6Âş Fora do Lugar* 2017 Festival Internacional de MĂşsicas Antigas Early Musics International Festival *Out of Place Idanha-a-Nova UNESCO Creative City of Music Portugal
UM PROJECTO \A PROJECT
EM PARCERIA COM \IN PARTNERSHIP WITH
ESTRUTURA FINANCIADA POR \PROJECT FINANCED BY
APOIOS \SUPPORTERS
MEDIA PARTNER
Conceito original \Original concept Arte das Musas Direcção artística e de produção \Managing artistic director Filipe Faria Produção executiva \Executive producer Rita Santos Assistentes de produção \Production assistants Tiago Matias Nuno Vieira Mário Alves Conceito gráfico, design e paginação \Graphic concept, photos, design and pagination Arte das Musas/Filipe Faria Fotografias e textos dos programas de concerto da responsabilidade dos músicos/grupos excepto quando creditadas. Photos and texts of concert programmes credited to the musicians/groups except when noted. Outras fotografias \Other photos: Colecção \Collection Capitão Mário Marques de Andrade (cortesia da família); Colecções particulares \Private collections (CMIN/CCR)
Festival Fora do Lugar Web: www.foradolugar.pt Facebook: www.facebook.com/foradolugar Arte das Musas Morada \Address: Centro Empresarial de Idanha-a-Nova, 6060-182 Idanha-a-Nova PORTUGAL Tel.: +351 210995674 Email: mail@artedasmusas.com Web: www.artedasmusas.com
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A uma escala global \On a global scale 7 Num lugar que ferve \In a boiling place 9 Lugares \Places 15 Concertos 27 Danças Ocultas 29 Musick’s Recreation 37 Scaramuccia 45 Erin/Iran 59 Filipe Raposo + Charlie Chaplin 65 Pino De Vittorio 71 Paralelos 81 Música \Music Programa Educativo \ Educationl Program Gastronomia \ Gastronomy Desenho \Sketching Natureza \Nature Notas e desenhos fora do lugar 100 \Notes and sketches out of place
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Lugares Places
A uma escala global On a global scale
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ARMINDO JACINTO Presidente do Município de Idanha-a-Nova Mayor of Idanha-a-Nova UNESCO Creative City of Music
Idanha-a-Nova vive ao ritmo da música: aposta em infraestruturas, investiga profundamente as suas tradições, acolhe um número raro e diversificado de grupos tradicionais promovendo, ao longo do ano, uma quantidade impressionante de eventos ligados à música, desde a eletrónica mais moderna aos sons tradicionais, passando pelo registo erudito, num contexto de experiências extraordinariamente diversificado e transversal a todo o território. Entre os eventos dedicados à música que se realizam no concelho, o Fora do Lugar - Festival Internacional de Músicas Antigas assume um especial relevo. O seu carácter simultaneamente abrangente e integrador tem contribuído decisivamente para a afirmação do mundo rural enquanto espaço criador, capaz de suscitar novas dinâmicas sem perder de vista as suas raízes. A classificação da UNESCO é um reconhecimento e um estímulo, que irá reforçar a estratégia de desenvolvimento do concelho, estimulando a criação de riqueza e PT
emprego e contribuindo para a fixação e captação de população. Idanha-a-Nova afirma-se, assim, enquanto destino de excelência no âmbito das indústrias criativas e parceiro de exceção na troca de experiências e conhecimentos com várias cidades nacionais e internacionais, abrindo um precedente extraordinário ao consagrar o reconhecimento do valor das capacidades de desempenho dos territórios rurais, de pequena dimensão/baixa densidade, a uma escala global. Aspirar a uma nova ruralidade passa inevitavelmente pela cultura e, no caso de Idanha-a-Nova, pela música em particular. Esta é a nossa mensagem para o mundo e o Fora do Lugar – Festival Internacional de Músicas Antigas é um dos nossos melhores mensageiros. Esperamos que aqueles que a escutam sejam cada vez mais. A todos, o meu sincero bem haja! Idanha-a-Nova lives to the rhythm of music: it invests in infrastructure, engages deeply with its EN
ARMINDO JACINTO 8
own traditions and fosters a diverse number of unique traditional groups who, throughout the year, participate in an impressive range of musical events - ranging from modern electronic music to more traditional sounds or classical music - in the context of an extraordinary diversity of experiences that runs transversal to the entire territorial identity. Among the events dedicated to music that take place in the area, the Fora do Lugar Early Music(s) International Festival is especially important. Its simultaneously comprehensive and inclusive character has contributed decisively to the reaffirmation of rural areas as spaces of creativity, capable of provoking new dynamics without losing sight of the roots. The UNESCO classification is both a recognition and a stimulus to reinforcing the development strategy of the territory, stimulating the creation of wealth and employment and contributing to attracting and retaining the local population. In this way, Idanha-a-Nova has established itself as
a destination of excellence in the creative industries and an exceptional partner to various national and international cities in the exchange of experiences and knowledge, leading the way in demonstrating the value of small-scale/low-density rural areas on a global scale. The aspiration to create a new type of rural environment must inevitably include culture and, in the case of Idanha-a-Nova, music in particular. This is our message to the world and the Fora do Lugar Early Music(s) International Festival is one of our best ways of communicating that. In the hope of attracting more and more listeners, to all, I offer a heartfelt welcome!
Num lugar que ferve In a boiling place
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FILIPE FARIA Director Arte das Musas\Fora do Lugar
A criação não tem morada ou destino. A criação dos bichos, como nós ou com mais ou menos patas, a criação dos nossos filhos ou das plantas de folhas e frutos pequenos ou gigantes… A criação não tem latitude ou longitude, coordenadas ou receitas. Algo existe agora no universo que não existia até aqui… estava cá tudo, mas isto não… Não tem morada porque existe num tecido de todos os tempos e lugares. Não tem destino porque não tem vontade. Acontece independentemente da cor, do espaço, da temperatura ou das estrelas… Acontece de propósito ou sem querer mas acontece mais nuns dias do que noutros… Acontece de dia ou de noite. Depende. A criação não tem morada mas há lugares mais rápidos e outros mais lentos… Depende. Nos lugares mais lentos, com mais espaço, ar e chão nasce, do nada em que já estava tudo, algo lento. Nos lugares mais rápidos, vistos como num comboio, nasce do nada em que já estava tudo, algo rápido. Ou então não. Ou então vice-versa. O que sabemos é que nalguns PT
lugares o tempo suspende o tempo suficiente para criar… Às vezes é preciso muito, outras pouco… Criar do tudo um pouco de novo… A criação pode acontecer onde estamos a contar ou fora do lugar, onde menos esperamos… num lugar onde a criação dos bichos ou das plantas é tão comum como a dos sons, imagens ou movimentos… num lugar onde os rios podem ser cor-de-rosa e as árvores azul bebé, onde as casas são feitas de nuvens e as pedras ocas por dentro, onde os montes se sobem para baixo e descem para cima, onde a água corre para cima e para baixo (conforme) e o chão flutua, onde as pessoas e os bichos riem juntos à noite… num lugar que ferve e a partir do qual nascem árvores e voam aves à velocidade da luz… Creation has no address or destination. The creation of beasts, like us or with more or fewer legs, the creation of our children or of plants with leaves and small or giant fruit… Creation has no latitude or EN
FILIPE FARIA 10
longitude, coordinates or recipes. Something exists now in the universe that hasn’t existed until now… everything was here, but not that… It has no address because it exists in a fabric of all times and places. It has no destination because it has no will. It happens independently of colour, space, temperature or the stars… It happens on purpose or unintentionally but it happens more on some days than on others… It happens by day or by night. It depends. Creation has no address but there are faster places and there are slower places… It depends. In the slower places, with more space, air and ground, from the nothing in which everything already existed, something slow is born. In the faster places, seen as if from a train, from the nothing in which everything already existed, something fast is born. Or not. Or vice-versa. What we know is that in some places time suspends time long enough to create… At times a lot is needed, at others not so much… Creating a little bit of new from the whole … Creation can happen where we intend
it to or out of place, where we least expect it… in a place where the creation of beasts or plants is as common as that of sounds, images or movements… in a place where the rivers can be pink and the trees baby blue, where the houses are made of clouds and the stones are hollow inside, where mountains are climbed downwards and descended upwards, where water flows upwards and downwards (depending) and the ground fluctuates, where people and beasts laugh together at night… in a boiling place where trees are born and birds fly at the speed of light…
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Lugares Places
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Idanha-a-Velha Idanha-a-Velha é uma pequena aldeia de ambiente pitoresco, pelo notável conjunto de ruínas que conserva, ocupa um lugar de realce no contexto das estações arqueológicas do país. Ergue-se no espaço onde outrora existiu uma cidade de fundação romana (séc.I a.C.), inserida no território da Civitas Igaeditanorum, tendo sido, mais tarde, município romano. Uma inscrição datada do ano 16 a.C., onde consta que Quintus Tallius, cidadão da Emérita Augusta (Mérida) “deu um relógio aos Igeditanos”, testemunha a existência no núcleo urbano nesse momento cronológico. Em 105, a povoação aparece referida numa inscrição da monumental ponte de Alcântara – importante obra de engenharia romana – como um dos municípios que contribuíram para a sua construção. Diversos vestígios evidenciam, ainda hoje, essa permanência civilizacional: entre outros, o podium de um templo no qual assenta a Torre dos Templários; a Porta Norte e respectiva muralha; um conjunto excepcional de lápides funerárias e variado espólio disperso. A povoação conheceu no período visigótico, sob o nome da Egitânea, momentos áureos de desenvolvimento, tendo sido sede de diocese desde 599 e centro de cunhagem de moeda em ouro (trientes). São testemunhos materiais desse período, os Baptistérios e ruínas anexas do “Palácio dos Bispos” e a designada Igreja PT
de Santa Maria, esta com profundas alterações arquitectónicas posteriores. Os Árabes ocuparam a cidade até à sua tomada por D. Afonso III, Rei de Leão, durante a reconquista, fazia já parte integrante do condado Portucalense aquando da fundação de Portugal. Mais tarde D. Afonso Henriques entregou-a aos Templários. Em 1229 D. Sancho II deu-lhe foral. D. Dinis incluiu-a na ordem de Cristo – 1319 –, seguindo-se outras tentativas de repovoamento. D. Manuel I, em 1510, concede-lhe novo foral de que o Pelourinho é testemunho. Em 1762 figurava como vila, na comarca de Castelo Branco; em 1811, ficava anexa a Idanha-a-Nova; em 1821 tornava-se sede de um pequeno concelho, extinto em 1836. Intencionalmente, e ao longo dos séculos, pretendeuse reorganizar todo o espaço urbano, revitalizando-o no domínio social, económico, político e cultural. Porém o seu percurso histórico, de desertificação, estava traçado. Hoje, Idanha-a-Velha, (Monumento Nacional) surge renovada. Uma Aldeia Histórica criteriosamente adaptada para os que aqui residem e para os que a visitam. Idanha-a-Velha is a small picturesque village, consisting of a remarkable group of ruins, which holds a position of high standing among the national archaeological works. It stands on a place where formerly was a Roman City (1st century B.C.), which was inserted in “Civitas Igaeditanorum”, having become a Roman Municipality later on. EN
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An inscription dating from 16 B.C., where we can read that “Quintus Lallius”, a citizen from “Emerita Augusta” (Mérida) “has willingly given a sun-dial to Igeditanos” witnesses the existence of an urban site on those by gone days. In 105, in an inscription on Alcântara Bridge (a very important Roman engineering work) the village is referred to as one of the most important Municipalities that contributed to the Bridge construction. Nowadays there are still a lot of evidences showing that civilization permanence: the “podium” of the temple on which the Templar’s Tower stands; the Northern Gate and its wall; one exceptional group of tomb stones and various scattered remains. In the Visigoth Era, under the name of “Egitânea”, the village witnessed golden developing times, having been a diocese seat since 599 and a gold coining Bishop’s Palace and the See are material witnesses of those golden days. The Arabs got hold of the city until King Afonso III from Leão conquered it, during the Christian fights but it was already an integrating part of Condado Portucalense at the time of Portugal foundation. Later one, King Afonso Henriques delivered it to the Templar monks. In 1229, King Sancho II chartered it. King Dinis included it in “Ordem de Cristo” (1319). Along the times, other peopling attempts followed. In 1510, King Manuel I chartered it again, being the Pillory a witness of this fact. In 1762, it was know as a small town in Castelo Branco jurisdiction; in 1811, it becomes attached to Idanha-a Nova; in
1821 it becomes the seat of a small municipality, still existing in 1936. Intentionally, and along the centuries, people tried to reorganize the urban space, revitalizing it in social, economic, political and cultural fields. However, its historical desertification course was drawn. Nowadays, Idanha-a-Velha (considered a National Monument) emerges quite renewed. An historical village wisely adapted to those who live here and to those who visit it.
Salvaterra do Extremo PT Situada
nos confins orientais do concelho de Idanha-a-Nova, na fronteira com Espanha, Salvaterra do Extremo tem origens muito antigas. As origens da povoação remontam aos inícios do século XIII. Em 1229 recebeu foral de D. Sancho II. A sua primeira fortificação pode ter sido construída nessa altura, com patrocínio ou intervenção directa dos Templários. A assinatura do Tratado de Alcanices, em 1297, definiu a fronteira luso-castelhana e a coroa empenhou-se num programa de restauro e de novas fortificações para assegurar a fronteira negociada. Foi neste contexto que Salvaterra do Extremo assumiu importância estratégica local. Por iniciativa régia, foi construído um castelo, de invulgar traçado circular, bem defendido por torres e munido de forte torre de menagem. A vila cresceu extramuros, de costas voltadas para Castela,
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descendo pela encosta poente da elevação onde o castelo foi erigido. A actividade económica da região, onde outrora a mineração teve um papel importante (volfrâmio, chumbo, estanho e ouro) permanece marcada pela pecuária, a agricultura extensiva e a cinegética. Tal como Monfortinho, Salvaterra do Extremo celebra a festa do Bodo em honra de N. Sra. da Consolação, na segunda-feira de Páscoa. É uma festa de abundância e alegria que se realiza a cada ano, renovando a promessa feita a N. Sra. em troca da protecção contra a praga de gafanhotos que, em tempos idos, ameaçou os campos da região. Após a missa e a procissão, centenas de locais e de visitantes, muito deles espanhóis, participam no Bodo onde o ensopado, o pão e o vinho são servidos á discrição. A freguesia tem um charme muito especial. As pessoas são hospitaleiras, sempre prontas a contar as histórias da terra, e as ruas têm muitos motivos de interesse: a casa dos sardões; o poço em forma de crescente, rematando uma rua; as igrejas; a antiga câmara municipal e a torre sineira onde as cegonhas fazem ninho; os poços tradicionais em xisto e as inúmeras furdas circulares dos porcos são alguns exemplos. Decididamente a não perder é a paisagem, sobretudo junto ao desfiladeiro do rio Erges, onde a par da natureza, se encontram antigos moinhos de água, a imponente atalaia medieval e vários caminhos lajeados, a que muitos atribuem origem romana.
Salvaterra do Extremo lies next to the spanish border and is of ancient origin. It was a stronghold fortified since early times, and it was over these ruins that king D. Afonso Henriques ordered the Templars to built a castle. Because of its strategic importance, King D. Sancho granted it charter in 1229 and it remained a municipality until 1855, when it was annexed to Idanha-a-Nova. The only features testifying its former priviliges while a municipality are the pillory and the town hall. Almost nothing was left from the medieval castle or the seventeenth century fortification. The walls were mostly dismantled after the Peninsular Wars, leaving today only small and hidden sections between the houses and their yards. Regarding the economic activity, documentary evidence alludes to mining (tungsten, lead, tin and gold), but this has now given way mainly to grazing, extensive farming and hunting areas. Just like Monfortinho, Salvaterra do Extremo celebrates every year, on Easter Monday, the traditional Bodo festivities in honour of Our Lady of Consolation. It is a festivity of abundance and happiness, the result of an ancient vow: that Our Lady would protect the crops from a severe plague of grasshoppers. After celebrating mass and taking parti n the procession, hundreds of local people and visitors – many of them spanish – attend the Bodo, feasting on endless, free supply of traditional lamb stew, bread and wine. he whole parish hás a special charm. People are friendly and hospitable and every street has something to EN
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show: the Sardões house, an half-moon shaped dwell, the churches, the town hall and the bell tower where storks nest, the traditional dwellings made of schist and the cylindrical pigsties. Absolutely not to miss the countryside around the river Erges creeks, with its water mills, the medieval watchtower and the allegedly roman cobbled paths.
Ladoeiro PT Povoação
detentora de alguns vestígios Romanos, até 1505 chamava-se Esporão. Foi rebatizada por Ladoeiro devido aos inúmeros charcos e lodeiros que abundavam na região. O repovoamento conhecido por Ladoeiro faz-se à volta do ano de 1541 (no Reinado D. João III), onde foi sede de concelho com Câmara e Justiça próprias e entrou em decadência, a partir do séc. XVII, devido aos ataques ferozes do exército durante a Guerra da Restauração, agudizado pelo facto de não possuir nem castelo nem muralhas. Actualmente, é das freguesias mais prósperas do concelho, caracterizada por um considerável dinamismo económico que se deve sobretudo à actividade agrícola, assente em amplas áreas de terreno irrigadas. Conhecida até há poucas décadas pelas suas plantações de tabaco e tomate, a agricultura local orientou-se recentemente para novas produções, muitas delas em modo biológico certificado, como o mirtilo, a
melancia e o figo da índia. Ao percorrermos as ruas, são várias as habitações com portadas Manuelinas e outras de adobe com janelas caiadas. O cruzeiro, a Igreja Matriz e a Fonte Grande (com as armas de D. Sebastião de 1571) são locais de encontro para uma amena conversa ao cair do dia. Nas sextasfeiras de quaresma realiza-se a tradicional Procissão dos Homens, onde apenas estes podem participar. Algumas semanas após o Festival da Melancia, que atrai inúmeros visitantes de outros concelhos e da vizinha Espanha, já em meados de Agosto, tem lugar a grande festa em honra de Santo Isidro e do Santíssimo Sacramento. EN This
parish holds some roman remains and it was knowned as Esporão until 1505. It was renamed Ladoeiro on account of the abundance of ponds and marshes in the area. It was re-populated around 1541, during the reign of king D. João III, when it became a municipality, with its own town hall and courthouse. It started to decline around the XVIIth century, due to ferocious attacks by the army during the restorarion wars . made worse because it had no castle to protect it. Today, is one of the most prosperous parishes of Idanha-a-Nova’s county, enjoying considerable economical dinamism due to its wide and well irrigated agricultural fields. Once known for the tobacco and tomato production, local agriculture has turned into new products into recent years, many of them biological certified, like
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blueberries, watermelons and prickly-pears. While strolling around its streets, we may come across houses with manueline doorways and some of them made of adobe (a traditional building technique consisting on sun dried bricks, moulded from earth, straw and water mixed together), with whitewashed window and door frames. The monumental Cross, the parish Church and the Great fountain (dated 1571 and bearing king D. Sebastião coat of arms) are the best places to meet your friends for a chat by the end of the afternoon. Every Friday during Lent takes place a traditional men-only procession (Procissão dos Homens). The Great festivities in honour of St. Isidro and the Holy Sacrament take place in midAugust, a few weeks after the Watermelon Festival, an event that attracts countless visitors from the neighbouring municipalities and from Spain.
