Jornal da Arquidiocese | nº 223 | maio de 2016

Page 1

Jornal da

ARQUIDIOCESE

FLORIANÓPOLIS, nº 223

Fórum Social

Estudo sobre imigração | 4

MAIO DE 2016

Pastoral Familiar

Preparação para o matrimônio | 9

Bispos em Aparecida

Aprovado documento sobre os leigos | 11


Jornal da Arquidiocese, Maio de 2016

2

opinião

Cristãos na Igreja e na sociedade

Mês das mães e de muitas informações e formações A edição deste mês está com uma leitura para lá de agradável. Afinal, tem coisa melhor do que falar de mãe, do seu dom divino à maternidade, de criar, educar, de amar, enfim, os filhos e a família? Nas páginas centrais do Jornal da Arquidiocese, você conhece histórias de verdadeiras guerreiras que fizeram e fazem de tudo pelos filhos, com um amor que supera limites e preconceitos. O padre da Arquidiocese, José Jacob Archer assumiu uma nova paróquia no Estado do Amapá, onde está em missão desde fevereiro de 2015. “Coragem e amor”, como ele mesmo afirma, para assumir um desafio em um local com dimensões territoriais tão distantes. Os seminaristas Dyego Delfino e Murilo Guesser foram ordenados diáconos no mês de abril e se preparam, agora, para a ordenação presbiteral, em outubro. A Faculdade Católica de Santa Catarina (FACASC) promove um Simpósio Bíblico com o tema “Hermenêutica Bíblica a partir do Evangelho de João”, dos dias 23 a 25 de maio, em Florianópolis. Ainda nesta edição, você confere o calendário das Festas do Divino na Arquidiocese que começam neste mês. Para aprofundar a vivência da Solenidade de Corpus Christi, Pe. Kelvin Konz, da Paróquia Santa Cruz, em São José, escreveu um artigo sobre as leituras bíblicas do dia. Acompanhe, também, as mudanças na preparação para o encontro de noivos apresentadas pela Pastoral Familiar. Uma excelente leitura e um feliz e abençoado Dia das Mães!

Dom Wilson Tadeu Jönck, scj Na Assembleia dos Bispos, em abril de 2016, foi aprovado o documento “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade”. Este tema foi uma das novidades do Concílio Vaticano II pela forma como foi tratado. O leigo recebeu uma grande valorização como participante ativo na construção da Igreja. A seguir são apresentados alguns pensamentos sobre os leigos, a partir dos documentos da Igreja. - Todos os batizados se revestem de igual dignidade e são incorporados à missão da Igreja. Como os membros da hierarquia, também os leigos são chamados a atuarem na Igreja e na sociedade. Os leigos apresentam o rosto da Igreja no mundo. A especificidade do leigo é sua atuação no mundo. - O Concílio dedicará um documento sobre o apostolado do leigo (Apostolicam actuositatem). O documento sobre a Igreja no mundo (Gaudium et Spes) apresenta como temas típicos do laicato a família, o trabalho, a educação, a cultura, a política e economia. Há ainda o documen-

to sobre a participação dos leigos na atividade missionária da Igreja (Ad Gentes). - Em 1987 houve um Sínodo dos Bispos sobre os leigos. Daí surgiu “Christifideles Laici”. Aponta cinco critérios que marcam a eclesialidade da atividade dos leigos: a) primado da vocação à santidade; b) responsabilidade de professar a fé católica; c) testemunho de comunhão; d) participar no fim apostólico da Igreja; e) ser presença cristã na sociedade. Os documentos da Igreja da América Latina fornecerão outros dados que permitem compreender o lugar e atuação dos leigos na Igreja. Medellin apresentou as Comunidades Eclesiais de Base (CEB). Os animadores destas pequenas comunidades eram leigos. Puebla falou de evangelização sob a perspectiva da comunhão e participação. Os lugares da comunhão e participação são a família, a CEB, a paróquia, a educação, a comunicação social, a política. O leigo é chama-

Nos caminhos de Francisco

1

Nas redes

Misericórdia: é o caminho que une Deus e o homem, e abre o nosso coração à esperança de sermos amados para sempre.

Catequizandos de Biguaçu visitam a Cúria Na manhã do dia 22 de abril, Dom Wilson Tadeu Jönck apresentou o espaço físico da Cúria Metropolitana aos catequizandos da Capela Santo Antônio, de Biguaçu. Cerca de 20 adolescentes do 1º e 2º ano da Crisma vieram acompanhados de seus catequistas.

03 de abril, no Twitter

2

do a evangelizar todas as pessoas e ambientes. Santo Domingo refletiu sobre inculturação do Evangelho. O leigo foi chamado a ser protagonista na nova evangelização. Esta lançava um olhar para dentro: a organização da Igreja, a família, os ministérios e a missionariedade. Também um olhar para fora: direitos humanos, ecologia, terra, trabalho, economia, democracia, cultura. Aparecida convocou o leigo a ser discípulo missionário a serviço da vida plena. A missão de evangelizar se torna impossível sem a participação do leigo.

Nós podemos fazer acordos, uma certa paz... mas a harmonia é uma graça interior que somente o Espírito Santo pode promover.

facebook.com/arquifloripa

05 de abril, na Missa na Casa Santa Marta

3

Padre Vitor apresenta novo documento sobre os leigos Sem um coração arrependido, toda ação religiosa é ineficaz.

@pontifex_pt

13 de abril, na Audiência Geral

4

Toda a vocação na Igreja tem a sua origem no olhar compassivo de Jesus, que nos perdoa e nos convida a segui-lo. 17 de abril, no Twitter

5

Faz bem ao coração do cristão fazer memória do próprio caminho: como o Senhor me conduziu até aqui, como me trouxe, pelas mãos; e às vezes que eu disse ao Senhor ‘Afasta-te, não o quero’ e o Senhor respeitou.

6

Queridos jovens, os seus nomes estão escritos no céu, no coração misericordioso do Pai. Sejam corajosos, contracorrente! 23 de abril, no Twitter

21 de abril, Missa na Casa Santa Marta

Rua Esteves Júnior, 447, Centro Florianópolis-SC, Fone: (48) 3224-4799 / 9982-2463

Assessoria de Comunicação

O Jornal da Arquidiocese é uma publicação mensal da Arquidiocese de Florianópolis-SC.

