Fenômeno esportivo: ensaios crítico-reflexivos, O

O FENÔMENO ESPORTIVO: ensaios crítico-reflexivos

Ricardo Rezer (Org.)

Chapecó, 2006

REITOR: Gilberto Luiz Agnolin VICE-REITORA DE PESQUISA, EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO: Maria Assunta Busato VICE-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO: Gerson Roberto Röwer VICE-REITOR DE GRADUAÇÃO: Odilon Luiz Poli

ISBN: 85-98981-52-4 796.4 F339f

O fenômeno esportivo: ensaios críticoreflexivos/Ricardo Rezer (Org.). - Chapecó: Argos, 2006.

181 p.

1. Educação física. I. Título.

CDD 796.4

Catalogação: Yara Menegatti CBR 14/448

Biblioteca Central da Unochapecó

Conselho Editorial: Ricardo Rezer (Presidente); Alexandre Mauricio Matiello; Antonio Zanin; Arlene Renk; Elison Antonio Paim; Jacir Dal Magro; José Luiz Zambiasi; Juçara Nair Wollf; Maria Assunta Busato; Maria dos Anjos Lopes Viella; Maria Luiza de Souza Lajus; Monica Hass; Valdir Frigo Denardin Coordenadora: Monica Hass

Sumário

13....Prefácio Elenor Kunz 17....Apresentação Ricardo Rezer 21....Esporte na contemporaneidade: uma experiência de fronteira Paulo Evaldo Fensterseifer 33....Sociologia do esporte e educação física escolar Valter Bracht 45....Os desafios da formação continuada em educação física: nexos com o esporte, a cultura e a sociedade Vicente Molina Neto, Rosane Maria Kreusburg Molina, Lisandra Oliveira e Silva, Vera Regina Oliveira Diehl ricular e educação física: 69....Projeto cur curricular o esporte como conteúdo escolar Fernando Jaime González

111.... Sistema de classificação dos esportes Fernando Jaime González 123.... Cultura corporal e esporte escolar: fator de inclusão e desenvolvimento social?

Valter Bracht 131.... Reflexões acerca dos (des) caminhos da educação física na perspectiva do paradigma da educação inclusiva Marlini Dorneles de Lima, Luciana Erina Palma 145.... O fenômeno esportivo: ponderações acerca das contradições do paradigma da “iniciação ” Ricardo Rezer

Prefácio

Nunca se discutiu e se publicou tanto sobre o fenômeno esporte como nestes últimos anos. A princípio ainda prevalecem idéias e proposições científicas de caráter positivo, ou seja, que conseguem com argumentos, de diferentes matizes teóricos, ou dados científicos, provar o inestimável valor sociocultural do esporte, especialmente por sua presença fortíssima na economia, na política, na saúde e na educação.

Num menor grau de intelectualismo ou cientificismo, há também a mídia esportiva, que geralmente enaltece e costuma lembrar com insistência os valores socioculturais e morais do esporte.

O esporte, como elemento importante da cultura de todas sociedades, é na verdade um fenômeno muito complexo pela presença de múltiplas dimensões de sua expressão. Assim, não é mais possível reduzir o esporte à sua manifestação maior e mais reconhecida: o esporte de rendimento ou de competição. As práticas esportivas objetivando fomento e manutenção de um corpo saudável ou a prática de esportes pelo simples prazer nas horas de lazer ou de aventura são reconhecidamente muito diferentes daquelas que têm a competição, o recorde ou a vitória como meta. Até mesmo no esporte escolar, aquele

que se pratica sem o objetivo de participação em competições, já é possível perceber uma lógica diferente, quanto aos sentidos e significados a ele atribuídos. Assim, é possível falar de um esporte no sentido amplo, que envolve toda cultura de movimento desportivizada e não apenas referente a modalidades tradicionalmente caracterizadas como esportivas. Ou seja, também a dança, a capoeira, esportes de aventura e outras atividades podem ser identificadas, em certo sentido, como práticas esportivas. É fundamental que novos e múltiplos estudos, interpretações e reflexões deste fenômeno sociocultural continuem sendo realizados.

As constantes releituras deste importante fenômeno permitem avançar para uma visão de mundo muito mais abrangente e profunda, não apenas da realidade específica do esporte mas da própria sociedade e cultura humana. Uma visão de mundo abrangente e profunda precisa de conceitos, de novas concepções, e estas por sua vez abrem ainda mais o horizonte de possibilidades e realizações concretas. Com isso, novos valores, sentidos e significados podem ser formulados.

Muitos problemas humanos não podem mais ser resolvidos apenas por leis ou instituições formais, mas pela cooperação, solidariedade e compreensão de seres humanos em suas práticas cotidianas. O esporte, neste sentido amplo, ainda tem este poder de ajudar na compreensão do outro, na cooperação e solidariedade humana na busca de soluções para práticas prazerosas, saudáveis e pela compreensão das relações sociais bem como de si próprio. Portanto, além do exercício crítico de intelectuais e pesquisadores do esporte que ainda precisa continuar com muita insistência, devem se realizar também reflexões mais profundas sobre valores e sentidos deste fenômeno, que ainda não foram explorados suficientemente.