Monsanto PT Monsanto
situa-se a nordeste das terras de Idanha, aninhada na encosta de uma elevação escarpada – o cabeço de Monsanto (Mons Sanctus) – que irrompe abruptamente na campina e que, no seu ponto mais elevado, atinge 758 metros. Pelas várias vertentes da encosta e no sopé do monte, existem lugarejos dispersos, atestando a deslocação populacional em direcção à planície. Trata-se de um local muito antigo, onde se regista a presença
humana desde o paleolítico. Vestígios arqueológicos dão conta de um castro lusitano e da ocupação romana no denominado campo de S. Lourenço, no sopé do monte. Vestígios da permanência visigótica e árabe foram também encontrados. D. Afonso Henriques conquista Monsanto aos mouros e em 1165 faz a sua doação à ordem dos templários, que sob as ordens de D. Gualdim Pais, mandou edificar o castelo. O primeiro Foral foi concedido por este rei em 1174, sucessivamente confirmado por D. Sancho I (1190) e D. Afonso II (1217). A D. Sancho I se deve também a repovoação e reedificação da fortaleza, desmantelada nas lutas contra Leão, novamente reparadas um século depois, pelos Templários. D. Dinis deu-lhe carta de Feira em 1308, a realizar junto da ermida de S. Pedro de Vir-a-Corça. El-rei D. Manuel I outorgou-lhe Foral Novo (1510) e deu-lhe a categoria de vila. Em meados do séc. XVII, D. Luís de Haro, ministro de Filipe IV, tenta o cerco de Monsanto, sem sucesso. Mais tarde, no início do século XVIII, o Duque de Berwick cerca também Monsanto, mas o exército português, comandado pelo Marquês de minas, derrotou o invasor nos contrafortes da escarpada elevação. Em 1758, Monsanto era sede de concelho, privilégio que manteve até 1853. No séc. XIX, o imponente Castelo medieval de Monsanto foi parcialmente destruído pela explosão acidental do paiol de munições. Convida-se para uma visita ao que resta do poderoso Castelo na escarpada encosta onde se pode
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observar a alcáçova, a cintura de muralhas e torres de vigia, bem como as belíssimas ruínas da Capela de S. Miguel do séc. XII, e a Capela de Santa Maria do Castelo. A gloriosa resistência aos invasores (romanos ou árabes – não se sabe bem) comemorase na festa de Santa Cruz, deitando-se das muralhas do castelo simbólicos cântaros com flores, levando as mulheres ao cimo das torres as tradicionais bonecas de trapos – as marafonas. A Capela de S. Pedro de Vir-á-Corça ou Ver-a-Corça., imóvel de Interesse Público, situada na base do monte nos arredores da povoação, entre os lugares de Eugénia e Carroqueiro, é um templo românico construído em granito, datando provavelmente do séc. XIII, em que se destaca uma rosácea. Em seu redor se realizava a feira autorizada por D. Dinis em 1308. Estação Arqueológica romana de São Lourenço - imóvel de Interesse Público, situada na Freguesia de Monsanto, corresponde presumivelmente a uma villa romana que integra um complexo termal. São também conhecidos quatro túmulos romanos em granito. Perto do local das ruínas, vê-se também um troço de pavimento. EN Monsanto
stands in the Northeast side of Idanha Lands, nestled in a steep hill slope - Monsanto hillock (“Moons Sanctus”) -, which abruptly rises out of prairie and reaches 758 meters on its highest point. There are several hamlets scattered along the several slopes and at the bottom of the hill, which shows
the population movements towards the plain. It’s a very ancient place with evidence of human presence since the Palaeolithic Era. They found archaeological evidence of a Lusitanian fortress and of the Roman occupation in. St. Laurence’s field, at the foot of the hill, as well as of Visigoth and Arabian occupation. King Afonso Henriques conquered Monsanto to the Moors and, in 1165, granted it to the Templar monks who had the castle built under the orders of Gualdim Pais. King Afonso Henriques first chartered the village in 1174 and the king Sancho I (1190) and king Afonso III (1217) confirmed the charter. King Sancho I rebuilt and repopulated the fortress, which had been destroyed during the fights against the King of Leão. In 1308, King Dinis granted it a charter, which allowed a fair to take place near the chapel of “São Pedro de Vir-a-Corça”. King Manuel I granted it a New Charter in 1510, giving it the right to be a town. In the middle of the 17th century, Luis de Haro, Minister of Filipe IV, tried to siege Monsanto, but he had no success. Later on, in the beginnings of the 18th century, the Duke of Berwick also sieges Monsanto but the Portuguese Army, commanded by the Marquis of Minas, defeated the invader on the slopes of the hill. In 1758, Monsanto was a municipality, having kept this privilege until 1853. In the 19 th century, the imposing Castle of Monsanto was partly destroyed by the accidental explosion of the munitions storeroom. You are invited to visit what is left of the strong Castle on the hill slope,
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where you can still watch the “alcáçova”(fortress), the walls and a few sep towers, aswellas the beautiful ruins of St.Michael’s Chapel, from the 12th century, and the Chapel of “Santa Maria do Castelo”. The glorious resistance to Roman or Arabian invaders (people aren’t sure) is celebrated during the Feast of the holy Cross, when people throw pitchers with flowers out of the walls down the slope and woman take the traditional rag-dolls (the-“Marafonas”) to the tower tops. The Chapel of “São Pedro Vir-à-Corça”, a “Monument of Public Interest”, is sited at the foot of the hill, in the suburbs, between “Eugénia” and “Carroqueiro”. It’s a Roman Temple made of granite, probably dating from the 13th century, where you can admire a rose window. In 1308, King Dinis allowed a fair to be carried out around the temple. The archaeological station is housed in a “Building of Public Interest”. Sited in Monsanto administrative division, it was probably Roman “Villa” integrating a Spa. Near the ruins, they also found out four Roman tombs made of granite, as well as a part of paved floor.
Idanha-a-Nova PT Hoje
apenas são visíveis as fundações do castelo de Idanha-a-Nova, fundado em 1187 por Gualdim Pais, mestre da Ordem do Templo, antes da atribuição do foral à vila. Dominando a campina
juntamente com o castelo de Monsanto, terá sido construído para defender a povoação de Idanhaa-Velha, então bem mais importante mas mais vulnerável. Tratava-se de um pequeno castelo, constituído essencialmente pelo paço dos alcaides, ao qual foi acrescentado, no século XV, uma segunda cerca que englobava a Igreja Matriz, deixando de fora a vila. A Capela da Misericórdia, edificada no século XVI, em pedra com aparelho rústico, é um templo de nave única com uma capela-mor em talha policromada do século XVIII. De acordo com a tradição, os dois altares laterais são provenientes do extinto convento de Santo António. Dedicada a Nossa Senhora da Conceição, a Igreja Matriz é de origem medieval, tendo pertencido à Ordem do Templo. Sabe-se, pelo desenho de Duarte d’Armas, que no século XVI se encontrava ainda dentro do castelo. Com uma fachada principal maneirista, mantém, no entanto, características renascentistas, com a sua estrutura em três naves, e abóbadas de nervuras ao gosto gótico na capela-mor. Pouco se sabe da história da torre sineira, ou do Relógio, presumindose que tenha sido construída com pedra proveniente do desmantelamento do castelo. A parte mais antiga do Solar dos Marqueses da Graciosa é a torre central, mandada construir em 1458 por Afonso Giraldes, fidalgo da casa real do rei D. Afonso V. Os dois corpos laterais e o balcão foram acrescentados no século XVII (1611) por Domingos Giraldes,
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descendente do fundador e capitão-mor da vila. A Casa dos Cunhas, grande casa de residência, construída no século XVI ou XVII, de planta longitudinal, possui três volumes de telhados de uma ou duas águas e distribuição irregular de portas e janelas. De notar, num dos volumes, um balcão com alpendre suportado por um arco de volta perfeita, que se supõe ser um vestígio da desaparecida capela de S. Pedro. A Casa dos Condes de Idanha-a-Nova também conhecida como Casa do Corso, é um elegante edifício do século XVIII, na linha do “estilo chão”, com um piso térreo destinado a pátio e arrecadações diversas, e um primeiro piso nobre, com janelas de sacada decoradas com motivos em forma de concha. Já a Casa Manzarra é herdeira do Convento de Santo António, antigo convento franciscano do século XVII convertido em solar nos inícios do século XX. Ao lado da antiga igreja conventual vê-se a antiga igreja barroca de S. Francisco de Assis, do século XVIII, ambas dessacralizadas e convertidas em armazéns agrícolas. Provavelmente pertencente ao antigo convento, a capela de Nossa Senhora das Dores, com fachada para o largo, é um pequeno templo barroco do século XVIII que permaneceu afecto ao culto católico. O Palacete das Palmeiras, datado de 1900, é um antigo solar construído para residência de uma das mais importantes famílias terratenentes de Idanha, num local que se situava então nos arrabaldes da vila. São de notar, à direita
e trás do edifício principal, as antigas imponentes cavalariças, e o jardim, de finais dos anos 1930, com as suas espécies exóticas (como as palmeiras que acabaram por baptizá-lo), então novidade absoluta nestas paragens. No início da década de 1990 foi reconstruído e adaptado à actual função de Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova. Construído em finais da década de 1950 na linha mais tradicionalista da arquitectura do Estado Novo, o edifício da Câmara Municipal foi desenhado por António Lino, autor do Cristo-Rei e de diversas obras da Exposição do Mundo Português de 1940 (nomeadamente o Espelho de Água), em Lisboa, e da colunata do Santuário de Fátima. Veio substituir o antigo edifício camarário na zona histórica e, em conjunto com o Palacete das Palmeiras, define a praça central da zona nova de Idanha, contribuindo decisivamente para a afirmação do actual centro da vila. Nas proximidades, o Centro Cultural Raiano apresenta-se como uma das marcas mais impressionantes do desenvolvimento experimentado por Idanha-a-Nova nos últimos anos, espécie de castelo moderno concebido para promover a cultura e ultrapassar fronteiras. EN Today
only the foundations of castle of Idanha-a-Nova are visible. It was founded in 1187 by Gualdim Pais, Master of The Order of the Temple, prior to the granting of the town charter, and like the castle of Monsanto, would have been built to
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oversee the plains and defend the town (which in those days was much more important, though also more vulnerable, than it is today). It was a small castle, consisting basically of the mayor’s palace, to which a second surrounding wall was added in the 15th century. This enclosed the Parish Church, though the rest of the town was left outside. The Chapel of Misericord was built in the 16th century in rough-hewn stone. It has a single nave, and a main chapel in carved painted wood dating from the 18th century. In keeping with tradition, it also has two side altars, brought from the now extinct convent of St Anthony. The Parish Church, dedicated to Our Lady of the Conception is medieval in origin and belonged to the Order of the Temple. We know from the drawing by Duarte d’Armas that it was located inside the castle walls in the 16th century. With a mane façade in the Mannerist style, it nevertheless retains certain Renaissance features, such as the three-nave structure and the Gothic rib vaulting in the main chapel. Little is known about the bell tower or the clock, though it is presumed to have been built from the stone from the dismantled castle. As for the stately home of the Marquis of Graciosa, the oldest part of this is the central tower, commissioned in 1458 by Afonso Giraldes, a nobleman of the royal house of King Afonso V. The two side walls and the balcony were added in the 17th century (1611) by Domingos Giraldes, descendant of the founder, and governor of the town. The House of the
Cunhas, for its part, is a residential property built in the 16th or 17th century on a longitudinal plan. It has three sets of single-or double-sloped roofs, and the doors and windows are irregularly laid out. Particularly noteworthy is a balcony whose roof is supported by a round arch, believed to be from the now vanished Chapel of St Peter. The House of the Counts of Idanha-a-Nova, also known as the Corsican’s House, is an elegant 18th century building in the “Chao style”. The ground floor contains a patio and storage areas, while the first floor houses the elegant living area, with oriel windows decorated with shell motifs. The 17th century Franciscan convent of St Anthony was converted into a stately home in the 20th century. Next to the convent church is the old Baroque church of St Francis of Assis dating from the 18th century. Both of these have now been deconsecrated and are used as agricultural storehouses. The Chapel of Our Lady of the Pains, which probably belonged to the former convent, is a small Baroque church from the 18th century, whose façade overlooks the square. This one is still used for Catholic worship. The Palm Tree Palace, dating from 1900, is an old stately home built for one of the most important landholding families in Idanha, at a site that would then been in the outskirts of the town. Particularly impressive are the old stables to the right and back of the main building, and the garden, which dates from the end of the 1930s. This contains a number of exotic species, such as
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the palm trees which gave the house its name, and which would have been an absolute novelty in these parts at the time. At the beginning of the 1990s, the Idanha-a-Nova Business School was reconstructed and adapted to its present function. The Town Hall, built at the end of the 1950s in the most traditionalist Estado Novo style, was designed by António Lino, who also designed the monument to Christ The King in Almada, and contributed various works to the Portuguese World Exhibition of 1940 (such as the ornamental lake) in Lisbon and the colonnade at the Sanctuary of Fátima. This building replaced the old Council House in the historic part of Idanha-aNova, and along with the Palm Tree Palace, defines the character of the central square in the new part of the town, making an important contribution to the affirmation of the present town centre. Not far away, the Centro Cultural Raiano configures the most impressive landmark of Idanha-a-Nova development in recent years. Like a contemporary castle, it was designed to fight for the promotion of culture and to overcome boundaries.
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Concertos Concerts
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Concerto \Concert
Danças Ocultas PORTUGAL
SEXTA-FEIRA \FRIDAY 24 NOV. 21H30 ANTIGA SÉ IDANHA-A-VELHA
Artur Fernandes Filipe Cal Filipe Ricardo Francisco Miguel
Fotografia \Photo: © Pedro Cláudio
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Programa \Programme
Notas \Notes
Folia 1,5 Héptimo 4,5 Dança I 1,5 Bulgar 2 Tarab 4,5 Queda d’água 1,5 Moda assim ao lado 1,5 Alento 3 Esse olhar 4 Sorriso 3,5 Diatónico 2 Luzazul 4 Tristes europeus 3,5 Casa do rio 3 Dança II 1,5 No(c)turno das 7 1
PT
1 - CD “Danças Ocultas”, EMI-VC, 1996 2 - CD “Ar”, EMI-VC, 1998 3 - CD “Pulsar”, Magic Music, 2004 4 - CD “Tarab” Numérica, 2009 Todo o repertório, composições e arranjos: Danças Ocultas Full repertoire, compositions and arrangements: Danças Ocultas
O acordeão diatónico – em Portugal conhecido por concertina – é um instrumento concebido na primeira metade do século XIX, e seguidamente aperfeiçoado por diversos construtores europeus, que ainda hoje ecoa memórias de uma outra forma de habitar o espaço musical: um tempo anterior ao disco, à rádio. Continua, porém, a ser uma máquina de construir sonhos; e, por isso uma máquina de inventar futuros possíveis, de fazer sentidos. Desde maio de 1989 Artur Fernandes, Filipe Cal, Filipe Ricardo e Francisco Miguel organizaram-se em torno de um sonho: o de desenvolverem as suas aptidões como executantes enquanto investigavam as possibilidades de afastar o instrumento do folclore tradicional, respeitando o que então entendiam como a “vontade da concertina”, mas fazendo para ela uma música nova. Esses tempos conduziram a um nome para o quarteto e ao primeiro disco homónimo, Danças Ocultas (1996), com um repertório onde predominavam as composições de Artur Fernandes. Veio depois um tempo aventuroso, menos ingénuo e com mais engenho, que resultou do convívio alargado, das progressões em palco, das primeiras viagens e colaborações, transformando o grupo em núcleo de criatividade distribuída, com a publicação de um segundo disco, intitulado Ar (1998) – onde afirmaram os princípios de uma gramática musical própria e a introdução de algumas inovações técnicas, como a
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invenção e construção de uma concertina-baixo. Passou-se então à experimentação das ligações entre essa gramática e uma visão assumidamente mais universalista e transcultural do fenómeno musical e da cultura contemporânea. Jogos de som, de ritmo e de harmonia, produzindo sentido, em diálogo com a estética contemporânea. Nela se inscrevem, por exemplo, as diversas colaborações dos Danças Ocultas com as artes cénicas – designadamente em coreografias de Paulo Ribeiro, para as quais compuseram material original – bem como o repertório integrado no terceiro disco, Pulsar (2004), a partir do qual todas as composições e arranjos passaram a ser assinados coletivamente. Em outubro de 2009 foi publicado o quarto álbum, intitulado Tarab, um termo árabe para designar o estado de elevação, celebração e comunhão espiritual – um êxtase – que é atingido simultaneamente pelo executante e pelo ouvinte durante um ato musical bem conseguido: Tarab é o objetivo da música e dos esforços de quem a pratica. Tarab assinalou o recentramento do grupo numa reinterpretação dinâmica do seu percurso comum, e uma nova afirmação da música como linguagem de fraternidade universal. O espetáculo de palco, com projeção multimedia de Luís Girão, foi estreado no X Festival de Músicas do Mundo de Sines. O grupo foi eleito para a Seleção oficial da Womex 2010, certame que nesse ano foi concluído com um concerto de encerramento pelos Danças Ocultas no
Koncerhuset de Copenhaga. E houve óbvias consequências desde então: concertos em 11 países (nalguns deles pela primeira vez, como no caso da Hungria, Suécia, Croácia e Taiwan), e a edição da coletânea «Alento», que reune os quatro anteriores álbuns de originais – a caminho de novas aventuras. Em 2014 dão início a uma colaboração com a jovem cantora e violoncelista Brasileira, radicada em Paris, Dom la Nena que dá origem à gravação de 1 EP, “Arco” que reúne temas de ambos, que apresentaram em digressão por Portugal e que a par dos seus concertos em nome próprio têm também apresentado noutros países Em 2016 surgiram com um novo álbum – Amplitude – que surgiu da colaboração com a Orquestra Filarmonia das Beiras. “Amplitude” é o espaço abrangido por uma vibração. Esta dimensão sonora foi partilhada por Danças Ocultas e Orquestra Filarmonia das Beiras, durante dois anos de progressões em palco, que confluíram, em Maio de 2015, a duas das mais importantes salas do país: a Sala Suggia da Casa da Música, no Porto e o Grande Auditório do CCB, em Lisboa. Nestes concertos juntaram-se os convidados Carminho, Dead Combo e Rodrigo Leão, que muito contribuíram para contagiar a magia musical às plateias repletas das duas salas. Ampliou-se então, ao grande público, essa magia com a edição do registo ao vivo destes concertos. Esta música inundou os palcos da Casa da Música e do CCB, em duas noites muito particulares e espe-
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ciais, com convidados que representam igualmente o melhor da música portuguesa e o lado mais nobre do espírito de aventura de Danças Ocultas. “Amplitude” é a vontade de partilhar esta música com um público maior. As Danças Ocultas preparam agora o seu novo disco de originais que contará com a produção de Jaques Morelenbaum, reputadíssimo maestro, compositor e violoncelista brasileiro com um notável curriculum de colaborações com Caetano Veloso, Marisa Monte, António Carlos Jobim, Ryuichi Sakamoto, David Byrne e Cesária Évora, entre outros. Este novo trabalho terá edição nacional e internacional. Jorge P. Pires The diatonic accordion (named as ‘concertina’ in Portugal) is an instrument created in the first half of XIX century, later worked to perfection, by several European instrument makers and today it echoes memories coming from a different musical ambience: a time before the record and the radio inventions. But it continues being a ‘dream machine’ ready to invent possible futures and making senses. In May 1989, Artur Fernandes, Filipe Cal, Filipe Ricardo and Francisco Miguel had a dream to look for and worked their musical performance skills meanwhile they studied the possibilities of taking this instrument away from folklore music ways, accepting what then was known as ” the concertina will”, but writing a new music for it. This was the time that led the band to its name and to its first record, Danças Ocultas EN
(1996), with a repertory on which predominate Artur Fernandes compositions. After that, came a adventuring time, less ingenuous and more artistic, resulting from the continuous contacts with other performers, from experiences on stage, from the first travels and partnerships, motivating the change of the group into a sharing creativity nucleus and leading to the recording of “Ar” the second record which affirms the beginning of a self musical grammar and shows some technical innovations like the use of a specially built “bass concertina”. Since then the band has been experiencing the links between that musical grammar and a more universal and trans-cultural view of the musical phenomenon as well as the contemporaneous cultural ways. This concept allowed the band to often perform within scenic arts, namely in Paulo Ribeiro choreographies for which the band composed original music, as well as the repertoire of Pulsar, its third record, Pulsar (2004), after which all the compositions and musical arrangements start to be signed collectively. Sound, rhythm and harmony games between the past and the future, making sense, in a dialog with contemporary aesthetic. In October 2009, a new work was published: Its name is Tarab, an arabic word meaning a state of elevation, celebration and spiritual communion that is struck both by the performer and by the listener during a well done musical act. Tarab is ecstasy.
