Jornal da Arquidiocese | nº 222 | abril de 2016

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Jornal da

ARQUIDIOCESE

FLORIANÓPOLIS, nº 222

Escola de Liturgia

Segundo módulo acontece em abril | 3

ABRIL DE 2016

Iniciação à Vida Cristã

Começam encontros com os pais | 9

Em Cristo, o despertar de uma nova vida!

Universitários

E se você só tivesse hoje? | 11


Jornal da Arquidiocese, Abril de 2016

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opinião

Pela misericórdia, não à pena de morte e sim à vida

Enxertados em Cristo

No segundo domingo da Quaresma, o Papa Francisco referiu-se à conferência internacional que aconteceu em Roma com o tema “Por um mundo sem pena de morte”, promovida pela Comunidade de Santo Egídio. Ele destacou os sinais de esperança e uma crescente oposição à pena de morte. Papa Francisco fez um apelo: “O Jubileu especial da Misericórdia é uma ocasião propícia para promover no mundo formas sempre mais maduras de respeito pela vida e pela dignidade de cada pessoa. Mesmo o criminoso mantém o direito inviolável à vida, dom de Deus. Faço um apelo à consciência dos governantes, de modo que se possa alcançar um consenso internacional para a abolição da pena de morte. E proponho àqueles que de entre esses sejam católicos a cumprirem um gesto corajoso e exemplar: que nenhuma sentença seja executada neste Ano Santo da Misericórdia”. Francisco prosseguiu e disse que “todos os cristãos e pessoas de boa vontade são chamados hoje a trabalhar não só para a abolição da pena de morte, mas também com o fim de melhorar as condições das prisões, no respeito pela dignidade humana das pessoas privadas de liberdade”. Nesta edição, você acompanha exemplos de ressurreição, pessoas que ganharam nova vida e outras que trazem a esperança de um recomeçar. É o caso do Bernardo Silva Junior, há 14 anos na Pastoral Carcerária e que leva a misericórdia aos detentos e é alcançado por ela. No mês em que a Igreja celebra o domingo da misericórdia, busquemos olhar com fé e esperança as oportunidades que a vida oferece para um novo recomeço. E ter a certeza de que pela misericórdia, diz-se não à morte e sim à vida.

A prática do enxerto nas seguia, e a si mesmo. Passou plantas frutíferas ajuda a en- o resto da vida a anunciar Jetender a vida nova que se sus e o seu Evangelho. celebra na Páscoa da ressurTemos um exemplo bem reição. Uma planta enxertada próximo de nós no tempo. em outra, torna-se uma árvore Madre Teresa de Calcutá era renovada que produzirá fru- uma religiosa que trabalhava tos mais excelentes. Assim, em um colégio católico. Cera criatura enxertada em Cris- to dia, em um momento de to se torna uma oração, escunova criatura e tou Jesus que passa a produexpressava o zir os mesmos seu grande de“A criatura enxerta- sejo de estar frutos que Cristo produziu. da em Cristo se torna no coração dos Esta transuma nova criatura e pobres. Dizia: formação pode não posso passa a produzir os “Eu ser vista em São ir só, eles não mesmos frutos que me conhecem. Pedro. Passa de Cristo produziu” um seguimento Seja a minha superficial, que luz”. Este chanão o impediu mado tomou de trair Jesus, conta do ser de para a atitude Madre Teresa. de doação da vida por Cristo A partir daí orientou todas as para anunciar o mesmo Evan- suas forças para saciar esta gelho de Jesus. Da mesma sede de Jesus. A sua vida forma São Paulo tem um en- passou a girar em torno da contro decisivo com Cristo no Eucaristia e dos pobres. Vivia caminho de Damasco. Passa 24 horas para Jesus. Depois a compreender de modo di- de receber a Jesus na Sanferente a Cristo, a quem per- ta Comunhão, ia, às pressas,

Dom Wilson Tadeu Jönck, scj

Nos caminhos de Francisco

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Nas redes

O primeiro passo para caminhar nesta estrada da fidelidade é sentir-se pecador. Se você não se sente pecador, você começou mal. Peçamos a graça para que o nosso coração não se endureça, que seja aberto à misericórdia de Deus e à graça da fidelidade.

Vigário Geral é homenageado em Florianópolis Padre Vitor Feller recebeu homenagem honrosa na Câmara de Vereadores de Florianópolis, no dia 15 de março, devido ao seu relevante serviço prestado ao Ensino Superior na capital. Outras 26 personalidades também foram homenageadas na ocasião.

03 de março, Missa na Casa Santa Marta

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facebook.com/arquifloripa

Abramos o nosso coração à misericórdia! A misericórdia divina é mais forte que o pecado.

Padres se reúnem para dia de formação e oração

04 de março, no Twitter

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Quanto te esqueces de ti mesmo e pensas nos outros, isto é amor! E com o lava-pés o Senhor ensina-nos a servir. 12 de março, na Audiência Jubilar

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Jesus nos mostra que o poder de Deus não significa destruição, mas amor; a justiça de Deus não significa vingança, mas misericórdia. 29 de março, no Twitter

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Todo pecador perdoado é chamado a compartilhar com cada irmão e irmã que encontra este dom, pois todos são, como nós, necessitados da misericórdia de Deus.

@pontifex_pt

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“Pequenos gestos de amor, de ternura, de cuidado, que fazem pensar que o Senhor está conosco e assim abre-se a porta da Misericórdia. 08 de março, no Twitter

30 de março, na Audiência Geral

Rua Esteves Júnior, 447, Centro Florianópolis-SC, Fone: (48) 3224-4799 / 9982-2463

Assessoria de Comunicação

O Jornal da Arquidiocese é uma publicação mensal da Arquidiocese de Florianópolis-SC.

servir o Senhor nos pobres. Retornava para adorá-lo no Santíssimo Sacramento. Aquela palavra do Evangelho “foi a mim que o fizeste” se tornou o caminho e a razão de sua vida. Quem não está enxertado em Cristo produz frutos segundo a sua natureza. São aqueles frutos que tanto mal fazem ao mundo que nos cerca: egoísmo, consumismo, narcisismo, vícios, drogas, violência... No Batismo fomos enxertados em Cristo para produzir os frutos que Ele produziu.