O Vigário Geral da Arquidiocese de Florianópolis, Pe. Vitor Feller, participou da comissão que trabalhou em vista do documento sobre o laicato, aprovado na última Assembleia Geral da CNBB. Em vídeo gravado para o site da Arquidiocese ele apresenta detalhes do texto. youtube.com

Padres meditam sobre misericórdia com o Arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck tem se reunido com os padres da Arquidiocese nos encontros geracionais, para refletirem sobre misericórdia. A partir da iniciativa da Pastoral Presbiteral, o arcebispo se reúne com os padres de acordo com a quantidade de anos de ordenação. twitter.com/arquifloripa

DIRETOR: Pe. Vitor Galdino Feller CONSELHO EDITORIAL: Dom Wilson Tadeu Jönck, scj, Pe. Leandro Rech, Pe. Revelino Seidler, Pe. Vânio da Silva, A. Carol Denardi, Fernando Anísio Batista, Jean Ricardo Severino, Olga Oliveira e Roberson Pinheiro. JORNALISTA RESPONSÁVEL: A. Carol Denardi (SC 01843-JP) PROJETO GRÁFICO: Lui Holleben

DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO: Roberson Pinheiro COORD. DE PUBLICIDADE: Pe. Leandro Rech e Erlon Costa TIRAGEM: 24.000 exemplares IMPRESSÃO: Diário Catarinense EMAIL: imprensa@arquifln.org.br e comunicacao@arquifln.org.br SITE: www.arquifln.org.br FACEBOOK: Arquidiocese de Florianópolis


Jornal da Arquidiocese, Maio de 2016

3

#compartilha Coleta da Solidariedade apoia novos projetos em 2016 Foto: Ação Social Arquidiocesana

Retalhos do Cotidiano Prof. Carlos Martendal

Mãe

O melhor presente da vida é a vida da mãe que dá vida aos que ama: dá-lhes a vida quando nascem e dá-lhes a vida até a vida se esvair, até a vida se acabar em seu corpo. Que dádiva, a mãe!

Mãe 2

Talvez devêssemos pensar mais nas mãos de nossas mães: quanta dor suportaram, quanto trabalho executaram, quanta bênção distribuíram. Mãos que se tornaram enrugadas por cada filho amado, mãos que, às vezes, se deformaram, para ajudar, com seu trabalho, o filho, a filha, a ser alguém na vida, mãos postas em oração para rogar por aqueles a quem deu a vida... Ah, o valor das nossas mães! Representantes de instituições beneficiadas pelo Fundo de Solidariedade no primeiro trimestre do ano

Com a contribuição das comunidades e paróquias da Arquidiocese, a Coleta da Solidariedade ampliou sua arrecadação neste ano. A coleta é um gesto concreto da Campanha da Fraternidade, destinada ao apoio de projetos sociais desenvolvidos na Arquidiocese e no Brasil. Realizada anualmente no Sábado e Domingo de Ramos, os recursos constituem o Fundo Arquidiocesano de Solidariedade (FAS) e o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS). Neste ano foram arrecadados R$ 286.147,05. Desse valor, 40% será encaminhado para o FNS e 60% ao Fundo Arquidiocesano de Solidariedade, que visa favorecer projetos sociais e de geração de trabalho e renda nas comunidades mais empobrecidas da Arquidiocese. Em 2015, com os recursos arrecadados com a coleta, foram apoiados 28 projetos sociais. E três entidades sociais foram

favorecidas com o Prêmio de Iniciativa Solidária Dom Afonso Niehues. Neste ano, na primeira reunião do Conselho Gestor do FAS, sete projetos sociais receberam apoio: 1. Expandindo a solidariedade pastoral Pastoral da Pessoa Idosa Arquidiocesana; 2. Fortalecimento e Autonomia do Movimento Estadual de Pessoas em Situação de Rua; 3. Reforma da Ala Masculina - Casa Irmã Dulce “Lar Santa Maria da Paz” - Tijucas; 4. Equipar o Centro Arquidiocesano de Pastoral e acompanhamento aos trabalhos realizados - Pastoral da Criança; 5. Lutando pela vida - Centro de Ajuda à Mulher – Florianópolis; 6. Clube da Leitura Sol: formando leitores Fundação Fé e Alegria do Brasil – Palhoça; 7. Cozinha Comunitária – Paróquia Santa Cruz – São José.

Padre Jacob assume mais uma paróquia no Amapá Foto: Arquivo Pessoal

Em abril, Pe. José Jacob Archer, do clero da Arquidiocese de Florianópolis, assumiu a Paróquia São João Paulo II, no município de Tartarugalzinho, Diocese de Macapá, Estado do Amapá. Padre Jacob agora está à frente de duas paróquias. Além dessa, ele dirige a Paróquia Divino Espírito Santo, que atende o município de Calçoene. Assim, são quatro cidades atendidas pelo padre da Arquidiocese que está em missão naquele Estado, desde fevereiro de 2015. Ele conta com a ajuda de um diácono, que em maio será ordenado presbítero.

“Coragem e amor à missão”, Pe. Jacob Archer

Família

Na família é preciso ir devagar, ter paciência. Uma árvore não cresce de repente; leva anos. E tem que enfrentar seca e chuva, frio e calor, dias e noites. Se desde cedo é açoitada pelos ventos, torna-se forte, cada vez mais forte. Não se queixa das lutas que tem de travar: trava-as cada dia e normalmente atinge seu objetivo: dar abrigo aos passarinhos, sombra e comida aos homens e aos animais, ajudar a manter a água nos rios, conservar a terra, embelezar o ambiente. E está tão pronta para sacrificar-se que com gosto fornece madeira para construir casas e para aquecê-las quando o inverno chega. Aprendamos a imitá-la.

Dyego Delfino e Murilo Guesser são ordenados diáconos Foto: Roberson Pinheiro

Pe. Davi (esq.), Diac. Mutilo, Dom Vito, Dom Wilson, Diác. Dyego e Pe. Vânio

No Domingo do Bom Pastor, 17 de abril, Dyego Delfino e Murilo Guesser foram ordenados diáconos na Paróquia Sagrados Corações, em São José, durante missa presidida pelo Arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck. Durante a homilia, o Arcebispo destacou que “esses jovens encontraram encantamento no viver a vida cristã, em ser cristão, em viver para a Igreja. Primeiro isso preenche o coração deles, depois eles se colocam a serviço”.

“Estou feliz de ter celebrado este momento com a ordenação de mais dois jovens. A partir de hoje, eles serão um sinal, e também uma provocação, para que outros jovens escutem o chamado que Jesus faz para o ministério na sua Igreja”, expressou o coordenador do Serviço de Animação Vocacional, Pe. Vânio da Silva. Ao final da missa, os novos diáconos agradeceram suas famílias e aos que contribuíram com o processo formativo para a ordenação.


