JUNHO 2012 | REVISTA QUADRIMESTRAL ISSN 1647-7669
CONVERSAS COM JÚLIO MAGALHÃES MESSIAS VINTAGE ALLTODOURO CORTICEIRA AMORIM DA ÁRVORE PARA A GARRAFA CLUB MASTERCOOK LÍGIA SANTOS THE YEATMAN VINHO NONSENSE
EDITORIAL
Ao reler um dos textos que fazem parte desta edição, sobre a cortiça, resolvi fazer um pequeno exercício segundo o qual todo o sector vínico mundial decidia abandonar o uso da cortiça como forma de vedar os seus vinhos. O que aconteceria? Quais os danos para a economia nacional e para a sustentabilidade do ecossistema formado à volta do sobreiro (Quercus Suber), o montado. Neste cenário, seriam os vedantes à base de plástico e outros materiais que estariam no lugar da rolha de cortiça, e os vinhos do chamado “novo mundo” estariam no topo dos vinhos mais vendidos. Será este um cenário assim tão ficcionado, ou poderá ser uma realidade? O montado de sobro é um dos ecossistemas mais característicos das paisagens mediterrânicas e, no nosso país, ocupa cerca de 730 000 hectares, muitos dos quais, servem como ponto de fixação das populações e para o desenvolvimento das regiões, através da implementação de programas de turismo da natureza e da exploração das características únicas da cortiça. Portugal é líder deste sector e tem ao longo dos últimos anos efectuado inúmeros esforços para minimizar os defeitos atribuídos à rolha enquanto vedante natural, nomeadamente o chamado “cheiro a rolha”, e é devido ao desenvolvimento de novos métodos no manuseamento e processamento da cortiça que parece estar posta de parte a ameaça dos chamados vedantes alternativos. Pelo menos no futuro mais imediato. O efeito da crise que assola grande parte da Europa e de outras regiões poderá levar as empresas à procura de alternativas mais baratas e que cumpram a função mais básica da rolha, ou seja, vedar o vinho e nesse pressuposto, poderemos voltar a ter mais um “assalto” a este produto tão português. Com exportações no valor de 756 milhões de euros anuais, o sector emprega actualmente cerca de 10 mil pessoas, distribuídas por 700 empresas, sendo que muitas dessas pessoas trabalham em zonas do interior que têm como único meio de subsistência o trabalho no sector da cortiça. Será fácil de imaginar o que aconteceria se essas populações se vissem privadas desse trabalho. Cabe a cada um de nós ajudar a que o sector tenha cada vez mais força e a manter a liderança neste ramo de actividade, alias dos poucos que nos podemos e devemos orgulhar.
Hugo Cunha
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Editorial Novidades Conversas com Júlio Magalhães Messias Vintage
Alltodouro Cortiçeira Amorim Clube Mastercook The Yeatman Vinhos Non Sense Notícias
NÃO PERCA EM SETEMBRO
A PRÓXIMA EDIÇÃO
ATÉ JÁ
Evel Wine Party foi o nome do evento, com opção de jantar e/ou festa, onde o anfitrião ‘Evel branco 2011’ esteve em degustação, na companhia do ‘Evel Reserva tinto 2008’, ambos em bar aberto. Para o jantar, o chef Michael Guerrieri foi desafiado a criar um menu de harmonização com os vinhos Evel. “Queremos, com esta acção, “homenagear” a zona onde mais se bebe Evel. Refiro-me à Foz, onde o consumo desta marca é quase que um ritual transmitido de geração em geração. Actualmente, é notória a retrospectiva ao passado (e ao que é português é bom) em termos de consumo. Acontece na moda, na decoração, …, e no gosto em beber um vinho com história, carisma e qualidade, como é o Evel.”, afirma Pedro Silva Reis, Presidente da Real Companhia Velha. O ‘Evel branco 2011’ é um bom exemplo da modernidade dos vinhos brancos do Douro, em que se destaca a fruta e a frescura. O aroma – floral, com notas a fruta branca e crítica – é intenso, delicado e complexo. Na boca é generoso, envolvente e muito fresco. É um vinho muito polivalente que pode ser bebido como aperitivo ou acompanhar uma enorme diversidade de refeições. Desde pratos de peixe, saladas, pastas, carnes brancas ou até mesmo um churrasco no Verão.
Um vinho expressivo, alegre e sedutor Real Companhia Velha revela ‘Evel branco 2011’ em Wine Party no SHAKER Evel é a mais antiga marca de vinho DOC Douro Na passada sexta-feira, 16 de Março, a Real Companhia Velha deu a conhecer a última novidade da marca Evel, a mais antiga de vinhos DOC Douro. O palco de apresentação do ‘Evel branco 2011’. Foi no novo espaço de eleição da Foz velha, no Porto, o SHAKER Restaurante Bar, propriedade do casal Raquel e Batata Cerqueira Gomes.
Feito a partir de uvas das castas Rabigato, Arinto, Viosinho e Fernão Pires, plantadas na Quinta do Casal da Granja (Alijó) e na Quinta de Cidrô (São João da Pesqueira), o ‘Evel branco 2011’ estará disponível no mercado, por € 4,20 – garrafa de 750ml. Tons de Duorum Branco Uma Explosão de Tons e de Sabores O vinho Tons de Duorum Branco 2011, é um DOC da Região Demarcada do Douro e combina o caracter de diversas castas regionais que resultam num vinho fresco, elegante e harmonioso no seu conjunto. Fruto de uma
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colheita excepcional, ostenta uma cor amarela citrina e um aroma intenso a frutos citrinos e tropicais, notando-se ainda os aromas de fruta cristalizada. Após o grande sucesso da colheita deste vinho, comercializada pela primeira vez no ano passado, o Tons de Duorum Branco de 2011 é aguardado com expectativa pelos consumidores que contam com qualidade a um preço apetecível (PVP recomendado de 3,99€). Para usufruir de todos os aromas, o Tons de Duorum Branco deve ser servido fresco, à temperatura média de 11 graus. Reúna os amigos para um almoço com entradas de patés e queijos, ou pratos de peixe, marisco, saladas tropicais e abra uma garrafa deste vinho. Aproveite as coisas boas da vida!
NOVIDADES
rigida por Jorge Moreira. “Procurámos fazer um vinho onde as características da casta em termos aromáticos e de sabores fossem bem evidentes, mas mantendo ao mesmo tempo o carácter dos vinhos brancos do Douro: a nossa estrutura, mineralidade e acidez. É portanto um vinho em que os aromas a líchia e rosa (tão típicas desta variedade) são muito evidentes, mas ao contrário do habitual, seco, austero e com uma bela acidez”, afirma Jorge Moreira.
produtor Henrique Uva/ Herdade da Mingorra (Trindade, Beja). Trata-se do “M” Espumante Rosé Bruto 2010 - Método Clássico, o novo sabor refrescante da casta Aragonez, assinado pelo enólogo de sempre, Pedro Hipólito. Com a chegada do tempo mais quente, nada melhor do que este “M”, colorido, de design cativante (com o rosa sedutor - no rótulo - que convoca a enorme alegria e o prazer de estarmos juntos) e um sabor fresco, frutado, tão intenso quanto a ocasião e a companhia, especiais, o merecem. “M”... é Mingorra Gourmet!
