Bodas de ouro

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B ODAS DE O URO


Contadores de Histórias Argos - Editora Universitária - UNOCHAPECÓ Av. Atílio Fontana, 591-E Bairro Efapi, Chapecó-SC E-mail: argos@unochapeco.rct-sc.br

Associação Brasileira de Editoras Universitárias


José Otavio Carlomagno

B ODAS DE O URO Contos

Chapecó, 2002


Conselho Editorial Cláudio Jacoski (Presidente); Arlene Renk; Marinês Garcia; Mary Neiva Surdi da Luz; Nedilso Lauro Brugnera; Odilon Luiz Poli; Valdir Prigol; Volnei de Moura Fão Coordenador Valdir Prigol Assistente Editorial Hilário Junior dos Santos Revisão Ana Alice Bueno e Fernando R. dos Santos Editoração Eletrônica Página Mestra Foto de Capa Hellen Levitt, New York, 1940

B869.3 C284b

Carlomagno, José Otavio Bodas de ouro : contos / José Otavio Carlomagno. - - Chapecó : Argos, 2002. 185 p.

1. Literatura brasileira – contos. 2. Contos brasileiros. I. Título. ISBN: 85-7535-027-7

Catalogação: Biblioteca Central UNOCHAPECÓ

Reitor Gilberto Luiz Agnolin Vice-Reitora de Pesquisa, Extensão e Pós-graduação Arlene Renk Vice-Reitor de Administração Gerson Roberto Röwer Vice-Reitora de Graduação Silvana Marta Tumelero


Sumรกrio Amor, sublime amor / 07 Ano novo, vida nova / 23 Bodas de ouro / 35 Crianรงas / 55 O artilheiro do campeonato / 61 O empregado / 85 Um gato chamado Biro-Biro / 95 Forรงa da gravidade / 115 Hare Krishna / 127 Questรฃo de oportunidade / 149 Salmonella / 159 O homem que morreu duas vezes / 171


Amor, sublime amor

Esta carta deve vir de alguém muito invejoso. Quem nos conhece sabe que o Paulinho jamais me trairia. Além do mais, a carta nem assinada está. O mundo é feito de pessoas que só querem ver a infelicidade dos outros. Essa gente não consegue ser feliz e não admite que alguém o possa ser. Gente fofoqueira! O Paulinho só sai de casa para trabalhar e para jogar futebol de salão com os amigos, é um verdadeiro pai de família. Somos muito companheiros, sei que ele me adora. Éramos adolescentes e já vivíamos grudados. E ainda hoje somos assim. Lembro-me de que quando se referiam a nós diziam “a Marina do Paulinho”, ou o “Paulinho da Marina”. Vou jogar esta carta no lixo e esquecer o assunto.


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Desde a infância a identidade de um já estava definitivamente ligada à do outro. Naquela época, a turma do bairro não concebia que cada um tivesse uma vida em separado, eram até fiscalizados pelos amigos, que os queriam unidos em nome dos sonhos românticos da juventude. Foi uma época muito boa, quanta coisa descobriram juntos... Casaram-se depois de dezesseis anos de namoro. Estavam tão acostumados um ao outro que nem fizeram lua-de-mel, passaram a noite de núpcias abrindo pacotes de presentes e pondo ordem na casa: cada qual tinha de enfrentar o batente no dia seguinte. A lua-de-mel ficara para outra oportunidade. E até hoje a estão por realizar. Seis anos de casamento e três filhos. A moça, que deixara a vida profissional para cuidar da família, dava-se por satisfeita. Formara-se em Pedagogia e exercera o ofício de professora por um ano apenas, até a metade da primeira gravidez. Paulinho era engenheiro de uma grande construtora e, como percebesse bom salário, convencera a esposa a deixar o emprego. Argumentos não lhe faltaram, afinal o salário de professor, em nosso país,

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mostra o descaso com que é tratada a questão educacional, bem, mas isto é outra conversa. Outra carta! Essa gente não desiste! O que será que querem? Eu me sinto segura com ele, duvido que ele faça uma coisa dessas comigo. Ele é tudo para mim e para as crianças. E, depois, estamos tão acostumados um ao outro que eu perceberia se houvesse algo diferente. Ele nunca reclama de nada, não vou incomodá-lo com tolices, ele pode ofender-se. Vai ver é isto o que querem: estragar o nosso casamento. Passados quinze dias, mais uma carta chega à residência com as mesmas insinuações das anteriores, nesta, porém, há uma descrição do tipo físico da mulher com quem supostamente Paulinho traía Marina. Este manuscrito teve o mesmo destino dos outros: a lixeira. A mulher não reunia a coragem necessária para interpelar o marido sobre a veracidade do conteúdo das cartas, pois temia pelo fim do casamento que começara, de certo modo, na infância e, até então, parecia inabalável. O Paulinho não vai a boates, não viaja sozinho, como posso crer que tenha amante? Ontem andei cheirando a camisa dele e não tem perfume de mulher, e também não vi nenhum fio de cabelo, mancha de batom,

