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8 FORA DO LUGAR 2019 FESTIVAL INTERNACIONAL DE MÚSICAS ANTIGAS EARLY MUSICS INTERNATIONAL FESTIVAL IDANHA-A-NOVA UNESCO CIDADE CRIATIVA DA MÚSICA CREATIVE CITY OF MUSIC PORTUGAL
Conceito original_Original concept Arte das Musas Direcção artística e de produção_Managing artistic direction Filipe Faria Produção executiva_Executive producer Rita Santos Assistentes de produção_Production assistants Carla Albuquerque Daniel Carreiro Mário Alves Gabriel Pinto Vanessa Soares Design e paginação_Design and layout Filipe Faria \Arte das Musas Festival Fora do Lugar www.foradolugar.pt www.facebook.com/foradolugar Arte das Musas Morada_Address: Centro Empresarial de Idanha-a-Nova, 6060-182 Idanha-a-Nova - Portugal Tel.: +351 210995674 | Email: mail@artedasmusas.com | Web: www.artedasmusas.com Fotografias e textos dos programas de concerto da responsabilidade dos músicos excepto quando creditadas. Photos and texts of concert programmes credited to the musicians except when noted. © Arte das Musas 2019
Abertura_Opening Armindo Jacinto 7 Abertura_Opening Filipe Faria 9 Programa_Programme 10 Lugares_Places 15 Idanha-a-Velha 16 Toulões 17 Segura 18 Ladoeiro 20 Idanha-a-Nova 21 Música_Music Sete Lágrimas ECMC Alternative History Quartet Karoliina Kantelinen Ensemble Allettamento Concerto Secreto_Secret Concert Milo Ke Mandarini Quartet Concerto Campestre Waed Bouhassoun
25 27 39 53 59 67 69 75 81
Paralelos_Paralells 89 Música_Music Workshop: Karoliina Kantelinen 90 Natureza_Nature Saída de Campo_Country Outing Naturtejo 91 Gastronomia_Gastronomy Jantar Pobre_Pauper’s Dinner 92 Música_Music Workshop: Allettamento + Milo ke Mandarini 93 Tudo_Everything Noite Cheia_Full Night 94 Música_Music Workshop: Waed Bouhassoun 96 Natureza_Nature Observação de aves_Birdwatching SPEA 97 Paralelos_Paralells Programa Educativo_Educational Programme Corpo_Body Massagem do bebé_Baby massage #1-#4 Natureza_Nature #1-#2 Música_Music O músico vai à escola_Musician goes to school #1-#4 Música_Music O músico vai à escola_Musician goes to school #5
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Mapa_Map 108
ARMINDO JACINTO PRESIDENTE DO MUNICÍPIO MAYOR OF THE MUNICIPALITY IDANHA-A-NOVA UNESCO CREATIVE CITY OF MUSIC
PT Por terras de Idanha, tempo e espaço oscilam de 22 de novembro a 7 de dezembro. Ao longo dos dias, reescrevem-se conceitos e descobrem-se locais e histórias no “lugar mais bonito do mundo”. Cada olhar renovado descobre um inesperado mundo rural, onde a cultura floresce a cada dia que passa. A música dá o mote, num evento que vai mais além e se converte numa experiência única do lugar. É o sabor da terra, uma terra que se revela, se reinventa e persiste em trilhar um caminho feito de legados, mas de rosto voltado para o futuro. Certamente por isso, na cumplicidade de uma identidade partilhada, Idanha-a-Nova e o Fora do Lugar se entendem tão bem. A partilha é um princípio orientador de Idanha, mais ainda enquanto Cidade Criativa da UNESCO na Música, onde a criatividade, a inovação, a sustentabilidade e a participação social assumem uma dimensão global. Os nossos objectivos e preocupações não são apenas nossos, mas de todos. E, neste ponto, o Fora do Lugar é um reflexo singularmente brilhante, espécie de feixe orientador, que leva Idanha pelo mundo, estimulando um olhar atento sobre o papel crucial a desempenhar pela ruralidade nos dias de hoje. E hoje, como ontem, o desafio está lançado. As terras de Idanha convidam todos à sua (re)descoberta através da lente especial do Fora do Lugar que, no fim de contas, é também a sua. O prazer da vinda é mútuo. Bem hajam!
The lands of Idanha fluctuate between space and time from 22 November until 7 December. During those days, concepts are rewritten and places and stories are rediscovered in the ‘most beautiful place in the world.’ Each new gaze discovers an unexpected rural world, where culture flourishes with each day that passes. Music sets the tone in an event that reaches further and becomes a unique experience of the place. It is a taste of the land, a land that reveals itself, reinvents itself and persists in treading a path made of legacies, but with its face turned to the future. This is surely the reason why, in the complicity of a shared identity, Idanha-a-Nova and the Fora do Lugar festival fit so well together. Sharing is one of Idanha’s guiding principles, even more so as UNESCO Creative City of Music, where creativity, innovation, sustainability and social participation take on a global dimension. Our goals and concerns are not just ours, but belong to everyone. And, in this regard, Fora do Lugar is a singularly brilliant reflection, a kind of guiding ray of light that takes Idanha into the world, encouraging a close look at the crucial role to be played nowadays by the rural environment. And today, as yesterday, the challenge is set. The region invites everyone to its (re) discovery through the special lens of Fora do Lugar, which, after all, also belongs to Idanha. The pleasure of your arrival is mutual. Welcome!
PEN
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FILIPE FARIA DIRECTOR FORA DO LUGAR + ARTE DAS MUSAS
PT Esta é a porta número 8 e está aberta. Avançamos, passamos a porta e... entramos. Sentimos o vento no rosto, o frio na testa e o corpo quente. Estamos em vários lugares ao mesmo tempo, em todos os lugares. Estes são lugares vivos nos quais tudo mexe ou tudo pára à nossa medida, adivinhando o que queremos muito antes de o sabermos. A cada momento vamos descobrindo novos e antigos lugares mas também o nosso lugar neles. A cada momento e num ritmo lento, com uma irreconhecível cadência... lenta e estável. Sons espontâneos vindos de todo o lado mas silêncios esperados também. Paisagens de som românticas mas de um romantismo traído, tremendamente comovedor. Traído pela noção esmagadora de que é tudo tão real, tão palpável, tão só para nós... um romantismo traído pela realidade, pela saudade indescritível do que mal conhecemos. A convicção absoluta de que tudo aquilo é exclusivamente nosso, preparado com todo o tempo só para nós. A absoluta certeza de que só nós vimos aquela luz, sentimos aqueles pingos na face, ouvimos aquele vento ou aquele trovão ou aquele canto feminino ou aquele toque da pele quente na pele que vibra ou aquele fruto maduro nas nossas mãos ou aquela vontade de o provar. A realidade impõe-se, vinda de cima, debaixo, dos lados, de dimensões diferentes com uma urgência pungente, obrigatória, inevitável... Entrámos agora mesmo... passaram apenas uns segundos... e são todos bem vindos... A porta número 8 está aberta e todos podem entrar. EN This is door number 8 and it stands open. We step forward, through the door and... we enter. We feel the wind on our faces, the cold against our brows, our bodies warm. We are in several places at the same time, in all places. These are the living places in which everything moves or everything stops as we see fit, anticipating what we want long before we even know it. At every moment we are discovering new and ancient places, but also our place in them. At every moment and with a gentle rhythm, with an unrecognisable cadence... slow and steady. Spontaneous sounds coming from everywhere but coveted silences too. Landscapes with a romantic sound, but of a betrayed romanticism that is extremely touching. Betrayed by the overwhelming notion that it is all so real, so palpable, for us alone...a romanticism betrayed by reality, by the indescribable nostalgia for what we barely know. The absolute conviction that all this is exclusively ours, prepared unhurriedly over time, just for us. The complete certainty that we were the only ones who saw that light, who felt those drops on our faces, who heard that wind or that thunderclap or that female voice singing or who felt that touch of warm skin on the vibrating drum skin or that mature fruit in our hands or that desire to try it. Reality imposes itself, coming from above, from below, from the sides, from different dimensions with an urgency that is pungent, obligatory, inevitable... Now we enter... it has only been a few seconds... and everyone is welcome... Door number 8 is open and we can all go in. 9
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SEX._FRI. 22 NOVEMBRO_NOVEMBER
9.30 Massagem do bebé #1 Programa Educativo \Corpo \Escolas
21.30 Concerto_Concert Alternative History Quartet Inglaterra_England Suécia_Sweden Argentina EUA_USA Idanha-a-Velha, Antiga Sé Entrada livre sujeita à lotação das salas Free entry subject to room capacity
SÁB._SAT. 23 NOVEMBRO_NOVEMBER
10.30-11.30 Workshop Karoliina Kantelinen Finlândia_Finland Idanha-a-Nova, Centro Cultural Raiano Gratuito com inscrição obrigatória Free with booking required
14.00-17.00 Saída de campo com o Naturtejo Idanha-a-Nova, Centro Cultural Raiano Natureza \Público geral \General public Gratuito com inscrição obrigatória Free with booking required
21.30 Concerto_Concert Karoliina Kantelinen Finlândia_Finland Ladoeiro, Saipol/Hortas d’Idanha Entrada livre sujeita à lotação das salas Free entry subject to room capacity
QUI._THU. 28 NOVEMBRO_NOVEMBER 12
10.00 Saída de campo #1 Programa Educativo \Natureza \Escolas
14.00 O músico vai à escola #1 15.30 O músico vai à escola #2 Programa Educativo \Música \Escolas
19.30 Gastronomia Jantar Pobre 10€ com pré-inscrição obrigatória 10€ with pre-booking required
SEX._FRI. 29 NOVEMBRO_NOVEMBER
10.00 Saída de campo #2 Programa Educativo \Natureza \Escolas
21.30 Concerto_Concert Ensemble Allettamento Espanha_Spain Toulões, Junta de Freguesia Entrada livre sujeita à lotação das salas Free entry subject to room capacity
SÁB._SAT. 30 NOVEMBRO_NOVEMBER
10.30-12.00 Workshop Ensemble Allettamento Espanha_Spain Milo ke Mandarini Espanha_Spain Grécia_Greece Idanha-a-Nova, Centro Cultural Raiano Gratuito com inscrição obrigatória Free with booking required
18.00 Concerto Secreto_Secret Concert Turquia_Turkey Portugal Gratuito com inscrição obrigatória Free with booking required Ver instruções na página 67 See instructions on page 67
20.30 Noite Cheia_Full Night Idanha-a-Nova, Centro Cultural Raiano Entrada livre sujeita à lotação das salas Free entry subject to room capacity
Exposição_Exhibition Valter Vinagre Fotografia_Photo Pedro Martins Fotografia_Photo Filipe Faria Instalação sonora_Soundscape Concerto _Concert Milo ke Mandarini Quartet Espanha_Spain Grécia_Greece
Gastronomia_Gastronomy Tertúlia com sopa_Social gathering with soup
Documentário_Documentary Il sogno mio d’amore - Nathalie Mansoux/ Miguel Moraes Cabral Parceria_Partnership Doclisboa QUI._THU. 5 DEZEMBRO_DECEMBER
9.30 Massagem infantil #2 Programa Educativo \Corpo \Escolas
14.00 O músico vai à escola #3 15.30 O músico vai à escola #4 Programa Educativo \Música \Escolas
SEX._FRI. 6 DEZEMBRO_DECEMBER
9.30 Massagem infantil #3 11.00 Massagem infantil #4 Programa Educativo \Corpo \Escolas
15.00 O músico vai à escola #5 Concerto Campestre Programa Educativo \Música \Escolas
18.00 Workshop Waed Bouhassoun Síria_Syria Idanha-a-Nova, Centro Cultural Raiano Gratuito com inscrição obrigatória Free with booking required
21.30 Concerto_Concert Concerto Campestre Portugal Segura, Associação D.C.R. Segurense Entrada livre sujeita à lotação das salas Free entry subject to room capacity
SÁB._SAT. 7 DEZEMBRO_DECEMBER.
9.00-12.00 Caminhada de observação de aves em Monsanto com a SPEA Natureza_Nature \Público Geral_General Public Gratuito com inscrição obrigatória Free with booking required Parceria_Partnership SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves
21.30 Concerto_Concert Waed Bouhassoun Síria_Syria Idanha-a-Velha, Antiga Sé Entrada livre sujeita à lotação das salas Free entry subject to room capacity
+ informações e inscrição + informations and booking www.foradolugar.pt mail@artedasmusas.com 13
1 Ilustrações_Illustrations: Filipe Faria
LUGARES PLACES
IDANHA-A-VELHA PT Idanha-a-Velha é uma pequena aldeia de ambiente pitoresco, pelo notável conjunto de ruínas que conserva, ocupa um lugar de realce no contexto das estações arqueológicas do país. Ergue-se no espaço onde outrora existiu uma cidade de fundação romana (séc.I a.C.), inserida no território da Civitas Igaeditanorum, tendo sido, mais tarde, município romano. Uma inscrição datada do ano 16 a.C., onde consta que Quintus Tallius, cidadão da Emérita Augusta (Mérida) “deu um relógio aos Igeditanos”, testemunha a existência no núcleo urbano nesse momento cronológico. Em 105, a povoação aparece referida numa inscrição da monumental ponte de Alcântara – importante obra de engenharia romana – como um dos municípios que contribuíram para a sua construção. Diversos vestígios evidenciam, ainda hoje, essa permanência civilizacional: entre outros, o podium de um templo no qual assenta a Torre dos Templários; a Porta Norte e respectiva muralha; um conjunto excepcional de lápides funerárias e variado espólio disperso. A povoação conheceu no período visigótico, sob o nome da Egitânea, momentos áureos de desenvolvimento, tendo sido sede de diocese desde 599 e centro de cunhagem de moeda em ouro (trientes). São testemunhos materiais desse período, 16
os Baptistérios e ruínas anexas do “Palácio dos Bispos” e a designada Igreja de Santa Maria, esta com profundas alterações arquitectónicas posteriores. Os Árabes ocuparam a cidade até à sua tomada por D. Afonso III, Rei de Leão, durante a reconquista, fazia já parte integrante do condado Portucalense aquando da fundação de Portugal. Mais tarde D. Afonso Henriques entregou-a aos Templários. Em 1229 D. Sancho II deu-lhe foral. D. Dinis incluiu-a na ordem de Cristo – 1319 –, seguindo-se outras tentativas de repovoamento. D. Manuel I, em 1510, concede-lhe novo foral de que o Pelourinho é testemunho. Em 1762 figurava como vila, na comarca de Castelo Branco; em 1811, ficava anexa a Idanha-a-Nova; em 1821 tornava-se sede de um pequeno concelho, extinto em 1836. Intencionalmente, e ao longo dos séculos, pretendeuse reorganizar todo o espaço urbano, revitalizando-o no domínio social, económico, político e cultural. Porém o seu percurso histórico, de desertificação, estava traçado. Hoje, Idanha-a-Velha, (Monumento Nacional) surge renovada. Uma Aldeia Histórica criteriosamente adaptada para os que aqui residem e para os que a visitam. [in website Município de Idanhaa-Nova] EN Idanha-a-Velha is a small picturesque village, consisting of a remarkable group of ruins, which holds a position of high standing among the national archaeological works. It stands on a place where formerly was a Roman City (1st century B.C.), which was inserted in “Civitas Igaeditanorum”, having become a Roman Municipality later on. An inscription dating from 16 B.C., where we can read that “Quintus Lallius”, a citizen from “Emerita Augusta” (Mérida) “has willingly given a sun-dial to Igeditanos” witnesses the existence of an urban site on those by gone days. In 105, in an inscription on Alcântara Bridge (a very
important Roman engineering work) the village is referred to as one of the most important Municipalities that contributed to the Bridge construction. Nowadays there are still a lot of evidences showing that civilization permanence: the “podium” of the temple on which the Templar’s Tower stands; the Northern Gate and its wall; one exceptional group of tomb stones and various scattered remains. In the Visigoth Era, under the name of “Egitânea”, the village witnessed golden developing times, having been a diocese seat since 599 and a gold coining Bishop’s Palace and the See are material witnesses of those golden days. The Arabs got hold of the city until King Afonso III from Leão conquered it, during the Christian fights but it was already an integrating part of Condado Portucalense at the time of Portugal foundation. Later one, King Afonso Henriques delivered it to the Templar monks. In 1229, King Sancho II chartered it. King Dinis included it in “Ordem de Cristo” (1319). Along the times, other peopling attempts followed. In 1510, King Manuel I chartered it again, being the Pillory a witness of this fact. In 1762, it was know as a small town in Castelo Branco jurisdiction; in 1811, it becomes attached to Idanha-a Nova; in 1821 it becomes the seat of a small municipality, still existing in 1936. Intentionally, and along the centuries, people tried to reorganize the urban space, revitalizing it in social, economic, political and cultural fields. However, its historical desertification course was drawn. Nowadays, Idanha-a-Velha (considered a National Monument) emerges quite renewed. An historical village wisely adapted to those who live here and to those who visit it. [in website Município de Idanha-a-Nova]
TOULÕES PT Apesar de não haver consenso, pensa-se que o seu nome deriva da proximidade com a ribeira Toula que nasce para os lados de Salvaterra do Extremo. Na zona, encontram-se algumas lápides funerárias romanas, uma delas com a seguinte inscrição “Flaco, filho de Gaio, mandou fazer este monumento para si e para Casa, filha de Arau”. Estes nomes são de origem romana e lusitana o que leva a crer que a inscrição ocorreu nesse período. Toulões tem como orago Santo António que, em torno da sua imagem, gerou uma narrativa (ou lenda) muito antiga, passada no ano de 1844. Reza a história que nos campos de Toulões existia um enorme lobo que devorava os rebanhos e atacava os pastores. Toda a povoação estava aterrorizada, fizeram-se várias montarias e ciladas mas, todas resultaram em vão. Perante tamanha situação, pediram e rezaram a Santo António que se 17
este salvasse a terra do lobo, ofereciam, anualmente, uma grande festa em sua homenagem. Alguns dias mais tarde, apareceram mortos três grandes lobos, regressando a paz à aldeia. Hoje em dia, a festa de Santo António continua a realizar-se e constitui um dos momentos altos e de alegria para toda a população e Carriçal, um simpático lugar anexo. [in website Município de Idanha-a-Nova] EN Although there is no consensus, it is thought that the name derives from the village’s proximity to the Toula stream, which springs from nearby Salvaterra do Extremo. Some Roman tombstones can be found in the area, one with the inscription: ‘Flaccus, son of Caius, ordered this monument to be built for himself and for Casae, daughter of Araus.’ These names are of Roman and Lusitanian origin, which leads us to believe that the inscription was made during that period. Toulões’ patron saint is Saint Anthony, around whose image a very old story (or legend) came about, which took place in the year 1844. The story goes that in the fields of Toulões there was a huge wolf that devoured livestock and attacked shepherds. The whole population was terrified. They went on several hunts and set traps but all were all in vain. Faced with this situation, they prayed to Saint Anthony, promising that if he saved the area from the wolf, they would hold a great celebration in his honour every year. A few days later, three large, dead wolves appeared, with which peace was returned to the village. Nowadays, the festival of Saint Anthony is still celebrated and is seen as a high point and a moment of joy for the entire population, as well as that of Carriçal, a pleasant neighbouring hamlet. [in website Município de Idanhaa-Nova]
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SEGURA PT A história apresenta-nos Segura como uma fortaleza de fronteira. É a partir da ponte, em direcção à fronteira, que Segura ganha a sua verdadeira expressão, definindo-se como a guarda de uma passagem, vocação perceptível pela sua implantação geográfica. A importância da passagem sobre o rio Erges, que a ponte de alicerces romanos testemunha, terá sido determinante na sua evolução ao longo do tempo. A porta de baixo, que nos conduz directamente ao largo do pelourinho, é o derradeiro vestígio desta última configuração defensiva. A pouca distância encontra-se o edifício da antiga câmara, hoje junta de freguesia, cuja fachada ostenta um brasão real de desenho barroco. O casario discreto, quase sempre branco e com grades de ferro forjado a pontuar varandas e janelas, revela velhas afinidades com o lado espanhol. A Igreja Matriz é um templo antigo cujas intervenções recentes mantêm elementos do programa construtivo do século XVIII. Daqui abarca-se a mancha urbana de Segura, definida entre dois cabeços, o da rua do outeiro e o do castelo, mais alto e distante, local de implantação da fortaleza de raiz medieval que Duarte d’ Armas desenhou.