Um momento para viver o sacramento da Reconciliação entre os padres também esteve na programação do encontro de presbíteros que ocorreu, em Brusque, no dia 15 de março. twitter.com/arquifloripa

Inicia processo de avaliação do Plano Pastoral A Coordenação Arquidiocesana de Pastoral gravou vídeo trazendo detalhes sobre o processo de avaliação do Plano Arquidiocesano de Pastoral. Os trabalhos já foram iniciados nas paróquias por meio da ficha de avaliação. youtube.com

DIRETOR: Pe. Vitor Galdino Feller CONSELHO EDITORIAL: Dom Wilson Tadeu Jönck, scj, Pe. Leandro Rech, Pe. Revelino Seidler, Pe. Vânio da Silva, A. Carol Denardi, Fernando Anísio Batista, Jean Ricardo Severino, Olga Oliveira e Roberson Pinheiro. JORNALISTA RESPONSÁVEL: A. Carol Denardi (SC 01843-JP) PROJETO GRÁFICO: Lui Holleben

DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO: Roberson Pinheiro COORD. DE PUBLICIDADE: Pe. Leandro Rech e Erlon Costa TIRAGEM: 24.000 exemplares IMPRESSÃO: Diário Catarinense EMAIL: imprensa@arquifln.org.br e comunicacao@arquifln.org.br SITE: www.arquifln.org.br FACEBOOK: Arquidiocese de Florianópolis


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#compartilha Escola de Liturgia inicia com grande número de participantes

Retalhos do Cotidiano

Foto: Divulgação / Sem. Propedêutico

Prof. Carlos Martendal

O crucificado 1

Contemplemos o crucifixo e, nele, o crucificado. Numa igreja de Roma, na Praça do Povo, encontrei a figura de Jesus nu na cruz. Nasceu nu numa gruta emprestada, em Belém; morreu nu numa cruz que não lhe pertencia, mas que quis assumir por amor, em Jerusalém. Na vida pública, a pedra era seu travesseiro. Nunca vi estampa ou imagem sua com mala na mão ou mochila nas costas. Aquele por quem e para quem todas as coisas foram feitas, nada tinha de seu. Aquele que é o tudo, vivia com nada, vivia das esmolas.

O crucificado 2

Próximo módulo da Escola será no dia 23 de abril, em Itajaí

A abertura do primeiro módulo da Escola Arquidiocesana de Liturgia ocorreu no dia 19 de março, na Paróquia Sagrados Corações, em Barreiros, São José. Participaram 180 lideranças, entre agentes da pastoral litúrgica, seminaristas e diáconos, da região sul da Arquidiocese. O coordenador geral da Comissão Arquidiocesana de Liturgia, Pe. Wellington Cristiano da Silva, ministrou a primeira aula. Ele desenvolveu o conteúdo de Introdução à Liturgia, fundamentando à luz do Concílio Vaticano II, a criação das comissões de liturgia e a atual estrutura da Arquidiocese de Florianópolis. Destacou a centralidade da celebração litúrgica e fez a distinção do que é e o que não é a liturgia, concluindo com a apresentação da Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, do Concílio Vaticano II. O evento contou com a presença

do Pe. Revelino Seidler e Leda Cassol Vendrúscolo, da Coordenação Arquidiocesana de Pastoral, e do Pe. Dr. Rafael Alex Lima da Silva, assessor da Pastoral Litúrgica, bem como com a presença de Miguel Philippi, coordenador do Setor de Música e Canto Litúrgico. O projeto Escola de Liturgia será aplicado em três módulos, desenvolvidos anualmente em períodos semestrais, para as regiões norte e sul da Arquidiocese. A escola continua com as inscrições abertas. Podem ser feitas com a Coordenação de Pastoral ou na próxima aula, dia 23 de abril, na Paróquia Sagrados Corações, em Barreiros, São José, no horário das 13h30 às 17h30.

Misericórdia

Lemos no livro de Esdras que “Deus deu brillho aos nossos olhos” (9,8). E, ao rezarmos a Salve, Rainha, pedimos à Mãe: “... esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei”. O que pedimos, também somos capazes de dar: um olhar misericordioso ao irmão, à irmã.

Presença

Quanto mais distantes de Deus, menos percebemos sua ação em nós e em nossas vidas; quanto mais próximos dele, mais o sentimos próximo de nós, fortalecendo-nos, animando-nos para superar, com sua ajuda, os problemas de cada dia.

Caminhada lembrou pessoas que lutaram por justiça social Foto: Marcelo Luiz - CNBB Sul 4

Colaboração da Coord. do Setor de Pastoral Litúrgica, Karla Santos Colombi

Um dia de adoração e reencontro com a Reconciliação Foto: Divulgação / Pascom de Tijucas

Pelo terceiro ano consecutivo, a Igreja em todo o mundo viveu as “24 horas para o Senhor”. Essa é uma iniciativa do Papa Francisco que ganhou mais destaque dentro do Jubileu da Misericórdia. Neste dia, a maioria das igrejas da Arquidiocese abriu suas portas durante 24 horas ininterruptas. Durante o período, as diferentes frentes de evangelização das paróquias e comunidades se revezaram em momentos de adoração ao Santíssimo Sacramento. E, também, padres estiveram à disposição para atender as confissões.

Aconselhando não levar duas túnicas, pedia para olhar as aves do céu e os lírios do campo, insistia no não se preocupar com o dia de amanhã... Deu e deu-se, porque o amor não sabe reservar nada para si.

Na Paróquia de Tijucas foram 24 horas de adoração

Um ato que já virou tradição em memória de diversos mártires

As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e Grupos Bíblicos em Família (GBF) promoveram a 5ª Caminhada dos Mártires, Santos e Profetas, no dia 06 de março, em Florianópolis. Teve início pela manhã, na Comunidade Nossa Senhora Mont Serrat, e terminou com a celebração eucarística presidida pelo arcebispo, Dom Wilson Tadeu Jönck, na Comunidade Nossa Senhora Aparecida, no Alto do Caeira. Fiéis das dioceses de Caça-

dor e Blumenau e das paróquias de Brusque, Ingleses e Campeche, além de comunidades locais, também participaram. A caminhada é um compromisso assumido no 11º Encontro Estadual das CEBs, de 2012, em Florianópolis. É um dos momentos para recriar a festa da vida e do compromisso. Foram lembrados também os 36 anos do testemunho do Beato Dom Oscar Romero na luta do seu povo, nas comunidades e no mundo.


