAS DE ALENQUER”, UMA REGIÃO COM TRADIÇÃO NA PRODUÇÃO DE VINHOS DE QUALIDADE. NA ALDEIA GALEGA DA MERCEANA ENCONTRÁMOS A QUINTA DO ANJO, PROPRIEDADE QUE ESTAVA ABANDONADA MAS QUE EM 2003 COMEÇOU A SER RECUPERADA POR ANTÓNIO AFONSO PINTO. A FILHA, RITA CARDOSO PINTO, APAIXONOU-SE PELA TERRA E PELA VIDA DO CAMPO E HOJE ESTÁ À FRENTE DO NEGÓCIO DA FAMÍLIA.

O nome pelo qual a quinta era conhecido, Quinta do Pinto, foi um bom presságio para iniciar o negócio de família. A história do nome desta terra vem do tempo em que o vinho que se produzia naquela terra valia mais um vintém ou mais um pinto (moeda), por ser de superior qualidade, “Quando chegámos e nos disseram que se chamava Quinta do Pinto e nós somos Cardoso Pinto de apelido, achámos que era uma feliz coincidência, que estava predestinado”, recorda Rita Cardoso Pinto. A família, natural do Norte, chegou a Alenquer em 2003 há procura de ter um tecto comum, um espaço para todos e que fosse perto de Lisboa para poderem ir com mais frequência, para finsde-semana e férias. “Isto nasce da vontade de pôr na terra o que vem da terra, o meu

pai vem do Norte e era proprietário de uma grande quinta. Com o crescimento da família não foi fácil gerir e a quinta foi vendida. Então o meu pai decidiu procurar uma nova propriedade que servisse de novo tecto para toda a família”. A Quinta do Anjo, nome como é conhecida a propriedade foi uma das primeiras que a família encontrou mas o namoro foi longo já que a quinta não estava à venda. Foram precisos cinco anos até a compra da propriedade, efectivada em 2003. Os 12 hectares de vinha velha foram mantidos, o resto foi replantado, em 2004 vinhas novas de tinto e em 2005 as vinhas brancas. No total são 53 hectares de vinha. É do alto do morro que avistamos a Quinta na sua plenitude é de lá que se vê o passado e o futuro com a Serra de Montejunto em fundo.



QUINTA DO PINTO

A casa fica bem no centro dos 120 hectares da propriedade, a vinha fica por trás, em frente outra chapada de terreno que tem ligação interna à quinta e que no futuro deve ser plantada. Aqui percebe-se o “terroir”, “o mar fica apenas a 25 km em linha recta, o que confere uma forte influência atlântica, a serra protege dos ventos de norte, a vinha está toda virada a sul e as castas são muitas e variadas. “São 19 castas no total, são muitas cores para fazer uma pintura e é o que dá riqueza ao projecto, as castas estrangeiras são muito importantes, na adega a intervenção é pouca ou mesmo quase nula, no terreno estão diariamente doze pessoas, o que queremos é que os nossos vinhos expressem o que vem da vinha, não fazemos inoculações, acidificações por isso a intervenção tem que ser feita na vinha”, revela VINHOS FORA DE MODA… OU TALVEZ NÃO… A descrição é feita por Rita Cardoso Pinto, os vinhos são claramente diferenciadores, têm muito volume de boca, cremosos, untuosos e com baixa acidez. “Talvez um pouco fora de moda é um facto, mas diferentes, e é essa diferenciação que nos caracteriza. Com um projecto desta dimensão não temos volume para competir com vinhos de valor mais baixo, por isso temos que fazer algo diferente e com valor elevado. É de facto um risco ir contra a maré mas também é bom”. O negócio começou há sete anos mas os primeiros vinhos só foram para o mercado há cerca de um ano e meio, “É a arte de saber esperar que a terra nos desse o seu melhor, não estamos aqui para fazer um ou outro lançamento e ninguém se lembrar de nós depois. Estamos aqui para sermos uma referência da região de Lisboa e como tal vamos com calma, achamos que o caminho e a direcção estão traçadas”, reforça. O prémio produtor revelação do ano foi uma surpresa em absoluto, “ajudou-nos a colocar no mapa, agora temos que cumprir”. Chegaram ao mercado com os brancos, depois vieram os tintos que foram lançados em Novembro e estão para já a cumprir o padrão de qualidade. “É com expectativa que as pessoas provam os tintos, está um vinho muito ao jeito de Bordéus, soubemos esperar para os colocar no sítio certo, um tem Merlot e Sirah o outro é um monocasta Touriga Nacional que é de facto diferente do que já existe, tem um perfil muito elegante mais parecido com a Touriga do Dão”.