Jornal da Arquidiocese, Maio de 2016

4

#compartilha Começa ciclo das festas do Divino na Arquidiocese Imagem: Paróquia Santo Amaro

Neste mês começam as tradicionais festas do Divino Espírito Santo em diversas paróquias da Arquidiocese. A partir do século 18, os açorianos trouxeram para Santa Catarina seus conhecimentos e tradições, carregando no coração a religiosidade, a fé e a devoção ao Divino Espírito Santo. Um legado que representa uma das manifestações mais significativas da cultura popular catarinense. A festividade, que começa após o Pentecostes, é - 07 a 09 de maio Paróquia de São José, São José - 08 a 15 de maio Paróquia Santíssimo Sacramento, Itajaí - 12 a 15 de maio Irmandade do Divino Espírito Santo, Igreja do Divino Espírito Santo, Centro, Florianópolis - 13 a 15 de maio Paróquia Senhor Bom Jesus dos Aflitos, Porto Belo - 13 a 16 de maio Paróquia Santo Amaro, Santo Amaro da Imperatriz

Paróquias se preparam para as visitas pastorais O Arcebispo Metropolitano, Dom Wilson Tadeu Jönck, scj, inicia neste mês as visitas pastorais de 2016. Os encontros com as paróquias são previstos no Código de Direito Canônico, artigo 396, que orienta o bispo a “visitar cada ano a diocese, total ou parcialmente, de modo que visite a diocese toda ao menos a cada cinco anos”. A primeira delas será de 01 a 05 de junho, à Paróquia São João Batista e Santa Luzia, bairro Capoeiras, Florianópolis. E por fim, de 02 a 04 de setembro, na Paróquia Sagrados Corações, Barreiros, São José. Nestas paróquias, o Arcebispo se encontra com lideranças das diversas pastorais, serviços e movimentos, preside celebrações eucarísticas diárias, acompanha os trabalhos pastorais desenvolvidos, estimula o clero, religiosos e cristãos leigos a se unirem cada vez mais em prol da evangelização. No ano de 2015, o Arcebispo realizou a visita pastoral em paróquias de cinco municípios: Brusque, São José, Itajaí, Palhoça e Florianópolis. Acompanhe o andamento das visitas no site da Arquidiocese.

traduzida por celebrações religiosas e folclóricas com cantorias, novenas, procissão da corte imperial, coroação do imperador e outros elementos. Os símbolos principais desta tradição são a bandeira, a coroa e o cetro. Nas comunidades, a saída da Bandeira do Divino – ornada com fitas coloridas - pelas ruas e casas anuncia o começo do ciclo festivo. Confira abaixo a programação de maio (a lista completa está disponível em arquifln.org.br/festas-e-procissoes). - 13 a 15 de maio Paróquia N. Sra. da Imaculada Conceição da Lagoa, Lagoa da Conceição, Florianópolis - 14 a 15 de maio Paróquia N. Sra. da Lapa, Ribeirão da Ilha, Florianópolis - 14 a 16 de maio Paróquia Divino Espírito Santo, Camboriú - 21 a 23 de maio Paróquia Senhor Bom Jesus de Nazaré, Palhoça

Faculdade Católica de Santa Catarina promove Simpósio Bíblico

“Hermenêutica Bíblica a partir do Evangelho de João” é o assunto de mais uma edição do Simpósio Bíblico promovido pela Faculdade Católica de Santa Catarina (FACASC). O evento acontece de 23 a 25 de maio, no auditório da instituição. A assessoria do tema é por conta da Dra. Nancy Cardoso Pereira, teóloga metodista com vasta experiência em assessorias bíblicas pelo Centro de Estudos Bíblicos (CEBI). As inscrições podem ser feitas diretamente pelo site facasc.edu.br, no valor de R$ 50,00. Outras informações pelo telefone (48) 3234-0400 ou no e-mail secretaria@facasc.edu.br, com Marinês.

Imigração é o tema do Fórum Social Arquidiocesano Dia 18 de maio acontece a primeira reunião de 2016 do Fórum das Pastorais Sociais, Entidades e Ações Sociais Paroquiais. O evento ocorre, das 08 às 12h30, na Paróquia São Judas Tadeu, Barreiros, em São José. “O Fórum é um espaço de articulação da dimensão social da Igreja na Arquidiocese. Nele há momentos para formação e para encaminhamentos de ações conjuntas das entidades sociais”, argumenta o secretário executivo da Ação Social Arquidiocesana, Fernando Anísio. O tema central de estudo e encaminhamentos deste encontro é o trabalho que vem sido desenvolvido pelas paróquias com os imigrantes. Um tempo para partilha das ações realizadas pelas pastorais está na pauta da programação. Foto: Carol Dernardi


Jornal da Arquidiocese, Maio de 2016

5

nossa fé

Maternidade e misericórdia

A conversão ecológica da comunidade

Pe. Vitor Galdino Feller

Fernando Anísio Batista

No mês de maio do Ano da Misericórdia somos convidados a refletir sobre a maternidade de nossas mães, nas quais se reflete a ternura, a bondade e compaixão de Deus-Pai.

A Mãe de misericórdia Na bula do Ano da Misericórdia, o Papa Francisco nos pede para redescobrir em Maria a misericórdia de Deus. “Na sua vida, tudo foi plasmado pela presença da misericórdia feita carne”. Ela “entrou no santuário da misericórdia divina, porque participou intimamente no mistério do seu amor”. Ela “guardou, no seu coração, a misericórdia divina em perfeita sintonia com o seu Filho Jesus”. Dedicou o Magnificat à infinita misericórdia divina. Aos pés da cruz, testemunhou o perdão do Crucificado aos assassinos. “Maria atesta

que a misericórdia do Filho de Deus não conhece limites e alcança a todos, sem excluir ninguém” (MV, 24).

O rosto materno de Deus Depois de Jesus e em profunda relação com ele, Maria é a expressão humana mais sublime da ternura de Deus. Ela revela o rosto materno e misericordioso de Deus. Por isso, na Salve Rainha, pedimos a ela “que nunca se canse de volver para nós seus olhos misericordiosos e nos faça dignos de contemplar o rosto da misericórdia, seu Filho Jesus” (MV, 24).

A alegria da maternidade No rosto alegre de cada mãe também resplandece a misericórdia de Deus. Na exortação Amoris Laetitia sobre o amor na família, o Papa Francisco lembra: “A mãe colabora com Deus, Encontre esse e outros artigos em: www.arquifln.org.br

para que se verifique o milagre de uma nova vida”. Cada mãe (e cada pai) “participa do mistério da criação, que se renova na geração humana” (AL, 168). A maternidade implica sacrifícios, mas carrega consigo a felicidade de ter um filho. Na sua despedida, Jesus consola os discípulos com esta comparação: “A mulher, quando vai dar à luz, fica angustiada, porque chegou a sua hora. Mas depois que a criança nasceu, já não se lembra mais das dores, na alegria de um ser humano ter vindo ao mundo” (Jo 16,21). Por isso, o Papa pede a cada mãe: “Cuida da tua alegria, que nada tire a alegria interior da tua maternidade. Tua criança merece a tua alegria. (...) Vive, com entusiasmo, no meio dos teus incômodos e pede ao Senhor que guarde a tua alegria para poderes transmiti-la a teu filho” (AL, 171). Compartilhe ArquiFloripa