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#compartilha Mais de 300 bispos se reúnem em Aparecida para a 54ª Assembleia Geral da CNBB A 54ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ocorre de 06 a 15 de abril, no Centro de Eventos Padre Vítor Coelho de Almeida, em Aparecida (SP). A assembleia, que reunirá aproximadamente 320 bispos dos 18 regionais da CNBB, terá como tema central: “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade”. E como temas prioritários, a 14ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, a conjuntura político-social, o Projeto “Pensando o Brasil” e as mudanças do quadro religioso no país. O arcebispo Dom Wilson, e os bispos das outras nove dioceses catarinenses também estarão presentes nesta assembleia. Programação A 54ª Assembleia Geral da CNBB iniciará no dia 06, às 07h30, com uma missa no Santuário Nacional de Aparecida. A cerimônia de instalação acontecerá no mes-

Irmã Maria Gema celebra Jubileu de Ouro de Vida Religiosa Zenaide Verônica Dalcin, que no Carmelo recebeu o nome de Irmã Maria Gema da Eucaristia, completa em abril 50 anos de consagração como Monja Descalça da Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. A missa festiva será celebrada no dia 17 de abril, às 08h30, no Carmelo Cristo Redentor, em São José, presidida pelo Arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck. Irmã Gema nasceu em Carlos Barbosa (RS) e desde os 20 anos de idade se dedica à vida religiosa, como carmelita. O Carmelo Cristo Redentor fica na Rua Monte Carmelo, 89, bairro Picadas do Sul, em São José.

mo dia, às 09h15, no auditório do Centro de Eventos Padre Vítor Coelho e será aberta à imprensa. Todos os dias, das 07h30 às 08h45 serão celebradas missas com laudes, no Santuário Nacional de Aparecida, com transmissão ao vivo pelas emissoras católicas de rádio e televisão. Os trabalhos da assembleia serão desenvolvidos em quatro sessões, sendo duas pela manhã (09h15 às 12h45) e duas à tarde (15h40 às 19h30). O retiro dos bispos iniciará no dia 09 de abril, às 15h30, e terminará no domingo, dia 10, às 12h, com uma missa no Santuário de Aparecida. O pregador será o presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi. No dia 12 de abril, às 18h, haverá sessão solene ecumênica. A cerimônia de encerramento será realizada no Centro de Eventos, no dia 15 de abril, às 10h30.

Imagem: Canção Nova

Com informações da Assessoria de Imprensa da CNBB

Em abril acontecem as ordenações diaconais na Arquidiocese

Dyego Delfino e Murilo Guesser

No dia 17 de abril, às 15h, a Arquidiocese de Florianópolis se encontra com alegria para a ordenação diaconal dos seminaristas Dyego Delfino e Murilo Guesser. A celebração será conduzida por Dom Wilson Tadeu Jönck e acontece na Paróquia Sagrados Corações, bairro Barreiros, em São José. Dyego e Murilo percorreram a trajetória vocacional nos seminários diocesanos e atualmente desenvolvem atividades pastorais, respectivamente, na Paróquia Nossa Senhora do Desterro, Catedral de Florianópolis; e na Paróquia São Joaquim, Garopaba. Serviço Ordenações diaconais 17/04 | 15h | Paróquia Sagrados Corações Barreiros - São José

Encontro das esposas dos diáconos ocorre neste mês Acontecerá nos dias 15 a 17 de abril, no Provincialado das Irmãs da Divina Providência, em Florianópolis, o encontro das esposas dos diáconos da Arquidiocese de Florianópolis. O objetivo é uma maior comunhão das esposas e confraternização. Os assessores serão o psiquiatra Marcos Zaleski e a psicóloga Jaira Freixiela Adamczyk. No domingo, 17, os diáconos participam de “jornada conjunta” com as esposas. O Pe. Ewerton Martins Gerent vai assessorar a jornada e presidir a missa. O encontro anual das esposas é sempre muito esperado por elas. É um momento em que podem trocar experiências de sua missão, que é estar ao lado do esposo e diácono no serviço à Igreja de Jesus Cristo.

Esposas acompanharam os diáconos durante a ordenação


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nossa fé

Ressurreição e misericórdia

Lembremos da água: fonte de vida

Pe. Vitor Galdino Feller

Fernando Anísio Batista

No Tempo Pascal do Ano da Misericórdia somos convidados a reconhecer que é pela morte e ressurreição de Jesus que Deus Pai transmite-nos a sua misericórdia, libertando-nos de todo o pecado e de todo o mal.

Não pela Lei Para o apóstolo Paulo a salvação vem da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Ele denunciava os judaizantes que punham a confiança salvífica nas obras da lei. Como se pudessem alcançar a salvação pela simples prática dos mandamentos. Era a tentação dos fariseus. Também hoje, dentro da Igreja, há os que confiam no muito que sabem, podem e fazem. E esquecem da necessidade absoluta da graça divina. Como Paulo, o papa Francisco assevera: “Não é a observância da lei que salva,

mas a fé em Jesus Cristo, que, pela sua morte e ressurreição, traz a salvação com a misericórdia que justifica” (MV 20).

de Cristo é o juízo de Deus sobre todos nós e sobre o mundo, porque nos oferece a certeza do amor e da vida nova” (MV 21).

Além da justiça

Sem limites

Na Páscoa de Cristo, a misericórdia vai além da justiça. A misericórdia não nega, mas supõe e supera a justiça. A justiça é necessária, porque revela a importância da prática dos mandamentos, ajuda o pecador a pagar sua pena, reconcilia-o com Deus, com a comunidade e a sociedade, favorece o início da conversão e a mudança de vida. Mas a justiça por si só não é suficiente. Na ressurreição de seu Filho, Deus não se detém na justiça, mas revela sua justiça na forma de misericórdia. “Esta justiça de Deus é a misericórdia concedida a todos como graça, em virtude da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Portanto a cruz

No Tempo Pascal somos convidados a experimentar o amor sem limites de Deus. Entregando-se à morte, Jesus ama “até o fim” (Jo 13,1). Ressuscitando o seu Filho, o Pai vence todo o mal presente no mundo e confirma que nenhuma maldade conseguirá superar o seu amor, que destrói todo pecado. “O perdão de Deus para os nossos pecados não conhece limites. Na morte e ressurreição de Jesus Cristo, Deus torna evidente este seu amor que chega ao ponto de destruir o pecado dos homens. É possível deixar-se reconciliar com Deus através do mistério pascal e da mediação da Igreja” (MV 22).

Encontre esse e outros artigos em: www.arquifln.org.br

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Todo ano, o tema da Campanha da Fraternidade apresenta mais do que um conteúdo social para reflexão. Busca também desenvolver ações que visem contribuir com a resolução da problemática apresentada. Neste ano, o tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica é muito próximo de cada pessoa e instituição. O recorte temático é o saneamento básico, que se constitui de um conjunto de medidas adotadas numa determinada comunidade, que são: o abastecimento de água potável, o esgoto sanitário, a limpeza urbana, o manejo de resíduos sólidos e a drenagem das águas pluviais. No dia 22 de março, foi comemorado o Dia Mundial da Água, criado pelas Nações Unidas, em 1988. O Papa Francisco lembra que a água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, que não pode tornar-se em mercadoria e ser privatizada (LS 30). Diante da realidade que

vivemos, cabe perguntarmonos: O que fazemos para dar o devido valor à água que consumimos? Que atitudes temos para preservá-la e poupá-la? Enquanto cristãos poderíamos realizar diversos gestos concretos a partir da temática da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016, tais como: reaproveitamento da água da chuva em nossas casas e igrejas; reciclagem do lixo, principalmente das festas dos padroeiros; coleta do óleo usado, entre outras. Cabe a cada pessoa tornar a teoria da Campanha da Fraternidade uma realidade concreta de transformação nas comunidades. Cabe a cada CPC (Conselho de Pastoral da Comunidade) incluir nas suas atividades uma reflexão e um direcionamento de ações que podem contribuir com a vida no planeta. A responsabilidade é de todos, mas a iniciativa, o primeiro passo, a mudança de atitudes e de cultura deve ser de cada pessoa.


