Desconstrucionismo

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UNI-CV UNIVESIDADE PUBLICA DE CABO VERDE Departamento das Ciências Sociais e Humanas Delegação de São Vicente Disciplina: Estética II Trabalho de pesquisa TEMA: “A Estética Desconstrucionista ”

Docente Mestre: Marina Ramos Discentes: Arlindo Rocha Hélida Lopes Roberto Andrade Zenaida Cruz Elaborado em Maio de 2010 Alunos do quarto ano do curso de licenciatura em filosofia

2 Elaborado pelos alunos do curso de Filosofia: Arlindo Rocha; Hélida Lopes; Roberto Andrade; Zenaida Cruz


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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................4 CONTEXTO SOCIOCULTURAL ONDE SURGIU O DESCONSCTRUCIONISMO ..............5 NOÇÃO DE DESCONSTRUCIONISMO ...................................................................................7 O DESVIO NA ESTÉTICA CONTEMPORÂNEA .....................................................................9 Necessidade de um Desvio Desconstrução e assimetria Pausa, intervalo e desvio Descentralização e desconstrução na Arte Contemporânea CARACTERÍSTICAS DO DESCONSTRUCIONISMO ...........................................................12 CONCLUSÃO ...........................................................................................................................15 BIBLIÓGRAFIA .......................................................................................................................17

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1 - INTRODUÇÃO O pós-modernismo é uma época marcada também pela corrente desconstrucionista. Heidegger foi um dos filósofos considerados desconstrucionista, pois foi capaz de desconstruir todo o seu pensamento anterior, uma vez que, numa primeira fase procurou uma ciência universal metafísica, seguidamente, ao defender a sua noção estética caiu no subjectivismo. De uma forma geral o desconstrucionismo assenta sobre alguns aspectos, como é o caso da descentralização, a assimetria, a subjectividade, e também na pluralidade de sentidos. E é sobre este tema “Desconstrucionismo”, que se debruça o nosso trabalho que enquadra-se na disciplina de Estética II. O objectivo do mesmo é adquirir conhecimento sobre esta temática. Sendo assim vamos tratar de alguns pontos referente ao Desconstrucionismo: começaremos por abordar o contexto histórico social e cultural em que surgiu, seguidamente debruçaremos sobre a noção do que seja o desconstrucionismo, o desvio da Estética Contemporânea, características do Desconsctrucionismo e na parte prática a Interpretação de uma das obras desconstrucionista baseando-se na perspectiva estética de Heidgger. Finalizaremos com a conclusão, onde apresentaremos os pontos principais do tema abordado. Para elaborar este trabalho baseamos em pesquisas bibliográficas, e na internet.

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2 - CONTEXTO SOCIOCULTURAL ONDE SURGIU O DESCONSCTRUCIONISMO A segunda metade do século XX assistiu a um processo sem precedentes de mudanças na história do pensamento e da técnica. Ao lado da aceleração avassaladora das tecnologias de comunicação, das artes, de materiais e da genética, ocorreram mudanças paradigmáticas no modo de se pensar a sociedade e suas instituições. De modo geral, as críticas apontam para as raízes da maioria dos conceitos sobre o Homem e seus aspectos, constituídas no século XV e consolidadas no século XVIII. A Modernidade surgida nesse período é criticada em seus pilares fundamentais, como a crença na verdade, alcançável pela razão, e na linearidade histórica rumo ao progresso. Para substituir estes dogmas, são propostos novos valores, menos fechados e categorizantes. Estes serviriam de base para o período que se tenta anunciar no pensamento, na ciência e na tecnologia - de superação da Modernidade. Seria, então, o primeiro período histórico que nasceu já baptizado: a pós-modernidade. Desde a década de 1980, desenvolve-se um processo de construção de uma cultura a nível global. Não apenas a cultura de massa, já desenvolvida e consolidada desde meados do século XX, mas um verdadeiro sistema-mundo cultural que acompanha o sistema-mundo político-económico resultante da globalização. A Pós-Modernidade, que é o aspecto cultural da sociedade pós-industrial, inscreve-se neste contexto como conjunto de valores que norteiam a produção cultural subsequente. Entre estes, a multiplicidade, a fragmentação, a desreferencialização e a entropia - que, com a aceitação de todos os estilos e estéticas, pretende a inclusão de todas as culturas como mercados consumidores. No modelo pós-industrial de produção, que privilegia serviços e informação sobre a produção material, a Comunicação e a Indústria Cultural ganham papéis fundamentais na difusão de valores e ideias do novo sistema. Assim, também como nas outras áreas a estética sofre transformações de tendências e linguagens e tornam impossível a unicidade formal. As similaridades estéticas entre os produtos provavelmente são consequência das condições de produção e de circulação, dado que um dos efeitos da globalização é a