Na extremidade oposta da aldeia encontramos a Igreja da Misericórdia, que se sabe existir desde o início do século XVII, notável pelo seu pórtico e campanário, sendo um espaço privilegiado no contexto das celebrações do Ciclo Pascal na aldeia. O PR4 Rota das Minas é um dos percursos pedestres estruturado em torno de Segura. Chumbo, estanho e volfrâmio são alguns dos minerais extraídos até meados do século passado, que as ruínas da fábrica ou Lavaria, nas imediações do ribeiro da calçada, são um testemunho da importância detida por esta actividade económica. Velhos caminhos conduzem-nos ao rio Erges e aos paredões maciços dos açudes, que unem moinhos e margens, área protegida do Parque do Tejo Internacional. É entre duas unidades moageiras, a Azenha do Roque e o moinho das Freiras, que o Erges corre num desfiladeiro, as fragas, configurando um dos motivos de maior interesse paisagístico e geológico da região. [in website Município de Idanha-a-Nova] EN History paints Segura as a border fortress. From the bridge, towards the Spanish border, Segura gains its true expression, defining itself as the guardian of a crossing point, a comprehensible vocation given its geographic situation. The importance of the crossing of the river Erges, to which the Roman-built bridge testifies, is thought to have been decisive in its development over time. The lower gateway, which leads directly to the main square complete with pillory, is the last trace of this ultimate defensive configuration. A short distance away the building of the old city hall, today a civil parish, the façade of which shows a royal coat of arms of baroque design. The discreet houses, almost all white and with wrought iron grilles highlighting verandas and windows, reveal old affinities with the Spanish side. The Main Church
is an ancient temple whose recent interventions have kept the elements of the 18th century construction plan. From here one can take in the urban sprawl of Segura, defined between two mounds, that of the rua do outeiro and that of the castle, higher and more distant, the site of the fortress of medieval origin designed by Duarte d’Armas. On the opposite side of the village we find Misericórdia Church, which is known to have been in existence since the early 17th century, notable for its portico and bell tower, a favoured space when it comes to celebrating the Easter Cycle in the village. The PR4 Rota das Minas is one of the footpaths organised around Segura. Lead, tin and wolfram are some of the minerals that were extracted until the middle of the last century, and the ruins of the washing facilities or Lavaria, next to the roadside stream, bear witness to the importance of this economic activity. Old roads lead to the River Erges and the solid dam walls, linking mills and riverbanks, a protected area of the Tejo International Park. It is between two milling units, Azenha do Roque and the Freiras mill, that the Erges enters a gorge of steep rocks, a point of great interest in terms of the landscape and geology of the region. [in website Município de Idanha-a-Nova]
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podem participar. Algumas semanas após o Festival da Melancia, que atrai inúmeros visitantes de outros concelhos e da vizinha Espanha, já em meados de Agosto, tem lugar a grande festa em honra de Santo Isidro e do Santíssimo Sacramento. [in website Município de Idanha-a-Nova]
LADOEIRO PT Povoação detentora de alguns vestígios Romanos, até 1505 chamava-se Esporão. Foi rebatizada por Ladoeiro devido aos inúmeros charcos e lodeiros que abundavam na região. O repovoamento conhecido por Ladoeiro faz-se à volta do ano de 1541 (no Reinado D. João III), onde foi sede de concelho com Câmara e Justiça próprias e entrou em decadência, a partir do séc. XVII, devido aos ataques ferozes do exército durante a Guerra da Restauração, agudizado pelo facto de não possuir nem castelo nem muralhas. Actualmente, é das freguesias mais prósperas do concelho, caracterizada por um considerável dinamismo económico que se deve sobretudo à actividade agrícola, assente em amplas áreas de terreno irrigadas. Conhecida até há poucas décadas pelas suas plantações de tabaco e tomate, a agricultura local orientou-se recentemente para novas produções, muitas delas em modo biológico certificado, como o mirtilo, a melancia e o figo da índia. Ao percorrermos as ruas, são várias as habitações com portadas Manuelinas e outras de adobe com janelas caiadas. O cruzeiro, a Igreja Matriz e a Fonte Grande (com as armas de D. Sebastião de 1571) são locais de encontro para uma amena conversa ao cair do dia. Nas sextas-feiras de quaresma realiza-se a tradicional Procissão dos Homens, onde apenas estes 20
EN This parish holds some roman remains and it was knowned as Esporão until 1505. It was renamed Ladoeiro on account of the abundance of ponds and marshes in the area. It was re-populated around 1541, during the reign of king D. João III, when it became a municipality, with its own town hall and courthouse. It started to decline around the XVIIth century, due to ferocious attacks by the army during the restorarion wars . made worse because it had no castle to protect it. Today, is one of the most prosperous parishes of Idanha-a-Nova’s county, enjoying considerable economical dinamism due to its wide and well irrigated agricultural fields. Once known for the tobacco and tomato production, local agriculture has turned into new products into recent years, many of them biological certified, like blueberries, watermelons and prickly-pears. While strolling around its streets, we may come across houses with manueline doorways and some of them made of adobe (a traditional building technique consisting on sun dried bricks, moulded from earth, straw and water mixed together), with whitewashed window and door frames. The monumental Cross, the parish Church and the Great fountain (dated 1571 and bearing king D. Sebastião coat of arms) are the best places to meet your friends for a chat by the end of the afternoon. Every Friday during Lent takes place a traditional men-only procession (Procissão dos Homens). The Great festivities in honour of St. Isidro and the Holy Sacrament take place in mid-August, a few weeks
after the Watermelon Festival, an event that attracts countless visitors from the neighbouring municipalities and from Spain. [in website Município de Idanha-a-Nova]
IDANHA-A-NOVA PT Hoje apenas são visíveis as fundações do castelo de Idanha-a-Nova, fundado em 1187 por Gualdim Pais, mestre da Ordem do Templo, antes da atribuição do foral à vila. Dominando a campina juntamente com o castelo de Monsanto, terá sido construído para defender a povoação de Idanha-a-Velha, então bem mais importante mas mais vulnerável. Tratava-se de um pequeno castelo, constituído essencialmente pelo paço dos alcaides, ao qual foi acrescentado, no século XV, uma segunda cerca que englobava a Igreja Matriz, deixando de fora a vila. A Capela da Misericórdia, edificada no século XVI, em pedra com aparelho rústico, é um templo de nave única com uma capela--mor em talha policromada do século XVIII. De acordo com a tradição, os dois altares laterais são provenientes do extinto convento de Santo António. Dedicada a Nossa Senhora da Conceição, a Igreja Matriz é de origem medieval, tendo pertencido à Ordem do Templo. Sabe-se,
pelo desenho de Duarte d’Armas, que no século XVI se encontrava ainda dentro do castelo. Com uma fachada principal maneirista, mantém, no entanto, características renascentistas, com a sua estrutura em três naves, e abóbadas de nervuras ao gosto gótico na capela-mor. Pouco se sabe da história da torre sineira, ou do Relógio, presumindo-se que tenha sido construída com pedra proveniente do desmantelamento do castelo. A parte mais antiga do Solar dos Marqueses da Graciosa é a torre central, mandada construir em 1458 por Afonso Giraldes, fidalgo da casa real do rei D. Afonso V. Os dois corpos laterais e o balcão foram acrescentados no século XVII (1611) por Domingos Giraldes, descendente do fundador e capitão-mor da vila. A Casa dos Cunhas, grande casa de residência, construída no século XVI ou XVII, de planta longitudinal, possui três volumes de telhados de uma ou duas águas e distribuição irregular de portas e janelas. De notar, num dos volumes, um balcão com alpendre suportado por um arco de volta perfeita, que se supõe ser um vestígio da desaparecida capela de S. Pedro. A Casa dos Condes de Idanha-a-Nova também conhecida como Casa do Corso, é um elegante edifício do século XVIII, na linha do “estilo chão”, com um piso térreo destinado a pátio e arrecadações diversas, e um primeiro piso nobre, com janelas de sacada decoradas com motivos em forma de concha. Já a Casa Manzarra é herdeira do Convento de Santo António, antigo convento franciscano do século XVII convertido em solar nos inícios do século XX. Ao lado da antiga igreja conventual vê-se a antiga igreja barroca de S. Francisco de Assis, do século XVIII, ambas dessacralizadas e convertidas em armazéns agrícolas. Provavelmente pertencente ao antigo convento, a capela de Nossa Senhora das Dores, com fachada para o largo, é um pequeno templo barroco 21
do século XVIII que permaneceu afecto ao culto católico. O Palacete das Palmeiras, datado de 1900, é um antigo solar construído para residência de uma das mais importantes famílias terratenentes de Idanha, num local que se situava então nos arrabaldes da vila. São de notar, à direita e trás do edifício principal, as antigas imponentes cavalariças, e o jardim, de finais dos anos 1930, com as suas espécies exóticas (como as palmeiras que acabaram por baptizá-lo), então novidade absoluta nestas paragens. No início da década de 1990 foi reconstruído e adaptado à actual função de Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova. Construído em finais da década de 1950 na linha mais tradicionalista da arquitectura do Estado Novo, o edifício da Câmara Municipal foi desenhado por António Lino, autor do Cristo-Rei e de diversas obras da Exposição do Mundo Português de 1940 (nomeadamente o Espelho de Água), em Lisboa, e da colunata do Santuário de Fátima. Veio substituir o antigo edifício camarário na zona histórica e, em conjunto com o Palacete das Palmeiras, define a praça central da zona nova de Idanha, contribuindo decisivamente para a afirmação do actual centro da vila. Nas proximidades, o Centro Cultural Raiano apresenta-se como uma das marcas mais impressionantes do desenvolvimento experimentado por Idanha-a-Nova nos últimos anos, espécie de castelo moderno concebido para promover a cultura e ultrapassar fronteiras. [in website Município de Idanha-a-Nova] EN Today only the foundations of castle of Idanha-aNova are visible. It was founded in 1187 by Gualdim Pais, Master of The Order of the Temple, prior to the granting of the town charter, and like the castle of Monsanto, would have been built to oversee the plains and defend the town (which in those days was 22
much more important, though also more vulnerable, than it is today). It was a small castle, consisting basically of the mayor’s palace, to which a second surrounding wall was added in the 15th century. This enclosed the Parish Church, though the rest of the town was left outside. The Chapel of Misericord was built in the 16th century in rough-hewn stone. It has a single nave, and a main chapel in carved painted wood dating from the 18th century. In keeping with tradition, it also has two side altars, brought from the now extinct convent of St Anthony. The Parish Church, dedicated to Our Lady of the Conception is medieval in origin and belonged to the Order of the Temple. We know from the drawing by Duarte d’Armas that it was located inside the castle walls in the 16th century. With a mane façade in the Mannerist style, it nevertheless retains certain Renaissance features, such as the three-nave structure and the Gothic rib vaulting in the main chapel. Little is known about the bell tower or the clock, though it is presumed to have been built from the stone from the dismantled castle. As for the stately home of the Marquis of Graciosa, the oldest part of this is the central tower, commissioned in 1458 by Afonso Giraldes, a nobleman of the royal house of King Afonso V. The two side walls and the balcony were added in the 17th century (1611) by Domingos Giraldes, descendant of the founder, and governor of the town. The House of the Cunhas, for its part, is a residential property built in the 16th or 17th century on a longitudinal plan. It has three sets of single-or double-sloped roofs, and the doors and windows are irregularly laid out. Particularly noteworthy is a balcony whose roof is supported by a round arch, believed to be from the now vanished Chapel of St Peter. The House of the Counts of Idanha-a-Nova, also known as the Corsican’s House, is an elegant 18th century building in the “Chao style”. The ground
floor contains a patio and storage areas, while the first floor houses the elegant living area, with oriel windows decorated with shell motifs. The 17th century Franciscan convent of St Anthony was converted into a stately home in the 20th century. Next to the convent church is the old Baroque church of St Francis of Assis dating from the 18th century. Both of these have now been deconsecrated and are used as agricultural storehouses. The Chapel of Our Lady of the Pains, which probably belonged to the former convent, is a small Baroque church from the 18th century, whose façade overlooks the square. This one is still used for Catholic worship. The Palm Tree Palace, dating from 1900, is an old stately home built for one of the most important landholding families in Idanha, at a site that would then been in the outskirts of the town. Particularly impressive are the old stables to the right and back of the main building, and the garden, which dates from the end of the 1930s. This contains a number of exotic species, such as the palm trees which gave the house its name, and which would have been an absolute novelty in these parts at the time. At the beginning of the 1990s, the Idanha-a-Nova Business School was reconstructed and adapted to its present function. The Town Hall, built at the end of the 1950s in the most traditionalist Estado Novo style, was designed by António Lino, who also designed the monument to Christ The King in Almada, and contributed various works to the Portuguese World Exhibition of 1940 (such as the ornamental lake) in Lisbon and the colonnade at the Sanctuary of Fátima. This building replaced the old Council House in the historic part of Idanha-a-Nova, and along with the Palm Tree Palace, defines the character of the central square in the new part of the town, making an important contribution to the affirmation of the present town centre. Not far away, the Centro Cultural
Raiano configures the most impressive landmark of Idanha-a-Nova development in recent years. Like a contemporary castle, it was designed to fight for the promotion of culture and to overcome boundaries. [in website Município de Idanha-a-Nova]
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PROGRAMA PROGRAMME MÚSICA MUSIC CONCERTOS CONCERTS
SETE LÁGRIMAS
5.10 21:30
DIÁSPORA | AMOR E TRAGÉDIA NA DIÁSPORA PORTUGUESA_LOVE AND TRAGEDY IN THE PORTUGUESE DIASPORA
5.10.2019 21:30 Sábado_Saturday Idanha-a-Velha Antiga Sé
PT As grandes navegações portuguesas dos séculos XV e XVI e o processo de expansão colonial subsequente abriram novos caminhos de comunicação e de intercâmbio cultural entre a Europa e o mundo, nos quais Portugal foi indiscutivelmente pioneiro. Não se tratou - importa sublinhá-lo sem equívocos - de um processo idílico e harmonioso de mero diálogo intercultural: foi marcado, como todos os colonialismos em todas as épocas da História da Humanidade, pela violência, pela agressão militar, pela ocupação territorial, pela exploração económica, pelo tráfico de escravos, pela intolerância religiosa. Mas desde cedo evidenciou, por outro lado, da parte dos colonizadores portugueses, uma curiosidade pela diferença cultural que contrasta com o hermetismo das matrizes civilizacionais de outros imperialismos europeus posteriores, como o francês, o holandês, ou em particular o britânico. A elevada taxa de miscigenação étnica que desde logo marcou as sociedades colonias portuguesas, consequência prática, é verdade, de uma reduzida presença de mulheres europeias nas primeiras expedições, mas ao mesmo tempo sinal de um desejo menos reprimido pelo preconceito racial, foi acompanhada de uma vontade evidente de provar as cozinhas locais e os seus ingredientes exóticos, do fascínio pelos motivos decorativos dos tapetes, cerâmicas e porcelanas de cada região, da tentação de experimentar canções e danças com ritmos e melodias diferentes e sedutores. A dominação colonial portuguesa procurou, certamente, impor em cada território ocupado uma matriz idêntica à das Foto_Photo: Denys Stetsenko
Concerto_Concert Teaser 2019 Fora do Lugar, Fora de Tempo Out of Place, Out of Time Sete Lágrimas Portugal Filipe Faria voz_voice, percussão_ percussion, direcção artística_artistic direction Sérgio Peixoto voz_voice, direcção artística_artistic direction Tiago Matias alaúde_lute, guitarra barroca_baroque guitar, guitarra romântica_romantic guitar, tiorba_ theorbo Baltazar Molina percussão_ percussion Lotação_Capacity 100 Duração_Duration +-60’ Entrada livre sujeita à lotação das salas. Por motivos de segurança a porta será encerrada assim que a lotação estiver preenchida. As portas abrem +-30‘ antes do início dos concertos._ Free entry subject to room capacity. For safety reasons, the door will be shut as soon as the room is full to capacity. Doors open +-30’ before the concerts start. 27