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O portfólio divide-se em três marcas, a marca “Lasso”, mais regional, com origem no apelido da avó de origem espanhola que se faz essencialmente com castas portuguesas, no branco Fernão Pires e Arinto, nos tintos a Touriga Nacional. Segue-se a marca “Pinto” com Monocastas e Bivarietais, em que a empresa destaca aquilo que a vinha dá, por vezes com conjugações pouco usuais, Viognier e Chardonnay, Merlot e Sirah e monocastas de Sauvignon e Touriga Nacional. E depois o “Quinta do Pinto” Branco, uma agradável surpresa assim que lançado para o mercado em Novembro de 2010 e que recebeu as melhores críticas. É um vinho que estagia 100% em barrica é para consumidores mais conhecedores e mais consensual, vai estagiar 14 meses para a garrafa. Rita Cardoso Pinto confessa que saber esperar este tempo todo, é complicado mas continua a achar que é o tempo que é preciso, isso é mais importante do que responder somente ao mercado.


Em breve vai surgir um “Quinta do Pinto” Tinto, um desafio para a empresa uma vez que nesta altura são mais conhecidos pelos brancos porque foram mais cedo para o mercado e distinguem-se pelas castas. De futuro a aposta nos brancos vai continuar apesar de neste momento terem mais área de tinta, cerca de dois terços. “Estamos a pensar plantar mais área de brancos mas sempre com novas castas. Estamos a começar, o perfil dos vinhos ainda se está a definir e o que sinto é que é preciso ir andando e vendo”. Rita Cardoso Pires não tem dúvidas que o trabalho é árduo, apostaram em vinhos de guarda e é difícil vender os brancos, a venda tem que ser muito acompanhada. O grande objectivo para 2011 é expandir a rede comercial e chegar a mais sítios até a nível internacional, com cerca de 500 mil garrafas é preciso olhar para fora. “Não fizemos festa de lançamento, fomos aparecendo aos poucos por isso a forma como o mercado respondeu tem sido surpreendente, quem prova os nossos vinhos não fica indiferente, e depois fica encantado. Uma vez mais, o prémio de produtor revelação do ano foi o mais importante, é um reconhecimento que chega às pessoas e aos consumidores, recorda. Rita Cardoso Pinto sabe que 2011não vai ser um ano fácil, “é preciso cautela mas não vamos entrar em pânico, é um ano que implica mais trabalho, é um ano vital para o crescimento da empresa. É um desafio”, conclui.

FAMÍLIA CARDOSO PINTO Rita Cardoso Pinto é o rosto do negócio que acabou por começar a gerir um pouco por acaso, começou por ajudar nas vindimas mas de forma bastante pontual. Quando o negócio começou a crescer o pai começou à procura de alguém para o gerir apesar de nunca ter questionado nenhum dos filhos, “ninguém diz que não a um pai, e ele teve esse cuidado de não condicionar ninguém”, recorda. Rita é licenciada em gestão, esteve sete anos a trabalhar na área mas decidiu fazer uma pausa. Veio mais uma vindima e aí já a tempo inteiro até que foi ficando por Alenquer, adiou o envio de currículos e quando deu conta já se tinha encantado pela vida no campo, “não foi de repente mas foi acontecendo e eu dos três filhos era a que tinha menos aptidão porque não gostava nada de vinho, o meu irmão acompanha o meu pai nas compras de vinho a minha irmã tem bom nariz por isso naturalmente seriam eles a ficar por cá”. Mas foi Rita que ficou, começou por acaso mas agora a felicidade é visível, “estou muito feliz é um desafio muito grande porque já tem uma grande dimensão, é encantador e ao mesmo tempo é um risco, é duro fazer um projecto nascer de forma diferente mas dá um enorme reconhecimento”. O envolvimento de toda a família é visível assim que entramos na adega, as cubas tem os nomes de cada elemento do clã Cardoso Pinto, “começou com a do meu casamento, casei aqui na adega, depois foi o do meu irmão e depois os nomes dos netos”. Que adoram passar os fins-de-semana em Alenquer.

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O CLÃ TAVARES DA SILVA DEU UMA VIDA NOVA À QUINTA DA CHOCAPALHA, NA ALDEIA GALEGA DA MERCEANA, EM ALENQUER. PAULO E ALICE COMPRARAM A PROPRIEDADE EM 1987 E DESAFIADOS PELA FILHA, A ENÓLOGA SANDRA TAVARES DA SILVA DECIDIRAM AVANÇAR NA PRODUÇÃO DE VINHOS.

