APRESENTAÇÃO
Esta publicação nasce vinculada ao Programa de “Pesquisa de Opinião e Análise do Comportamento Eleitoral” e ao Grupo de Pesquisa “Comportamento Político e Cidadania”, do Centro de Ciências Humanas e Sociais, da Universidade Comunitária Regional de Chapecó (UNOCHAPECÓ), com a finalidade de viabilizar um canal de divulgação de trabalhos realizados a respeito do comportamento eleitoral, participação política e outras questões envolvendo o tema, principalmente da região Oeste de Santa Catarina. O objetivo é tornar acessível aos interessados pelo assunto “política”, as pesquisas realizadas por professores e estudantes no âmbito da Universidade e em outras Instituições de Ensino. O Programa de “Pesquisa de Opinião e Análise do Comportamento Eleitoral” surgiu em julho de 19961, com o objetivo de criar 1 Informações retiradas do Projeto do Programa de Pesquisa de Opinião e Análise do Comportamento Eleitoral. Ano 1996, p. 4.
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[...] um programa que envolva o oferecimento
de pesquisas de opinião como prestação de serviço à comunidade regional, por parte da PróReitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação da Unoesc-Chapecó, bem como a realização de pesquisas político-eleitorais com objetivos acadêmicos e científicos, visando ao estudo do comportamento eleitoral no oeste de Santa Catarina.
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O Programa prevê ainda a realização de diagnósticos administrativo-municipais que auxiliem no direcionamento de ações no que diz respeito à implementação de políticas públicas, a realização de pesquisas de níveis de audiência, a publicação de estudos em torno do comportamento político e a elaboração de um banco de dados sobre os resultados e tendências eleitorais no Oeste de Santa Catarina. Por sua vez, o Grupo de Pesquisa “Comportamento Político e Cidadania” que surgiu no ano 20002, deriva do Programa de Pesquisa de Opinião, uma vez que tem como finalidade [...] desenvolver estudos e pesquisas que con-
tribuam para uma compreensão interdisciplinar do comportamento político, tendo presente
2 Informações retiradas do projeto do Grupo de Pesquisa "Comportamento Político e Cidadania", de 2000, p. 2.
Apresentação
a discussão sobre democracia, autoritarismo, poder local, relações de poder, políticas públicas, estratégias de desenvolvimento regional, grupos de interesse e comportamento eleitoral. Nesta primeira publicação, a temática central ficou definida em torno do comportamento políticoeleitoral, uma vez que o estudo desta problemática está relacionado com as atividades desenvolvidas pelo “Programa de Pesquisa de Opinião e Análise do Comportamento Eleitoral” e com trabalhos desenvolvidos por membros do grupo de pesquisa “Comportamento Político e Cidadania”. Entendemos que a universidade, no desempenho das atribuições que lhe são próprias, não pode ficar alheia às questões que envolvem as discussões em torno dos processos eleitorais e do comportamento político. As reflexões que dizem respeito às ações humanas e também políticas, no caso específico das eleições, enquanto prática social, ocupam destaque entre pensadores clássicos e contemporâneos. Desde os anos 50, o desenvolvimento de levantamentos científicos de opinião pública fazem parte do instrumental do cientista social. No entanto, os resultados das primeiras pesquisas de opinião não foram nada animadoras para a teoria da democracia, pois demonstraram a pouca compreensão dos cidadãos, em relação aos assuntos da política.