PROGRAMA_PROGRAMME Toccata Arpeggiata Giovanni Girolamo Kapsberger (1580-1651) Senhora del mundo Vilancico Anón. (s. XVI) Bastiana Trad. (Macau/China) Quer’eu em maneira de proençal D. Dinis (1261-1325) É tarde, ela dorme Anón. (Brasil) Muwashah Al-Andalus/Médio Oriente_Middle East (s. IX/X) A força de cretcheu Eugénio Tavares (1867-1930) Tarantella Trad. (Itália), arr. Tiago Matias Dayénu Canto judaico_Jewish chant Menina você que tem Lundun (s. XVIII/XIX) El pesebre Filipe Faria e Sérgo Peixoto a partir de_after Lope de Vega (1562-1635) Yamukela Trad. (África do Sul/Moçambique_South Africa/Mozambique) arr. Pe. Arnaldo Taveira Araújo (1929-2019) Folia Gaspar Sanz (1640-1710) Dos estrellas le siguen Manuel Machado (c.1590-1646)
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práticas artísticas e culturais do Reino, em particular as associadas ao Catolicismo, mas não só soube adaptar essa matriz aos materiais específicos disponíveis em cada zona como não hesitou em incorporar em si mesma muitas das facetas das expressões artísticas com que se foi deparando, terra a terra, continente a continente. De todas as potências coloniais europeias, Portugal foi sem qualquer dúvida aquela em cuja Cultura se integraram mais influências asiásticas, africanas e sul-americanas, e o império colonial português revelou-se assim um espaço de intensa circulação, interacção e fusão de modelos culturais. Esta predisposição para o cruzamento intercultural estava já, afinal, na própria essência das Culturas ibéricas, resultantes de séculos de sucessivos processos de fusão, primeiro entre modelos celtas e greco-romanos, depois entre padrões cristãos, árabes e judaicos. A experiência da miscigenação cultural estava-nos, bem vistas as coisas, na carga genética civilizacional, e a expansão marítima ter-se-á limitado, a este respeito, a alargar a gama dos potenciais ingredientes. Mas o que é certo é que quer na Metrópole quer nas várias colónias portuguesas assistimos, logo a partir das primeiras fases da chegada dos Portugueses, à emergência de práticas artísticas híbridas que traduziam um intenso diálogo, no terreno, entre as múltiplas tradições em presença - um diálogo sempre formatado, como é óbvio, pela hierarquia do Poder colonial mas surpreendentemente aberto a trocas e a aprendizagens mútuas. E é assim que no campo da Música, por exemplo, logo nos séculos XVI e XVII encontramos nos vilancicos de Igreja peninsulares ritmos ameríndios e afro-brasileiros, e que, nos séculos XVIII e XIX, os salões e teatros lisboetas são literalmente invadidos pelos Lunduns e Modinhas brasileiros, a que em breve se juntará o Fado - tudo isto com grande espanto dos
viajantes estrangeiros, que encaram este hibridismo cultural como um simples fenómeno de decadência. Estas manifestações de cruzamento que chegam ao Reino são, por sua vez, a consequência dos processos de interacção cultural que têm lugar nas próprias colónias e que produzem localmente novos géneros de fusão na Música e na Dança que alargam, também aí, o espectro das práticas artísticas tradicionais das populações indígenas. E o que é de sublinhar é que estas trocas se processam não só ao nível das Músicas eruditas como atravessam também todo o espectro social - não há sector das sociedades coloniais do Império português que não seja tocado nas suas práticas e expressões artísticas por esta interacção. Não admira, pois, que, muito para lá do fim da experiência colonial portuguesa, o espaço da lusofonia se continue a revelar um território tão fértil em expressões interculturais que dão testemunho desse convívio e desafio mútuo multi-seculares entre modelos vindos dos vários continentes, cujos resultados permanecem como práticas vivas nas tradições populares de cada região. O que o Sete Lágrimas nos propõe mais uma vez é uma viagem por repertórios escritos e orais, mais próximos ou mais remotos, de teor ora mais erudito ora mais popular, que reflectem esta vivência de seis séculos de partilhas artísticas intensas num mundo interligado pela primeira vez pelas caravelas portuguesas e marcado no decurso desse tempo longo por luzes e sombras, dores e alegrias, violência e paixão de que a Música dá testemunho. Rui Vieira Nery, Musicólogo, Universidade Nova de Lisboa/INET-md/Instituto de Etnomusicologia EN The great Portuguese navigations of the sixteenth and seventeenth centuries and the process of 29
colonial expansion that followed them opened new paths for comunication and cultural exchange between Europe and the world, in which Portugal was undisputedly a pioneer. This was not - it should be stressed unequivocally - an idyllic and harmonious process of intercultural dialogue: it was characterized, as were all colonialisms in all eras of the History of Mankind, by violence, military agression, territorial occupation, economic exploitation, slave trade and religious intolerance. But on the other hand, it soon demonstrated on the part of the Portuguese colonizers a strong curiosity about cultural differences, which differs from the hermetic nature of the civilizational matrix of other, later, European imperialisms, such as the French, the Dutch and particularly the British. The high rate of ethnic integration which defined from a very early stage the Portuguese colonial societies - a consequence, of course, of the limited presence of European women in the first expeditions, but also a sign of a desire less restrained by racial prejudice - was accompanied by a clear desire to taste local cuisines with their exotic ingredients, by a fascination with the decorative motives of tapestries, ceramics and porcelain from each region, by the temptation to try out songs and dances with different, seductive rhythms and melodies. Portuguese colonial domination tried to impose on each dominated territory the matrix of the artistic and cultural practices of the Kingdom, particularly those associated with Christianity, not only knew how to adapt that matrix to locally available materials but did not hesitate to incorporate in it many of the elements of the artistic expressions found in each land and continent. Of all the European colonial powers, Portugal was undoubtedly the one in whose Culture there was a higher degree of integration of Asian, African and South-American influences, and the Portuguese colonial empire thus became a space of 30
intense circulation, interaction and fusion of cultural models. This predisposition towards intercultural crossover was already part of the very essence of Iberian Cultures, as the result of several centuries of successive processes of fusion, first between Celtic and Greco-Roman models, and later between Christian, Arabic and Hebrew ones. The experience of cultural miscegenation was, ultimately, part of our genetic civilizational heritage and maritime expansion merely widened the gamut of potential ingredients for it. In any case, both in mainland Portugal and in the various Portuguese colonies, we witness, soon after the arrival of the Portuguese, the development of hybrid artistic practices reflecting an intense dialogue, at the grassroots level, between the various cultures presentee - a dialogue always, inevitably, shaped by the hierarchy of colonial Power but surprisingly open to exchanges and to mutual learning. Thus, in the field of Music, for instance, we find already in the sixteenth and seventeenth centuries Amerindian and Afro-Brazilian rhythms, just as in the eighteenth and nineteenth centuries the Lisbon theatres and salons were literally invaded by the Brazilian Lunduns and Modinhas, soon to be joined by Fado, to the great amazement of foreign travellers who looked upon this cultural interaction as a mere sign of decadence. These examples of crossover that reached the Kingdom were, on the other hand, the consequence of the processes of cultural interaction taking place in the colonies themselves, where they produced new fusion genres in Music and Dance and enlarged the spectrum of the traditional artistic practices of the local populations. And it must be stressed that these exchanges took place not only on the level of “erudite� Music but affect all social strata - there is not a single sector of the colonial societies of the Portuguese Empire that was not touched in its artistic practices
and expressions by this interaction. Is not surprising, therefore, that long after the end of the Portuguese colonial experience the Portuguese-speaking world remains such a fertile territory for intercultural expressions which bear testimony to the centuries-long contact and mutual challenge between models originating in different continents, and which remain as living practices in the popular traditions of each region. What Sete Lágrimas presents offers us again, in this second album within the their Diaspora project, is a voyage through written and oral repertories, both recent and remote and both high and lowbrow which reflect this historical experience of six centuries of intense artistic sharing in a world connected for the first time by the Portuguese ships and characterized throughout this long period by light and shade, pain and joy, violence and passion, all of which can be found in this Music. (in CD “Terra”/Sete Lágrimas (MU0110/2011)/Translation: Ivan Moody) Rui Vieira Nery, Musicologist, Universidade Nova de Lisboa/ INET-md/Instituto de Etnomusicologia PT Para lá de caravelas e de Boa-Esperança a relação de Portugal com o mundo nasce de uma vontade de mudança... Com a expansão portuguesa do século XV inicia-se um período de aculturação e miscigenação que influencia mutuamente as práticas musicais dos países dos Descobrimentos e de Portugal e muda a configuração do nosso “ADN” colectivo para sempre... O projecto Diáspora conta com três títulos: “Diaspora. pt” (2008), “Terra” (2011) e “Península” (2012) e mergulha nos géneros e formas musicais dos cinco continentes de ontem e de hoje, arriscando novas fórmulas interpretativas de repertórios populares e eruditos do século XVI ao século XX, do vilancico ibérico ao fado, dos vilancicos “negros” do século XVI/ XVII ao “chorinho” brasileiro, passando pelas “mornas”
africanas e pelas canções tradicionais de Timor, Macau, Índia, Brasil, etc... Uma vertigem experimental pela viagem, caminho, peregrinação, terra, água, saudade e pelo que ficou hoje depois de todos os ontem... Filipe Faria EN Besides caravels and the Cape of Good Hope, Portugal’s relationship with the world was born from a thirst for change. The Portuguese expansion of the fifteenth-century marked the start of a period of acculturation and miscegenation that mutually influenced the musical practices of the countries of the Discoveries and Portugal and changed the configuration of their collective DNA forever. Comprising three titles – ‘Diaspora.pt’ (2008), ‘Terra’ (2011) and ‘Península’ (2012) – the Diáspora project dips into the past and present of genres and musical forms associated with five continents, exploring new interpretive formulas employed in popular and classical music from the sixteenth to the twenty centuries, from the Iberian villancico to fado, the ‘black’ villancicos of the sixteenth and seventeenth centuries, the Brazilian chorinho, African mornas and the traditional songs of Timor, Macau, India and Brazil, among other countries. An experimental frenzy inspired by journeys, paths, pilgrimages, land, water, homesickness and what remains today of all the days gone by. Filipe Faria
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SETE LÁGRIMAS PT Fundado em Lisboa, em 1999, por Filipe Faria e Sérgio Peixoto, Sete Lágrimas assume o nome da inovadora colecção de danças do compositor renascentista John Dowland (1563-1626) publicadas por John Windet em 1604 quando o compositor era alaudista de Cristiano IV da Dinamarca. Profundamente dedicados aos diálogos da música antiga com a contemporaneidade bem como da música erudita com as tradições seculares, Sete Lágrimas juntam músicos de diferentes horizontes musicais em torno de projectos conceptuais animados tanto por profundas investigações musicológicas como por processos de inovação, irreverência e criatividade em torno dos sons, instrumentário e memórias da música antiga. Nestes projectos são identificáveis os diálogos entre a música erudita e a popular, entre a música antiga e a contemporânea e entre a secular diáspora portuguesa dos descobrimentos e o eixo latino mediterrânico convertidos em som através tanto da fiel interpretação dos cânones interpretativos da música antiga como de uma aproximação a elementos definidores da música tradicional ou do jazz. Desde a sua fundação, o grupo desenvolve uma intensa actividade concertística de mais de trezentos e cinquenta concertos em doze países da Europa e Ásia, de onde se destacam: Portugal (Centro Cultural de Belém 2009-2019, Fundação Calouste Gulbenkian 2008/2015, Festival Terras sem Sombra 2003-2010 [como ensemble residente], Encontros de Música Antiga de Loulé 2006/2015, Festival de São Roque 2008/2009/2012/2016-2019, Museu de Aveiro 2010/2012, Festival das Artes de Coimbra 2011/2018, Festival dos Capuchos 2012, Festival Internacional de Música da Madeira 2010, Festival Internacional 32
de Música dos Açores 2010, Festival Fora do Lugar 2012/2015, Festival de Leiria 2011/2013, Festival de Almada 2013, Memórias Musicais de um Palácio 2017, Festival Todos 2016, Comemorações 500 anos da morte de João Roiz 2015, Festival Internacional de Música de Espinho 2017, Fundação Oriente 2017/2018, Mosteiro da Batalha 2018/2019, Quartel das Artes 2019, Teatro Viriato 2019), Bulgária (Sliven 2011), Itália (Ravenna 2011, Festival Internazionale W. A. Mozart a Rovereto 2012), Malta (BirguFest 2011), Espanha (Festival de Música Antigua de Gijón 2010, Festival de Música Antigua de Úbeda y Baeza 2011, Museo Nacional de Valladolid 2011/2013/2018, Fundación Juan March/Madrid 2012, Villaviciosa 2012, Abulensis Festival Internacional de Musica 2012, Teatro Zorilla/ Valladolid 2018…), China (Macau Internacional Music Festival 2011), Suécia (Stockholm Early Music Festival 2012), França (Festival Baroque de Sablé 2012, Opera de Lille 2013), Bélgica (Gent Festival van Vlaanderen 2012, Flemish Opera/Gent 2013, Bozar/Bruxelles 2013, Music Center DeBijloke/Gent 2015), Noruega (Stavanger Konzerthus 2013), República Checa (Prague Early Music Festival 2014), Luxemburgo (Philharmonie Luxembourg/Salle de Musique de Chambre 2014, 2018, 2019), etc... Sete Lágrimas chama, regularmente, aos seus projectos, músicos convidados das áreas da música antiga como María Cristina Kiehr (Argentina), Zsuzsi Tóth (Hungria) ou Ana Quintans (Portugal) e da música tradicional, jazz e do mundo como Mayra Andrade (Cabo Verde), António Zambujo (Portugal) ou Adufeiras de Monsanto (Portugal). No contexto dos projectos de diálogo entre a música antiga e a contemporânea “Kleine Musik” (MU0102/2008), “Silêncio” (MU0106/2009) e “Vento” (MU0108/2010), Sete Lágrimas estreia obras, especialmente dedicadas ao consort, dos
compositores Ivan Moody (Inglaterra), João Madureira (Portugal), Andrew Smith (Noruega) e Christopher Bochmann (Inglaterra). Em 2011 Sete Lágrimas apresentou, em estreia mundial, no Festival das Artes de Coimbra, a encomenda da obra “Lamento” ao escritor José Luís Peixoto, vencedor do Prémio Literário José Saramago, e ao compositor João Madureira. Em Portugal como no estrangeiro, as temporadas de concertos e a sua extensa discografia é elogiada pela crítica e pelo público. Os seus doze títulos - ‘Lachrimæ #1‘ (MU0101/2007), ‘Kleine Musik‘ (MU0102/2008), ‘Diaspora.pt: Diáspora, vol.1‘ (MU0103/2008), ‘Silêncio‘ (MU0106/2009), ‘Pedra Irregular‘ (MU0107/2010), ‘Vento‘ (MU0108/2010) ‘Terra: Diáspora, vol.2‘ (MU0110/2011), ‘En tus brazos una noche‘ (MU0109/2012), ‘Península: Diáspora. vol.3‘ (MU011/2013), ‘Cantiga‘ (MU0113/2014), ‘Missa Mínima‘ (MU0116/2016) e o poema gráfico com texto e ilustrações de Filipe Faria e música de Sete Lágrimas ‘Um dia normal‘ (Livro + CD MU0116/2015) - recebem frequentemente o número máximo de estrelas (5 em 5), Escolha do Editor, Melhor do Ano, etc, nos principais jornais, rádios e revistas de Portugal. Internacionalmente destacam-se as críticas discográficas na International Record Review, Doce Notas, Goldberg, etc.. ou as críticas aos concertos na Europa e na Ásia. Em 2008, 2011 e 2012 os três títulos do projecto Diáspora atingem o primeiro lugar do TOP de vendas das lojas FNAC. Em 2010, “Diaspora.pt” foi eleito no “Guia da Música Clássica” da mesma cadeia de lojas como “Discografia Essencial” e a carreira do Sete Lágrimas destacada na publicação “Alma Lusitana” (FNAC). Em 2011/2012 Sete Lágrimas é convidado para assumir o estatuto de Ensemble Associado da Temporada
