Jornal da
ARQUIDIOCESE
FLORIANÓPOLIS, nº 218
Dependência química
Centro Terapêutico em Itajaí | 3
NOVEMBRO DE 2015
25 de novembro
Dia de Santa Catarina | 4
Iniciação à Vida Cristã
Nova etapa a partir do ano que vem | 9
Jornal da Arquidiocese, Novembro de 2015
2
opinião
O sacerdócio desde sempre e para sempre
Festa de Todos os Santos
Em sinal de humildade e pequenez, diante da grandiosidade do ofício que assumem, Hércules, Jonathan e Eder se prostram no chão, enquanto Dom Wilson e a comunidade, de joelhos, rezam com a Ladainha de Todos os Santos. É a Igreja da terra que se une ao céu para suplicar a força do Espírito Santo. Logo em seguida, dá-se o momento central do Rito da Ordenação Presbiteral. “No silêncio da imposição das mãos, o ser humano é dignificado. Deus no seu silêncio proclama: ‘Tu és meu para sempre!’. O candidato, ajoelhado, sabe que através da silenciosa imposição das mãos do bispo e dos presbíteros, é Deus mesmo que põe sobre ele a mão. E a partir deste instante ele não mais se pertence, torna-se propriedade de um outro”, afirmou o Arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, em recente ordenação em São José. Assim, Hércules, Jonathan e Eder não mais se pertencem, ofertam totalmente suas vidas, desde sempre e para sempre, através do sacerdócio, por amor a Cristo e à humanidade. Ordenados os três em outubro, mesmo mês em que a Igreja celebra São Francisco de Assis, exemplo do real sentido da pobreza evangélica, através do abandono nas mãos de Deus, e de Santa Teresa D’Ávila, mestra da vida de oração. Para a Assessoria de Comunicação da Arquidiocese, que tem como objetivo central evangelizar pelos meios de comunicação, fazer a cobertura de três ordenações em um período de menos de 30 dias, é um marco. Um momento singular que mostra uma Igreja viva e com muitas vocações: padres, religiosos, leigos consagrados. Deus abençoe a oferta de vida dos novos padres da Arquidiocese, com a intercessão de Santa Catarina! Rezemos, incansavelmente, pelas vocações
É bom que se diga que o tos de importância na vida, católico não adora os santos. sobretudo, dificuldades e Mas tem uma grande admira- sofrimentos. A presença de ção por eles. Presta culto de Deus sempre congrega, faz veneração por eles. Afinal, a pessoa sentir-se bem no o que há de tão especial na mais profundo de si mesma. vida do santo? O que o torna Diante de Deus, a pessoa diferente e digno de admira- acaba entrando em contado ção é o fato de com a sua verdamanifestar a prede. E como está sença de Deus. no Evangelho: “a “Todo cristão é cha- verdade liberta”. O santo não reamado a ser santo. É liza milagres. Os Os santos conatos extraordinátinuam a manifessua vocação primorrios encontrados dial. Todos nós somos tar a presença de em sua vida são Deus mesmo devocacionados a maniações do próprio pois da morte. Em festar a presença de Cristo estamos toDeus. Quando veneramos o santo Deus através da vida e dos unidos, nós os do testemunho” prestamos um culvivos e também os to de adoração a que já morreram. Deus que se faz É a comunhão dos presente e ativo santos. Nós podena pessoa do santo. mos pedir a intercessão deles. Uma pessoa, que através Aqueles que vivem a união defide sua vida, torna percep- nitiva com Deus intercedem por tível a presença de Deus, nós que buscamos o mesmo exerce uma influência bené- caminho. fica sobre os que vivem ao Todo cristão é chamado seu redor. São geralmente a ser santo. É sua vocação discretas, mas muito procu- primordial. Todos nós somos radas para tratar de assun- vocacionados a manifestar
Dom Wilson Tadeu Jönck, scj
Nos caminhos de Francisco
1
Nas redes
Deus é amor, e se participa da sua obra quando se ama com Ele e como Ele. É o amor que alimenta a relação, através das alegrias e das dores, momentos serenos e difíceis.
Religiosa faz votos perpétuos no Carmelo em São José No dia 12 de outubro, no Carmelo Cristo Redentor, em Picadas do Sul, São José, ocorreu a Profissão Solene da Irmã Luciana Maria. A Celebração Eucarística foi presidida pelo Arcebispo, Dom Wilson Tadeu Jönck.
06 de outubro, no Ângelus – a respeito da reciprocidade entre homem e mulher
2 3
Aprendamos a viver a solidariedade. Sem a solidariedade, a nossa fé está morta.
4
Somos livres pelo dom da liberdade que Jesus Cristo nos deu. Mas o nosso dever é olhar o que acontece dentro de nós, discernir os nossos sentimentos, os nossos pensamentos; e o que acontece fora de nós e discernir os sinais dos tempos. Com o silêncio, com a reflexão e com a oração.
facebook.com/arquifloripa
13 de outubro, no Twitter
Voluntários se preparam para iniciativa solidária
Queridos jovens, não tenhais medo de dar tudo. Cristo nunca desilude.
@pontifex_pt
16 de outubro, no Twitter
23 de outubro, Missa na Casa Santa Marta
5
a presença de Deus através da vida e do testemunho. O Espírito Santo que Cristo nos deixou realiza a obra de santidade em nós. Os santos constroem a comunidade e colaboram de forma eficaz com a transformação do mundo. No primeiro domingo de novembro, a Igreja celebra a Festa de Todos os Santos. É o momento de manifestarmos nosso agradecimento por tantos modelos de vida. Por outro lado, é uma oportunidade de tomarmos de novo consciência de nossa vocação à santidade.
O primeiro dever da Igreja não é aplicar condenações ou anátemas, mas proclamar a misericórdia de Deus, chamar à conversão e conduzir todos os homens à salvação do Senhor.
6
A isto são chamados os discípulos de Jesus, também hoje, especialmente hoje: pôr o homem em contato com a misericórdia compassiva que salva. 25 de outubro, Missa final do Sínodo
Assessoria de Comunicação
O Jornal da Arquidiocese é uma publicação mensal da Arquidiocese de Florianópolis-SC.
facebook.com/coletafloripa
Infância Missionária repercute no canal da Arquidiocese No mês das crianças, a coordenadora da Infância e Adolescência Missionária, Matilde Boering, gravou um vídeo para descrever um pouco o trabalho da IAM na Arquidiocese de Florianópolis. youtube.com
24 de outubro, discurso que encerrou o Sínodo
Rua Esteves Júnior, 447, Centro Florianópolis-SC, Fone: (48) 3224-4799 / 9982-2463
Acontece no dia 07 de novembro, mais uma edição do Dia Nacional da Coleta de Alimentos. Voluntários estão mobilizados para arrecadação, em 300 mercados do país. Em Florianópolis, oito supermercados participarão.