No campo educacional ainda são grandes as possibilidades pedagógicas a serem exploradas. Entretanto, devo insistir na idéia de que, para que isto de fato ocorra com possibilidades de uma formação crítica e emancipatória, este fenômeno social aqui tratado deva passar 14

por uma “transformação didático-pedagógica ”, ou seja, a lógica do rendimento e os princípios da sobrepujança e comparações objetivas devem dar lugar às vivências subjetivas de um “se-movimentar ” com sentidos e significados construídos com referências individuais e locais.

Isto não exclui rendimentos, mas eles não se realizam mais pela lógica do “rendimento obrigatório ” para atender exigências intrínsecas da modalidade esportiva em questão, e sim pela lógica do “rendimento necessário ” a partir daquilo que se convencionou de forma individual e coletiva como possível de ser realizado com a finalidade pedagógica explicitada pelo(a) professor(a) em questão. Assim, inverte-se a lógica, também, do(a) aluno(a) se adaptar e ajustar aos padrões de exigências do esporte e passa-se para a lógica do esporte se ajustar às condições e possibilidades do(a) aluno(a). E, no lugar da cópia e da imitação, a criação e realização prazerosa.

Estas idéias, que venho defendendo há bastante tempo, serão abordadas através de análises mais profundas e rigorosas nesta obra que tenho a honra de prefaciar. Os autores apresentam grande profundidade teórica, preocupações e propostas muito sérias para o trato do conhecimento dos esportes em diferentes contextos socioculturais. Por isso, só o que ainda me resta a acrescentar neste curto prefácio é recomendar a leitura e estudo deste maravilhoso trabalho, que é fruto de uma longa discussão iniciada já em 2002 na Universidade Comunitária Regional de Chapecó (SC) por ocasião da realização de seminários específicos para esta questão, sempre com a presença das maiores autoridades nacionais no assunto. Este trabalho é o resultado do III Seminário de Análise do Fenômeno Esportivo. Espero que não termine por aí.

Elenor Kunz Florianópolis, janeiro de 2006.

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Apresentação

Este livro é fruto de um evento científico organizado pelo curso de educação física da Universidade Comunitária Regional de Chapecó (UNOCHAPECÓ), o III Seminário de Análise do Fenômeno Esportivo, realizado de 9 a 11 de junho de 2005. Os debates, interlocuções e provocações dessa experiência possibilitaram, a partir de recursos da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (FAPESC) e do apoio da UNOCHAPECÓ, organizar um livro que pudesse retratar as principais premissas expressas por esta tentativa de trazer à tona o debate acerca do fenômeno esportivo e suas relações com a estrutura social e política na qual estamos inseridos. O objetivo principal das três edições do Seminário de Análise do Fenômeno Esportivo consistiu em problematizar o tema esporte, a fim de compreendê-lo através da análise dos fenômenos que envolvem seus diversos contextos, promovendo o debate entre professores da área de educação física e fomentando a produção acadêmica na área.

A finalidade de articular um material como este surgiu a partir das problematizações levantadas desde as edições anteriores deste evento, realizadas em 2002 e 2003. Nesse sentido, pôde-se pensar em uma possibilidade concreta de reunir vários amigos e colaboradores,

participantes da terceira edição, que poderiam oportunizar a constituição de um livro que apresentasse novos elementos nesse debate que vem constituindo uma relevante parte dos espaços de interlocução em nosso campo. Também é relevante destacar que os elementos constitutivos desse livro podem representar novos pontos de partida para estudantes e professores do campo da educação física, para contribuir com olhares oriundos da crítica e da reflexão, apresentando princípios, aprofundamentos, questionamentos e provocações relacionados a um debate que se instaura na educação física já há vários anos.

Conforme os elementos apresentados anteriormente, pretende-se estabelecer um diálogo entre acadêmicos e professores de educação física acerca do esporte tratado enquanto fenômeno cultural, como uma manifestação que se entrelaça ao projeto da modernidade, que produz, reproduz e propaga códigos, sentidos e significados, que, sem dúvida, precisam ser melhor compreendidos. Os companheiros que contribuíram na construção deste projeto tiveram a preocupação de tratar de um tema tão provocativo quanto este a partir de uma abordagem conceitual, pois este talvez seja um dos principais problemas em nosso campo: a clareza conceitual. Nesta direção, a tarefa se torna tão desafiadora quanto sedutora, visto a complexidade do fenômeno esportivo.