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Homogeneização. A estética pós-moderna apresenta diferenças fundamentais em relação a tudo o que veio antes dela, incluindo todas as estéticas modernistas. Os próprios critérioschave da estética moderna, do novo, da ruptura e da vanguarda são desconsiderados pelo Pós-Moderno. Já não é preciso inovar nem ser original, e a repetição de formas passadas é não apenas tolerada como encorajada. O desconstrucionismo surge dentro da hermenêutica de Reader Reponse (reacção do autor). Gadamer desenvolveu diversos tipos de abordagens dentro dos estudos bíblicos, sendo que a Reader Reponse (reacção do autor) foi uma das mais importantes, pois enfatizava o envolvimento do leitor na produção e definição do sentido de um texto. Ela, Reader Reponse, surgiu na década de 60 enfatizando a relação entre o leitor e o texto e, foi uma reacção ao estruturalismo e às novas críticas literárias, que ensinavam a autonomia do texto. Existem diversas variações da Reader Reponse, mas todas lêem o texto a partir de uma agenda definida, que pode ser ideológica ou política. O desconstrucionismo é a terceira tipologia dessa hermenêutica. Foi criado por Derrida, segundo ele, não há uma única verdadeira interpretação de um texto, mas muitas interpretações que também são válidas. O desconstrucionismo parte do princípio de que todo texto se auto-destrói, já que representa os interesses da dominação de alguns grupos. Para Derrida, as sociedades são opressoras e consequentemente a linguagem é usada para manter a opressão, por isso o desconstrucionismo procura peneirar o texto em busca de verdades arrogantes e tirânicas. O desconstrucionismo se tornou uma ferramenta hermenêutica de grupos minoritários que denunciam a Bíblia e o Cristianismo como propagadores do sexismo, da homofobia e opressão económica. Como hermenêutica, o desconstrucionismo é radicalmente irreconciliável com o conceito de verdade divina absoluta.

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3 - NOÇÃO DE DESCONSTRUCIONISMO Este termo foi proposto pelo filósofo francês Jacques Derrida, nos anos sessenta, como método ou processo de análise crítico-filosófica. Tem como objectivo imediato a crítica da metafísica ocidental e da sua tendência para o logocentrismo, incluindo a crítica de certos conceitos (o significado e o significante; o sensível e o inteligível; a origem do ser; a presença do centro; o logos, etc.) que tal tradição havia imposto como estáveis. A desconstrução começa por ser uma crítica do estruturalismo, tornada pública numa célebre conferência de Derrida na Universidade de Johns Hopkins, nos Estados Unidos, em 1967, com o título ‘La structure, le signe et le jeu dans le discours des sciences humaines’. Se o estruturalismo pretendia construir um sistema lógico de relações que governaria todos os elementos de um texto, a desconstrução pretendia ser uma crítica do estruturalismo, que não passava apenas de um dos episódios da tradição metafísica ocidental que merecia ser revisto. Partindo do método especulativo de Nietzsche, da fenomenologia de Husserl e da ontologia de Heidegger, Derrida apresenta a tese inicialmente nas obras: L´Écriture et la différence (1967) e De la gramatologie (1967), e tem rejeitado desde então qualquer definição estável ou dicionarizável para aquilo que se entende por desconstrução. A própria compreensão da desconstrução como método crítico ou modelo de análise textual, nunca foi reconhecida por Derrida. A divulgação das ideias de Derrida nas Universidades de Johns Hopkins e de Yale, nos Estados Unidos, onde o filósofo francês conferenciou, contribuiu para o alargamento da discussão aos estudos literários, impondo-se internacionalmente como um método de análise textual, apesar das reservas de Derrida. A desconstrução foi enquadrada no chamado pós-estruturalismo, primeiro como movimento de auto-crítica e depois como movimento de ruptura com o estruturalismo, e divulgou-se de forma mais insistente nos meios universitários norte-americanos, onde conheceu amplos debates nas décadas de setenta e oitenta. Desconjuntando os valores de verdade, significado inequívoco e presença, a desconstrução aponta para a possibilidade de escrever não mais como representação de qualquer coisa, mas como a infinitude do seu próprio “jogo”.

