Jornal da Arquidiocese | nº 212 | maio de 2015

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Jornal da

ARQUIDIOCESE

FLORIANÓPOLIS, nº 212

Comissão da Família

Aula inaugural do INAPAF | 3

MAIO DE 2015

Dom Romero

Bispo será beatificado | 5

Trabalho na Igreja dedicação e amor

Iniciação à Vida Cristã Itinerário de fé permanente | 9


Jornal da Arquidiocese, Maio de 2015

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opinião

Aprender a ser cristão

Mães a exemplo de Maria! Carol Denardi

Dom Wilson Tadeu Jönck,scj

O mês de maio é dedicado a Maria, Mãe de Jesus Cristo e de toda humanidade. “Nenhuma criatura viu brilhar sobre si a face de Deus como Maria, deu uma face humana ao Verbo eterno, para que todos nós o pudéssemos contemplar. Cristo e sua Mãe são inseparáveis: há entre ambos uma relação estreitíssima, como, aliás, entre cada filho e sua mãe”, observa o Papa Francisco.O Pontífice ainda destaca que Maria está tão unida a Jesus, porque recebeu D’Ele o conhecimento do coração e da fé, alimentada pela experiência materna e união íntima com o Filho. “Por isso, não se pode compreender Jesus sem a sua Mãe”, cita Francisco. Para as mães, o exemplo de força e superação de qualquer obstáculo vem de Maria. Custe isso o sacrifício de uma vida humilde, mas cheia de amor e dedicação, como foi a de Nossa Senhora com Jesus Cristo. Lágrimas silenciosas aos pés da cruz e depois veio a alegria ao Filho ressuscitado. Assim são as mães quando sofrem com as dores dos filhos, mas se alegram com a vitória de Deus na vida deles. Este mês, também dedicado às mães, para o comércio é uma data importante. Porém, no coração de cada filho, não há apenas “um” mês em homenagem às mães, mas todos os dias do ano. Afinal, a mãe se doa 24 horas por dia para que os filhos cresçam na fé e na esperança de um mundo melhor. Mais do que presentes, faça uma prece especial neste mês junto a Nossa Senhora, para que ela interceda a Jesus por sua mãe. Que o Filho dê ainda mais força e coragem para todas. Se sua mãe está presente apenas no coração que do céu ela continue a interceder por você. Gratidão a todas as mães! Deus as abençoe sempre!

A vida cristã é constituída de algumas atitudes que são adquiridas e que se tornam sinal de identificação. Os sinais são sempre os mesmos, perpassam os tempos. Mudam apenas a roupagem durante a história. É normal que o desenvolvimento destas atitudes esteja no centro de todo esforço catequético. Aprender estas atitudes implica em fazer um caminho de iniciação, é a pedagogia cristã. No documento “Início do Novo Milênio” (NMI), o Papa João Paulo II elencava sete prioridades pastorais: a) a santidade; b) oração; c) Eucaristia dominical; d) Sacramento da Reconciliação; e) primado da graça; f) escuta da Palavra de Deus; g) anúncio da Palavra. O Pontífice insiste que antes de propor atitudes concretas é preciso promover uma espiritualidade de comunhão elevando-a em nível de princípio educativo (cf. NMI 42). O grande desafio é de-

senvolver essas marcas em nossa vida quando se vive em uma realidade adversa. O mundo atual é marcado por um pluralismo cultural, religioso e ético que se caracteriza pelo indiferentismo, relativismo, irenismo e sincretismo. Neste ambiente parece que alguns cristãos se acostumaram com um cristianismo sem referência real a Cristo e à sua Igreja. Tendem a reduzir o projeto pastoral a temáticas sociais acolhidas em uma perspectiva meramente antropológica. A atividade pastoral torna-se um apelo genérico ao pacifismo, ao universalismo e uma referência não bem especificada a “valores”. A caminhada cristã leva também a identificar alguns perigos e a tirar algumas conclusões. Uma delas é que o vento da secularização torna árido o terreno em que se semeou, não raro, com muito esforço. Experimenta-se também que a cultura secularizada faz nascer desalentos que

Nos caminhos de Francisco

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A Cruz de Cristo não é uma derrota: a Cruz é amor e misericórdia.

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Os santos ensinam-nos que se muda o mundo a partir da conversão do próprio coração, e isto acontece graças à misericórdia de Deus.

Nas redes Grupo de Apoio aos Imigrantes completa um ano Em abril de 2014, a partir de uma reunião de representantes da Arquidiocese de Florianópolis com outras instituições da sociedade civil, foi criada uma organização permanente para refletir e propor ações em favor dos imigrantes e refugiados

03 de abril, no Twitter

12 de abril, homilia do Domingo da Misericórdia

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facebook.com/Arquifloripa

Maria, Mãe das Dores, ajudai-nos a compreender a vontade de Deus nos momentos de grande sofrimento.

Ordenação diaconal acontece em maio @pontifex_pt

17 de abril, no Twitter

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A Palavra de Deus incomoda quando você tem o coração duro, o coração pagão, porque a Palavra de Deus o interpela a ir avante, buscando e matando a fome com aquele pão do qual falava Jesus. 21 de abril, Missa na Casa Santa Marta

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Queridos jovens, não haja em vós o medo de sair de vós mesmos e de vos pôr a caminho! O Evangelho é a Palavra que liberta, transforma e torna mais bela a nossa vida.

podem levar ao isolamento e, às vezes, a um deprimente fanatismo. Outras ameaças que devem ser vencidas são as tendências à burocratização, ao funcionalismo, ao democratismo ou a buscar um planejamento mais empresarial do que pastoral. Convém lembrar ainda que uma das atividades do pastor é a formação da consciência dos fiéis. São instrumentos privilegiados para este objetivo o Sacramento da Reconciliação e o acompanhamento espiritual. O perdão dos pecados é obra de Deus. Aprender a perdoar e pedir perdão são duas atitudes fundamentais na vida do cristão.

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O Senhor nunca se cansa de perdoarnos. Somos nós que nos cansamos de pedir perdão. 14 de abril, no Twitter

26 de abril, mensagem para o 52º Dia Mundial de Oração pelas Vocações

Jonathan Speck Thiesen Jacques, 25 anos, Éder Cláudio Celva, 28, e Hércules Marçal, 45, serão ordenados diáconos no dia 16 de maio, às 15h, na Igreja Matriz da Paróquia São Sebastião, em Tijucas. facebook.com/Arquifloripa

Unidos para ajudar Xanxerê Se você quiser colaborar com a reconstrução da cidade, pode fazer um depósito em favor de: Cáritas Brasileira – Regional Santa Catarina Banco do Brasil | Agência: 1453-2 | C/C: 39984-1 arquifln.org.br

Rua Esteves Júnior, 447, Centro Florianópolis-SC, Fone: (48) 3224-4799 / 9982-2463

Assessoria de Comunicação

O Jornal da Arquidiocese é uma publicação mensal da Arquidiocese de Florianópolis-SC.