do Centro Cultural de Belém (CCB/Lisboa) tendo apresentado o “Tríptico da Terra” em três concertos esgotados. A convite da rádio clássica RDP Antena 2 Sete Lágrimas foi, em 2014, o representante português no projecto europeu da UER/EBU Union Européenne de Radio-Télévision - EURORADIO Christmas Folk Music Project - emitido em 30 rádios de 28 países como a BBC Radio 3 ou a France Musique. A sua discografia integra regularmente as playlists das rádios clássicas de vários países europeus como Espanha (RNE Rádio Clásica), Inglaterra (BBC Radio 3), República Checa (Ceský Rozhlas/Czech National Radio), Bósnia (Radio Beograd), Portugal (Antena 2/ TSF/Antena 1...), etc... A Temporada 2018/2019 iniciou-se com o projecto de criação “Les Explorateurs”, a convite da Philharmonie Luxembourg e do Director Artístico, Pascal Sticklies, com 18 récitas esgotadas em Setembro/Outubro de 2018, com a produtora Aline Bourguignon (França), o encenador Benjamin Prins (França), a dramaturga Pénélope Driant (França), a cenógrafa e figurinista Nina Ball (Áustria), o actor/bailarino Jan Bastel (Alemanha) e o bailarino Nestor Kouame Dit Solvis (Costa do Marfim). Em Setembro do mesmo ano Sete Lágrimas apresentou-se no Grande Auditório da Philharmonie Luxembourg num concerto integrado no Festival Atlântico. No contexto das comemorações dos 20 anos de carreira a Arte das Musas edita o livro “7/20 - Sete Lágrimas, Vinte Anos”., com o apoio do Ministério da Cultura, da Direcção-Geral das Artes e do Município de Idanha-a-Nova - UNESCO Creative City of Music. Na Temporada 2019/2020 Sete Lágrimas apresenta-se, entre outros, no Centro Cultural de Belém, Sé de Idanha-a-Velha, Festival de S. Roque, Mosteiro da Batalha e, pela primeira vez, na Sala Suggia da Casa da Música (Porto). Em 2019 desenvolve a criação e 33
apresentação pública, em 15 récitas, do Episódio 2 de “Les Explorateurs” - La Princesse Mystérieuse - a convite da Philharmonie Luxembourg com o encenador Benjamin Prins (França), a assistente de direcção Pénélope Driant (França), a cenógrafa e figurinista Nina Ball (Áustria), o actor/bailarino Jan Bastel (Alemanha), a coreógrafa Sabine Novel (França), a bailarina Winnie Dias (Brasil) e o actor Alexandre Martin-Varoy (França). Sete Lágrimas conta com o apoio do Ministério da Cultura (Governo de Portugal) e da Direcção-Geral das Artes desde 2003. É representado pela produtora Arte das Musas e editado pela etiqueta MU/Arte das Musas. EN Founded in 1999 by Filipe Faria and Sérgio Peixoto, Sete Lágrimas takes its name from the innovative collection of dances by the renaissance composer John Dowland (1563-1626) that were published by John Windet in 1604, when the composer was employed as lutenist to Christian IV of Denmark. Intensely focused on dialogues between early and contemporary music and classical music with centuries-old traditions, Sete Lágrimas brings together musicians from different musical backgrounds around conceptual projects fuelled both by in-depth musicological research and innovative, irreverent and creative processes centred on sounds, instrumentation and memories of early music. In these projects, it is possible to identify dialogues between classical and popular music, between early and contemporary music, and between the age-old Portuguese Diaspora of the Discoveries and the Mediterranean Latin axis. These dialogues are converted into sound through a faithful reading of the interpretative principles of early music and a distinctive approach to the defining elements of folk music and jazz. 34
Since its inception, the group has maintained an intense performance schedule, playing over 350 concerts in twelve countries around Europe and Asia, including the following: Portugal (Centro Cultural de Belém 2009-2019, Calouste Gulbenkian Foundation 2008/2015, Festival Terras sem Sombra 2003-2010 [as the resident ensemble], Encontros de Música Antiga de Loulé 2006/2015, São Roque Festival 2008/2009/2012/2016-2019), Aveiro Museum 2010/2012, Coimbra Arts Festival 2011/2018, Festival dos Capuchos 2012, Madeira International Music Festival 2010, Azores International Music Festival 2010, Festival Fora do Lugar 2012/2015, Festival de Leiria 2011/2013, Festival de Almada 2013, Memórias Musicais de um Palácio 2017, Festival Todos 2016, Commemorations on the 500th anniversary of the death of João Roiz 2015, Espinho International Music Festival. 2017, Fundação Oriente 2017/2018, Mosteiro da Batalha 2018/2019, Quartel das Artes 2019, Teatro Viriato 2019…), Bulgaria (Sliven 2011), Italy (Ravenna 2011, Festival Internazionale W. A. Mozart a Rovereto 2012), Malta (BirguFest 2011), Spain (Gijón Early Music Festival 2010, Úbeda and Baeza Early Music Festival 2011, National Museum of Valladolid 2011/2013/2018, Fundación Juan March/Madrid 2012, Villaviciosa 2012, Abulensis International Music Festival 2012, Teatro Zorilla/Valladolid 2018…), China (Macau International Music Festival 2011), Sweden (Stockholm Early Music Festival 2012), France (Festival Baroque de Sablé 2012, Opera de Lille 2013), Belgium (Gent Festival van Vaanderen 2012, Flemish Opera/Gent 2013, Bozar/ Brussels 2013, DeBijloke Music Centre 2015), Norway (Stavanger Konzerthus 2013), Czech Republic (Prague Early Music Festival 2014), Luxembourg (Philharmonie Luxembourg/Salle de Musique de Chambre 2014, 2018, 2019)… Sete Lágrimas regularly invites guest musicians working in different areas of early music
to participate in its projects. To date, these musicians have included María Cristina Kiehr (Argentina), Zsuzsi Tóth (Hungary) and Ana Quintans (Portugal). The group has also worked with folk, jazz and worldmusic musicians such as Mayra Andrade (Cabo Verde), António Zambujo (Portugal) and Adufeiras de Monsanto (Portugal). Projects involving dialogues between early and contemporary music include ‘Kleine Musik’ (MU0102/2008), ‘Silêncio’ (MU0106/2009) and ‘Vento’ (MU0108/2010). For these projects, Sete Lágrimas premiered works written specially for the consort by the composers Ivan Moody (England), João Madureira (Portugal), Andrew Smith (Norway) and Christopher Bochmann (England). All of these works were commissioned by the production company Arte das Musas which is directed by Filipe Faria. At the Coimbra Arts Festival in 2011, Sete Lágrimas performed the world première of the work ‘Lamento’, which was commissioned from the writer José Luís Peixoto, winner of the José Saramago Literary Prize, and the composer João Madureira. In Portugal and abroad, the ensemble’s concerts and extensive discography have consistently won the praise of both critics and the public. Their twelve releases – ‘Lachrimæ #1’ (MU0101/2007), ‘Kleine Musik’ (MU0102/2008), ‘Diaspora.pt: Diáspora, vol.1’ (MU0103/2008), ‘Silêncio’ (MU0106/2009), ‘Pedra Irregular’ (MU0107/2010), ‘Vento’ (MU0108/2010) ‘Terra: Diáspora, vol.2’ (MU0110/2011), ‘En tus brazos una noche’ (MU0109/2012), ‘Península: Diáspora. vol.3’ (MU011/2013), ‘Cantiga’ (MU0113/2014), ‘Missa Mínima‘ (MU0116/2016) and ‘Um dia normal’ (Book + CD MU0116/2015), a graphic poem with text and illustrations by Filipe Faria and music by Sete Lágrimas, often receive the maximum number of stars (5 out of 5) and are selected as the Editor’s Choice,
the Best Recording of the Year etc. by Portugal’s leading newspapers, radio shows and magazines. Internationally, mention must be made of the reviews of their recordings published in the International Record Review, Doce Notas, Goldberg etc. and the reviews of their concerts in Europe and Asia. In 2008, 2011 and 2012, the three releases comprising the Diáspora project were the best-selling titles in FNAC shops. In 2010, Diaspora.pt was named an ‘Essential Recording’ in the Classical Music Guide published by the same chain of shops and Sete Lágrimas’ trajectory to date was profiled in the publication ‘Alma Lusitana’ (FNAC). In 2011/2012, Sete Lágrimas were invited to be the Associated Ensemble of the Season by the Centro Cultural de Belém (CCB/Lisbon), performing ‘Tríptico da Terra’ at three sold-out concerts. In 2014, at the invitation of the classical radio station RDP Antena 2, Sete Lágrimas represented Portugal in the EURORADIO Christmas Folk Music Project organised by the European Broadcasting Union. The project was broadcast on 30 radio stations in 28 countries, including BBC Radio 3 and France Musique. Their discography is regularly included on the playlists of classical radio stations in several European countries, including Spain (RNE Rádio Clásica), the UK (BBC Radio 3), the Czech Republic (Ceský rozhlas/ Czech National Radio), Bosnia (Radio Beograd) and Portugal (Antena 2/TSF/Antena 1). The 2018/2019 season began with the creative project ‘Les Explorateurs,’ at the invitation of the Philharmonie Luxembourg and Artistic Director Pascal Sticklies, with 18 sold-out performances during September/October, with producer Aline Bourguignon (France), stage director Benjamin Prins (France), playwright Pénélope Driant (France), set and costume designer Nina Ball (Austria), actor/dancer Jan Bastel (Germany) and 35
dancer Nestor Kouame Dit Solvis (Ivory Coast). In September of the same year, Sete Lágrimas performed a concert as part of the ‘Atlântico’ Festival in the Philharmonie Luxembourg’s Grand Auditorium. To commemorate the group’s 20th anniversary, Arte das Musas is publishing the book ‘7/20 - Sete Lágrimas, Vinte Anos,’ with the support of the Ministry of Culture, the Directorate-General for the Arts and the Municipality of Idanha-a-Nova - UNESCO Creative City of Music. During the 2019/2020 season, Sete Lágrimas is performing at the Centro Cultural de Belém, the Cathedral of Idanha-a-Velha, Festival de S. Roque and Batalha Monastery, among others, and, for the first time, in Sala Suggia at Casa da Música (Porto). In 2019, the group is working on creating and presenting to the public, in 15 performances, Episode 2 of ‘Les Explorateurs’ — The Mysterious Princess — at the invitation of the Philharmonie Luxembourg, with stage director Benjamin Prins (France), collaborator at the staging Pénélope Driant (France), set and costume designer Nina Ball (Austria), actor/dancer Jan Bastel (Germany), dancer Winnie Dias (Brazil), choreographer Sabine Novel (France) and actor Alexandre MartinVaroy (France). Since 2003, Sete Lágrimas have been sponsored by the Ministry of Culture (Portuguese Government) and the Directorate General for the Arts. The ensemble is represented by the Arte das Musas production company and published by the MU/Arte das Musas record label.
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IMPRENSA_PRESS EN The programme ‘Diaspora’ gave us a magnificent view on a varied repertoire of traditional local music from different countries and exchanges (fusion) with the portuguese motherland. A full house witnessed an very balanced ensemble, with 2 male voices in sparkling harmony with the instruments. The musicians and singers revealed each on their own way the highest level of skill and creative artistic talent. The ovation at the end was more than deserved. A touching adventure for the audience and the organizer. Frank Pauwels, head artistic planning, Muziekcentrum de Bijloke Gent, Belgium 2017
Un tour du monde musical avec un prestigieux ensemble portugais. Festival Big Bang, BOZAR, Bélgica_Belgium 2013
FR
PT As múltiplas intersecções atingem uma coalescência delicadamente poderosa. EN The multiple intersections blaze up into a delicately powerful coalescence. Robert Levett, International Record Review, Inglaterra_England 2009 PT Filipe Faria e Sérgio Peixoto interpretaram as canções com habilidade, humor e fervor... EN Filipe Faria and Sérgio Peixoto performed the songs with skill, humor and fervor... Aftonbladet, Suécia_ Sweden 2012 PT Sala Luís de Freitas Branco cheia para ouvir o ensemble Sete Lágrimas “desembrulhar” o programa “Quantas Sabedes Amar Amigo” (...) Grande versatilidade explorada ainda pelas sempre diferentes opções interpretativas: solo ou dueto vocal, acompanhamento desde o tutti até um só instrumento,
solos ou ritornelos instrumentais, sendo que da parte dos próprios cantores (articulando-se bem com o trabalho de luz) também a postura física era muito variável, desde o mais recolhido até arranhar o “gingão”. Tudo isso contribuiu para um concerto com um ritmo decerto compassado, mas sempre cativante, que terminou bem para além da hora prevista. Em extra, uma canção de embalar japonesa que os Sete Lágrimas fizeram pela primeira vez ao vivo. Bernardo Mariano, Diário de Notícias, 2017 PT Um disco do Sete Lágrimas é, em qualquer parte e qualquer tempo, um evento. (...) A inovação mora aqui! EN A Sete Lágrimas recording is an event, no matter where or when it is heard. (...) Innovation is the key word! Jorge Calado, Semanário Expresso *****, 2012 PT O resultado é pura beleza, feita de saber e simplicidade. (...) A surpreendente frescura do resultado conquistou o público, e clama por uma gravação. EN The result is pure beauty, made up of knowledge and simplicity. The surpising freshness of the result won over audiences and cried out to be recorded. Manuel Pedro Ferreira, Jornal Público *****, Concert Review, 2012 PT Com dois tenores perfeitamente afinados, apresentaram uma es- pécie de cavalgada... EN With two perfectly attuned tenors, they presented a kind of cavalcade... Svenska Dagbladet, Suécia Sweden 2012 PT O ensemble português Sete Lágrimas literalmente espantou um público entusiasmado em Troja [Praga] preso à sua dança de fogo como melodias de colónias portuguesas e espanholas da América do Sul e África. EN Portuguese ensemble Sete Lágrimas literally astounded the enthusiastic audience in Troja
[Prague] caught in their fiery dance like melodies from Portuguese and Spanish colonies of South America and Africa. Vladimír Rí, Novinky, Rep. Checa_Czech Republic 2014 PT O mais importante foi, talvez, a genuína alegria com que todas as peças do programa foram tocadas e cantadas. Ambos foram excelentes toda a noite e o público entusiástico recompensou s artistas com um estrondoso aplauso e pediu dois encores. EN Most important was perhaps the genuine joy with which every pieces on the programme was played and sung. Both were excellent throughout the night and the excited audience rewarded the performers with a thunderous applause and asked for two encores. Lukás Vytlacil, Opera PLUS *****, Rep. Checa_Czech Republic 2014 EN (...) we know by now that Sete Lágrimas rewrites and reorchastrates every piece they touch. (...) Something is strange here. (...) The cathedral building process has started. (...) Our bodies reflect on this amount of harmony with a strong shiver. (...) And finally this monotony elevates the whole structure and opens up a new path that is leading us out of the realm of words. (...) Each track has its own atmosphere. (...) A very strong spirituality is lingering around in this performance. (...) Can this genre convey the metaphysics of love in music? It truly can. I think it’s one of the most serious music that I have ever heard. (...) Well, right now it seems that in the musical casino Sete Lagrimas bet not only on the right colour but even on the right number. They bet on my number for sure. (...) Because this music is way beyond numbers. Absolutely, strongly recommended. Péter Kirali in Classical Music Compass, Crítica_Review, Hungria_ Hungary 2017 Translated by Szirmay Katalin 37
ALTERNA_ TIVE HISTORY QUARTET AMORES PASADOS | DE DOWLAND A STING_ FROM DOWLAND TO STING PT Amores Pasados não pretende ser um projecto de fusão – em vez disso, as peças aqui reunidas são oriundas de vários períodos musicais de forma a mostrar que “uma canção pode ser apenas uma canção”. “As canções de três períodos distintos soam como se sempre tivessem pertencido ao mesmo conjunto”. E.J. Moeran e Philip Heseltine (também conhecido como Peter Warlock) eram companheiros de bebida e partilharam algum tempo uma casa na década de 1920, sensivelmente na época em que as peças de hoje à noite foram compostas. “River God’s Song” e “Under the Greenwood Tree” são da suite coral de Moeran “Songs of Springtime”, enquanto “Oh Fair Enough are Sky and Plain” começou por ser um dos muitos arranjos de A.E. Housman para voz e piano. Ambos os compositores foram atraídos pelo verso medieval e renascentista – “River God’s Song” e “Sleep” são da autoria de John Fletcher (1579-1625) – e Heseltine editou The Sackbut, uma das primeiras publicações sobre música antiga. Moeran, Dunhill e Pope estudaram no Royal College of Music, em Londres. Pope, que também era cantor e pianista, ganhou uma bolsa para trabalhar com Nadia Foto_Photo: Guy Carpenter
22.11 21:30 22.11.2019 21:30 Sexta-feira_Friday Idanha-a-Velha Antiga Sé Alternative History Quartet Inglaterra_England Suécia_Sweden Argentina EUA_USA John Potter tenor Anna Maria Friman soprano, violino de Hardanger_ Hardanger violin Ariel Abramovich alaúdes renascentistas/renaissance lutes Jacob Heringman alaúdes renascentistas/renaissance lutes
Lotação_Capacity 100 Duração_Duration +-60’ Entrada livre sujeita à lotação das salas. Por motivos de segurança a porta será encerrada assim que a lotação estiver preenchida. As portas abrem +-30‘ antes do início dos concertos._ Free entry subject to room capacity. For safety reasons, the door will be shut as soon as the room is full to capacity. Doors open +-30’ before the concerts start. 39
PROGRAMA_PROGRAMME Amores Pasados John Paul Jones (n.1946) Al son de los arroyuelos No dormía So ell encina River God’s song E.J. Moeran (1894-1950) Oh Fair enough are sky and plain Under the greenwood tree (William Shakespeare (1564-1616)) In nomine Picforth (c.1580) Oft have I sighed Thomas Campion (1567-1620) Corpus Christi Peter Warlock (1894-1930) Cradle Song John Paul Jones/William Blake (1757-1827) Like as the lute delights John Danyel (1564-c.1626) Ash and Snow Peter Erskine (n.1954) Pari Intervallo Arvo Pärt (n.1935) Bury me deep Sting (n.1951) Had I the heavens embroidered cloths Thomas Dunhill (1877-1946) That time of year Tony Banks (n. 1950)/W. Shakespeare