As mudanças substanciais que ocorrem na sociedade são motivadas por um processo endógeno, de dentro para fora. Assim também ocorre com a nossa Igreja: primeiro é necessário sentir no coração para depois partir para a prática. O Papa Francisco, sensível aos grandes dramas vividos em nossa sociedade, convocou o mundo a mudar suas atitudes em relação à criação, tarefa de grande responsabilidade que Deus deu ao ser humano: “Cultivar e preservar o jardim que o próprio Deus criou” (Gn 2,15). Essa tarefa cabe a cada ser humano e às organizações privadas ou públicas que devem assumir sua responsabilidade enquanto agentes de um novo relacionamento para garantir a integridade e o futuro da nossa casa comum (CFE 2016). No âmbito pessoal, a conversão ecológica inicia em casa. No âmbito pastoral, a conversão ecológica deve

iniciar na paróquia, enquanto redes de comunidades. Você, que é agente de pastoral, já parou para pensar em quantas atitudes ecológicas podem ser realizadas na paróquia? Já parou para refletir sobre a destinação de todos os resíduos sólidos produzidos nas festas e eventos paroquiais e comunitários? As estruturas paroquiais poderiam ter medidas para qualificar a utilização dos recursos naturais, o reaproveitamento da água da chuva, a melhoria na ventilação, a utilização de luz solar, entre outros. Quais são os exemplos que conhecemos de paróquias que adotam atitudes ecológicas e já respondem de maneira satisfatória aos apelos do Papa e das Igrejas que organizaram a Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) 2016? Continuaremos nas próximas edições do Jornal da Arquidiocese refletindo sobre essa temática.


Renata Ferla, com seu esposo Guilherme e o filho Mateus

Ser mãe é tudo, é vontade e dom de Deus.

O filho para mim vale tudo, é o maior prazer do mundo, um sonho realizado, com a graça de Deus.

Na educação dos filhos é o amor que prevalece.

Muitas faces de uma mãe Adotivas, biológicas, voluntárias, com poucos ou muitos filhos, mulheres que receberam o dom da maternidade Frases como estas, você vai encontrar nesta reportagem de capa do Jornal da Arquidiocese: “Mãe é tudo”; “Ser mãe é um chamado de Deus, um trabalho de Maria, um caminhar com ela e construir vida nova”; “Deus me deu o dom de ser mãe por adoção e sou plenamente realizada”; “Quando a gente vem ao mundo tem uma missão, Deus dá o dom de ser mãe”; “Depois de muita luta, eu disse sim à vida”. Essas são mulheres de diferentes lugares que, por algumas horas ou uma vida inteira, têm a consciência de que ser mãe é vontade e dom que vem do céu. O Papa Francisco, ao concluir a Bula deste Ano da Misericórdia, observa: “Maria atesta que a misericórdia do Filho de Deus não conhece limites e alcança a todos, sem excluir ninguém”. Assim, as mães - Ondina, Salete, Renata, Terezinha e Morgana -, foram alcançadas pela misericór-

Ondina Machado teve dez filhos que nasceram em casa

dia do Filho de Maria e não excluíram o dom da maternidade concedido por Deus. Mãe de muitos filhos No primeiro exemplo do dom divino da maternidade, uma mãe muito forte. Ondina Rita Machado, 84 anos, casada com Romeu João Machado, 86. Uma feliz união que resultou em 11 filhos biológicos e um adotivo, sendo um deles já falecido. Dez filhos nasceram em casa, com ajuda de uma parteira. Netos, são mais de 30. Bisnetos, também ultrapassam a casa dos 30. “Ser mãe é tudo, é vontade e dom de Deus”, acredita esta mãe que todo sábado vai à missa na comunidade Senhor Bom Jesus, onde mora, na localidade de Macacu, em Garopaba. Ondina, que hoje vive sobre uma cadeira de rodas, diz que passou por muita dificuldade: “Trabalhava na roça e levava as crianças no carro de boi. Fazia a barraca e eles ficavam lá brincando, enquanto eu trabalhava”. Mas as lutas desta mãe prosseguiam. Para os filhos irem à escola, usavam a roupa que tinham, nada de uniforme. Não havia caderno, eram improvisadas folhas soltas de papel. As crianças dormiam no chão, não existia cama na época. Era apenas meia dúzia de ovos para sete crianças. A carne era pouca. “Colocava uma esteira no chão e os filhos comiam lá, numa “gamelinha” de pau. Feijão e pirão d’água tinha sempre, arroz não”, lembra Ondina Machado. O resultado desse sacrifício para criar os 12 filhos é que todos conseguiram estudar e hoje estão empregados. “O filho para mim vale tudo, é o maior prazer do mundo, um sonho realizado, com a graça de Deus”, finaliza.


O cuidado na educação

Mãe espiritual Do outro lado da Arquidiocese se constata outro exemplo de superação. Natural de Francisco Beltrão, no Paraná, Salete Fernandes dos Santos, 63, mora há 20 anos em Itapema. Teve oito filhos, cuida de quatro netos e há três anos encontra tempo para dividir o colo de mãe com as 180 crianças assistidas pela Ação Social Santo Antônio – ou Casa de Caridade Madre Tereza de Calcutá – no bairro Jardim Praia Mar, em Itapema. Toda segunda-feira, Salete está lá, voluntariamente, para ajudar no que for preciso. Há 29 anos ficou sozinha para criar os filhos e agora, ao olhar para trás, contempla o fruto de uma vida ofertada por eles. “Todos encaminhados, graças a Deus e a força que a Virgem Maria nos dá. Nossa Senhora esteve sempre ao meu lado. O chamado de Deus me trouxe ao mundo”, garante a voluntária. Como Ondina, Salete dos Santos admite que ser mãe é uma dádiva, “um chamado de Deus, um trabalho de Maria, um caminhar com ela e construir vida nova”. Ela explica que o coração se tornou mais sensível, doce e guerreiro, ao ajudar a cuidar das crianças da Ação Social de Itapema. “As duas tias daqui, Darci e Carmem, pilastras desta casa, mães de todos, construíram tijolo por tijolo essa obra. Em cada parte dessa instituição, gotas de suor e amor, muito amor. Assim é o coração de mãe, pleno de amor”, admite Salete.