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Desde a compra da propriedade até engarrafar o primeiro vinho passou pouco mais de uma década, a quinta estava bastante degradada, por isso, os primeiros anos foram passados a reestruturar as vinhas e o espaço. O gosto pela terra, esse vem de trás, da altura em que a família tinha uma quinta em Alcochete. A semente ficou, por isso, a compra da Chocapalha surgiu com naturalidade. Paulo Tavares de Silva conduz a conversa pelas memórias da família, ouve com atenção as perguntas e as respostas surgem depois de um pequeno silêncio, em que parece estar a recordar alguns dos momentos que passou. O tom é assertivo, “A primeira fase é ouvir e aprender a segunda fase é sedimentar a terceira é executar e ao fim destes anos ainda estamos a executar. Só ao fim de três anos é que comecei a reestruturar, é quase tudo novo” refere. Depois de alguns anos a produzir uvas para vender, chegou o desafio, o tal proposto pela filha que já tinha alguma experiência no mundo dos vinhos. Isso foi determinante e essencial para encorajar a família a avançar. Paulo Tavares da Silva acredita que os projectos vivem do rosto e o mundo dos vinhos não é excepção, resulta em muitos casos quando está associado ao nome da família e claro está, à qualidade dos produtos. Os resultados foram surpreendentes e em 2008 exportavam quase 90% da produção, seguiram-se algumas contrariedades que sempre souberam superar, o projecto voltou-se um pouco mais para o mercado nacional e continua a procurar novos públicos. “Começamos com muita humildade e simplicidade, com balseiros e pisa a pé, à moda do Douro e a pouco e pouco fomos crescendo, chegámos ao ponto de saturação e lançamo-nos neste outro projecto da nova adega que é um investimento razoável”. Paulo Tavares da Silva diz mesmo que esta era a ultima hipótese, senão o fizesse agora eventualmente tinha que aguardar mais oito ou dez anos e aí talvez já não o fizesse. Estão conscientes que nesta altura o risco é grande, foi muitas vezes ponderado, apesar disso “o desafio obriga a ter segundas forças para trabalhar mais, não estou arrependido, era necessário”, reforça. Alice junta-se à conversa, primeiro ouve atentamente as palavras do marido, acena com a cabeça em sinal de concordância mas


QUINTA DA CHOCAPALHA

não demora a intervir e a acrescentar alguns pormenores às histórias. Primeiro recorda o gosto que a família sempre teve pela terra e pelo vinho e chega mesmo a confessar que sempre teve o sonho de casar com um homem que tivesse uma quinta perto da cidade. O primeiro sonho concretizou-se. Mais tarde, um outro desejo, ter um vinho próprio acabaria também por se concretizar. Paulo Tavares da Silva interrompe para dizer que o trabalho da esposa é notável, os olhos de Alice sorriem e os lábios acompanham. A matriarca do projecto está responsável pela exportação, a facilidade em falar várias línguas ajuda bastante, nomeadamente o alemão, pois é de nacionalidade Suíça. “É muito importante saber falar outras línguas, hoje em dia tem que se trabalhar muito, apoiar os importadores e estar nas feiras mais importantes. Para uma empresa familiar tem que se investir imenso mas quando não se está presente é-se esquecido”, acrescenta. O Enoturismo não é descurado na Chocapalha, recebem muitas visitas para provas, sobretudo a partir de Fevereiro e Março e na

ENÓLOGO DIOGO SEPÚLVEDA O enólogo Diogo Sepúlveda começou a trabalhar na Chocapalha em 2007 depois de ter estagiado com Sandra Tavares da Silva e de ter andado por vários países do Mundo, França, EUA e Austrália. Ao fim de três anos na Chocapalha, Diogo já se sente parte da família, quando chegou já havia um perfil dos vinhos, característicos da região, vinhos com estrutura com perfil de mais rusticidade, vinhos com muita intensidade de cor, concentração na boca. “Não temos calores excessivos, temos maturações longas o que nos permite uvas com boa acidez taninos e cor, não são vinhos fáceis, são vinhos de garrafeira e para guardar e é isso que queremos manter”, afirma Diogo Sepúlveda. Diogo Sepúlveda está no projecto a tempo inteiro mas conta com o apoio e consultoria de Sandra Tavares da Silva, é um trabalho de equipa que vive da partilha de ideias e opiniões. A quinta começou a engarrafar em 2000 e até agora aumentou sempre a produção, o projecto está essencialmente voltado para a exportação com várias referências.

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altura das vindimas, é também possível almoçar ou jantar com marcação prévia. Paulo Tavares da Silva não tem dúvidas que a Rota dos Vinhos do Oeste pode dar uma ajuda aos produtores da região e que à semelhança de outros países, Alemanha e Áustria, o turismo pode ajudar a vender muito vinho à porta de casa. Para isso é preciso associar o enoturismo de qualidade com a proximidade de Lisboa, melhorar a imagem da região e dar a conhecer os vinhos. “É preciso apostar mais e ter mais acções, acho que isso vai acontecer. Lisboa é onde se consome mais vinhos e é uma pena que os vinhos desta região ainda sejam pouco conhecidos”. Voltando à Chocapalha e ao projecto da adega, ainda não há muito para adiantar apenas a promessa de que vai ser bastante diferente do que existe na região. Paulo e Alice são cúmplices na hora de manter o segredo pois já é de longe sabido que este é a alma do negócio. Se bem que aqui a alma é muito mais do que um segredo… é a vontade a garra e a simpatia desta família, são os pais, os filhos e os netos que certamente vão assegurar a continuidade do projecto.