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Tarab is the goal of music as well as of those who practice it. Tarab notes now the refocusing of the group, a dynamic reinterpretation of their common path and a new affirmation of music as a universal language of brotherhood. The stage show, with multimedia projection by Luís Girão, was premiered at the 10th World Music Festival in Sines. The group was chosen for the official selection of Womex 2010, a competition that closed that year with a concert by Danças Ocultas in the Koncerthuset in Copenhagen. And the repercussions of that were obvious: concerts in 11 countries (some of them for the first time, as in the case of Hungary, Sweden, Croatia and Taiwan) and the release of the ‘best of’ album, Alento, which brings together the four previous albums of originals – on the way to new adventures. 2014 saw the start of a collaboration with the young Brazilian Paris-based singer and cellist, Dom la Nena, which gave rise to the recording of one album, Arco, which brought together themes by both and was presented on tour in Portugal and in other countries, during which time they also continued to perform concerts in their own name. In 2016, they released a new album – Amplitude – the result of a collaboration with the Orquestra Filarmonia das Beiras. Amplitude is the extent of a vibration. This sound was shared by Danças Ocultas and the Orquestra Filarmonia das Beiras, over two years of stage performances, which converged, in May
2015, in two of the most important concert halls in the country: Sala Suggia at Casa da Música, in Porto, and the Grand Auditorium of the CCB, in Lisbon. They were joined in these concerts by guests Carminho, Dead Combo and Rodrigo Leão, who made a great contribution to spreading musical magic through the packed houses of the two halls. This magic was later shared with the general public with the release of the live recording of these concerts. This music spilled from the stages of Casa da Música and the CCB on two very particular and special nights, with guests representing both the best of Portuguese music and the more distinguished side of Danças Ocultas’ spirit of adventure. Amplitude is the desire to share this music with a broader audience. Danças Ocultas are now preparing their new album of originals which will be produced by the Brazilian Jaques Morelenbaum, a well-known conductor, composer and cellist, with a remarkable background of collaborations with Caetano Veloso, Marisa Monte, António Carlos Jobim, Ryuichi Sakamoto, David Byrne and Cesária Évora, among others. This new work will be released both in Portugal and internationally. Jorge P. Pires
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Discografia \Discography
Imprensa \Press
Amplitude | Uguru, 2016 Danças Ocultas & Orquestra Filarmonia das Beiras Recorded live featuring Carminho, Dead Combo and Rodrigo Leão
PT “A
Arco | Uguru, 2015 Danças Ocultas Featuring Dom La Nena Alento | iPlay, 2011 Colectânea/Best of
música desenha o apelo do aparentemente simples … irradiando uma leveza agradável. A performance pode soar clássica, mas permanece imediatamente acessível de forma fascinante.” EN “The music renders the appeal of the apparently simple… radiating a pleasant lightness. The performance might sound classical, but remains immediately accessible, in a fascinating way.” Forum der Kulturen, DE, 2016 PT “O
Ar | EMI-VC, 1998
álbum prova que menos é mais. Amplitude oferece melodias, arcos de suspense e cinema imaginário – bem como entretenimento modesto e tranquilo ao mais alto nível de virtuosismo.” EN “The album proves that less is more. Amplitude offers melodies, suspense curves and imaginary cinema – as well as modest and calm entertainment at the highest level of virtuosity.” Soultrainonline.de, DE, 2016
Danças Ocultas | EMI-VC, 1996
PT “O
Tarab | Numérica, 2009 Pulsar | Magic Music, 2004 Travessa da Espera | L’Empreinte Digitale, 2002 Colectânea/Best of, França/France
quarteto Danças Ocultas conseguiu deixar o circuito dos meros amantes de acordeão e tocar em grandes palcos. A prova disso é este álbum Amplitude.” EN “The Danças Ocultas quartet has managed to leave behind the circuit of mere accordion lovers and play on the big stage. The proof of this lies in this album, Amplitude.” JazzThing, DE, 2016
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PT “Amplitude
consegue unir de forma sensível dois pólos: folclore e música clássica.” EN “Amplitude manages to sensitively unite two poles: folklore and classical music.” Jazzthetik, DE, 2016 PT “Maravilhoso,
música para aquecer o coração.” EN “Wonderful, music to warm the heart.” Expuls, DE, 2016 PT “Amplitude
é um álbum poderoso que abre o seu coração.” EN “Amplitude is a powerful album that opens your heart.” Sound&Image, DE, 2016 PT “Nos
cinco minutos iniciais, ‘Héptimo’ é simplesmente deslumbrante: cheio de tensão, balanço, emocional, intoxicante. Às vezes faz-me lembrar as bandas sonoras de Michael Nyman para os filmes de Peter Greenaway.” EN “In the first five minutes, Héptimo is simply dazzling: full of tension and balance, emotional and intoxicating. At times it made me think of Michael Nyman’s soundtracks for Peter Greenaway films.” Übersteiger, DE, 2016
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A flauta doce, avis rara na Itália do século XVII? Sonatas, baixos ostinatos e canções com nova ornamentação. Il flauto dolce, rara avis in 17th century Italy? Sonatas, ostinato basses and newly embellished songs
Concerto \Concert
Musick’s Recreation ALEMANHA \GERMANY COLÔMBIA \COLOMBIA AUSTRÁLIA \AUSTRALIA
SÁBADO \SATURDAY 25 NOV. 21H30 ANTIGA CÂMARA SALVATERRA DO EXTREMO
Milena Cord-to-Krax flauta \recorder Alex Nicholls violoncelo \cello Cesar Queruz tiorba \theorbo
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Programa \Programme Jacobus Clemens non Papa (ca. 1510/1515-1555/1556) & M. Cord-to-Krax (diminuições a partir de \diminutions after F. Rognioni ca.1570 - depois de \after 1626) Frais et gaillard Manuscrito sem título na Biblioteka Gdańska Polskiej Akademii Nauk (PL-GD) Biagio Marini (1594-1663) & M. Cord-to-Krax Canção Alessandro Piccinini (1566-1638) Tocatta Giovanni Battista Fontana (ca.1571-1630) Sonata seconda Sonate a 1. 2. 3. per il violino, o cornetto, fagotto, chitarone, violoncino o simile altro istromento (1641, Venice) Barbara Strozzi (1619-1677) & M. Cord-to-Krax Que si può fare Arie di Barbara Strozzi [...] Opera Ottaua (1664, Venice) Nicola Matteis (ca. 1650-ca. 1703/1713) Diverse bizzarie Sopra la Vecchia Sarabanda ò pur Ciaccona Ayrs for the Violin (1676, London)
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Notas \Notes A Itália do século XVII assistiu a mudanças rápidas no estilo compositivo, prática performativa e gosto social. Sabemos exatamente o que um flautista de flauta de bisel faria durante o Renascimento: tocaria música vocal ou não-vocal em consortes de flauta de bisel ou mistos, improvisando, ornamentando e, provavelmente, compondo. Já na Itália do século XVII é difícil dizer qual seria o papel desse flautista ou o seu repertório, embora a iconografia e os instrumentos preservados desse período comprovem o seu uso. Existem composições dessa época com partes para flauta de bisel, mas estas são em número muito reduzido quando comparadas com aquelas que existem para outros instrumentos, especialmente da família do violino, que se tornou na nova estrela da música instrumental. Claro que não podemos pensar apenas nos instrumentos mais amplamente utilizados ou no gosto da família real, já que a música tinha, e continua a ter, lugar em qualquer lugar: dentro de casa, depois do jantar (especialmente antes de existirem smartphones ou a televisão) ou em encontros especiais. Sabe-se que muitos amadores desenvolveram elevados conhecimentos de e gosto pelos seus instrumentos durante as épocas medieval, renascentista e barroca, e as pinturas desses períodos mostram-nos que a flauta de bisel parece ter sido utilizada em diversos lugares, talvez como hoje em dia se encontra uma guitarra casa sim, casa PT
não. Qual poderia ser, então, o repertório de um flautista que tocasse flauta de bisel? Certamente que se encontrariam sonatas da primeira metade do século XVII nas quais o compositor não impunha uma determinada instrumentação. E, evidentemente, existe a música para violino adequada à flauta de bisel. Este seria o repertório comum e óbvio. Qual seria, então, a parte rara do repertório para flauta de bisel naquele século? Música vocal. Desde a Idade Média, e provavelmente desde sempre, a música vocal tem sido interpretada instrumentalmente e com ornamentos. Durante o Renascimento, isso era recorrente, mas, no Barroco, a música vocal e instrumental acabam por separar-se, embora não totalmente. Em Inglaterra, podem encontrarse coleções de canções que comprovam que a sua maioria poderia ser interpretada com flauta de bisel. Em França, Hotteterre publica canções com ornamentos para flauta, flauta de bisel ou oboé. Por seu turno, em Itália, F. Rognoni (flautista, violinista e compositor) escreve o tratado Selva de varii passaggi sobre a ornamentação da música vocal polifónica, o qual foi publicado em 1620, num período em que as composições do género monódico com acompanhamento já constituíam a música dominante. A ideia de “poder” interpretar bela música vocal italiana do século XVII, e até a ornamentá-la, é demasiado tentadora para deixar passar. Milena Cord-to-Krax
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EN 17th
century Italy was a time of rapid changes in compositional style, performance practice and societies taste. We know exactly what a recorder player would have normally done in Renaissance times: playing vocal or non vocal music in mixed consorts or recorder consorts, improvise, embellish and probably compose. In 17th century Italy we do not exactly know the role of the recorder nor what exactly its repertory was, yet it was in use as we can see from iconography and preserved instruments. Compositions with designed recorder parts in this period do exist but they are very rare compared to other instruments, especially the violin family, which became the new star of instrumental music. Of course we must not only think about the most widely used instruments or the crowns taste, as music did and does happen anywhere, at peoples houses, after dinner (especially when there were no smartphones or television) or in special gatherings. It is known that many amateurs in Medieval, Renaissance & Baroque times aquired high skill and taste on their instruments and as paintings of the time let us know, a recorder seem to have been around at many locations, maybe just as today you find a guitar in every second household. So, what could have been a recorder player’s repertory? Of course we would find sonatas from the first half of the 17th century in which the composer does not yet impose a certain instrumentation and of course there is violin music suitable to the recorder. This would be the common
and obvious repertoire. So what would be the rare part of recorder repertoire in this century? Vocal music. Playing vocal music instrumentally and with embellishments has been in practice since Medieval times and probably since always. It was a most common practice in the Renaissance period while in the Baroque instrumental and vocal art music get more separated but not totally. In England we find collections of songs which state that most of them can be played by the recorder. Hotteterre in France publishes embellished songs to be played by the flute or recorder or oboe. In Italy we find F. Rognoni’s (flautist, violinist and composer) treatise Selva de varii passaggi on embellishing vocal polyphonic music published as late as in 1620, while mainstream music was already concentrating on accompanied monodies. The thought of being “allowed” to play beautiful Italian vocal music of the 17th century and even embellish it, is too tempting to let it unexplored. Milena Cord-to-Krax
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Biografias \Biographies Musick’s Recreation é um projecto de música renascentista e barroca da autoria da flautista Milena Cord-to-Krax. A alegria, a tristeza, a articulação, a afeição, o silêncio, o ritmo, a emoção e a reflexão são algumas das ferramentas e virtudes dos contadores de histórias que nós, narradores de melodias, tentamos igualmente transmitir nas nossas interpretações: desde o acompanhamento – sempre dialogado – até à expressão individual que confere a cada instrumento a sua própria voz. O presente projecto centra-se especificamente na criatividade historicamente informada, o que pressupõe colocar em prática os processos criativos que os músicos dos períodos renascentista e barroco costumavam utilizar, tais como ornamentações, variações, diminuições, composição e arranjos. Em maio de 2016, realizámos a nossa primeira gravação: a Suite N.º 5 para Violoncelo Solo de J. S. Bach, com arranjo para flauta de bisel e baixo contínuo da autoria de Milena Cord-to-Krax, que assim a converteu numa composição de música de câmara. PT
EN Musick’s
Recreation is a Renaissance & Baroque music project by recorder player Milena Cord-to-Krax. Joy, sorrow, articulation, affection, silence, rythm, emotion and reflection are some of the tools and virtues of storytellers which we, as narrators of melodies, attempt to comunicate likewise with our
interpretations: from the accompaniment, always dialogued, to the individual expression which endows every instrument its own voice. This project has a special focus on historically informed creativity, which means to put into practice the creative processes musicians in Baroque and Renaissance times used to do, such as ornamentations, variations, diminutions, composition and arrangements. In may 2016 we realized our first recording, the Suite Nr. 5 for solo cello by J.S. Bach arranged for recorder and basso continuo by M. Cord-to-Krax converting it from a solo into a chamber music piece. PT Milena
Cord-to-Krax nasceu em Colónia, na Alemanha, em 1988. Começou a tocar flauta de bisel aos 6 anos, tendo Eva Morsbach como professora, e mais tarde prosseguiu os estudos do mesmo instrumento com Bárbara Sela e Vicente Parrilla no Conservatório de Sevilha. Assistiu a masterclasses de Dan Laurin, Michael Schneider, Fernando Paz e Wilbert Hazelzet. Na qualidade de solista, tocou lado a lado com Vicente Parrilla com a Orquestra Ciudad de Almería, dirigida pelo violinista Michael Thomas; foi cofundadora do consorte de flautas Vox Tremula; tem recebido convites para tocar com diversos agrupamentos, incluindo Musica Prima; colaborou em performances multidisciplinares, por exemplo, com bailarinos profissionais numa performance baseada em improvisação, e toca com a Orquesta Barroca do cravista sevilhano Alejandro Casal. Em maio de
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2016, Milena realizou a sua primeira gravação profissional: a Suite BWV 995 de Bach, com arranjo da sua autoria para flauta de bisel e baixo contínuo. EN Milena
Cord-to-Krax was born in Cologne, Germany in 1988. She started to play recorder at the age of 6, being her teacher Eva Morsbach, later she studied recorder with Bárbara Sela and Vicente Parrilla at Seville’s conservatory. She received Masterclasses from Dan Laurin, Michael Schneider, Fernando Paz and Wilbert Hazelzet. She performed as soloist next to Vicente Parrilla with the Orquesta Ciudad de Almería directed by violinist Michael Thomas; she cofounded the recorder consort Vox Tremula; she gets invited to play with ensembles such as Musica Prima; she collaborated in multidisciplinary performances for example with professional dancers in an performance based on improvisation and she performs next to Orquesta barroca de Sevilla’s harpsichordist Alejandro Casal. In May 2016 Milena did her first professional recording playing Bach’s suite BWV 995 arranged by her for recorder and basso continuo. PT César
Queruz iniciou a sua formação em música com guitarra clássica, tendo como professor Sergio Restrepo Mesa, em Bogotá, na Colômbia. Depois de estudar com Esteban Campuzano no Instituto Superior de Artes em Havana, César Queruz completou um curso superior em performance musical na Pontificia Universidad Javeriana, onde estudou com
Carlos Posada. Em 2005, completou um curso de pós-graduação no Conservatório Richard Strauss, em Munique, e em 2007, terminou uma pós-graduação em teatro na Hochschule für Musik, na mesma cidade, focando-se igualmente em guitarra clássica. Depois de trabalhar em Londres durante 5 anos e de ter conhecido o seu primeiro professor de tiorba, Jakob Lindberg, César iniciou os seus estudos em guitarra barroca e tiorba. Atualmente, encontra-se a frequentar o mestrado em performance orquestral de música barroca, especificamente para tiorba, na Universität der Künste, em Berlim, sob a orientação de Björn Colell. César Queruz tocou na qualidade de solista e em agrupamentos na Austrália, Ásia, Europa e América do Sul, incluindo com Capella Krakoviensis (Polónia), Solistenensemble Kaleidiskop (Berlim), a London Early Opera, entre outros. EN César
Queruz begun his musical studies on the classical guitar with Sergio Restrepo Mesa in Bogotá, Colombia. After studying with Esteban Campuzano in the Superior institute of Arts in Havana, Cesar obtained his degree in musical performance at the Javeriana University where he studied with Carlos Posada. In 2005 he completed a postgraduate course at the Richard Strauss Conservatoire in Munich and in 2007 another postgraduate at the Hochschule für Musik in Theater in Munich also focused in classical guitar performance. After working in London for 5 years and having meeting his first theorbo teacher
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Jakob Lindberg, Cesar embarks on the study of the baroque guitar and the theorbo. At the moment he is doing a masters degree in orchestral performance of baroque music in the theorbo at the UDK in Berlin with Björn Colell. Cesar has performed as a Soloist and Ensemble musician in Australia, Asia, Europe and South America, with Capella Krakoviensis from Poland, Solistenensemble Kaleidiskop from Berlin, the London Early Opera, among others. PT Alexander
Nicholls é um violoncelista australiano de inspiração histórica e especializado em práticas de performance de violoncelo dos séculos XVIII e XIX. Detém uma licenciatura em interpretação musical (Universidade da Austrália Ocidental) e em estudos musicais (Universidade de Sydney), esta última completada com distinção, além de um mestrado em música com especialização em performance histórica (Juilliard School). Exerceu funções de violoncelista principal em orquestras sob a direção de Jordi Savall, William Christie, Masaaki Suzuki e Nicholas McGegan, tendo participado em diversas tournées, tanto no seu país como no estrangeiro. Participou activamente em vários agrupamentos de música historicamente informada na Austrália, incluindo The Australian Brandenburg Orchestra, Australian Romantic and Classical Orchestra e The Orchestra of the Antipodes. É um investigador ávido na área das práticas de interpretação historicamente informada e, atualmente, encontra-se a desenvolver uma
pesquisa inédita sobre as práticas de composição musical dos séculos XVIII e XIX e o modo como estas se relacionam com a interpretação musical. Vive presentemente em Berlim e tem especial interesse em explorar oportunidades performativas (Orquestra, Agrupamento de Câmara/Solo) e académicas. EN Alexander
Nicholls is an Australian historically-inspired violoncellist, specialising in 18th and 19th century cello performance practices. He has completed a Bachelor of Music Performance (UWA), a Bachelor of Music Studies with First Class Honours (USyd) and holds a Master of Music in Historical Performance from The Juilliard School. He has worked as principal cellist under the direction of Jordi Savall, William Christie, Masaaki Suzuki, and Nicholas McGegan and toured extensively both internationally and domestically. He has also been an active participant in a variety of historically-informed ensembles in Australia including The Australian Brandenburg Orchestra, Australian Romantic and Classical Orchestra, and The Orchestra of the Antipodes. He is an avid researcher in the area of historical performance practice and is currently working on original research focusing on the compositional musical practices of the 18th and 19th centuries, and how they relate to the performance of music. Currently resident in Berlin, he is keen to explore performance (Orchestra /Chamber Ensemble/Solo) and academic opportunities.