Salete dos Santos ensina as crianças a cozinharem na Casa Madre Tereza

“Quando a gente vem ao mundo tem uma missão, Deus dá o dom de ser mãe”, enfatiza Terezinha Macário, 72 anos. Casada há 50 anos com Vitório Macário, eles tiveram seis filhos, dois falecidos. Participam há mais de 40 anos da Paróquia São José e Santa Rita de Cássia, no Jardim Atlântico, em Florianópolis. Terezinha conta que sempre colocava um bombom no quarto dos filhos, como forma de dar as boas vindas, quando vinham da escola ou de outro lugar. Ou se chegavam atrasados para o almoço, deixava o prato feito com o nome de cada um. “A criança nasce e tem que ter muito afeto e amor. Na educação é o amor, nunca maltratamos nossos filhos”, destaca. Com a postura de alguém que superou o sofrimento com maturidade, esta mãe, que participa do Movimento de Irmãos da Paróquia com o marido há 36 anos, relata a perda dos dois filhos. Fernando faleceu com nove meses de vida, vítima de meningite. Marcos, aos 15 anos, atingido por um veículo, morreu dois dias depois. “Superei tudo isso por acreditar na ressurreição. A vida é dura, mas com a fé em Deus a gente supera tudo. Deus foi meu refúgio”, reconhece. A senhora Macário afirma que é preciso ser mãe, mas com responsabilidade. E deixa a dica: “É criar, educar, não deixar os filhos se perderem nos caminhos e ensinar a fé”.

É criar, educar, não deixar os filhos se perderem nos caminhos e ensinar a fé.

Quando a gente vem ao mundo tem uma missão, Deus dá o dom de ser mãe.

O casal Terezinha e Vitório Macário na formatura do neto Matheus Santos

A força do sorriso Nem sempre a notícia da maternidade chega com alegria. Muitas mulheres se deparam com uma gravidez que, para elas, é indesejada, porque é fruto de um relacionamento efêmero, violência ou outras realidades. Na Arquidiocese de Florianópolis, um grupo de voluntários trabalham com estas mulheres que pensam em abortar os filhos, no momento da gravidez indesejada. É um trabalho sigiloso e delicado, mas necessário para ajudar mães que sofrem e, por vezes, tomam atitudes contra a própria vida e dos bebês. Um destes casos é o de Morgana, um nome fictício, mas de uma história real. Aos 28 anos de idade, chegou até este grupo com uma grande tristeza. O bebê que trazia no ventre foi diagnosticado com má formação congênita. Ao nascer, sobreviveria por apenas algumas horas. Muitas pessoas falavam para ela que era uma “coisa deformada” que tinha dentro de si e a aconselhavam a abortar. A jovem desejou o aborto, mas sentia uma tristeza imensa. Ao conversar com as orientadoras voluntárias, entendeu que teria a alegria de acolhê-lo e tê-lo, mesmo que por algumas horas. “Depois de muita luta, eu disse sim à vida”, admitiu a jovem mãe. Ao nascer, no dia 13 de abril, ela descreve a emoção: “ele nasceu sorrindo e sobreviveu por duas horas, olhando para mim. Sinto que é como ele me dizendo: obrigado, mãe, por ter me deixado te conhecer”. Morgana confirmou que sente muito a perda. “Mas ao mesmo tempo, fico feliz, porque vou guardar o sorriso do meu menino para sempre no meu coração”, concluiu.

Tempo de espera De volta a Florianópolis, ao testemunho das mães Ondina, Salete, Terezinha e Morgana, junta-se o de Renata Ferla, 36, casada há 11 anos. A designer de produtos conta que a maternidade é inerente às mulheres. “Quando a gente está disponível, Deus mostra os caminhos. Deus me deu o dom de ser mãe por adoção e sou plenamente realizada”, reconhece. Antes mesmo de se casar, Renata e o marido Guilherme já falavam em adotar uma criança. Depois do casamento e durante três anos, o casal esperou pelo processo de adoção. Ela complementa que a “nossa gestação (minha e do Guilherme), foi bem mais longa do que as gestações ‘normais’. Nosso filho não foi gerado no meu ventre, mas em nossos dois corações”. A mãe então relata o momento mais aguardado da adoção: “Quando você recebe a ligação que tem um bebê com o perfil que colocou no cadastro, é como se fosse o resultado da gravidez. Foi uma alegria, uma ansiedade, toda família aprovou e curtiu junto”. Cinco dias após a ligação, Mateus, com um ano e um mês de vida, chegava à casa do casal. Hoje ele está com três anos e meio. Renata Ferla assegura que o diferencial é a gestação, mas depois que vira mãe, é mãe. “O Mateus demonstra muito carinho, abraça, beija, é sociável. O amor de mãe é dom de Deus”, define. Uma das frases de que essa mãe mais gosta, mesmo sem conhecer o autor, encaixa-se na dinâmica deste casal: “se não nasceu de nós, certamente nasceu para nós”.


Jornal da Arquidiocese, Maio de 2016

8

bíblia Lectio Divina

Uma meditação sobre Corpus Christi A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, conhecida como “Corpus Christi”, nos convida a participar da santa missa, onde ouviremos três leituras bíblicas. A primeira é tirada do livro do Gênesis (14,18-20) e nos fala de Melquisedeque, rei e sacerdote, que sai ao encontro de Abraão de regresso dum combate, dirigindo uma ação de graças a Deus e oferecendo pão e vinho. Melquisedeque, segundo o Salmo 109, que cantamos em resposta a esta leitura, é a figura do futuro Messias, Sacerdote e Rei. Na sua oferenda, a tradição cristã, a partir de São Cipriano, vê um verdadeiro sacrifício, prefiguração do sacrifício eucarístico. Ao mencionar, na Oração Eucarística I “os dons de Melquisedec”, a liturgia faz sua esta interpretação. A segunda leitura é da 1ª Carta de São Paulo aos Coríntios (11,23-26): o Apóstolo nos recorda que celebrar a Eucaristia é participar do sacrifício do Corpo e Sangue do Senhor Jesus, que ele instituiu para perpetuar pelos séculos, até seu retorno, o sacrifício da cruz, e que confiou à sua Igreja como memorial de sua morte e ressurreição. No ápice da liturgia da Palavra, que

Pe. Wellington Cristiano da Silva

é o Evangelho, ouviremos neste “Ano C” a narrativa da multiplicação dos pães segundo São Lucas (9,11b-17). Acolhendo todos quantos a ele acorrem, Jesus liberta as pessoas pela sua palavra e as alimenta, abundantemente, no deserto. Mas o milagre da multiplicação dos pães não é apenas um sinal do seu amor. Ele tem uma relação tão estreita com a Eucaristia que, logo a seguir à sua descrição, João nos transmite o discurso sobre o Pão da Vida (Jo 6). Por isso é significativa a aclamação ao Evangelho deste dia: cantamos o “Aleluia” com o versículo tirado justamente do discurso sobre o Pão da Vida apresentado no Evangelho de João: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente”. O milagre da multiplicação dos pães é o anúncio e a preparação do milagre eucarístico, pelo qual o Senhor, através do sacerdócio ministerial, prefigurado no serviço dos discípulos encarregados de distribuir o pão, alimentará sobrenaturalmente, a humanidade.