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capa

Cada dia é uma oportunidade para ressuscitar O que é “ressuscitar”? No Catecismo da Igreja Católica (CIC), encontrase a resposta. “Na morte, que é a separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai na corrupção, ao passo que sua alma vai ao encontro de Deus, ficando à espera de ser novamente unida a seu corpo glorificado. Deus, em sua onipotência, restituirá definitivamente a vida incorruptível a nossos corpos, unindo-os às nossas almas, pela virtude da ressurreição de Jesus”. De fato, Jesus ressuscitou, como narra o apóstolo São João no capítulo 20 do Evangelho: “No primeiro dia da semana, Maria Madalena vai ao sepulcro, de madrugada, quando ainda estava escuro e vê que a pedra fora retirada do sepulcro. Corre e vai a Simão Pedro e ao outro discípulo, que Jesus amava, e lhes diz: ‘Retiraram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o colocaram’... Então,

entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: e viu e creu. Pois, ainda, não tinham compreendido que, conforme a Escritura, ele devia ressuscitar dos motos” (João 20,1-2.8-9). A própria Escritura aponta que, num primeiro momento, a ressurreição de Jesus deixa incrédulos até mesmo os discípulos. Mas pela graça de Deus, eles logo se convencem. “Cristo ressuscitou com seu próprio corpo – ‘Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo!” (Lc 24,39). Ele, porém, não voltou à vida terrestre. Da mesma forma, nele todos ressuscitarão com seu próprio corpo, que têm agora, porém, este corpo será ‘transfigurado em corpo de glória’ (Fl 3,21), em ‘corpo espiritual’ (1Cor 15,44), explica o CIC. Ressuscitar, portanto, é a meta para todo cristão. Mas é um convite para todos os dias.

Ressurreição e vida nova “Está no Estatuto, ao exercer o voluntariado, vamos exercer a misericórdia na prática”. Assim, o cofundador da Comunidade Católica Abbá, Pai, Bernardo Silva Junior, 47 anos, afirma que experimenta a ressurreição na misericórdia para com os presos em Florianópolis, no desejo que cada um tem por uma vida nova. Há 14 anos, ele e o fundador, Ivano Alves Pereira, atuam na Pastoral Carcerária, com o Pe. Ney Brasil, nas visitas aos sábados. Bernardo cita que essa prática “nos dá maturidade para viver bem a misericórdia. E como nos faz bem, ser misericórdia. Padre Ney liga na sexta-feira e diz: ‘coragem, Bernardo, coragem, Ivano! Vamos’. Estamos ali para viver o Evangelho: estava preso e fostes me visitar”. Recentemente, Bernardo conta que encontrou um ex-detento ao final de uma missa. Ele conseguiu um trabalho, casou, frequenta a igreja e, em lágrimas, este homem desabafou que a visita da pastoral, quando estava no presídio, ajudou muito. “Essa ressurreição eu vejo neles, uma alegria pelo desejo de recomeçar. A gente vê no olhar, na comoção. Só Deus mesmo para tocar o coração deles e lhes dar uma nova vida”, observa o voluntário. Olhar para o detento e ver nele um irmão, não julgar. Bernardo comenta que o Papa diz: “por que ele está preso e não eu?”. “Ele é um ser humano digno de perdão. Isso me transforma e me faz experimentar a ressurreição. Eles têm que pagar o delito, sim, mas dizemos para eles que podem mudar. Toca no meu coração e me faz ter um olhar de misericórdia e não de julgamento para todas as pessoas. Nestes 14 anos já amadureci. Nosso Deus é o Deus da vida. A morte nunca será a solução, porque a vida vence a morte, porque Jesus venceu a morte e disse: ‘Eu vim para que todos tenham vida e em abundância’”.


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Ressurreição no Sacramento da Reconciliação Para o pároco da Paróquia do Santíssimo Sacramento, de Itajaí, Pe. Sérgio José de Souza, a ressurreição acontece, de modo particular, pelo sacramento da Reconciliação. “O pecado nos tira a força, a vida. O perdão ressuscita a criatura humana. Do pó se faz uma nova criatura. Porque a misericórdia de Deus não tem limite e o seu perdão também não”, destaca o padre. Neste Ano da Misericórdia, Pe. Sérgio diz que tem testemunhado a busca intensa das pessoas para se reconciliarem com Deus. Ele explica que os fiéis têm retomado toda a sua história. “O convite de Deus é este: sede santos, como nosso Pai do céu é santo. O sangue de Jesus tem poder, é por ele que somos curados de toda ferida que o pecado causa. E no calvário, a cruz se tornou a árvore da vida”, sublinha o padre. Ele continua ao enfatizar que “o nosso Deus é o Senhor da vida e deseja visitar a cada um para nos dar o banho do seu amor que nos gera para uma nova vida. Ressuscitemos com o Senhor, que é o Deus da vida. A ressurreição é a vida em sua plenitude, vida com Deus”.

Ressurreição na família Ela tem apenas 24 anos, mas uma experiência de nove anos nas ruas, em uma vida sem sentido. Cacilda Diana Alves, natural de Joaçaba (SC), lembra que a mãe a deixou com a avó, quando ela tinha três meses de vida. Nunca conheceu o pai. Foi batizada na Igreja Católica e a avó a conduziu para os caminhos da iniciação à vida cristã. “Os jovens têm que ter a consciência de que através da família é que a pessoa se torna alguém e melhor”, assegura Cacilda. Foi coroinha, líder da Infância Missionária e ajudante de catequista. Na transição dos 13 para os 14 anos, veio morar com a avó em Florianópolis. Nesta mudança, passou a sofrer bullying na escola e um dia decidiu escolher um grupo do qual puedesse fazer parte. Entrou no mundo do rock e aos poucos começou a ir em baladas, conheceu o álcool, o cigarro e a droga. Faltava aula todo dia, fugia de casa e começou a brigar com a avó que era tida como mãe e amiga. “Me tornei um zumbi, era uma personagem que surgiu para que aquela Diana não fosse bulinada e pisada”, explicou. Dos 14 até os 22 anos foi esta vida, de rua, festas, drogas. A avó cansou e voltou para Chapecó. “Ela passava noites chorando e rezando pela minha conversão, para que eu voltasse a ser a Diana de antes”, relata. Na noite do Natal de 2013, ela brigou com a amiga com quem morava e foi parar na rua, com vários usuários de drogas. Ao ouvir o depoimento de um deles que disse: “eu escolhi o álcool e não a minha família”, teve um choque. “Aquilo