DIRETOR: Pe. Vitor Galdino Feller CONSELHO EDITORIAL: Dom Wilson Tadeu Jönck, scj, Pe. Leandro Rech, Pe. Revelino Seidler, Pe. Vânio da Silva, A. Carol Denardi, Fernando Anísio Batista, Jean Ricardo Severino, Olga Oliveira e Roberson Pinheiro. JORNALISTA RESPONSÁVEL: A. Carol Denardi (SC 01843-JP) PROJETO GRÁFICO: Lui Holleben

DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO: Roberson Pinheiro COORD. DE PUBLICIDADE: Pe. Leandro Rech e Erlon Costa TIRAGEM: 24.000 exemplares IMPRESSÃO: Diário Catarinense EMAIL: imprensa@arquifln.org.br e comunicacao@arquifln.org.br SITE: www.arquifln.org.br FACEBOOK: Arquidiocese de Florianópolis


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#compartilha Comissão Vida e Família promove aula inaugural do curso do INAPAF Foto: Pascom Paróquia São Cristóvão

Retalhos do Cotidiano Prof. Carlos Martendal

Teia 1

A teia de aranha é tão frágil que balança a qualquer leve vento que a alcança, e é tão forte que tempestades violentas não conseguem arrancá-la de seu lugar. Na docilidade a resistência, na resistência a docilidade: que bela lição para nós!

Teia 2

Nossa vida é frágil, nossos dias são apenas um sopro (cf. Jó 7,16). E, no entanto, unidos a algo firme como faz a aranha ao tecer a teia, “é na fraqueza que se revela a força” (cf. 2Cor 12,9) de que somos revestidos. Grudemo-nos à Rocha! Padre Hélio Luciano, assessor da CAFV, coordenou o lançamento dos cursos nas regiões da Arquidiocese

Mais de 60 pessoas participaram da aula inaugural do curso do Instituto Nacional da Família e da Pastoral Familiar (INAPAF), na área sul da Arquidiocese. A aula aconteceu no dia 11 de abril, na Paróquia São Judas Tadeu e São João Batista, Ponte do Imaruim, em Palhoça. Já no dia 18, a Paróquia São Cristóvão, no bairro Cordeiros, em Itajaí, foi sede para cerca de 200 alunos, na área norte. “Foi um ótimo momento, onde o Padre Hélio Luciano (assessor do encontro de formação), com muito carisma, falou sobre a situação das famílias de hoje e como a Igreja tem a sua responsabilidade para a condução religiosa e cristã das famílias de nossas comunidades e em geral”, relatou Renato Silva, da Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, Governador Celso Ramos. O curso será realizado com material

enviado pelo correio para cada aluno, sendo um misto de estudo pessoal com uma aula mensal até o final deste ano. Serão desenvolvidos temas ligados à pessoa, ao matrimônio e à família para promover a formação pessoal e missionária do cristão e a evangelização das famílias e comunidades. Vilma Lúcia Ferreira, da Paróquia da Ponte, observa que o curso “é uma formação com base no Evangelho, nos documentos da Igreja e na realidade em que as famílias estão inseridas. Os assuntos abordados são urgentes, como os desafios da família no contexto sociocultural em vista da evangelização”. Quem deseja ainda fazer o curso pode se cadastrar no site http://www.vidaefamilia.org.br/.

* Com informações da Pascom da Paróquia São Judas Tadeu e São João Batista.

Coleta da Solidariedade supera expectativas Graças à contribuição dos fiéis, a Coleta da Solidariedade ampliou a arrecadação na Arquidiocese. Realizada no Domingo de Ramos (29 de março), a coleta é um dos gestos concretos da Campanha da Fraternidade e é destinada integralmente ao apoio de projetos sociais na Arquidiocese e em todo Brasil, através de fundos solidários. Neste ano foram arrecadados R$ 274.055,36 nas paróquias e comunidades, sendo que deste valor, 40% será encaminhado para o FNS que, entre outras ações, também apoiará o Projeto da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no

Haiti. Os outros 60% constituem o Fundo Arquidiocesano de Solidariedade (FAS), que visa apoiar projetos sociais e de geração de trabalho e renda nas comunidades mais empobrecidas da Arquidiocese. Em 2014, através dos recursos arrecadados com a coleta, apoiaram-se dez projetos sociais e foi instituído o Prêmio de Iniciativa Solidária Dom Afonso Niehues. A relação completa dos valores arrecadados por paróquias está disponível no site da Arquidiocese, bem como os formulários para a elaboração de projetos que podem ser encaminhados ao FAS.

Teia 3

Mas, dentro de nós, quantas teias por varrer... Orgulho, vaidade, inveja, autossuficiência... A vassoura é a vontade generosa de que fala o salmista. A vontade, a única coisa que me pertence, diz Agostinho, o santo!

Ondas

Ontem estive contemplando o mar. As ondas grandes, chegando à praia, tornam-se pequenas. Nelas está a mesma água, do mesmo oceano. Como poderia a onda grande sentir orgulho diante da pequena se é ela mesma que está ali? E como poderia a onda pequena sentir-se inferior à onda grande se há pouco ela estava assim no mar?

Orgulho

Que tristeza deixar que o orgulho me faça prisioneiro de mim mesmo, carcereiro da vida que poderia ser tão mais feliz, tão mais abundante...

ECAM inicia suas atividades na Arquidiocese Teve início a 23ª edição da Escola Catequética de Multiplicadores (ECAM). Este ano, as formações acontecem na Paróquia de Tijucas e contam com a presença de aproximadamente 300 catequistas. A escola existe desde 1992 e tem como meta principal trabalhar temas que levem ao aprofundamento na vivência comunitária e espiritual, e na fé dos participantes. Dentre os objetivos específicos está a reflexão de contéudos que atendam às diversas áreas da formação: pessoal, bíblico, litúrgico, metodológico, teológico, levando em conta a Iniciação à Vida Cristã (IVC); favorecer momentos de

celebração, partilha e trabalhos práticos; e aprofundar e vivenciar a IVC. Para mais informações, entre em contato com o Serviço de Animação Bíblico Catequético da Arquidiocese, pelo telefone (48) 3224-4799.


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#compartilha Novos cursos de especialização são promovidos pela FACASC A Faculdade Católica de Santa Catarina (FACASC) oferece para o segundo semestre deste ano, novos cursos de pós-graduação. Serão cinco cursos: Juventude, religião e cidadania; Comunicação e marketing no terceiro setor; Gestão eclesial; Gestão e empreendedorismo social; e Estudos bíblicos. As inscrições vão até 15 de junho, pelo site da Faculdade. - Juventude, religião e cidadania: pertence a área das ciências humanas e tem como objetivo geral, contribuir para a capacitação de jovens e adultos no trabalho com a juventude, desenvolvendo pesquisas de temáticas relacionadas às realidades e experiências juvenis, considerando aspectos históricos, sociais e a diversidade cultural e religiosa. Duração de dois anos. - Comunicação e marketing no terceiro setor: área das ciências humanas (jornalismo, semiótica aplicada e marketing). Busca refletir o tema da comunicação com olhar teológico, oferecendo fundamentos bíblicos e recordando a

reflexão e a trajetória das igrejas cristãs por meio de seus principais documentos. Duração de um ano. - Gestão eclesial: área das ciências sociais. Visa aperfeiçoar as formas de gestão eclesial condizente com os avanços operacionais, legais e tecnológicos da sociedade atual. Duração de dois anos. - Gestão e empreendedorismo social: área das ciências sociais. Tem como objetivo geral capacitar profissionais que atuam ou desejam atuar como gestores em organizações sociais, filantrópicas, religiosas, ONG’s, negócios sociais, empresas. Duração de 180 horas. - Estudos bíblicos: área das ciências humanas (Teologia Bíblica, História de Israel e das

Imagem: Divulgação / FACASC

Inscrições vão até 15 de junho através do site da Faculdade.