Real Companhia Velha estreia 2.ª série do ‘Quinta de Cidrô Gewür� ztraminer’ (2011) Um vinho que casa bem com sushi e comida asiática A Real Companhia Velha estreia a segunda série do ‘Quinta de Cidrô Gewürztraminer’, um vinho extremamente original que foge a estilos e convenções, demonstrando como o carácter vincado do Douro sobressai mesmo quando estamos perante uma casta tão marcante como esta. Com um p.v.p. recomendado de € 10,00 por garrafa, o ‘Quinta de Cidrô Gewürztraminer’ foi um vinho que nasceu, na vindima de 2010, de um harmonioso trabalho entre a equipa de viticultura (liderada por Rui Soares, técnico da Quinta de Cidrô) e a de enologia, di-
MINGORRA “M” Espumante Rosé: cor-de-rosa refrescante O 4.º artigo da linha Mingorra Gourmet (Henrique Uva/ Herdade da Mingorra), “M”, é lançado no mercado. Depois do lançamento dos muito aclamados “M” Late Harvest (Branco de Colheita Tardia), do “M” Espumante Bruto - Método Clássico, e do “M” Fortified Wine (Tinto Fortificado), surge o quarto produto da gama Mingorra Gourmet, “M”, do
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«Grandes Quintas» coloca no mer� cado o seu azeite de segmento premium A Casa d’Arrochella, um projecto com fortes raízes à terra que o viu nascer, o Douro Superior, tem-se dedicado à produção oleícola, tendo em comercialização o azeite «Grandes Quintas». Posicionado no segmento premium, trata-se de um produto com a marca de qualidade da
NOVIDADES
derna tecnologia de produção. Este mesmo azeite, embora com uma roupagem diferente, mas com o mesmo posicionamento, está também no mercado externo com a marca «Douro Valley». Vinhos «Grandes Quintas» com duas novas referências: «Colheita Tinto 2009» e «Reserva Tinto 2009»
Denominação de Origem Protegida de Trás-os-Montes. Com olivais próprios na Quinta das Trigueiras e na Quinta da Peça, onde são cultivadas as variedades Verdeal, Madural e Cordovil, este azeite virgem extra nasce de um processo de extracção a frio em contínuo, poucas horas após a colheita. Com um grau percentual de acidez inferior a 0,2º, de cor esverdeada, frutado, com aroma de azeitona fresca, tomate, maçã e amêndoa, tem um sabor muito elegante, amargo e picante, com final de boca longo e persistente. O lagar próprio de Almendra onde este azeite é produzido foi adquirido pela Casa d’Arrochella à extinta Cooperativa Oleícola de Almendra e foi equipado com a mais mo-
Mais dois tintos que prometem apaixonar, com a marca do produtor do Douro Superior Casa d’Arrochella. A classe mundial dos vinhos «Grandes Quintas» tem vindo a ser reconhecida nos certames mais renomados da especialidade e, dentro deste registo, um dos vinhos a ser lançado no mercado, o «Grandes Quintas Colheita Tinto 2009», arrecadou recentemente uma Medalha de Prata na Vinalies Internationales de Paris.
O «Grandes Quintas Colheita Tinto 2009», com a assinatura do enólogo Luís Soares Duarte, apresenta um excelente vigor aromático, com notas de frutos vermelhos, balsâmicos e florais. Na boca é robusto, mas sem excessos, os taninos estão equilibrados com a acidez,
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terminando delicado e elegante. Pelas suas características prevê-se um envelhecimento em garrafa muito positivo durante os próximos sete anos. Trata-se de um vinho que estagiou 10 meses em barricas de carvalho francês e fermentou em cubas de inox com uma temperatura controlada a 26 graus durante seis dias. Refira-se que deste néctar foram colocadas no mercado cerca de 50 mil garrafas, que chegarão a um preço aproximado de 7, 5€.
Outra das apostas fortes da Casa d’Arrochella é o «Grandes Quintas Reserva Tinto 2009». Produzido a partir de mais de 80% de vinhas velhas, onde predominam as castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca. As notas de prova apontam para um vinho denso e profundo em termos de aroma. As notas balsâmicas do eucalipto do estágio equilibram-se com notas de frutos maduros e florais da casta. Na boca é elegante, de taninos finos, delicados, frescos, com notas vegetais, mentoladas, terminando persistente e elegante. Pelas suas características, prevê-se que possa envelhecer de uma forma muito positiva em garrafa durante os próximos dez a quinze anos. Resta referir que este vinho chegará ao
NOVIDADES
Sem pressas para apreciar o verdadeiro sabor da vida.
mercado a um preço aproximado de 13,5€ e estarão à disposição dos consumidores cerca de 10 mil garrafas. A Sociedade Agrícola Casa d’Arrochella com cerca de 600 hectares, 115 dos quais de vinha, distribuídos por cinco quintas, a Casa d’Arrochella integra-se numa nova geração de produtores de vinho da Região Demarcada do Douro. É na sub-região do Douro Superior, entre Vila Flor, Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa que o projecto é desenvolvido com a paixão e o envolvimento cultural de quem tem uma ligação secular ao Douro. As vinhas da Sociedade Agrícola Casa d’Arrochella – Quinta do Cerval, Quinta do Nabo, Quinta das Trigueira, Quinta de Vale d´Arcos e Quinta da Peça – estendem-se ao longo de 115 hectares e o centro de vinificação situa-se em Vilas Boas, Vila Flor, na Quinta da Peça. A adega, totalmente equipada segundo os mais rigorosos critérios em vigor, tem capacidade para a produção de cerca de 300 000 litros, com dois lagares de granito e cubas de fermentação em inox.
Loios Branco 2011 João Portugal Ramos Renova Identidade das Marcas Alentejanas Alicerçado num posicionamento que reforça a ligação de João Portugal Ramos à terra, às origens e à sua vontade inabalável de procurar a perfeição, a nova identidade aposta em diagonais para a criação dos rótulos, que nos remetem às encostas do Castelo de Estremoz e que simbolizam uma nova perspectiva do Alentejo. Percursor de mudança, na sua vida pessoal e profissional, João Portugal Ramos está intimamente ligado à revolução vitivinícola que o Alentejo registou nos últimos anos, contribuindo decisivamente para que esta seja a região mais importante na produção de vinhos portugueses. É neste contexto de valorização da região e das suas raízes, que o enólogo cria os seus vinhos, proporcionando experiências únicas aos seus consumidores. O novo Loios branco 2011, surge com um aroma mineral realçando as notas de lima e com uma acidez bem envolvida. É um vinho elegante e fino, para beber, saborear e viver.
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Novidades da Quinta do Cardo, Quinta da Romeira e Quinta de Pancas Companhia das Quintas apresenta brancos de 2011 Na altura do ano em que o consumo vinhos brancos ganha mais adeptos, a Companhia das Quintas apresenta ao mercado três brancos de caráter e perfil distintos, tal como as suas regiões de origem, sendo dois deles, o Quinta do Cardo Síria 2011 e o Pancas 2011. O Quinta do Cardo Síria 2011 é o resultado de uma seleção cuidada de uvas da casta Síria provenientes de vinhas de altitude, plantadas a 700 metros. Este terroir confere ao vinho uma personalidade única e uma acidez equilibrada. Vinho muito gastronómico que harmoniza na perfeição com sushi, peixes, mariscos e saladas. O Pancas Branco 2011 resulta de um blend composto pelas castas Arinto, Chardonnay e Vital. Esta seleção confere-lhe um caracter equilibrado com um aroma exuberante com notas cítricas e sugestões florais. Acompanha pratos de peixe, sopas frias e mariscos.
Júlio CONVERSAS COM
MAGALHÃES Por Ana Rita Basto
Está a começar um novo desafio profissional no Norte do país e na cidade que tanto gosta, o Porto. Para trás ficam doze anos na TVI e uma parceria de vários anos ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa.
Acabou o espaço de comentário com o Professor Marcelo
Agiram de maneira diferente, tendo o Júlio como colabo-
há algumas semanas. Ficou triste?
rador e não como Director?
Júlio Magalhães - Fiquei, claro. Não gostava de ter perdido esta marca com o Professor por isso continuou mais uns meses mas era inevitável. A tristeza que sinto por deixar o Professor Marcelo é atenuada por estar a começar um projecto novo que foi uma opção minha. O Professor Marcelo corresponde aquilo que foi um dos meus melhores momentos em termos profissionais.
JM - Agiram, claro. Nós já sabemos isso, os interesses hoje da maioria das pessoas é assim que funcionam. Muita gente sem valores nenhuns, não todos, como é óbvio, mas muita gente que não tem valores nenhuns. Não faz a mínima ideia do que é respeitar pesssoas, do que é trabalhar em conjunto. Estão mais preocupadas em estar a trabalhar nos blogues e no facebook e a sugar o dinheiro às empresas.
Fica alguma mágoa de a continuidade na TVI não ser
E precisamente quando estava em directo, com o Professor
uma coisa desejada por todos nem consensual?
Marcelo, o FC Porto sagrou-se campeão. Como foi?
JM - Fica um bocadinho, ficou uma mágoa, bem não sei se é bem mágoa. Mas acho que hoje as empresas só pensam em números e as pessoas só pensam nelas e ponto final.