DIRETOR: Pe. Vitor Galdino Feller CONSELHO EDITORIAL: Dom Wilson Tadeu Jönck, scj, Pe. Leandro Rech, Pe. Revelino Seidler, Pe. Vânio da Silva, A. Carol Denardi, Fernando Anísio Batista, Jean Ricardo Severino, Olga Oliveira e Roberson Pinheiro. JORNALISTA RESPONSÁVEL: A. Carol Denardi (SC 01843-JP) PROJETO GRÁFICO: Lui Holleben
DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO: Roberson Pinheiro COORD. DE PUBLICIDADE: Pe. Leandro Rech e Erlon Costa TIRAGEM: 24.000 exemplares IMPRESSÃO: Diário Catarinense EMAIL: imprensa@arquifln.org.br e comunicacao@arquifln.org.br SITE: www.arquifln.org.br FACEBOOK: Arquidiocese de Florianópolis
Jornal da Arquidiocese, Novembro de 2015
3
#compartilha Centro Terapêutico São Lourenço é inaugurado em Itajaí Foto: Roberson Pinheiro
Retalhos do Cotidiano Prof. Carlos Martendal
Solidariedade
O eu só se solidifica, só tem sentido, se estiver ligado ao tu. Essa é a perfeita solidariedade!
Cristãos
Por sua própria natureza, por serem cristãos, os homens se voltam para seus irmãos como as flores vão à procura do sol e a ele se inclinam.
Próximo
Proposta para criação da instituição teve grande apoio e mobilização dos diáconos da Forania de Itajaí
“O projeto nasceu da iniciativa dos diáconos, depois o pessoal se entusiasmou com a causa e envolveu mais gente”, explica Pe. José Rufino Filho, um dos precursores do Centro Terapêutico São Lourenço, inaugurado no dia 11 de outubro, em Itajaí. A Missa de abertura foi presidida pelo Arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck. Nem mesmo o tempo chuvoso impediu a chegada de aproximadamente 200 pessoas que participaram do evento. “O centro da vida diaconal é a caridade, é estar ao lado daqueles que precisam de nossa ajuda. Ficamos alegres em ver um grupo de diáconos arregaçar as mangas e executar essa obra com entusiasmo e alegria, sabendo que estão realizando a sua vocação, através dessa obra”, destacou o Arcebispo. Com alegria, o Diácono Juarez Blanger agradeceu àqueles que per-
severam no projeto desde o início e aponta o percurso percorrido: “Percebemos que estávamos no caminho certo pelas respostas que tivemos e o modo como as coisas surgiram. Aos poucos os milagres aconteceram. Fomos ganhando doações, outros vieram ajudar”. O espaço terapêutico deve acolher 12 homens, dependentes químicos que desejam sair dessa situação. O local conta com três repartições: a casa de acolhida, o refeitório e o ambiente de morada dos monitores. A associação manterá serviços de tratamento e recuperação de dependentes químicos, através de grupos de apoio e internamento na forma de comunidade terapêutica. Haverá, ainda, assistência integral, visando à recuperação e reinserção social dos internos, por meio de cursos de formação religiosa, cultural e profissional.
O próximo é qualquer um necessitado de auxílio, é qualquer pessoa que precise de nós, que precise de feijão, ou de roupa, ou de compreensão, ou de uma palavra de estímulo. Deus coloca muitos próximos em nosso caminho, em nossa vida, para que não nos afastemos d’Ele, que neles está.
Bem
Quando não se pode fazer o bem ao outro, também a si próprio não se é capaz de fazê-lo.
Conhecer
É preciso conhecer para amar; o conhecimento verdadeiro sempre leva ao amor verdadeiro, amor que dá vida e liberta!
Dom Wilson encerra visitas pastorais de 2015 Foto: Daiane Benso, MDD
A bênção do Arcebispo para os detentos da Unidade Prisional, em Brusque
Seminário destaca conservação e preservação de igrejas no Estado O Regional Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com a Fundação Catarinense de Cultura (FCC), realizou o II Seminário de Conservação de Igrejas e Arte Sacra de Santa Catarina. O evento aconteceu no dia 22 de outubro, em Porto Belo. O tema principal foi defendido pela restauradora e conservadora Karen Kremer. Ela destacou que a conservação custa mais barato que a restauração e “realmente protegerá os bens para não chegarem no ponto em que a restauração tentará vol-
tar como era, o que é bem complicado”. A preservação do patrimônio histórico-cultural da Igreja tem tomado relevância na esfera pública, por ser um mantenedor da história do povo. “É importante preservar bem esses testemunhos para que as futuras gerações também possam usufruir desse grande tesouro, nosso patrimônio sacro e religioso, seja ele material ou imaterial”, observou o Bispo de Tubarão Dom João Salm.
* Com a colaboração de Marcelo Zapelini
O Arcebispo, Dom Wilson Tadeu Jönck, concluiu na Paróquia Sant’Ana, bairro Colônia Santana, em São José, a última visita pastoral de 2015. Neste ano, Dom Wilson cumpriu uma extensa agenda de visitas em muitas paróquias. Iniciou na Paróquia São Pedro Apóstolo, Itaipava, em Itajaí, no mês de maio. Em junho, visitou as comunidades da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, na Enseada de Brito, em Palhoça. Na sequência foi a vez da Paróquia Nossa Senhora da Lapa,
no Ribeirão da Ilha e, em agosto, esteve com os fiéis da Paróquia São Judas Tadeu, em Brusque. Ainda na forania, Dom Wilson visitou a Unidade Prisional Avançada (UPA). Na programação das visitas, Celebrações Eucarísticas, encontros com os jovens, catequizandos, integrantes de pastorais, movimentos e lideranças. Nessas ocasiões, o Arcebispo conhece os trabalhos desenvolvidos e repassa novo ânimo para a caminhada na Igreja.