Comunidades Cristãs do 1º século). Levará o acadêmico a conhecer a Bíblia em sua história e literatura, aprofundar a metodologia de leitura e interpretação de textos bíblicos, entre outros objetivos. Duração de um ano.

Visitas pastorais 2015 têm início neste mês

Cristãos celebram o dom da unidade no Tempo Pascal

Jubileu de prata da Paróquia Santa Cruz

A Paróquia São Pedro Apóstolo, em Itajaí, receberá de 29 de maio até 11 de junho, a visita pastoral do Arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck, scj. Desde a elevação à paróquia, no dia 05 de março de 2012, será a primeira visita pastoral do Arcebispo, que já esteve lá, porém, em outras celebrações. Na pauta estão as missas diárias na Matriz - no bairro Itaipava e nas capelas -, visita em algumas das 14 comunidades e encontro com as lideranças para ver o andamento pastoral e as ações evangelizadoras. De 12 de junho até 08 de julho, será a vez da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, na Enseada de Brito, em Palhoça, receber a visita do Arcebispo.

A Semana Nacional de Oração pela Unidade dos Cristãos (SOUC) acontece entre os dias 17 e 24 de maio e tem como tema: “Dá-nos um pouco da tua água” (Jo 4,7). Em Florianópolis, a Semana de Oração é organizada pelo Núcleo Ecumênico com a participação das Igrejas Cristãs: Católica Romana, Luterana, Anglicana, Sirian Ortodoxa e Presbiteriana Independente. No início, dia 17, e no encerramento, 24, cada comunidade cristã fará sua celebração própria. Nos outros dias, segue programação especial: 18 de maio: Igreja Presbiteriana, Coloninha, 20h 19 de maio: Templo ecumênico de Jurerê, 20h 20 de maio: Catedral de Florianópolis, 19h30 – Presença de Dom Wilson 21 de maio: Centro de Reabilitação (Cerene), Palhoça, 20h 22 de maio: Recanto Silvestre, Biguaçu, 19h30 23 de maio: Igreja Sirian Ortodoxa, Barreiros, 20h

A Paróquia de Santa Cruz, em Areias, São José, completa, no dia 12 de maio, 25 anos de existência. Para comemorar esta data jubilar acontece uma novena preparatória desde o dia 03 de maio com a peregrinação da Santa Cruz que percorrerá as nove comunidades da Paróquia. No dia do jubileu, 12 de maio, haverá das 07h até às 15h, adoração ao Santíssimo Sacramento, às 19h30 a oração do terço e, às 20h, missa solene presidida pelo Arcebispo, Dom Wilson. A paróquia jubilar convida todos a participarem dessa grande festividade. “Esta data deve ser perpassada pelo espírito de oração e renovação de nosso compromisso com Deus em favor dos irmãos”, afirmou o pároco, Pe. Kelvin Konz. Confira a matéria especial, a programação do jubileu e as fotos da inauguração da Igreja no site pscruz.org.br.

Visitas Pastorais 29/05 a 11/06 Paróquia São Pedro Apóstolo Itaipava, Itajaí 12/06 a 08/07 Paróquia N S do Rosário Enseada do Brito, Palhoça

Mais informações através do email guentherearminda@ hotmail.com.


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nossa fé

Paróquia, a caminho do céu Pe. Vitor Galdino Feller

Dom Oscar Romero será beatificado este mês Fernando Anísio Batista

No Tempo Pascal celebramos a ressurreição de Cristo e sua ascensão gloriosa ao céu. Nós também somos chamados a este destino: o abraço amoroso de um Deus que é Pai. Mas ninguém entra no céu sozinho. Inseridos, pelo batismo, na vida em comunidade neste mundo, somos chamados à plenitude da vida comunitária no céu. É impossível ser cristão sem vida comunitária. Também não pode haver comunidade isolada. Cada comunidade de fiéis une-se a outras para formar uma comunidade maior, chamada de paróquia. Cada paróquia existe e sobrevive se estiver a serviço de suas bases, que são as comunidades e as pessoas, ajudando-as no caminho para a casa do Pai.

apresenta palavras gregas usadas na Bíblia que têm a ver com o sentido de paróquia. O substantivo paroikía designa “habitação em terra estrangeira”; o verbo paroiken significa “viver junto de, viver em casa alheia, habitar próximo a”; o adjetivo paroikós equivale a “vizinho, próximo” (n. 161). E continua: “A Igreja, comunidade de fiéis, é integrada por estrangeiros, pelos que estão de passagem ou, ainda, pelos imigrantes ou peregrinos, sempre indicando que o cristão não está em sua pátria definitiva, que deve se comportar como quem se encontra fora da pátria. A paróquia, desse modo, é uma ‘estação’ onde se vive de forma provisória, pois o cristão é caminheiro” (n. 162).

Definição de paróquia

Sempre peregrinos

O Documento 100 da CNBB – “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia. A conversão pastoral da paróquia” –

Uma carta, de autor desconhecido, endereçada a um tal de Diogneto, descreve quem eram e como viviam os cristãos

dos primeiros séculos. “Vivem na sua pátria, mas como se fossem forasteiros; participam de tudo como cristãos, e suportam tudo como estrangeiros. Toda pátria estrangeira é sua pátria, e cada pátria é para eles estrangeira”.

Irradiação de amor Os cristãos vivem em comunidades, mas não de modo isolado. Fazem de suas comunidades irradiação de amor e serviço, de doação e cuidado, em favor de todos, sobretudo dos mais necessitados. Fazem de sua comunidade e de sua paróquia uma experiência da vida celeste. Assim, a paróquia “é uma hospedaria que acolhe os viajantes para a pátria celeste. (...) Ela é referência, lar, casa e, ao mesmo tempo, hospedaria, estação para os que caminham guiados pela fé em Jesus Cristo”, ressuscitado dos mortos para nos abrir as portas do céu (Doc 100, n. 163).

No dia 23 de maio acontece a cerimônia de beatificação de Dom Oscar Romero, Arcebispo de El Salvador, que será presidida pelo Cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos (Santa Sé). O Papa Francisco autorizou, no dia 03 de fevereiro deste ano, a publicação do decreto que reconhece o martírio de Dom Oscar Romero, assassinado no dia 24 de março de 1980, na Colônia Miramonte, em San Salvador, capital salvadorenha. Neste decreto, Francisco também reconheceu o martírio de dois franciscanos polacos, Michele Tomaszek e Sbigneo Strzalkowski, e do sarcerdote italiano Alessandro Dordi, mortos no Peru, em 1991, pelo grupo de guerrilha Sendero Luminoso.

Breve histórico Oscar Armulfo Romero nasceu em 15 de agosto de 1917, em Ciudad Barrios, em El Salvador. Foi ordenado padre aos 25 anos e bispo aos 53. Retornou a El Salvador, na função de pároco. Era um sacerdote generoso e atuante: visitava os doentes, lecionava religião nas escolas, foi capelão do presídio, os pobres e carentes faziam fila na porta de sua casa paroquial, pedindo e recebendo ajuda. Durante 26 anos, Pe. Oscar Romero conheceu a miséria profunda que assolava seu pequeno país.