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Boulangier em Paris, onde os seus estudos foram interrompidos pela invasão alemã de 1940. Tendo sobrevivido à guerra, sucumbiu aos Irmãos de Plymouth, uma ordem cristã evangélica com pouca importância para a música, além de melodias de hinos entoadas com fervor. Embora tenha deixado o movimento em 1971, a sua carreira nunca recuperou e o músico deixou uma colecção substancial de músicas e canções corais inéditas que remontam à idade de ouro da música inglesa do início do século XX. Os três genuínos compositores renascentistas no programa são Thomas Campion (1567-1620), John Danyel (1564-1626) e o esquivo Mr. Picforth, todos eles poetas, cantores e tocadores de alaúde. O ideal renascentista de abraçar uma totalidade artística em vez de uma especialização em, digamos, composição, é essencialmente o que impulsiona os compositores ainda vivos incluídos no programa. Embora John Paul Jones seja mais conhecido como baixista dos Led Zeppelin, na sua adolescência era um organista de igreja e, na época pré-estrela de rock, fez arranjos para alguns dos músicos de pop mais bem-sucedidos dos anos 60 e 70. No mundo do jazz-rock, Peter Erskine é conhecido principalmente como percussionista dos Weather Report, mas tem também uma carreira de enorme sucesso como compositor de jazz e para cinema, além de uma parceria musical com a poeta Anne Hills, que produziu música para nós e para o Hilliard Ensemble. O teclista e compositor dos Genesis, Tony Banks, escreve actualmente música orquestral, assim como canções para o nosso ensemble. Como muitos compositores de rock, Banks estava habituado a conceber palavras e música simultaneamente e nunca tinha musicado um poema até que lhe pedimos que olhasse para Shakespeare e Campion. O próprio Sting gravou a música de John Dowland e
Peter Warlock. Homens da Renascença, todos eles. A excepção a toda esta mistura (ou, talvez, adulteração) da história é Arvo Pärt, mas, ao manter a prática renascentista, Pärt fica frequentemente satisfeito por fazer o arranjo das suas próprias obras para quem estiver disponível para tocá-las. “Pari Intervallo” foi originalmente concebida como uma peça para órgão, tendo surgido posteriormente sob muitas formas diferentes, e tem uma notável semelhança com “In Nomine” do desconhecido Mr. Picforth. A versão para dois alaúdes que ouvirá esta noite recebeu a bênção do compositor (“Toquem mais rápido...!”). EN Amores Pasados is not meant to be a crossover project -- instead, pieces are gathered here from various musical periods in order to show that “a song can just be a song”. “The songs from three distinct periods sound as though they had always belonged together”. E.J. Moeran and Philip Heseltine (aka Peter Warlock) were drinking buddies and briefly shared a house in the 1920s around the time tonight’s pieces were composed. River God’s Song and Under the Greenwood Tree are from Moeran’s choral suite Songs of Springtime, and Oh Fair enough are sky and Plain began life as one of his many settings of A.E. Housman for voice and piano. Both composers were drawn to medieval and renaissance verse - River God’s Song and Sleep are both by John Fletcher (1579-1625) - and Heseltine edited The Sackbut, one of the earliest early music journals. Moeran, Dunhill and Pope all studied at the Royal College of Music in London. Pope, who was also a singer and pianist, won a scholarship to work with Nadia Boulangier in Paris, where his studies were cut short by the German invasion of 1940. Having survived the war he succumbed to the Plymouth Brethren, an evangelical 41
Foto_Photo: Guy Carpenter
Christian order with little use for music beyond fervently delivered hymn tunes. Although he left the Brethren in 1971 his career never recovered and he left a substantial collection of unpublished choral music and songs which hark back to the golden age of earlier twentieth century English music. The three genuine renaissance composers in the programme are Thomas Campion (1567-1620), John Danyel (1564-1626) and the elusive Mr. Picforth, all of them poets, singers and lute players. The renaissance ideal of embracing an artistic totality rather than specialising in, say, composition, is very much what drives the living composers in the programme. Though John Paul Jones is better known as the bass guitarist of Led Zeppelin, in his teenage years he was a church organist and in his pre-rock star days was an arranger for some of the most successful pop musicians of the 1960s and 70s. In the jazz-rock world Peter Erskine is primarily known as the percussionist with Weather Report but also has a hugely successful career as a jazz and film composer, and has a musical partnership with the poet Anne Hills which has produced music both for us and the Hilliard Ensemble. The Genesis keyboardist and composer Tony Banks now writes orchestral music as well as songs for our ensemble. Like many rock composers he was used to devising words and music simultaneously and had never set a poem until we asked him to look at Shakespeare and Campion. Sting has himself recorded the music of John Dowland and Peter Warlock. Renaissance men, all. The exception to all this tempering of (or perhaps tampering with) history is Arvo Pärt, but in keeping with renaissance practice Pärt is often happy to arrange his own works for whoever is available to play them. Pari Intervallo was originally conceived as an organ piece, has subsequently appeared in many different guises and bears a striking similarity to the 44
In Nomine by the otherwise unknown Mr. Picforth. The version for two lutes that you will hear tonight has been given the composer’s blessing (‘Play it faster...!).
ALTERNATIVE HISTORY PT Alternative History reúne os cantores Anna Maria Friman e John Potter com os alaudistas Ariel Abramovich e Jacob Heringman num projecto que cria novos repertórios únicos a partir da prática performativa histórica. O seu álbum Secret History (ECM New Series 2119) segue a prática do século XVI de fazer o arranjo de música coral para vozes e alaúdes, e apresenta música sacra de Josquin Desprez e Victoria, como seria interpretada na Inglaterra do século XVII. Amores Pasados (ECM New Series 2441) leva o conceito para um universo paralelo onde o movimento da música antiga aconteceu na década de 1920, quando as canções e a música coral de Peter Warlock, EJ Moeran e seus contemporâneos são recriadas sob a forma de canções de alaúde que estes compositores nunca escreveram, mas podem ter ouvido nas suas cabeças. O que resulta é uma viagem pela imaginação, uma imagem sonora de uma história alternativa. A terceira vertente do projecto foca-se em música nova, encomendada, da autoria dos músicos de rock John Paul Jones (Led Zeppelin), Tony Banks (Genesis) e Sting, compositores que rivalizam com os seus antecessores renascentistas Dowland e Campion. Alternative History trabalha, igualmente, em duo e trio, trazendo uma nova perspectiva histórica a áreas-chave da música antiga. Ariel Abramovich e Jacob Heringman acabaram de lançar Cifras Imaginarias
(Outhere A428), música do século XVI para duas vihuelas. John Potter interpreta estes madrigais da “escola de diminuição” do início do século XVII ao estilo do jazz, com ambos os músicos, além de músicas antigas e novas com cada um. As actuações ao vivo dos músicos são eventos únicos e excepcionais e, por vezes, incluem actuações espontâneas com músicos convidados. Numa recente actuação do soneto de Shakespeare por Gavin Bryars, o próprio compositor emergiu da plateia para tocar o poslúdio ao piano. No Swaledale Festival, no Reino Unido, o director do festival e baixista de jazz Malcolm Creese juntou-se ao alinhamento, com o baixista dos Led Zeppelin, John Paul Jones, no bandolim. Este é um projecto de música antiga como nenhum outro... EN Alternative History brings together singers Anna Maria Friman and John Potter with lutenists Ariel Abramovich and Jacob Heringman in a project which creates unique new repertoires from historical performance practice. Their album Secret History (ECM New Series 2119), follows the 16th century practice of arranging choral music for voices and lutes, and features sacred music by Josquin Desprez and Victoria as it might have been performed in 17th century England. Amores Pasados (ECM New Series 2441) takes the concept into a parallel universe where the early music movement happened in the 1920s, when songs and choral music by Peter Warlock, E J Moeran and their contemporaries are re-imagined as the lute songs these composers never actually wrote but might have heard in their heads. What results is a journey into the imagination, a sound picture of an alternative history. The third strand to the project is newly commissioned music by rock musicians John Paul Jones (Led
Zeppelin), Tony Banks (Genesis) and Sting, songwriters who more than hold their own with their renaissance predecessors Dowland and Campion. Alternative History also work together as duos and trios, bringing a new historical perspective to key areas of early music. Ariel Abramovich and Jacob Heringman have just released Cifras Imaginarias (Outhere A428), 16th century music for 2 vihuelas, and John Potter performs the jazz-like early 17th century ‘division school’ madrigals with both players as well as old and new music with each of them. The musicians’ live performances are unique oneoff events and sometimes include spontaneous performances with guest musicians. At a recent performance of Gavin Bryars’ Shakespeare sonnet the composer himself emerged from the audience to play the postlude on piano. At the Swaledale Festival in the UK, festival director and jazz bassist Malcolm Creese joined the line-up, with Led Zeppelin bassist John Paul Jones on mandolin. This is an early music project like no other...
DR. JOHN POTTER PT Os vários colaboradores musicais de John Potter incluem os alaudistas Ariel Abramovich e Jacob Heringman, o Dowland Project com John Surman e Milos Valent, o compositor Ambrose Field e o Conductus Ensemble com os tenores Christopher O’Gorman e Rogers Covey-Crump. Escritor e estudioso, bem como cantor, Potter publicou quatro livros sobre canto e é um antigo “British Library Edison Fellow”. É Leitor Emérito de Música na Universidade de Iorque, tendo deixado a universidade em 2010 para se concentrar no seu portefólio de projectos freelance. 45
As suas actividades não performativas incluíram a publicação de artigos e trabalhos de pesquisa, a análise de teses de doutoramento na Europa e no Reino Unido e a formação a ensembles na Europa e nos EUA. A ecléctica experiência performativa de John Potter tem abrangido desde os primeiros concertos de obras de Berio, Stockhausen, James Dillon, Arvo Pärt, Gavin Bryars e Michael Finnissy até a vocais de apoio para Manfred Mann, Mike Oldfield e The Who (entre outros). Red Byrd, o grupo que Potter fundou com o baixista Richard Wistreich, gravou música muito diversa, desde Monteverdi (tanto no original como com guitarras eléctricas) a Leonin (3 álbuns para a Hyperion) e John Paul Jones (para a Factory Records). Foi um dos músicos que mais contribuiu para o projecto Officium do Hilliard Ensemble (pelo qual tem cinco discos de ouro) e, subsequentemente, desenvolveu muitas das ideias nos quatro álbuns do The Dowland Project para a ECM. Também produziu os três primeiros álbuns do ensemble escandinavo Trio Mediaeval na ECM. Os projectos actuais incluem os Alternative History, um ensemble com Anna Maria Friman, Ariel Abramovich e Jacob Heringman enraizado na performance do século XVII de polifonia renascentista (como no álbum Secret History da ECM), mas incluindo novas músicas para vozes e alaúdes da autoria de Sting, o teclista dos Genesis Tony Banks, o baixista dos Led Zeppelin John Paul Jones e compositores do início do século XX (como apresentado no álbum Amores Pasados da ECM). O ensemble Conductus lançou três CD na Hyperion e está a explorar novos repertórios do século XIV, e os programas de Potter com os tocadores de alaúde Ariel Abramovich e Jacob Heringman concentram-se nas margens mais distantes do renascimento e no 46
repertório de “diminuição” tipo jazz do século XVII – de Ford a Ferrari. EN John Potter’s multifarious musical collaborators include lutenists Ariel Abramovich and Jacob Heringman, the Dowland Project with John Surman and Milos Valent, the composer Ambrose Field and the Conductus Ensemble with fellow tenors Christopher O’Gorman and Rogers Covey-Crump. A writer and scholar as well as a singer, he has published four books on singing and is a former British Library Edison Fellow. He is Reader Emeritus in Music at the University of York, having left the university in 2010 to focus on his portfolio of freelance projects. His non-performing activities have included publishing articles and research papers, examining doctoral theses in Europe and the UK and coaching ensembles in Europe and the USA. John’s eclectic performing experience has ranged from first performances of works by Berio, Stockhausen, James Dillon, Arvo Pärt, Gavin Bryars and Michael Finnissy to backing vocals for Manfred Mann, Mike Oldfield and The Who (among others). Red Byrd, the group he founded with bass Richard Wistreich, recorded music as diverse as Monteverdi (both straight and with electric guitars), Leonin (3 albums for Hyperion) and John Paul Jones (for Factory Records). He was a major contributor to the Hilliard Ensemble’s Officium project (for which he has five gold discs), and subsequently developed many of the ideas in The Dowland Project’s four albums for ECM. He also produced the first three ECM albums by the Scandinavian Trio Mediaeval. Current projects include Alternative History, an ensemble with Anna Maria Friman, Ariel Abramovich and Jacob Heringman rooted in the 17th century performance of renaissance polyphony (as on the
ECM Secret History album) but including new music for voices & lutes by Sting, Genesis keyboardist Tony Banks, Led Zeppelin bassist John Paul Jones, and early twentieth century composers (as featured on the ECM recording Amores Pasados). The Conductus ensemble has released three CDs on Hyperion and is exploring new 14th century repertoires, and John’s programmes with lutenists Ariel Abramovich and Jacob Heringman focus on the farther shores of the renaissance and the jazz-like 17th century ‘division’ repertoire - from Ford to Ferrari.
com ensembles e artistas como Vox Clamantis, trio Tord Gustavsen, trio Mats Eilertsen, The Hilliard Ensemble, Birger Mistereggen (Folk Songs, ECM), Nils Økland, Sinikka Langeland Ensemble (The Magical Forest, ECM), Arve Henriksen (Rimur, ECM), Rolf Lislevand (Diminuito, ECM), Orquestra de Câmara da Noruega, Orquestra de Rádio da Noruega e Orquestra Filarmónica de Oslo. Anna apresenta-se frequentemente com John Potter, Ariel Abramovich e Jacob Heringman, o Ensemble Serikon e a duo com Arve Henriksen.
ANNA MARIA FRIMAN
EN Anna Maria Friman from Gothenburg, Sweden, studied singing at the Barratt Due Institute of Music in Oslo and at Trinity College of Music in London. In 2008 Anna completed a PhD at the University of York, where she researched the modern performance of medieval music by women. In addition to singing, she also plays the Hardanger fiddle and arranges music for her vocal ensemble Trio Mediaeval. The trio has collaborated with a multitude of contemporary composers including Anna Clyne, Helena Tulve, Gavin Bryars, Trygve Seim, Sungji Hong and Andrew Smith. As a result of a cooperation in 2005 with the New York based trio Bang on a Can (composers Michael Gordon, Julia Wolfe and David Lang) and MusikFabrik Cologne, the trio premiered Shelter, the group’s biggest multi-media contemporary music project to date. Julia Wolfe wrote a piece for them entitled Steel Hammer, and together with the Bang on a Can All-Stars, the trio premiered Steel Hammer in New York’s Carnegie Hall in November 2009 and recorded it in 2011. The trio has had the great fortune to collaborate with ensembles and artists such as Vox Clamantis, Tord Gustavsen trio, Mats Eilertsen trio, The Hilliard Ensemble, Birger Mistereggen (Folk Songs, ECM), Nils Økland, Sinikka Langeland
PT Anna Maria Friman de Gotemburgo, na Suécia, estudou canto no Instituto de Música Barratt Due, em Oslo, e no Trinity College of Music, em Londres. Em 2008, completou um doutoramento na Universidade de Iorque, onde pesquisou a execução moderna da música medieval por mulheres. Além de cantar, também toca violino de Hardanger e realiza arranjos musicais para o seu ensemble vocal Trio Mediaeval. O trio colaborou com uma infinidade de compositores contemporâneos, incluindo Anna Clyne, Helena Tulve, Gavin Bryars, Trygve Seim, Sungji Hong e Andrew Smith. Em resultado de uma colaboração em 2005 com o trio nova-iorquino Bang on a Can (compositores Michael Gordon, Julia Wolfe e David Lang) e MusikFabrik Cologne, o trio estreou Shelter, o maior projecto de música contemporânea multimédia do grupo até hoje. Julia Wolfe escreveu uma peça para eles intitulada “Steel Hammer”, e juntamente com o Bang on a Can All-Stars, o trio estreou “Steel Hammer” no Carnegie Hall de Nova Iorque, em novembro de 2009, tendo-a posteriormente gravado em 2011. O Trio tem tido a felicidade de colaborar
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Ensemble (The Magical Forest, ECM), Arve Henriksen (Rimur, ECM), Rolf Lislevand (Diminuito, ECM), The Norwegian Chamber Orchestra, The Norwegian Radio Orchestra and the Oslo Philharmonic Orchestra. Anna frequently performs with John Potter, Ariel Abramovich and Jacob Heringman, Ensemble Serikon and in duo format with Arve Henriksen.