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1717, memórias de uma viagem a Itália. Diário musical da viagem de Pisendel a Florença, Roma, Nápoles e Veneza. 1717, memories of a journey to Italy. Pisendel’s musical diary of his journey to Florence, Rome, Napels, and Venice.
Concerto \Concert
Scaramuccia ESPANHA \SPAIN PORTUGAL
SEXTA-FEIRA \FRIDAY 1 DEZ. 21H30 SAIPOL \HORTAS DE IDANHA LADOEIRO
Javier Lupiáñez violino e direcção artística \violin and direction Inés Salinas violoncelo \violoncello and manager Patrícia Vintém cravo \harpsichord
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Programa \Programme Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741) Suonata à Solo fatto per Maestro Pisendel Del Vivaldi (Sonata em sol maior, RV 25) Allegro - Grave (por Pisendel) - Allegro Tomaso Albinoni (1671-1751) Sonata a Violino solo di me Tomaso Albinoni Composta p il Sig: Pisendel (Sonata em si bemol maior, TalAl So32) Adaggio - Allegro - Adagio - Allegro Francesco Maria Veracini (1690-1768) Sonata. Violino solo. Del Sig: Veracini (Sonata em sol maior ajor HilV / I.A.2.D1) Adagio - Presto - [sem \without tempo] - Presto Antonio Montanari (1676-1737) Sonata del Sig.r Ant. Montanari (Sonata em mi menor Mus.2767-R-2) Largo - [sem \without tempo] - [sem \without tempo]
Giuseppe Valentini (1681-1753) La Montanari. Sonata per Camera a Violino solo, Dedicato al merito impareggiabile del Sig:re Antonio Montanari insigne Sonatore di Violino, Da un suo divoto servo ammiratore della sua virtù. (Sonata em lá maior Mus.2387-R-5) Preludio, Adagio - Allemanda, Allegro - Largo Giga. Vivace affettuoso - Minuè Johann Georg Pisendel (1687-1755)/Antonio Montanari Solo Violino e Basso (Sonata em mi maior Mus.2421-R-18) Largo - Allegro ma non tanto - Largo - Allegro assai
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Imagina que terias a oportunidade de encher a tua mala com a melhor música do teu tempo, o que levarias e o que deixarias? Lembra-te que não tens espaço para tudo. Tens que eleger! Foi mais ou menos isso que aconteceu a Pisendel, o concertino da orquestra de Dresden e um dos maiores virtuosos da sua era, na sua viagem a Itália em 1717. Durante cerca de um ano, o jovem Pisendel percorreu Itália para se encontrar com os grandes maestros do seu tempo aproveitando para encher a sua bagagem com as melhores composições que aí encontrou. Uma curiosidade: Viu-se obrigado a usar um tipo de papel pequeno para que ocupasse menos espaço e assim pudesse levar para Dresda a maior quantidade de tesouros musicais. Segundo o grande musicólogo Michael Talbot, a história sobre a viagem de Pisendel por Itália é uma história que merece e ainda tem de ser contada. Uma viagem fascinante que nos deixou um legado de valor incalculável: uma imagem musical sincera, íntima e pessoal da Itália do princípio do século XVIII. Javier Lupiáñez PT
Imagine that you had the opportunity to fill your suitcase with the best music of your time, what would you take and what would you leave? Remember you do not have room for everything and you have to choose! More or less that is what happened to Pisendel (the concertmaster of the Dresden orchestra and one of the greatest virtuosos of his era) during his trip to Italy in 1717. For almost one year the young Pisendel toured Italy and met the greatest masters of his time and, throughout his sojourn, he collected the best compositions he could find and filled his suitcase with them. Incidentally, he was forced to use a smaller type of paper to take up less space and be able to bring a larger amount of musical treasures to Dresden. In the words of the great musicologist Michael Talbot, the story of Pisendel’s journey through Italy is a story that deserves and has yet to be told. A fascinating journey that has left us a legacy of incalculable value: a sincere, intimate and personal musical image of the early eighteenth-century Italy. Javier Lupiáñez EN
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Notas \Notes PT Johann
Georg Pisendel foi um dos mais conceituados virtuosos do seu tempo, não foi conhecido somente como compositor e violinista excepcional, mas o seu talento e personalidade concederam-lhe a amizade e admiração dos maiores compositores desse período. Amigo de Bach, Vivaldi, Telemann, Albinoni, entre outros, Pisendel recebeu pelas mãos destes compositores páginas e páginas de partituras escritas especialmente para ele Pisendel foi também um coleccionador voraz e um copista laborioso. A sua colecção pessoal de partituras está conservada no arquivo conhecido com Schrank II (Armário II), em referência à posição original no arquivo da orquestra de Dresda. Pisendel foi depositando nesta coleção não só as obras que deveriam ter sido tocadas pela orquestra mas também toda aquela música que pessoalmente achava ser valiosa e que tinha recolhido durante as suas viagens. De entre todas as suas viagens, foi a viagem a Itália a que viria a marcar um antes e um depois não só na vida de Pisendel mas também no destino musical de Dresda, um dos mais prolíferos centros musicais da Europa. Desde então, Dresda mudou o seu gosto intenso pela música francesa (implantado pelo concertino, Jean -Baptiste Volumier) por um gosto italiano definido que viria a influenciar gerações de músicos.
Foi em 1716 quando o Príncipe Eleitor da Saxónia, mais tarde conhecido como Augusto III da Polônia, começou a sua viagem de ritual por Itália levando consigo uma seleção de músicos da sua orquestra, entre eles Pisendel. Pisendel aproveitou a viagem para receber aulas dos grandes maestros italianos e para saciar a sua curiosidade musical. Quando, em Setembro de 1717, voltou para Dresda a sua bagagem estava repleta de partituras, muitas copiadas por ele mesmo num papel especial, mais pequeno para poupar espaço na viagem, outras eram partituras escritas de punho e letra por maestros como Vivaldi ou Albinoni. Quando olhamos para a bagagem musical que Pisendel trouxe consigo não só vemos uma crónica musical apaixonante mas também o testemunho íntimo e pessoal da sua viagem. Sendo que, e como afirma o musicólogo Michael Talbot, a história da viagem de Pisendel por Itália é uma história que merece e ainda tem de ser contada. A Sonata RV 25 de Antonio Lucio Vivaldi é não só uma obra que demonstra a originalidade e qualidade de um dos maiores compositores do barroco mas também uma prova valiosa do vínculo especial que se criou entre o maestro veneziano e o jovem Pisendel. Foi o próprio Vivaldi quem copiou e dedicou a sonata a Pisendel, e de seu punho e letra a intitulou: “Suonata à Solo fatto p[er] Ma[estr]: Pisendel Del Vivaldi” ( Sonata a solo feita para o maestro Pisendel por Vivaldi). Mas Vivaldi não completou a sonata
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e deixou espaço para que Pisendel acrescentasse um andamento da sua própria autoria, assim que, entre as notas escritas por Vivaldi encontramos um andamento lento escrito com uma letra diferente, a de Pisendel. Foi durante a sua estadia em Veneza que Pisendel se encontrou com outro grande compositor do momento: Tomaso Albinoni, este também ficou apaixonado pelas habilidades do alemão. Fruto desta admiração encontramos na bagagem de Pisendel três sonatas autografadas de Albinoni. A Sonata em Si bemol maior de Albinoni inclui uma dedicatória especial a Pisendel: “Sonata a Violino solo di me Tomaso Albinoni Composta p il Sig: Pisendel”. Os especiais requisitos técnicos e musicais desta sonata mostram claramente que foi escrita especialmente para o virtuoso Pisendel. A Sonata em mi menor de Antonio Montanari foi copiada provavelmente em Roma quando Pisendel procurava conselhos deste grande violinista e maestro do próprio Vivaldi. Antonio Montanari foi definido como “virtuossisimo sonator di violino” pelo famoso Pier Leone Ghezzi e outro dos grandes compositores da época, Giuseppe Valentini, elogiou o seu “merito impareggiale” confessando ser “Suo diuoto Seruo ammiratore della Sua Virtu” na dedicatória da sua Sonata em lá maior. Francesco Maria Veracini encontrou-se com Pisendel provavelmente em Veneza quando tentava convencer o Eleitor Saxão a ser contratado para orquestra de
Dresda. A verdade é ninguém da orquestra queria Veracini e não havia lugar para ele. O certo é que Veracini conseguiu convencer o Eleitor da Saxónia e foi contratado. A personalidade difícil de Veracini e os seus problemas com os membros da orquestra de Dresda acabaram com Veracini a saltar desde um segundo andar em Dresda, deixando-o aleijado para o resto da sua vida. Veracini acusou os elementos da orquestra e os músicos de Dresda culparam a instabilidade de Veracini. Autenticada em 2005 como uma peça de Pisendel, a Sonata em mi maior foi escrita durante a sua viagem por Itália e é o exponente perfeito da personalidade incipiente e do estilo de composição virtuoso de Pisendel. Trata-se de uma peça muito raramente interpretada, por uma parte pela recente atribuição de paternidade a Pisendel, e por outra parte pela dificuldade que acarreta ler o manuscrito que contém uma grande quantidade de anotações e correções. Porém estas correções acrescentam interesse à peça uma vez que estudos recentes indicam que estas terão sido feitas por Antonio Montanari, fazendo da composição um perfeito expoente musical das experiências de Pisendel em Itália. Javier Lupiáñez EN Johann
Georg Pisendel was one of the most renowned virtuosos of his time, he was not only known as an outstanding composer and violinist, but his talent and personality earned him the friendship
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and admiration of the greatest composers of his time. Friend of Bach, Vivaldi, Telemann, Albinoni, and many others, Pisendel received from the hands of these composers pages and pages of scores written specially for him. Pisendel was also an avid collector and a laborious copyist. His personal collection of scores is kept in the archive known as Schrank II (Cabinet II) in reference to its original position in the archive of the Dresden Orchestra. Since 1717, Pisendel filled this collection not only with the scores that were played in the orchestra but also with all the music that he personally considered as the most valuable and that he had gathered on his travels. Out of all these trips, his journey to Italy was a milestone that would mark a before and after not only in his life but in the musical fate of all Dresden, one of the most influential musical centers of Europe. Since then, Dresden changed its strong French musical taste (implanted by former concertmaster, Jean-Baptiste Volumier) for a distinctly Italian taste that would influence generations of musicians. Pisendel was already part of the Dresden Orchestra in 1712. It was in 1716 when Prince Elector of Saxony, later known as Augustus III of Poland, began his ritual training trip to Italy, bringing with him a selection of musicians from his orchestra, Pisendel among them. Pisendel used this trip to take lessons from the greatest Italian masters and to satisfy his musical curiosity. When he returned to Dresden
in September 1717, his luggage was packed with scores, many copied by himself in a special, smaller paper that saved room for the trip, other scores were written by masters themselves such as Vivaldi and Albinoni. After that journey Dresden was never the same, the Italian taste seized composers like Graun and Quantz and the binomial Dresden-Vivaldi became inseparable, making Dresden one of the largest archives of Vivaldi’s music in the world, surpassed only by Turin’s one. When we look at the musical baggage that Pisendel brought with him we not only see an exciting musical chronicle, but also the personal and intimate testimony of his trip. In words of the famous musicologist Michael Talbot, the story of the journey of Pisendel to Italy is a story that deserves and has yet to be told. The Sonata RV 25 by Antonio Lucio Vivaldi is not only a work that demonstrates the originality and quality of one of the greatest composers of the Baroque, but is also a valuable evidence of the special bond that was created between the Venetian master and the young Pisendel. It was Vivaldi himself who copied and dedicated the sonata to Pisendel, in his own handwriting he titled: “Suonata à Solo fatto p[er] Ma[estr]: Pisendel Del Vivaldi” (Sonata made for the master Pisendel by Vivaldi). But Vivaldi did not complete the sonata and left room for Pisendel to add a movement of his own creation. Thereby, we find, between the notes written by Vivaldi, a
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slow movement written in a different hand, that of Pisendel. The musical piece is a perfect example of the close relationship that was created between the two virtuosos. It was during his stay in Venice when Pisendel met another of the great composers of the moment: Tomaso Albinoni, who was also captivated by the German’s skills. As result of this admiration we found in Pisendel’s luggage three autographed Albinoni Sonatas. The Sonata in B flat Major includes a special dedication to Pisendel: “Sonata a Violino solo di me Tomaso Albinoni Composta p il Sig: Pisendel”. The special technical and musical requirements of the Sonata clearly show that it was written especially for the virtuouso Pisendel. The Sonata in E minor by Antonio Montanari was copied probably in Rome when Pisendel sought the advice of this great violinist and teacher of Vivaldi himself. Antonio Montanari was defined as “virtuossisimo sonator di violino” by the famous Pier Leone Ghezzi and one of the great composers of the time, Giuseppe Valentini, praised his “merito impareggiale” and confessed to being “Suo diuoto Seruo ammiratore della Sua Virtu” as shown in Valentini’s Sonata in A Major. Authenticated in 2005 as a piece by Pisendel, the Sonata in E major was written during his journey through Italy and is a perfect exponent of the personal and virtuoso compositional Pisendel’s style. It is very rarely performed, due to the relative novelty
of the pisendelian paternity of the piece, and also because of the difficulty of reading the manuscript, which contains lots of annotations and corrections. However these corrections add interest to the piece as recent studies suggest that they were made by Antonio Montanari, making the composition a perfect example of musical experiences of Pisendel in Italy. Javier Lupiáñez
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Biografias \Biographies ensemble Scaramuccia nasce em 2013 por iniciativa do violinista Javier Lupiáñez com a ambição de redescobrir o repertório barroco menos conhecido. O espírito de Scaramuccia deseja dar vida a todo esse repertório que se ouvia não só nos lugares mais requintados, mas também em tavernas e nas ruas do período barroco. Na preparação de cada programa e concerto é feita uma pesquisa e estudo aprofundado afim de redescobrir aquelas relíquias musicais escondidas e perdidas entre a vasta literatura musical do barroco maioritariamente interpretada. Scaramuccia iniciou o seu trajecto no Fringe do Festival de Utrecht em 2013 e no Fringe do Festival de Bruges em 2013 e desde então tem vindo a desenvolver uma intensa carreira nos Países Baixos, Bélgica, Reino Unido, Itália e Portugal. Entre as várias apresentações em concerto de Scaramuccia é de salientar a participação no Festival de Artes de Maldon (Reino Unido), no Museu da Música “Vleeshuis” (BE), na temporada de concertos Kasteelconcerten (NL) e Festival Echi Lontani (IT). O interesse em descobrir novo repertório barroco proporcionou a Scaramuccia tocar estreias mundiais de duas obras de Vivaldi numa emissão em direto no programa de rádio De Musyck Kamer, transmitido pela rádio holandesa Concertzender em 2014. Em Novembro de 2015 Scaramuccia gravou o seu primeiro CD com a discográfica Ayros, dedicando-o PT O
à nova música de Vivaldi e obras recentemente descobertas para violino e baixo continuo. Este novo álbum será lançado na Primavera de 2016. Em 2016 Scaramuccia foi unanimemente elegido pelo público como o melhor ensemble do concurso internacional Göttinger Reihe Historischer Musik 2015/2016 (Alemanha). EN Scaramuccia
was founded in February 2013 on the initiative of violinist Javier Lupiáñez who aims to recover rarely played baroque repertoire. The spirit of Scaramuccia is to rediscover this cultural heritage, bringing to life music that was heard not only in more refined circles, but also in the taverns and the streets in the baroque period. Deep research and study is done in the preparation of each program and concert in order to rediscover those little gems of music, hidden and lost amongst the vast and most commonly performed baroque music literature. Scaramuccia started in the Fringe of the Festival in Utrecht 2013 and in the Fringe in the Festival of Bruges 2013, and since then, the ensemble has developed an intense concert schedule in the Netherlands, Belgium, and the UK. Among other performances, Scaramuccia has played in the Maldon Festival of Arts in Maldon, UK (2014 and 2015), the Museum Vleeshuis in Antwerp, BE (2014), the Kasteelconcerten, NL (2015), Festival Echi Lontani, IT (2016), Internationaal Kamermuziek Festival Utrecht – Janine Jansen and Friends, NL
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(2016), Musica Antica da Camera, NL (2016) and has also recorded for the Dutch radio station, Concertzender. In their zeal to discover new baroque repertoire, Scaramuccia has performed the world premières of two new Vivaldi pieces in a live concert in the radio program De Musyck Kamer, broadcast on the Dutch radio station Concertzender in 2014. In November 2015 Scaramuccia recorded their first CD with the label Ayros, featuring new music by Vivaldi and the most recent discoveries of Vivaldi’s music for violin and continuo. Scaramuccia was awarded the Audience Prize in the Göttinger Reihe Historischer Musik 2015/2016 competition. Javier Lupiáñez Ruiz inicia os seus estudos musicais na sua cidade natal, Melilla (Espanha), onde recebe diversos prémios de interpretação e composição. Depois de muito estudar consegue uma grande coleção de diplomas e graduações: violino moderno no Conservatório Superior de Salamanca com Patrício Gutiérrez; Mestrado em Musicologia pela Universidade de Salamanca; graduado como professor de educação musical pela Universidade de Granada e Licenciatura e Mestrado em violino barroco com Enrico Gatti no Conservatório Real de Haia. Terminou o seu Mestrado com “distinção” com Enrico Gatti no Conservatório Real de Haia por ter descoberto novas PT Francisco
obras de Vivaldi. O resultado da sua pesquisa foi incluído no RISM. Apresenta-se regularmente como solista/líder em diferentes grupos e orquestras como Orquestra Barroca de Salamanca, Academia Barroca Europeia de Ambronay, Academia Montis Regalis, entre outras. Orgulha-se de ter partilhado o palco com artistas como Frans Brüggen, Sigiswald Kuijken, Amandine Beyer, Olivia Centurioni, Enrico Onofri, Enrico Gatti, Peter Van Heyghen, Inés Salinas e tantas outras pessoas maravilhosas. Também toca como músico noutros ensembles tais como New Dutch Academy, Arcade Ensemble, Concerto Barocco, Orquestra Barroca Conde Duque, Concert Royal Koln e Collegium Musicum Den Haag. É membro fundador do ensemble Les Esprits Animaux, sendo a sua programação e conceito de concerto apreciada por críticos e público. Toca regularmente em Espanha, Portugal, França, Itália, Germany, Japan, Estados Unidos, Reino Unido e Países Baixos e gravou para Harmonia Mundi, Ayros, France Musique, Musiq3, Concertzender e Radio Klara. Javier toca num instrumento construído por Verbeek em 1682, pertencente e cedido pela Fundação Holandesa de Instrumentos Musicais. Javier Lupiáñez Ruiz began his studies in his hometown, Melilla, Spain, where he received several prizes in interpretation and composition. EN Francisco