JM - Recebi o abraço do Professor e depois segui o meu percurso normal. Vim a caminho do Porto de carro, na auto-estrada, tinha um misto de alegria e tristeza, pelo FCP ter sido campeão nessa noite mas
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vinha com alguma nostalgia por ter percebido que era a última viagem que estaria a fazer de Lisboa para o Porto depois de doze anos em que a fiz. Sobretudo nestes ultimos em que aos domingos à noite jantava com o Professor, acabava o jornal e vinha embora. E foi o que aconteceu nesse domingo... Estava num canal nacional com um lugar de destaque. Tem noção do que perdeu com a mudança? JM - Não. Acho que não perdi nada, se perdesse ou tivesse noção disso não tinha saído.Acho que ganhei, um novo projecto no Porto, na cidade, onde moro, onde vivo e ganho sobretudo motivação para continuar a trabalhar. Acho que a única coisa que perdi foi o momento que tinha com o Professor. E já consegue dormir, já não sente as “dores da mudança”? JM - – (Risos) Ainda tenho. O projecto do Porto Canal é dificil, não é fácil consolidá-lo. Estes primeiros dois, três anos vai dar muito trabalho, muitas dores de cabeça e muitas noites sem dormir mas até nisso é bom. Aos 49 anos, apesar de tudo ganho uma nova motivação. No Porto Canal, tem tido um trabalho para já invisível para o público. O que está a fazer? JM - Um canal de televisão demora anos a consolidar-se, a ter público e o Porto Canal está a começar um novo projecto. Um canal de televisão não é feito só por uma pessoa, nem ninguém tem audiências em televisão e portanto não é o facto do Júlio Magalhães que, enfim, tem uma carreira, tem notoriedade, ir para o Porto Canal que as pessoas vão começar a ver o canal. Há tantos exemplos, de pessoas que têm notoriedade e que mudaram de canal e que as pessoas não foram atrás. No Porto Canal é igual, é preciso criar estruturas, consolidar, fazer crescer as outras pessoas que lá estão para de hoje para amanhã não dizerem está lá o Júlio e não têm mais nada. Vai demorar um ano, dois, três, uma televisão é uma prova de maratona e não 1500 metros e portanto estamos a trabalhar para que o canal tenha boas bases.
“A tristeza que sinto por deixar o Professor Marcelo é atenuada por estar a começar um projecto novo que foi uma opção minha.”
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CONVERSAS COM
“Acho que ganhei, um novo projecto no Porto, na cidade, onde moro, onde vivo e ganho sobretudo motivação para continuar a trabalhar.”
“ Aos 49 anos, apesar de tudo ganho uma nova motivação”
Encontrou uma cidade do Porto muito diferente? JM - Eu tenho acompanhado, nunca mudei para Lisboa. Vinha sempre cá aos fins de semana ou semana, a cidade está substancialmente diferente desde a década de 90. Acho que foi mais uma motivação para regressar, saber que é bom viver no Porto nos dias que correm. Define-se como um regionalista convicto, pode o Porto Canal ser um meio para passar essa mensagem? JM - Acho que a televisão é um meio muito poderoso, tem uma importância grande nesse tipo de mensagens. Não quero também que o Porto Canal se transforme num canal local e regional. De facto, sou adepto da regionalização, acho que as regiões são muito importantes para o país e que só nos vamos desenvolver quando houver regiões. Se o canal tiver essa missão de ser o veículo de uma causa, é importante. Agora, não vamos ser uma televisão do Norte ou Porto contra o Sul, vamos ser um canal para todo o país.
ca disse que a única coisa que gostava era estar numa autarquia e quando me perguntaram respondi no Porto, é a minha cidade. Não gostava de ser Ministro, Secretário de Estado, acho que numa autarquia é onde se pode fazer alguma coisa pelas pessoas. E a imagem de “tipo simpático” poderia ajudar? JM - Pode, eu acho que é o futuro de todos os líderes, não há volta a dar. Esta coisa que os líderes no mundo global não têm que ser simpáticos e concialiadores, acabou. Senão vamos cair nos lideres que são déspotas, arrogantes e acham que são únicos. Isto acontece em todo o lado, nas instituições mesmo os líderes fortes só são bons se se rodiarem de bons adjuntos e boas pessoas à volta. Identifica-se pouco com as liderança partidárias? JM - – Não me identifico nada, longe disso. Embora ache que hoje, Pedro Passos Coelho, António José Seguro, Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã personifiquem tipos de liderança que aprecio. Séria, tranquila com convicções mas conciliadora, sem arrogância é assim que eu acho que deve ser.
E a vontade de ser Presidente da Câmara do Porto?
Mais a curto prazo, tem noção que as pessoas se pergun-
JM - Não é bem, eu disse sempre que não queria acabar os meus dias no jornalismo e um dia gostava de tentar outra actividade, a politica é uma coisa aliciante que eu gostava. E dentro da politi-
tam se vai voltar aos ecrãs. Está previsto?
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JM - Claro que vou fazer parte do projecto do Porto Canal, sempre na perspectiva que não sou o salvador. Mas quero fazer parte do
CONVERSAS COM
“Gosto do ritual de abrir uma boa garrafa, de deixar o vinho respirar. Tenho uma garrafeira enorme com bons vinhos tintos e sou um grande apreciador.”
projecto com toda a gente, a minha missão neste momento é solidificar o canal juntamente com as pessoas que lá estão. Depois avançamos todos para mostrar no ecrã o que estamos a fazer e como trabalhamos. Não é fundamental o Júlio Magalhães aparecer. Podemos vê-lo em que registo? JM - Mais jornalístico, sempre. Sem cunho pessoal, o meu cunho é ser no ecrã aquilo que sou na vida real, ponto final. Não me transformo, as pessoas que me conhecem sabem. A escrita que parte ocupa na sua vida e dia-a-dia? JM - Ocupa quando tenho disposição, ou seja, não tenho horas para escrever, dia, regras. Quando tenho tempo livre se me apetece escrever, escrevo se me apetecer ler leio. Foi sempre assim a minha vida, faço aquilo que me apetece, nunca me guiei por obrigações. Sou muito desorganizado, gosto de viver muito bem a vida e gosto que a vida corra. Se estou num momento que me apetece escrever, escrevo.
E regiões? JM - O Douro, embora ache que hoje em dia se fazem bons vinhos em todo o lado. A evolução que houve na produção e as novas tecnologias permitem fazer bons vinhos em todo o lado. Para mim o Douro é a minha região preferida, como bebo só um copo, o vinho dura-me para a semana inteira a distinção que muitas vezes faço é essa, noutras regiões nem sempre é assim. Pode o vinho ser uma bandeira? JM - Pode e deveria ser muito mais explorada, muito embora ache que o facto de haver produtores de vinho a mais retira a capacidade e estratégia para a promoção. Já de si acho que Portugal não promove muito bem o que é seu. Continuo a achar que o vinho tinto é muito caro no consumidor, não me parece que seja uma boa estratégia comparado com o que se faz noutros países como o Chile que também tem bons vinhos. Nos restautantes então, eu conheci produtores que não distribuem para restaurantes pois colocam margens muito altas no vinho . Tem andado pelo Norte, sente falta de união e entraves?
Neste momento está a escrever? JM - Sim, estou a escrever um livro que em princípio sai em Junho. Vamos ver se consigo acabar senão só para o ano. É apreciador de vinhos? JM - Sou e bebo um copo de vinho quase todos os dias, sou apreciador de bons vinhos tintos e só gosto de beber bons vinhos. Gosto do ritual de abrir uma boa garrafa, de deixar o vinho respirar. Tenho uma garrafeira enorme com bons vinhos tintos e sou um grande apreciador.
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JM - Sim, é o que tenho sentido. Cada um quer dizer que é melhor que o outro e fazer a sua própria estratégia de comunicação e promoção. E sinto que há uma grande rivalidade ou então que não há uma grande vontade de todos acharem que juntos vendem mais e ultrapassam a crise. Há grandes projectos de grandes quintas mas que estão muito isolados, feitos para eles próprios e a grande maioria não conhece o que existe por aí, no Norte. Muitas vezes ficamos surpreendidos com uma quinta, um espaço, verdadeiras obras de arte que ningém conhece, nem sabe como chegar. Essa ideia de comunicar isoladamente não funciona, ninguém faz nada sozinho.
MESSIAS VINTAGE
Messias
Messias vintage Um ano, dois vintage... 2009 As Caves Messias são conhecidas pelAs colheitas mas mostram que também dão cartas nos vintage. Um ano, dois vintage... 2009.
A Garrafeira do Tio Pepe, no Porto foi o local escolhido para dar a conhecer estas duas novas pérolas da Messias. Desde a sua fundação, em 1926 que a Messias tem apostado na produção e comercialização de vinhos das principais regiões demarcadas: Dão, Bairrada, Douro, Vinho Verde, Beiras e Vinho do Porto. A empresa está sedeada na Mealhada, região da Bairrada, onde possui 160 hectares de
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vinha e depois tem mais propriedades noutras regiões portuguesas. A enóloga Ana Urbano é a responsável técnica por estes dois vinhos, o maior desafio é na lotação, é lá que tudo se define. Ana Urbano destaca que a aposta no vintage “é interessante porque somos uma empresa de colheitas”, mas desde 2003 começaram a apostar mais na qualidade dos vintage, não têm ambições de fazer quantidades mas de complementar a oferta.