ARIEL ABRAMOVICH Ariel Abramovich estudou alaúde e vihuela com Hopkinson Smith na Schola Cantorum Basiliensis e, posteriormente, em França, com Eugène Ferré. Em 1998, formou El Cortesano com o contratenor José Hernández-Pastor para explorar o repertório espanhol de vihuela e, em 2002, o duo lançou o primeiro álbum dedicado exclusivamente ao compositor de vihuela de Valladolid, Estevan Daça. Em 2009, lançaram um álbum dedicado a outro tocador de vihuela raramente ouvido, Diego Pisador, nascido em Salamanca. Em 2008, começou a trabalhar no repertório inglês de canções com alaúde dos séculos XVI e XVII com o tenor John Potter, e este duo tornou-se o catalisador para a gravação dos álbuns Amores Pasados e Secret History na ECM, com Anna Maria Friman e Jacob Heringman. O seu projecto Alternative History reimagina a polifonia renascentista sob a forma de canções de alaúde (como os músicos teriam feito nos séculos XVI e XVII) e encomendou novas obras aos músicos de rock John Paul Jones (Led Zeppelin), Tony Banks (Genesis) e Sting e aos músicos de jazz Peter Erskine e John Surman. Ariel e Jacob Heringman também lançaram Cifras Imaginarias, um álbum de intabulações para dois alaúdes, pela editora Arcana. PT
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Em 2013, Ariel formou o duo Armonía Concertada com a soprano Maria Cristina Kiehr, um projecto dedicado ao repertório ibérico do século XVI para voz e cordas dedilhadas e, recentemente, começou a trabalhar com o tenor Giovanni Cantarini nos primeiros textos musicais do Cinquecento italiano. Ariel também exerce a actividade de professor e ministrou masterclasses em Espanha, Alemanha, Brasil, Argentina, Estados Unidos, República Checa, Eslováquia, Colômbia, Equador e Uruguai. EN Ariel Abramovich studied lute and vihuela with Hopkinson Smith at the Schola Cantorum Basiliensis and subsequently in France with Eugène Ferré. In 1998 he formed El Cortesano with counter-tenor José Hernández-Pastor to explore the Spanish vihuela repertoire, and in 2002 the duo released the first album devoted solely to Valladolid vihuela composer Estevan Daça. In 2009 they released an album devoted to another rarely heard vihuelista, Salamanca-born Diego Pisador. In 2008 he began working on the 16th and 17th century English lute song repertoire with tenor John Potter, and this duo became the catalyst for the Amores Pasados and Secret History recordings on ECM with Anna Maria Friman and Jacob Heringman. Their Alternative History project re-imagines renaissance polyphony as lute song (as musicians would have done in the 16th and 17th centuries) and has commissioned new music from rock musicians John Paul Jones (Led Zeppelin), Tony Banks (Genesis) and Sting and the jazz musicians Peter Erskine and John Surman. Ariel and Jacob Heringman have also released Cifras Imaginarias, an album of intabulations for two lutes on Arcana. In 2013 Ariel formed the duo Armonía Concertada with soprano Maria Cristina Kiehr, a project dedicated to the 16th Century Iberian
repertoire for voice and plucked strings, and he has recently begun working with tenor Giovanni Cantarini on early musical texts from the Italian Cinquecento. Ariel is also active as a teacher and has given masterclasses in Spain, Germany, Brazil, Argentina, the US, the Czech Republic, Slovakia, Colombia, Ecuador and Uruguay.
JACOB HERINGMAN PT Jacob Heringman, alaudista nascido na América, fez da Inglaterra a sua casa desde 1987, onde se estabeleceu como solista, acompanhante de canções e músico de câmara. Jacob lançou vários CD a solo altamente aclamados de repertório de alaúde renascentista, incluindo recitais de Holborne, Bakfark, peças dos manuscritos de Jane Pickeringe e Siena e intabulações de Josquin. Enquanto acompanhante, Jacob tem tido a sorte de trabalhar regularmente com muitos cantores de excelência, incluindo Emma Kirkby, Barbara Bonney, Michael Chance, John Potter, Clare Wilkinson, Anna María Friman, Faye Newton e Catherine King. Os colaboradores habituais nos últimos anos incluem The City Musick, Theatre of the Ayre, Ariel Abramovich, Alternative History, Adel Salameh, Pellingmans’ Saraband e The Dowland Project. Jacob também marca presença em muitas bandas sonoras de filmes (incluindo, por exemplo, Harry Potter III, O Hobbit, Robin Hood e Wolf Hall) e, nos últimos anos, tem-se tornado cada vez mais activo na área de música improvisada e de fusão. Jacob ensina (e usa) a Técnica de Alexander. EN American-born lutenist Jacob Heringman has made his home in England since 1987, where he
has established himself as a leading soloist, song accompanist and chamber musician. Jacob has released several highly acclaimed solo CDs of renaissance lute repertoire, including recitals of Holborne, Bakfark, pieces from the Jane Pickeringe and Siena manuscripts, and intabulations of Josquin. As an accompanist, Jacob has had the good fortune to work regularly with many fine singers, including Emma Kirkby, Barbara Bonney, Michael Chance, John Potter, Clare Wilkinson, Anna Maria Friman, Faye Newton, and Catherine King. Regular collaborators in recent years include The City Musick, Theatre of the Ayre, Ariel Abramovich, Alternative History, Adel Salameh, Pellingmans' Saraband and The Dowland Project. Jacob also appears on many film soundtracks (including, for instance, Harry Potter III, The Hobbit, Robin Hood and Wolf Hall), and has in recent years become increasingly active in the area of improvised and crossover music. Jacob teaches (and uses) the Alexander Technique.
IMPRENSA_PRESS Um álbum luminoso da ECM... uma coisa adorável. A luminous ECM recording... a lovely thing. BBC Radio 3 CD Review PT
EN
PT O que impressiona é como todas as canções de tempos e locais tão diversos funcionam juntas num programa em que o presente e o passado se misturam artisticamente, com brilho. Tudo flui maravilhosamente, juntamente com os vocais de Potter, sendo que os de Anna Maria Friman se destacam pelo seu carácter artístico e sensível. As partes de alaúde e violino proporcionam-nos uma sensação de música antiga, mas é claro que as 49
estruturas melódicas diferem conforme o período. EN What amazes is how all the songs from such diverse times and places work together in a program where the present and the past commingle together artfully, glowingly. All flows beautifully together with Potter’s vocals and those of Ms. Friman standing out with sensitive artfulness, the lute and fiddle parts giving us an early music feel yet of course the melodic structures differing by period. Gapplegate, Classical-Modern Music Review PT Quer entoando as harmonias fechadas pungentemente belas em “No Dormia” de Jones ou navegando pelas mudanças harmónicas e rítmicas abundantes em “The Cypress Curtain of the Night” de Banks, Potter, Friman e os seus companheiros tocadores de alaúde demonstram ser colaboradores habilidosos e solidários. Com material tão uniformemente forte, é difícil escolher favoritos. Contudo, é evidente que Sting aprendeu muito sobre as ayres ao gravar Songs From the Labyrinth. A sua canção “Bury me deep in the greenwood” poderia passar por uma música de um dos contemporâneos de Dowland e é bastante comovente. EN Whether in tuning the achingly beautiful close part harmonies in Jones’s No Dormia or navigating the harmonic and rhythmic shifts found in abundance in Banks’s “The Cypress Curtain of the Night,” Potter, Friman, and their lutenist colleagues prove skilful and sympathetic collaborators... With material so uniformly strong, it is difficult to call out favorites. However, Sting clearly picked up a great deal about ayres when recording The Labyrinth. His Bury me deep in the greenwood could pass for a song by one of Dowland’s contemporaries: it is quite stirring. Christian Carey, Sequenza 21
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Foto_Photo: Guy Carpenter
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KAROLIINA 23.11 21:30 KANTELI_ NEN KARELIAN ECHOES_ECOS DA CARÉLIA | PAISAGENS E EMOÇÕES DA NATUREZA FINLANDESA-CARÉLIA_ LANDSCAPES AND EMOTIONS FROM FINNISH-KARELIAN NATURE PT Música folclórica tradicional finlandesa e carélia e novas composições contemporâneas de base folclórica da autoria de Karoliina Kantelinen.
23.11.2019 21:30 Sábado_Saturday Ladoeiro Saipol/Hortas d’Idanha
Karoliina Kantelinen Finlândia_Finland voz/voice, kantele, flautas de madeira_wooden flutes, tambor xamânico_shaman drum
EN Traditional Finnish and Karelian folk music and new contemporary folk-based compositions by Karoliina Kantelinen.
Lotação_Capacity 100 Duração_Duration +-60’ Entrada livre sujeita à lotação das salas. Por motivos de segurança a porta será encerrada assim que a lotação estiver preenchida. As portas abrem +-30‘ antes do início dos concertos._ Free entry subject to room capacity. For safety reasons, the door will be shut as soon as the room is full to capacity. Doors open +-30’ before the concerts start. Foto_Photo: A.J. Savolainen
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PROGRAMA_PROGRAMME 1. Soittelemma Soutusalmen Suorimaista (Yoik), Trad. Viena Karelia/Karoliina Kantelinen (K.K.) 2. Karon Joiku (Yoik de_of Karo), K.K. 3. Gatzi-Ma K.K. 4. Kaunis Katriina (Balada sobre a bonita Katriina_Ballad about beautiful Katriina), K.K. 5. Kehto (Berço_Cradle), K.K. 6. Um Lamento/A Lament Trad. Skolt Sámi/Lapónia/K.K. 7. Maan Maria (Mãe Terra Maria_Mother Earth Maria), Trad./K.K. 8. Poikien virsi (Yoik sobre cantar_Yoik about singing), Trad. Viena Karelia/K.K. 9. Yoik da viúva/Widow’s Yoik Trad. Viena Karelia/K.K. 10. Iänyeni (Feitiço do lobo_Wolf’s spell), K.K. 11. En mie huoli K.K./Jan Schulte-Tigges 12. Ellös huolta huomisesta (Não te preocupes com o amanhã_Don’t worry about tomorrow), K.K.
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1. PT Os antigos yoiks carélios falam principalmente de rapazes solteiros e do seu estilo de vida (comportamento inadequado). Este yoik foi cantado num lago. EN Old Karelian Yoiks tells mostly about unmarried boys and their (bad behavior) lifestyle. This yoik was sang on a lake. 2. PT Um yoik sobre uma rapariga encantada por um rapaz, os quais desejam casar-se. EN A yoik about a girl who is charmed by a boy and they are longing to get marry. 3. PT Uma música sobre uma rapariga que não aceita homem algum. Todos os rapazes da aldeia são bêbados ou feios. EN A song about girl who won’t take any man. All the boys from her village are either in drunk or ugly. 4. PT A bela Katriina procura um pretendente, mas não existe nenhum à altura. Um homem forte do norte deseja conquistar o coração de Katriina. Começa, então, a sua longa viagem para ver Katriina, mas o mar é mais poderoso do que o forte cavaleiro. EN Beautiful Katriina is longing for a suitor, but there is no suitable one. But a mighty man from the North wants to win Katriina’s heart. He starts his long travel to see Katriina, but the sea is stronger than the mighty knight. 5. PT Uma canção de embalar para uma criança falecida. A mãe canta para o filho para este voltar ao seu ventre. EN A Lullaby for a deceased child. The mother is singing to the child to come back on her womb.
EN In this song I got inspired by a skolt lament about longing to the lost land.
7. PT Uma oração para que a Mãe Terra cuide de nós. EN A prayer for Mother Earth to take care of us. 8. PT Esta canção caracteriza-se por uma verdadeira fusão. Podemos ouvir os diferentes componentes do yoik carélio, uma melodia de jouhikko (lira curvada) acompanhada de kantele EN This is a real crossover of a song. You can hear the different ingredients from Karelian yoik, a jouhikko (bowed lyre) melody accompanied with kantele. 9. PT Um yoik de mexerico sobre um rapaz que gosta de uma viúva. EN A gossip yoik about a boy who is fond of a widow. 10. PT Esta canção refere-se ao processo de encontrar uma voz própria. Ao mesmo tempo, é um feitiço para proteger os lobos dos caçadores. EN This song is about finding an own voice. In the same time it is a spell to protect the wolfs from hunters. 11. PT Canção sobre raparigas da aldeia que escolhem os rapazes mais bonitos. EN The song about village girls choosing the best looking boys. 12. PT Esta é uma canção para proteger de preocupações e tristeza. EN This is a song for empowering against worries and grief.
6. PT Nesta canção, inspirei-me num lamento escolto sobre as saudades da terra perdida. 55
KAROLIINA KANTELINEN PT Karoliina Kantelinen é cantora e etnomusicóloga especializada em diferentes estilos de canto étnico. Formas de cantar étnicas e bluegrass, bem como uma voz clássica e naturalmente expressiva, ressoam do mesmo instrumento. Com a sua voz inconfundível de ampla extensão vocal, é também conhecida por ser uma cantora cuja capacidade única abrange uma variedade de emoções, desde a angústia à sensibilidade compassiva. Como missão musical, Karoliina Kantelinen revitalizou e dominou a tradição perdida dos antigos yoiks e lamentos de Viena Karelia. Conhecida por desafiar as antigas ideias e conceitos relativos à interpretação de yoiks carélios, Kantelinen usa os estilos tradicionais fino-úgricos como inspiração para novas composições contemporâneas de base popular. Compõe, igualmente, para diversos ensembles. Kantelinen é uma doutorada recém-formada em Música pelo Departamento de Música Folclórica da Sibelius-Academy. Estudou igualmente canto clássico no conservatório de Nápoles e formou-se na Universidade de Helsínquia (Mestre em Musicologia). Karoliina Kantelinen tem uma longa carreira como solista, tendo realizado digressões a solo no Japão, Alemanha, Suíça, França, Bélgica, Espanha, Canadá, Sérvia e em muitos outros países. Em 2017 e 2018, Kantelinen apresentou-se com o grupo Värttinä no espectáculo Terra de Kalevala, na Ópera Nacional Finlandesa. Em 2013, realizou concertos nas Salas de Concertos e de Música de Câmara da Filarmónica de Berlim, com a sua composição sinfónica “Karelia Yoik” (Kantelinen-Kähler). No verão de 2010, foi escolhida 56
para representar a Finlândia no festival EBU, no âmbito do TFF Rudolstadt. Karoliina Kantelinen faz-se acompanhar por kanteles de 10 e 14 cordas e por diversas flautas tradicionais, que a própria toca. Karoliina também se apresenta com diferentes ensembles: a banda de música folclórica finlandesa Värttinä, famosa a nível mundial, Sudan Aika, Paul Taylor Orchestra (CH), Tipsy Gipsy, Set’akat, Duo Kantelinen & Ilkka Heinonen, Lukas Mantel Ensemble (CH), Ketsurat e muitos outros. A voz de Karoliina pode ser igualmente ouvida nas bandas sonoras de filmes (a maior parte delas compostas pelo seu irmão Tuomas Kantelinen): O Anjo da Guarda (2018), Rölli (2016), Parteira (2015), Häjyt, Mongol, Laço Rukajärven, O Ano do Lobo, Arn Tempelriddaren 1 e 2, Evocação da Terra, Filha de Yakuza e muitos mais. Além das suas actuações, dá aulas e workshops de canto popular, yoiks e lamentos carélios por todo o mundo. EN Karoliina Kantelinen is a singer and an ethnomusicologist who is specialized in different ethnic singing styles. Ethnic and bluegrass ways of singing as well as a classical and a bright natural voice comes from the same instrument. With her distinctive broad-ranged voice, she is also known as a singer whose unique ability spans a range of emotion from anguish to compassionate sensitivity. As a musical mission Karoliina Kantelinen has revitalized and mastered the lost tradition old Viena-Karelian yoiks and laments. Known for challenging the old established ideas and concepts of interpreting Karelian yoiks, Kantelinen uses the Finno-Ugrian traditional styles as her inspiration for new contemporary folk-based compositions. She composes also for different ensembles.
Kantelinen is a fresh graduated Doctor of Music from Sibelius-Academy’s Folk Music Department. Kantelinen has also studied classical singing in the conservatory of Naples and graduated from University of Helsinki (Master of Musicology). Karoliina Kantelinen has a long career as a soloists and she has got solo tours in Japan, Germany, Switzerland, France, Belgium, Spain, Canada, Serbia and in many other countries. During years 2017-2018 Kantelinen was performing with Värttinä singers in Finnish National Opera Land of Kalevala – spectacle. In 2013 she had concerts in the Berlin Philharmonic Concert and Chamber Halls with her composition “Karelia Yoik” – symphony (Kantelinen-Kähler). Summer 2010 she was chosen to represent Finland at EBU-festival, in TFF Rudolstadt. Karoliina Kantelinen accompanies herself with 10- and 14 -string kantele and with different traditional flutes. Karoliina performs also in different ensembles: the world wide known Finnish folk music band Värttinä, Suden Aika, Paul Taylor Orchestra (CH), Tipsy Gipsy, Set’akat, Duo Kantelinen & Ilkka Heinonen, Lukas Mantel Ensemble (CH) Ketsurat, and many more. Karoliina’s singing can be heard also in motion pictures (mostly composed by her brother Tuomas Kantelinen): The Guardian Angel (2018), Rölli (2016), Midwife (2015), Häjyt, Mongol, Rukajärven tie, The Year of the Wolf, Arn Tempelriddaren 1 & 2, Earth Evocation, Yakuza’s Daughter and many more. Besides performing, she also gives lectures and workshops all over the world in folk style singing, Karelian yoiks and laments.