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ou outro sinal que me provasse o que insinuam as cartas. Acho que alguém está querendo que eu fique louca, por que será que estão fazendo isso comigo? Se descobrir alguma coisa, não sei se vou ligar importância. Se ele teve alguma aventurazinha não quero saber, não seria este o motivo de desunião da nossa família, sei que ele me ama e para mim é o bastante. Mais uma semana, mais uma carta. Esta, porém, além de conter uma descrição mais acurada da rival, identifica-a como sendo uma colega de trabalho, precisamente a nova assessora jurídica da empresa. Paulinho, contudo, não esboçava qualquer mudança de comportamento, os programas familiares eram os de sempre. “Tudo na santa...”, como ele costumava dizer. A chegada de uma nova carta deixa Marina mais confusa, pois indica um restaurante, no centro da cidade, como ponto de encontro do casal de amantes, à hora do almoço. E se eu for ao restaurante e for tudo mentira, e se for um trote? Se eu contar a ele sobre as cartas... Não sei o que fazer, não agüento mais essa situação! E se for verdade? A minha vida é a minha família, vou defendê-la. Não seriam cartas apócrifas que iriam jogar por terra o nosso casamento. Quem se esconde por trás de uma carta dessas é uma pessoa covarde. Já fiz algumas perguntas ao Paulinho sobre a advogada e ele 10


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reagiu de forma habitual: com a tranqüilidade de sempre. Mas por que tantas cartas, tanta insistência? Quem está querendo destruir a minha família, a minha vida? A dúvida era corrosiva. Se o conteúdo das cartas fosse verdadeiro, o casamento naufragara. Porém, à noite, Paulinho chega e, afetuoso como de costume, beija a esposa e os filhos. Enquanto conversam sobre o cotidiano, ela tenta decifrar nas suas expressões faciais algum indicativo de traição. Decide, então, fazer um teste: convida-o a almoçar em casa no dia seguinte. Convite aceito de imediato, sem hesitação. O rosto de Marina passa a irradiar um brilho sem precedentes, era o ponto de apoio que ela precisava. Tinha certeza, agora, que tudo não passava de maledicência de alguém que, com inveja da felicidade do casal, quereria ver a ruína do seu matrimônio. Mas quem? Jamais tiveram inimigos. Marina estava resoluta, nada estragaria a sua felicidade e o seu casamento, não mais perderia tempo com intrigas: toma banho, coloca uma camisola de seda, chama o marido para o quarto e, com ares de paixão, o seduz como havia muito não fazia, apesar de que esse lado de Marina não era muito forte, porque 11


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Paulinho gostava que assim fosse: desde os tempos de namoro ele dizia que não gostava de mulheres atiradas, que, na cama, tomam a iniciativa. Se ela quisesse viver para ele, fosse recatada no amor. Na manhã seguinte, Marina recebe o telefonema de uma mulher que confirma o teor das acusações contidas nas cartas apócrifas. A voz feminina sem identificação diz a Marina que se quisesse tirar a limpo a situação, fosse ao restaurante e flagraria juntos o marido e a concubina. - Impossível - diz ela à dona da voz misteriosa -, ele virá almoçar em casa conforme combinamos! E bate o telefone na cara da mulher. O telefone toca novamente lá pela metade da manhã, desta feita era Paulinho cancelando o compromisso com Marina. Desculpou-se durante toda a conversa. Disse que estava numa reunião com os outros engenheiros, que seria retomada logo após o almoço. Decidira, então, almoçar com os colegas num restaurante perto da empresa, para não perder tempo. Mais uns minutos, novo telefonema, e a voz feminina de antes diz: 12


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- E agora, você acredita em mim? Vá ao restaurante e comprovará! A esposa, perturbada, anda pela casa sem saber o que fazer. No quarto, passa os olhos sobre as diversas fotos nos portaretratos cuidadosamente dispostos sobre a penteadeira: a história de toda uma vida está ali, na forma de fragmentos de momentos felizes que, de uma hora para outra, poder-se-iam pulverizar, desaparecer. Ela respira o ar do desconsolo, engole em seco a possível farsa humilhante. Dúvida. A dúvida persistia e o medo de encontrar-se com uma realidade dolorosa mantinha a mulher imóvel, em catarse, deitada na cama, com o olhar fixo num ponto qualquer do teto. Melhor se chorasse, não tinha vontade. Teria de enfrentar, não importava o custo. Deixa os filhos na casa da mãe e vai ao restaurante. No táxi, pensa no que fazer se for verdade. Não é dada a escândalos, não é do seu feitio discutir ou polemizar, sempre aceitara tudo como a vida havia lhe dado. Aparenta ser fria, mas é o seu jeito e só. Porém pensa em reagir ainda que de forma controlada, discreta. Traição não é coisa fácil de se aceitar, mas