MESSIAS VINTAGE
Porto Quinta do Cachão Vintage 2009
Porto Messias Vintage 2009
Na Quinta do Cachão seleccionámos as melhores uvas para desenhar este Vintage. Tem cor carregada, sendo encorpado e de aromas muito finos, sobressaindo frutos do bosque bem maduros. Permite antever a excelente complexidade do “bouquet” e aromas terciários futuros. Em prova gustativa revela bem o seu carácter, delicadeza e deslumbrantes efeitos rectronasais. Tem um final longo e muito agradável. É um grande Vintage, podendo inclusivamente ser consumido já.
De cor retinta, o Porto Vintage 2009 tem personalidade intensa, com aromas a frutos vermelhos bem maduros, compotas e nuances de amoras enquanto jovem, dando lugar com a idade a um “bouquet” complexo e pleno de aromas terciários. Na boca mostra-se sempre potente, com uma estrutura assinalável, revelando um agradável e prolongado final de boca. Para beber já, pressupondo no entanto uma excelente evolução em garrafa.
Mas para este ano estão reservadas outras surpresas, em preparação está já um vinho de homenagem ao fundador da empresa. Sairá mais para o final do ano, um vinho super premium, com uma vinificação cuidada, estágio em madeira e depois em garrafa. É algo inesperado e que vai marcar pela diferença.
Aguarde..
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ALLTODOURO
Alltodouro
“A UNIÃO FAZ A FORÇA” Todos ao Douro e todos juntos pelo Douro, uma das regiões por excelência de Vinhos em Portugal, é apenas o mote para a formação do grupo.
O velho ditado diz que a “união faz a força” e é nesse ditado que acreditaram quando decidiram avançar para a criação de um grupo que junta 13 empresas, dos vinhos, ao turismo, cultura e até às ervas aromáticas. A ideia começou nos bastidores, Paula Sousa, directora de Marketing e Enoturismo do Hotel Rural Quinta Nova Nossa Sra. do Carmo, apresenta-nos o projecto e lembra que entre os produtores sempre houve a ideia que era preciso união. Celeste Pereira tinha aberto a empresa “Greengrape” com uma série de actividades de promoção turística e a certa altura notou que poderia ser ela, como pessoa exterior e imparcial, a promover um encontro com vários produtores e
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catapultar as ideias para o terreno. E assim foi... Criou a marca alltodouro e começou a fazer pequenos programas integrados entre os vários agentes, no douro, turismo com vinhos, hotelaria e cultura. O projecto foi ganhando força para prosseguir até que em Dezembro algumas empresas juntaram-se à mesa e começaram por fazer um plano de actividades e um orçamento. “Aderiu quem se sentiu à vontade para aderir e estamos numa fase que vamos olhar para o plano de actividades e mexer nele, redimensioná-lo para que seja mais ajustado às necessidades de agora. Temos que começar pelos suportes de informação pela base do projecto e pela criação do lobby”, sublinha.
ALLTODOURO
Nesta fase o projecto está a juntar a informação, folhetos, site para depois avançar para presenças internacionais, de forma a pôr o Douro no Mundo. “Fazer algo mais e dessa forma levar lá fora o que temos de melhor, território, paisagem, gastronomia e turismo, mostrar um Douro que não é só do Vinho do Porto, mas é um Douro que tem algo mais a oferecer”. Paula Sousa considera que o Douro vinhateiro já é conhecido, a paisagem nem por isso e se falarmos no Douro integrado, gastronómico, paisagem, vinhos e cultura, esse é muito pouco conhecido. Em termos turísticos não é um verdadeiro destino, “temos falhas no alojamento, nos transportes, na restauração, portanto não é destino”, acrescenta. Um dos grandes problemas com que se debateram foi o facto de os produtores trabalharem todos muito individualmente, com as mesmas dificuldades, com os mesmos objectivos mas cada um para si. Paula não tem dúvidas, “não funciona assim, basta olhar para as regiões vinhateiras do mundo, visitamos e temos um folheto único
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que explica o que se pode comer, onde dormir e o que visitar num único papel”. “Portugal é um só e devia vender-se como tal. Não existe, um sítio que dê as informações, se o museu está aberto, se tem guia, se admite crianças, está tudo por fazer”. O grupo abarca gente desde o Porto até Foz Côa, agora falta juntar todos os intervenientes num pacote que tenha a vertente gastronomia, cultura, vinhos, produtores, quintas e passeios no rio. O passo seguinte é mostrar tudo como algo que se possa vender e chamar compradores, até ao final do ano querem ter os suportes básicos criados e fazer dois ou três eventos para chamar à atenção. “Em termos de financiamento tudo se suporta como o nosso acreditar, os custos são suportados pelos intervenientes, foi um processo fácil com base na facturação de cada um, não houve discussão, se tivermos no futuro condições para concorrer a algum programa logo vemos, mas não se pode estar à espera de apoios”.
ALLTODOURO
MUDAR MENTALIDADES? As mentalidades podem ainda não ter mudado mas este projecto pode ser um início, neste momento as necessidades empurram as pessoas a andar para a frente, mercado vai obrigar as pessoas a avançarem. “Estamos a ter muita aceitação, força, elogios e estímulos mas temos pena que muitas empresas que pareciam estar interessadas desistiram mas nós entendemos que há quem precise de ver para crer, por ventura daqui a um ano, vão bater à porta para poder participar”, adianta. Neste momento, consolidação é a palavra-chave, vão promover jantares debate com pessoas que possam dar algum input para saber o que fazer, querem chamar gente de fora para perceber que caminho seguir. Uma certeza existe, o projecto é completamente inovador, diferenciador, era urgente e incontornável, Por isso, AllToDouro...
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CORTICEIRA AMORIM
Corticeira AMORIM
Da árvore para a garrafa... O percurso entre o sobreiro e a rolha de cortiça numa garrafa de vinho demora no minimo meio século. Um processo longo, cuidado e sem margem para erros que dá a Portugal o título de maior exportador de cortiça.
É sem dúvida uma das maiores “jóias” nacionais apesar de nem sempre o ser reconhecido como tal, coloca Portugal no Mundo, e é um dos sectores determinantes para as exportações nacionais. Ao sucesso da fileira não são alheias algumas aparições inesperadas, Barack Obama tem uma gravata em cortiça e o seu cão uma coleira feita no mesmo material. Lady Gaga já usou um vestido de cortiça e Angela Merkel e Madonna usam malas feitas deste material tão português.
Até que surge no século XVII, o famoso Dom Pérignon que tinha um óptimo vinho mas cuja qualidade desaparecia pouco tempo depois, o mesmo acontecendo com as borbulhas características do vinho. A solução foi encontrada através de uma garrafa de vidro e uma rolha de cortiça, um modelo que foi adoptado para outros vinhos e outras regiões. Esta é apenas uma das muitas histórias sobre vinho e cortiça aqui recordada pelo Director de Marketing da Corticeira Amorim, Carlos de Jesus.
Esta é a actualidade, mas não podemos esquecer os quatro mil anos de história que estão para trás. Começou na antiguidade quando as ânforas eram transportadas com grandes tampas de cortiça.
Por trás de cada rolha de cortiça natural que se retira de uma garrafa existem décadas de crescimento e cuidados, Portugal é líder no mercado de cortiça mas “também é líder em demonstrar que as práticas
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CORTICEIRA AMORIM
ambientais, sociais e económicas podem existir, sendo montado o maior exemplo disso mesmo”. O trabalho de descortiçamento dos sobreiros, é um dos mais bem pagos da actividade rural, requer uma mestria e sabedoria inquestionáveis. Um sobreiro demora 25 a 27 anos a ter uma dimensão aconselhável para começar a extracção, a primeira extracção não tem qualidade, nove anos depois a 2º extracção, também não tem. Logo são precisos quase cinquenta anos para se fazer uma extracção viável, geralmente em Junho, Julho e Agosto, “depois vem o início de uma viagem de dezenas de processos industriais e medidas preventivas de combate ao TCA (abreviatura de 2,4,6- Tricloroanisole - substância química que faz os vinhos terem um sabor desagradável, “sabor a rolha”). Mas se durante muitos anos a cortiça foi inquestionável o mesmo não se passa por agora, nos anos 90, começaram a aparecer no mundo dos vinhos outros países, Austrália, Chile, Argentina que começaram a fazer diferentes tipos de vinhos e começaram a questionar tudo. “Como em qualquer boa revolução há sempre péssimas ideias que de repente parecem boas e depois revelam-se não tão boas”, adianta. Começa-se a questionar o papel da rolha, “as notícias do funeral da cortiça aconteceram mas não foi bem assim”. As empresas investiram milhões e milhões de euros, no caso da Amorim foram mais de 53 milhões em novas fábricas, investigações, e tecnologias para melhorar as rolhas. “Percebemos rapidamente uma coisa, um produto como a rolha que deu origem a todos os maiores e melhores vinhos do mundo não tem nada de intrinsecamente errado como material vedante, agora o que pode haver de errado são práticas de processamento e práticas de produção”, adianta. Em 2001, 2002, e 2003 era preciso acreditar na cortiça para não cair na tentação que muitos produtores cairam de vender vedantes alternativos. “A ideia de que um vedante derivado de petróleo, entre a boca de consumidor e o vinho é um bom negócio hoje em dia parece disparatada mas há dez anos atrás para muita gente não o era”, recorda. A Corticeira Amorim tinha a sua estratégia e os resultados estão à vista, 2010 foi o melhor resultado de sempre, em 2011 as exportações subiram mais de 8%, um sinal de que o mercado voltou a valorizar a cortiça. Nos últimos 5 anos submeteram 18 patentes e nesta altura 58% das vendas vêm do sector das rolhas, onde continuam a liderar. “A indústria da cortiça sabe muito bem que só há uma forma de crescer, é melhorar as práticas de qualidade e de gestão todos os dias”. “Cada vez mais, as caves estão a tomar decisões sobre que tipo de vedantes utilizar baseadas, não naquilo que pensávamos ser verdade há dez ou doze anos mas no que sabemos ser de facto verdadeiro hoje em dia”, acrescenta.