QUINTA DA CHOCAPALHA

Vinhos BRANCOS Quinta de Chocapalha Branco – Lote de castas portuguesas, Arinto e Viosinho, fermenta 100% em cuba de inox com as borras, o que resulta num vinho aromático com alguma concentração de boca e com persistência. Reserva Branco – É um branco de inverno, 70% de Chardonnay e 30% Viosinho que estagia 8 meses em barricas de carvalho francês. Juntámos a estrutura e o volume de boca com a fruta e frescura. É um vinho encorpado é um branco de refeição. 100% Arinto – Foi lançado em 2009 é uma casta típica da região que resulta em vinhos muito aromáticos com notas cítricas e muita mineralidade. É um branco de entrada muito fresco e com fruta que representa a região, é uma aposta ganha. 100% Sauvignon Blanc – Foi lançado em 2010 para responder a uma necessidade do mercado, tem uma procura mais acentuada no mercado algarvio por clientes estrangeiros. Tem notas de erva cortada, figos e tem alguma concentração na boca pelo facto de estagiar 10% em barrica. Foi para mercado em Maio, vendeu-se todo, em breve vai ser lançada uma nova colheita. Vinhos Tintos Vinha da Palha – Começou por ser essencialmente para exportação mas está a começar a ser conhecido no mercado nacional. É feito com base nas castas Castelão e Tinta Roriz, tem um novo rótulo e imagem é um vinho fácil, para consumo diário com fruta e alguma persistência de boca. Cabernet Sauvignon – É um monocasta produzido em baixas quantidades para nichos de mercado. Fermenta em lagares tradicionais, com pisa de robot e controlo de temperatura e fica a estagiar 18 a 20 meses em barrica de carvalho francês.

Quinta da Chocapalha Tinto É o vinho produzido em maior volume, representa 45% de toda a produção da Chocapalha. Representa a diversidade da quinta. É feito com várias castas, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Castelão, Sirah, Alicante Bouschet e Touriga Franca, fermentam em barricas pequenas, parcela por parcela, até final do estágio que dura 16 meses. É um vinho feito com muita paciência e muito cuidado na fermentação que resulta num vinho complexo com muita concentração e notas de fruta madura.

Chocapalha Reserva É o topo de gama feito a partir das melhores uvas das vinhas mais velhas de Touriga Nacional, Roriz ou Sirah. Fermenta em lagares e estagia 20 meses em barricas, resulta num vinho muito complexo com muita concentração no nariz com notas de fruta madura, vermelha com um carácter floral. É um vinho de guarda com muita persistência em boca.

Estas são as referências da Quinta da Chocapalha, vinhos para manter nos próximos anos mas que podem também trazer algumas surpresas. Esteja atento! 48



GOURMET

A CONQUISTA DE DUAS ESTRELAS MICHELIN CONTA UM POUCO DO PERCURSO DE ALBANO LOURENÇO, UM APAIXONADO PELA COZINHA E PELOS PRATOS PORTUGUESES. SE CHEGOU POR ACASO, NÃO FOI POR ACASO QUE LÁ SE MANTEVE. O mar e o peixe são uma grande influência na cozinha de Albano Lourenço, o gosto começou bem cedo quando ainda em pequeno aprendeu a pescar com o avô e o pai, mais tarde apurou a perícia nos anos em que viveu e trabalhou em Olhão, uma cidade junto à costa, “gosto de sair cedo de manha ir à lota ver como vem o peixe, ver o que as pessoas falam, é um dos produtos de excelência que eu gosto de trabalhar”. Foi lá no São Gabriel que conseguiu a primeira estrela Michelin confessa que na altura, 1994, ainda era uma novidade e que não trabalhou a pensar nisso. “Acho que foi uma coincidência fruto do que se passava no Algarve nessa altura em que havia muitos Alemães e Ingleses, havia um crescimento da economia em termos de imobiliário e havia fixação dessas pessoas no Algarve que iam a esses restaurantes”, recorda. Depois seguiu-se a Quinta das Lágrimas, em Coimbra, onde está há uma década, outra estrela Michelin mas neste caso as coisas foram diferentes, “estávamos a trabalhar para isso, já vínhamos de um pro-

cesso para mudar a filosofia gastronómica de Coimbra em termos de produtos, qualidade e aspecto e também das técnicas de produção”. A aposta começou a ser feita ano após ano até que em 2004 voltou a acontecer. Depois do reconhecimento é preciso manter a exigência e o rigor, trabalhar num Relais & Châteaux é isso mesmo. “Aquilo que me deixa mais feliz é quando vou ali à sala e me dizem, «Chefe, muito obrigada estava muito bom». Essa é a maior felicidade, a maior paga e o melhor prémio, saber que temos uma entrada e saída de clientes e que eles saem todos satisfeitos, é o melhor prémio que nós temos”, reforça. Albano Lourenço trabalha de forma exímia, o amor à cozinha e aos produtos portugueses salta à vista quando fala, o olhar não desmente, se foi um acaso que o levou para junto dos tachos foi o amor que o manteve lá. A técnica veio com a prática e com

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GOURMET

os professores que foi encontrando mas hoje cozinhar e chefiar uma equipa é muito mais do que isso, é preciso trabalhar muito e não esquecer a parte humana, considera que é uma espécie de treinador de futebol “temos que olhar para a cara das pessoas e ver se estão bem ou mal, estenderem-nos o tapete vermelho é fácil, tirar-nos é ainda mais rápido”.