Nomeado em 1977 arcebispo da capital, San Salvador, colocou-se ao lado do sofrimento do povo e das pessoas que lutavam em defesa dos direitos humanos. Passou assim a denunciar corajosamente, nas homilias dominicais, a repressão do regime militar e as atrocidades cometidas pelos esquadrões da morte, manifestando publicamente sua solidariedade com as vítimas da violência política. Na homilia de 23 de março de 1980, o Arcebispo se dirige explicitamente com duras críticas aos homens do Exército, da Guarda Nacional e da Polícia. Assim, no dia seguinte, Dom Romero foi fuzilado, em meio aos doentes de câncer e enfermos, enquanto celebrava a missa na capela do Hospital da Divina Providência, na capital de El Salvador, por um atirador de elite do exército salvadorenho. Estava em plena Eucaristia dizendo “que este Corpo e este Sangue nos alimentem para entregarmos também o nosso corpo...” quando caiu baleado, detrás do altar, aos pés do grande Crucifixo. Sua morte provocou uma onda de protestos em todo o mundo e pressões internacionais por reformas em El Salvador. Mártir da Igreja pela justiça, Romero é considerado “santo” pelo povo salvadorenho e pelas comunidades eclesiais de base de toda a América Latina que atuam ao lado dos mais desfavorecidos.


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capa

H

á 34 anos a rotina diária inicial e final do trabalho é a mesma: Osni Flores reza e agradece a Deus diante das imagens que têm na pequena sala onde guarda os pertences pessoais. Isto desde o dia 18 de janeiro de 1981, quando começou a trabalhar na residência episcopal em Florianópolis como jardineiro. “Me sinto feliz fazendo isso, parece que dá um alívio”, afirma. Nestas mais de três décadas, “Seu Osni”, como é conhecido, trabalhou com jardinagem, serviços gerais, concertos, reparos e manutenção em geral. O primeiro arcebispo com quem trabalhou foi Dom Afonso Niehues, depois Dom Eusébio Oscar Scheid, Dom Murilo Krieger e agora, Dom Wilson Jönck. “A saída de Dom Afonso me marcou, por ser meu primeiro chefe, acho que foram uns dez anos com ele. Tornei-me amigo dele, não que eu não seja dos demais, mas foi muito tempo”, esclarece. Seu Osni diz que “trabalhar com os bispos é algo único. Considero este trabalho minha segunda casa. Me sinto feliz, aqui formei minha família. Trabalhamos por uma mesma causa”.

O trabalhador na Igreja

A estatística aponta 392 pessoas que trabalham formalmente nas 70 paróquias da Arquidiocese de Florianópolis, distribuídas em 30 municípios. São secretários e secretárias, auxiliares de serviços gerais, de escritório, financeiro, administrativo, jardineiros, cozinheiras, motoristas. “É muito gratificante, pois trabalhar numa instituição como o asilo é estar consciente de que temos que amar os idosos. Aqui muitos foram menosprezados pela família, isso me dá a consciência de que preciso mesmo ajudar”, afirma um destes muitos trabalhadores, Vicente João da Cruz, 55 anos, que está há quase dois anos na manutenção do Asilo Casa Santa Maria dos Anjos, em Palhoça. Além disso, existe outro grupo de trabalhadores que atua de maneira voluntária, como os catequistas, Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, coordenadores de grupos, movimentos, pastorais, conselheiros paroquiais, sacristãos, coroinhas e colaboradores na liturgia e na música. Registrados ou voluntários, são trabalhadores que, assim como São José Operário se sacrificou para manter a Família de Nazaré, eles também se ofertam sem medidas por amor a Deus e à Igreja.

Desde os 17 anos de idade

Da Paróquia São Virgílio, em Nova Trento, vem outro exemplo de uma trabalhadora alegre e bem disposta. No dia em que completou 17 anos de idade, 15 de setembro de 1986, Deus presenteou Denair Aparecida Scalvin da Costa com o trabalho como secretária da paróquia. Denair completará 20 anos de casada no próximo (Osni Flores) mês de junho. Com três filhos, ela conta que o trabalho na paróquia é amplo e complexo e vai além da rotina na secretaria. Passa pela coordenação das festas do padroeiro ao atenDia do trabalho dimento das necessidades básicas dos sacerdotes. Na Encíclica Laborem Exercens, do Papa João Aos 45 anos de idade, desPaulo II (1981), sobre o trabalho humano, tem-se que creve que o trabalho na Igreja “com a palavra trabalho é indicada toda a atividade no começo foi uma novidade. realizada pelo homem, tanto manual como intelectual, Porém, com o passar do tempo quer dizer, toda a atividade humana que se pode e se envolveu mais com o serviço deve reconhecer como trabalho”. O santo ainda diz da paróquia. “Aqui você precisa que o trabalho é uma das características que distinrealmente gostar do que faz, ter guem o homem do resto das criaturas. Somente o homuita paciência, amor, e ir além mem tem a capacidade para o trabalho. do serviço técnico exigido para Para homenagear os homens pelo dom ao trabaatuar como secretária. É precilho, foi instituído o 1º de Maio como Dia do Trabalhaso ser mais humana, dedicada, dor ou Dia Internacional dos Trabalhadores, celebraatenciosa, acolhedora, amiga. E, do anualmente em vários países do mundo, sendo com tudo isso, manter o foco: é feriado no Brasil, em Portugal e em outros. um serviço a Deus e à sua IgreTeve origem no ano de 1886, em Chicago, nos ja”, relata. Estados Unidos, onde os operários de uma fábrica se revoltaram com a situação desumana a que eram submetidos e pelo total desrespeito de suas pessoas por parte dos patrões. Eram 340 em greve e a polícia massacrou-os sem piedade. Mais de 50 pessoas ficaram gravemente feridas e seis delas foram assassinadas num confronto desigual. Com o fortalecimento da classe operária, o dia 1º de Maio foi declarado feriado nacional e se tornou oficial com a criação de um decreto pelo presidente Artur Bernardes, em 1925. No calendário litúrgico, celebra-se a memória de São José Operário por se tratar do santo padroeiro dos trabalhadores. “Graças ao seu banco de trabalho, junto do qual exercitava o próprio ofício juntamente com Jesus, José aproximou o trabalho humano do mistério da Redenção”, cita João Paulo II, na Carta Redemptoris Custos, sobre a missão de São José. “Considero este trabalho minha segunda casa. Trabalhamos por uma mesma causa”


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Ocupa-te dos teus deveres profissionais por amor. Faz tudo por amor - insisto - e comprovarás as maravilhas que produz o teu trabalho

(São Josemaría Escrivá)

Da cozinha às compras “Aqui você precisa realmente gostar do que faz, ter muita paciência, amor, e ir além do serviço técnico exigido para atuar como secretária” (Denair Aparecida)

“Uma das grandes alegrias é quando conheço novos padres e posso servir a eles no dia a dia” (Valquiria Suave)

Quase duas décadas na paróquia de Biguaçu

No dia 21 de maio, Jarbas João Crescêncio completará 18 anos na função de secretário paroquial da Paróquia São João Evangelista, em Biguaçu. Um trabalho que passa também pela acolhida, evangelização e atenção às pessoas necessitadas. Casado e pai de dois filhos, Jarbas relata um fato marcante neste tempo quando, “na distribuição de cesta básica havia 89 pessoas na fila e só tinham 44 cestas. Fomos dando um jeitinho aqui, outro ali e atendemos a todos. Com fé conseguimos fazer um trabalho de evangelização, buscando construir o Reino de Deus entre nós, com aquilo que fazemos”. Ao descrever que é feliz como secretário, Jarbas parabeniza todos os trabalhadores neste mês de maio e diz que “temos que trabalhar com amor ao próximo, dedicação e fé, pois a secretaria paroquial é o cartão de visita da paróquia”. E deixa a dica: “atenda ao próximo como gostaria de ser atendido”.