Jornal da Arquidiocese, Novembro de 2015
4
#compartilha Catedral se prepara para as comemorações de Santa Catarina Foto: Lui Holleben
Santa Catarina de Alexandria, padroeira do Estado, da Arquidiocese e co-padroeira de Florianópolis, é celebrada no dia 25 de novembro. Como todos os anos, uma extensa programação na Catedral marca a data. De 16 a 24 de novembro acontece a novena em preparação para a festa. Durante estes dias, às 18h, os devotos são convidados a rezar o Ângelus e as Vésperas. Às 18h30, Celebrações Eucarísticas com diferentes paróquias da Ilha como responsáveis pela organização. Na abertura, no dia 16, às 19h45, tem a exposição de pinturas de Santa Catarina e, em seguida, concerto de órgão. O Ângelus e as Vésperas só não acontecem no sábado e domingo. De terça a sexta-feira, 17 a 20, apresentações culturais, artísticas e folclóricas compõem a programação, às 19h45. No sábado, 21, Missa, às 17h30, e domingo, 22, às 19h30. Para a terça-feira, 24, ficou a entrega do Prêmio de Iniciativa Solidária Dom Afonso Niehues, no Auditório da Catedral, às 20h. O prêmio é voltado para instituições que contribuíram para a cultura da solidariedade e, também, evidencia e valoriza os diversos trabalhos
Um congresso feito para os pequenos
sociais realizados nas comunidades e municípios da Arquidiocese. E na quarta-feira, 25, a grande festa em honra a Santa Catarina de Alexandria. Tem início às 06h30, com as Laudes e a Celebração Eucarística. Às 10h30, visita e oração dos colégios católicos e, às 11h30, Hora Sexta, Ângelus e Celebração Eucarística. A tradicional novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro ocorre às 15h e, logo após, continuam as visitas dos colégios católicos. Às 18h, Ângelus e VéspeMissa Solene, em honra a Santa Catarina de Alexandria, será no dia 25 de novembro, na Catedral Metropolitana ras e, às 18h30, Dom Wilson preside a Missa solene. “Gostaríamos de tornar essa data um famosa por sua fortuna, educação e cultura. Foi momento de festa e congraçamento do povo catarimartirizada na juventude, após resistir ao governanense”, comentou o Arcebispo. dor Maximino, homem cruel que mandou matá-la. A roda de dentes de ferro, que devia dilacerar seu corpo, foi despedaçada por intervenção divina, moA Santa tivo pelo qual teve que ser decapitada. As relíquias foram levadas para o Monte Sinai, onde se situa o Catarina viveu em Alexandria, cidade do Egito, mosteiro que leva o seu nome. no início dos anos 300. Filha de um rei pagão, era
Maturidade humana é tema de retiro da Comunidade Shalom
Arquidiocese promove Encontro da Dimensão Social
A Comunidade Católica Shalom promove, de 06 a 08 de novembro, o retiro Maturidade Humana. O itinerário faz parte do “Caminho Ordo Amoris”, um conjunto de encontros com reflexões sobre cura interior. O retiro tem como objetivo aprofundar o processo da maturidade humana e os autênticos traços dessa experiência. Trata também dos meios adequados para um sadio e concreto desenvolvimento nos diversos níveis - moral, vocacional, espiritual, relacional, afetivo, emocional e psíquico -, com o desejo de “atingir o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo” (Ef 4,13). A pregadora é a missionária da Comunidade Shalom da missão de São Paulo, Shinayde Vanessa. O evento, que acontece na casa de retiros do PIME, em Brusque, tem o valor de R$ 130,00 e podem participar pessoas a partir de 18 anos.
No dia 14 de novembro, a partir das 08h, acontece o II Encontro da Dimensão Social da Evangelização, no Ginásio de Esportes de Palhoça. O evento é destinado aos dirigentes, funcionários, voluntários e beneficiários das organizações sociais vinculadas, de alguma forma, à Igreja Católica. O Arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck, faz a acolhida e, assim, têm início a formação, que inclui temas referentes à Encíclica do Papa Francisco, Laudato Si e ao Ano da Misericórdia. Ainda na pauta estão a exposição ecológica, apresentações culturais das entidades e espaços de partilha entre os participantes. A conclusão está prevista para às 16h, com a Celebração Eucarística. “Em 2014, o encontro reuniu 250 participantes. Neste ano esperamos o mesmo número de pessoas”, observou o secretário executivo da Ação Social Arquidiocesana (ASA), Fernando Anísio. A confirmação da presença deve ser feita até o dia 06 de novembro, pelo telefone (48) 3224 8776 ou e-mail asa@arquifln.org.br.
Imagem: POM
No dia 08 de novembro, 150 crianças e adolescentes, além de 15 assessores, participam do Congresso Arquidiocesano da Infância e Adolescência Missionária (IAM), região Sul. Ocorre na Igreja Santo Antônio, Fazenda do Max, em São José. Tem como tema: “IAM da América a serviço da missão na Ásia”. Em Florianópolis, a IAM está presente desde 1993, impulsionada pelo Pe. Paulo De Coppi, missionário do PIME. Ele viu no carisma do movimento a possibilidade de as crianças também participarem da vida ativa da Igreja. Conversou com algumas pessoas que o ajudaram a formar os primeiros grupos. Hoje está presente em oito forânias, conta com 30 grupos e cada um com seu assessor. Participam aproximadamente 470 crianças e adolescestes.
Jornal da Arquidiocese, Novembro de 2015
5
nossa fé
Comunhão dos santos
A raiz humana da crise ecológica
Pe. Vitor Galdino Feller
Fernando Anísio Batista
Todo domingo recitamos no Credo nossa fé na comunhão dos santos. Que se realiza entre as três grandes categorias de fiéis: os eleitos da Igreja triunfante ou gloriosa, no céu; os sofredores da Igreja padecente ou purificante, no purgatório; os peregrinos da Igreja militante, na terra. Todos são santos, porque eleitos de Deus, amigos íntimos do Senhor, possuídos pelo Espírito Santo. Nós, quanto mais seriamente vivermos o batismo e participarmos da vida da comunidade, mais poderemos experimentar a beleza e a riqueza desta comunhão dos santos.
Ressuscitados em Cristo Com as devidas diferenças no modo como cada qual se situa em sua caminhada de fé, todos nós já experimentamos a morte e a ressurreição. Pelo batismo e pela vida em comuni-
dade, morremos para o pecado e ressuscitamos para a vida nova em Cristo (Rm 6,3-4). Ser cristão é ser morto para o pecado e viver como ressuscitado. É fazer a experiência cotidiana da Páscoa: passar do pecado para a graça, do egoísmo para a comunhão, da indiferença para a solidariedade. Ser cristão é viver como ressuscitados em Cristo.
Ressuscitados na comunidade O desafio dos santos que vivem na terra é a vida em comunidade. Os do céu já vivem a plenitude da comunhão. Os do purgatório já estão na antecâmara da comunhão do céu. Nós, peregrinos neste mundo, vivemos na obscuridade da caminhada e, sobretudo, na escuridão do pecado. Somos tentados ao egoísmo e ao imediatismo. “Eu” quero “já” a solução para todos os meus proEncontre esse e outros artigos em: www.arquifln.org.br
blemas. Pronome e advérbio que se constituem nas duas grandes raízes de todos os males que nos distanciam da comunidade e, portanto, da comunhão dos santos.