COZINHA DE MERCADO É uma expressão que pode definir a cozinha de Albano Lourenço, a carta muda por estação e o destaque vai para os produtos de época. O Chefe considera que a cozinha de Coimbra não tem uma identidade gastronómica ainda assim há produtos fabulosos, “temos a praia e a serra, o nosso mercado regional que tem nabos maças, temos muito produtos e identifico-me muito com a cozinha de mercado”. Albano Lourenço considera que o essencial é não ter medo de identificar os produtos, não dizer que é só vitela dizer a região, se é do barroso dizemos, porque isso vai criar uma roda, as pessoas vão à procura de saber onde fica a região. “Era importante terminarmos com os floreados e os pratos com vinte nomes, somos um povo simples”. O futuro da cozinha portuguesa é vista com bons olhos, “estão-se a criar grandes valores humanos na forma como falam da cozinha portuguesa, já não nos vêem como o prato da feijoada, temos uma cozinha com muito sabor e é isso que nos caracteriza”.

QUINTA DAS LÁGRIMAS

CHEFE POR ACASO...

Ali, na Quinta das Lágrimas respira-se Pedro e Inês, não há nada que não se identifique com a história de amor, desde a recepção os quartos, as massagens, o SPA, o jantar e até o próprio vinho criado para aniversário da morte de Inês. O Chefe não é excepção, “tento nunca descaracterizar ou falsear nada, a história, o prato ou a gastronomia, tudo o que fazemos transmite muito trabalho dedicação e amor, queremos ter o retorno da satisfação”. A mesa do Arcadas é um espaço de diálogo, de desabafo e degustação em que as pessoas vêm sem relógio, a ideia é proporcionar às pessoas “sensações diferentes, de degustação, paladares novos que conjugam com um vinho diferente, sugerido para cada prato”.

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Albano Lourenço descreve a sua chegada à cozinha como um completo acaso, confessa até que na altura não tinha jeito nenhum mas depois de terminar o serviço militar ficou num impasse sem saber o que fazer. Coincidência, a actual esposa, na altura namorada estava numa situação idêntica e decidiram os dois ir para a Escola de Hotelaria. Ela desistiu meses depois, ele continuou, acabou por começar a gostar, “Foi por paixão e amor que decidi ser cozinheiro, cozinhar é simpatia e é amizade, antes eram quatro paredes sem janelas, só uma porta mas hoje é um bem-estar, sinto-me muito feliz por estar na cozinha”.


CALDEIRADA DE PEIXE COM AÇAFRÃO E TOSTAS DE PÃO 10 PAX

INGREDIENTES 1 kg de Robalo limpo 1 kg de Rascasso limpo 1 kg de Mexilhão 6 Dentes de Alho picados 2 Pimentos Verdes em losango 2 Pimentos Vermelhos em losangos 10 Chalotas 2 Talos de Alho-Francês 2 Ramos de Aipo 20 Cenouras Baby

PREPARAÇÃO

20 Nabos Baby 10 Fatias de pão alentejano cortadas em meias luas 7,5 dl de Caldo de legumes 2,5 dl de Vinho branco

Corte o peixe em filete. Salteie as fatias de pão em azeite e reserve. Estufe os legumes com um pouco de azeite, num tacho destapa-

1 dl de Azeite virgem extra

do, refresque com vinho branco e o caldo de legumes.

1 Ramo de hortelã

Junte o açafrão, o manjericão, o cebolinho e a hortelã.

10 Folhas de Manjericão 50 g de Cebolinho em hastes 3 Estames de Açafrão Q.B. Sal Marinho tradicional Q.B. Pimenta de Moinho

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Deixe acabar de cozinhar, mesmo no final junte o peixe e o mexilhão, deixe cozinhar mais dois minutos. Retire o excesso de caldo, adicione o alho e um fio de azeite. Deixe suar durante alguns minutos. Sirva a caldeirada com o pão frito.