“Temos que trabalhar com amor ao próximo, dedicação e fé, pois a secretaria paroquial é o cartão de visita da paróquia” (Jarbas Crescêncio)

Lavar, passar, limpar a casa onde moram cinco padres, fazer as compras e as refeições. Há 13 anos a rotina de Valquiria Suave Mendes é esta, na casa paroquial da Paróquia São Luís Gonzaga, centro de Brusque. Natural de Guabiruba, casada e mãe de dois filhos, Valquiria explica que “uma das grandes alegrias é quando conheço novos padres e posso servir a eles no dia a dia. A tristeza é quando os padres são transferidos ou morrem”. Valquiria cita ainda que o trabalho na casa dos padres em Brusque é sereno e de paz. E que “a gente não deve apenas trabalhar com o esforço físico, mas sim, com doação, coração, fazendo o que gosta. O trabalho realizado pelas mãos humanas engrandece e rejuvenesce o espírito e revitaliza o corpo. Deus fez do ser humano, seu sócio e colaborador na criação do mundo. Lembremos de São José, patrono dos operários e humilde servo de Deus. Busquemos e imitemos este homem justo e trabalhador em nossas atividades cotidianas”.

“Todo trabalho, remunerado ou voluntário realizado na Igreja, deve ser com amor, dedicação e respeito” (José Carlos Cabral)

De Itajaí, outro exemplo de amor ao serviço

Eliane

Onofre Siemann de Oliveira trabalha há 18 anos na Paróquia São João Batista, em Itajaí. Viúva, mãe de dois filhos, ela explica que além dos trabalhos realizados na secretaria paroquial, também, como voluntária, dedica-se à catequese, aos retiros com jovens e à liturgia. Aos 50 anos de idade, Eliane ressalta que na secretaria “todo dia vou encontrar diversas pessoas, cada uma com sua necessidade, sua “Somos convidúvida; então dados a fazer podemos ajudar, a diferença em escutar, enfim, nosso trabalho. tantas situações Pois viemos para diariamente, mas servir” gosto muito de (Eliane Siemann) estar aqui. Vivemos num mundo da pressa, onde não há tempo para perceber o próximo. Assim somos convidados a fazer a diferença em nosso trabalho. Pois viemos para servir”.

Trinta anos em Azambuja

Dos 50 anos de idade, José Carlos Cabral está há 30 atuando como secretário da Paróquia Nossa Senhora de Azambuja, em Brusque. Morador do bairro Cedrinho, “Cabral”, como é mais conhecido, relata que começou a trabalhar como secretário da Paróquia e também do Seminário de Azambuja, onde nesta última função permaneceu até 2003. Na paróquia que conta com sete funcionários, duas religiosas e cinco padres, Cabral afirma que “durante este tempo desempenhei meu trabalho com a certeza de estar contribuindo para o bem estar de todos e da Igreja. Todo trabalho, remunerado ou voluntário realizado na Igreja, deve ser com amor, dedicação e respeito”. Cabral e tantos outros trabalhadores da Igreja arquidiocesana são convidados a consagrar seus trabalhos e lutas diárias, suas famílias, ao coração de São José Operário, modelo de trabalhador fiel e dedicado.


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bíblia Lectio Divina

Alegria Pascal: além dos 50 dias No amanhecer daquele dia já se de seus olhos, para então acreditar. inaugurava um novo tempo. Porém, os A alegria é, portanto, o carro-chefe discípulos nem imaginavam que o tem- desse período pascal, como explica po da graça começara e, pelo contrá- o Pe. Siro de Oliveira, “porque a vida rio, ficaram tensos quando Maria Ma- venceu a morte. Cristo mostrou que a dalena entrou no local onde estavam morte não é o fim, mas é apenas a paspara dizer que o corpo de Jesus não sagem para uma nova vida. Por isso, se encontrava mais no sepulcro. para aqueles que acreditam, essa Madalena, após ter ido contar a Pe- deve ser a grande alegria”. dro o que tinha acontecido, retornou Mas Jesus, em seu corpo glorioso, para onde haviam sepultado Jesus, e tinha que retornar à casa do Pai. Clapreferiu ficar ali, apenas chorando. Pa- ro que os discípulos não queriam que recia que não lhe haviam esgotado as Ele fosse embora, mas Jesus insistia lágrimas, três dias antes, como descrito em João durante o caminho do 16 - “se eu não for, o Pa“O Espírito Santo é o calvário. Mas a cena não ráclito não virá”. princípio de toda ação termina aí. Jesus, surpreE por que Jesus tinha endentemente, aparece vital e verdadeiramente que ir para que viesse o e pergunta a ela: “MuParáclito? “Porque a vinsalutar em cada uma lher, por que choras?”. E da do Espírito Santo está ao dizer seu nome, Ma- das partes do Corpo de relacionada com a glorifidalena então reconhece Cristo, que é a Igreja” cação definitiva de Jesus o Cristo. pela sua ascenção”, exAleluia! Jesus Ressuscitou, bem- plica Pe. Valter Goedert. “Por essa glovindos ao Tempo Pascal. Durante os rificação, Jesus torna-se o Senhor para próximos 50 dias, o Filho de Deus faz a glória de Deus Pai”, enfatiza. diversas aparições aos discípulos. Mesmo Cristo tendo prometido que Como, por exemplo, a marcante ca- não os deixaria sozinhos, ainda assim, minhada com os dois que voltavam eles ficaram com medo. Trancados de Jerusalém a Emaús. Mesmo tendo dentro do cenáculo, no dia de Penteouvido falar da Ressurreição, eles não costes, foram surpreendidos por um se deixaram envolver pela alegria da ruído e, em seguida, pelas línguas de vitória de Cristo. Tiveram que esperar o fogo que repousaram sobre cada um “partir do pão”, que o Senhor fez diante deles. “Neste dia, ocorre a manifestação plena do Espírito Santo sobre os apóstolos e toda a Igreja”, observa Pe. Valter. Dali por diante, o povo de Deus toma vida e vigor, conduzidos pelo “Espírito Santo que é o princípio de toda ação vital e verdadeiramente salutar em cada uma das partes do Corpo de Cristo, que é a Igreja”, conclui o sacerdote. A partir disso, viver Pentecostes passa a ser o caminho de uma Igreja alegre anunciante do mistério da morte e ressurreição de seu Senhor.

Pe. Wellington Cristiano da Silva

Lectio (leitura)

Oratio (oração)

“Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa” (Lc 1,56).

Meditatio (meditação) Após receber a graça de conceber um filho na velhice, Isabel ficou escondida durante cinco meses (Lc 1,24). Deus havia tirado a vergonha que pesava sobre ela (Lc 1,25). No sexto mês de sua gravidez, Isabel recebe a humilde visita de Maria. Esta nobre visita lhe trouxe alegria e novo vigor, e tirou a angústia e o medo. A atitude solícita e solidária da Virgem para com sua parenta manifesta um amor profundo; um amor capaz de libertar Isabel de seu esconderijo interior. Como serva do Senhor, Maria se aproxima, saúda a mãe de João, rejubila com ela e coloca-se a seu serviço. É uma visita que demonstra proximidade, comprometimento, comunica amor e afeto. Sou também eu capaz de sair de minha cômoda vida e ir ao encontro do próximo? Costumo visitar aqueles que se escondem, que se sentem oprimidos e abandonados?