Comunhão na comunidade Fora da comunidade não existe comunhão nem santidade nem ressurreição. O documento 100 da CNBB, “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”, nos ensina que a Igreja é a casa da Palavra, a casa do Pão e a casa da Caridade (nn. 179-184). “A fraternidade é a expressão da comunhão com Deus e com as pessoas. É a fonte inesgotável da vocação cristã e do impulso missionário” (n. 182). “A ideia da comunidade como casa fornece o conceito de lar, ambiente de vida, referência e aconchego. (...) É uma estação, uma parada no caminho para a pátria definitiva” (n. 178) Compartilhe ArquiFloripa
Não há como negar que a humanidade passa por uma profunda crise ecológica. O planeta sofre as consequências de um modelo de desenvolvimento baseado no consumo desenfreado, que reduz os recursos naturais. A mãe terra dá seus gritos: são enchentes, tornados, ondas de frio e calor insuportáveis, entre outras ações que apresentam um desequilíbrio ecológico. O que fazer diante dessas situações? Como dar respostas a tantos desafios que parecem sair do controle? O Papa Francisco, na Encíclica Laudato Si, alerta que as causas mais profundas da crise ecológica estão nas ações humanas. Os grandes progressos dos dois últimos séculos, desde a máquina a vapor, a eletricidade, o avião, a medicina, a informática, até as nanotecnologias (manipulação da matéria numa escala atômica e molecular), contribuíram para melhorar a qualidade de vida do ser humano. Com isso, a tecnociência transferiu um grande poder ao homem mo-
derno, que infelizmente não foi educado para o uso correto desse. O apelo do Papa A falta de preocupação por medir danos à natureza e o impacto ambiental das decisões são apenas o reflexo evidente do desinteresse em reconhecer a mensagem que a natureza traz inscrita nas suas próprias estruturas. Quando, na própria realidade, não se reconhece a importância de um pobre, de um embrião humano, de uma pessoa com deficiência – só para dar alguns exemplos –, dificilmente se saberá escutar os gritos da própria natureza. Tudo está interligado. Se o ser humano se declara autônomo da realidade e se constitui dominador absoluto, desmorona-se a própria base da sua existência, porque “em vez de realizar o seu papel de colaborador de Deus na obra da criação, o homem substituise a Deus, e deste modo acaba provocando a revolta da natureza” (LS 177).
Jornal da Arquidiocese, Novembro de 2015
6
capa
Ser padre:
Uma livre resposta ao amor de Deus “Eu gosto muito de uma frase do Papa Bento XVI que diz assim: ‘Nenhum de nós está no mundo ao acaso e por acaso. Nós somos frutos de um pensamento amoroso de Deus’. Eu acredito que isso explica muito o que é a vocação. Porque nós não estamos no mundo ao acaso e por acaso, mas porque Deus nos deu uma vocação”. Assim, o reitor do Seminário de Teologia Convívio Emaús, Pe. Vânio da Silva, acende a chama da vocação dentro de cada ser humano. Ele complementa ao afirmar que vocação quer dizer chamado. Um chamado para um jeito de ser e de viver. “Não existe nenhuma pessoa no mundo que não tenha vocação. Toda pessoa que vem a este mundo tem um chamado de Deus, para colaborar com Ele na construção do seu Reino nesta terra”, explicou. Padre Vânio ouviu a voz de Deus e disse sim para a vocação ao sacerdócio, há 12 anos. Mas não o fez sozinho. Com ele, há centenas de milhares de padres neste mundo que sabem não estar no mundo ao acaso, mas que colaboram na edificação do Reino de Cristo na terra, através desta singular resposta. O Catecismo da Igreja Católica afirma que ao entrar no povo de Deus pela fé e pelo Batismo, recebe-se participação na vocação única deste povo. “Em sua vocação sacerdotal. Cristo Senhor, Pontífice tomado dentre os homens, fez do novo povo um reino e sacerdotes para Deus Pai” (Catecismo 784). O reitor do Seminário Propedêutico Monsenhor Valentim Loch, em São José, Pe. Wellington da Silva, também aceitou o convite do Senhor para servi-lo mais de perto. Mas ele explica que, na verda-
de, muitos se sentem chamados, mas têm medo de dar uma resposta. E acredita que é necessário ser ousado nesta hora. “É preciso tomar esta iniciativa, ter coragem e fazer exatamente este grande desprendimento inicial das coisas, dos projetos lá fora, para participar deste processo tão importante, que é o discernimento vocacional”, afirmou.
Ouvido atento, coragem, iniciativa e desprendimento não faltaram para Hércules Marçal, Jonathan Speck Thiesen Jacques e Eder Claudio Celva darem o sim definitivo à vocação sacerdotal. Ordenados no último mês de outubro, os três passaram por diferentes caminhos, curtos ou longos, mas chegaram ao altar do Cordeiro Imolado e ofertaram suas vidas por um amor sem igual. Como dizia o seminarista Luiz Gustavo Eccel, morto em um acidente em Palmas (TO), em 2014: “Me sacrifico por causa dos outros, por um bem maior”. Essas palavras se tornaram inspiração para uma música do Ministério de Música Amados do Eterno, de Camboriú. “Meu bem maior tocou o meu coração, desde criança. A Ele, eu dei o meu sim”, continua a canção.
Da contabilidade ao serviço da Igreja Padre Hércules Marçal falava que desde criança não casaria. “Se isso era o sinal para aos 36
anos dar o sim, só Deus sabe”. Aos nove anos de idade, Pe. José Edgar de Oliveira perguntou para ele: “Já pensou em ser padre”? Hércules entrou então no grupo vocacional, mas na época faltou coragem. Como Deus tem meios e formas diferentes de chamar a pessoa para a vida sacerdotal, em 2006, quando morreu Pe. Vertolino José Silveira, que era como um pai para ele, veio a decisão: “A obra não pode parar por falta de padre”. No curriculum constavam bacharelado em ciências contábeis com duas especializações nesta área e sócio em uma empresa de contabilidade em Florianópolis, onde trabalhava há 13 anos. O filho do seu Ailton e dona Vânia deixou tudo isso para entrar no seminário da Arquidiocese e ser ordenado presbítero aos 45 anos. A cada dia, ele se sente maravilhado com a vocação que abraçou.
“Somos chamados a algo novo, a todo instante. Como é bom ser padre, é gratificante! Eu sou muito feliz”, concluiu Pe. Hércules, que é vigário na Paróquia Senhor Bom Jesus de Nazaré, em Palhoça.
Padre aos 25 anos “A nossa vocação brota de uma iniciativa de Deus, que nos chama à existência, um grande presente, um dom a ser colocado a serviço da comunidade. Desde criança já deve começar a entender e ser ajudado, para poder discernir na sua vida, um
caminho para se realizar ao longo de toda sua história”, comenta o reitor do Seminário Nossa Senhora de Lourdes, em Azambuja, Pe. Pedro Schlichting. Ele também compreende a vocação sacerdotal como uma livre iniciativa de Deus. E ao eleito, basta trilhar um caminho de discernimento até a resposta final. Assim fez o filho único de Mery Speck Thiesen e Vanderlei Jacques, jovem, ordenado aos 25 anos de idade, e hoje vigário na Paróquia São Judas Tadeu e São João Batista, Ponte do Imaruim, em Palhoça. Jonathan Speck Thiesen Jacques cresceu na Paróquia São Francisco de Assis, em Forquilhinhas, São José, em grupos de coroinhas, participou da Pastoral Catequética, equipe de Liturgia e outros serviços que contribuíram para trilhar o percurso do discernimento à vocação ao sacerdócio. Após um período de acompanhamento vocacional, ingressou no Seminário de Azambuja, aos 15 anos. Cursou filosofia, teologia e, no dia 17 de outubro, Dom Wilson ordenou Jonathan como presbítero. Hoje, além de vigário, Pe. Jonathan também é professor no seminário propedêutico.