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After years of study and practice, he received many diplomas, including an Advanced Diploma in Music for the modern violin at the Superior Conservatory of Salamanca with Patricio Gutiérrez, a Master in Musicology at the University of Salamanca, a Degree as a musical education teacher from the University of Granada, and a Bachelor in baroque violin with Enrico Gatti at The Royal Conservatoire of the Hague. In addition, he attended countless masterclasses with too many excellent teachers to list in this text. Francisco has also received his Master’s Degree, with distinction, under the guidance of Enrico Gatti at The Royal Conservatoire of The Hague, where he discovered new pieces by Vivaldi. His results were published in the RISM. Javier has performed several times as a soloist and as a leader with numerous groups and orchestras, such as the Baroque Orchestra of Salamanca, the European Baroque Academy of Ambronay, and Academia Montis Regalis. He is proud of having shared the stage with artists such as Frans Brüggen, Sigiswald Kuijken, Amandine Beyer, Olivia Centurioni, Enrico Onofri, Enrico Gatti, Peter Van Heyghen, Inés Salinas, and many other wonderful musicians. He also plays with other ensembles, like New Dutch Academy, Arcade Ensemble, Concerto Barocco, The Eroica Project (playing Beethoven with historical instruments), Orquesta Barroca Conde Duque, and Collegium Musicum Den Haag. He is a founding member of the ensemble Les Esprits Animaux,
where his programming and concert concepts for Les Esprits have earned recognition from critics and the public alike. He is also a founding member and the artistic director of the group, Scaramuccia. Scaramuccia has performed the world premières of two new Vivaldi pieces in a live concert for the radio program De Musyck Kamer, broadcasted on the Dutch radio station Concertzender in 2014. Javier is developing his work in chamber music, playing with several ensembles around the world. He plays regularly in Spain, Portugal, France, Italy, Germany, Japan, and The Netherlands, and has recorded for Harmonia Mundi, Ayros, France Musique, Musiqu3, Concertzender and Radio Klara. Javier has a baroque violin, Verbeek, made in 1682, on loan from the collection of The Dutch Musical Instruments Foundation. em 1985 em Zaragoza, Espanha, Inés [Salinas] está especializada na interpretação histórica do violoncelo e da viola da gamba. Atualmente a residir em Haia, Países Baixos, é fundadora dos grupos Scaramuccia, Duo Graziani e La Máquina del Tiempo, com os quais desenvolve uma intensa carreira. Paralelamente, é artista independente devotando parte do seu tempo a ensinar o violoncelo, atividade que disfruta profundamente. Possui a licenciatura e mestrado concluídos no Conservatório Real de Haia, onde estudou sob a orientação de Jaap ter Linden e PT Nascida
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Lucia Swarts (violoncelo histórico) e Mieneke van der Velden (viola da gamba). Durante os seus estudos neste conservatório, Inés teve também a oportunidade de trabalhar com Gaetano Nasillo, Hidemi Suzuki, Wieland Kuijken, Christophe Coin, Bruno Cocset, Itziar Atutxa, Rainer Zipperling, Balázs Maté, Enrico Gatti, Olivia Centurioni e Enrico Onofri. Também concluiu a Licenciatura em violoncelo clássico no Conservatório Superior de Música de Aragón em Zaragoza (Espanha) tendo estudado com Ángel Luis Quintana, Cuarteto Casals, Cuarteto Quiroga entre outros. Inés é uma apreciadora devota da música Italiana da metade do barroco em especial da música Napoletana. Tendo dedicado a sua tese de mestrado ao repertório Napoletano para violoncelo do principio do século XVIII, um tópico que continua a explorar, exumando um catálogo extraordinário que não é vastamente conhecido ou apreciado. Tocou com diversas orquestras como por exemplo: Britten-Pears Baroque Orchestra (UK) sob direcção de Christophe Rousset; Orquestra Barroca Conde Duque (ES) com a direção de Ángel Sampedro; I Giovani della Montis Regalis 2013 (IT) com a direcção de Olivia Centurioni, Alessandro de Marchi e Enrico Onofri. in 1985 in Zaragoza, Spain, Inés [Salinas] is a musician specializing in the historical performance of the cello and the viola da gamba. Currently living in Den Haag, The Netherlands, she is a founding EN Born
member of the ensembles, Scaramuccia, Duo Graziani, and La Máquina del Tiempo, with whom she is developing an intense agenda. Additionally, she is a freelance musician and devotes part of her time to teaching the cello, which she enjoys very much. She holds Bachelor’s and Master’s Degrees from The Royal Conservatoire of The Hague, where she studied under the guidance of Jaap ter Linden and Lucia Swarts (historical cello), and Mieneke van der Velden (viola da gamba). While at The Royal Conservatoire of The Hague, Inés received further advice from Gaetano Nasillo, Hidemi Suzuki, Wieland Kuijken, Christophe Coin, Bruno Cocset, Itziar Atutxa, Rainer Zipperling, Balázs Maté, Enrico Gatti, Olivia Centurioni, and Enrico Onofri. She has also received a Bachelor’s Degree in classical cello from the Conservatorio Superior de Música de Aragón in Zaragoza, Spain, having studied with Ángel Luis Quintana, Cuarteto Casals, and Cuarteto Quiroga, among others. Inés is particularly fond of Italian mid-baroque music and Neapolitan music. She devoted her master’s research to the Neapolitan cello repertoire from the turn of the eighteenth century, a field which she continues to research, unearthing and performing an amazing catalogue that is not yet widely known or appreciated. She has performed with the Britten-Pears Baroque Orchestra (UK) in a project conducted by Christophe Rousset; with Orquesta Barroca Conde Duque (ES),
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conducted by Ángel Sampedro; and with I Giovani della Montis Regalis 2013 (IT), conducted by Olivia Centurioni, Alessandro de Marchi and Enrico Onofri. PT Patrícia
Vintém, cravista portuguesa, descobriu o gosto pela música aos 7 anos, iniciando os seus estudos no violino e mais tarde no cravo. A paixão e ambição de aprofundar os seus conhecimentos no âmbito da Música Antiga fê-la iniciar um percurso musical que a levou a concluiu em 2009, na Escola Superior de Música de Lisboa, a Licenciatura em Cravo sob a orientação da Professora Ana Mafalda Castro; em 2013, no Conservatório Real de Haia (Países Baixos), a Licenciatura e em 2015 o Mestrado em Música Antiga (Cravo) sob a orientação de Jacques Ogg e Fabio Bonizzoni. Como fundadora dos ensembles Les Esprits Animaux e DuoVintém&Lupiáñez e membro do ensemble Scaramuccia, tem vindo a desenvolver uma intensa carreira profissional em diversos festivais e salas de concerto por toda a Europa e Japão. Já conta com dois CD’s na sua discografía enquanto música dos ensembles referidos, sendo que um terceiro será lançado em 2016. Teve ainda oportunidade de gravar para rádios internacionais tais como: com France Musique (FR), Radio Klara, Musiq3 (B) e Concertzender Nederlands (NL). EN Patrícia
Vintém, a Portuguese harpsichordist, started her music studies at the age of 7 in her
hometown Viana do Castelo. After concluding, in 2003, the basic degree in violin she proceeded her studies on the harpsichord. In 2009, she graduates in Early Music at the Superior School of Music in Lisbon, with Ana Mafalda Castro. The desire to cross borders and seek more knowledge and experience in the field of early music led her in that same year to The Netherlands, where she concluded in 2013 the Bachelor’s degree with Jacques Ogg and the Master’s with Fabio Bonizzoni on the main subject. She had the opportunity to share the stage with many artists like Amandine Beyer, Enrico Gatti, Fabio Bonizzoni, Kati Debretzeni and many other admirable musicians. She performed as soloist and continuo player in several venues in her country, and in the main festivals and concert halls of many other countries such as Spain, France, Belgium, The Netherlands, Germany, Italy, Lithuania and Japan. Since 2009, she is a founding member of Les Esprits Animaux. The ensemble has been warmly acclaimed by audience and critics. In the beginning of 2011, recorded the first CD dedicated to “Telemann” and in 2013 the second CD entitle “Transfigurations”, both with Ambronay’s Editions, distributed by Harmonia Mundi. In 2013, together with the violinist Javier Lupiáñez, created the DUO Vintem&Lupiáñez which concerts aim to promote the repertoire for solo harpsichord with the violin accompaniment. In 2014 became
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member of Scaramuccia with which she have recently recorded a CD completely dedicated to Vivaldi’s works for violin and continuo. She had also recorded for radio broadcastings such as France Musique, Radio Klara, Concertzender Nederlands and Musiq3.
Imprensa \Press “Etwas Besseres kann einem Konzertpublikum nicht passieren” [Nada melhor pode acontecer a um público \Nothing better can happen to an audience] Jens Wortmann, Kulturbüro Göttingen
interpreted by Javier Lupiáñez accompanied by the ensemble Scaramuccia] Studi Vivaldiani, 2016 “La excelente demostración violinística de Lupiáñez y el no menos excelente acompañamiento que le dispensan sus compañeros” [A excelente interpretação de violino de Lupiañez e o acompanhamento não menos excelente que os seus colegas proporcionaram \The excellent violinistic demonstration of Lupiáñez and the no less excellent accompaniment that his colleagues give to him] E. Torrico, Scherzo, 2016 O Público \The Audience
“l’interprétation remarquable de l’ensemble Scarumuccia et le magnifique son du soliste Javier Lupianez” [A notável performance do ensemble Scaramuccia e o som magnífico do solista Javier Lupiañez \The remarkable performance of the ensemble Scarumuccia and the magnificent sound of the soloist Javier Lupianez] W.L. (Péché Classique)
PT “...
o seu concerto em St Mary’s, Maldon, Essex, foi maravilhoso – alegre, diferente e interpretado com grande charme e entusiasmo.” EN “…their concert at St Mary’s, Maldon, in Essex was wonderful – lively, different and performed with great warmth and charm.” M.R. (Maldon) PT “Tão
“Le programme des «nuove Sonate» pour violon interprétées brillamment par Javier Lupiáñez accompagné par l’ensemble Scaramuccia” [O programa de “Nuove Sonate” para violino interpretado de forma brilhante por Javier Lupiañez acompanhados pelo ensemble Scaramuccia \ The program of “nuove Sonate” for violin brilliantly
vívido, tão enérgico, sem restrições, apenas alegria” EN “So vivid, so alive, without restrictions, just joy” E. (Utrecht) PT “Que
alegria, que prazer, todos deixam os instrumentos dançar” EN “What a joy, what a pleasure, you all let the instruments dance” R. (The Hague)
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De Erin para o Irão. Um encontro musical entre o deserto e o oceano. From Erin to Iran. A musical encounter between the desert and ocean.
Concerto \Concert
Erin\Iran IRLANDA \IRELAND IRÃO \IRAN HUNGRIA \HUNGARY CATALUNHA \CATALONIA
SÁBADO \SATURDAY 2 DEZ. 21H30 S. PEDRO DE VIR-A-CORÇA MONSANTO
Arezoo Rezvani Irão \Iran santur, voz \voice, daf Marc Planells Catalunha \Catalonia oud, saz, rubab, voz \voice Balázs Hermann Hungria \Hungary contrabaixo \doublebass, voz \voice Dave Boyd Irlanda \Ireland percussão \percussion, voz \voice
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Programa \Programme Música do Irão \Music from Iran: Khazan Piruzi Vatanam Arezoost Mara Ashegh
Notas \Notes “Is ar scáth a chéile a mhaireann na daoine” Provérbio Irlandês \Irish Proverb [É na sombra um do outro que florescemos \It is in each other’s shadow that we flourish] PT Uma
Música da Irlanda \Music from Ireland: Samradh Samradh (tradicional \traditional) The Well Below the Valley (tradicional \traditional) PT Este
concerto combinará improvisação com música de tradição persa e irlandesa. Várias das composições serão improvisações únicas em resposta à acústica e à atmosfera do espaço. EN This concert will combine improvisations with music from the Persian and Irish traditions. Several of the pieces in the performance will be unique improvisations in response to the acoustic and atmosphere of the space.
das experiências mais profundas que se pode ter durante a interpretação musical é o sentimento de união com os outros seres humanos, quer sejam os outros músicos ou os membros do público. Esta é uma sensação transversal a culturas, idiomas, ideologias políticas e geografias, apesar do constante fluxo de mensagens que afirmam o contrário. Este concerto junta quatro músicos de diferentes culturas que deixaram a sua terra natal e se mudaram para outro lugar, impelidos pelo desejo de ter uma vida melhor. Respeitamos as tradições musicais de cada um, embora não saibamos quão profundas elas são – vamo-nos conhecendo uns aos outros enquanto tocamos, na esperança de que essa experiência de exploração e alegria seja partilhada com o público. Descobriremos o que temos em comum e o que nos torna únicos e como isso deve ser celebrado. «Tu não és uma gota no oceano. És o oceano inteiro numa gota.» Jalaluddin Rumi
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EN One
of the most profound experiences of playing music is the sense of union that one feels with other human beings - whether they are fellow performers or an audience. This is independent of culture, language, politics and geography in spite of the constant flow of messages to the contrary. This concert brings together four musicians from different cultures who have left their homelands and moved elsewhere, driven by the desire to make a better life. We respect each others musical traditions, even though we do not know their depths - we are all learning from each other as we play, and we hope that experience of exploration and delight is shared with our audience. We will discover what we have in common, and what makes each of us unique, and how that is to be celebrated. “You are not a drop in the ocean. You are the entire ocean in a drop.” Jalaluddin Rumi
PT Este
projeto foi montado por Dave Boyd especialmente para o Festival Fora do Lugar de 2017.
Biografias \Biographies cantor e multi-instrumentalista Dave Boyd toca instrumentos de teclas e uma gama eclética de percussão de mão, tendo-se especializado no bodhrán irlandês. É um director e produtor musical reconhecido, bem como um educador e intérprete de grande carisma. Ao longo da sua carreira, tem abraçado áreas como a performance, a gravação e a composição em teatro, dança, cinema e televisão, as quais tem articulado com a realização de extensas tournées e formações a nível internacional. Colaborou, entre outros, com The Royal Shakespeare Company, The Abbey Theatre Dublin, BBC, Retina Dance Company, Scottish Ballet, Edinburgh Festival Theatre, The Roundhouse London, The Festival of World Cultures, British Council India, English National Opera, Fabulous Beast Dance Theatre, Companhia Nacional de Bailado, UNESCO Cities of Music Glasgow e Idanha-a-Nova, entre outros, além de exercer funções de professor no Tamburi Mundi Festival e de director artístico na Frame Drums Atlantic. O seu álbum actual Salvage está disponível. PT O
and singer Dave Boyd plays keyboard instruments and an eclectic range of hand percussion - specialising in the Irish bodhrán. He is a highly regarded musical director, producer and a charismatic live performer and educator. His career embraces performance, recording and composing EN Multi-instrumentalist
EN This
project has been brought together especially for the 2017 Festival Fora do Lugar by Dave Boyd.
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in theatre, dance, film and television, combined with extensive international touring and teaching. He has worked with, among others, The Royal Shakespeare Company, The Abbey Theatre Dublin, BBC, Retina Dance Company, Scottish Ballet, Edinburgh Festival Theatre, The Roundhouse London, The Festival of World Cultures, British Council India, English National Opera, Fabulous Beast Dance Theatre, Companhia Nacional de Bailado, UNESCO Cities of Music Glasgow and Idanha-a-Nova, and is a member of the teaching staff at Tamburi Mundi Festival and Artistic Director of Frame Drums Atlantic. His current album Salvage is available now. PT Arezoo
Rezvani estudou santur (saltério persa) com Kurosh Aschigh, Ardavan Kamkar, Aidin Olianasab, Arfa Atrae e Master Mohammad Reza Lotfi e obteve a sua licenciatura em música pela Universidade de Guilan com distinção. No Irão, fez parte da orquestra Sheyda e foi também a primeira maestrina de orquestra em Isfahan. Colaborou ainda nos álbuns “Zakhme Saz”, de Mohammad Reza Lotfi, e “Shur Afarin”, de Hossein Dehlavi. O seu primeiro álbum a solo será editado em breve. Além de concertos nos Países Baixos, Finlândia, Áustria e Turquia, Arezoo também trabalha como professora e conferencista. Em 2017, realizou um workshop sobre música persa na Popakademie Baden-Württemberg e encontra-se actualmente a preparar um método de ensino para o santur. Desde 2015 que vive em
Arnsberg, na Alemanha, longe da sua família e do seu país, em resposta à insustentável proibição de intérpretes femininas no Irão. Arezoo tem percorrido um caminho difícil para se manter fiel à sua paixão e à sua arte. EN Arezoo
Rezvani studied Santur (Persian Dulcimer) with Kurosh Aschigh, Ardavan Kamkar, Aidin Olianasab, Arfa Atrae and Master Mohammad Reza Lotfi, and graduated in music from University of Guilan with distinction. In Iran, she performed in the orchestra “Sheyda” and was also the first woman orchestra conductor in Isfahan. Arezoo performs on the albums “Zakhme Saz” by Mohammad Reza Lotfi and “Shur Afarin” by Hossein Dehlavi. Her first solo album is to be released soon. Besides concerts in The Netherlands, Finland, Austria and Turkey, Arezoo also works as a teacher and lecturer. In 2017, she conducted a workshop on Persian music at the Popakademie Baden-Württemberg and is currently preparing a teaching method for the Santur. Since 2015 she has lived in Arnsberg, Germany separated from her family and her home country as the Iranian ban on women performers was unbearable for her. Arezoo has taken a hard path to remain faithful to her passion and her art. PT Balázs
[Hermann] toca contrabaixo e baixo fretless nos mais diversos estilos. Desde os 16 anos que tem vindo a realizar performances musicais,
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tendo estado envolvido com uma longa sucessão de grupos, incluindo agrupamentos musicais criativos, clássicos, de jazz, metal e folk. As suas colaborações em gravações e performances incluem os colectivos Gire, Samling, Lipsync for a Lullaby, Tamás Kátai’s Thy Catafalque e Real Dave, entre muitos outros No passado, realizou tournées por salas de concerto e festivais da Europa, tocou ao vivo na BBC Radio Scotland, andou em digressão com o Flashes Improvisative Theather, na Hungria, e muito mais. Actualmente, toca com Sifr Ensemble e Cab Collective.
2003 começa a viajar, devido a sua atracção por outras sonoridades. Estudando na Índia o Sitar, o canto e a música Hindustani; no Egipto e a Turquia o Oud (Alaúde Turco e Árabe). Desde então dedica a sua vida ao estudo e à interpretação de diversos instrumentos e tradições no âmbito da música modal. Toca e colabora com diferentes grupos a nível nacional e internacional como: Terrakota, Orquestra Todos, Selam, Anaidcram, Yogui Estragong, Terraignota, Trobadors, Músicos do Tejo, Ludovice Ensemble multi-instrumentalist, [Marc Planells] plays various stringed instruments and others: Sitar, Oud, Afghan Rubab, Saz, Fretless Guitar, Jaltarang… In 2003 he began to travel, inspired by his attraction to other sounds. He studied the Sitar and Hindustani song and music in India, and the Oud (Turkish and Arabic Lute) in Egypt and Turkey. Since then he has devoted his life to the study and performance of various instruments and traditions in the context of modal music. He plays and collaborates with different groups both nationally and internationally, such as: Terrakota, Orquestra Todos, Selam, Anaidcram, Yogui Estragong, Terraignota, Trobadors, Músicos do Tejo, and Ludovice Ensemble EN A
EN Balázs
[Hermann] plays Contrabass and Fretless Bass Guitar in most diverse styles. He’s been performing music since age 16 and has been involved with a long line of groups, including classical, jazz, metal, folk and creative music formations. He’s been recording and performing with groups such as Gire, Samling, Lipsync for a Lullaby, Tamás Kátai’s Thy Catafalque and Real Dave to name but a few. Past performances include European tours of concert venues and festivals, Live appearance on BBC Radio Scotland, touring with Flashes Improvisative Theather in Hungary and many more. He plays with Sifr Ensemble and Cab Collective. multi-instrumentista, [Marc Planells] toca diversos instrumentos de corda e outros: Sitar, Oud, Rubab, Afegão, Saz, Fretless Guitar, Jaltarang... Em PT Músico
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Um piano afinado pelo Cinema. “Tempos Modernos” de Charlie Chaplin. A piano tuned by the Movies. “Modern Times” by Charlie Chaplin.