Por Pe. Kelvin Konz Paróquia Santa Cruz, São José

Lectio (leitura) “Quando chegou o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde eles se encontravam. Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo” (At 2,1-4a).

Meditatio (meditação) Os Apóstolos reunidos no cenáculo com Maria, as mulheres e os irmãos em Cristo recebem o dom do Espírito Santo. Prometido pelo Senhor Jesus, o Espírito desce solenemente sobre a comunidade cristã nascente no dia em que os judeus celebravam a festa de Pentecostes. Manifestando-se na fluidez do vento e do fogo, o Espírito Santo, livre e dinâmico, comunica a vida nova do Ressuscitado no coração e na missão dos discípulos e discípulas. O Espírito que falou por meio dos profetas inspira os fiéis à prática da fé, da esperança e do amor, com seus dons e carismas abundantes.

Oratio (oração) “Espírito de Deus, enviai dos céus um raio de luz! Vinde, Pai dos pobres, dai aos corações vossos setes dons. Consolo que acalma, hóspede da alma, doce alívio, vinde!” (Sequência de Pentecostes).

Contemplatio (contemplação) O Espírito Santo, hóspede de nos-

sas almas, é quem nos impulsiona à contemplação dos mistérios divinos. Deixemo-nos guiar pelo Espírito do Amor, que renova constantemente a face da terra (Sl 103,30).

Missio (missão) “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21). Cristo Ressuscitado, ao enviar seus discípulos, comunica-lhes o sopro renovador do Espírito Santo. Cheios da força do Espírito, eles constituem uma Igreja em saída, uma Igreja em estado permanente de missão. A cada um de nós é também dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum (1Cor 12,7). Na diversidade de dons, ministérios, atividades e carismas suscitados pelo mesmo e único Espírito, Deus realiza tudo em todos (1Cor 12,4-6). Como membros deste Corpo animado pelo Sofro de Vida, empenhemo-nos na construção de um mundo mais fraterno e humano, em que o amor possa garantir a unidade perfeita na diversidade dos costumes.

Conhecendo o livro dos Salmos Pe. Ney Brasil Pereira

Salmo 119 (118): O Salmo da Lei (IV) Continuando a refletir sobre este grande “Salmo da Lei”, perguntemo-nos como Jesus o rezava? E de que modo continua a rezar este salmo, ele, que, segundo a Carta aos Hebreus, vive sempre para interceder por nós (Hb 7,25)? Responda-nos Santo Agostinho, apoiando-se no fato de que ele é a nossa Cabeça, como nós somos o seu Corpo: “Deus não nos poderia conceder dom maior do que dar-nos como Cabeça a sua Palavra, pela qual criou todas as coisas, e a ela unir-nos como membros, para que o Filho de Deus fosse também filho do homem, um só Deus com o Pai, um só homem com os homens e as mulheres da humanidade. Por conseguinte, quando dirigimos a Deus nossas súplicas, não separemos dele

o Filho; e, quando o Corpo do Filho, a Igreja, orar, não separe de si a sua Cabeça. Deste modo, o único salvador do seu Corpo, nosso Senhor Jesus Cristo, é o mesmo que ora por nós, ora em nós, e recebe a nossa oração”. Portanto, também neste “Salmo da Lei”, também nas estrofes que vamos meditar, Jesus é o mesmo que “ora por nós, ora em nós, e recebe a nossa oração”.

Pe. Ney Brasil Pereira ney.brasil@itesc.org.br

Leia os versículos do 97 ao 128 e reflita: 1) Qual a relação entre a Sabedoria de Deus e a sua Lei? 2) Em que sentido a Lei é comparável à luz? 3) Em que sentido o salmista “detesta” os desgarrados, e também Deus os “despreza”? 4) Com que disposições o salmista se apresenta como “servo” do Senhor? 5) Não é ousadia urgir para que Deus intervenha, dizendo-lhe que “é tempo de agir”?

A análise completa desse salmo se encontra no site da Arquidiocese: www.arquifln.org.br.


9

Jornal da Arquidiocese, Maio de 2016

evangelização

Preparação para a vida matrimonial é prioridade da Pastoral Familiar Encontros de noivos ganham novo formato com a presença e orientação de um casal agente Foto: Divulgação

O Encontro de Preparação para a Vida Matrimonial, prioridade deste ano da Pastoral Familiar Regional Sul IV, está entre as preocupações do Papa Francisco em sua Exortação Amoris Laetitia (A Alegria do Amor- AL), divulgada no dia 08 de abril. O Setor Pré-Matrimonial orienta que a preparação para o matrimônio deve ser feita tendo como base o guia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e incentiva que, além dos encontrões com os casais, aconteça também a opção de uma preparação personalizada. Diz o Papa na Exortação que “precisamos oferecer uma preparação que faça amadurecer o amor dos noivos com um acompanhamento rico de proximidade e testemunho. São muito úteis os encontros e as palestras. Entretanto, são indispensáveis alguns momentos personalizados, dado que o objetivo principal é ajudar Novo guia lançado pela CNBB cada um a apren-

der a amar a pessoa com quem pretende partilhar a vida inteira” (AL 208). Alinhado a este pensamento, o modo de preparação apresentado na formação de março do Sul IV em Xanxerê (SC), sugere que um casal de agentes assuma o acompanhamento de um casal de noivos, por um período de dois a três meses, repassando em encontros personalizados o conteúdo do guia. Para tanto, a Coordenação Arquidiocesana da Pastoral Familiar tem visitado as foranias e paróquias, colocando-se à disposição para formar agentes. Explica, ainda, a necessidade de que os encontros tenham no mínimo dez horas, sigam o guia e tenham a opção personalizada. No clima da Exortação Pós Sinodal, estão previstos para o mês de maio, dia 18, às 16h, a Sessão Solene da Câmara Municipal de Florianópolis, em homenagem às famílias e dia 22, o Festival da Família, na Beira Mar Continental, como parte do

Foto: Divulgação / Pascom

Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo No segundo domingo de maio, a Igreja celebra o Dia Mundial das Comunicações. Essa é 50ª edição da data e traz como tema “Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo”. O assunto central entra em unidade com o Ano Jubilar vivido até 20 de novembro. “O encontro entre a comunicação e a misericórdia é fecundo na medida em que gerar uma proximidade que cuida, conforta, cura, acompanha e faz festa”, escreveu o Papa Francisco na mensagem destinada ao Dia das Comunicações. Sobre as redes sociais, o pontífice

Jubileu das Famílias. Vivamos este clima unidos ao Cristo Ressuscitado, pois como nos diz o Papa: “Se a família consegue concentrar-se em Cristo, ele unifica e ilumina toda a vida familiar” (AL 317).