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CORTICEIRA AMORIM
SUSTENTABILIDADE ECONÓMICA, SOCIAL E AMBIENTAL
O montado em Portugal é um dos 35 hotspots de Biodiversidade do Mundo, e ajuda a combater a desertificação social e ambiental, ajuda a fixar pessoas. Também isto é necessário explicar.
Mas não é só a nível de performance técnica que a cortiça é boa, há a criação de valor para o produto “vinho” e há a questão não menos importante da sustentabilidade. Há ainda toda uma história de combate à desertificação nas zonas de montado que se deve à cortiça.
“Ajuda, ter o chão da Sagrada Familia com um tapete de cortiça, a coleira no cão de Obama ou o vestido de Lady Gaga mas no final do dia, a cortiça será o que os portugueses queiram que ela seja”.
“Há uma enorme narrativa por detrás daquele “plop” de uma rolha que está entre os sons mais reconhecíveis do mundo, isso é uma mais valia tremenda, mas é preciso fazer mais”. Carlos de Jesus reconhece que há uma área que deu um grande salto com a campanha Intercork - Promoção Internacional da Cortiça mas que é preciso continuar a investir, trata-se de contar a história da cortiça para que um Russo, ou um Americano saiba que as árvores não são cortadas nem destruídas para retirar a matéria-prima,
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A cortiça é mais entendida do que há dez anos atrás mas se calhar ainda menos do que deveria. As vantagens sociais, ambientais e económicas do montado estão ainda pouco exploradas e é preciso conhecê-las para poder comunicá-las a todo o mundo. A cortiça é um produto com uma carga cultural muito grande, de inovação constante e com importantes vantagens ambientais. “Temos óptimas credenciais nestas três questões, existem sectores que gastam milhões para ter apenas uma destas vantagens, por isso esta só pode ser uma indústria de futuro e não do passado”, conclui.
CLUB MASTERCOOK
Club MASTERCOOK LíGIA SANTOS
Lígia Santos trocou o capacete pelo avental... E agora dedica-se totalmente à cozinha, a vitória num programa de televisão deu um empurrão mas o gosto pela gastronomia estava presente desde sempre.
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CLUB MASTERCOOK
A formação de Ligia é Engenharia Civil, apesar de gostar de cozinha nunca pensou que viesse a tornar-se a profissão a tempo inteiro. “O gosto da cozinha nasceu comigo, desde que me lembro gosto de experimentar coisas novas, ingredientes, texturas, mas nunca equacionei que a cozinha fosse a minha profissão, há uns anos quando comecei o curso as coisas na cozinha não estavam tão evoluídas, nem na moda como estão agora”, recorda. Durante anos a cozinha surgia como um prazer, fazia-o todos os dias
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como a parte mais divertida do dia, ao fim da tarde, aos fins de semana com os amigos e a família para fazer pratos especiais. O sonho era outro, o Turismo Rural e a agricultura biológica, aí ia poder associar tudo. Mas o futuro reservou-lhe uma surpresa, a entrada no programa de televisão Masterchef em 2011, veio a vitória e seguiu-se uma mudança de vida. “Olho para trás e acho que não perdi nada, não era a mesma se não tivesse feito o que fiz”, acrescenta.
CLUB MASTERCOOK
Lígia surpreendeu-se com a evolução conseguida no programa, entre sete mil candidatos nunca pensou ganhar, “acho que nunca tive aquela postura de vencedora, à medida que foi feita a triagem comecei a perceber que já conhecia bem os outros”. A aprendizagem foi feita de forma individual, por amadorismo, investigando e pesquisando. As idas a restaurantes e as consultas em livros, foram outras formas de aprendizagem. A principal diferença é que antes fazia as coisas por sensibilidade, o programa deu a oportunidade de aprender várias técnicas. “Defino a minha cozinha como uma cozinha apoiada na tradição com um toque de autor, gosto de me apoiar nas nossas tradições e apoiar o que é nosso”, sublinha. Depois do programa Lígia Santos criou o Club masterCOOK, em Famalicão, com workshops, show cookings e com as harmonizações de vinho, estas a cargo da Heritage Wines. Acerca desta parceira, Duarte Fernandes, gestor de vendas e marketing da Heritage Wines, refere que considera um privilégio estar com uma equipa vencedora, com a qualidade e os produtos que são utilizados. “Não há nada melhor que o marketing experiencial, provam e assim é mais fácil passar a mensagem”. “Esta é uma vida mais agitada mas que me faz muito mais feliz, não preciso de esperar pelo fim de semana para fazer aquilo que gosto”
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CLUB MASTERCOOK
Lígia Santos acredita que o percurso que fez pode ajudar a inspirar outras pessoas mas não tem ilusões que é preciso muito trabalho, “temos que ter os pés bem assentes na terra, eu já tinha a perspectiva da mudança há muito tempo, com o projecto do Turismo Rural”, recorda. O projecto esteve sempre pensado mas era preciso esperar pela altura certa para o fazer, ”Não é só porque temos um sonho que devemos deixar tudo para trás, não vamos viver só de sonhos”. E agora é o momento, o Club masterCOOK está a correr bem e chegou a altura de começar o projecto do Turismo Rural. O projecto tem a ajuda de Vasco, o marido arquitecto e vai nascer em Arcos de Valdevez. Vão restaurar duas casas, que datam de 1911 e vão aumentá-las, manter a traça mas fazer uma ligação entre o contemporâneo e o antigo.
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E uma vez mais, aí vai poder dar largas á imaginação na cozinha, até lá o masterCOOK é o espaço certo para o fazer, uma vez por mês fazem harmonizações de vinhos com os pratos que Lígia confecciona. Pratos em que a tónica dominante vai para a qualidade, “a refeição não é um só prato, tem que ser tudo equilibrado, são quatro pratos e temos que apreciar o último como o primeiro”. Lígia Santos considera que a cozinha portuguesa já é reconhecida, está numa fase de desenvolvimento, com pratos muito bons mas onde é necessário saber equilibrá-los, dar-lhe uma nova apresentação e assim conquistar consumidores. Está numa fase de desenvolvimento, com pratos muito bons mas onde é necessário saber equilibrá-los, dar-lhe uma nova apresentação e assim conquistar consumidores.
THE YEATMAN
The Yeatman Palavras para quê?
Esta vista resume quase tudo aquilo que vamos desvendar a seguir.
Estamos no centro histórico de Vila Nova de Gaia, um sítio alto que nos permite ter uma das melhores, senão mesmo a melhor vista sobre a cidade do Porto e a zona ribeirinha.
o Douro de uma forma tão nítida. A paisagem é de facto o elemento central deste hotel, construído em socalcos pela encosta acima, qual vinha do Douro, mas tudo o resto complementa a vista.
A vista sobre o Douro é soberba, entramos no hotel, dirigimo-nos ao terraço e quase perdemos o fôlego, até quem conhece a cidade não consegue conter a exclamação. São precisos alguns minutos até percebermos que aquele local esteve ali a vida inteira mas nunca tivemos oportunidade para ver o Porto e
São 82 quartos e suites com terraço privado e vistas sobre o Douro, a decoração clássica, confortável e com objectos alusivos a um produtor de renome português. As casas de banho são amplas e dispõem de produtos exclusivos da Caudalie, têm tradicionais portadas que permitem usufruir das magníficas vistas do exterior.
