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Figura 16 - Biblioteca Mario de Andrade após a intervenção

instalações e elementos construtivos devam compreender as possíveis diferenças entre pessoas, de modo que permita o “ir e vir” igualitário e seguro, sem promoção de exclusão social (BARRETO; COUTINHO, 2012, p.58). Tendo isso, a Norma Brasileira 9050 – Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiência a Edificações, Espaço, Mobiliário e Equipamentos Urbanos de 2020, diz respeito a concepção de espaços internos e externos de edificações, como dimensionamento de acessos, banheiros e fluxos, com intuito de eliminar elementos arquitetônicos que podem ser considerados barreiras físicas no espaço e que contribua com a exclusão social. De acordo com Barreto e Coutinho (2012, p. 59), barreiras arquitetônicas são criadas no espaço de forma quase imperceptível pela maioria da população. Todavia, barreiras são obstáculos que impedem o indivíduo de se movimentar no ambiente e possuir autonomia e liberdade, indo contra os preceitos da inclusão social, como por exemplo: “[...] calçadas com buracos, escadas, portas, corredores estreitos [...]”. Por conseguinte, as barreiras podem ser divididas em urbanísticas, de edificações e comunicativa. As barreiras urbanísticas são aquelas presentes no espaço público aberto da cidade, como por exemplo rebaixamento de calçadas. As barreiras de edificações são encontradas dentro do lote urbano e das edificações, como banheiros que não atendem a NBR:9050. Já as barreiras comunicativas estão em todos os lugares, interno e/ou externo, casos em que não há sinalização lumínica, em braile ou sonora. No caso de equipamentos públicos como bibliotecas, os acessos ao lote devem estar isentos de barreiras que impossibilite a entrada ou saída do local, como por exemplo: estacionamentos, acessos, rampas. Além disso, particularidades como “[...] iluminação, ventilação, espaço para circulação entre os ambientes, banheiros, rampas adequadas [...]” fazem toda a diferença dentro do campo da acessibilidade (SAMPAIO, 2014, p. 02-03). Sampaio (2014, p.4) pontua oito principais pontos que devem ser observados em edificações públicas: 1. Entradas e saídas do prédio: adequação da soleira e da calçada no entorno do edifício. 2. Circulação horizontal: adequação das soleiras internas e reorganização das estantes com vistas à circulação de cadeiras de rodas.

3. Circulação vertical: adequação das escadas, corrimãos, elevador e instalação de piso tátil de alerta. 4. Portas, janelas e dispositivos: comunicação tátil nas portas das salas e dos sanitários. 5. Sanitários e vestiários: adequação dos sanitários. 6. Mobiliário interno: balcão de atendimento, bebedouros, telefone público externo. 7. Estacionamento: marcação de vaga reservada para pessoas portadoras de deficiência. 8. Comunicação e sinalização: sinalização informativa, indicativa e direcional. Vale ressaltar a Biblioteca Mário de Andrade (Figura 16), visto que ela passou por uma reforma e modernização, tendo sido adaptada para atender os critérios da NBR: 9050. Após sua reabertura em 2017, a biblioteca recebeu o Selo de Acessibilidade concedido pela Comissão Permanente de Acessibilidade. O projeto contou com inserções de rampas, modificações de níveis, alterações no acesso principal da edificação, no hall principal, na praça e nos mobiliários. O intuito principal da intervenção foi garantir que a instituição pública estivesse acessível a toda população (VITRUVIUS, 2010; SCHEINER, 2017).

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Figura 16 - Biblioteca Mario de Andrade após a intervenção

Fonte: Mello (2014)

Tendo isso, a biblioteca pública para Medeiros (2012, p.01) tem como principal objetivo “fortalecer os laços com comunidade”, sendo assim o serviço

público prestado que além de ofertar acesso ao conhecimento, insere o indivíduo na sociedade e interliga a comunidade local com o mundo exterior a ela. Entende-se a partir disso que estes equipamentos além de ofertarem acesso à informação, devem promover a igualdade dentro e fora dos limites construídos, permitir a acessibilidade universal que, além de retirar barreiras físicas, inclui sobretudo criar e/ou remodelar um local a fim de excluir a possibilidade de não atender toda a sociedade. Inclui ainda a responsabilidade cidadã de garantir que as pessoas sintam liberdade ao usufruírem do local e sintam-se pertencentes do lugar.

3.2 BIBLIOTECA PARQUE

A partir do exposto nos capítulos anteriores, entende-se que desde o surgimento das primeiras bibliotecas, estas instituições sociais passaram por inúmeras transformações conceituais e espaciais, e todas reafirmaram sua importância e função perante a sociedade. Segundo Hubner e Pimenta (2020), a virada do século XX para o XXI marca uma nova transição de conceito para os equipamentos públicos, os quais passam a possuir maior relevância no desenvolvimento democrático e social de uma comunidade. Neste viés, a biblioteca pública sempre foi responsável por preservar e disseminar conhecimento e práticas culturais, mas, seu entendimento para além de uma edificação isolada na cidade, vinculada às novas formas de comunicação, permitiu o surgimento da biblioteca parque como um centro de multi-atividades (HUBNER; PIMENTA, 2020).

As Bibliotecas Parques são uma nova categoria e atuam como um dispositivo político, na conexão entre a população, seus valores, necessidades e cultura. O modelo das Bibliotecas Parque faz parte de uma modernização urbana da sociedade. (OLIVEIRA, 2020, p. 03).

O termo biblioteca parque surgiu em meados dos anos 2000, na cidade de Medellín na Colômbia, país em desenvolvimento e marcado por intensa violência, narcotráfico e desigualdade social. Foi nesse cenário que os órgãos

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