“Jesus é nosso tudo, nos basta. O sacerdócio não é uma busca por status, realização, mas, sobretudo, realidade e graça. Sou como um irmão mais novo nesta fraternidade presbiteral”, concluiu emocionado.
Concluídas as ordenações de 2015 A última ordenação presbiteral do ano foi do filho de Amarildo e Ilma Portaldi Celva, em Guabiruba, no dia 24 de outubro. “O que passa no meu coração é muita alegria, gratidão, me sinto muito orgulhosa por ele ter chegado até aqui”, retrata a mãe do novo padre da Arquidiocese de Florianópolis. Ao lado do esposo, Amarildo Celva, ela agradece a Deus e depois ao Eder “por ele me dar essa alegria, por ter dito sim a Deus”. Emocionado, o pai do jovem padre, falou sobre a dedicação e a boa conduta do presbítero desde criança. “Um filho que para nós sempre foi um exemplo. Muitas vezes, era ele quem me dava orgulho”, destacou. Amarildo ainda lembrou um tempo em que seu filho andava 15 km de bicicleta para ir à Igreja e servir como coroinha. “Sempre muito dedicado”, enfatizou. Padre Eder Claudio Celva nasceu em 1987, em Guabiruba. Concluiu a faculdade de filosofia, em Brusque, em 2009. No ano de 2010 fez estágio paroquial na Paróquia Senhor Bom Jesus, em Camboriú, e em 2014 concluiu a teologia.
“Agradecer é o reconhecimento de quem se sabe amado pelo verdadeiro amor, Jesus Cristo, o Senhor. Só podemos crescer, quando alguém acredita verdadeiramente em nós. Quantos me ajudaram, para que eu pudesse seguir o caminho que Jesus me chamou”, destacou.
Agora como vigário paroquial na Paróquia São Sebastião, em Tijucas, onde já realizava atividade pastoral nos últimos meses, Pe. Eder explica ainda: “Foi Deus que o chamou. Eu disse apenas sim e deixei que por tantos caminhos tudo fosse levado a bom termo”.
Servir O professor da Facasc, Pe. Valter Maurício Goedert, cita o autor da Carta aos Hebreus. “Na verdade, todo pontífice é escolhido dentre os homens e constituído a favor dos homens como mediador nas coisas que dizem respeito a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados” (Hb 5,1). Ele explica que o ministério sacerdotal é, pois, essencialmente um serviço, tendo como modelo o próprio Cristo, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção de muitos (Mc 10,45). Padre Valter diz que não há espaço para privilégios e honras, somente para o serviço. A mesma Carta aos Hebreus afirma que o sacerdote deve compadecer-se dos que estão na ignorância e no erro (Hb 5,2). É a mais comovente atitude de Jesus, que moveu-se de compaixão diante da multidão de doentes e famintos (Mt 14, 14), que compadeceu-se da multidão, porque eram ovelhas sem pastor (Mc 6,34).
“Esses textos da Sagrada Escritura põem em evidência duas atitudes fundamentais do sacerdote: serviço e compaixão. Não existe verdadeiro serviço que não nasça da compaixão, nem autêntica compaixão que não se concretize num serviço. Eis o caminho a ser percorrido pelo sacerdote”, lembrou o professor. É este caminho que percorrem agora Hércules, Jonathan e Eder. Homens que ouviram o chamado de Deus e deram o sim, pois sabem que não estão no mundo ao acaso, mas foram contemplados com o sacerdócio do próprio Cristo.
Deseja saber mais sobre caminho vocacional? Fale com a equipe do Serviço de Animação Vocacional Coord.: Pe. Vânio da Silva (48) 3234-4443 pe.vanio@ig.com.br
Jornal da Arquidiocese, Novembro de 2015
8
bíblia
Creio na ressurreição da carne e na vida eterna Jesus ressuscitou e nós, com Ele, ressuscitaremos. A fé na ressurreição está no centro da vida dos seguidores de Cristo, como claramente apontou o apóstolo Paulo: “Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé” (1Cor 15,14). Também no Catecismo: “A confiança dos cristãos é a ressurreição dos mortos; crendo nela, somos cristãos” (CIC 991). Crer na ressurreição é crer no poder de Deus sobre o mal e a morte. A Páscoa de Jesus inaugurou um novo tempo, pelo que os seres humanos podem se dirigir a Deus Pai com confiança, alicerçados na força da morte e ressurreição do Filho. Os primeiros cristãos logo entenderam que a ressurreição de Jesus era a novidade a ser anunciada aos povos: Deus acolheu a doação de Cristo na cruz e o ressuscitou da morte, libertando nele toda a humanidade. Como Jesus, também nós iremos ressuscitar. O mistério da vida não cessa com a morte, mas, a partir dela, abre-se um novo horizonte de realização plena para nós, de comunhão com o amor da Trindade que experimentamos desde já, e será superabundante no céu. Já nesta terra firmamos nossa adesão ao projeto de Deus, ao viver em Igreja e na nossa
busca de santificação. Deus tornará pleno este desejo que temos dele, preenchendo-nos de felicidade na sua visão. Cremos que o ser humano será ressuscitado em tudo aquilo que o constitui: não só a alma, mas também o corpo, porque Deus quer salvar o homem e a mulher inteiros, tal como os criou. Assim, a fé na ressurreição se conecta com a fé no Deus Criador. Aquele que nos criou nos recria em Jesus, “primogênito entre os mortos” (Cl 1,18). Não podemos saber os pormenores da ressurreição; é mistério que abraçamos na fé, garantido pela ressurreição de Jesus. Unidos ao Senhor, partilhamos seu destino nesta vida e na eternidade. A vida em abundância que Jesus promete não se limita à terrenalidade, mas ultrapassa o aqui e se estende no pós-morte. Um dos prefácios para a Missa dos fiéis defuntos reza: “Senhor, para os que creem em vós, a vida não é tirada, mas transformada”. Jesus é o paradigma desta transformação. Nossa morte será nossa Páscoa, porque a morte é prenhe de vida eterna.
Por Paulo Stippe Schmitt Seminarista da Arquidiocese
Lectio Divina Pe. Wellington Cristiano da Silva
Lectio (leitura) “Vi uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão” (Ap 7,9).