Embora se tenha clareza dos limites de tempo e espaço presentes neste livro, torna-se importante destacar a incompletude de uma proposição que se apresenta mais com o objetivo de fazer pensar e se manifestar enquanto referência para novos estudos do que como um livro propositivo/explicativo. Tem-se clareza também de que as transformações em nosso campo passam pelo exercício crítico-reflexivo acerca de nossas práticas, as quais livros como esse podem subsidiar teoricamente. Assim, este livro apresenta elementos conceituais de cunho qualitativo, estabelecendo uma linha que permite uma aventura científica, que pode contribuir na busca do desvelamento de alguns elementos constituintes do fenômeno esportivo e suas interlocuções com o campo da educação física.

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Possibilitar a organização deste livro representou um desafio e um privilégio, visto a qualidade reconhecida dos companheiros que contribuíram nesta construção, bem como a natureza complexa do seu tema central. Desta forma, pelos caminhos que permitem vislumbrar e pelas contribuições para o campo da educação física, a partir de uma abordagem crítico-reflexiva, este livro pretende contribuir na construção de novos olhares acerca do esporte e suas relações com a educação física.

Assim sendo, torna-se importante entender este livro como uma caminhada1, para que possamos estabelecer uma interlocução no processo que se segue com esta “produção acadêmica ” (da qual esperamos que, como “produto ” que “esperneia e corcoveia ” frente à lógica de mercado, ainda assim, apresente sua “utilidade ”...). Desta forma, encerro esta breve apresentação, convidando o leitor para um espaço de diálogo, na expectativa de boas leituras.

Ricardo Rezer Organizador

1 Lembrando a frase “Caminante no hay camino, se hace camino al andar ”, de Antonio Machado, poeta espanhol.

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Sobre os autores

Paulo Evaldo F ensterseifer – Professor do Departamento de Fensterseifer Pedagogia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ); Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Contato: fenster@unijui.tche.br Valt er Bracht – Professor da Universidade Federal do Espírito Santo alter (UFES); Coordenador do Laboratório de Estudos em Educação Física (LESEF); Doutor pela Universität Oldemburg (UNIOL), Alemanha.

Contato: valterbra6@hotmail.com Vicente Molina Neto – Professor da Graduação e Pós-Graduação da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Pós-Doutor e Doutor em Filofofia e Ciências da Educação pela Universidad de Barcelona (UB), Espanha. Contato: vicente.neto@ufrgs.br

Rosane Maria Kreusburg Molina – Professora de Graduação e Pós-Graduação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS); Pós-Doutora e Doutora em Filofofia e Ciências da Educação pela Universidad de Barcelona (UB), Espanha. Contato: rmolina@bios.unisinos.br Lisandra Oliveira e Silva – Mestranda do Programa de PósGraduação em Ciências do Movimento Humano da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Contato: ligba@yahoo.com.br Vera R egina Oliveira Diehl – Mestranda do Programa de PósRegina Graduação em Ciências do Movimento Humano da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Contato: diehl@tca.com.br Fernando Jaime González – Professor do Departamento de Pedagogia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ); Mestre em Ciência do Movimento Humano pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Contato: fjg@unijui.tche.br Luciana Erina P alma – Professora do Centro de Educação Física e Palma Desportos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); Doutora em Ciência do Movimento Humano pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Contato: lupalma@smail.ufsm.br

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Marlini Dorneles de Lima – Professora do Curso de Educação Física da Universidade Comunitária Regional de Chapecó (UNOCHAPECÓ); Mestre em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Contato: marlini@ unochapeco.edu.br Ricardo R ezer – Professor do Curso de Educação Física da Rezer Universidade Comunitária Regional de Chapecó (UNOCHAPECÓ); Mestre em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Contato: rrezer@hotmail.com

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Título Organização

Assistente editorial Assistente administrativo Secretaria Divulgação Diagramação Capa Preparação dos originais

O fenômeno esportivo: ensaios crítico-reflexivos Ricardo Rezer

Hilario Junior dos Santos Neli Ferrari Alexandra Fatima Lopes de Souza Elizandra Carla Buss Sirliane Amaral de Freitas Ronise Biezus Hilario Junior dos Santos Carolina Pompeo Grando

Revisão

Jakeline Mendes

Formato

16 X 23 cm

Tipologia Papel

Calson Old Face BT, Zapf Humnst BT Entre 7 e 14 pontos Capa: Cartão Supremo 350 g/m2 Miolo: Pólen Soft 80 g/m2

Número de páginas

181

Tiragem

800

Filmes Impressão e acabamento

Mídia Laser Fotolitos - Chapecó (SC) Gráfica e Editora Pallotti - Santa Maria (RS)

Argos - Editora Universitária - UNOCHAPECÓ Av. Attilio Fontana, 591-E - Bairro Efapi - Chapecó (SC) - 89809-000 - Caixa Postal 747 Fone: (49) 3321 8218 argos@unochapeco.edu.br - www.unochapeco.edu.br/argos ISBN: 85-98981-52-4

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