Dissertação de Mestrado

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UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA

Estratégia de intervenção na Trafaria, enquanto modelo de revitalização na frente ribeirinha do Tejo

Rui Fernando Nepomuceno

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre integrado

Lisboa 2010


Epígrafe

Por uma Arquitectura

Um pensamento que se revela a si mesmo sem palavras ou sons, mas apenas por meio de formas que estabelecem relações entre si. Essas formas são claramente reveladas pela luz. As relações entre elas não tem necessariamente uma referência funcional ou descritiva. Estas são uma criação matemática da mente. São a linguagem da Arquitectura. Através do uso da matéria, partindo de um programa mais ou menos utilitário estabelecem-se certas relações que suscitam as minhas emoções. Isto é Arquitectura.

CORBUSIER, (1995) Vers une architecture. Paris: Flammarion.


Estrutura da dissertação

Renovação de Frentes de água

Casos de estudo

Coesão do desenho urbano com a água

Factores associados a estas operações urbanas:

Contexto espacial portuário

(Modelos de intervenção entendidos, enquanto objectos arquitectónicos)

Infra-estruturas Portuárias, ferroviárias, aeroportuárias e militares Energéticas e de saneamento

Espaços públicos (tendência na qualidade e inovação arquitectónica, assim como em novos espaços verdes para o meio urbano)

Planeamento Urbano Criação de novas centralidades através de: Uma nova imagem e dinâmica urbana Associação à cultura, ao lazer e ao turismo Reconversão do património portuário/ industrial

Segundo o programa: SILODAM- Silo residencial em Amesterdão – MVRDV Arquitectos

Segundo a Linguagem estratégica conceptual: Quartier de la Marine em Argel – Le Corbusier

Segundo a estratégia urbana: Reconversão da Marginal de Ponta Delgada – RISCO arquitectos

Almada Nascente, “Cidade de água” (Caso de Estudo) Proposta individual desenvolvida no ano lectivo 2008/2009 Redefinição da linha costeira da Trafaria Criação de um elemento marcante no território


Estrutura da dissertação

“A água tornou-se um elemento recorrente nos espaços de recreio e lazer, acabando por ter um papel fundamental na qualificação na generalidade dos espaços urbanos. Esta aproximação à água está a tornar-se num modelo de urbanização contemporâneo. (…)” “A revalorização das frentes de água acontece, em cidades de todo o mundo, podendo dizer-se que se transformou num paradigma das cidades deste inicio do século XXI.”

PORTAS, Nuno. 1998. Cidades e Frentes de Água, Catálogo da amostra de projectos de reconversão urbana em frentes de água. Porto: Parque Expo’98, S.A.


Frentes de água – Enquadramento temático

Estas operações de regeneração nestas frentes marítimas tiveram o seu início nos EUA e encontram-se associadas às seguintes características: • oferta de grande diversidade de usos; • forte procura do público de margens livres e acessíveis;

• afastamento das infra-estruturas viárias e substituição por usos pedonais; • recuperação de margens de pequenos cursos de água e canais;

• recuperação de património cultural e histórico; • criação de espaços públicos de carácter comercial;

• sítios de exposições e eventos culturais; • locais de instalação de elementos artísticos;

• oportunidades para realização de festivais e outros acontecimentos artísticos; • promoção de regulação urbanística;

MANN, Roy. (1998) Ten Trends in the continuing renaissance of urban waterfronts, landscape and urban planning.


Frentes de água – Enquadramento temático

Nos últimos anos, foram tomadas algumas medidas, de forma a encarar a resolução de problemas ambientais, tendo como base novas políticas ambientais como: • a implementação de processos de avaliação do impacto ambiental; • a preservação e criação de corredores verdes;

• o incentivo à plurifuncionalidade dos espaços; • a concepção de infra-estruturas de acordo com os princípios de sustentabilidade urbana;

• a protecção da paisagem, da fauna e da flora; • a descontaminação e reciclagem dos solos poluídos e

• estratégias que privilegiem a união e a articulação dos sectores industrial e ambiental.

TEIXEIRA, Miguel Branco. [1998?]. Factor Ambiental na Qualificação de Frentes de Água Urbana. [em linha]. Disponível na internet em: <http://www2.ufp.pt/units/geonucleo/ecos/numero3/artigos/Frentes.htm>


Frentes de água – Enquadramento temático Caso de estudo: Intervenção urbana da “cidade de água”, Almada Nascente Consórcio Richard Rogers / Santa Rita Arquitectos

A propósito do lançamento de um concurso público internacional em 2001, para a elaboração de um Estudo de Caracterização Ambiental, Geológica e Geotécnica e seu plano de Urbanização para a sua frente ribeirinha em contacto com o estuário do Tejo, surge o projecto que lança esta cidade para o futuro, a Almada Nascente, "Cidade da Água".