Meditatio (meditação) Este versículo do Apocalipse de São João se encontra na seção chamada de “os sete selos”. Eles são abertos pelo Cordeiro imolado, Jesus, o revelador do desígnio salvífico do Pai. Após indicar os eleitos e assinalados pelo Senhor (Ap 7,4), o Apocalipse apresenta uma imensa multidão formada por gente do mundo inteiro. O Apocalipse nos revela, através do sinal das vestes brancas, que a multidão vitoriosa, com palmas na mão, participa da própria vida divina. Nesta multidão, a comunidade cristã reconhece seus santos e mártires, aqueles que, ao resistirem às grandes tribulações, “lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14).
Oratio (oração) “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8). Dai-me, Senhor, um coração puro e manso, para que eu possa alcançar a bem-aventurança eterna que consiste na visão do vosso imenso amor.
Contemplatio (contemplação) “Contemplamos, alegres, na vossa luz, Senhor, tantos membros da
Igreja que nos dais como exemplo e intercessão” (Prefácio de Todos os Santos).
Missio (missão) Todos na Igreja são chamados à santidade (LG 39). A santidade, embora exija de nós comprometimento e resposta à iniciativa divina, não é fruto do esforço humano, mas é, sobretudo, dom do amor de Deus. Ao apelo de Jesus de sermos santos como o Pai é santo (Mt 5,48), queremos responder com nosso desejo sincero de conversão permanente. A santidade não é instantânea. Ela é assumida por nós de maneira progressiva. Os santos são nossos guias espirituais que nos ensinam a viver com autenticidade a nossa vida como eles viveram a sua. Santo não é aquele que não peca, mas aquele que nunca desiste de se levantar e de retomar o caminho. Nosso compromisso é perseverar na busca pela santidade, que nos impulsiona à plena felicidade, pois, nas palavras do Papa Francisco, “não pode haver santidade na tristeza”.
Conhecendo o livro dos Salmos Pe. Ney Brasil Pereira
Salmos 116 e 117 Nestes dois salmos, percebemos bem a diferença entre a ação de graças pessoal, expressa no Sl 116, e o louvor gratuito, próprio dos hinos, como é o caso do minúsculo Sl 117. No Sl 116, o orante recorda as desgraças das quais Deus o livrou, como nelas pediu auxílio e foi escutado, relembra sua confiança passada e verbaliza seu agradecimento presente, concluindo com a promessa de expressar esse agradecimento em público, ritualmente. De que desgraças foi libertado? Através de várias metáforas, ele faz alusão a um extremo perigo, por doença ou outra causa. Assim, menciona “morte e abismo”, “tristeza e angústia” (v. 3), “enfraquecimento” (v. 6),
“lágrimas e perigo de queda” (v. 8), “sofrimento” (v.10), “grilhões” (v.16). No conjunto, impressiona-nos a intensidade do seu sentimento. Se a ação de graças que ele promete será comunitária, a oração é inteiramente pessoal. Quanto ao brevíssimo Sl 117, impressiona-nos a síntese extraordinária e a imensa abertura de seus apenas dois versículos. Embora exaltando a misericórdia do Senhor para com o seu povo – “para conosco” – o convite do salmista ao louvor não se restringe a Israel, mas se estende a “todas as nações”, a “todos os povos”.
Leia o salmo e medite: 1) Que diz da declaração de amor pessoal a Deus, no início do Sl 116? 2) Como manter a fé, como o salmista, mesmo no mais angustioso sofrimento? 3) É possível “retribuir” a Deus os seus benefícios? Como o faz o salmista? 4) De que modo é “preciosa”, aos olhos do Senhor, a morte dos seus servos? 5) Que mais o impressiona no brevíssimo Salmo 117 (116)?
A análise completa desses salmos se encontram no site da Arquidiocese: www.arquifln.org.br.
9
Jornal da Arquidiocese, Novembro de 2015
evangelização
Iniciação à Vida Cristã começa nova etapa no ano que vem Paróquias se empenham no planejamento das atividades para atender o Plano Arquidiocesano de Pastoral Foto: Divulgação SABC
“A Iniciação à Vida Cristã (IVC) é um processo de educação da fé, assumido, sobretudo, pelos adultos”, observa a coordenadora do Serviço de Animação Bíblico-Catequético, Irmã Marlene Bertoldi. Tendo em vista isso, o projeto está em fase de planejamento do ano de 2016, nas foranias da Arquidiocese de Florianópolis. Cada paróquia se dedica agora a preparar as atividades para o próximo ano, a partir das orientações da equipe arquidiocesana da IVC. Como parte do “Projeto de Iniciação à Vida Cristã com inspiração catecumenal”, definido no 13º Plano de Pastoral da Arquidiocese, a educação na fé das crianças passa por um momento de transição, do estilo catequese sacramental para o itinerário de Iniciação à Vida Cristã. “Como o próprio nome diz, é um itinerário, ou seja, um processo que não acaba com os sacramentos, a fé passa a ser cultivada continuamente”, explica a religiosa. No mês de fevereiro e metade de março de 2016, devem acontecer as inscrições das crianças, a partir de nove anos, a completar neste ano. Porém os encontros delas só começam em agosto, antecedidos com a Festa da Acolhida. De abril a junho, duas vezes por mês, quem se reúnem com as catequistas são os pais ou responsáveis. A partir de agora, eles passam
Sacramento da Crisma. Tendo recebido o Sacramento da Confirmação, são convidados a se engajarem em pastorais ou movimentos da Igreja, para manter vivo o caráter missionário dos cristãos. “Esse itinerário já é vivido por muitas dioceses brasileiras e é uma orientação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)”, ratifica Irmã Marlene. Já as crianças que iniciaram na catequese sacramental - no estilo antigo -, vão seguir o caminho de formação estabelecido anteriormente. Cartas formativas Os catequistas da Arquidiocese também vivem uma nova etapa na construção do conhecimento. Além da Escola Grupo de estudos bíblicos reúne catequistas três vezes ao ano em Porto Belo para Multiplicadores (ECAM), que forma turmas todos os anos, os orientadores a interagir mais diretamente com o processo de IVC dos grupos de catequese são convidados a estudar das crianças, como testemunhas de sua fé. as cartas formativas, enviadas pela equipe de coorAté a Páscoa de 2018, os catequizandos se prepadenação arquidiocesana. ram para receber o Sacramento da Eucaristia. Chega“Todos têm capacidades, são criativos e podem do o tempo pós-Páscoa, eles recebem o Sacramento, cuidar da sua autoformação. Por isso produzimos esse mas continuam no crescimento da fé até o final do ano, material para auxiliá-los nesse percurso”, explica Irmã quando depois recomeçam o processo formativo rumo Marlene. Atualmente, eles estudam seis cartas do eixo à Festa de Pentecostes de 2020, quando receberão o “evangelização e catequese”. Foto: AFP
Matrimônio indissolúvel, na conclusão do Sínodo sobre a Família De 04 a 25 de outubro, as atenções dos católicos estiveram voltadas para o 15º Sínodo Ordinário dos Bispos sobre a Família, no Vaticano. O encontro reuniu cardeais, bispos, padres e leigos convidados do mundo todo. Entre as resoluções do Sínodo, Papa Francisco anunciou a criação de um novo dicastério, que une dois Pontifícios Conselhos. “Decidi instituir um novo dicastério com competência em relação aos leigos, à família e à vida, que substituirá o Pontifício Conselho para os Leigos e o Pontifício Conselho para a Família, e ao qual será anexada a Pontifícia Academia para a Vida”, explicou. No dia 24 foi divulgado o Relató-
rio Final do Sínodo. Entre os pontos de destaque, os padres sinodais definiram a doutrina da indissolubilidade do matrimônio sacramental como uma verdade fundada em Cristo. Mas ressalva-se que verdade e misericórdia convergem em Cristo e, portanto, convida a acolher as famílias feridas. Eles reiteraram que os divorciados recasados não são excomungados e que os pastores devem usar o discernimento para analisar as situações conjugais e familiares mais complexas. O documento explica que os casais em segunda união podem prestar diferentes serviços na Igreja e as formas de exclusão devem ser superadas em todos os âmbitos.