Concerto-Cinema \Cinema-Concert
Filipe Raposo + Charlie Chaplin PORTUGAL INGLATERRA \ENGLAND
SEXTA-FEIRA \FRIDAY 8 DEZ. 21H30 CENTRO CULTURAL RAIANO IDANHA-A-NOVA
Filipe Raposo piano Charlie Chaplin “Tempos Modernos” (“Modern Times”) (1936)
Fotografia \Photo: © Estelle Valente
FILIPE RAPOSO 66
PT “Há
realizadores que me marcaram e me influenciaram esteticamente naquilo que faço hoje como artista. Seria errado dizer que as influências que tenho como compositor derivam exclusivamente de outros compositores e afirmo que derivam também do cinema.” are directors who have made a mark on me and influenced me aesthetically in what I do today as an artist. It would be wrong to say that the influences I have as a composer derive exclusively from other composers and I can say that they also derive from cinema.”
No concerto “Um Piano afinado pelo Cinema” propomos-lhe assistir ao magnífico e emblemático filme Tempos Modernos de Charles Chaplin (considerado por muitos o filme síntese da sua obra) e deixar-se conduzir pela música de Filipe Raposo, pianista residente da Cinemateca Portuguesa que acompanha filmes mudos desde 2004. PT
EN There
in Jornal Público, 23 January 2015
In the concert “Um Piano afinado pelo Cinema,” we suggest you watch the wonderful and emblematic film Modern Times by Charlie Chaplin (considered by many to be his defining film) and allow yourself to be led by the music of Filipe Raposo, resident pianist of Cinemateca Portuguesa, who has accompanied silent films since 2004. EN
FILIPE RAPOSO 67
Biografia \Biography PT Filipe
Raposo nasceu em Lisboa em 1979. É pianista, compositor e orquestrador. Iniciou os seus estudos pianísticos no Conservatório Nacional de Lisboa. Tem o mestrado em Piano Jazz Performance pelo Royal College of Music (Stockholm) e foi bolseiro da Royal Music Academy of Stockholm. É licenciado em Composição pela Escola Superior de Música de Lisboa. Tem colaborações em concerto e em disco com alguns dos principais nomes da música portuguesa: Sérgio Godinho, José Mário Branco, Fausto, Vitorino, Janita Salomé, Amélia Muge, Camané, Carminho, Maria João. Enquanto orquestrador e pianista tem colaborado com inúmeras orquestras europeias: Sinfonieta de Lisboa, Orquestra Sinfónica Portuguesa, Orquestra Metropolitana, Orquestra Filarmonia da Beiras, Orquestra Clássica da Madeira, Orquestra do Sul, Thueringen Symphony Orchestra, St. Christopher Chamber Orchestra Vilnius, Accademia del Concerto String Ensemble, ToraTora Big Band, L.A. Big Band, KMH Jazz Orchestra. Em 2013 participou na exposição Fashion Innovation 3 – Nobel Museum Stockholm – com a composição “I have in me all the dreams of the world” para o prémio Nobel da Física. Desde 2004 que colabora com a Cinemateca Portuguesa como pianista residente. Como compositor, trabalha para Teatro e Cinema. Tem desenvolvido, com o artista visual António Jorge
Gonçalves, vários projectos a convite de Madalena Wallenstein para a Fábrica das Artes (CCB) e Festival Internacional BigBang – “4 Mãos”, “Qual é o som da tua cara?”, e no Teatro S. Luiz “O Telhado do Mundo” (com Ondjaki). Como pianista e em nome próprio, tem-se apresentado em vários festivais de Jazz europeus: (Festival de Jazz do S. Luiz, Festival Internacional Douro Jazz, CAOS – Fasching Jazz Club Stockholm, New Sound Made Jazz Fest. Stockholm, Vilnius Jazz Festival, International Festival of Jazz Piano – Prague). Em nome próprio editou 3 discos: – First Falls (2011) – Prémio artista revelação Fundação Amália; – A Hundred Silent Ways (2013) – Disco a Solo; – Inquiétude (2015). Actualmente faz a curadoria na área do Jazz para a recém-criada editora digital Lugre Records PT Master
in Piano Jazz Performance by Royal College of Music (Stockholm), and Bachelor degree in Classical Composition by Escola Superior de Música de Lisboa. Filipe Raposo was born in Lisbon in 1979. His grandmother’s piano was his favourite toy since he was little, and religious music choir gave an impulse to start piano studies at the age of eleven. A quick music development led him to discover improvisation on his own, and during his classical training as a pianist he soon became interested in jazz, improvised music and fado. Since 2001 he works as a composer, arranger and pianist with many of the leading names in Portuguese music
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and film. He collaborates regularly with the major song-writers of the Portuguese Revolution of 1974 (José Mário Branco, Fausto, Sergio Godinho) and other relevant authors of contemporary vocal music. He also maintains a close relation with some of the most prominent names of the international fado scene such as Joana Amendoeira, Carminho and Camané, and plays in several jazz projects (Yuri Daniel, ToraTora BigBand, Johannes Krieger). Furthermore, he accompanies silent movies in Portuguese Cinemateca in Lisbon. In 2013 wrote an original composition for the Nobel Prize of Phisics – Exhibition at Nobel Prize Museum – Stockholm. Aiming to develop his own language, where classical, folk and jazz meet, he constantly seeks new challenges as a composer and musician. (First Falls) (2012), his first album as a leader, reveals a wide range of influences, unified by improvisation. Being awarded the prestigious Amália’s Fundation Prize, it is the confirmation of a young magnificent composer in dialogue with exceptional musicians. The following record, A Hundred Silent Ways (2013), is a solo work that reflects the maturity and freshness of Raposo as a composer and performer, being widely praised by the critics and his own peers.
Discografia \Discography First Falls (2011) – Trio – Prémio Fundação Amália Rodrigues \Amalia Rodrigues Foundation Prize A Hundred Silent Ways (2013) – Solo Album Inquiétude (2015) – Quarteto \ Quartet
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Imprensa \Press PT “Com
esta estreia poderosa, Filipe Raposo entra directo para a galeria dos notáveis, algures entre o jazz e a clássica. É poesia sem palavras.” EN “A debut of Filipe Raposo is so powerful, that he enters directly to the gallery of the remarkables, somewhere in between jazz and classical. It is poetry without words.” Rodrigo Amado, in Público ““First Falls” juntamente com “Things About”, de Carlos Bica, é um dos melhores álbuns editados em Portugal, em 2011.” EN “First Falls along with Things About by Carlos Bica is one of the greatest albums released in Portugal in 2011.” Luís Filipe Rodrigues, in Time Out Lisboa PT
PT “Com
“First Falls”, Filipe Raposo afirma-se como um intérprete sensível, capaz de tocar com grande emoção e, simultaneamente, reunir todas as influências da sua personalidade musical.” EN “With First Falls Filipe Raposo declares himself as a sensitive interpreter, able to play with a great emotion managing to assemble all the influences of his musical personality.” Raul Vaz Bernardo, in Expresso PT “Um
espectáculo que para uns será uma belíssima revelação e para outros a confirmação
de um magnífico compositor e líder, em diálogo com músicos excepcionais.” EN “This performance was a marvellous revelation for some, while for the others – a confirmation of a magnificent composer and a leader, playing in the dialogue with excepcional musicians.” Miguel Lobo Antunes, Culturgest PT “O
pianista Filipe Raposo acaba de lançar o seu incrível primeiro CD intitulado “First Falls” e o seu trio com Carlos Bica e o baterista Carlos Miguel foi um dos pontos altos do festival. A sua música caracteriza-se por melodias fortes. Por vezes, adapta composições de Bach ou Schubert, trabalhando-as até que elas encaixem na sua própria paisagem sonora, a qual é influenciada pela tradição e pela música contemporânea. Com Bica e Miguel, temos uma equipa vencedora, verdadeira poesia em movimento!” PT “Pianist Filipe Raposo just released his remarkable first CD “First Falls” and his trio with Carlos Bica and drummer Carlos Miguel was one of the highlights of the festival. His music is characterized by strong melodies. Sometimes he’s adapting compositions from Bach or Schubert he works them out that they fit in his own soundscape which is influenced by tradition and contemporary music. With Bica and Miguel he had a dream team, real poetry in motion!” São Luiz Jazz Festival
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Le Tarantelle del Rimorso As Tarantelas do Remorso Tarantellas of Remorse
Concerto \Concert
Pino De Vittorio Duo ITÁLIA \ITALY
SÁBADO \SATURDAY 9 DEZ. 21H30 ANTIGA SÉ IDANHA-A-VELHA
Pino De Vittorio voz \voice, chitarra battente Marcello Vitale chitarra battente, guitarra clássica \classical guitar
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Programa \Programme
Notas \Notes
Lu picuraru Tarantella di Sannicandro Alla Carpinese Pizzica taranta Cori miu Sona a battenti Attaccati li tricci Tarantella a Maria di Nardo’ Soje ciardine Stornelli di Leporano ‘Stu pettu e’ fatto cimbalu d’amuri ‘Na via di rose La bonasera Ballo di S.Michele Putadori (canto dei carrettieri \canto dos carroceiros \the wagoners’ song)
PT Ninguém
se banha duas vezes no mesmo rio – é o que nos ensina a filosofia da Grécia Antiga. O mesmo nos demonstra esta nova obra de Pino De Vittorio, que só aparentemente mergulha nas águas turbulentas do seu reportório inicial da música tradicional para, ao invés, nos trazer algo novo e refinado. Exactamente trinta anos passados das suas primeiras explorações musicais das memórias da sua Apúlia natal e das raízes da sua cultura mediterrânica, Pino De Vittorio regressa ao reportório das tarantelas de Gargano e das Canções do Sul de Itália que lhe trouxeram o reconhecimento e fama instantâneos pelos seus dotes de interpretação, pelo timbre e amplitude da sua voz, e pela precisão expressiva dos seus gestos. Alguns espetáculos memoráveis apresentados pela companhia Pupi e Fresedde (que fundámos juntos em 1976) e a gravação de um disco com a canção La Terra del Rimorso são testemunhos do seu trabalho dessa época, com a sensibilidade muito particular dos instrumentos e do público de então. Mas, entretanto, muita água passou por baixo da ponte. O mundo transformou-se, a percepção da música tradicional alterou-se profundamente, e até mesmo Pino mudou: está polido, temperado, e revela a maturidade dos seus trinta anos de vivências musicais e teatrais, que vão desde a tradição popular napolitana explorada com Roberto
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De Simone à prática do Barroco internacional com os Cappella della Pieta’ dei Turchini. Ao longo da sua deslumbrante carreira, Pino revisitou com frequência aquelas canções iniciais, chegando mesmo a gravá-las de novo. Porém, desta vez, reserva-nos uma extraordinária surpresa: um sentimento de absoluta novidade irá invadir aqueles que conhecem o seu reportório, e surpreender mesmo aqueles que escutam a sua obra pela primeira vez. Este sentimento de novidade provém da pureza da execução, da extraordinária clareza com a qual aborda a sonoridade levantina e os ritmos hipnóticos da zona de Apúlia, mas também - e é importante referi-lo - da graça das belíssimas poesias, simples mas absolutamente pungentes: canções dos peregrinos no Mosteiro de San Michele, cantigas dos apanhadores de azeitona, dos carroceiros a espicaçar as suas bestas, serenatas apaixonadas, música que cura picadas de aranhas, mágicas rimas, cantigas de escárnio, amor e morte. Esta graça é, sem dúvida, fruto da maturidade artística e também humana alcançada por Pino. Sendo eu um homem do teatro, não posso senão compará-lo com a forma hipnótica como Peter Brook purificou a encenação das suas últimas peças de Shakespeare, com nada mais que um tapete: um pequeno espaço e um actor (mas que actor!) sendo suficientes para reviver a essência poética de um Hamlet ou de um Próspero, transportando-a para a contemporaneidade. E assim uma chitarra
battente, duas castanholas e uma voz (mas que voz!) são quanto basta para recuperar o encanto puro e universal da verdadeira música popular. Mas, se o que impressiona no imediato é a clareza do som, o brilho da voz, o rigor dos instrumentos, aquilo que realmente me tocou foi a grande «intuição do silêncio» que lhe está subjacente. A voz de Pino e a sua guitarra surgem-nos, suspensas, num tranquilo espaço Zen, desprovido da ansiedade interpretativa do exibicionismo espectacular. Mergulhamos num imenso e maravilhoso silêncio que nos traz à memória a música das velhas harmónicas de vidro. Um silêncio musical onde a terra de Apúlia parece flutuar qual planeta num céu estrelado, onde brilham ainda as estrelas de Matteo Salvatore e Carmelita Gadaleta, os primeiros grandes mas humildes cantores daquela terra. Este silêncio emerge num momento em que a terra digna e reticente da Apúlia de Pino de Vittorio é evocada num festival de sons: uma sarabanda de tamborins à solta, um fogo de artifício de vozes e guitarras, uma profusão de amplificadores, estroboscópios, câmaras de televisão e dança desenfreada. Evidentemente, devemos saudar com alegria esta nova efervescência criativa, este alegre renascer cultural que resultou na proliferação desordenada de grupos, festivais e gravações. E pode acontecer, neste quadro, que alguém não entenda ou se sinta incomodado por estas interpretações ascéticas de Pino de Vittorio. Mas ele está noutro lugar. De tal modo
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consubstanciado no próprio gesto musical que não pretende nada mais que a sua execução. Angelo Savelli EN No
one ever steps in the same river twice – or so we are taught by the ancient Greek philosophers. And indeed, the point is proved in this new work by Pino De Vittorio, who only appears to be plunging back into the turbulent waters of his early repertoire of traditional music, while actually he’s giving us something new and very subtle. Exactly thirty years since his first musical explorations into the memories of his native Puglia and into the roots of his Mediterranean culture, Pino De Vittorio has returned to the repertory of tarantella music from Gargano and songs of the South which brought him instant recognition and appreciation for his very special gifts as a performer, for the colour and reach of his voice and for the expressive precision of his delivery. Some memorable shows produced by the Pupi e Fresedde company (which he and I founded together in 1976) and a recording of music from ‘The Land of Remorse’ exemplify that earlier work, with the particular sensibility, instruments and audience of those days. But meanwhile much water has flowed under the bridge. The world has changed, the perception of traditional music has changed profoundly, and even Pino has changed: he is polished, reinvigorated, with the maturity gained from his thirty years of musical and theatrical experience, ranging from the popular
Neapolitan tradition he explored with Roberto De Simone to the international Baroque practised with the Cappella della Pieta’ dei Turchini. Over the course of his dazzling career, Pino has often revisited and even re-recorded those original songs. But this time he has a surprise up his sleeve: something that will sound completely new to listeners who know the repertoire, and will perhaps even startle those who are hearing it for the first time. This feeling of newness comes from the purity of the delivery, the extraordinary clarity in his approach to Puglia’s Levantine textures and hypnotic rhythms, but also – and this should not be taken lightly – from the grace of the beautiful lyrics, with all their simple but heart-rending poetry: songs of pilgrims at the San Michele monastery, songs of olive pickers, of wagoners urging on their beasts, lovers’ serenades, music to cure a spider’s bite, magical rhymes, songs of malice, love and death. Such grace stems surely from a maturity that is personal as well as artistic. As a man of the theatre, I can’t help but think of the beguiling way in which Peter Brook pared down the staging of his last Shakespeare plays, which needed nothing more than a carpet, a little space and an actor (but a superlative actor) to bring alive the essence of Hamlet’s or Prospero’s poetry and to make it feel contemporary. And now a chitarra battente, two castanets and a voice (but a superlative voice) are all that’s needed to reawaken the unadulterated, universal charm
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of true popular music. ‘Taking away’ is the work of genius. But while the clarity of sound, the crystalline singing, the tight arrangements in this recording are immediately striking, what literally overwhelmed me was the compelling sense of ‘silence’ that underpins it. Pino’s voice and his guitar seem to be suspended in a peaceful zen-like space, free from any fuss around interpretation or showy spectacle. A wonderful, immense silence, which recalls the music of old glass harmonicas. A very musical silence in which the earth of Puglia seems to rise like a planet in a shimmering sky, where the stars of Matteo Salvatore and Carmelita Gadaleta, the region’s first great but humble singers, still shine. This silence emerges at a time when the dignified and reticent Puglia evoked by Pino De Vittorio seems to resound with noise and glitter: the uninhibited clamour of tambourines, pyrotechnic displays of voices and guitars, a procession of amplifiers, stroboscopes, video cameras and riotous dancing. Of course, we must welcome this new creative flowering, this joyful cultural rebirth that has led to a proliferation of bands, festivals and recordings. And perhaps, in this context, there will be those who do not understand or who feel uncomfortable with Pino De Vittorio’s ascetic interpretations. But he stands apart from all that, so deeply involved in his own musical expression that he is concerned only with its delivery. Angelo Savelli
Biografias \Biographies PT Giuseppe
De Vittorio. Actor e cantor, nascido em Leporano (Taranto). Depois de um início de carreira artística dedicado à recuperação das tradições da região da Apúlia, fundou a companhia de música e teatro Pupi e Fresedde, juntamente com Angelo Savelli. Alguns anos mais tarde, integra o grupo de teatro de Roberto De Simone, com o qual participou em alguns dos seus trabalhos mais importantes, desempenhando, com frequência, papéis principais: Mistero Napolitano, Li Zite ‘Ngalera, Opera Buffa del Giovedì Santo, La Gatta Cenerentola, Stabat Mater (com Irene Papas), um Requiem em memória de Pasolini, 99 disgrazie di Pulcinella, e Il Drago. Estreou-se no Teatro San Carlo, em Nápoles, com a ópera Il Crispino e la Comare dos irmãos Ricci, a qual foi igualmente apresentada no Teatro La Fenice, em Veneza, e no Théâtre des Champs Elysées, em Paris. Cantou, por várias vezes, no festival Maggio Musicale, em Florença, incluindo numa versão moderna do Orfeu de Monteverdi, numa adaptação de Luciano Berio. Na Settimane Internazionali di Napoli, participou na ópera cómica L’Idolo Cinese de Paisiello, e também em Pulcinella e L’Histoire du Soldat de Stravinsky, conduzida por Salvatore Accardo. Participou em concertos na Accademia Chigiana em Siena, no festival Settembre Musica em Turim e na igreja de San Maurizio, em Milão. Em Londres, cantou perante membros da família real