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No Brasil, as pesquisas realizadas a partir da década de 70, em relação ao posicionamento do eleitorado frente ao cenário político, constataram baixos níveis de informação. O eleitor, principalmente do segmento econômico mais baixo, é visto como descrente, com pouca participação e conscientização política e que vota na pessoa do candidato. Características do comportamento eleitoral, resultantes da herança histórico-estrutural da política brasileira, com predomínio da prática clientelista. Entretanto, estudos mais recentes sobre o comportamento político brasileiro mostram que profundas transformações estão ocorrendo com o eleitorado, à medida que ele avalia o cenário políticoeleitoral, procurando a melhor solução para seus problemas cotidianos. É no aprendizado da prática democrática que avançamos em direção de uma sociedade mais democrática e de uma cultura política mais participativa. As mudanças no comportamento político do eleitor do Oeste de Santa Catarina e do Brasil são problematizados, principalmente, pelos três primeiros textos desta publicação. No primeiro, intitulado “Comportamento político nas eleições municipais de 2000 no Oeste catarinense: avaliação preliminar”, Alceu Werlang e Monica Hass levantam alguns aspectos a respeito do comportamento político-eleitoral no Oeste de Santa Catarina, nas eleições municipais de 2000, destacando os critérios definidores da escolha dos
Apresentação
candidatos por parte do eleitorado, polarizando a discussão entre o voto pessoal e o voto partidário. Os autores apontam ainda o crescimento da esquerda (PT) na região. Dando continuidade à discussão sobre comportamento político, Yan de Souza Carreirão, a partir de um convite dos membros do grupo de pesquisa “Comportamento Político e Cidadania”, dialoga teoricamente com o artigo de Alceu Werlang e Monica Hass, basicamente em torno do peso dos critérios "experiência administrativa e honestidade" dos candidatos na definição do voto do eleitor. Ele também relaciona a conclusão dos dois autores com aspectos do comportamento dos eleitores brasileiros em eleições presidenciais recentes. O artigo de Julian Borba analisa as eleições em Santa Catarina a partir do processo de abertura política. Através de uma retrospectiva histórica, o autor expõe a força política das oligarquias e apresenta algumas projeções e tendências políticas, entre elas, o crescimento da esquerda no estado. Claiton Marcio da Silva, através de uma bolsa fornecida pelo FAPES, pesquisou os “Conflitos políticos evidenciados na cassação do prefeito municipal de Chapecó em 1969”, com o objetivo de desvendar os motivos que envolveram a cassação de Sadi de Marco durante a ditadura militar, tanto no âmbito local como no contexto político nacional.
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No trabalho “A participação das mulheres no cenário político chapecoense − 1958 a 1998”, realizado por Jane G. Côrrea Botton e Lenita Peruzzo Balbinott, as autoras resgataram a representação político-partidária das mulheres em âmbito local, mais especificamente no legislativo municipal. O texto contém, ainda, uma retrospectiva histórica da inclusão do gênero feminino no cenário político internacional, nacional e catarinense. No artigo “Território do Iguassu: A interiorização do poder central”, Licério de Oliveira analisa a ocupação da região Oeste, Meio Oeste de Santa Catarina e Sudoeste do Paraná a partir de 1920, tendo em vista as ações dos governos estaduais e federal e o desenvolvimento capitalista. Neste contexto, ele interpreta a criação do Território Federal do Iguassu (1943 a 1946) como resultante de uma política nacional definida pelo Estado centralizador do período Vargas. Finalmente, o texto de Helena Lohmann, numa versão preliminar, relata a chegada do Integralismo na comunidade de São Carlos, no Oeste de Santa Catarina; os fatores de adesão ao movimento, bem como as lideranças e os conflitos locais em torno desta corrente política. Acreditamos que cabe à Universidade Comunitária Regional de Chapecó construir, a partir dos seus processos de investigação, o comportamento político dos espaços sociais aos quais está inserida, no caso específico, o Oeste de Santa Catarina, acompanhando o seu processo de construção democrática. É de se considerar ainda que a
Apresentação
UNOCHAPECÓ goza de uma posição geográfica privilegiada, com sua área de atuação abrangendo cerca de 40 municípios, aumentando desta forma a responsabilidade em torno dos objetivos a serem atingidos, através da intensificação das relações histórico-políticoculturais da Universidade com esta região. Alceu Werlang3 João Paulo Lajus Strapazzon Licério de Oliveira Monica Hass 13
3 Membros do Grupo de Pesquisa: "Comportamento Político e Cidadania", na ocasião da decisão desta publicação, no ano de 2002.