Encontro reuniu representantes de todo o mundo para discutir tema importante para a Igreja
Com relação às uniões do mesmo sexo, a Igreja é contrária, mas afirma que pessoas homossexuais não podem ser discriminadas. O relatório destaca a beleza da família, Igreja doméstica baseada no casamento entre homem e mulher, único ponto de conexão numa época fragmentada.
Na conclusão dos trabalhos, Francisco disse que “a experiência do Sínodo fez-nos compreender melhor também que os verdadeiros defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o espírito; não as ideias, mas o homem; não as fórmulas, mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão”.
Jornal da Arquidiocese, Novembro de 2015
10
evangelização
Paróquias se encontram pela paz Evento no dia 04 de outubro mobilizou fiéis em várias foranias da Arquidiocese Foto: Forania de Itajaí
Em unidade com a Igreja no Brasil, a Arquidiocese de Florianópolis promoveu a Caminhada da Paz, no dia 04 de outubro. Essa proposta, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é um gesto concreto do Ano da Paz, aprovado pela 52ª Assembleia Geral da entidade. “Um verdadeiro despertar para a superação da violência e a fraternidade entre todos”, destaca o texto-base do ano. Na Forania de Brusque, o percurso da Caminhada da Paz teve início na Igreja Matriz São Luiz Gonzaga, centro do município, e seguiu rumo ao Santuário de Azambuja. Participaram aproximadamente cinco mil pessoas, de todas as paróquias. Ao longo do trajeto aconteceu apresentação de três peças teatrais. Na chegada ao Santuário foi celebrada uma Missa campal, concelebrada pelos padres da forania. Ainda, no dia 04 de outubro, a
Caridade social
Forania de Itajaí promoveu o “Itajaí se encontra pela paz”. O Estádio Dr. Hercílio Luz, sede do Clube Náutico Marcílio Dias, ficou repleto de fiéis que acordaram cedo para clamar pela paz em Itajaí. Aproximadamente quatro mil pessoas estavam presentes. O evento teve início, às 08h30, com a recepção do povo em clima de animação. Em seguida, realizouse a Missa, presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Wilson Tadeu Jönck, e concelebrada por diversos padres e diáconos da forania. Durante a homilia, Dom Wilson falou sobre os números da violência no país e do quanto a paz proveniente do coração de Jesus é capaz de modificar todas as coisas. “Cabe a nós, cristãos, sermos esta ponte para um mundo de paz e esperança”, enfatizou. O organizador do evento, Pe. Valmir Debarbi, vigário forâneo e
Dom Wilson presidiu Missa, no dia 04 de outubro, no evento “Itajaí se encontra pela paz”
pároco da Paróquia São João Batista, explicou que a perspectiva de reunir aproximadamente quatro mil pessoas foi alcançada. “Este evento mostrou a unidade e a caminhada como forania. O povo respondeu ao chamado, mostrou que queremos viver a paz”, disse.
A Forania de São José apoiou o evento Sesi Corridas do Bem, em uma parceria com a Ação Social Arquidiocesana (ASA), na Beira Mar do município. Participaram 600 pessoas que também faziam um apelo pela paz, dentro da proposta da CNBB.
Cuidado, atenção e auxílio para quem tem mais de 70 anos
A Pastoral da Pessoa Idosa (PPI) na Arquidiocese de Florianópolis está presente em 13 paróquias, com 134 líderes e 553 idosos acompanhados. “A valorização e a qualidade de vida são muito importantes para um envelhecimento saudável”, destaca a coordenadora arquidiocesana da PPI, Marinês Scmidt. O voluntariado, porém, é um dos desafios da Pastoral, que para poder Seja um voluntário da Pastoral aumentar o número de acompanhamentos necessita de mais pessoas engajadas com o projeto. O trabalho consiste, principalmente, em visitas mensais nas casas dos idosos. A cada visita, o líder da PPI – como são chamados aqueles que fazem esse trabalho – atua de forma a promover o bem-estar social e emocional da pessoa idosa. Marinês esclarece que os voluntários, geralmente, são da própria comunidade dos idosos e recebem capacitação para desempenhar a função. “Durante as visitas, a PPI está sempre atenta aos casos de situação de risco social, fragilidades físicas, abandono e pobreza. No encontro, o objetivo é ouvir o idoso e levar uma mensagem de carinho, amor e esperança”, observa.