IMPRENSA_PRESS PT Kantelinen canta o seu quotidiano de modo intenso, poético e divertido, mas pode também transformar a sua voz num furioso estridor primitivo. Trata-se de uma artista muito internacional. EN Kantelinen sings about her daily life in an intense, poetic and entertaining way, but can also transform her voice into a furious and primitive stridor. She is a truly international artist. In crítica_review, Hannu-Ilari Lampila, Helsingin Sanomat 2012 PT O canto [de Karoliina Kantelinen] é, ao mesmo tempo, poderoso e terno, convocando eruditas emoções. EN Karoliina Kantelinen’s singing is both powerful and tender, summoning up learned emotions. In crítica_review, Aargauer Zeitung 2015
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ENSEMBLE 29.11 ALLETTA_ 21:30 MENTO 29.11.2019 21:30 Sexta-feira_Friday
O TRIUNFO DO DIÁLOGO_THE TRIUMPH OF DIALOGUE MÚSICA PARA VIOLINO E VIOLONCELO NOS SÉCULOS XVII E XVIII_MUSIC FOR VIOLIN AND CELLO IN THE 17TH AND 18TH CENTURY
PT O Triunfo do diálogo é um convite para uma viagem através da evolução da música para violino e violoncelo nos séculos XVII e XVIII. Através do repertório musical proposto neste programa, os espectadores podem ver de que forma a comunicação entre os dois instrumentos mudou ao longo do tempo. No século XVII, o violino desempenhava o papel principal, enquanto o violoncelo era o acompanhamento e a linha de baixo, juntamente com o cravo. Contudo, esta não era a única maneira de se tocar nessa altura, existindo uma outra prática comum que envolvia o violoncelo isoladamente a tocar a linha de baixo figurada. Os violoncelistas tinham de ser altamente qualificados para conseguirem executar com competência as harmonias complexas e texturas polifónicas de diferentes obras. Uma das primeiras fontes que levanta a questão do acompanhamento no final do século XVII é “Arie, correnti […] per violino e violone o spinetta de G.M. Bononcini”, a primeira peça deste programa. Embora o compositor sugira que ambos os instrumentos devam tocar a linha de baixo, o autor afirma claramente no prefácio a sua preferência pelo violone enquanto instrumento de acompanhamento, na medida em que é “mais adequado e garante um melhor efeito”.
Toulões Junta de Freguesia
Ensemble Allettamento Espanha_Spain Mario Braña Gómez violino barroco_baroque violin Elsa Pidre Carballa violoncelo barroco_baroque cello
Lotação_Capacity 60 Duração_Duration +-60’ Entrada livre sujeita à lotação das salas. Por motivos de segurança a porta será encerrada assim que a lotação estiver preenchida. As portas abrem +-30‘ antes do início dos concertos._ Free entry subject to room capacity. For safety reasons, the door will be shut as soon as the room is full to capacity. Doors open +-30’ before the concerts start. 59
PROGRAMA_PROGRAMME Duo for violin and cello Op. 1 Nº 3(?) Giovanni Battista Cirri (1724-1808) Allegro Arie, correnti...per violino e violone o spinetta Op.4 (1671) Giovani Maria Bononcini (1642-1678) L´Anghisciola Sarabanda La Molza Sonata a violino e violone o cembalo Op.5 Nº 9 (1700) Arcangelo Corelli (1653-1713) Preludio Giga Adagio Tempo di gavotta Allettamento per camera, a violino, e violoncello, o cembalo Op.8 Nº 5 (1714) Giuseppe Valentini (1681-1753) Largo Presto Allettamento da camera a violino solo e violoncello en Sol M Op.3 Nº 2 (1740) Carlo Tessarini (1690-1766) Allegro Andante Presto Ricercare á violino e violoncello Nº 1 (?) Giovani Benedetto Platti (c. 1697-1763) Adagio Allegro Largo Allegro Duo for violin and cello Op. 12 Nº 4 (1770) Giovanni Battista Cirri Allegro con Brio Adagio Allegro
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Esta prática tornou-se ainda mais comum no século XVIII, quando encontramos vários exemplos de sonatas que incluem notas adicionais na parte do baixo que fazem muito sentido para um violoncelista, mas pouco para um cravista. O público ouvirá duas peças de A. Corelli e do seu aluno G. Valentini, tocadas dessa forma. Um novo estilo de diálogo entre o violino e o violoncelo surge em meados do século XVIII. O violoncelo abandona progressivamente o papel de acompanhamento e assume a sua própria identidade. O público terá a oportunidade de observar esta evolução em dois compositores contemporâneos, C. Tessarini e G.B. Platti. Com o compositor italiano G.B. Cirri, a música tornase mais homogénea entre estes dois instrumentos e, juntamente com o grande desenvolvimento técnico do violoncelo, o diálogo ficou, por fim, consolidado. EN The Triumph of dialogue is an invitation to a journey through the evolution of music for violin and cello in the 17th and 18th centuries. Through the musical repertoire proposed in this programme, listeners can see how the manner in which both instruments communicate has changed over time. In the 17th century, the violin played a leading role while the cello provided the accompaniment and bass line along with the harpsichord. This was not the only way to play in this period, however, with another common practice involving the cello alone playing the figured bass line. Cellists had to be highly skilled to be able to competently perform the complex harmonies and polyphonic textures of different works. One of the first sources that raises the question of accompaniment towards the end of the 17th century is the “Arie, correnti […] per violino e violone o spinetta de G.M. Bononcini”, the first piece
of this programme. Although the composer suggests that both instruments should play the bass line, in the preface, the author clearly states his preference for the violone as the accompanying instrument, since it is “more appropriate and gives a better effect”. This practice became even more common in the 18th century, when we find various examples of sonatas that contain additional notes in the bass part that make good sense to a cellist but little to a harpsichordist. Listeners will hear two pieces by A. Corelli and his pupil G. Valentini played in such a manner. A new style of dialogue between the violin and the cello appears by the mid-18th century. The cello progressively abandons the role of accompaniment and takes on its own identity. Listeners will observe this evolution in two contemporary composers, C. Tessarini and G.B. Platti. With the Italian composer G.B. Cirri, the music becomes more homogeneous between these two instruments and, together with the great technical development of the cello, the dialogue is finally consolidated.
ENSEMBLE ALLETTAMENTO PT O Ensemble Allettamento é um projecto do violinista Mario Braña e da violoncelista Elsa Pidre, nascido da união da longa experiência musical partilhada e do interesse pela Música Antiga. Depois de concluírem os seus mestrados em Interpretação de Música Antiga na ESMAE, no Porto, com Amandine Beyer e Benjamin Chénier (violino barroco) e Marco Ceccato (violoncelo barroco), e em Palermo, com Enrico Onofri, em Julho de 2016, Braña e Pidre foram 61
finalistas do 5.º Concurso Internacional de Música Antiga em Gijón (Astúrias, Espanha). Neste, receberam o Grande Prémio e o Júri destacou “a sua força expressiva e capacidade para comunicar na sua forma de interpretação” (La Nueva España, 16/07/2016). Nesse momento, Braña e Pidre decidiram estudar as origens do repertório dos séculos XVII e XVIII para violino e violoncelo com instrumentos originais, de uma perspectiva histórica erudita. Em Julho de 2017, receberam o Grande Prémio do Júri no 6.º Concurso Internacional de Música Antiga, em Gijón, no qual os críticos destacaram que, “além de uma excelente formação técnica, a sua actuação demonstrou uma perfeita afinidade e capacidade para comunicar sentimentos através de um repertório do barroco tardio italiano escolhido para a ocasião […] a afinidade era tal que o duo parecia consistir num único instrumento com múltiplas vozes” (La Nueva España, 14/07/2017). Com este ponto de partida, Braña e Pidre desenvolveram outros projectos que abrangem principalmente os séculos XVII e XVIII, adaptando a formação do grupo em função do repertório e tentando recuperar o património musical menos conhecido da Península Ibérica. O Ensemble foi buscar o nome à obra Allettamenti da Camera, de Tessarini, uma das primeiras composições para violino e violoncelo. A ligação com o público é um dos princípios norteadores do Ensemble e, nesse sentido, este procura chegar ao “allettamento”, ou seja, ao que é “sugestivo”, “atractivo” ou “agradável”, com o propósito de seduzir e emocionar o seu público ao longo das actuações. EN The Ensemble Allettamento is a project of violinist Mario Braña and cellist Elsa Pidre born out of the union of long shared musical experience and an interest in Early Music. 62
After completing their Master’s Degrees in Interpretation of Early Music at the ESMAE in Porto with Amandine Beyer and Benjamin Chénier (Baroque Violin) and Marco Ceccato (Baroque Cello), and in Palermo with Enrico Onofri, in July 2016 Braña and Pidre were finalists at the 5th International Early Music Contest in Gijón (Asturias, Spain) where they were awarded the Grand Prize and where the Jury highlighted “their expressive strength and the ability to communicate in their manner of interpretation” (La Nueva España, 16/07/2016). At that time, Braña and Pidre decided to study the origins of the 17th and 18th century repertoire for violin and cello with original instruments and from a scholarly historical perspective. In July 2017, they were awarded the Grand Jury Prize at the 6th International Early Music Contest in Gijón, where critics highlighted that “apart from an outstanding technical training, their performance demonstrated perfect affinity and the capacity to communicate feelings through a late baroque Italian repertoire selected for the occasion […] this affinity was such that the duo seemed to be a single instrument with multiple voices” (La Nueva España, 14/07/2017). Taking this as a starting point, Braña and Pidre developed other projects that mainly cover the 17th and 18th centuries, adapting the formation of the group depending on the repertoire and seeking to recover the less well-known musical heritage of the Iberian Peninsula. The Ensemble takes its name from the Alletamenti da Camera by Tessarini, one of the first works composed for violin and cello. A connection with the audience is one of the guiding principles of the Ensemble and, in this sense, they pursue the “alletamento”, i.e., what is “suggestive”, “attractive” or “pleasing”, in order to seduce and move their audience through their performances.
MARIO BRAÑA
ELSA PIDRE
PT Formação em violino moderno no Conservatório de Oviedo (CONSMUPA) com Y. Nasushkin, Especialização Universitária em Interpretação e Análise Musical com H. Corpus e R. Sobrino, Licenciatura em História e Ciências Musicais na Universidade de Oviedo. Concluiu o Mestrado em Interpretação de Música Antiga na ESMAE, no Porto, com A. Beyer e B. Chénier, estando actualmente a estudar com E. Onofri em Palermo. É bolseiro na Academia Montis Regalis (Itália) e na Orq. Barroca da Universidade de Salamanca. Tem colaborado de forma regular com vários ensembles de música antiga em Espanha e em Portugal, incluindo a Orquestra Barroca de Tenerife e o Concerto Ibérico. Enquanto violinista profissional moderno, tem sido um colaborador habitual da OSPA (Espanha) e, actualmente, é violinista na Orquestra do Norte (Portugal).
PT Depois de concluir os estudos em violoncelo moderno no Conservatório de Oviedo (CONSMUPA) com V. Sarkissov e de se formar em História e Ciências Musicais na Universidade de Oviedo, Pidre concluiu um Mestrado em Interpretação de Música Antiga na ESMAE, no Porto, com M. Ceccato. Complementou os estudos ao participar em cursos e masterclasses com violoncelistas como Christophe Coin, Stefano Veggeti e Itziar Atutxa e é bolseira na Academia Montis Regalis (Itália) e na Orquestra Barroca da Universidade de Salamanca. Enquanto violoncelista moderna, tem sido uma colaboradora habitual da OSPA (Espanha) e trabalhou para a Orquestra do Norte (Portugal). Em 2008, Braña e Pidre fundaram o Cuarteto Vínculos e receberam um Grande Prémio no Concurso “Performance Musical e Pedagogia” (2010), três primeiros prémios no Concurso “Francisco Salzillo” (2010), um prémio no Concurso “La noche en Madrid” (2011) e no Concurso “Rotary Sardinero” (2011). Também obtiveram o 3.º Prémio no Concurso Internacional de Música de Câmara com Temas Religiosos (2009).
EN He graduated in modern violin at the Oviedo Conservatoire (CONSMUPA) with Y. Nasushkin, University Specialisation in Interpretation and Musical Analysis with H. Corpus and R. Sobrino, Degree in History and Music Sciences at the University of Oviedo. He completed a Master’s Degree in Interpretation of Early Music at the ESMAE in Porto with A. Beyer and B. Chénier and currently studies with E. Onofri in Palermo. He is a scholar at the Academia Montis Regalis (Italy) and at the University of Salamanca Baroque Orchestra. He has collaborated regularly with various early music ensembles in Spain and Portugal, including the Tenerife Baroque Orchestra and Concerto Ibérico. As a professional modern violinist, he has collaborated regularly with the OSPA (Spain) and is currently a violinist at the Orquestra do Norte (Portugal).
EN After completing studies in modern cello at the Oviedo Conservatoire (CONSMUPA) with V. Sarkissov and graduating in History and Musical Sciences at the University of Oviedo, Pidre completed a Master’s Degree in Interpretation of Early Music at the ESMAE in Porto with M. Ceccato. She complemented her studies by taking part in courses and masterclasses with cellists such as Christophe Coin, Stefano Veggeti and Itziar Atutxa and she is a scholar at the Academia Montis regalis (Italy) and the University of Salamanca Baroque Orchestra. 63
As a modern cellist, she has collaborated regularly with the OSPA (Spain) and worked for the Orquestra do Norte (Portugal). In 2008, Braña and Pidre founded the “Cuarteto Vínculos” and were awarded a Grand Prix at the “Musical Performance and Pedagogics” Contest (2010), three 1st Prizes at the “Francisco Salzillo” Contest (2010), a prize at the “La noche en Madrid” Contest (2011) and at the “Rotary Sardinero” Contest (2011). They also obtained 3th Prize at the International Contest of Chamber Music with Religious Themes (2009).
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CONCERTO 30.11 18:00 SECRETO SECRET CONCERT 30.11.2019 18:00 Sábado_Saturday
Lugar a descobrir_ Venue to unlock
INSTRUÇÕES 1. A reserva do lugar deve ser efectuada, por inscrição, em www.foradolugar.pt ou por email, com um depósito de 10€/pessoa. 2. Após a recepção do comprovativo a reserva será confirmada com o envio de um código de reserva por pessoa. A inscrição e o código secreto é pessoal e intransmissível. 3. Divulgaremos as coordenadas do local do concerto com uma antecedência de 24 horas. 4. A entrada no lugar secreto será realizada com 15 minutos de antecedência (17h45). 5. A chave para a entrada é o código (e o nome da reserva) e garante a devolução do valor do depósito (10€). 6. Em caso de não comparência o valor do depósito não será devolvido e será entregue a uma instituição social do Concelho. INSTRUCTIONS 1. Reservation must be made by registration at www.foradolugar.pt or by email, with a deposit of 10 €/person. 2. Upon receipt of proof the booking will be confirmed by sending a booking code per person. Registration and secret code is personal and non-transferable. 3. We will disclose the concert venue coordinates 24 hours in advance. 4. Entry to the secret venue will be 15 minutes in advance (5:45 pm). 5. The key to enter is the code (and the name of the reservation) and guarantees the return of the deposit amount (10 €). 6. In case of no show the amount of the deposit will not be returned and will be delivered to a social institution of the municipality.
PT Gratuito: Inscrição Obrigatória Lugares limitados: 25 pax EN Free: Booking Required Limited places: 25 pax Duração/Duration +-60’ 67
NOITE CHEIA ver pรกgina 94 FULL NIGHT see page 94
30.11 MILO KE MANDARI_ 21:30 NI QUAR_ TET 30.11.2019 21:30 Sábado_Saturday
Idanha-a-Nova Centro Cultural Raiano
LA VEREDA DE LA GITANA_O CAMINHO DA CIGANA_ THE GIPSY’S PATHWAY | MÚSICA MEDITERRÂNICA_ MEDITERRANEAN MUSIC PT Os Milo ke Mandarini começaram a ficar conhecidos em 2008 graças às gravações produzidas pelos próprios. Desde então, têm viajado por toda a Península Ibérica e tocado nos palcos de vários festivais internacionais. Em 2011, receberam o Prémio Nacional de Interpretação Musical no género de Música Tradicional, o que lhes deu a oportunidade de tocar em alguns dos mais importantes festivais de folclore de Espanha, incluindo Folk Segovia (2009 e 2011) e Getxo Folk (Bilbau, 2012). No mesmo período, participaram no Festival de World Music de Quito (Equador, 2010) e na Semana Europeia da Cultura em Acra (Gana, 2012). Em 2016, lançaram o primeiro álbum, La vereda de la gitana, um nome que se refere ao percurso de 3 km que une as suas próprias aldeias de Sonseca e Mazarambroz, em Toledo (Espanha). Grandes mestres como Eliseo Parra, Efrén López e Christos Barbas colaboraram neste álbum. Este novo projecto inclui canções sefarditas, melodias mediterrânicas tradicionais e música com raízes ibéricas, além das suas próprias composições, deixando
Milo ke Mandarini Quartet Espanha_Spain Grécia_Greece Carlos Ramírez sanfona_hurdy gurdy, bağlama, lavta, yaylı tanbur Isabel Martín voz_voice, bendir, pandeiret_tambourine, pandeiro quadrado_square drum Peñaparda Miriam Encinas Laffitte flauta de bisel_recorder, viella, dilruba, bendir, pandeiro quadrado_square drum Peñaparda Christos Barbas ney, kaval, tsambouna, lavta, flauta de bisel_recorder
Lotação_Capacity 200 Duração_Duration +-60’ Entrada livre sujeita à lotação das salas. Por motivos de segurança a porta será encerrada assim que a lotação estiver preenchida. As portas abrem +-30‘ antes do início dos concertos._ Free entry subject to room capacity. For safety reasons, the door will be shut as soon as the room is full to capacity. Doors open +-30’ before the concerts start. 69
PROGRAMA_PROGRAMME Puncha-Puncha/Nihavent Yürük Trad. Sefardita_Sephardic, Carlos Ramírez 2014 Cantharellus Espanha_Spain, La Vera, 2016, Carlos Ramírez La Molinera Espanha_Spain, Salamanca, Carlos Ramírez 2016 Manyana i manyana Trad. Sefardita_Sephardic, Carlos Ramírez & Isabel Martín 2016 Dendritsi Grécia_Greece, Trácia_Thrace, Trad. Nana Espanha_Spain, Zamora, Trad. Petrounino Bulgária_Bulgary, Trad. Baile Sanabrés Espanha_Spain, Zamora, Trad.