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Desconstruir um texto não é procurar o seu sentido, mas seguir os trilhos em que a escrita ao mesmo tempo se estabelece e transgride os seus próprios termos, produzindo então um desvio. Todo o signo só significa na medida em que se opõe a outro signo, por isso se pode dizer que é essa condição da linguagem que constantemente diferencia e adia os seus componentes que concede significância ao signo. O interesse de Derrida no texto literário advém do facto de certos textos transgredirem os limites tradicionais de representação da literatura. A perspectiva do crítico literário em relação à desconstrução é um pouco diferente, pois não está imediatamente preocupado com o facto de certos textos abandonarem as categorias da metafísica ocidental mas preocupa-se antes com as propriedades singulares da escrita em si. Quer se seja contra ou a favor de Derrida, há que aceitar que, enquanto método de análise textual, o modelo desconstrutivista que ele propõe funciona efectivamente, obrigando-nos a repensar a forma como o texto é formulado. Assim em dadas circunstâncias, um texto pode não querer dizer algo em particular mas várias coisas muito diferentes entre si e em relação ao sentido assumido à partida, eventualmente, pelo autor desse texto. Derrida mostrou-nos que o texto pode dizer a sua própria história, deixando então entrever um novo texto, que, por sua vez, está sujeito a idêntico trabalho desconstrucionista, permitindo um retorno dialéctico infinito ao texto. O desconstrucionismo foi muito criticada, os críticos da desconstrução de Derrida têm fundamentado as suas observações sobretudo no estilo hermético e excessivamente retórico do filósofo francês, que se entretém com complexos jogos de linguagem e engenhosos conceitos. Mas Derrida defende que o jogo faz parte da própria natureza da linguagem. Outra crítica consiste no grau de arbitrariedade que a desconstrução implica: se a linguagem e a metafísica são estruturadas pelas diferenças, não é possível fundar nenhum tipo de critério ou criar uma referência que sirva de orientação no processo de interpretação de uma obra de arte, o que significará sempre que tudo é aparentemente permitido e nada permanece: nem o sentido do texto, nem o autor, nem a autoridade do leitor. Esta posição deriva de um entendimento da desconstrução como mera destruição do texto, correlação que os desconstrucionistas se têm esforçado por negar. 8 Elaborado pelos alunos do curso de Filosofia: Arlindo Rocha; Hélida Lopes; Roberto Andrade; Zenaida Cruz


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4 - O DESVIO NA ESTÉTICA CONTEMPORÂNEA