Cortes que evidenciam as relações entre o rio Tejo e o espaço urbano


Frentes de água – Enquadramento temático Caso de estudo: Intervenção urbana da “cidade de água”, Almada Nascente Consórcio Richard Rogers / Santa Rita Arquitectos

“A Praça Lisnave irá constituir uma nova entrada em Almada e actuará como a maior área exterior na nova área urbana. (...) O singular pórtico "Lisnave", visível ao longo do rio Tejo, dominará a praça e será o foco central do espaço público, celebrando a história dos estaleiros navais. A partir deste pórtico serão estruturados corredores estratégicos de vistas para o centro de Lisboa.(…) Serão colocadas à volta da praça uma série de instalações de fins múltiplos – comerciais, residenciais e culturais, de forma a encorajar actividades anuais, sazonais ou provisórias. O acesso de veículos à praça será restringido exclusivamente a transportes públicos e veículos de emergência.”

ATKINS c, Richard Rogers Partnership, Santa-Rita arquitectos, LDA. Plano de Urbanização de Almada. Guia de Desenho Urbano. [em linha] (2009) [referência de 29 de Novembro de 2010], pp.10-28. Disponível na internet em: <http://www.m-almada.pt/xportal/xmain?xpid=cmav2&xpgid=genericPage&genericContentPage_qry=BOUI=4833933>.


Segundo o programa: SILODAM- Silo residencial em Amesterdão – MVRDV Arquitectos

Localização do edifício do SILODAM no contexto industrial – portuário de Amesterdão.

“The beautiful apartments within and spectacular views from Silodam define a surrealist experience at the windswept end of a barren «strekdam», a veritable “machine for living” but, living a life that is curiously disconnected from the city.” MAAS, Winy. Silodam. HousingPrototype.org. [Referência de23 de Novembro de 2010].Disponível na internet em: < http://www.housingprototypes.org/project?File_No=NL012>


Segundo o programa: SILODAM- Silo residencial em Amesterdão – MVRDV Arquitectos

“Me interesa descubrir como gran parte de este edifício se comporta como una acumulación de estructuras, como un depósito en período de sedimentación de ciertos materiales habitables posiblemente extraídos o tal erosionados de otras partes de su entorno, y acumulados formando nuevas estructuras”.

Este projecto, inserido neste contexto transformou-se num objecto sinal, num dos edifícios residenciais mais iconográficos dos últimos anos, proporcionando um ambiente cosmopolita que permite assim diferentes vivências e encontros. BALLESTEROS, José (2002) Analisis Silodam MVRDV. Arquitectura y Critica, pasajes, no 38, (pág. 32))


Segundo a Linguagem estratÊgica conceptual: Quartier de la Marine em Argel – Le Corbusier


Segundo a Linguagem estratégica conceptual: Quartier de la Marine em Argel – Le Corbusier

“Brilliant unity. (…) There is much to be learned from the study of material phenomena: unity of structure, purity of outline. A gradual but total distribution of all secondary elements. An infinite gearing down of the system to its furthest extremities. The result, an entity.”

BOESIGNER, W. (1995) Le Corbusier ceuvre complète volume 4. 1938-46. Les editions d' architecture Zurich. Alemanha: Girsberger. (pp. 45- 50) Tradução livre.


Segundo a estratégia urbana: Reconversão da Marginal de Ponta Delgada – RISCO arquitectos

A reorganização geral portuária de Ponta Delgada abraçou a longa avenida marginal da cidade desde o forte de S. Brás até às piscinas se São Pedro, cujo objectivo principal focou-se na edificação de um novo cais de navios de passageiros. Consistiu numa oportunidade única para a revitalização da frente marítima da cidade histórica e da sua relação com o mar.


Segundo a estratégia urbana: Reconversão da Marginal de Ponta Delgada – RISCO arquitectos

“Pretendeu-se mostrar que ao contrário da prática corrente em Portugal, há sempre margem para o "desenho" na construção de uma grande infraestrutura.”

RISCO (2009) Reconversão da marginal de Ponta Delgada | Açores. Anuário Arquitectura, nº 12, (pp. 46-48)


Projecto desenvolvido ao longo do ano lectivo (Projecto III, 5ยบ ano, 2008-2009)


Projecto desenvolvido ao longo do ano lectivo (Projecto III, 5ยบ ano, 2008-2009)



Projecto desenvolvido ao longo do ano lectivo (Projecto III, 5º ano, 2008-2009)

A implantação de um elemento marcante no território, implicaria, segundo Kevin Lynch o “isolamento de algo de uma série de possibilidades, cuja característica – chave é a originalidade, (…) uma forma clara, em que os elementos marcantes tornam-se ainda mais fáceis de identificar (…) quando contrastam com o cenário de fundo ou se localizam espacialmente num local predominantemente” isto é, tornando assim o elemento visível de muitos outros pontos ou criando um contraste local com os elementos circundantes na sua constituição ou como se pretendeu neste contexto, numa variante em altura.

LYNCH, Kevin (1960) A imagem da Cidade. Lisboa: Edições 70.


Projecto desenvolvido ao longo do ano lectivo (Projecto III, 5º ano, 2008-2009)

A proposta de implantação do facto urbano enquanto elemento dominante provoca uma inter-relação entre estes dois elementos, “ligados de tal forma a que possam realçar o poder um do outro, ou entrar em conflito e destruirse (…) As características de um elemento marcante podem ser tão estranhas ao aspecto de um bairro que levam à dissolução da continuidade na região, ou podem, por outro lado, ser de tal modo contrastantes que aumentam essa continuidade.”

LYNCH, Kevin (1960) A imagem da Cidade. Lisboa: Edições 70.


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