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ruptura, solidão e a insegurança de uma vida sem o pilar financeiro marido, para Marina, seria insuportável. O carro encostou à porta do restaurante. Enquanto tira da bolsa o dinheiro, espicha o pescoço à procura de Paulinho e da outra. Ao voltar-se para apanhar o troco, vê um casal passar ao lado do carro e reconhece o marido pelas costas. Sente um calafrio. Trêmula, tem a impressão de que o motorista está percebendo tudo e ouve as batidas do seu coração que, de tão forte, parecem retumbar dentro do táxi. - Desculpe-me, não estou passando bem - diz ofegante e suando frio. - Quer que leve a senhora a uma farmácia? Deve ser do estômago... - Não, obrigada, já-já fico boa. Marina respira fundo para se recompor, enquanto observa o marido e a suposta concubina conversando com o maître, que lhes arranja uma mesa no fundo da sala. Aos poucos vai ficando calma e toma coragem para entrar no restaurante. Os momentos de estupor passaram. Marina entra e vai diretamente à mesa em que se encontra o casal. Paulinho fita a 14


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outra nos olhos, embevecido, como passarinho hipnotizado por cobra. Marina põe-se em frente ao marido, aparentemente serena. Ele a trata muito cortesmente: beija-lhe a testa e a convida a sentar-se à mesa. Foi quando Marina percebeu que havia um terceiro lugar, e a ela estava reservado. Paulinho apresentou-lhe a doutora Carla. O almoço está servido. A esposa calada, o marido sem jeito, e a outra com ar de autoridade. Depois da sobremesa, ele toma a palavra: - Querida, estamos casados há tantos anos. Lembra-se? Éramos crianças quando começamos a namorar. Sempre te amei pela tua meiguice, paciência comigo e com as crianças. Você é boa mãe, boa esposa, jamais brigamos e sempre fomos companheiros. Não sei como explicar, a verdade é que nos conhecemos - virando o rosto para a outra que deu de ombros - e nos envolvemos. Aconteceu! Quando nos demos conta, estávamos apaixonados. Marina definitivamente pasmou com o relato do marido e tenta compor o perfil da outra, isto ser-lhe-á útil, conclue, num

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possível afrontamento. Carla, bem maquiada, com cheiro de perfume caro e elegantemente trajada, é muito diferente dela, mulher de hábitos simples, afeita às atividades de dona-de-casa. Repara nas jóias com grandes pedras, no vestido de seda impecável: sente-se diminuída, e seus ombros lentamente inclinamse para frente, até que, totalmente imóvel, nem piscar consegue. Vem a vontade de chorar, Marina segura. Escuta a voz do marido, mas não consegue sintonizar-se com a sua fala. Somente o brilho dos ouros da rival consegue penetrar a sua mente, como se fossem diversos pontos de luz difusos, que mudam de intensidade luminosa conforme a outra balança a cabeça. Durante a explanação de Paulinho, Marina ficou sabendo que as cartas e os telefonemas eram de autoria de Carla, pois ele não tivera coragem de revelar-lhe o insidioso romance. Marina digeriu o almoço e o discurso. Ouviu de Paulinho que ele a ama, porém ama a amante também. As lágrimas chegaram aos olhos de Paulinho que prosseguiu tentando convencer a esposa de que não havia maldade nas suas intenções. Carla, por sua vez, limitou-se a alguns sorrisos e a algumas correções nas explicações do marido da outra. 16


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- Estou a-bis-ma-da. Como pôde me trair? Jamais pensei que pudesse fazer uma coisa dessas. - Querida, compreenda... - Como você quer que eu compreenda? Atalhou furiosa. E se fosse o contrário, você compreenderia? Claro que não! Como o tom da conversa ficara mais alto, a outra interveio tentando serenar os ânimos, e propôs: - Temos de voltar ao trabalho, que tal nos encontrarmos à noite para conversar? Até lá estaremos com a cabeça fria e conversaremos como adultos. A esposa não se contém e chama de galinha a rival e de hipócrita o marido, vira as costas e vai-se embora, deixando os amantes na porta do restaurante. - Não falei que ela não liga pra você, nem ciúme tem. Se fosse comigo seria muito diferente! Em casa, Marina chora e sente-se impotente para mudar a situação, a rival deixara impressão de força e dominação sobre o marido. Paulinho estava aliviado depois do encontro, e passaria a tarde remoendo a dúvida e o remorso por amar as duas mulheres.