Sarita e Mário Prisco Coordenação Arquidiocesana da Pastoral Familiar credível se é confiável; A comunicação da Igreja não é exclusiva; A comunicação não excomunga; A misericórdia é política; e A rede constrói cidadania. Articulação nas paróquias

Reunião da equipe arquidiocesana da Pascom com comunicadores de diversas regiões da Arquidiocese

destacou a importância e o cuidado no uso das mesmas. “As redes sociais são capazes de favorecer as relações e promover o bem da sociedade, mas podem também levar a uma maior polarização e divisão entre as pessoas e os grupos”, observou. O Pe. Antônio Spadaro escreveu

um artigo, a partir dos comentários do Papa, e levantou o questionamento: “O que significa comunicar de maneira misericordiosa? Como se faz para comunicar a misericórdia?”. O jesuíta apontou como chave de leitura da mensagem de Francisco, cinco pontos centrais: A comunicação é

A Pastoral da Comunicação Arquidiocesana se reuniu com comunicadores de diversas paróquias e movimentos da Arquidiocese, no dia 16 de abril, onde foi feita a apresentação do tema do 50º Dia Mundial das Comunicações. A intenção é que as paróquias possam reproduzir esse conteúdo à comunidade de fiéis e também aos comunicadores de outras mídias. Ainda, um vídeo foi preparado pela equipe do Regional Sul IV da CNBB trazendo mais detalhes e aprofundando a reflexão em torno da mensagem do Papa. O material está disponível no endereço Facebook.com/PascomArquidiocesedeFlorianopolis.


Jornal da Arquidiocese, Maio de 2016

10

evangelização

“Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade” Documento sobre o laicato é aprovado na 54ª Assembleia dos Bispos em Aparecida Imagem: Divulgação / CNBB

Aparecida (SP) foi o palco da 54ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), de 06 a 15 de abril. Cerca de 320 bispos, incluindo o Arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck, participaram do evento, no Centro de Eventos Padre Vítor Coelho de Almeida, no Santuário Nacional. O Arcebispo de Brasília e presidente da CNBB, Dom Sérgio da Rocha, na cerimônia de encerramento, no dia 15 de abril, declarou que foram dias intensos de trabalhos, mas com muitos frutos. “Temos certeza que os frutos do que foi semeado nessa assembleia acontecem pela graça de Deus”, complementou Dom Sérgio. Durante os dias do encontro, os bispos também divulgaram declarações sobre as Eleições 2016 e o momento atual do país. “Acreditamos no diálogo, na sabedoria do

Caridade social

povo brasileiro e no discernimento das lideranças na busca de caminhos que garantam a superação da atual crise e a preservação da paz em nosso país. Pedimos a oração de todos pela nossa Pátria. Do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, invocamos a bênção e a proteção de Deus sobre toda a nação brasileira”, citou a presidência da entidade, no documento sobre a situação do Brasil. Na pauta principal do encontro anual dos bispos esteve a questão dos leigos. Um documento sobre os leigos foi estudado e aprovado com o título “Cristãos Leigos e Leigas sujeitos na Igreja e na Sociedade”, e o subtítulo “Sal da Terra e Luz do Mundo”. O vigário geral da Arquidiocese, Pe. Vítor Galdino Feller, foi convidado pela presidência da CNBB, para assessorar a comissão do tema central da assembleia, na elaboração do

Representantes do Regional Sul 4 da CNBB presentes na assembleia

documento. O tema já havia entrado nas assembleias anteriores, porém, os textos não tinham sido aprovados. “O texto está formatado em três grandes partes. O ver, sobre a realidade dos leigos; o jugar, como é que a Igreja entende o lugar e a missão deles; e o agir, qual é a missão

dos leigos, na Igreja e no mundo. A grande novidade é apresentar os cristãos leigos e leigas como sujeitos, ou seja, terem uma identidade, uma vocação, uma espiritualidade, uma missão própria”, explicou Pe. Vitor. O Documento deve ser publicado até o final de maio.

Ação Social de Guabiruba presta apoio à comunidade há mais de 50 anos

O Serviço de Assistência Social Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, da Paróquia de Guabiruba, fundado em 19 de junho de 1962, desenvolve amplo trabalho. Com sede própria desde 2015, localizada no centro do município, conta com 17 voluntários que se revezam às terças e sextas-feiras, em apoio a famílias e pessoas necessitadas. A aposentada Helga Schlidein, atua Para saber sobre os cursos ligue para (47) 3354-0115 voluntariamente há mais de 30 anos. “Chegam por aqui situações muito difíceis de famílias. Eu me sinto muito bem em poder ajudá-las”, constata Helga. Distribuição mensal de cestas básicas para 35 famílias cadastradas, roupas, calçados, cobertores, móveis e utensílios domésticos, representam algumas das muitas atividades desenvolvidas. Cinco empresas de Guabiruba doam as cestas básicas. A coordenadora Célia Maria Schaefer acrescenta que a ação social oferece, ainda, oficinas para preparar geleias de frutas da época, pão caseiro e cuca. Uma ação social onde a Igreja se faz presente na sociedade para contribuir no desenvolvimento de Guabiruba. Um exemplo prático é o apoio aos

migrantes que chegam, principalmente, do Paraná e da Bahia, todos os meses. “Eles chegam somente com algumas roupas e deixam a mudança para trás. Auxiliamos então com móveis usados que recebemos e utensílios domésticos”, explica Célia. A coordenadora relata que começou na ação social da paróquia há mais de duas décadas, quando perdeu um filho aos 20 anos de idade. “Através deste trabalho, engajando-me na paróquia, descobri um novo sentido para minha vida. É muito gratificante, faz bem ajudar quem necessita”, finaliza. Fotos: Rosevane Baron

Curso de produção de doces promovido pela ação social


Jornal da Arquidiocese, Maio de 2016

11

evangelização Encenações da Paixão de Cristo favorecem vivência de fé nas comunidades Juventude esteve à frente da maioria das apresentações Foto: Carol Dernardi

Cronograma de maio 02/05 | Jubileu da Misericórdia dos Colaboradores da Mitra | Angelina 13 a 15/05 | Retiro e Cenáculo de Pentecostes - Com. Divino Oleiro| CEAR 14/05 | 1ª Etapa da Escola da Juventude - PJ | CAP - Florianópolis 17/05 | Reunião Geral do Clero | São Pedro Alcântara 18/05 | Fórum das Pastorais, Entidades e Ações Sociais Paroquiais | São José

Movimento Água Viva realizou tradicional apresentação da Paixão de Cristo dentro da Catedral