Necessidade de um Desvio O que se pode ver hoje são muitas formas artísticas contemporâneas que são facilmente reconhecidas pelo seu carácter repetitivo e revivalístico. Temos muitos exemplos disso nesta época contemporânea em áreas como a música de consumo. A pesar disso nota-se um desejo, e até uma necessidade, de produção artística que acabe por englobar outros sectores que são tidos como menos importantes pelos “especialistas da arte”. São áreas como a publicidade, vestuário, que fazem parte do quotidiano humana que não podem deixar ser consideradas “estéticas”. Deparamos com uma evidente deteriorazação de várias operações artísticas onde se encontra a predominância de uma arte de consumo, de uma arte de massa, diferentemente da arte culta, elitista, que dominava anteriormente. E o que caracteriza essa arte de consumo é sua tendência para o que é tradicional afastando-se do hoje, estando presa a normas herdadas do passado. Sendo assim pode-se perguntar o que é que o público recebe destas expressões artísticas antiquados capaz de condicionar em gerações inteiras o seu próprio gosto. Hoje ainda se encontra entre jovens e mais novos essa tendência que é dominada pela produção artística massificada e que é extremamente divulgada pela mass-média. Estes esquemas artísticos são baseados em esquemas conformistas, na cristalização de formas e formalismos ainda que por vezes encontrados com toques inovadores, tem grande preferência pela “simetrização”, onde a simetrização é definida como: ordenado, rotineiro, equilibrado, sem sobressaltos, sem desvios.

Desconstrução e assimetria No período de conformismo actual, sobretudo nos sectores de produção artística de massa a uma necessidade de descobrir a possibilidade de uma renovação da arte, é necessária uma desconstrução da arte, através da definição de um desvio dessa concepção estética baseada na ordem, na harmonia e equilíbrio.

Mas para realizar este feito temos de nos afastar da simetria defendida anteriormente, e buscar o seu oposto, ou seja a assimetria. 9 Elaborado pelos alunos do curso de Filosofia: Arlindo Rocha; Hélida Lopes; Roberto Andrade; Zenaida Cruz


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Uma das teses que sustenta tal opinião é a de que o mundo é algo tão simétrico que aos olhos do homem as vezes parece aterrador, sendo assim o simétrico devia ser deixada ao divino, e o homem deve aceitar o assimétrico. Portanto é necessário definir o desvio, para que possamos ter o advento do “intervalo”, que irá por em evidência as operações artísticas com vista a recuperação de novas possibilidades expressivas. É necessário um afastamento da centralidade, e na contemporaneidade torna-se mais urgente devido a proliferação da arte de massa.

Pausa, intervalo e desvio O desvio e o intervalo só podem realizar-se num novo valor expressivo. O intervalo pode ser definido como: um conceito de pausa entre estímulos sensoriais tanto de caracteres estéticos, como também a presença de uma possibilidade criativa renovada após o advento de tal pausa, de tal interrupção. O desvio não será apenas interrupção e afastamento de um caminho mais tranquilo, mas será também renovação e reelaboração. Tanto o intervalo como o desvio devem ser consideradas como promotoras de uma nova e diferente possibilidade inventiva. Sendo assim pode-se arriscar uma nova interpretação que pode ser apoiada por exemplo na metáfora. Porque muitas vezes através da metáfora é possível aumentar o nosso elemento cognitivo que habitualmente é oferecido pela linguagem comum. Mas o enriquecimento cognitivo que a metáfora nos da não é devido a analogia dos dois elementos que a compõe (forma e conteúdo), mas pela diferença, pelo desvio, pela assimetria, que se estabeleceu entre elas. E é esse desvio que provoca em geral na criação artística a carga inventiva, o potencial expressivo que está neste factor diferencial, intervalar.

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5 - DESCENTRALIZAÇÃO E DESCONSTRUÇÃO NA ARTE CONTEMPORÂNEA Nas civilizações antigas, como é o exemplo da Grega, havia uma centralização, simetrização, e o equilíbrio na arte, mas a medida que se tem a mudança dos tempos, mudase não só a parte social como também a própria arte sofre mudanças. Assim vamos encontrar artistas do pós-modernismo, e dos neo-expressionistas com vontade de quebrar e destruir a centralidade das obras, de abrir caminho ao descentrado, ao assimétrico ao desarmónico. Vamos ter novas tendências formais, que será não só porque deriva de um profundo conhecimento onde há esquemas inventados por antropólogos, mas também por cometer infracções às regras que faz prevalecer o irracional sobre a razão, o absurdo sobre o coerente, o mítico sobre o lógico. Nos dias de hoje temos uma descontinuidade na passagem de um estilo ao outro, de uma moda a outra, a veia criativa do homem está continuamente sujeita a saltos espectaculares e as suas obras espelham isso mesmo.

