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TADAO ANDO

IGREJA SOBRE A ÁGUA ESTUDO DA LINGUAGEM INTERNA DA CONSTRUÇÃO



IGREJA SOBRE A ÁGUA ESTUDO DA LINGUAGEM INTERNA DA CONSTRUÇÃO

UniCEUB | Arquitetura e Urbanismo Disciplina: Estética Professora: Rossana Delpino Alunas: Amanda Souza, Bruna Guedes, Diana Brito e Luísa Borges Junho de 2020


"Você não pode simplesmente colocar algo novo em um lugar. Você tem que absorver o que você vê ao seu redor, o que existe na terra, e então usar esse conhecimento junto com o pensamento contemporâneo para interpretar o que você vê" [1] Tadao Ando


[1] Clássicos da Arquitetura: Igreja na Água | Tadao Ando Architect & Associates. Disponível em: https://por.architecturaldesignschool.com/adclassics-church-water-67676

TADAO ANDO

Nascimento: 13 de setembro de 1941 Cidade: Osaka, Japão Formação: arquiteto autodidata 1995: Prêmio Pritzker 01



FICHA TÉCNICA

Nome do projeto: Igreja Sobre a Água Arquiteto: Tadao Ando Data: 1985 - 1988 Localização: Yufutsu, Hokkaido Materialidade e Estrutura: Concreto

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SIGNIFICADO EDADILAROPMET

AUSÊNCIA

SIMBO

R A TI B A H

AZERU TAN

OSRUCREP

EDADILAUTIRIPSE

EXPERIÊNCIA

FENOMEN LUZ E SOMBRA

IMATERIALIDADE


ESPACIALIDADE

ESTIMULAR

NOLOGIA LAIROSNES

GENIUS LOCI

ARR E T E U É C

OÃÇPECREP

OLISMO

VAZIO

SER-OBJETO

TRANSCENDÊNCIA CONTEMPLAÇÃO


“A fronteira não é aquilo em que uma coisa termina, mas, como já sabiam os gregos, a fronteira é aquilo de onde algo começa a se fazer presente” [2] Martin Heidegger


CERCAMENTO

O muro em L delimita a construção e cria uma barreira à visão, pois impede que o indivíduo visualize instantaneamente o lago, a construção e a paisagem. Por outro lado, é possível ouvir o som da água e da natureza.

[2] NESBITT, Kate (Org.). Uma nova agenda para a arquitetura. Antologia teórica (1965-1995). Capítulo 9: Fenomenologia do significado e do lugar. Coleção Face Norte, volume 10. São Paulo, Cosac Naify, 2006.

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"Os lugares são literalmente “interiores”, o que significa dizer que “reúnem” o que é conhecido. Para cumprir essa função os lugares contém aberturas através das quais se ligam com o exterior (a bem dizer, só um interior pode possuir aberturas). Além disso, as construções se ligam às suas vizinhanças porque repousam sobre o solo e se elevam para o céu. Finalmente, os ambientes criados pelo homem incluem artefatos ou “coisas” que servem de focos internos e sublinham a função de reunião do assentamento" [3] Christian Norberg-Schulz


ACESSO AO EDIFÍCIO

Quando o homem é capaz de habitar, o mundo se torna um interior (aquilo que o homem fabrica), em contraponto aos elementos e fenômenos naturais, que são o exterior. Por meio de aberturas, marca-se a comunicação entre espaço construído e natureza. [3] NESBITT, Kate (Org.). Uma nova agenda para a arquitetura. Antologia teórica (1965-1995). Capítulo 9: Fenomenologia do significado e do lugar. Coleção Face Norte, volume 10. São Paulo, Cosac Naify, 2006.

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“Para Ando, ao mesmo tempo em que a parede serve como delimitação física e psicológica do espaço e como proteção à infinitude da metrópole moderna, é um elemento capaz de romper com a mera função de isolamento entre interior e exterior e capturar e introduzir elementos da natureza dentro dos seus edifícios (como no ato de fechamento/filtragem)” [4]


CUBO DE AÇO E VIDRO

O percurso leva a um cubo de aço e vidro onde estão quatro cruzes monumentais de concreto que não se tocam e levam o olhar para o céu. As paredes em vidro deixam entrar luz, fundem a construção à paisagem e criam um cenário espiritual de envolvimento com o sagrado. [4] ENDO, Vitor Massayuki. Tadao Ando: Modernidade e Tradição. 2017. 210f. Trabalho Final de Graduação – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2017. Disponível em: https://issuu.com/vitorendo/docs/tfg_fauusp_20 17_tadao_ando