A Pastoral foi criada em 2004 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e, desde então, passou a ser expandida nas dioceses brasileiras. Ela veio em resposta ao aumento da expectativa de vida, que apesar de ser uma das conquistas da humanidade, também é encarada como um desafio. “Em 2025, a população idosa brasileira será a sexta maior no mundo e em 2050 o planeta terá dois bilhões de idosos”, aponta Marinês. Para ser um voluntário, entre em contato com a coordenação da PPI através do e-mail marines.schmidt@gmail.com. Fotos: Divulgação / PPI
Voluntários da Pastoral da Pessoa Idosa no encontro em Brusque
Jornal da Arquidiocese, Novembro de 2015
11
evangelização Dia Nacional da Juventude é esperado com expectativa Foranias organizam encontro para jovens na Arquidiocese Foto: Amauri Almeida
Cronograma de novembro 6 a 8/11 | Curso Maturidade Humana - Com. Shalom | Brusque 7/11 | Reunião da Comissão das Forças Vivas | Florianópolis 7/11 | DNJ – Forania Brusque | Brusque 8/11 | Encontro de PJoteiros e PJtoreiras | Nova Trento 13 a 15/11 | Encontro Vocacional | Azambuja
Durante o ano, Setor Juventude também promove a Jornada Arquidiocesana da Juventude
Criado em 1985, o Dia Nacional da Juventude (DNJ) chega à sua 30ª edição. O evento é um marco no encontro de jovens em todo o país e, este ano, reflete o tema “Estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27). O tema surgiu a partir da reflexão da Campanha da Fraternidade de 2015 – “Fraternidade: Igreja e sociedade” – que despertou a necessidade da participação mais ativa dos cristãos nos processos de coletividade. “O Santo Padre Francisco insiste em que os jovens sejam construtores da paz, da vida nova, superando a cultura do consumo e do descarte. Os jovens, olhando para Jesus Cristo, responderão: ‘Estou no meio de vós como aquele que serve’”, expressou o Secretário Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Leonardo Steiner. Inicialmente, a data celebrativa era organizada pela Pastoral da Juventude, que era a grande representação dos jovens cristãos no Brasil. Porém, desde 2011, com a criação da Coordenação Nacional de Jovens, o evento passou a ser organizado por essa comissão. Na Arquidiocese de Florianópolis, o DNJ acontece nas foranias de Flo-
rianópolis, Brusque, Camboriú e Itajaí. Na capital, o evento foi no dia 31 de outubro, na Paróquia da Trindade. Já nas demais foranias acontece nos dias 07, 14 e 21 de novembro, respectivamente. Em Itajaí, o evento adota o nome “Conexão Jovem”. “O DNJ é um momento celebrativo e ao mesmo tempo formativo. Com Missa, oficinas, palestras, música, teatro, dança, os jovens se reúnem para partilhar a Palavra de Deus e conviver com os demais membros das comunidades paroquiais, próximas de sua realidade”, esclareceu o coordenador arquidiocesano do Setor Juventude, João Augusto Farias. O evento é gratuito e não necessita de inscrição prévia. Confira também, na coluna ao lado, outros eventos para a juventude no mês de novembro.
Serviço DNJ nas Foranias 7/11 | Forania Brusque 14/11 | Forania Camboriú 21/11 | Forania Itajaí
14 a 22/11 | Semana da Solidariedade 14/11 | Encontro da Dimensão Social da Arquidiocese | Palhoça 14/11 | DNJ – Forania Camboriú | Camboriú 15/11 | 60 anos da Igreja do SSmo. Sacramento | Itajaí 17/11 | Reunião Geral do Clero | CEAR 20 a 22/11 | Heaven’s Party - Com. Divino Oleiro | CEAR 21/11 | DNJ – Conexão Jovem – Forania Itajaí | Itajaí 22/11 | Solenidade de Cristo Rei 24/11 | Entrega do Prêmio de Solidariedade Dom Afonso Niehues | Catedral 25/11 | Festa de Santa Catarina – Padroeira da Arquidiocese | Catedral 28/11 | Seminário da Campanha da Fraternidade | Foranias 29/11 | Corrida e Caminhada do Bem 2015 | Itajaí 29/11 | IV Dia de Cura no Amor – Com. Abbá Pai | São José 29/11 | Kairós Buscai as coisas do Alto – Com. Bethânia | São João Batista Acesse o calendário completo em www.arquifln.org.br
Pastoral convida jovens para evento Os “PJteiros” e “PJteiras” da Arquidiocese de Florianópolis têm encontro marcado no dia 08 de novembro, a partir das 09h, no Santuário Nossa Senhora do Bom Socorro, em Nova Trento. A iniciativa reúne os participantes da Pastoral da Juventude (PJ) no primeiro encontro em nível arquidiocesano. “É hora de despertar, juventude que serve, constroi!” é o tema do dia, que se apoia na passagem bíblica “Estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27). A programação inclui brincadeiras, aprendizado, partilha e palestras que auxiliam na discussão do tema escolhido. “Podem esperar também muitas risadas”, aponta a divulgação oficial do encontro. O evento tem entrada gratuita. O único custo para o participante é o
Imagem: Divulgação
Cartaz oficial do evento
almoço no valor de R$ 15,00 – já inclui o refrigerante –, e deve ser pago antecipadamente. As inscrições e instruções de pagamento são feitas direto pelo link goo.gl/S2Jn0H. “Nova Trento está muito honrada em acolher os jovens “PJteiros” da Arquidiocese. Em nome da comunidade, gostaria de dizer que todos serão bem-vindos”, convidou a representante da PJ de Nova Trento, Ednara Mafra.
12
Jornal da Arquidiocese, Novembro de 2015
geral O ROSTO DA MISERICÓRDIA Pe. Vitor Feller
Síntese da Bula do Jubileu da Misericórdia Quando começa e termina o Jubileu Extraordinário da Misericórdia?
A partir desta edição, você acompanha cada uma das partes da síntese da Bula do Ano Santo, proclamado pelo Papa Francisco, com início no dia 08 de dezembro. O material foi elaborado pelo Vigário Geral, Pe. Vitor Galdino Feller e está dividido em perguntas e respostas. Nesta edição, apresentamos a introdução da síntese com a primeira pergunta e resposta para que você mergulhe mais na intimidade da misericórdia proposta pelo Papa Francisco. Introdução No dia 11 de abril, na véspera do segundo Domingo da Páscoa ou Domingo da Misericórdia, o Papa Francisco publicou a Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, intitulada “Misericordiae vultus” (o rosto da misericórdia). A misericórdia, para o papa, não é uma palavra abstrata, mas um rosto a reconhecer, contemplar e servir, o rosto de Jesus Cristo, o revelador da misericórdia do Pai (nº 1-2).
Início - O Jubileu da Misericórdia começa no dia 08 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição. Em sua grande misericórdia Deus-Pai escolheu Maria e a quis toda santa e imaculada, como sinal antecipado da humanidade redimida em Cristo. Neste mesmo dia celebramos 50 anos da conclusão do Concílio Vaticano II. Ao inaugurá -lo, o Papa São João XXIII havia sugerido que a Igreja aprendesse a usar mais o remédio da misericórdia que o da severidade e se mostrasse como mãe amorosa, benigna e paciente. Ao encerrá-lo, o Papa Beato Paulo VI reconheceu que no Concílio a Igreja repetiu a história do bom samaritano no seu encontro com o mundo moderno e seus problemas e valores (nº 3-4). Término - O Jubileu terminará na solenidade de Cristo Rei do próximo ano. A Ele, o papa confia a vida da Igreja e da humanidade e pede que os anos futuros sejam marcados pela misericórdia e aprendamos a ir ao encontro das pessoas para levar-lhes a bondade e a ternura de Deus (nº 5). Na Arquidiocese, a abertura será dia 13 de dezembro na Catedral, nos santuários e na Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento (Itajaí).