“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” (Lc 1,42-43).

Contemplatio (contemplação) Contemplemos as maravilhas que o Senhor tem operado em nossas vidas, através do seu Filho Jesus, o Sol nascente que nos veio visitar (cf. Lc 1,78).

Missio (missão) A festa da visitação de Nossa Senhora coroa o mês dedicado àquela que nos trouxe o Salvador. A atitude de Maria para com sua parenta de idade avançada manifesta o núcleo da caridade cristã: o amor que se torna serviço. Enquanto Igreja em constante saída, queremos fomentar na sociedade a cultura do encontro, da proximidade. Nossa missão é visitar, escutar, aproximar, servir, sair, amar.

Conhecendo o livro dos Salmos Pe. Ney Brasil Pereira

Salmo 108 (107): Vamos, minha glória! Este breve salmo não é plenamente original, pois o seu texto é constituído de partes de dois salmos anteriores. Os versículos 02 a 07 são a parte final do Salmo 57 (Sl 57,8-12), e os versículos 08 a 14 são a parte final do Salmo 60 (Sl 60,7-14), ambos já comentados anteriormente. Sua originalidade está na junção dos dois textos e na positividade e urgência da prece do salmista. Inspirado por seus predecessores, ele adapta, para novas circunstâncias, textos antigos. O resultado é uma composição de grande amplitude, embora breve, que impressiona pela variedade das imagens e das alusões e pessoas envolvidas. Na primeira parte do salmo (vv. 2 a 7),

o salmista volta-se quase exclusivamente para Deus, expressando sua confiança absoluta nele e se determinando a louvá-lo, inclusive ao som de instrumentos musicais. Conclui, porém, esta parte, com um pedido, por si mesmo e por seu povo: “Para ficarem livres vossos amigos, ajudai-nos com vossa mão, ouvi-nos” (v. 7). A segunda parte (vv. 8 a 14), começa com um oráculo antigo (vv. 8-10), continua com uma interpelação a Deus, o único que pode derrotar o inimigo (vv. 11-12) e termina, após um premente pedido - “Dainos auxílio contra o inimigo, porque é vão qualquer socorro humano” (v.13) -, com a certeza da vitória (v.14).

Leia o salmo e medite: 1) Como entender o título dado ao salmo: “Vamos, minha glória!”? 2) De que “prontidão” se trata, no início do salmo? 3) Que sabe você da “misericórdia” e “fidelidade” do Senhor? 4) Como entender o oráculo divino dos vv. 8-10? 5) De que “proezas” se tratam, no final do salmo? Como as realizaremos?

A análise completa deste salmo se encontra no site da Arquidiocese: www.arquifln.org.br


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evangelização

Novos caminhos da catequese começam com formação de agentes Iniciação à Vida Cristã assume caráter de urgência no Plano Pastoral da Arquidiocese Escolhida como uma das prioridades do Plano Pastoral 2012/2022, a Iniciação à Vida Cristã (IVC) ganha novo destaque na ação evangelizadora da Arquidiocese de Florianópolis. Durante os próximos anos, o objetivo é que a IVC não seja vista simplesmente como uma catequese ocasional, em vista apenas dos sacramentos, mas como um itinerário de fé permanente. Na prática, uma série de ações programadas estão em desenvolvimento, começando pelas

foranias e indo ao encontro das paróquias. “Primeiro é necessário que se tenha um entendimento da Iniciação à Vida Cristã, para depois dar outros passos”, explica a coordenadora do Serviço de Animação Bíblico-Catequética (SABC), Irmã Marlene Bertoldi. O projeto de implantação da IVC na Arquidiocese inicia com o processo de formação e aprofundamento sobre o tema, utilizando-se de subsídios disponibilizados pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – Documento Iniciação à Vida Cristã - Um processo de Inspiração Catecumenal nº 97, Itinerário Catequético, além de materiais produzidos pela equipe arquidiocesana da catequese. “Muitas paróquias já adquiriram o itinerário catequético que tem sido estudado por lideranças e catequistas”, reforça Irmã Marlene. Assume um caráter de urgência a formação dos catequistas e dos pais e padrinhos no caminho da Iniciação à Vida Cristã. O acompanhamento de crismandos e adultos, para fortalecer o crescimento da fé, está entre as próximas fases do plano. Com Isabel Fernandes recebeu os Sacramentos do Batismo, Eucaristia e Crisma durante Missa da Vigília Pascal isso, pretende-se ter uma proxi-

Itinerário catequético pode ser adquirido com o SABC

midade dos fiéis, abrangendo sua caminhada na Igreja nas diversas etapas da vida. Encontros Formativos A Escola Catequética de Multiplicadores (ECAM) tem contribuído com o processo formativo na implantação da IVC nas paróquias. Atualmente, cerca de 300 catequistas participam dos encontros mensais, que têm duração de três anos, de forma rotativa. O tema da IVC também será pauta no Mutirão Arquidiocesano de Formação, nos dias 27 e 28 de junho. Aberto para leigos e lideranças paroquiais, acontece no Centro de Evangelização Angelino Rosa (CEAR), em Governador Celso Ramos. Informações pelos e-mails pastoral@arquifln.org.br e catequese@ arquifln.org.br.

Assembleia Geral elege nova presidência da CNBB Da noite de sábado, 18 de A Conferênabril, até a manhã do domingo, cia Nacional dos jovens de todo país se reuniram Bispos do Brasil em vigília de oração no Santu(CNBB) tem novo ário Nacional de Aparecida. presidente, o ArO momento representou uma cebispo de Brasídas primeiras ações do projeto lia (DF), Dom Sér“300 anos de bênçãos: com a gio da Rocha (54), mãe Aparecida, juventude em eleito durante a 53ª missão”, organizado pela CoAssembleia Geral missão Episcopal Pastoral para (AG) em Aparecia Juventude da CNBB. da. Dom Sérgio tem O Arcebispo Dom Wilson Tacomo lema episcodeu Jönck, scj, representou o pal “Omnia in CariAssembleia Geral deste ano também discute sobre as diretrizes da evangelização no Brasil Regional Sul 4, juntamente com tate” (Tudo na caos demais bispos catarinenses. ridade). A eleição da presidência No total, foram 274 circunscrições da CNBB acontece a cada quatro eclesiásticas representadas. Além Presidência eleita anos. Em votações separadas, du- das eleições, o episcopado revisou rante a Assembleia também foram as Diretrizes Gerais da Ação EvanPresidente: Dom Sérgio da Roescolhidos o vice-presidente, o se- gelizadora da Igreja no Brasil, tratou cretário-geral da Conferência e os de questões atuais, como a reforma cha, Arcebispo de Brasília (DF). Vice-presidente: Dom Murilo Sepresidentes das Comissões Episco- política e a desigualdade social, falou sobre o matrimônio civil, dízimo, bastião Krieger, Arcebispo de Salpais de Pastorais. A Assembleia Geral ocorreu de questões indígenas e promoveu a vador (BA) e primaz do Brasil. Secretário geral: Dom Leonardo 15 a 24 de abril e reuniu 450 bispos celebração solene em ação de grade todo país, entre cardeais, arce- ças pelos 50 anos do Concílio Ecu- Urich Steiner, Bispo auxiliar de Brasília (DF). bispos, bispos auxiliares e eméritos. mênico Vaticano II.