MOUSSE DE PISTACHIO COM CESTINHO DE ESPECIARIAS E MOLHO DE MARACUJÁ 10 PAX

INGREDIENTES Mousse de Pistachio 150 g de Pistachios 100 g de Açúcar em pó 2 folhas de Gelatina 1 dl de Leite

Molho de maracujá PREPARAÇÃO 250 g de Puré de maracujá 75 g de Açúcar 80 g de Sumo de laranja

Cestinho de Especiarias 1 g de Caril 1 g de Pimenta-da-Jamaica 1 g de Pimenta Rosa 1 g de Sementes de Papoila 60 g de Sementes de Sésamo 35 g de Açúcar de Pó 40 g de Glucose 40 g de Manteiga

Recheio 300 g de Manga 50 g de Maracujá 150 g de Morangos 50 g de Framboesas 50 g de Groselhas Q.B. Hortelã Q.B. Açúcar em Pó 53

Mousse de Pistahio Cozinhe os pistachios no leite e triture. Junte o açúcar e junte as folhas de gelatina previamente demolhadas em água fria. Deixe arrefecer um pouco e junte as natas. Reserve no frio. Molho de Maracujá Faça uma redução com o sumo de maracujá, o açúcar e o sumo de laranja. Depois de arrefecer por completo reserve no frio. Cestinho de Especiarias Derreta a manteiga e junte a glucose. Moa as especiarias num almofariz e junte ao praparado. Junte as sementes e o açúcar em pó. Deixe repousar a massa no frigorífico até ficar dura. Coloque pequenas porções de massa num tapete de silicone e leve ao forno até cozer. Retire do forno. Com ajuda de uma espátula, destaque do tapete e dê a forma de um cesto com a ajuda de uma forma. Finalização Lamine toda a fruta e guarneça o cestinho das especiarias. Perfume com a hortelã e polvilhe com açúcar em pó.


NOTÍCIAS Lavradores de Feitoria foi o 6.º maior exportador de vinhos DOC Douro em 2010 Segundo informação divulgada pelo Instituto do Vinho do Porto (IVDP), a Lavradores de Feitoria alcançou, em 2010 a 6.ª posição no ranking de exportadores de vinhos DOC Douro. Este foi o ano em que a empresa esteve mais perto do topo, tendo vindo a afirmar-se de forma gradual e consistente no mercado internacional. Mercados como a Noruega e a Polónia, onde os vinhos da Lavradores de Feitoria estão a ter uma aceitação acima das expectativas, contribuíram de forma decisiva para este sucesso. De realçar que na Noruega, a Lavradores de Feitoria venceu, por três anos consecutivos, a prova de melhor vinho na categoria Bag-in-Box, entre vinhos de todo o mundo. A produtora de vinhos duriense está já presente em 19 mercados que correpondem a cerca de 60% das vendas da Lavradores de Feitoria (LDF), tendo-se registado um aumento de 29% em 2010 (face a 2009). Gourmet Quinta Nova Apresenta produtos em novos packs para dias especiais A pensar em épocas especiais, como a Páscoa e o Dia da Mãe, a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo lança novas embalagens para os seus produtos gourmet. São três conjuntos especiais: o Pack Tisana, o Pack Doces e o Pack Multi Gourmet, que incluem chás e doces feitos a partir de produtos autóctones do Douro vinhateiro: Pack Tisana, com seis tisanas (Carqueja, Camomila, Oliveira, Videira, Urze e Alfazema); Pack Doces, com quatro compotas, confeccionadas com mais de 75% de fruta; e Pack Multi Gourmet, formado por duas compotas de fruta e uma tisana. Estes packs apresentam-se numa embalagem rústica de madeira, criando um conjunto de harmonizações irresistíveis. Actualmente, a Quinta Nova Gourmet é a mais completa linha de produtos gourmet do Vale do Douro. Inclui Azeite e Doces Extra de Uva (Touriga Nacional e Tinto Cão) e de outras frutas (cereja, figo, marmelo e mel) e tisanas (folha de videira, folha de oliveira, alfazema, urze, carqueja e macela-camomila).

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NOTÍCIAS VINHO PORTUGUÊS GANHA OURO EM FRANÇA CASAL DA COELHEIRA ROSÉ 2010 MANTÉM QUALIDADES DA COLHEITA DE 2009, QUE LHE VALEU A DISTINÇÃO DE MELHOR ROSÉ DO MUNDO O vinho “Casal da Coelheira Rosé 2010” atingiu a mais alta distinção no concurso francês Vinalies Internationales 2011, onde foi o único vinho rosé português a conquistar a medalha de ouro. Depois de, no ano passado, o “Casal da Coelheira Rosé 2009” ter sido considerado o melhor rosé do mundo pelo júri do Concurso Mundial de Bruxelas, onde arrecadou o Best Wine Trophy, a colheita de 2010 deste vinho da região do Tejo, produzido pelo Centro Agrícola do Tramagal, confirma assim ter preservado as suas qualidades. A edição de 2011 do Vinalies Internationales, concurso iniciado e organizado pela Union des Oenologues de France, disputou-se em Paris, entre 25 de Fevereiro e 1 de Março, tendo colocado em competição 3500 vinhos provenientes de todo o mundo.