me fez acordar. Parecia que aquela zumbi que havia morado dentro de mim durante nove anos, tinha morrido. Eu disse para ele: anota num caderno. Vou engolir meu orgulho, pedir desculpa para minha família e voltar a ser a Diana que sempre fui”, afirmou. A jovem se emociona ao contar que naquela noite sonhou com Deus. “Deus me acariciava e dizia que me amava mais que tudo. E que aquele tempo foi para que eu me tornasse a mulher que ele queria que eu fosse”. Dois dias depois, com ajuda de um amigo, ligou para família. Em janeiro de 2014, a avó volta para Florianópolis e Cacilda Diana faz um acampamento de jovens católicos. Tudo mudou depois. Na noite da Páscoa daquele ano, a avó sofre um AVC e vem a óbito, aos 85 anos. Resultado: Cacilda caiu em depressão e recaiu nas drogas. Mas em outubro, ela pediu ajuda para uma nova comunidade que a levou para ser internada na Fraternidade O Caminho, no dia 06 de outubro de 2014. No dia de Santa Clara, 11 de agosto de 2015, a moça começa uma nova vida. Hoje trabalha de carteira assinada, frequenta um grupo de oração toda semana e tem um sonho: “estar e permanecer em Deus e ajudar a salvar pessoas que tiveram histórias de vida semelhantes, aqueles que já perderam a esperança de viver. Só Deus pode fazer reviver qualquer pessoa. Levar outras pessoas para o mesmo caminho de ressureição que eu tive”.


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bíblia Lectio Divina

Festa da Divina Misericórdia A relação dessa festa com o 2º Domingo Pascal começou na Polônia nos anos 90 e em 2000 foi expandida à Igreja universal. O privilégio de um objetivo, próprio da liturgia, ainda mais num tempo forte, neste caso, o pascal, leva a perguntar até que ponto foi correto relacionar a justa devoção, testemunhada por Santa Faustina, com uma liturgia específica. Devo dizer que devemos superar a simples devoção – não negar, mas ir além ou melhor embasar – a partir de elementos que estejam presentes na liturgia desse Domingo Pascal. O 2º Domingo de Páscoa está relacionado com a iniciação cristã, a qual tinha e tem seu auge na Vigília Pascal. Com ele se conclui a Oitava de Páscoa. Durante os séculos, foi chamado Domingo post albas ou in albis, referindo-se então à veste branca batismal que era deposta no sábado da Oitava. Bem, isso é suficiente para entender que o tema batismal e iniciático é o tema de fundo. Mas, cadê a misericórdia nesse Domingo? Demos atenção ao Sl 117 que se repete em todos os três anos, embora variando versículos. “Eterna é a sua misericórdia”, assim cantamos com o refrão e a primeira estro-

Pe. Wellington Cristiano da Silva

fe, o que serve de base para o início da coleta: “Ó Deus de eterna misericórdia”. O versículo 16ab especifica melhor: “A mão direita do Senhor fez maravilhas, a mão direita do Senhor me levantou”. Sabemos bem quem é simbolizado pela mão ou o dedo de Deus. O Evangelho, sempre Jo 20,19-31, narra o famoso encontro entre o Ressuscitado e Tomé. No início, Jesus disse “Recebei o Espírito Santo” e a consequência é o perdão dos pecados. Quanto a isso, são ilustrativas as fórmulas da Unção dos Enfermos e da Reconciliação: “pela sua infinita misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo”. E “Deus, Pai de misericórdia, que, pela morte e ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados”. Ou seja, a misericórdia do Pai encarnou-se, morreu e ressuscitou em Jesus Cristo. Ela é dinâmica! E este é o aspecto que devemos recuperar: o dom cristológico principal, o Espírito, que nos vem pela carne gloriosa de Cristo.

Por Pe. Rafael Aléx Lima da Silva - Liturgista

Lectio (leitura) “Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão” (Lc 24,35).

Meditatio (meditação) Sem rumo, frustrados e desanimados, os discípulos de Emaús, deixando Jerusalém, não conseguem reconhecer a vitória do Ressuscitado. Mas Jesus Ressuscitado se aproxima e começa a caminhar com eles. Pela escuta atenta da Palavra e no partir do pão, os discípulos reconhecem o Cristo presente e atuante na história humana. A experiência do encontro com o Senhor fez seus olhos se abrirem e seus corações arderem. No relato do encontro do Ressuscitado com os discípulos de Emaús, Lucas insiste na presença real de Jesus na vida e no caminho da comunidade de fé. A experiência de fé passa por um processo de amadurecimento pessoal, num itinerário que culmina no encontro com o Senhor e no reconhecimento de sua constante presença na história.

Oratio (oração) “Fica conosco, Senhor, pois já é tarde e a noite vem chegando!” (Lc 24,29).

Contemplatio (contemplação) No partir do pão, “os olhos dos

discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus”. Contemplemos, com os olhos da fé, a presença mística e real de Cristo nos sinais que ele mesmo nos dá.

Missio (missão) Consolados e repletos da esperança da ressurreição trazida pela vida nova em Cristo Jesus, os discípulos voltaram para Jerusalém, o lugar onde Jesus venceu, e lá encontraram os 11 reunidos com os outros. Como missionários, contaram tudo o que havia acontecido no caminho de suas vidas e como reconheceram Jesus no pão partilhado e na Palavra anunciada. De fato, o pão, a palavra e a partilha trouxeram novo vigor aos discípulos de Emaús. Nisto consiste nossa missão: anunciar a experiência da ressurreição, o encontro com o Senhor e sua presença viva na Palavra, na Eucaristia e no amor partilhado com os irmãos e irmãs.

Conhecendo o livro dos Salmos Pe. Ney Brasil Pereira

Salmos 119 (118): O Salmo da Lei (III) Creio que vale a pena, antes de comentarmos mais algumas estrofes deste grande “Salmo da Lei”, reproduzir aqui a síntese que dele encontramos na segunda parte do Salmo 19 (18), o salmo que começa exaltando a glória do Deus criador e, nos versículos 08 a 11, canta os louvores da Lei. Vejamos, então, esses quatro versículos: (v.8) A lei do Senhor é perfeita, conforto para a alma; / o testemunho do Senhor é verdadeiro, sabedoria dos humildes. (v.9) As ordens do Senhor são justas, alegram o coração; / os mandamentos do Senhor são retos, iluminam os olhos. (v.10) O temor do Senhor é puro, dura para sempre; / os julgamentos do Senhor são fieis e justos, (v.11) mais pre-

ciosos que o ouro, que muito ouro refinado; / mais doces que o mel, e que o licor de um favo. Neste Salmo 119, porém, não temos a síntese, mas o desdobramento desses louvores da Lei em nada menos que 176, num total de 22 estrofes. Alguém comparou cada uma das 22 estrofes a um “carrilhão de oito sinos”, bimbalhando em louvor da Lei, cada sino representando um dos oito sinônimos que o salmista comenta incansavelmente em cada estrofe, fazendo ressoar, em cada uma delas, sempre novas variações. Já estudamos oito estrofes. Vejamos, agora, mais quatro.