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6 - CARACTERÍSTICAS DO DESCONSTRUCIONISMO

No Desconstrucionismo pode-se retirar algumas características como: temos a reacção autoral, ou seja a obra é criado pelo autor mas isso não impede que os outros lhes dêem novos sentidos. Há uma pluralidade de sentidos nos textos e nas obras, isso porque sendo uma desconstrução cada pessoa pode dar um significado diferente a interpretação da obra. A obra é condicionada pelo espaço e tempo em que foi produzida, por isso há uma participação do ambiente do leitor na produção desses sentidos. Privilegia-se a descentralização, ou seja, não há cânones centrais que servem de apoio para a criação da obra. A assimetria é incentivada por essa corrente, tendo em vista um desvio daquilo que era considerada como arte anteriormente. Critica-se a arte de massa por ser algo rotineiro e que seguem sempre os mesmos cânones, privilegiando a simetria. Privilegia-se a subjectividade já que tanto a elaboração da obra como, a interpretação depende de cada sujeito.

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7 - INTERPRETAÇÃO DA OBRA TENDO EM CONTA A ESTÉTICA DE HEIDGGER

Esta obra pode ser interpretada a luz de Heidegger, por várias razões: como dizia Heidegger, a arte deve ser submetida a nossa vivência, está obra espelha bem o que é nossa vivência hoje, onde tudo deve ser cronometrado, pois hoje em dia deve-se fazer um esforço de memória para lembrar de tudo que se tem de fazer durante o dia por causa do momento frenético em que vivemos. Podemos também ver conceptualização de Heidegger, já que se pode notar que o autor foi influenciado não só pela sua parte espiritual, como também da sua própria cultura, fazendo-se a síntese, chega-se aos conceitos que deu origem a esta obra. Esta obra de arte é caracterizada pela subjectividade, já que o próprio autor da obra tenta realmente passar para nós a sua vivência a sua própria realidade, mas que vai tocar de maneira diferente cada sujeito, ou seja, a obra de arte não é uma verdade absoluta, mas uma verdade de cada um, é uma apreensão individual. Como diz Heidegger a obra de arte é um enigma a desvendar, isto está retratado na obra, pois mesmo conhecendo o título da obra. Não vejo só o esforço da memória representado pelos vários relógios, mas também vejo o cansaço do próprio homem ali representado, quando se vê os relógios numa posição de exaustão.

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Apesar dessa forma de a ver, das várias interpretações que podemos dá-la, ela não deixa de ser o que ela é, não deixa de representar o que o artista quis transmitir, ou seja, a persistência da memória em captar e acompanhar tudo no nosso dia-a-dia. Essa obra revela sua própria identidade, pois apesar de todas as interpretações que dela podem ser tiradas, ela continuará a representar a mesma coisa. Segundo Heidegger, a obra nos mostra um horizonte geral, ou seja ela se situa no espaço e no tempo, apesar de representar seu tempo e seu meio cultural, pode ser modificada pelo próprio tempo e espaço, ou seja, conforme o tempo e o espaço a interpretação modifica, perante o sujeito que o interpreta. Tendo isso em vista, essa obra então instaura um sentido, e mantém essa abertura de sentido ao mundo, isso porque está ganha sentido conforme a interpretação de cada um. Podemos ver ainda, as relações de dependência, distâncias e posturas, ou seja a obra só ganha sentido mediante uma interpretação de cada sujeito, temos de assumir uma certa postura perante ela, e uma há certa distância pois, por ser difícil perceber realmente o que o autor quer transmitir, suscita várias outras interpretações. Para Heidegger a beleza é o modo como a verdade enquanto não estar encoberta está a ser, ou seja quando descobrimos a beleza numa obra de arte identificamos com ela, e nos dá prazer. Realmente conseguimos identificar com ela já que para nós representa o “stress” do dia -a- dia para conseguir estar a horas em todo lugar. A técnica utilizada nessa obra é a aguarela aliada ao esbatimento para realçar as cores , utiliza cores claras na parte de cima do quadro onde parece ser uma praia, que para nós representa um clima de descontracção e cores mais escuras na parte de baixo onde aparece representada através da posição exaustiva dos relógios o ambiente urbano.