Porto Churchill’s, a melhor companhia para a sobremesa

Lançamento de novos vinhos e pack de seis garrafas 0,25 cl Vercoope investe 1,5 milhões de euros e aposta em novos mercados

A Churchill’s, em parceria com alguns restaurantes do país, vai realizar uma campanha que convida os clientes a beber vinho do Porto como companhia da sobremesa. Para quem queira experimentar comer uma sobremesa acompanhada por um bom vinho do Porto, a Churchill’s está a lançar uma campanha inovadora em alguns restaurantes nacionais cujo objectivo é levar os clientes a experimentarem a conjugação harmoniosa de sabores, ao degustarem uma sobremesa com a nova garrafa de 20cl do Churchill’s Reserve Port. Trata-se de um Porto jovem (4 anos) com estrutura e fruta de um vintage novo e uma vez que não necessita de decantação é ideal para ser apreciado em restaurantes e bares. O rótulo da frente foi propositadamente deixado com uma parte em branco para que possa ser utilizado como mensagem, tornando-a mais personalizada e única.

No âmbito dos projectos PRODER e QREN, a Vercoope vai investir cerca de 1,5 milhões de euros em novos equipamentos e maquinarias mas também na aposta em novos mercados emergentes como é o caso da Rússia, China e Índia. No passa mês, a Vercoope – União das Adegas Cooperativas da Região dos Vinhos Verdes apresentou as novas colheitas dos seus vinhos - Via Latina, Via Latina Loureiro, Alvarinho, Alvarinho Loureiro e Vinhão – e lançou a nova embalagem de pack de seis garrafas (0,25 cl) de Vinho Verde, Via Latina. O pack de seis garrafas de 0,25 cl de Via Latina é um conceito novo que a Vercoope introduz agora no mercado com o intuito de responder às necessidades do consumidor. Para a apresentação destes novos vinhos, o convidado foi o Chefe Rui Paula que dirigiu um showcooking em que elaborou alguns pratos que harmonizavam com os vinhos em prova. A chamuça de alheira e os canapés adocicados foram os acompanhamentos em degustação.

TÁGIDE É O PRIMEIRO RESTAURANTE PORTUGUÊS A INTEGRAR O BUSINESS GUIDE DA EURONEWS O Restaurante Tágide é o primeiro restaurante português a integrar o Business Guide, um serviço online da Euronews, destinado a executivos, que fornece todas as informações necessárias a quem pretende fazer negócios na Europa. O Business Guide disponibiliza não só informações valiosas para os negócios, mas também oferece uma vasta selecção de prestadores de serviços locais, previamente visitados e audi-

tados, com o objectivo de ajudar quem viaja em negócios a atingir os seus objectivos. Além de uma visão geral da cidade que pretende visitar, o Business Guide destaca aspectos

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relacionados com a economia, infra-estrutura, força de trabalho, custos de negócios ou estilo de vida de cada país, aos quais estão associados links para os diversos recursos locais.


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DONA ANTÓNIA conquista Ouro no Vinalies Internationales e inaugura comemorações dos 200 anos da FERREIRINHA O arranque das comemorações dos 200 Anos do nascimento da Ferreirinha fica marcado pela conquista da Medalha de Ouro na competição Vinalies Internationales pelo Porto Ferreira Dona Antónia Reserva Tawny. O vinho criado em homenagem a DONA ANTÓNIA Adelaide Ferreira, mulher carismática que dedicou toda a sua vida ao Douro e ao Vinho do Porto, distinguiu-se no topo das classificações do concurso Vinalies Internationales, organizado em Paris pela reconhecida “Union des Oenologues de France”. Porto Ferreira DONA ANTÓNIA Reserva Tawny tem uma cor vermelha com fortes tonalidades tawny. O seu aroma é intenso e rico, com nuances de fruta muito madura (ameixa, alperce e compotas) e florais, mais complexo pelas notas de especiarias e frutos secos consequentes da evolução em madeira de carvalho, por oxidação. Na boca, é um vinho encorpado e de sabores ricos, com um final fino, elegante e de grande persistência. O seu vigor é característico das melhores colheitas do Douro, seleccionadas para a obtenção deste Porto Reserva. Aveleda vence Prémio Internacional Best of Wine Tourism O júri internacional do concurso Best of Wine Tourism, reunido na Nova Zelândia, atribuiu à Quinta da Aveleda o Prémio Internacional na categoria “Arquitectura, Parques e Jardins”. A Aveleda desenvolve, a par da produção de vinhos, aguardentes e queijos, actividades no âmbito do Enoturismo na Quinta localizada em Penafiel, na Região dos Vinhos Verdes. Basta um breve passeio pela Quinta da Aveleda para perceber que aqui a qualidade e perfeição são algo de natural... algo que está presente nos mais pequenos detalhes da história da empresa. Os magníficos Parques e Jardins (de estilo Romântico) acolhem raras espécies de flores e árvores bem como monumentos arquitectónicos únicos.