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THE YEATMAN
Andar pelo The Yeatman é uma verdadeira descoberta, ao virar de cada esquina pode surgir uma surpresa, os corredores decorados com elementos ligados aos vinhos. A cortiça, os Mapas de Portugal, os Descobrimentos, o Galo de Barcelos, a história de Porto e Gaia e as Regiões Vinícolas, muitas vezes a sensação é a de estarmos num museu em que somos surpreendidos a cada passo que damos. Percorrer os corredores e desfrutar das ofertas é quase intuitivo, sentimo-nos em casa, à vontade e com uma liberdade
imensa para explorar cada recanto, quase nos esquecemos que estamos num hotel. O exterior completa toda a mística, o The Yeatman está rodeado com jardins e espaços verdes numa área de 2,5 hectares. Uma oliveira com 1350 anos, um total de 48 espécies de diferentes arbustos e 15 diferentes espécies de árvores, um pequeno pulmão verde dentro da área metropolitana do Porto. As questões ambientais não foram esquecidas, debaixo do relvado existe um reservatório
de 150 mil litros de águas recicladas que são reaproveitadas para a rega dos jardins e para usos sanitários. A piscina exterior é outro dos ex-líbris do hotel, em forma de “decanter”, tem a particularidade de ter vigias debaixo de água que permitem ver a cidade. Ocupa a parte central do hotel, um local privilegiado que proporciona vistas panorâmicas. Dispõe de um espaço para que os hóspedes possam aproveitar o sol e ao lado um bar.
BEATRIZ MACHADO, A DIRECTORA DE VINHOS Beatriz Machado pode gabar-se de ter uma profissão que mais ninguém tem em Portugal, é Directora de Vinhos do The Yeatman mas não é só isso que faz dela especial. Quando fala do que faz os olhos brilham, de sorriso fácil e contagiante é impossível não ficar encantado com o trabalho que é feito por toda a equipa deste hotel vínico de luxo, o primeiro em Portugal. Beatriz é responsável por tudo o que tem a ver com os vinhos, engloba a parte de serviço de vinhos mas também uma parte educacional e de parceria com os produtores. Cada quarto tem uma parceria com um produtor, nesta altura são 67 os parceiros. Uma das vertentes do trabalho de Beatriz passa
por gerir o stock, a garrafeira com cerca de 25 mil garrafas e mais de 1000 referências e ainda tratar da comunicação. “O CEO dizia que abrir um hotel é intensivo e eu respondia, quem faz vindimas está habituado a tudo, mas não é bem verdade, abrir um hotel equivale a duas ou três vindimas juntas”, acrescenta. Beatriz Machado passou dois meses intensivos a conhecer todos os vinhos, confessa que tinha muitos preconceitos em relação e algumas regiões mas tentou ser o mais objectiva e profissional possível, sem olhar para as preferências. O resultado é uma selecção consistente, feita em prova cega, que tentou identificar os melhores de cada região. Ao fim de um ano chegou a consagração, a
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melhor colecção de vinhos portugueses e a Estrela Michelin. A exigência de quem visita o The Yeatman é enorme, um segmento de luxo, pessoas que “porque viajaram pelo mundo inteiro ou porque têm poder económico, já provaram vinhos que muita gente sonha provar uma vez na vida. O nível de conhecimento é muito robusto, quando chegam cá não assumem um nível menor do que excelente”. “Não queríamos que fosse visto apenas como a parte da imagem e de marketing mas que fosse um hotel vivido, para as pessoas experimentarem”.
THE YEATMAN
O trabalho de toda a equipa é por isso determinante e dinâmico com provas semanais, com novos eventos de vinho sempre para tentar surpreender quem visita o hotel e a cidade do Porto. “O que é único é o facto de cada pessoa que visita o hotel ir ter uma experiência singular de acordo com as expectativas, isso pode ser feito através de uma prova de vinhos, uma visita à garrafeira, um tratamento vínico no spa”. Os visitantes podem ainda optar por beber um cocktail ao fim da tarde com uma vista soberba sobre o Douro, o vinho está em todo o lado. Aqui promove-se um turismo de experiência, que deixe nos visitantes uma memória. Outra das marcas distintivas do The Yeatman e de Beatriz Machado é o facto de servirem vinhos a copo e de ter sido criado o “Jornal de Vinhos”. Uma forma fácil, simples e
UMA ESTRELA CHAMADA... RICARDO COSTA É ele, o Chef Ricardo Costa que lidera a cozinha do The Yeatman. Conquistou a Estrela Michelin, o prémio mais aguardado na cozinha, ao fim de um ano no The Yeatman. Surpresa? Alguma... “ Se não fosse para a ter não vinha para cá,
muito eficaz de conhecer os vinhos que são servidos e que nos apresenta uma forma muito intuitiva de escolha. Não dissecam o vinho, não nos falam dos taninos, dos frutos vermelhos, das notas de tabaco, frutos secos nem tão pouco do tostado da madeira. Isto pode parecer interessante, mas apenas para profissionais ou para quem quer aprofundar o conhecimento nos vinhos. Aqui o vinho é apresentado para ser bebido, o que depois cabe a cada um de nós decidir. O jornal está dividido em brancos, tintos e espumantes e cada uma das referências tem uma personalidade muito própria, é uma viagem por Portugal em 82 vinhos com preços a partir dos cinco euros o copo. A ideia do jornal surgiu depois da elaboração da carta de vinhos, com cerca de 1000 referências. Este trabalho demorou um ano, mas no final veio-se a verificar que não era fácil para os consumidores a escolha, viam a carta mas depois não escolhiam o vinho. Aí começou a nascer a ideia de criar um novo
com tudo o que me apresentaram não podia recusar, fiquei surpreendido por ser logo ao final de um ano, foi feito um grande trabalho mas só quando saiu o guia é que acreditei”, acrescenta. Como é natural, num hotel os desafios para a cozinha são os mais variados, o room service, o bar e o restaurante. O room service tem um serviço mais tradicional, o Dick´s Bar é o
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produto, uma forma de comunicar os vinhos de um modo mais fácil, para promover consumo. O trabalho foi imediatamente reconhecido, “Surpreende-me porque o segmento é pequeno, estamos na cidade do Porto e fazemos um jantar vínico todas as semanas, já fizemos 90 e estão sempre repletos. Há um propósito, é a história que contamos. Todos gostam de uma coisa em comum, não importa a profissão, que é o vinho”, acrescenta. Mas os desafios não ficam por aqui, com o Verão à porta estão a ser pensados uma série de eventos que pretendem mexer com a cidade do Porto, os vinhos, os produtores, sem esquecer a vista privilegiada sobre o rio Douro. “A minha ambição é que isto inspire mais gente a fazer o mesmo, inspirar as pessoas a tratarem os vinhos com respeito, pô-los no contexto certo, gostava que o nosso trabalho fosse um exemplo para criar novas coisas para tornar o consumidor um pouco mais sofisticado”.
local ideal para desfrutar de um coktail com snacks ligados ao país. O restaurante, tem o Rio Douro como pano de fundo, um ambiente clássico que combina com a comida que é servida, pratos cuidados, cheios de sabor e sofisticação. Nesta altura está a ser servida a carta de primavera, “baseada na qualidade do produto, na sazonalidade”, sem esquecer o conceito fun-
THE YEATMAN
Costa o essencial é “a consistência e isso é a parte difícil, todos os dias são diferentes, no meu trabalho tenho as condições que tenho, posso comprar os produtos que compro mas não sei se no futuro posso estar num sitio maior ou mais pequeno, por isso tenho que me manter consistente”.
“ A carta define toda a evolução, visualmente muito ligeira, cores vivas, mais ervas, mais saladas, e flores”, adianta. Ricardo Costa aconselha os menus de degustação, uma experiência de vinhos e sabores.
escolho a estação, a temperatura e depois gosto de proporcionar experiências que gostava de ter, já que não posso ir jantar fora muitas vezes”. Assim parece fácil mas por detrás desta simplicidade das palavras está um trabalho diário, de meses e até anos na cozinha a trabalhar os produtos a juntá-los e a revelar o melhor de cada um.
Definir a sua cozinha não é fácil para Ricardo Costa que prefere explicar que “gosto de trabalhar com tudo do melhor, independentemente se é sardinha, lavagante ou caviar,
Quase como um químico, a dose certa, na medida e temperaturas certas no final, ora no final, prova-se. É uma explosão de sabores e tudo volta a parecer fácil. Para Ricardo
O Chef procura sempre passar pelas mesas do restaurante para ouvir a opinião dos clientes, “fico satisfeito quando surpreendo as pessoas”, os vinhos são essenciais para conseguir essa reacção.