Na Sexta-feira Santa, jovens de diversas paróquias e movimentos da Arquidiocese de Florianópolis se colocaram à disposição para transporem no palco as cenas da Paixão de Cristo. A participação artística da juventude deu vida e emoção a um dos momentos mais importantes da fé católica. “Era como se não fôssemos nós simplesmente representando. Cada um dando o seu melhor fez realmente parecer que éramos os verdadeiros protagonistas de tal acontecimento”, contou Rafael Motta, que interpretou um dos sumos sacerdotes na encenação em Itajaí. Não somente o público, mas também os atores tiveram uma grande experiência a partir da atuação do episódio da vida de Jesus. “Hoje vejo e sinto a Paixão de Nosso Senhor de forma diferente, percebo melhor que Cristo morreu por meus pecados para que eu pudesse ser salvo. Vejo quanto sou pequeno diante de sua infinita misericórdia”, destaca Rafael. A chuva atrapalhou um pouco os planos. E algumas das apresentações que estavam previstas para acontecer ao ar livre tiveram que ser levadas para dentro das igrejas ou salões paroquiais. Foi o caso, por

exemplo, do Movimento Água Viva, na Catedral, da Paróquia Santa Inês, Balneário Camboriú, e Paróquia São Cristóvão, Itajaí. Outras apresentações já estavam previstas para ocorrer em ambientes fechados, como o Movimento de Emaús que recriou no palco do Teatro Ademir Rosa, em Florianópolis, a Jerusalém dos tempos de Jesus. “A encenação da Paixão de Cristo é um grande ato de evangelização, pois trata do mistério do próprio Cristo”, enfatizou o diretor do espetáculo, André Rodrigues. “O fato de ocorrer em um teatro tornou-a especialmente atraente para pessoas com dificuldades em acompanhar uma encenação ao ar livre. Conseguimos também no teatro apresentar um roteiro mais denso, propiciando um contato mais aprofundado para aqueles que tinham uma visão deturpada de Jesus”, esclarece. Já a Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, de Florianópolis, optou por fazer um espetáculo focado na ressurreição de Jesus. A apresentação aconteceu no Domingo de Páscoa, logo após a Missa Solene. Outras apresentações também aconteceram em comunidades paroquiais de Bombinhas e Palhoça.

19 a 22/05 | Movimento Emaús – Curso Masculino | Florianópolis 19 a 22/05 | 478º Cursilho Feminino | Brusque 21/05 | Escola de Liturgia da Arquidiocese | Barreiros 21/05 | Encontro Arquidiocesano Missionários Mãe Peregrina | Biguaçu 22/05 | Festival das Famílias | Florianópolis 23 a 25/05 | Simpósio Bíblico FACASC | Florianópolis 26 a 29/05 | 479º Cursilho Masculino | Brusque 27 a 29/05 | Retiro Mariano - Com. Divino Oleiro | Florianópolis 28/05 | 6ª Peregrinação “Caminhos de Santa Paulina” | Nova Trento 29/05 | Cenáculo de Pentecostes - RCC | Palhoça 29/05 | Escola de Formação Catequética para Multiplicadores | Tijucas Acesse o calendário completo em www.arquifln.org.br

Jovens participam de Romaria Nacional Imagem: Arquivo Pessoal

“Fui tomada de uma emoção muito forte!”, enfatiza Rubiane Sarturi, da Paróquia São Cristóvão, de Itajaí, quando perguntada sobre o momento que viveu na Romaria Nacional da Juventude, no Santuário de Aparecida, dia 10 de abril. Rubiane viajou com amigos para Aparecida para participar do evento A jovem foi com outros amigos para participar deste encon- passagem pela Porta Santa do Ano tro que é destaque para a juventude da Misericórdia; vigília durante toda do país. “O que mais me marcou foi a madrugada com a oração do terço o início da vigília, quando percorre- e adoração ao Santíssimo; romaria e mos todo o santuário em procissão missa. luminosa cantando e rezando. Pude sentir muito forte a presença de Deus Rota 300 e os cuidados da Mãe naquele momento”, declara. Ainda este ano acontece o Rota A programação contou com di- 300, quando a imagem de Nossa Seversas atividades desde a manhã nhora Aparecida percorre as diocedo sábado, 09, até a manhã do do- ses do Brasil, envolvendo os jovens mingo, 10: catequeses dos bispos; em todo o país. Na Arquidiocese de debates; momentos de louvor e ani- Florianópolis, a imagem chega no mação; shows de evangelização; mês de agosto.


Jornal da Arquidiocese, Maio de 2016

12

geral O ROSTO DA MISERICÓRDIA Pe. Vitor Feller

Síntese da Bula do Jubileu da Misericórdia

A relação entre justiça e misericórdia

PROGRAMAÇÃO NA ARQUIDIOCESE - 11 de maio, 20h Igreja Evangélica de Confissão Luterana – Campinas (SJ) - 13 de maio, 20h Centro de Tratamento Recanto Silvestre – Biguaçu - 14 de maio, 20h Igreja Ortodoxa Siriana Maria Mãe de Deus Uno – Jardim Florianópolis – Barreiros (SJ)

Não são dois aspectos em contraste entre si, mas duas dimensões de uma única realidade. A justiça é um conceito fundamental para a sociedade civil, faz referimento a uma ordem jurídica através da qual se aplica a lei. Por justiça entendese que a cada um deve-se dar o que lhe é devido. Na Bíblia, ela é entendida como a observância da Lei e o comportamento de todo bom fiel conforme os mandamentos divinos (n. 20). Esta visão de justiça como prática da lei pode levar, porém, ao risco do legalismo. Para superá-lo é preciso lembrar, como Jesus, que a fé é mais importante que a observância da lei. Diante da visão duma justiça como exigência de sacrifícios e mera observância da lei, que julga dividindo as pessoas em justos e pecadores, Jesus mostra o grande dom da misericórdia, que é maior que os sacrifícios e maior que a lei. A regra de vida de seus discípulos deverá ser aquela que prevê o primado da misericórdia. Esta é a dimensão fundamental da missão de Jesus. Ele vai além da lei. Também

Paulo ensina que não é a observância da lei que salva, mas a fé em Jesus Cristo que, em sua morte e ressurreição, traz a salvação com a misericórdia que justifica (n. 20). A misericórdia não é, contudo, contrária à justiça. Ela exprime o comportamento de Deus com o pecador. Em Oseias, por exemplo, segundo a lógica humana, é justo que Deus pense em rejeitar o povo infiel: não observou o pacto estipulado, merece a pena divina. Mas o profeta revela que Deus, sem deixar de ser justo, mostra seu coração misericordioso e se comove com o povo. Se Deus se detivesse na justiça, deixaria de ser Deus; seria como todos nós, que clamamos pelo respeito da lei. Com a misericórdia e o perdão, Deus vai além da justiça. Isso não significa desvalorizar a justiça ou torná-la supérflua. Ao contrário! Quem erra, deve descontar a pena; só que isto não é o fim, mas o início da conversão, porque se experimenta a ternura do perdão. Programação do Jubileu: 22 de maio Jubileu da Misericórdia das Famílias Beira Mar Continental 02 de junho Jubileu da Misericórdia dos Presbíteros Santuário de Azambuja


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.