Leia os versículos do 65 ao 96 e reflita: 1) Por que é importante o dom do discernimento? 2) Em que sentido a humilhação é útil e, muitas vezes, necessária? 3) Qual a consequência de Deus nos ter “plasmado” com suas mãos? 4) Em que sentido o salmista se compara a um odre esfumaçado? 5) Qual o sentido profundo da curta expressão “sou teu”, dirigida a Deus?

A análise completa desse salmo se encontra no site da Arquidiocese: www.arquifln.org.br.


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Jornal da Arquidiocese, Abril de 2016

evangelização

Encontros com pais e responsáveis de catequizandos começam em abril Celebração e formação fazem parte do itinerário da Iniciação à Vida Cristã Tem início neste mês de abril a primeira etapa do novo itinerário da Iniciação à Vida Cristã (IVC) na Arquidiocese de Florianópolis. Nos meses de fevereiro e março, as paróquias realizaram o período de inscrição dos novos catequizandos. Agora começam os encontros com os pais, familiares e responsáveis das crianças que iniciam, neste ano, a caminhada de IVC. “Entendemos que a participação dos pais ou responsáveis é fundamental na caminhada de fé dos filhos”, assinala o Arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck. “É de suma importância que alcancemos primeiro os adultos”, reitera a coordenadora arquidiocesana da animação bíblico-catequética, Irmã Marlene Bertoldi. Segundo o percurso projetado, nos próximos meses os responsáveis são convidados a participar de encontros quinzenais, compostos por momentos de motivação, leitura da Palavra de Deus, oração e reflexão, em vista do aprofundamento da fé. A partir de agosto é que as crianças passam a participar efetivamente de encontros semanais, após a Celebração da Acolhida. “O nosso povo está acostumado a ter como meta o sacramento. Não queremos mais essa configuração. Os cristãos devem ter

Foto: Divulgação / Catequese

do Brasil (CNBB), desde 2008. Na Arquidiocese ganhou ênfase desde a aprovação do 13º Plano de Pastoral em 2012. O itinerário – válido apenas para aqueles que ingressarem neste ano; os demais permanecem no modelo antigo – prevê que o catequizando faça um caminho de cinco anos, aonde vive intensamente os tempos litúrgicos da Igreja, e passa da acolhida à missão e discipulado na comunidade. “As celebrações dos sacramentos da Eucaristia e da Crisma acontecerão no período da Páscoa e Pentecostes, respectivamente”, explica Irmã Marlene. Não há mais aquele período de espera entre a catequese da Primeira Eucaristia e Catequistas da Arquidiocese receberam formações durante o ano na Paróquia de Tijucas da Crisma. O participante segue um caminho contínuo rumo a uma vivência conscomo objetivo o seguimento de Jesus Cristo”, escla- tante da fé, aponta o subsídio “Metodologia Catequérece Irmã Marlene. “Tendo uma fé clara e convicta, tica”, desenvolvido pela coordenação arquidiocesana o sacramento vem como consequência, sendo ele o de catequese. resultado de uma fé assumida”, define. Durante o período de preparação para este novo passo, a Arquidiocese se empenhou na produção Processo de materiais e conteúdos que vão auxiliar os catequistas nesta etapa. Esses subsídios estão dispoO novo formato da Iniciação à Vida Cristã já é níveis nas paróquias ou podem ser solicitados pelo discutido pela Conferência Nacional dos Bispos telefone (48) 3224-4799. Foto: Paróquia de Biguaçu

Coroinhas ao serviço do altar A presença de coroinhas nas celebrações litúrgicas da Igreja vem de longa tradição. O novo na Arquidiocese foi a criação de uma Pastoral de Coroinhas, por iniciativa da Irmã Clea Fuck, da Congregação da Divina Providência. Em 1993, iniciou na Paróquia São Sebastião, em Tijucas, com o apoio do então pároco, Pe. Pedro Luiz Azevedo, um primeiro grupo de coroinhas, meninos e meninas. Hoje, a Pastoral realiza encontros anuais de coroinhas, por foranias. “Uma nova semente que brotou na Arquidiocese, na passagem para o novo milênio”, afirma Ir. Clea. Coroinhas são meninos e meninas, adolescentes e jovens, que servem ao altar, no presbitério, também chama-

do coro. Daí o nome de “coroinhas”. Sua função específica consiste em servir o presidente da celebração, em determinados momentos do rito sagrado. “A Pastoral dos Coroinhas está no meio de duas pastorais imprescindíveis na vida da Igreja: a Pastoral Litúrgica e a Pastoral Vocacional”, explica Ir. Clea, que acrescenta: “é um terreno propício para uma vocação sacerdotal e religiosa”. Mas, ela ainda frisa: “ser coroinha não significa que é para ser padre ou freira; é para ser coroinha”. O seminarista Saymon Alves Meyer, 20, despertou para a vocação sacerdotal quando começou a ser coroinha, aos quatro anos de idade, em Anitápolis. “Minha avó fez uma túnica

A Arquidiocese conta com mais de três mil coroinhas nas diversas paróquias

para mim, o padre deixava eu usá-la e eu o acompanhava em algumas comunidades”, conta Saymon. Em 2003, quando Pe. Lúcio Santos assumiu a paróquia de Anitápolis, criou um grupo de coroinhas, no qual o jovem se engajou, até os 14 anos. “Viver nesse meio, ajudar os padres, ver o exem-

plo de vida do Pe. Lúcio, sua vida de oração, me impulsionou ainda mais a entrar no seminário, em 2011”. A Arquidiocese conta hoje com aproximadamente 3.675 coroinhas. Destes, 2.166 são meninas e 1.278, meninos.