SPA VINOTHERAPIE Caudalie
programas para todos os gostos, a base são os ingredientes extraídos da vinha. A gama completa de produtos da Caudalie pode ser adquirida na loja do Spa. Outra característica comum ao resto do hotel são, uma vez mais, as vistas sobre o Douro, a piscina interior tem como pano de fundo a cidade do Porto e o rio Douro. Além do ginásio, os tratamentos no Spa são
os mais diversos, imersões com banhos de barril, sala de massagem em Duche Vichy, banho Romano, hammam, sauna, tepidarium e shower experience. Aqui o vinho é uma vez mais o ponto principal, as esfoliações de mel e vinho, Crushed Cabernet, Merlot Friction. Uma das assinaturas do Spa é também o banho de barrica e todos os tratamentos de rosto e corpo.
damental do restaurante, a ligação do vinho com o prato.
O Spa está em perfeita harmonia com a identidade do The Yeatman, um hotel vínico de luxo que oferece aos visitantes uma sensação de bem-estar. Um espaço de 2000 metros quadrados que ajuda a recuperar o equilíbrio e a tranquilidade. O Spa inclui dez salas de tratamento com
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Vinho
NONSENSE
Por: joão pedro de carvalho (copode3.blogspot.com)
O vinho de que falo não tem produtor, nome ou colheita, é um genérico que cumpre apenas e só como aquilo que é... Vinho. Como tantos outros que não se destacam em nada, produzido numa qualquer região onde a única coisa que lhe retira o seu sentido de vida é a casta com que foi feito no local que foi feito... a mesma falta de sentido que torna equivalente um Alvarinho feito na Vidigueira a um Antão Vaz no Dão ou um Encruzado em Bucelas. Quando cada vez mais o que se procura é identidade, um local, uma região dentro de um copo de vinho, produzem-se mutantes com falsos super poderes que tirando a máscara passam indiferentes por entre a multidão, tristes, deprimidos e sem sentido. São estes heróis imaginários que têm surgido nos últimos tempos em Portugal, como o exemplo da casta Alvarinho fora do seu cantinho dourado (Monção/Melgaço), que passa um atestado de incompetência às castas brancas locais que sempre por lá andaram, tendo em conta por exemplo o Alentejo e relembrar o Arinto, Antão Vaz, Roupeiro, Verdelho... Os que os fazem dizem que é o mercado e um tal de consumidor que pede estas coisas. Mas será que pede mesmo? Que mercado é que opta por ter uma cópia barata em vez de um original que custa muitas vezes a metade do preço? Que consumidor é esse que gosta literalmente de ser enganado e compra gato por lebre? Alto... O consumidor gosta de ser enganado? É o “normal” consumidor que compra esses desvarios enológicos? Uma região que não se especializa em coisa alguma como poderá ser alguma vez reconhecida por aquilo que faz? Não sou contra a experimentação desde que não passe disto mesmo, vendida e encarada
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como tal, de resto enquanto consumidor fujo de toda e qualquer manifestação de deslumbre enológico apenas e só porque o enólogo ou produtor gostavam de fazer um vinho à moda de outra zona de renome mundial. Tudo isto não passa de um freak show mediano que é esta realidade vivida em Portugal por alguns nos últimos tempos, o vale tudo que se tornou alguma produção de vinhos faz com que hoje em dia seja possível encontrar vinhos feitos com castas fora da zona que sempre as acolheu a serem vendidos como algo único e deslumbrante, sonhos enófilos apenas com sentido para aqueles que os tiveram e reproduzem, que depois para os enófilos se mostram autênticos pesadelos. Resta então perguntar até aos dias de hoje quantos destes “estranhos” se destacou da mediania ou ousou sequer poder ser comparado com os bons exemplos da casta no seu terreno natal? Afinal de contas se quero comprar um branco do Alentejo por que razão vou comprar um Alvarinho? Se quero um branco do Tejo por que razão vou comprar um Sauvignon Blanc? Nesta geração de heróis de chinelos o consumidor é enganado por vinhos que são luzes apagadas da casta que lhes deu origem, muitas das vezes feitos onde ainda se aprende a fazer vinho, onde defeitos são tapados com madeira a mais, onde tudo parece ser uma maravilha que afinal não é, onde quem manda parece não querer saber da identidade das regiões que regula e onde se produz cada vez mais com a carteira do que com o coração e o sentido de gosto apurado. No meio de tanto barulho e ruído enófilo, os verdadeiros Heróis Nacionais vão ficando esquecidos, encostados à parede sem conseguirem mostrar os seus verdadeiros dotes... Sem poderem orgulhosamente mostrar que nasceram para nos salvar deste inferno da globalização.
NOTÍCIAS regional é servido no restaurante da quinta ou ao ar livre. O alojamento durante esta escapada é também nesta propriedade, um hotel que ocupa uma casa do século XVIII, com quartos com vista para o rio. Na Quinta Nova é ainda possível fazer um winetour guiado pelas vinhas e adega, bem como uma prova comentada de vinhos, do Porto e Douro DOC. É o melhor sítio para sentir o espírito do vale do Douro, com passeios pelos pomares e locais históricos da propriedade, ao longo dos seus oito quilómetros de percursos pedestres que serpenteiam vinhas sobranceiras ao rio Douro. Este programa é válido durante todo o ano de 2012, exceto nos meses de Setembro e Outubro. Disponível a partir de 158€ por pessoa. QUINTA NOVA NOSSA SRA. DO CARMO Quinta Nova propõe escapada “O Douro no seu melhor” “O Douro no seu melhor” inclui a visita a duas quintas durienses já diversas vezes premiadas: a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo e a Quinta da Avessada. Proposta para uma escapada que pode ocorrer durante todo o ano. Numa proposta conjunta, a Quinta Nova, situada em Covas do Douro, e a Quinta da Avessada, localizada em Favaios, uniram-se para mostrar “O Douro no seu melhor”. Os participantes neste programa, para além da paisagem deslumbrante, da vinha e do vinho, podem conhecer melhor as tradições e vivências de cada terra. Em Favaios, aldeia vinhateira que cobre o topo do maior planalto da região, com 1.000ha, é possível assistir de perto à produção tradicional do pão de trigo de Favaios, bem como conhecer o método tradicional de produção de vinhos, a história e as tradições da Enoteca Douro, da Quinta da Avessada. Este programa tem início na Quinta Nova e segue viagem até ao centro histórico da aldeia vinhateira de Favaios, onde será servido um Moscatel de boas vindas. Será feita também uma visita ao miradouro de Casal de Loivos e, de seguida, uma visita às padarias tradicionais do pão de Favaios, com direito a “meter a mão” na massa e a provar esta es-
ENOTURISMO | Wine Masters Chal� lenge premeia Adega Mayor ADEGA MAYOR FICOU EM 4º LUGAR NO RANKING
pecialidade. O programa compreende também um almoço tradicional servido na Quinta da Avessada, com animação. No final, realiza-se uma visita guiada à Enoteca e uma prova de licorosos. No regresso à Quinta Nova, o participante é brindado com um “welcome drink”. O jantar
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A Adega Mayor, em Campo Maior, ficou em 4º lugar no ranking mundial do Top Wine Producers, uma lista conseguida durante a XVI edição do Wine Masters Challenge. Valeram as medalhas de ouro para o Solista Touriga Nacional tinto 2010 e as cinco medalhas de prata para os vinhos Monte Mayor branco 2011, Monte Mayor tinto 2010, Monte Mayor rosé 2010, Reserva do Comendador branco 2011 e ainda o Reserva do Comendador tinto 2007.
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Em palco vão estar grandes nomes do panorama fadista português: Maria Armanda, Nuno da Câmara Pereira e Teresa Tapadas, aos quais se juntam ainda algumas vozes surpresas. Os fadistas serão acompanhados pela guitarra portuguesa de Luís Ribeiro e a viola baixo de Filipe Vaz da Silva
A enóloga Joana Roque do Vale concorda que a escolha do vinho deve ser pensada em função do prato servido. “Quantas vezes, no restaurante ou em casa, temos dificuldade em saber qual o vinho mais interessante para determinada comida, quer na harmonização vinho/comida, quer na relação qualidade/preço? Este projecto de provas de harmonia entre vinhos nacionais e pratos tradicionais portugueses, é pioneiro em testar exaustivamente as ligações entre vinho e comida com um resultado bastante próximo da opinião do consumidor esclarecido.” PMVP - 3,69€
Na 4.ª Grande Gala do Fado da Rádio Campanário, em Vila Viçosa Herdade das Servas brinda ao fado com ‘Monte das Servas’ A Herdade das Servas – projecto da família Serrano Mira, uma das mais antigas na produção de vinho no Alentejo (em Estremoz) – vai brindar ao fado com ‘Monte das Servas’ na 4.ª Grande Gala do Fado da Rádio Campanário, que vai ter lugar no Sábado, dia 09 de Junho, nos claustros do Seminário São José, em Vila Viçosa. O néctar eleito para a ocasião é o ‘Monte das Servas Escolha tinto 2010’, um vinho criado a partir de um blend de cinco castas – Aragonez, Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Alicante Bouschet e Touriga Nacional – que lhe conferem uma cor rubi, aroma a frutos vermelhos. Um tinto equilibrado e bem estruturado, com taninos redondos e final persistente. Esta não é a primeira vez que o produtor alentejano apoia o fado, uma expressão cultural que caracteriza o povo português e que foi recentemente elevado a Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Em 2010, lançou, em parceria com a Fundação Amália Rodrigues, o ‘Herdade das Servas Amália tinto 2006’, numa homenagem à grande diva do fado.
complexo em que denotam as notas florais e os frutos tropicais. Sente-se uma ligeira nuance de baunilha. Por ser gordo, macio, elegante e persistente consegue combinar com os aromas e o paladar da cebola, tomate, pimentos e peixe fresco num arroz típico e apreciado.