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O

VAZ

COMO ES SIGNIFI


ZIO

PAÇO DE CÂNCIA


“Luz, por si só não faz luz. É necessário que haja escuridão para que a luz se torne luz resplandecente com dignidade e força. A escuridão, que sutilmente revela o brilho e a potência da luz é, portanto, parte da luz" [5] Tadao Ando


ESCADA EM ESPIRAL

Um novo lance de escadas em espiral conduz o indivíduo por um percurso labiríntico, que se apresenta como um espaço de transição envolto pela penumbra e pelo vazio, desvendando aos poucos a luz do ambiente seguinte. [5] ENDO, Vitor Massayuki. Tadao Ando: Modernidade e Tradição. 2017. 210f. Trabalho Final de Graduação – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2017. Disponível em: https://issuu.com/vitorendo/docs/tfg_fauusp_20 17_tadao_ando

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PRO PRO FA FA NO NO


SA SA GRA GRA DO DO


“A tonalidade pode variar de aposento para aposento de maneira tão sutil que se julgaria imperceptível, uma variação não de cor, mas feita de mínimas gradações de claro e escuro, cuja percepção dependeria apenas do humor de quem observa. Contudo, são essas tênues variações que alteram o tom das sombras dos aposentos.” [6] Tanizaki


CAPELA

Após percorrer o espaço de sombra e vazio, o indivíduo se depara com a capela, onde o altar recebe iluminação e enquadra a paisagem, manifestando o sagrado. O espaço muda com o tempo e se transforma de acordo com a hora do dia, o percurso do sol, a mudança das estações do ano e as variações meteorológicas.

[6] ENDO, Vitor Massayuki. Tadao Ando: Modernidade e Tradição. 2017. 210f. Trabalho Final de Graduação – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2017. Disponível em: https://issuu.com/vitorendo/docs/tfg_fauusp_20 17_tadao_ando

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"As construções colocam a terra, ou seja, a paisagem habitada, perto do homem e ao mesmo tempo colocam sob a vastidão do céu a dimensão de vizinhança" [7] Martin Heidegger


ESPELHO D'ÁGUA

O espelho d'água reflete o céu na terra, que nesse momento se fundem. Deus, ser humano, céu e terra "se unem num todo simples" [8]. Cria-se um espaço de transcendência.

[7 e 8] NESBITT, Kate (Org.). Uma nova agenda para a arquitetura. Antologia teórica (1965-1995). Capítulo 9: Fenomenologia do significado e do lugar. Coleção Face Norte, volume 10. São Paulo, Cosac Naify, 2006.

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"O propósito existencial do construir (arquitetura) é fazer um sítio tornar-se um lugar, isto é, revelar os significados presentes de modo latente no ambiente dado" "O ato de construir faz com que as coisas surjam como são" [9] Christian Norberg-Schulz [9 e 10] NESBITT, Kate (Org.). Uma nova agenda para a arquitetura. Antologia teórica (1965-1995). Capítulo 9: Fenomenologia do significado e do lugar. Coleção Face Norte, volume 10. São Paulo, Cosac Naify, 2006.


ESTRUTURA DO LUGAR

O lugar estudado é composto pela organização tridimensional de seus elementos (espaço) e de seu caráter. O caráter pode ser entendido como as propriedades mais abrangentes do lugar, sua atmosfera geral. Ele se transforma com o tempo, as estações, o dia e as condições meteorológicas, que determinam diferentes situações de luz. Tudo isso se manifesta a partir da opção do arquiteto em dispor a sua construção no espaço, bem como na escolha dos materiais. A fenomenologia do lugar, assim, compõe-se dos "métodos básicos de construção e suas relações com a articulação formal" [10]

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[11] NESBITT, Kate (Org.). Uma nova agenda para a arquitetura. Antologia teórica (1965-1995). Capítulo 9: Fenomenologia do significado e do lugar. Coleção Face Norte, volume 10. São Paulo, Cosac Naify, 2006.