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evangelização

Movimento de Irmãos com novidades para 2016 Uma comissão arquidiocesana foi constituída para rever o regimento interno Imagem: Divulgação / MI

O Movimento de Irmãos da Arquidiocese de Florianópolis conta, desde o dia 04 de dezembro de 2015, com nova coordenação. Nelson e Sandra da Silva passaram a missão para o casal Norberto e Gleuse Jung. Eles pertencem à Paróquia Santo Antônio, em Campinas, São José e participam do movimento há 28 anos. “Fortalece nossa fé, formamos novas amizades, é uma aproximação dos casais com seus filhos”, afirma Norberto. Entre as novidades, foi constituída uma comissão arquidiocesana, com oito casais, das quatro áreas do movimento. O objetivo é adequar e revisar o Regimento Interno Arquidiocesano ao Estatuto Nacional, aprovado em 11 de abril de 2015. Também no mês de fevereiro foi promovido um seminário arquidiocesano do qual participaram 300 lideranças. O Movimento É um grupo formado por casais, uni-

Caridade social

dos pelo sacramento do Matrimônio, engajados nas atividades paroquiais, para viverem a obediência ao Evangelho, o amor a Deus, à família, ao próximo, a unidade fraterna e os serviços à Igreja. O início O movimento surgiu a partir do Concílio Vaticano II. Foi fundado na Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba, pelo então pároco, Monsenhor Bernardo Krasinski. Na Arquidiocese, começou na Paróquia Santíssimo Sacramento, em Itajaí, em 1975, pelos padres Agostinho Staehelin e Luiz Bertotti. Expandiu-se para outras paróquias, com o apoio dos padres José Manoel dos Santos (Pe. Maneca) e Luiz Carlos Rodrigues (Pe. Luizinho – in memoriam). Hoje está presente em 42, das 71 paróquias da Arquidiocese.

Casal Norberto e Gleuse Jung são os novos coordenadores na Arquidiocese

Atividades Os casais participantes atuam nas diversas frentes de serviço das paróquias. Ocupam funções de liderança junto às pastorais, grupos e movimentos, onde desenvolvem um trabalho pastoral consciente em favor da família.

Como participar O casal unido pelo sacramento do Matrimônio, interessado em fazer parte, pode procurar informações na paróquia próxima de sua casa. Depois deste contato, o casal participa de um retiro espiritual de dois dias.

Pastoral da Saúde de Garopaba é destaque na produção de fitoterápicos

Quando o assunto é saúde, a Paróquia São Joaquim, em Garopaba, é exemplo de doação e serviço. Há 15 anos foi criado o Grupo Vida e Saúde, da Pastoral da Saúde, que beneficia pessoas carentes, asilos e hospitais. Atualmente, todas as terças e quintas-feiras, 12 voluntárias produzem fitoterápicos, tinturas, pomadas e xaropes, tudo à base de ervas medicinais. A coordenadora da Pastoral da Saúde da PaTrabalho manual é feito com dedicação pelos voluntários róquia há 10 anos, Maria Luiza Tarquinio, explica que as ervas utilizadas são aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Produzimos fitoterápicos para dor muscular, gripe e outros problemas. Muitos médicos mandam o paciente procurar nossos medicamentos”, ressalta Maria Luiza. Maria Lucas da Silva Mello, 73 anos, é voluntária desde 2015. Todas às quintas-feiras ela ajuda voluntariamente, na venda dos homeopáticos. “Antes eu era da Ação Social. Agora estou aqui e o trabalho das voluntárias, na produção dos medicamentos, é maravilhoso. Elas se doam mesmo”, constata a aposentada. São atendidas aproximadamente 200 pessoas semanalmente. Quando a pessoa que procura o medicamento da Pastoral da Saúde é carente, o mesmo é for-

necido gratuitamente. Mas, em geral, é vendido a preço de custo, apenas para as voluntárias conseguirem recursos para reporem o material. Há também a visita de uma voluntária da Pastoral nos asilos, para ver o que os idosos precisam. Então, diante da demanda, o grupo oferece, em geral, pomadas e xaropes. A Pastoral da Saúde da Paróquia atua junto ao Conselho de Saúde de Garopaba. Para a coordenadora, este é um serviço gratificante. “Ganho mais fazendo esse trabalho voluntário, do que se recebesse dinheiro. Eu recebo em dobro pelo carinho das pessoas, sabendo que faço o bem”, garante Maria Luiza Tarquinio. Fotos: Divulgação / Ação Social

Colaboradores da Pastoral da Saúde da Paróquia


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evangelização Encontro para universitários destaca união entre razão e fé Evento acontece de 15 a 17 de abril, em Palhoça Foto: Divulgação

Cronograma de abril 02/04 | Encontro Coord. Paroquiais Ministros Ext. Comunhão | Itapema 03/04 | Domingo da Divina Misericórdia | Igrejas Jubilares 10/04 | Formação Missionária – Região Sul | Barreiros 15 a 17/04 | Encontro das Esposas dos Diáconos | Provincialado 17/04 | Jornada de Formação Diáconos | Provincialado 17/04 | Ordenações Diaconais – Dyego Delfino e Murilo Guesser | Barreiros 21 a 24/04 | Retiro Curados para Amar – Com. Shalom | Florianópolis 23/04 | Escola de Liturgia da Arquidiocese | Barreiros 23 e 24/04 | RCC – Encontro Regional Ministério de Pregação | Joinville 23 a 26/04 | Retiro de Páscoa – Ceia Pascal Judaica | Morro das Pedras 24/04 | Escola de Formação Catequética para Multiplicadores | Tijucas 24/04 | Formação Missionária – Região Norte | Itajaí 28/04 | Cursilho Feminino | Florianópolis 30/04 | Encontrão da Pastoral da Saúde | Barreiros 30/04 | Assembleia Geral da ASA | Biguaçu 30/04 a 01/05 | Encontro Casais em Segunda União | Itajaí

Inscrições podem ser feitas pelo endereço bit.ly/sotenhohoje

“Só tenho o hoje” é o convite da Comunidade Católica Shalom para os universitários participarem de um encontro de formação, de 15 a 17 de abril. “Uma proposta de encontro com a verdade que tanto se busca e pode ser encontrada pela razão e a fé”, explica a coordenadora da Secretaria Jovem da Missão de Florianópolis, Mayara Cutrim. O evento, que acontece no Rancho Serra Mar, em Palhoça, aborda questionamentos como: “O que é o hoje? O que é o tempo? Como fazer escolhas? Como acertar nas decisões se eu só tenho hoje?”. O encontro também “é uma oportunidade para um fim de semana diferente em meio às correrias do ambiente universitário, muitas vezes estressante, além da descoberta de novas experiências”, argumenta a missionária. As inscrições podem ser feitas através do endereço bit.ly/sotenhoho-

je ou pessoalmente no Centro Católico de Evangelização Shalom (Rua Santos Dumont, 124, Florianópolis). O passaporte é de R$ 120,00 e inclui alimentação, transporte e inscrição, podendo ser pagos à vista, cartão de crédito ou depósito bancário. Sobre a motivação de um retiro exclusivamente para universitários, Mayara fala sobre o trabalho do carisma Shalom. “Nascemos em meio aos jovens e temos predileção por eles. E são os colégios e universidades os locais privilegiados para encontrá-los. Visto que evangelizamos os jovens com os jovens e não para os jovens, a Comunidade vê exatamente o protagonismo dos mesmos nessa empreitada de evangelização”, destaca. Mais informações estão disponíveis na fanpage facebook.com/ shalomfloripa ou pelo telefone (48) 3223-7801.