Na edição deste ano do Best of Wine Tourism, a Aveleda foi distinguida com o prémio Internacional na categoria de «Arquitectura, Parques e Jardins». Este prémio foi pela primeira vez atribuído a uma empresa da Região dos vinhos Verdes. O Best of Wine Tourism é um concurso promovido, desde 2003, pela Câmara Municipal do Porto no âmbito da sua participação na rede internacional Great Wine Capitals Global Network, que todos os anos coloca em competição os melhores prestadores de serviços de enoturismo de nove capitais vinhateiras espalhadas pelo mundo: Bordeaux, Bilbao ‐ Rioja, Cape Town, Christchurch ‐ South Island, Florença, Mendoza, Mainz ‐ Rheinhessen, Porto e São Francisco ‐ Napa Valley. Esta importante distinção reflecte o trabalho que a Aveleda tem, desde sempre, realizado na preservação da natureza. ENOPORT CONQUISTA DISTINÇÃO “MELHOR PRODUTOR PORTUGUÊS” No passado mês de Março, a Enoport United Wines foi distinguida no concurso Berliner Wein Trophy, com o prémio “Melhor Produtor Português de Vinhos Tranquilos”. Este prémio atesta a qualidade e consistência que a empresa oferece aos seus consumidores sendo um reconhecimento da forma como encaram a produção de vinho.

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Para o mercado de exportação Adega ERVIDEIRA Lança marca de vinhos ‘S de Sol’

Adega de Borba apresenta o vinho “50 Anos da Conquista da Primeira Taça dos Campeões Europeus 1961-2011”... Edição limitada de 500 garrafas A Adega de Borba apresenta o novíssimo DOC Alentejo 2007 “50 Anos da Conquista da Primeira Taça dos Campeões Europeus 1961-2011”, resultado de um desafio lançado pelo Sport Lisboa e Benfica para celebrar os 50 anos da conquista da primeira Taça dos Campeões Europeus em 1960/61.

A ERVIDEIRA prepara-se para lançar uma nova marca de vinhos “S de Sol”. Uma marca pensada apenas para o mercado de exportação, tendo sido criada dentro de uma estratégia de marketing, com vista aos países europeus onde o sol não está tão presente. Inicialmente pensado para os mercados do centro e norte da Europa – Holanda, Alemanha, etc, o vinho ‘S de Sol’ viu as suas fronteiras alargarem-se a outros continentes, nomeadamente ao continente Americano fruto do interesse demonstrado pelo Brasil. Este projecto insere-se na política adoptada pela empresa, em que se procura sempre a produção de bons vinhos a custos controlados, como é o caso do ‘S de Sol’. Para 2011 está preparada uma produção de 70.000 garrafas, sendo que se prevê que me 2013 este vinho esteja a ser produzido na ordem das 300.000.

Este DOC Alentejo 2007 foi elaborado a partir de castas Trincadeira, Aragonez e Tinta Caiada. Com uma cor granada com uma boa intensidade aromática a frutos vermelhos muito maduros, café, chocolate e especiarias, este vinho de edição limitada apresenta um sabor macio com uma ligeira adstringência frutada e especiada, com taninos silvestres mas suaves e encorpados, apresenta-se com um final elegante e persistente. Estagiou 12 meses em barricas de primeira utilização de carvalho francês, americano e castanho com um estágio final em cave de 20 meses em garrafa. ... e recebe duas medalhas de ouro e três de prata em concursos internacionais A Adega de Borba foi galardoada em dois dos mais prestigiantes concursos de vinho – Vinalies Internationales 2011 e Berliner Wein Trophy 2011. O Adega de Borba Reserva 2008 e o Adega de Borba Premium 2008 foram os únicos vinhos alentejanos a conquistar uma medalha de ouro e de prata respectivamente no certame francês. A Adega de Borba brilhou igualmente na Alemanha, no Berliner Wein Trophy 2011, onde o Montes Claros Reserva Tinto 2009 se destacou ao ser medalhado com o ouro. Promovido pela Organização Internacional da Vinha e do Vinho, este concurso teve lugar em Berlim, de 3 a 6 de Fevereiro, onde a Adega de Borba recebeu ainda duas medalhas de prata: uma pelo Montes Claros Garrafeira 2007 e outra pelo Senses Touriga Nacional 2009.

Adega ERVIDEIRA reforça ‘best-seller’ ‘Invisível’ regressa ao mercado

No ano passado a Adega ERVIDEIRA surpreendia o mercado com o lançamento do ‘Invisível’, aquele que foi o primeiro vinho branco produzido exclusivamente de casta tinta, numa aposta claramente ganha e que surpreendeu mesmo os seus responsáveis. Produzido a partir da casta Aragonez, o ‘Invisível’ revelou-se um verdadeiro sucesso de vendas assim que foi colocado no mercado, esgotando em todos os pontos de venda, inclusive nas próprias instalações da adega, as 12 000 garrafas produzidas. Em face desse sucesso, a adega alentejana decidiu preparar novo lote desse inédito néctar, disponibilizando-o agora num lote quase três vezes superior – serão 33.000 garrafas – com um preço que ronda os 8,5 euros por unidade.

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