Novo presidente Dom Sérgio da Rocha nasceu na cidade de Matão (SP), em 17 de outubro de 1959. Foi ordenado presbítero na Matriz do Senhor Bom Jesus de Matão (SP), Diocese de São Carlos, em 14 de dezembro de 1984. Foi nomeado bispo auxiliar de Foraleza (CE) pelo Papa João Paulo II em 2001. Em janeiro de 2007, foi nomeado Arcebispo coadjutor da Arquidiocese de Teresina (PI) e, em 2011, Arcebispo metropolitano de Brasília.


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evangelização

De Portugal a Santa Catarina As Festas do Divino ultrapassam séculos e se enraízam como as mais tradicionais da Arquidiocese Foto: Divulgação / Paróquia Ssmo. Sacramento

Festa do Divino da Paróquia Santíssimo Sacramento, Itajaí, 2014

cio em 1854. E, em Palhoça, a festa na Enseada de Brito é a mais antiga do município. Bandeira do Divino O símbolo sagrado que representa o Espírito Santo para seus devotos é a bandeira do Divino. Sempre de cor vermelha e com um desenho de pomba branca no centro. Umas trazem desenhos mais simples, outras trazem o Divino sobre raios, geralmente em número de sete, que simbolizam os dons.

Programação

As festas populares em honra ao Divino Espírito Santo foram introduzidas em Portugal, no ano de 1296, após o casamento do rei Dom Diniz com a rainha Isabel de Aragão. A festa teve como berço a cidade de Alencar, sendo atribuída a sua instituição à própria rainha. A partir de então se espalhou para todo o Império Português. Implantou-se, sobretudo, no Arquipélago dos Açores. Em meados do século 18, os açorianos atravessaram o Atlântico e trouxeram para Santa Catarina os seus sonhos, conhecimentos e tradições. O açoriano transportou no coração a religiosidade, a fé e o culto ao Divino Espírito Santo. Este legado secular representa, hoje, uma das manifestações mais significativas da cultura popular catarinense: a Festa do Divino Espírito Santo. Na Praça Getúlio Vargas, centro de Florianópolis, os festejos promovidos pela Irmandade do Divino Espírito Santo datam desde o século XVIII, e atraem de crianças a famílias inteiras. Já na comunidade de Santo Antônio de Lisboa, um dos berços da colonização açoriana na cidade, a festa se tornou uma tradição de 250 anos. A festa do Divino de Santo Amaro da Imperatriz é uma das maiores e mais tradicionais do Brasil. Teve iní-

- 17 a 24 de maio Paróquia Santíssimo Sacramento Itajaí. - 15 a 17 de maio Paróquia Nossa Senhora de Fátima e Sta. Teresinha do Menino Jesus Estreito, Florianópolis. - 16 a 18 de maio Paróquia de São José São José. - 21 a 24 de maio Igreja do Divino Espírito Santo Praça Getúlio Vargas, Florianópolis. - 22 a 25 de maio Paróquia Santo Amaro Santo Amaro da Imperatriz. - 22 a 24 de maio Paróquia Nossa Senhora da Lapa Ribeirão da Ilha, Florianópolis. - 30, 31 de maio e 1º de junho Paróquia Sr. Bom Jesus de Nazaré Palhoça. - 06 a 08 de junho Paróquia São Sebastião Tijucas. - 13 a 14 de junho Paróquia São Francisco Xavier Monte Verde, Florianópolis. - 09 a 13 de julho Paróquia Nossa Senhora do Rosário Enseada de Brito, Palhoça.

Caridade social Foto: Divulgação / Parque Dom Bosco

Parque Dom Bosco beneficia crianças, adolescentes e jovens Entidade atende mais de 800 pessoas com atividades no contraturno escolar Há 54 anos, em Itajaí, o Parque Dom Bosco é uma obra da Rede Salesiana de Ação Social. Atualmente, 840 crianças, adolescentes e jovens são atendidos diariamente no contraturno escolar. Entre as atividades assistenciais, destacam-se três programas prioritários: oficinas alternativas, iniciação profissional e aprendi-

zagem. As Oficinas Alternativas atendem crianças de 06 a 13 anos, divididas nas atividades de artesanato, dança, música, futsal e informática. O programa oferece ainda esporte, formação humana e cristã. A Iniciação Profissional capacita adolescentes e jovens, de 14 a 24 anos, nos cursos de assistente administrativo e panificação, e também oferece formação humana e cristã. Já o Programa de Aprendizagem encaminha os adolescentes e jovens para o mercado de trabalho e os capacita para um melhor desempenho nas empresas. “Após a formatura do curso em julho de 2013, fui convidada para trabalhar na instituição como jovem aprendiz. Neste período em que exerci esta função adquiri muitos conhecimentos, lidei com diferentes realidades, e pude ajudar muitas crianças e jovens através do meu trabalho. Depois de alguns meses, recebi a proposta de ser efetivada, a notícia me trouxe muita felicidade e logo aceitei a proposta”, relata a jovem Tamyris de Oliveira, 17 anos, que atualmente é auxiliar administrativa no Parque.

Ajuda O Parque Dom Bosco se mantém por meio de convênios com a Prefeitura de Itajaí, parceria com empresas e pessoas físicas e um carnê de contribuição para ajuda espontânea da sociedade. Mas outra forma de ajudar é também o voluntariado. “Minha motivação é saber que muitas pessoas precisam de ajuda e, em especial, as crianças. Sei que o trabalho do Parque Dom Bosco ajuda diretamente a vida delas”, conta Simone Euclidia Inacio, 47 anos, que há seis meses presta serviço na entidade. Outra forma de colaboração é por meio de doações de roupas, material pedagógico, cesta básica, materiais de higiene, limpeza e utilidades. Para conhecer mais sobre o Parque acesse o site parquedombosco.org. Foto: Divulgação / Parque Dom Bosco


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evangelização Juventude promove a unidade em mais uma Jornada Arquidiocesana Mais de mil jovens de 13 municípios participaram do evento Foto: Júnior Kempner

Cronograma de maio 1 a 3/5 | 96º Emaús Feminino | Florianópolis 2/5 | Encontro Vocacional | Itajaí e Florianópolis 5 e 6/5 | Curso de Formação para o Clero | Brusque 13/5 | Sessão Solene da Família | Câmara de Vereadores - Florianópolis 15 a 17/5 | Encontro de NÉOS Mov. de Irmãos | CEAR 16/5 | Encontrão da Pastoral da Saúde | 16/5 | Ordenações Diaconais | Tijucas