Retiro “Só tenho o hoje” para universitários 15 a 17 de abril | Racho Serra Mar - Enseada de Brito Inscrições: R$ 120,00 | bit.ly/sotenhohoje Informações: facebook.com/shalomfloripa - (48) 3225-7801

Acesse o calendário completo em www.arquifln.org.br

PJ promove encontro formativo para líderes Imagem: Divulgação / PJ

A Pastoral da Juventude (PJ) reuniu, de 26 a 28 de fevereiro, coordenadores e lideranças dos grupos da Arquidiocese para discutir o tema: “Eu vim para servir” (Mc 10,45). O Arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck, participou do evento e ministrou a catequese sobre “o Ano da Misericórdia e o jovem”. “Esse evento faz parte de um processo de formação de lideranças para a Igreja e para a sociedade, assumido pela PJ desde que iniciou seus trabalhos na Arquidiocese, há cerca de 42 anos”, explicou o coordenador arquidiocesano da PJ, Ga-

briel de Souza. Dentre os participantes estava a jovem Beatriz Kretzer, da Paróquia São João Evangelista de Biguaçu. Ela comenta que o “O Encontro para Coordenadores e Lideranças ajuda no crescimento dos grupos dos quais as lideranças fazem parte e também no desenvolvimento pessoal delas. É como dizem: não dá pra iluminar o caminho de alguém – do grupo, no caso – sem iluminar o teu próprio, principalmente quando vocês caminham lado a lado”. Ainda este ano acontece o 2º Encontro de Pjoteiros, no dia 16 de outubro, em Itajaí.


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geral

A simplicidade de ser sobrinho de uma santa

O ROSTO DA MISERICÓRDIA

Fotos: Andrieli Minatti

Pe. Vitor Feller

Síntese da Bula do Jubileu da Misericórdia

Tio Atílio com o filho Agenor, a nora Maria e o neto recém-nascido

No dia 04 de março, completou 99 anos de idade o senhor Alexandre Atílio Visintainer, único sobrinho, ainda vivo, de Amábile Lúcia Visintainer, mais conhecida como Santa Paulina. Tio Atílio, como é chamado no bairro Vígolo, em Nova Trento, é filho de Marta e Manoel Benjamin Visintainer, o segundo irmão da Santa, falecido em 1976. Santa Paulina teve 13 irmãos. O produtor de vinho artesanal aposentado vive na casa humilde, cercada por uma pequena plantação de uvas e é assistido pelo filho Agenor Visintainer e a nora Maria Ivania. Ele tem 14 filhos – um faleceu ainda pequeno –, 35 netos e 20 bisnetos. A esposa faleceu há 23 anos. Com sotaque italiano, tio Atílio explica que a última vez que viu a tia Santa foi quando faleceu o pai dela, Antonio Napo-

leone Visintainer. “Eu era pequeno quando Santa Paulina deixou Nova Trento para ir a São Paulo”, relata. Isto foi com aproximadamente 10 anos de idade. Da tia Santa, Atílio Visintainer herdou a fé, a oração constante e a caridade para com o próximo. A nora conta que ele acorda cedo, toma café e vai para a frente da televisão para assistir as missas e o terço. “Tenho a reza. Se eu não rezar, não tenho nada. Todo dia eu rezo para Santa Paulina, Nossa Senhora Aparecida, Sagrados Corações de Jesus e de Maria. O Imaculado Coração de Maria é o nosso coração”, conta o sobrinho da Santa. “É uma bênção uma pessoa chegar nesta idade. Ele mantém a tradição da comida italiana, come polenta, sopa de feijão e linguiça com pão”, afirma Maria que o ajuda diariamente. O esposo Agenor, filho do Atílio, explica que é uma honra ter um pai vivo nesta idade. Agenor afirma que o pai “é um exemplo de vida que passa para nós, os filhos, de uma vida natural, na roça, sem muito dinheiro, sempre rezando. A fé, a esperança e a caridade, as três são importantes, como meu pai sempre nos ensinou e cultivou”. De Santa Paula, ele também herdou a preocupação com o próximo. O segredo para o sobrinho da religiosa chegar aos 99 anos? Ele mesmo conta: “eu fiz um contrato com o Pai lá em cima para chegar aos 100 anos, aqui nesta casa. Falta pouco agora”, sorri tio Atílio.

O que é a misericórdia divina? Em toda a Sagrada Escritura, a misericórdia é a palavrachave para indicar o agir de Deus para conosco. A misericórdia divina é a sua responsabilidade por nós. Do mesmo modo, devemos ser misericordiosos com o próximo. A arquitrave que suporta a vida da Igreja é a misericórdia, diz o papa (nº 10). No Antigo Testamento, a misericórdia de Deus não é uma ideia abstrata, mas uma realidade concreta, pela qual ele revela o seu amor. Muitos salmos falam da misericórdia divina, com verbos que indicam a ação bondosa de Deus em favor de seu povo: perdoa toda culpa, cura todas as doenças, salva a vida do fosso (Sl 103,34), livra os prisioneiros, devolve a vista aos cegos, levanta os caídos, ama os justos, protege os estrangeiros, ampara o órfão e a viúva (Sl 146,7-9), cura os corações atribulados (Sl 147,3). Sua bondade prevalece sobre o castigo e a destruição. “Eterna é a sua misericórdia”, repete o salmo 136. Não só na história, mas também na eternidade, o

ser humano estará sempre sob o olhar misericordioso do Pai (MV, 6-7). No Novo Testamento, na nova aliança, esta misericórdia se realiza no ministério de Jesus. Os sinais que realiza em favor dos pecadores, pobres, marginalizados, doentes, mulheres, crianças, são caracterizados pela misericórdia. Tudo em Jesus fala de misericórdia. Ele teve compaixão do povo, curou os doentes, alimentou as multidões, libertou os endemoninhados, chamou pecadores ao seu seguimento. Em tudo o que Jesus disse e fez revelou-se, de modo sublime, a misericórdia de Deus. Nas três parábolas dedicadas à misericórdia (Lc 15,1-31), Deus é apresentado sempre cheio de alegria, sobretudo quando perdoa. Nelas, diz o papa, encontramos o núcleo do Evangelho e da nossa fé. Programação do Jubileu: 02 de maio Jubileu da Misericórdia dos colaboradores da Mitra Santuário de Angelina 02 de junho Jubileu da Misericórdia dos Presbíteros Santuário de Azambuja


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