Vinho da Roquevale cai bem com pratos tradicionais Roquevale Branco 2010 vence prova pioneira em Portugal O Roquevale Branco 2010 é o vinho eleito das “Provas de Harmonia” para acompanhar o tradicional prato de arroz de tamboril. A prova de harmonização que decorreu no casino da Figueira da Foz envolveu a participação de 40 jurados, entre os quais jornalistas, profissionais dos sectores dos vinhos e especialistas em gastronomia. O projecto Harmonias Comprovadas, que vai resultar num livro, está a reunir 50 provas de harmonização e pretende aliar os pratos tradicionais portugueses servidos em todo o país aos vinhos nacionais que representam as regiões demarcadas. A Roquevale representou o Alentejo e o seu Roquevale Branco 2010 foi considerado o par ideal para o arroz de tamboril. Este é um vinho de cor citrina, com um aroma intenso,
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Quinta do Portal Quinta do Portal recebe prémio Best of Wine Tourism 2012 A Quinta do Portal recebeu o prémio Best of Wine Tourism 2012, na categoria Arquitectura e Paisagem. Um prémio que distingue o armazém de envelhecimento de vinhos desenhado pelo arquitecto Siza Vieira. Trata-se de um edifício com 80 metros de largura e 375 metros de comprimento, composto por quatro pisos que integram zonas de armazenagem específicas para vinhos de mesa, moscatéis e vinhos do Porto. Contempla, ainda, uma sala de provas aberta ao público e um auditório.
NOTÍCIAS
japonês, começando a sua expansão no Brasil no final de 2011 e no Japão já este ano. As exportações representam cerca de 15% da facturação da empresa, estando prevista até ao final de 2013 uma representatividade de 25%.
Expansão das Quintas de Melgaço Vinho Alvarinho cada vez mais solicitado pelo Brasil e Japão São vinhos premiados múltiplas vezes em Portugal e no estrangeiro, e que as Quintas de Melgaço levam agora ao Brasil e Japão, dando continuidade à política de internacionalização de uma empresa que reúne mais de quinhentos pequenos produtores do Minho. O vinho Alvarinho QM e o Torre de Menagem, que entre si contabilizam 47 distinções nacionais e internacionais, têm seduzido estes mercados, cuja aceitação ao sabor e aromas inconfundíveis da casta Alvarinho tem sido crescente. Segundo Pedro Soares, administrador das Quintas de Melgaço, “denota-se uma procura crescente por vinhos de qualidade, nos quais o alvarinho aparece nos primeiros lugares”.
CISTUS A empresa Quinta do Vale da Perdiz, conquistou 4 medalhas no Challenge International du vin, o maior concurso de vinhos realizado em França, sendo uma de ouro com o vinho Cistus Reserva Tinto 2008, uma de prata com o vinho Cistus Touriga Nacional 2008 e duas de bronze, com os vinhos Cistus Grande Reserva Tinto 2008 e o Cistus Reserva Branco 2010.
As Quintas de Melgaço exportam para os Estados Unidos, Suíça, Alemanha, Polónia, Inglaterra, França, Espanha, Finlândia, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Grécia e Ucrânia, e estão actualmente em negociações com o Canadá.
Este concurso tem lugar em Bourg (Bordéus) e conta com a presença de mais de 4700 vinhos provenientes de 38 paises.
Este ano, as Quintas de Melgaço focam também a sua atenção nos mercados brasileiro e
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NOTÍCIAS
íses recebe a medalha de prata. O International Wine Challenge, considerado a melhor competição de vinho do mundo, também se rendeu aos Moscatéis de Favaios tendo atribuído a Prata ao Favaios 1980, o Bronze ao Favaios 10 anos e uma recomendação ao Foral da Vila branco. Esta é, uma nova aposta em termos de crescimento da Adega de Favaios que, para além dos famosos Moscatéis, procura aumentar a importância estratégica dos vinhos, em particular nos DOC Douro. Miguel Ferreira, enólogo de Favaios, considera que “estes Moscatéis exalam aromas a frutos secos, tangerina e casca de laranja. O nariz é complexo, intenso e inebriante nas suas variações florais e de tiques caramelizados, algo que agrada às plateias nacionais e internacionais”. Mário Monteiro, presidente da Adega de Favaios, afirma que “a Marca vai continuar a apostar no seu portfólio e herança, promovendo a diferenciação e o reconhecimento.” Ressalva a importância destes prémios que “posicionam a Adega de Favaios num patamar de elevada notoriedade.”
60 anos de prémios e de reconheci� mento A Adega de Favaios bate recordes nos principais concursos Nacionais e internacionais No ano em que a Adega de Favaios soma 60 anos de produção de Moscatéis, em Citadelles du Vin, França, 40 degustadores internacionais consideram que o Moscatel 10 anos é merecedor do ouro. Mas os vinhos de mesa não se ficam atrás e O Foral da Vila Branco, com presença recente nestas competições, foi a grande surpresa para a Adega de Favaios, pois entre as 800 amostras que chegaram de 30 pa-
VINALIES INTERNATIONALES 2012 VINHOS DO TEJO TRAZEM MAIS 10 MEDALHAS PARA PORTUGAL CVR TEJO DESTACA O PREÇO REDUZIDO DA MAIORIA DOS VINHOS DISTINGUIDOS E REFORÇA QUE A RELAÇÃO QUALIDADE/ PREÇO É JÁ IMAGEM DE MARCA DA REGIÃO Os vinhos do Tejo arrecadaram 10 medalhas de prata na edição de 2012 do Vinalies Inter-
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nationales, anunciou ontem a organização do reputado concurso de vinhos francês. O vinho ‘Casal da Coelheira Rosé 2011’, produzido no Centro Agrícola do Tramagal, voltou a destacar-se, ao cotar-se como o único rosé nacional premiado pelo júri da competição, isto depois de com a colheita de 2010 do mesmo néctar ter sido também o único rosé português a alcançar a medalha de ouro na edição do ano passado daquele concurso. Nota ainda para o tinto ‘Casal da Coelheira Reserva 2010’, que assegurou ao mesmo produtor a conquista de uma segunda medalha de prata. De igual forma, com os vinhos ‘Companhia das Lezírias Samora Tinto 2010’ e ‘Azul Portugal Branco 2011’, a Companhia das Lezírias arrecadou também dois galardões prateados. A Quinta do Casal Monteiro compõe o leque de produtores do Tejo cujos vinhos o júri do Vinalies Internationales condecorou por duas vezes, ao distinguir o ‘Forma de Arte Reserva Tinto 2009’ e o ‘Casal Monteiro Chardonnay & Arinto Branco 2010’. Os restantes vinhos e produtores da região do Tejo galardoados com prata no concurso francês são: ‘Casal do Conde Tinto 2010’ – Sociedade Agrícola Casal do Conde; ‘Conde de Vimioso Reserva Tinto 2008’ – Falua; ‘Falcoaria reserva Tinto 2007’ – Casal Branco; ‘Quinta da Lagoalva Reserva Tinto 2010’ – Quinta da Lagoalva; “É de realçar que praticamente todos os vinhos premiados têm um preço inferior a 8 euros e três deles custam mesmo menos de 5 euros, o que prova, por um lado, que a qualidade de um vinho não se mede pelo seu preço e, por outro lado, que a relação qualidade/preço é, cada vez mais, uma imagem de marca dos vinhos do Tejo”, refere José Pinto Gaspar, presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo). Decorrida em Paris, sob a organização da Union des Oenologues de France, a 18º edição do Vinalies Internationales colocou à prova, de 2 a 6 de Março, cerca de 3900 vinhos, provenientes das mais diversas regiões vitivinícolas mundiais.
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