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em La Dafne de Marco da Gagliano. Em Salamanca e, mais recentemente, no Teatro alla Scala, em Milão, desempenhou o papel de ama na ópera L’incoronazione di Poppea, de Monteverdi, sob a batuta do maestro Rinaldo Alessandrini. Foi membro fundador do ensemble Media Aetas, mais uma vez dirigido por De Simone, dando concertos por todo o mundo. Em parceria com Antonio Florio, criou o ensemble de música barroca Cappella della Pietà dei Turchini, com o qual se apresentou em numerosos concertos de festivais internacionais e encenou óperas barrocas: La Colomba Ferita, de Provenzale (San Carlo, Teatro Massimo di Palermo), La Finta Cameriera, de G. Latilla, desempenhando os papéis principais em Pulcinella Vendicato, de Paisiello (Teatro Bellini, Nápoles e Cidade do México), Li Zite ‘Ngalera (Teatro Piccinni, Bari), La Festa Napoletana, Il Disperato Innocente de Boerio e La Partenope de Vinci (Sevilha, León, Santander, la Coruña e Teatro San Carlo em Nápoles). Gravou vários discos de música sagrada e profana com o grupo Cappella dei Turchini para as editoras discográficas Symphonia, Opus111, Naïve, Eloquentia, e Glossa. Os seus trabalhos discográficos mais recentes incluem Le Tarantelle del Rimorso (Eloquentia), Canto de la Vida (Deutsche Grammophon); Fra’ Diavolo com o ensemble Accordone, conduzido por Guido Morini e Marco Beasley (Arcana); e, com o ensemble I Turchini di Florio, L’Adorazione dei Maggi de Cristofaro Caresana, Il Canto della Sirena e Il Tesoro di San
Gennaro (Glossa). O seu último disco é Siciliane com Franco Pavan e Laboratorio ‘600, também para a editora Glossa. EN Giuseppe
De Vittorio. Actor and singer, born in Leporano (Taranto). De Vittorio’s early artistic career was dedicated to the revival of Puglia’s traditions. He went on to found the theatre and music company Pupi e Fresedde in partnership with Angelo Savelli, and a few years later he joined Roberto De Simone’s theatre company. Here, often playing lead roles, he took part in some of the group’s most important work: Mistero Napolitano, Li Zite ‘Ngalera, Opera Buffa del Giovedì Santo, La Gatta Cenerentola, Stabat Mater (with Irene Papas), a Requiem in memory of Pasolini, 99 disgrazie di Pulcinella, and Il Drago. He made his debut at the Teatro San Carlo in Naples with Il Crispino e la Comare by the Ricci brothers, which was reprised at the Teatro La Fenice in Venice and at the Théâtre des Champs Elysées in Paris. He has performed in Florence’s Maggio Musicale on several occasions, including in a modern version of Monteverdi’s Orfeo, an adaptation by Luciano Berio. For the Settimane Internazionali di Napoli he took part in L’Idolo Cinese by Paisiello, as well as in Pulcinella and L’Histoire du Soldat by Stravinsky, conducted by Salvatore Accardo. He has given concerts for the Accademia Chigiana in Siena, for Turin’s Settembre Musica and in the concert church of San Maurizio in Milan. In London, he performed
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before members of the Royal Family in La Dafne by Marco da Gagliano. In Salamanca and recently in Milan’s Teatro alla Scala, he sang the role of the nursemaid in Monteverdi’s L’incoronazione di Poppea, with Rinaldo Alessandrini conducting. He was a founder member of the ensemble Media Aetas, once again under the direction of De Simone, and has performed with the group in concerts around the world. Alongside Antonio Florio, he went on to establish the baroque ensemble Cappella della Pietà dei Turchini. With them, he has performed in numerous concerts at international festivals and staged many baroque operas: La Colomba Ferita by Provenzale (San Carlo, Teatro Massimo di Palermo), La Finta Cameriera by G. Latilla, with lead roles in Pulcinella Vendicato by Paisiello (Teatro Bellini, Naples and in Mexico City), Li Zite ‘Ngalera (Teatro Piccinni, Bari), La Festa Napoletana, Il Disperato Innocente by Boerio and La Partenope by Vinci (Seville, Leon, Santander, Coruna and Teatro San Carlo in Naples). He has made many recordings of sacred and profane music with Cappella dei Turchini for the record labels Symphonia, Opus111, Naïve, Eloquentia, and Glossa. His most recent recordings include Le Tarantelle del Rimorso (Eloquentia), Canto de la Vida (Deutsche Grammophon); Fra’ Diavolo with the ensemble Accordone, led by Guido Morini and Marco Beasley (Arcana); and with I Turchini di Florio L’Adorazione dei Maggi by Cristofaro Caresana, Il Canto della Sirena and Il Tesoro di San Gennaro
(Glossa). His latest disc is Siciliane with Franco Pavan and Laboratorio ‘600, also for Glossa. PT Marcello
Vitale. Guitarrista, compositor, arranjador e músico de sessão. Marcello Vitale obteve o diploma em guitarra clássica em 1994 pelo Conservatório de Benevento, onde estudou sob a orientação de Raimondo Di Sandro, e licenciou-se em Filosofia pela Universidade de Nápoles em 1996. Estuda guitarra de flamenco com Bruno Pedros e Jose Jarrillo, e guitarra elétrica com Lello Panico. Em 1997, foi solista em Lezioni di Tarantella, um espetáculo de Eugenio Bennato apresentado na Città della Scienza, em Nápoles. Foi nessa ocasião que se juntou ao grupo Musicanova e, na qualidade de membro desse ensemble, tocou em importantes salas de concerto pela Europa, incluindo na República Checa e na Polónia, bem como na Tunísia, na Turquia, em Marrocos e na Austrália. Em 1999, em conjunto com Lilly Greco e Paolo Raffone, compôs e gravou a banda sonora para o filme Ferdinando e Carolina, realizado por Lina Wertmuller, pela qual recebeu o Prémio Europeu Massimo Troisi. Nesse mesmo ano foi eleito membro honorário da Accademia Medicea, de Florença, pelo seu contributo para a world music. Entretanto, continuou a tocar como solista em numerosos festivais e eventos musicais, nos quais se incluem: EMMAS (Ethnic Meeting of Music and Arts in Sardinia - encontro de música e artes étnicas na
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Sardenha), em Olbia, onde o seu concerto recebeu uma boa crítica de Peter Gabriel; WOMAD Adelaide (Austrália); Grand Junction Intercultural Festival, Colorado (EUA); Festival Lufthansa de Música Barroca (Londres); Festival de Música Antiga de Utreque (Holanda); e Musiques Vagabondes de LoireAtlantique, Ancenis (França). Em 2005, foi chamado por Roberto De Simone para tocar chitarra battente – espécie de guitarra italiana barroca de cinco cordas – na ópera Socrate Immaginario de Giovanni Paisiello (direcção musical e arranjos de R. De Simone), a qual foi apresentada em setembro no Teatro di San Carlo, em Nápoles. Desde 2001, colabora com o ensemble L’Arpeggiata, conduzido por Christina Pluhar, com o qual gravou dois CD para a editora Alpha, um para a Naïve e três para a EMI Classics. Tem tocado nas salas de concerto mais importantes do mundo, incluindo o Carnegie Hall em Nova Iorque, o Walt Disney Hall em Los Angeles, o Barbican Centre e o Wigmore Hall em Londres, e a Salle Gaveau, em Paris. EN Marcello
Vitale. Guitarist, composer, arranger and session player. Vitale received his diploma in classical guitar in 1994 from the Conservatorio di Benevento, where he studied under Raimondo Di Sandro, and in 1996 he graduated in Philosophy at the University of Naples. He studies flamenco guitar with Bruno Pedros and Jose Jarrillo, and electric guitar with Lello Panico.
In 1997 he was a soloist in ‘Lezioni di Tarantella’, a performance event staged by Eugenio Bennato at the Città della Scienza, Naples. It was then that he joined the group Musicanova, and as a member of the ensemble he performed in major European concert venues, including the Czech Republic and Poland, as well as in Tunisia, Turkey, Morocco and Australia. In 1999, together with Lilly Greco and Paolo Raffone, he composed and performed the sound track of the film Ferdinando e Carolina directed by Lina Wertmuller, for which he was awarded the Premio Europeo Massimo Troisi music prize. That same year he was elected as honorary member of Florence’s Accademia Medicea for his contributions to world music. Meanwhile he continued to perform as a soloist at many festivals and musical gatherings, including EMMAS (Ethnic Meeting of Music and Arts in Sardinia) in Olbia, where his performance was well received by Peter Gabriel; WOMAD Adelaide (Australia); the Grand Junction Intercultural Festival, Colorado (USA); the Lufthansa Festival of Baroque music (London); Utrecht’s Festival Oude Muziek (Holland); and Musiques Vagabondes de LoireAtlantique, Ancenis (France). In 2005 Roberto De Simone asked him to play chitarra battente – a stringed instrument similar to the baroque guitar – in the opera Socrate Immaginario by Giovanni Paisiello (direction and musical arrangement by R. De Simone), which was performed in September in the Teatro di San Carlo, Naples.
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Since 2001 he has been collaborating with the ensemble L’Arpeggiata, led by Christina Pluhar, with whom he has recorded two CDs for the Alpha label, one for Naïve and three for EMI Classics. He performs at major concert venues throughout the world, including the Carnegie Hall in New York, the Walt Disney Hall in Los Angeles, the Barbican Centre and Wigmore Hall in London, and the Salle Gaveau in Paris.
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Paralelos Parallels
Paralelos Parallels
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Paralelos \Parallels Programa Educativo \Educational Program Natureza \Nature
CONVERSA MESMO AO PÉ CLOSEBY CONVERSATION
Jorge Paiva BIÓLOGO. CENTRO DE ECOLOGIA FUNCIONAL. UNVERSIDADE DE COIMBRA História da Floresta Portuguesa The History of Portuguese Forests
SEXTA-FEIRA \FRIDAY 24 NOV. 13H30-15h00 Destinatários /Target: Escolas /Schools
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PT Contam-se
e aprendem-se muitas histórias durante a nossa vida. Na infância são histórias muito variadas para entretenimento ou para uma melhor integração das crianças no meio em que vivem. Nos estabelecimentos de ensino aprende-se a história do nosso país, a história universal, um pouco de história da literatura, da poesia, das ciências, das religiões, etc., mas nada sobre a história da nossa floresta. Durante as grandes mudanças climáticas pleistocénicas, com avanços e recuos dos gelos continentais (glaciações), o nosso território esteve coberto de florestas diferentes das actuais. Portugal, antes das glaciações, tinha, pelo menos as montanhas, cobertas de florestas sempre-verdes (laurisilva) e durante a última glaciação teve uma cobertura florestal semelhante à actual taiga, que foram naturalmente substituídas por florestas mistas (fagosilva) de árvores sempre-verdes e caducifólias, transformando o país praticamente num imenso carvalhal caducifólio (alvarinho, e negral) a norte do Tejo e perenifólio (azinheira e sobreiro) para sul. Por destruição dessas florestas as nossas montanhas passaram a estar predominantemente cobertas por matos de urzes, giestas, tojos, torgas e carqueja. Principalmente, a partir do século XIX, foram artificialmente rearborizadas com pinheiro-bravo, o que as transformou em imensos pinhais. Tivemos, assim, a maior área contínua de pinhal da Europa. Este tipo de floresta de produção mono-específico (apenas uma espécie arbórea; o pinheiro-bravo) é
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de muito menor Biodiversidade do que a fagosilva. Durante a segunda metade do século passado (XX) houve um enorme aumente deste tipo de floresta mono-específica, mas com eucalipto. Os eucaliptais são ecossistemas antrópicos de muito menor Biodiversidade do que os pinhais. Além disso, a introdução de plantas alelopáticas e heliófitas, como, por exemplo as acácias, levou a que os nichos ecológicos desarborizados fossem ocupados por essas plantas mono-especificamente. Aliás, as plantas invasoras não são um problema apenas em Portugal. Por exemplo, o nosso pinheirobravo é um invasor na Austrália e a nossa giesta (Spartium junceum) é invasora no Perú. Estas formações, devido à alelopatia dessas plantas, são também de baixíssima Biodiversidade Com os incêndios e pela acção do homem, parte das nossas montanhas e algumas zonas ribatejanas e alentejanas estão já transformadas em formações plenas de invasoras como imensos eucaliptais (Portugal tem, actualmente, a maior área de eucaliptal da Europa), pinhais e acaciais, estando já algumas montanhas transformadas em zonas desérticas, plenas de pedregulhos. Se os nossos governantes continuarem, teimosamente, a não querer ver o que está a acontecer, caminharemos para uma diminuição drástica de Biodiversidade florestal e rapidamente para um amplo deserto de pedras montanhoso, com a planície e o litoral transformado num imenso
acacial, como, aliás já acontece em muitas regiões de Portugal. Jorge Paiva EN Many
stories are told and learned during our lifetime. In childhood, these stories, whether for entertainment or for better integrating children into their surroundings, vary greatly. In school, we learn about the history of our country and of the world, we learn a little about the history of literature, poetry, the sciences, religions, etc., but we learn nothing about our forests. During the great climatic changes of the Pleistocene age, with the advance and retreat of continental ice (glaciations), our territory was covered in forests that were different than the forests of today. Prior to these glaciations, Portugal’s mountains had been covered in evergreen forests (laurisilva). During the last glaciation, forest cover was similar to today’s taiga, which was naturally succeeded by mixed forests (fagosilva) of evergreen and deciduous trees, virtually transforming the country into massive deciduous oak forests (Sessile and English Oak) north of the Tagus River and evergreen forests (Holm and Cork Oak) in the south. After these forests were destroyed, our mountains became predominantly covered in stands of heather, lupin, gorse and broom. Essentially from the nineteenth century onwards, they were artificially reforested with Maritime Pine, which transformed them into immense stands of pine. In fact, we had the largest contiguous area of pine forest in Europe.
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This type of mono-specific forest (with only one tree species: Maritime Pine) has far less biodiversity than the fagosilva. The second half of the twentieth century saw enormous growth in mono-specific forests, this time with eucalyptus. Eucalyptus forests are anthropic ecosystems with even less biodiversity than pine forests. Furthermore, the introduction of allelophatic and heliophytic plants, including acacias, led to the deforestation of ecological niches and mono-specific invasions of these plants. In fact, problems caused by invasive plants are not exclusive to Portugal. For instance, our Maritime Pine is an invasive species in Australia, while our weaver’s broom (Spartium junceum) is taking over Peru. Due to the allelopathic properties of these plants, these formations are also low in biodiversity With fire and human activity, some of our mountains and a number of areas in Ribatejo and Alentejo have been taken over by extensive formations of invasive trees, including massive stands of eucalyptus (Portugal currently has the largest stands in Europe), pine and acacia, while several mountains have turned into desert zones filled with boulders. If our governments continue to insist on ignoring what is happening, we will see a drastic reduction in forest biodiversity, and a rapid movement towards widespread rocky, mountainous deserts, with the plains and the coast transformed into an enormous acacia forest, as is already happening in many regions of Portugal. Jorge Paiva
Paralelos \Parallels Programa Educativo \Educational Program Natureza \Nature
Saída de Campo Country outing MANUELA CATANA CMIN - NATURTEJO Aprender & Amar a Natureza... em Idanha! Learn about and Love Nature... in Idanha!
SEXTA-FEIRA \FRIDAY 24 NOV. 15h00-16h00 Destinatários /Target: Escolas /Schools
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PT Ao
longo dos 365 dias, em cada ano, no concelho de Idanha-a-Nova podemos fazer uma viagem no espaço e no tempo desde os 600 Milhões de anos (Ma) até à atualidade lendo as rochas e as paisagens. A nossa casa comum, o querido Planeta Terra nasceu há 4600 Ma e a Vida surgiu há 3800 Ma. Uma longa história se seguiu e está registada nestes fabulosos livros de pedra, as rochas. Aprender com e na Natureza está ao alcance de todos nós, com mais oportunidades, aqui, em pleno Mundo Rural! Podemos contemplá-la, mas só realmente a amamos se a conhecemos e compreendemos. E a curiosidade e vontade de explicar tudo o que nos rodeia, incluindo nós próprios, nasceu connosco, enquanto espécie humana, pois nós somos parte integrante da Natureza. A UNESCO, Organização das Nações Unidas Para a Educação, Ciência e Cultura vem reconhecendo o valiosíssimo Património Natural (biodiversidade e geodiversidade) e Histórico-Cultural deste concelho. Em 2006, este Município integrou o território classificado do Geopark Naturtejo – Geoparque Mundial da UNESCO, em 2015 integrou a Rede de Cidades Criativas no âmbito da Música e em 2016 a área classificada como Reserva da Biosfera Transfronteiriça do Tejo/Tajo Internacional. Os geomonumentos Parque Icnológico de Penha Garcia, Monte-Ilha de Monsanto e Canhões Fluviais do Erges são verdadeiras salas de aulas
interdisciplinares ao ar livre e locais-chave para a compreensão da História da Terra e evolução da Vida. Já o centro de Interpretação da Biodiversidade Terras de Idanha em Segura é casa de partida para aventuras, atividades e desportos de natureza. As aldeias Históricas de Monsanto e Idanha-aVelha, orgulhosas sentinelas a marcarem o tempo da História da ocupação humana de outrora, condicionada pela geodiversidade, aguardam por nós para desvendarmos as suas memórias e inovações do mundo rural. A música e instrumentos que nos chegaram até hoje transportam sons e influências de tantos que por aqui passaram ao longo de séculos e se inspiraram para as suas letras e melodias na Natureza e seus recursos. Ano após ano, chegam a Idanha vindos de todo o país e estrangeiro inúmeros alunos, professores e turistas que aprendem a interpretar e desfrutam da Natureza quer em ações promovidas pelo Município, quer pelo Geopark Naturtejo ou empresas de animação turística. As crianças, jovens e famílias residentes são desafiados ao longo do ano a aprenderem mais sobre a Natureza local, na escola, no campo e nos centros de interpretação, mas são também sensibilizados e chamados a dar o seu valioso contributo durante a sua vida. Novembro e Dezembro, na Península Ibérica, são por excelência meses para semearmos e plantarmos árvores, de forma a elas terem uma maior taxa de sobrevivência. E de preferência plantarmos
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autóctones, está claro como água! Este ano, nas atividades de Natureza os nossos jovens vão “Fora do Lugar” ter o privilégio de conversar com o Prof. Jorge Paiva, Botânico da Universidade de Coimbra e cidadão ativista das nobres causas ambientais, como a da Floresta Autóctone Portuguesa. Depois de aprendermos com sábias palavras passamos ao mais importante, que são os atos e, por isso juntos vamos semear e plantar espécies nativas desta região, sejam elas carvalhos, sobreiros, azinheiras, e outras que tais. Maria Manuela Catana EN Every
year, over the course of its 365 days, we have a chance to journey through space and time from 600 million years ago to the present day by reading the rocks and landscapes of Idanha-a-Nova. Our shared home, our beloved Planet Earth, was born 4.6 billion years ago, while life emerged 3.8 billion years ago. A long history has since unfolded and is embedded in these rocks, these fabulous books made of stone. Learning with and immersed in Nature is within reach, for all of us. And the opportunities are even more, here in the heart of the countryside! While it’s fine to only observe, we will only really love Nature if we get to know it and understand it. Curiosity and the desire to explain what lies around us, including ourselves, is intrinsic to the human species, for we are a part of Nature after all.