"Uma forte experiência da arquitetura sempre desperta uma sensação de solidão e silêncio, independente do número de pessoas presentes ou do barulho. Experimentar a arte consiste em um diálogo particular entre a obra e a pessoa que a sente e percebe e exclui todas as outras interações" [11] Juhani Pallasma

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Igreja Sobre a Água Hokkaido, Japão ____________ TRADIÇÃO JAPONESA

Tadao Ando trabalha com uma síntese autêntica entre a sensibilidade tradicional japonesa e o rigor da lógica moderna. Assim, sua obra é marcada por um jogo entre extremos: oriente versus ocidente, tradição e modernidade, luz e sombra, cheios e vazios, aberturas e não aberturas, interno e externo, homem e natureza.


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Utilização de elementos da natureza como matéria prima intangível, junto com os materiais tangíveis (como o concreto). Os materiais da natureza mudam de expressão de acordo com as estações do ano e as horas do dia.

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O rigor da lógica moderna está na abstração, ou seja, na composição formal a partir das formas geométricas simples do modernismo. Já a sensibilidade tradicional japonesa está na representação, isto é, na incorporação de elementos históricos, culturais, climáticos e topográficos do local onde a intervenção arquitetônica ocorre.

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A cultura oriental não usa as paredes como simples elementos de fronteira entre exterior e interior. Na tradição japonesa, os espaços construídos e os espaços naturais são reciprocamente permeáveis. Assim, a construção e a paisagem se comunicam.

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A consciência sobre o lugar revela a valorização da cultura japonesa, que tende a uma valorização da relação com a natureza e da construção arquitetônica que leva em consideração a paisagem. Assim, homem e natureza se integram.

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[12] ENDO, Vitor Massayuki. Tadao Ando: Modernidade e Tradição. 2017. 210f. Trabalho Final de Graduação – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2017. Disponível em: https://issuu.com/vitorendo/docs/tfg_fauusp_20 17_tadao_ando


"Um dos meus objetivos principais é criar uma arquitetura que seja simultaneamente abstrata e representativa, dando às formas geométricas simples uma articulação complexa, ou seja, implementando um imaginário labiríntico 'piranesiano' em uma estrutura como a de Albers" [12]

Tadao Ando 12


ABSTRAÇÃO

RIGOR

FORMA GEOMÉTRICA SIMPLES

MODERNO

LÓGICA Pintura da série "Homenagem ao quadrado", de Josef Albers


ESETNÍS

REPRESENTAÇÃO

SENSIBILIDADE

ARTICULAÇÃO COMPLEXA E LABIRÍNTICA

TRADIÇÃO

IMAGINÁRIO Gravura da série "Carceri d'invenzione", de Piranesi


REFERÊNCIAS

Clássicos da Arquitetura: Igreja na Água | Tadao Ando Architect & Associates. Disponível em: https://por.architecturaldesignschool.com/ad-classics-church-water-67676 Clássicos da Arquitetura: Igreja sobre a Água | Tadao Ando. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/0158296/classicos-da-arquitetura-igreja-sobre-a-agua-tadao-ando ENDO, Vitor Massayuki. Tadao Ando: Modernidade e Tradição. 2017. 210f. Trabalho Final de Graduação – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2017. Disponível em: https://issuu.com/vitorendo/docs/tfg_fauusp_2017_tadao_ando GARCIA, Aldo. The Church on the water https://www.youtube.com/watch?v=pXLpBz34bU8

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Short

Film.

2016.

(3min50s).

Disponível

em:


NESBITT, Kate (Org.). Uma nova agenda para a arquitetura. Antologia teórica (1965-1995). Capítulo 9: Fenomenologia do significado e do lugar. Coleção Face Norte, volume 10. São Paulo, Cosac Naify, 2006, p. 443489. PRATA, Débora Patrícia dos Santos. Arquitetura tradicional japonesa: o caso de Tadao Ando. 1994, 109f. Dissertação de Mestrado - Faculdade de Arquiterua e Artes da Universidade Lusíada de Lisboa. Lisboa, 1994. Disponível em: http://repositorio.ulusiada.pt/bitstream/11067/3843/1/mia_debora_prata_dissertacao.pdf ROSENBERG, Juan Pablo. A construção do território. Abstração e natureza nas obras de Luis Barrágan, Álvaro SIza e Tadao Ando. 2016. 217f. Dissertação de Mestrado - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2016. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16138/tde-16022017105934/publico/juanpablorev.pdf



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