“Evangelizar, através de um ambiente jovem, em que eles se sintam bem”, enfatiza o jovem Lucas Wippel (16), da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Guabiruba. A frase para ele traduz a Jornada Arquidiocesana da Juventude (JAJ), que mobilizou 1.200 jovens em Itajaí. O evento, promovido pelo Setor Juventude da Arquidiocese de Florianópolis, tem se destacado não somente pelos shows, mas também pelo espaço de fraternidade, partilha e oração entre os jovens. “Este evento foi importante para criar união entre os diversos movimentos, pastorais e comunidades”, observou Juliana Pereira (29), da Comunidade Transfiguração de Itajaí. Praticamente todas as expressões da juventude arquidiocesana estiveram presentes nessa quarta edição da jornada, no dia 28 de março. Diante do público na Paróquia São Cristóvão, Kamila Neves (18), da Paróquia Senhor Bom Jesus, de Camboriú, aproveitou para destacar “como a juventude da nossa Arquidiocese é grande. Mesmo com chuva estão aqui, é forte”. Entre as atrações da noite estiveram o Ministério Glória Eterna, de Florianópolis, a Banda Amados do Eterno, de Camboriú, e o cantor Diego Fernandes, de São Paulo. “Mas o momento mais forte, foi a adoração, pela aproximação com Deus”, destacou Lucas. Danielle Meu-

rer (16), da Paróquia São Judas Tadeu e São João Batista, da Palhoça, reforçou: “a juventude estava realmente ali disposta a adorar e louvar a Deus”. Ainda fez parte da programação a missa, presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Wilson Tadeu Jönck e um bate-papo dele com os jovens no intervalo de um dos shows. Ao término, ficou o sentimento de gratidão da equipe organizadora e alegria daquelas que participaram. “O evento superou as expectativas e reacendeu em nossos jovens a chama do primeiro amor”, concluiu o coordenador do Setor Juventude Arquidiocesano, João Augusto de Farias. Próximo evento Um encontro para líderes jovens está programado para os dias 06, 07 e 08 de junho, no Centro de Evangelização Angelino Rosa (CEAR), em Governador Celso Ramos. O evento será uma formação geral para os coordenadores de grupos de jovens e paroquiais da juventude. As informações completas sobre o evento podem ser verificadas no endereço fb.com/juventudearquifloripa ou em contato pelo telefone (48) 3224-4799. Entre os palestrantes, está confirmada a presença de Dom Wilson e do padre referencial da juventude, Pe. Ewerton Gerent.

17/5 | III Festival da Família | Beira Mar Continental - Florianópolis 17 a 24/5 | Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos | 19/5 | Reunião Geral do Clero | Campinas - São José 21 a 24/5 | 85º Emaús Masculino | Florianópolis 24/5 | CDO Pentecostes | CEAR 24/5 | Escola de Formação Catequética para Multiplicadores | Tijucas 25/5 | Formação para agentes de pastoral colégios católicos | Florianópolis 28 a 31/5 | 467º Cursilho Masculino | Brusque 28 a 31/5 | 468º Cursilho Masculino | Florianópolis 29 a 31/5 | Visita Pastoral Dom Wilson | Itaipava - Itajaí 31/5 | Cenáculo de Pentecostes RCC | São José

Rota 300 é lançado em Aparecida O padre referencial para a juventude, Pe. Ewerton Gerent, e o coordenador do Setor Juventude, João Augusto de Farias, representaram os jovens da Arquidiocese de Florianópolis no lançamento oficial do projeto “300 anos de bênçãos: com a mãe Aparecida, juventude em missão”. O evento aconteceu nos dias nos dias 18 e 19 de abril, em Aparecida (SP). O lançamento do, também chamado, “Rota 300” teve seu ápice na noite de sábado, onde cerca de mil jovens participaram de uma vigília na Basílica. Ao longo de toda a madrugada, eles meditaram os mistérios gozosos do terço, que foi intercalado pela proclamação do Evangelho, pregações de bispos, música, encenações e testemunhos. “Pela primeira vez depois da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, pude enxergar os jovens, em massa, de diferentes expressões, numa unidade durante a oração, e isso prova o quanto nossos esforços

Fabíola, Dom Wilson, João Augusto e Pe. Ewerton

pela ação da Pastoral Juvenil têm surtido efeito”, destacou João Augusto. No domingo (19) teve a procissão de bispos e jovens, conduzindo o andor de Nossa Senhora a caminho da Basílica, local da missa de envio. “Maria foi fiel a seu Filho Jesus até o fim. E com esta vigília, percebemos que os jovens devem procurar nela o grande exemplo para viver a sua fé. Pois Maria é a Mãe que podemos procurar sempre”, afirmou Padre Ewerton. Uma peregrinação com a réplica da imagem de Nossa Senhora, como parte do projeto Rota 300, está prevista na Arquidiocese de Florianópolis para agosto de 2016.


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geral Isto é Corpus Christi: corpo, sinal e presença

Infelizmente o cristianismo foi por vezes compreendido como uma religião que opõe o espírito à carne, que despreza o corpo e rejeita a dimensão corporal. Na verdade, o desprezo estoico do corpo se opõe à inspiração de Jesus e da Igreja, que proclamaram e continuam proclamando a religião do “corpo”, ou seja, do Deus encarnado na história dos homens. Por ser corpo, o cristianismo torna-se um sinal e oferece presença. A ideia de “corpo”, “sinal” e “presença” nos ajuda a compreender a festa de Corpus Christi. Corpus Christi é a festa do corpo histórico e humano de Jesus, que amou, foi amado por muitos e também rejeitado, sofreu, foi crucificado, morto e ressuscitado. Corpo que se faz presente no meio de nós e por isso é também a festa do grande Corpo de Cristo que é a humanidade inteira, especialmente os que amam e sofrem como Ele no mundo: os

enfermos e famintos, os rejeitados e encarcerados, os pobres e excluídos. O “como Ele”, “com Ele”, “N’Ele” e “por Ele” nos faz estar e ser em comunhão com Ele. Assim Jesus, na Ceia, ao tomar o pão e o vinho em suas mãos, se oferece como comunhão de amor, por amor, no amor com cada pessoa que se coloca no seu caminho, como seu seguidor, como cristão – alter Christus. Em comunhão somos sinais D’Ele no mundo. Jesus, em toda sua vida, não anuncia um caminho separado da

vida do mundo, não nos ao Corpo e o Sangue do apresenta uma lei pu- Senhor, nos aderimos à ramente social ou um sua pessoa e à sua mennovo princípio religioso. sagem, experimentamos Ao contrário, em todo sua intimidade e somos seu Evangelho, Jesus se transformados por Ele. revela a nós como cor- Por isso, comungar com po expansivo, sentido, Jesus é comungar com compartilhado. Ele é a todos, porque Jesus nunvideira e nós os ramos. ca vem só: Ele vem “corOs Evangelhos nos apre- porativamente” como sentam Jesus no nível da Igreja, como um único corporalidade próxima: corpo no qual Ele é a caEle olha, toca, acaricia, beça. cura, ri, chora. Em Jesus O corpo é a primeivemos com maior profun- ra condição de “existir didade nossa própria hu- no mundo”, único modo manidade, como espelho disponível para nos redo seu corpo. lacionar com Contemplano mundo, do o corpo Corpus Christi é a com os oude Jesus, tros e com descobrimos festa do Corpo his- o que nos sua presen- tórico e humano de t r a n s c e n d e . ça e sua proJesus, que amou, Como corpo vocação em oferecemos foi amado por cada pessoa. presença. N’Ele somos muitos e também Como Corpo um corpo rejeitado, sofreu, foi de Cristo no “cristificado” mundo, ofe– somos seus crucificado, morto e recemos sua sinais. presença no ressuscitado “Tomai, mundo. Poisto é o meu demos estar Corpo”. O presentes de verbo aqui é mais do que muitas maneiras, mas aceitar e receber algo. principalmente devemos Trata-se de uma íntima ser presença, pois ainda união na qual nos unimos que presentes realmente, podemos estar totalmente ausentes. A presença do Senhor é sempre total, pois sua dinâmica interior é sempre de entrega total por nós e cabe a nós acolhermos essa presença – física, real, espiritual, virtual, total!

Por Pe. Luiz Chang, Fraternidade Santo Ivo

Foto: Divulgação


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