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À noite, ele chegou acompanhado de Carla. Marina, a contragosto, põe à mesa o terceiro prato. As crianças já jantaram e assistem a um programa de televisão. Os três jantam, e o marido trata de suavizar o clima falando de assuntos corriqueiros: coisas do dia-a-dia que sempre conversava com a esposa. O jantar transcorre silencioso, a esposa, com os olhos empapuçados de chorar a tarde toda, não ousa levantar a cabeça. Ao final, Marina levanta-se para tirar os pratos, no que é imitada pelo marido que a segue até a cozinha. Ele sai, entra a outra, que vai logo dizendo: - Eu sei que você está muito magoada, entenda que eu não quero nada de vocês, não quero que ele me dê dinheiro, ou que abandone a família por minha causa. Paulinho aparece à porta da cozinha. Marina olha para os dois e recomeça o choro. Carla faz um meneio de cabeça para que ele saia: - Eu não preciso de nada de vocês, sou independente. Já pensou se ele estivesse apaixonado por uma mulher da vida, ou por uma aproveitadora, e você sabe que o mundo está cheio

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delas? Pelo menos você sabe que se ele não está em sua casa, está comigo. Soluçando, Marina diz a Carla: - Você quer que eu aceite isso? Acha que está tudo bem assim? Nós temos uma vida juntos. Você acha que devo aceitar que uma estranha venha aqui, à minha casa, dizendo que vai roubar o meu marido, e que assim está certo?! Marina chora, chora muito, tem espasmos na musculatura do pescoço que não lhe permitem falar com clareza. De súbito, abraça-se à rival que retribui e acaricia-lhe a cabeça. Ao voltar os olhos, fixa-os nos de Carla. Percebe, então, um início de lágrima, o que a faz depositar uma pequena dose de confiança na amante do marido. - Acho que devemos nos conhecer melhor, tenho certeza de que podemos ser amigas, digo isto com sinceridade. Vamos fazer o seguinte: amanhã jantaremos na minha casa, ok? O marido leva a amante para casa e volta. Faz tudo para manter a tranqüilidade, não toca mais na ferida, e recomenda à esposa que durma para recuperar as energias. Marina não mais conversaria com ele naquela noite. 19


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Na manhã seguinte, Paulinho acordou espirrando e com febre, era uma dessas gripes “derruba-cavalo”. Acamado passa o dia tossindo, fungando e com bafo de eucalipto causado por uma injeção anti-gripal que lhe fora aplicada. Pede à esposa que telefone para o escritório da empresa e comunique aos colegas que está doente. Marina está ressabiada e se nega a fazê-lo. Ligou ele mesmo. Depois do horário de serviço, Carla vai visitá-lo. É recebida com frieza por Marina que, por fim, lhe oferece um cafezinho a pedido do marido. Os três conversam sobre os cuidados com a saúde dele, ficando estabelecido que em casa estariam a cargo da esposa e no serviço, da outra. Paulinho melhorou e voltou a trabalhar. A amante, mulher ladina e experiente, convida-o a dormir em seu apartamento. Antes, porém, avisasse a esposa. Ele estava convencido de que não haveria problemas, afinal, as duas, se não eram amigas ainda, já eram no mínimo confidentes. - Tá vendo, ela disse que não queria nada e já tá te levando embora.

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- Não é nada disso, seja razoável, eu fico lá até de madrugada e volto para a casa, está bem? - Como assim? Ela está te separando da família e você quer que eu aceite tudo passivamente? Naquela noite o marido voltou para a casa, não foi dormir com a outra como planejara, mas deixou um canal aberto para que a esposa se acostumasse com a idéia. No outro dia ele sai para o trabalho, a esposa lhe dá o vidro do remédio e recomenda que não desobedeça os horários estipulados na receita. À tarde, sob a tutela da outra, Paulinho liga para Marina e comunica que irá a um jantar de negócios com alguns colegas e, depois, dormirá na casa de Carla. Uma pequena discussão e o choro da esposa põe fim à ligação telefônica. Está na cara que isso é coisa dela. O Paulinho está dominado por ela e faz tudo o que ela quer. O que será que ela pôs na cabeça dele? Ele parece um robô nas mãos dela, parece um cachorrinho. Vou ligar para aquela mulher, isso não pode ficar assim! - Ele vai dormir na sua casa hoje? - pergunta Marina secamente. 21


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- Vai, sim! Por quê? A resposta veio mais dura e incisiva que a pergunta e surpreende Marina que cerra os olhos e respira fundo. As duas permanecem alguns segundos em silêncio até que Carla retoma a conversa. - É só isso? - Então, dê a ele o remédio à hora certa! E Marina desliga o telefone.

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