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8 – CONCLUSÃO O Desconstrucionismo é uma das muitas técnicas de interpretação de textos na pósmodernista, que depois passou a ser uma corrente de interpretação de obras de arte, pintura, arquitectura. A desconstrução foi enquadrada no chamado pós-estruturalismo, primeiro como movimento de auto-crítica e depois movimento de ruptura com o estruturalismo. Este termo foi proposto pelo filósofo francês Jacques Derrida, nos anos sessenta, para um método ou processo de análise crítico - filosófica. O Desconstrucionismo se tornou uma ferramenta hermenêutica de grupos minoritários que denunciam a Bíblia e o Cristianismo como propagadores do sexismo, da homofobia e opressão económica. Como hermenêutica, o Desconstrucionismo é radicalmente irreconciliável com o conceito de verdade divina absoluta. O Desconstrucionismo é caracterizada pela reacção autoral, ou seja a obra é criado pelo autor mas isso não impede que os outros lhes dêem novos sentidos; há uma pluralidade de sentidos no texto, isso porque sendo uma desconstrução cada pessoa pode dar um significado diferente a interpretação da obra. A obra é condicionada pelo espaço e tempo em que foi produzida, por isso há uma participação do ambiente do leitor na produção desses sentidos. Privilegia-se a descentralização, ou seja, não há cânones centrais que servem de apoio para a criação da obra. A assimetria é incentivada por essa corrente, tendo em vista um desvio daquilo que era considerada como arte anteriormente. Critica-se a arte de massa por ser algo rotineiro e que seguem sempre os mesmos cânones, privilegiando a simetria. Privilegia-se a subjectividade já que tanto a elaboração da obra como, a interpretação depende de cada sujeito. O Desconstrucionismo foi muito criticada devido ao carácter hermético e retórico utilizado por Derrida. Outra crítica consiste no grau de arbitrariedade que a desconstrução implica: se a linguagem e a metafísica são estruturadas diferentes, então, não é possível fundar nenhum tipo de critério ou criar uma referência que sirva de orientação no processo de interpretação de uma obra de arte, por exemplo, o que significará sempre que tudo é 15 Elaborado pelos alunos do curso de Filosofia: Arlindo Rocha; Hélida Lopes; Roberto Andrade; Zenaida Cruz


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aparentemente permitido e nada permanece: nem o sentido do texto, nem o autor, nem a autoridade do leitor. Achamos que em termos de teoria a desconstrução marcou um passo importante para a interpretação tanto de textos, como também da obra de arte, mas torna-se árduo interpretar as obras de arte visto não existir cânones fixos onde se apoiar, dando muita importância a subjectividade, a postura e a distância entre o sujeito e a obra.

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BIBLIÓGRAFIA DARFLES, Gill. (1986). Elogio da Desarmonia Arte e Comunicação. Edições 70: Lisboa - Portugal. http://www.mc.maricopa.edu/users/eberle/svcXIdec.htm ,

consultado

no

dia

10/05/2010

http://www.nyu.edu/classes/stephens/Jacques%20Derrida%20%20LAT%20page.htm , consultado no dia 10/05/2010

http://130.179.92.25/Arnason_DE/Derrida.html, consultado no dia 10/05/2010 http://www.hydra.umn.edu/Derrida/onjdliv.html, consultado no dia 10/05/2010

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