UNESCO, the United Nations Educational Scientific and Cultural Organization, has recognised the incredibly rich natural (biodiversity and geodiversity) and historical-cultural heritage of this municipality. In 2006, Idanha-a-Nova was incorporated into the Naturtejo Geopark, a UNESCO Global Geopark. In 2015, it joined the Creative Cities Network in the field of music and in 2016, it was designated as part of the Tejo/Tajo Internacional Transboundary Biosphere Reserve. The geomonuments known as Penha Garcia Ichnological Park, Monte-Ilha de Monsanto and the Fluvial Canyons of the River Erges are truly interdisciplinary outdoor classrooms that are key sites for understanding the history of Earth and the evolution of life. The starting point for nature adventures, activities and sports is the Terras de Idanha Centre for the Interpretation of Biodiversity in Segura. The historic villages of Monsanto and Idanha-a-Velha, proud sentinels marking the time and history of an earlier human occupation shaped by geodiversity, await us, ready to unveil their memories and the innovations of the rural universe. The music and instruments that have survived to the present day carry sounds and influences across the centuries, their lyrics and melodies inspired by nature and its resources. Year after year, countless students, teachers and tourists arrive in Idanha from around the country and the world to learn how to interpret and benefit
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from Nature through activities promoted by the municipality, Naturtejo Geopark and tourism companies. Throughout the year, children, teens and local families are not only encouraged to learn more about their local nature at school, in the field and in interpretation centres; they are also sensitised and invited to make their own contributions throughout their lives. On the Iberian Peninsula, November and December are the ideal months for planting trees to ensure greater rates of survival. It goes without saying, of course, that we prefer native trees! This year, our kids will venture beyond in their nature activities and will have the privilege of talking to Professor Jorge Paiva, a botanist from the University of Coimbra and an activist of important environmental causes, such as Portugal’s Native Forests. After learning from Professor Paiva’s wise words, we will proceed to the most important part: action. Together, we will be planting trees that are native to this region, including European oak, cork oak, holm oak and other such species. Maria Manuela Catana
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Jorge Paiva BIÓLOGO. CENTRO DE ECOLOGIA FUNCIONAL. UNVERSIDADE DE COIMBRA A relevância da biodiversidade das florestas The importance of forest biodiversity OFERTA de um almoço ligeiro (sandes, águas, fruta...) FREE pack lunch (sandwiches, water, fruit...)
+ Saída de Campo + Country outing MANUELA CATANA - CMIN - NATURTEJO Plantação Árvores Nativas Native Trees Plantation
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SÁBADO \SATURDAY 25 NOV. 10H00-15h00
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PT A
relevância da biodiversidade das florestas
Qualquer pessoa sabe que precisa de comer para viver e crescer e que a comida é constituída por material biológico (vegetal, animal ou de outros organismos). Também toda a gente sabe que qualquer motor para trabalhar precisa de um combustível que, através de reacções químicas exotérmicas (combustão) liberta calor (energia) suficiente para que o motor funcione. Os carburantes (gasolina, gasóleo, álcool, gás, etc.) são compostos orgânicos com Carbono (C), Hidrogénio (H2) e Oxigénio (O2). O combustível que não é consumido, por não ter utilidade na produção de energia (calor), é expelido pelos tubos de escape, sendo até poluente. Todos sabemos que o nosso corpo que tem vários “motores”. O coração é um desses “motores” que está sempre a “bater” (trabalhar) e que não pode parar. Quando pára, morre-se. Se o coração é um motor, tem de haver um combustível para que este motor funcione. Esse combustível é a comida, que não é de plástico, nem são pedras, mas sim produtos vegetais e animais. Essa comida que ingerimos é transformada no nosso organismo em energia (calor), através de reacções exotérmicas (digestão) semelhantes à referida combustão, que vai fazer com que os vários motores do nosso corpo, entre os quais o coração e os pulmões, trabalhem e nos mantenham vivos.
Na comida estão as substâncias combustíveis com Carbono (C), Hidrogénio (H2) e Oxigénio (O2), como são os hidratos de carbono (açucares, farinhas, etc.), lípidos (gorduras, como o azeite, a manteiga, etc.) e proteínas (na carne, no peixe, nas leguminosas, como o feijão, a fava, a ervilha, etc.). Estas últimas têm mais um elemento, o Azoto (N2), que, apesar de nos ser muito útil em reduzida quantidade, é muito tóxico. Assim, tal como acontece com os veículos automóveis, da comida que ingerimos, o que não é transformado em energia é expelido do nosso corpo sob a forma de fezes. Mas nós temos de ter outro escape para o azoto, que é a urina. Assim, qualquer pessoa entende que os outros seres vivos são a nossa “gasolina” (combustível) e que se não os protegermos e eles desaparecerem do Globo Terrestre, também nós vamos desaparecer, por ficarmos sem carburante. Todos os seres vivos necessitam dessas substâncias orgânicas como nutrientes (“combustíveis”). As plantas, porém, não precisam de comer, porque são os únicos seres vivos que são capazes de as sintetizarem (produzirem), “acumulando” no seu corpo o calor (energia) do Sol (a fonte de energia que aquece o Planeta Terra) com a ajuda de substâncias (CO2 e H2O) existentes na atmosfera e reacções químicas endotérmicas (fotossíntese). Como os animais não são capazes de fazer isso, têm que comer plantas (animais herbívoros) para terem produtos energéticos ou, então, comerem animais
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que já tenham comido plantas (animais carnívoros). Nós, espécie humana, tanto comemos plantas como animais, por isso, dizemos que somos omnívoros. Entre as plantas, há enormes diferenças na quantidade de biomassa que produzem e no volume de gás carbónico (CO2) que retiram da atmosfera e o de oxigénio (O2) que libertam, como, por exemplo entre o que produz uma pequena erva anual e uma árvore que está todo o ano ao sol. Por isso, as florestas são ecossistemas de biodiversidade elevada. Mas. entre as árvores, as maiores produtoras são as da floresta tropical de chuva (pluvisilva), pois, por se encontrarem nas zonas equatoriais, têm o Sol não só praticamente na vertical, como tiram proveito de maior luminosidade, por os dias serem praticamente iguais durante todo ano (12 horas de luminosidade diária). É, por isso, que é nestas florestas que não só se encontram os maiores seres vivos terrestres (árvores com 6000 toneladas), como também são as florestas de maior biomassa vegetal. Portanto, são essas florestas que podem alimentar não só os maiores herbívoros terrestres (elefantes), como a maior quantidade de outros herbívoros e uma enorme diversidade de organismos. As florestas tropicais são, pois, os ecossistemas terrestres de maior biodiversidade, são o “pulmão” do Globo por ser aí que se produz o maior volume de oxigénio (O2) e são a região com maior acção “purificadora” do ar, por ser aí que as plantas absorvem o maior volume de gás carbónico
(CO2). Mas os outros seres vivos não são apenas as nossas fontes alimentares, fornecem-nos muito mais do que isso, como, por exemplo, substâncias medicinais (mais de 80% dos medicamentos são extraídos de plantas e cerca de 90% são de origem biológica), vestuário (praticamente tudo que vestimos é de origem animal ou vegetal), energia (lenha, petróleo, ceras, resinas, etc.), materiais de construção e mobiliário (madeiras), etc. Até grande parte da energia eléctrica que consumimos não seria possível sem a contribuição dos outros seres vivos pois, embora a energia eléctrica possa estar a ser produzida pela água de uma albufeira, esta tem de passar pelas turbinas da barragem e as turbinas precisam de óleos lubrificantes. Estes óleos são extraídos do “crude” (petróleo bruto), que é de origem biológica. Enfim, sem o Património Biológico (Biodiversidade) não comíamos, não nos vestíamos, não tínhamos medicamentos, luz eléctrica, energia, etc. Jorge Paiva EN The
importance of forest biodiversity
All of us know that in order to survive and to grow, one has to eat and that food is made up of biological material (vegetables, animals or other organisms). We also know that an engine needs fuel in order to run, that it is through exothermic chemical reactions (combustion) that sufficient heat (energy) is released, thus allowing the engine to function. Fuel (gasoline,
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diesel fuel, alcohol, gas, etc.) is composed of organic compounds of Carbon (C), Hydrogen (H2) and Oxygen (O2). Any fuel that is not useful for producing energy (heat) and not consumed is expelled through the exhaust pipe as a pollutant. All of us know that our bodies have various “engines”. One of these “engines” is the heart, which beats (works) repeatedly and must not stop. If it stops, we die. If the heart is an engine, it needs fuel for it to function. This fuel is food. Not plastic or rocks, but plants and animals. The food we eat is transformed in our bodies into energy (heat) through exothermic reactions (digestion), much like the combustion mentioned earlier, which makes various engines in our bodies work, such as the heart and lungs, to keep us alive. Contained in the food are substances that are combustible, made up of Carbon (C), Hydrogen (H2) and Oxygen (O2), such as carbohydrates (sugars, flours, etc.), lipids (fats, including olive oil, butter, etc.) and proteins (in meat, fish and legumes such as black beans, fava beans, peas, etc.). The latter contain an additional element, Nitrogen (N2), which while very beneficial in small quantities, is highly toxic. Much like automobiles, the food we eat that isn’t transformed into energy is expelled from our bodies in the form of faeces. There is, however, another escape route for nitrogen: through our urine. We all understand, then, that other living things are our “gasoline” (fuel) and that if we don’t protect them and they disappear from Planet Earth, we will
also disappear because we won’t have any fuel. All living things need these organic substances for nutrients (“fuel”). Plants, however, do not need to eat. They are the only living things that have the ability to photosynthesise (produce), “accumulating” heat (energy) from the Sun (the source of energy that warms Planet Earth) in their bodies with the aid of existing substances (CO2 and H2O) in the atmosphere and endothermic chemical reactions (photosynthesis). Since animals are not able to do this, they must eat plants (herbivores) in order to have energy, or they eat animals that already consumed plants (carnivores). As for the human species, we eat both plants and animals, which is why we are called omnivores. Among plants, there are enormous differences in the amounts of biomass they produce, the volume of carbonic acid gas (CO2) they remove from the atmosphere and the oxygen (O2) they release. Take, for instance, a small annual herb versus a tree that is exposed year-round to the sun. For this reason, forests are ecosystems that are high in biodiversity. Amongst the trees, the greatest producers are those that live in the tropical rainforests (pluvisilva). Since they are found in equatorial zones, not only is the Sun practically straight above, but they also benefit from greater sunshine, with the days being virtually identical throughout the year (12 hours of sunshine a day). Thus, not only are these forests places where one can find the largest living things
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on the planet (trees weighing 6,000 tonnes), they also contain the greatest vegetable biomass. These forests can sustain not only the largest herbivores on land (elephants), but also the largest numbers of other herbivores and they contain an enormous diversity of organisms. Tropical forests are the richest ecosystems on land in terms of biodiversity. They are the “lungs” of the planet because they are able to produce the largest volume of oxygen (O2). And they are in a region with the greatest air “purifying” activity, for it is there that plants absorb the greatest volume of carbon dioxide (CO2). Other living things are not only sources of food for us. They provide much more, such as medicinal substances (more than 80% of medicines are extracted from plants, while nearly 90% are of biological origin), clothing (practically everything we wear is of animal or plant origin), energy (firewood, petroleum, beeswax, resins, etc.), and materials for construction and furniture (wood), etc. In fact, a large part of the electrical energy we consume would not be possible without the contribution of other living things, for even though electricity can be produced by water from a dam, the water must first pass through turbines, which themselves depend on lubricating oils. These oils are extracted from “crude” (raw petroleum), which is biological in origin. Without Biological Heritage (Biodiversity), we cannot eat, we cannot dress and we have no medicines, electricity, energy, etc. Jorge Paiva
Paralelos \Parallels Música \Music
CONCERTO MESMO AO PÉ CLOSEBY CONCERT
Musick’s Recreation SÁBADO \SATURDAY 25 NOV. 15H30-16H30 CENTRO DE DIA SÃO MIGUEL D’ACHA Destinatários /Target: PÚBLICO GERAL \GENERAL PUBLIC PT Mais
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Paralelos \Parallels Gastronomia \Gastronomy
Jantar Pobre Pauper’s Dinner PAULO LONGO - CMIN CASA DO FORNO
SÁBADO SATURDAY 25 NOV. 19H00-20h30
O jantar pobre não parece uma provocação. É uma provocação. Parte de uma premissa de desconstrução de algumas ideias feitas acerca da gastronomia da região. A despeito do trabalho desenvolvido no sentido da sua valorização, muita dela continua pouco visível no panorama da restauração local. A alegada pobreza alimenta-se de memórias com as quais ainda hoje é difícil lidar. Todavia, a simplicidade do receituário é capaz de proporcionar uma experiência prodigiosa ao paladar. É esta experiência que gostaríamos de partilhar, revivendo uma história em particular, também ela merecedora de partilha. A ementa é uma surpresa, a descobrir no momento, a par da história que a acompanha. PT
The Jantar Pobre (Pauper’s Dinner) doesn’t just sound provocative. It is provocative. The idea is to deconstruct certain beliefs about the region’s gastronomy, which, despite efforts to raise its status, is still little seen on the menus of local establishments. Its so-called poverty is nourished by memories that are still hard to deal with. But the simplicity of its stock of recipes has the potential to provide an extraordinary experience for the palate. It’s an experience that we would like to share, reliving one story in particular that also deserves to be shared. The menu is a surprise, to be discovered on the day, alongside the story that accompanies it. EN
Destinatários /Target: PÚBLICO GERAL \GENERAL PUBLIC
10€ + INSCRIÇÃO OBRIGATÓRIA ver detalhes abaixo 10€ + BOOKING REQUIRED see details below
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Nº mínimo/máximo de participantes:6 -15 Condições: Reserva e pagamento antecipado até 22 de Novembro de 2017, 23h59 Preço: 10€ Local: Salvaterra do Extremo (Idanha-a-Nova), Casa do Forno Hora: 19h00-20h30 Menu: secreto Obs.: Mais informações sobre restrições alimentares através do email: mail@artedasmusas.com Minimum/maximum number of participants: 6-15 Conditions: Bookings and payment in advance by 11.59pm Monday 22 November 2017. Price: €10 Venue: Salvaterra do Extremo (Idanha-a-Nova), Casa do Forno Time: 7pm-8.30pm Menu: secret Obs.: Further information on dietary restrictions via email: mail@artedasmusas.com
Paralelos \Parallels Programa Educativo \Educational Program Natureza \Nature
Saída de Campo Country outing MANUELA CATANA CMIN - NATURTEJO Vamos plantar as nossas amigas Árvores nativas! Let’s plant our friends the native Trees!
QUINTA-FEIRA \THURSDAY 30 NOV. 9H15-11h30 QUINTA-FEIRA \THURSDAY 7 DEZ. 9H15-11H30 Destinatários /Target: Escolas /Schools
GRATUITO + INSCRIÇÃO OBRIGATÓRIA FREE + BOOKING REQUIRED INFO E INSCRIÇÕES \INFO AND BOOKING
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PT Oficina ao ar livre:
“Vamos plantar as nossas amigas Árvores nativas!”
Paralelos \Parallels Programa Educativo \Educational Program Música \Music
EN Open air workshop:
“Let’s plant our friends the native Trees!” PT Sinopse:
Vamos conhecer algumas das principais espécies de árvores nativas do concelho de Idanha-a-Nova e depois vamos semear e/ou plantar. EN Synopsis: We will get to know some of the main
species of trees native to the municipality of Idanha-a-Nova and then plant them.
COMO SE CONSTRÓI? HOW TO BUILD?
O adufe The adufe CAT CENTRO DE ARTES TRADICIONAIS
PT Horário: 9h15 - 11h30 EN Time: 9h15-11h30
QUINTA-FEIRA \THURSDAY 30 NOV. 12H00-13H00
PT Número máximo de participantes
1 turma acompanhada de um professor
QUINTA-FEIRA \THURSDAY 30 NOV. 13H00-14H00
EN Maximum number of participants
1 class accompanied by a teacher
Destinatários /Target: Escolas /Schools
PT Inscrição obrigatória até 48h de antecedência EN Booking require up to 48hrs beforehand
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Paralelos \Parallels Programa Educativo \Educational Program Música \Music
O MÚSICO VAI À ESCOLA THE MUSICIAN GOES TO SCHOOL
Noa Noa TIAGO MATIAS VIHUELA, ALAÚDE/LUTE...
QUINTA-FEIRA \THURSDAY 30 NOV. 15H00-16H00 QUINTA-FEIRA \THURSDAY 7 DEZ. 15H00-16H00
Paralelos \Parallels Música \Music
PERFORMANCE WORKSHOP
Daf Persa + Adufe Persian Daf + Adufe AREZOO REZVANI IRÃO \IRAN
SEXTA-FEIRA \FRIDAY 1 DEZ. 14H30-16H30 CENTRO CULTURAL RAIANO - IDANHA-A-NOVA
Destinatários /Target: Escolas /Schools
Destinatários /Target: PÚBLICO GERAL \GENERAL PUBLIC
PT Pequeno
concerto em ambiente escolar. EN Small concert in school environment.
PT Mais
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Paralelos \Parallels Música \Music
Paralelos \Parallels Música \Music
PERFORMANCE MASTERCLASS
CONCERTO MESMO AO PÉ CLOSEBY CONCERT
Música Sufi Sufi Music
Scaramuccia
AREZOO REZVANI IRÃO \IRAN
SÁBADO SATURDAY 2 DEZ. 11H00-12H00 CENTRO DE DIA - MEDELIM
SEXTA-FEIRA \FRIDAY 1 DEZ. 16H30-18H00 CENTRO CULTURAL RAIANO - IDANHA-A-NOVA Destinatários /Target: PÚBLICO GERAL \GENERAL PUBLIC
Destinatários /Target: PÚBLICO GERAL \GENERAL PUBLIC PT Mais
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Paralelos \Parallels Desenho \Sketching
OFICINA DESENHO WORKSHOP SKETCHING
Eduardo Salavisa Transformar o quotidiano numa viagem. Transforming the everyday into a journey.
Andar com um caderno (o diário gráfico) no nosso quotidiano e desenhar o que observamos faz com que fiquemos mais observadores, evoluamos na qualidade do desenho e fiquemos com excelentes memórias. Além de que o nosso quotidiano se transforma numa grande viagem. PT
Going about with a notebook (the graphic diary) in our day-to-day lives and drawing what we observe makes us more observant, we evolve as the drawing does and develop excellent memories. And our everyday is transformed into a great journey. EN
PT Destinatários:
SÁBADO SATURDAY 2 DEZ. 14H30-18h00
qualquer pessoa que tenha vontade de começar a desenhar ou que queira aperfeiçoar o desenho.
PONTO DE ENCONTRO \MEETING POINT: ANTIGA SÉ DE IDANHA-A-VELHA
EN Aimed
at: anyone who wants to start drawing or who wants to perfect drawing.
Oficina \Workshop \Urban/Rural Sketching
PT Materiais
Destinatários /Target: PÚBLICO GERAL \GENERAL PUBLIC
necessários: Material indispensável: Caderno (A6 ou A5 fechado), caneta, aguarelas Material facultativo: cola e tesoura; lápis de cor; canetas de feltro.
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EN Necessary
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materials: Essential materials: Notebook (A6 or A5 when closed), pen, watercolours Optional materials: glue and scissors; coloured pencils; felt pens.
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Nasceu, vive e trabalha em Lisboa. Licenciado em Design de Equipamento pela Faculdade de Belas Artes. Desenha no Diário Gráfico em qualquer lugar e circunstância nas suas viagens e no quotidiano. É autor de livros sobre este tipo de desenho (o último, “Caderno da América Latina”, com desenhos de uma viagem de 9 meses). Participa em exposições, conferências, cursos e encontros. Gosta de viagens longas, sem itinerário marcado, de preferência pelo Sul e a desenhar obsessivamente. Já fez algumas. PT
Was born, lives and works in Lisbon. Has a degree in Equipment Design, Arts College. Draws in his sketchbook in any place and circumstance on his journeys and daily life. Author of books on this subject (the last one, “Caderno da América Latina”, with drawings from a 9 month’s journey). Collaborates in exhibitions, conferences, courses and workshops. Likes long journeys, without a define set, specially through the South and drawing obsessively. Has already made a few. EN
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Notas e desenhos fora do lugar
Notes and sketches out of place
Notas e desenhos fora do lugar
Notes and sketches out of place
Arte das Musas 2017