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espaço para a improvisação e expressando, deste modo, uma relação muito pessoal e íntima com estes tipos de melodias. As suas músicas foram tocadas em algumas das mais conhecidas estações de rádio de Espanha, com críticas muito positivas. Este álbum foi apresentado em formato de quarteto (com a participação de Miriam Encinas e Christos Barbas) em festivais nacionais e internacionais, como Les Nuits du Laberinthe (Genebra, Suíça, 2017), Xàbia Folk (Alicante, Espanha, 2017), WOMAD (Cáceres, Espanha, 2018) Polirritmia (Valência, Espanha, 2018), Music Sundays (Creta, Grécia, 2018) e Roots and Sprouts (Leipzig, Alemanha, 2018). Milo ke Mandarini began to make a name for themselves in 2008 thanks to their self-produced recordings. Since then they have travelled all over the Iberian Peninsula and played on the stages of several international festivals. In 2011, they received The National Prize of Musical Interpretation in the genre of Traditional Music, which gave them the opportunity to play at some of the most important folk festivals in Spain, including Folk Segovia (2009 and 2011) and Getxo Folk (Bilbao, 2012). In the same period, they participated in the World Music Festival of Quito (Ecuador, 2010) and at the European Week of Culture in Accra (Ghana, 2012). In 2016, they released their debut album “La vereda de la gitana”, a name which refers to the 3km pathway that joins their own villages of Sonseca and Mazarambroz in Toledo (Spain). Great masters like Eliseo Parra, Efrén López and Christos Barbas collaborated on this album. This new project includes Sephardic songs, traditional Mediterranean melodies and music with Iberian roots among their own compositions, leaving space for improvisation and thus expressing a very personal and intimate EN
relationship with these types of melodies. Their songs have appeared on some of the most prominent radio stations in Spain with very positive reviews. This album has been presented in quartet format (featuring Miriam Encinas and Christos Barbas) at national and international festivals such as Les Nuits du Laberinthe (Geneva, Switzerland 2017), Xàbia Folk (Alicante, Spain 2017), WOMAD (Cáceres, Spain 2018), Polirritmia (Valencia, Spain 2018), Music Sundays (Crete, Greece 2018), and Roots and Sprouts (Leipzig, Germany 2018).
ISABEL MARTÍN PT Isabel Martín sente-se atraída pela música tradicional e pela cultura popular desde a infância. Começou a estudar canto e percussão ibérica no Centro Ángel Carril em Salamanca e aprofundou os seus conhecimentos com Mónica de Nut e Eliseo Parra, tendo continuado os seus estudos com este último em percussão e canto espanhóis. Nas viagens subsequentes a Creta e à Bulgária, Martín conheceu as técnicas do canto búlgaro e otomano, orientada pelos ilustres cantores Tsvetanka Varimezova e Mercan Erzincan. Estudou percussão do Oriente Próximo com Zohar Fresco, pandeiro quadrado com Aleix Tobias e música modal com Efrén López e Christos Barbas. Além da sua formação musical, Isabel é formada em Antropologia Social e Cultural. EN Isabel Martín has been attracted to traditional music and folk culture since childhood. She began studying singing and Iberian percussion at the Centro Ángel Carril in Salamanca and deepened her knowledge of these with Mónica de Nut and Eliseo Parra, continuing her studies with the latter in Spanish percussion 71
and singing. During subsequent travels to Crete and Bulgaria, she became acquainted with the techniques of Bulgarian and Ottoman singing, guided by the renowned singers Tsvetanka Varimezova and Mercan Erzincan. She studied near-eastern percussion with Zohar Fresco, square drum with Aleix Tobias, and modal music with Efrén López and Christos Barbas. Apart from her musical education, she has a degree in Social and Cultural Anthropology.
CARLOS RAMÍREZ PT Carlos Ramírez estudou guitarra clássica desde os 8 anos de idade. Em 2004, viveu em Creta, tendose interessado pela música e cultura da ilha. Desde então, viajou muitas vezes para a Grécia para estudar bağlama com o mestre turco Erdal Erzincan, yaylı tanbur com Evgenios Voulgaris, teoria do makam turco com Ross Daly, composição em música modal com Efrén López e percussão com Zohar Fresco. O seu interesse em organologia e as suas competências manuais de excepção levaram-no a começar a construir os seus próprios instrumentos de corda e percussão. EN Carlos Ramirez has studied classical guitar since the age of 8. In 2004, he lived in Crete, becoming interested in the music and culture of the island. Since then he has travelled to Greece many times to study bağlama with Turkish master Erdal Erzincan, yaylı tanbur with Evgenios Voulgaris, Turkish makam theory with Ross Daly, composition in modal music with Efrén López, and percussion with Zohar Fresco. His interest in organology and his exceptional manual skills led him to start building his own string and percussion instruments. 72
MILO KE MANDARINI PT Isabel Martín e Carlos Ramírez criaram os Milo ke Mandarini em 2008 e, desde então, têm vindo a tocar a sua música mediterrânica em diferentes festivais e países (Espanha, Portugal, Equador, Gana, Suíça, Alemanha e Grécia). Em 2018, realizaram uma residência artística de três meses no Workshop Musical Labirinto (Creta, Grécia). EN Isabel Martín and Carlos Ramírez created Milo ke Mandarini in 2008 and have since played their Mediterranean music in different festivals and countries (Spain, Portugal, Ecuador, Ghana, Switzerland, Germany, Greece). In 2018, they completed a three-month artistic residence in the Labyrinth Musical Workshop (Crete, Greece).
MIRIAM ENCINAS PT Nascida numa família de músicos catalães, Miriam mergulhou desde muito cedo no mundo da música folclórica e medieval, tendo tocado em grupos como Els Trobadors e L’Arc en el Cel. Começou a estudar diferentes tipos de flauta de bisel com Sara Parés e obteve um diploma avançado no Liceu Conservatório de Barcelona. Estudou percussão antiga e oriental com Pedro Estevan e Jarrod Cagwin, viola da gamba com Cristian Sala, música modal com Efrén López e música afegã com Ustad Daud Khan Sadozai e Shiam Sunder. Colaborou com Maria Laffitte i Joi de Trobar, Evo, Ross Daly & Labyrinth, Daud Khan Ensemble, Via Artis Konsort, Els Trobadors e L’Ham de Foc. EN Born into a family of Catalan musicians, Miriam Encinas was immersed from an early age in the world
of folk and medieval music, playing in such groups as Els Trobadors y L’Arc en el Cel. She began to study recorders with Sara Parés and obtained an advanced degree at the Conservatory Liceu of Barcelona. She has studied ancient and oriental percussion with Pedro Estevan and Jarrod Cagwin, viola da gamba with Cristian Sala, modal music with Efrén López and Afghan music with Ustad Daud Khan Sadozai and Shiam Sunder. She has collaborated with Maria Laffitte i Joi de Trobar, Evo, Ross Daly & Labyrinth, Daud Khan Ensemble, Via Artis Konsort, Els Trobadors and L´Ham de Foc.
and composes for his groups Neda, Magnanimus Trío and Tir Fada, as well as composing music for dance, theatre and film. He teaches Ney and modal music at the Labyrinthos centre in Crete and at cultural centres all around Europe.
CHRISTOS BARBAS PT Christos Barbas estudou musicologia e etnomusicologia na Universidade de Aristotelio (Tessalónica) e na SOAS em Londres. Colaborou com alguns dos maiores músicos no campo da música modal: Ross Daly, Zohar Fresco, Murat Aydemir, Ahmet Erdogdular, L’Ham de Foc, Evgenios Voulgaris e o Daud Khan Ensemble. Nutre um interesse profundo por abordagens criativas à música e compõe para os seus grupos Neda, Magnanimus Trío e Tir Fada, além de compor músicas para dança, teatro e cinema. Ensina ney e música modal no centro Labyrinthos em Creta e em centros culturais por toda a Europa. EN Christos Barbas studied musicology and ethnomusicology at the University of Aristotelio (Tesalónica) and at SOAS in London. He has collaborated with some of the greatest musicians in the field of modal music: Ross Daly, Zohar Fresco, Murat Aydemir, Ahmet Erdogdular, L´Ham de Foc, Evgenios Voulgaris and the Daud Khan Ensemble. He is deeply interested in creative approaches to music 73
CrĂŠditos/Credits: Augustin Le Gall
CONCERTO 6.12 CAMPES_ 21:30 TRE 6.12.2019 21:30 Sexta-feira_Friday
FIM DE FESTA_END OF PARTY | FOLIAS, CHACONES, PASSACAILLES E OUTROS OSTINATOS_FOLIAS, CHACONNES, PASSACAGLIE AND OTHER OSTINATI
Está bem, pronto, terás a tua chaconne, apesar da ópera já tresandar a música Okay, fine, you’ll have your chaconne, even though the opera is already overflowing with music. C. W. Gluck (1714-1787) PT O Rei Sol, Louis XIV, pisa o palco dançando em mais uma das grandes produções musicais encomendadas a Jean Baptiste Lully, o compositor que através do enorme poder e meios que lhe foram atribuídos criou a primeira grande orquestra da Europa e levou os seus músicos a inventar novos e modernos instrumentos que pudessem tocar todos em conjunto numa mesma afinação. Depois de muitos minuetes, gavotes, bourrés e outras danças chegamos ao final do épico enredo, no qual o heróico personagem interpretado pelo soberano não só resolve o drama como revela qualidades morais e capacidades sobrenaturais que de uma forma alegórica e simultaneamente poderosa legitimam o poder real. Este grandioso final só podia ser pontuado por uma grande Folia. Este termo, que no nosso idioma pode significar hoje em dia “festa alegre e ruidosa” tem um significado musical muito específico. Refere-se a um tipo de número musical que é baseado numa sequência harmónica que se repete, sobre a qual um ou mais instrumentos melódicos improvisam ou realizam variações mais ou
Segura Associação D.R.C Segurense Concerto Campestre Portugal
Pedro Castro oboé barroco_baroque oboe, flautas de bisel_recorders César Nogueira violino barroco_ baroque violin Sofia Diniz viola da gamba Flávia Almeida Castro cravo_ harpsichord
Lotação_Capacity 60 Duração_Duration +-60’ Entrada livre sujeita à lotação das salas. Por motivos de segurança a porta será encerrada assim que a lotação estiver preenchida. As portas abrem +-30‘ antes do início dos concertos._ Free entry subject to room capacity. For safety reasons, the door will be shut as soon as the room is full to capacity. Doors open +-30’ before the concerts start. 75
PROGRAMA_PROGRAMME Ciaccona Op.12 Nº.20 Tarquino Merula (1595-1665) Suite de danças Andrea Falconieri (1585/6-1656) Rinen y pelean entre Berzebillo con Santanillo e Pantul Baile de los dichos diabolos Folias Echas para N. Sra. Dona Tarolina de Carallenos La Folia Arcangelo Corelli (1653-1713) Passacaigle en trio Marin Marais (1656-1728) Les Folies d’Espagne Marin Marais Sonata para oboé em dó menor Joan Bautista Pla (1720-1773) Allegretto Andante Allegro assai Sonata Op.1 nº12 La Folia Antonio Vivaldi (1678-1741)
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menos virtuosas do tema inicial. Há quem diga que a sua origem é especificamente portuguesa, mas se tal pode não ser consensual certo é que a sua origem é definitivamente ibérica a julgar pelas “follies d’espagne” que Marin Marais mandou imprimir no seu segundo livre de peças de viola da gamba em 1701. Jean Batiste Lully foi um dos primeiros que cristalizou a Folia como género musical e o utilizou precisamente para pontuar o auge festivo das suas megalómanas produções musicais, assim como a Passacaglia e a Chaconne, também baseadas em sequências harmónicas repetidas, também chamados de “baixo ostinato”. Tal como muitas outras modas e hábitos do monarca absolutista Francês e da sua corte, este hábito espalhou-se pelos restantes centros artísticos na europa, sendo que pouco depois podemos encontrar o mesmo tipo de danças nos finais de óperas ou ballets de outros compositores como Purcell, Vivaldi ou Handel. Também nas edições de musica instrumental se tornou comum a realização de uma Folia no final de um conjunto de sonatas ou trio sonatas, como é o caso das obras editadas por Corelli, Marais ou Vivaldi. Este programa pretende trazer um pouco deste ambiente de fim de festa de outros séculos num formato de bolso, sendo ele próprio um grande “ostinato”, no qual “obstinadamente” e repetidamente apresentamos vários destes “ostinatos” que tantos compositores da época inspiraram. EN The Sun King, Louis 14th, stepped onto the stage dancing in yet another of the great musical productions commissioned from Jean Baptiste Lully, the composer who, through the enormous power and means attributed to him, created the first great orchestra in Europe and led his musicians to invent new and modern instruments that could all play in the
same key. After many minuets, gavottes, bourrées and other dances, we reach the end of an epic plot in which the heroic character played by the sovereign not only resolves the drama but reveals moral qualities and supernatural abilities that in an allegorical and simultaneously powerful way legitimise royal power. This grand finale could only be punctuated by a great Folia. This term, which we might translate as ‘a joyful noisy party’, has a very specific musical meaning. It refers to a type of musical piece based on a repeated harmonic sequence over which one or more melodic instruments improvise or perform more or less virtuous variations on an initial theme. While some claim it is specifically Portuguese in origin, there is consensus that it is at the very least Iberian, judging by the ‘follies d’espagne’ that Marin Marais had printed in his second book of pieces for the viol in 1701. Jean Batiste Lully was one of the first to crystallise the Folia as a musical genre and he used it to punctuate the festive peaks of his megalomaniac musical productions, as well as Passacaigle and Chaconnes, which are also based on repeated harmonic sequences known as ‘basso ostinato’. Like many other fashions and habits of the French absolutist monarch and his court, this habit spread to the other artistic centres in Europe and soon after we can find the same kind of dances in the finales of operas and ballets by composers such as Purcell, Vivaldi and Handel. It also became common in the editions of instrumental music to include a Folia at the end of a set of sonatas or trio sonatas, as is the case with works published by Corelli, Marais and Vivaldi. This programme seeks to present a little of this festive atmosphere from past centuries in a pocket format, making a great ‘ostinato’ from the ‘obstinate’ and repeated presentation of several of these ‘ostinati’ inspired by so many composers of the time. 77
CONCERTO CAMPESTRE PT Com o nome inspirado no famoso quadro de Giorgone, o Concerto Campestre é um grupo de música de câmara que se dedica à interpretação da música europeia, desde o renascimento ao período barroco, chamada “música antiga”. O grupo está sediado em Lisboa e tem a direcção artística de Pedro Castro. A sua constituição é versátil, tendo sido já realizados desde projectos com um trio de câmara a projectos com um conjunto de dez músicos e cantores na execução de cantatas e concertos de J.S. Bach, Telemann e Seixas. Apresentou-se na Festa da Música no CCB, nos Encontros de Música Antiga de Loulé, no átrio do Museu Gulbenkian, na “Festa no Chiado”, nas “Festas de Lisboa” e nos Encontros de Música Antiga de Tomar, no Festival Terras sem Sombra, nos Festivais de Outono em Aveiro, em várias edições do Fora do Lugar e no festival Festival Ibérico de Música de Badajoz. Em colaboração com o Quarteto Arabesco, apresentou a estreia moderna da Serenata “L’Angelica” de João de Sousa Carvalho, com sete récitas um pouco por todo o país entre Outubro de 2009 e Junho de 2010, tendo a respectiva gravação sido lançada em 2016 pela Naxos. EN Inspired by Giorgone’s famous painting, Concerto Campestre is a chamber music group dedicated to the interpretation of European ‘Early Music’ from the Renaissance to the Baroque period. The group is based in Lisbon and its artistic director is Pedro Castro. The group has a versatile make-up, having carried out projects with a chamber trio to projects with a group of ten musicians and singers in a performance of cantatas and concerti by J.S. Bach, Telemann and 78
Seixas. The group has performed at the CCB Festa da Música, at Encontros de Música Antiga de Loulé, in the lobby of the Gulbenkian Museum, at the Festa no Chiado, at the Festas de Lisboa, at the Encontros de Música Antiga de Tomar, at the Terras sem Sombra Festival, at the Autumn Festivals in Aveiro, at various editions of Fora do Lugar and at the Festival Ibérico de Música in Badajoz. In collaboration with Quarteto Arabesco, it presented the modern première of L’Angelica Serenata by João de Sousa Carvalho, performing seven recitals around the country between October 2009 and June 2010 and launching a recording with Naxos in 2016.
PEDRO CASTRO PT Pedro Castro nasceu em 1977 no Porto. Diplomado pela Escola Superior de Música de Lisboa sob a orientação de Pedro Couto Soares e pelo Conservatório Real de Haia na Holanda sob a orientação de Sébastien Marq (flauta) e Ku Ebbinge (oboé barroco). No âmbito do mestrado em artes musicais na Universidade Nova de Lisboa realizou a tese “Serenata L’Angelica – um estudo performativo”. A sua actividade profissional inclui várias orquestras e agrupamentos de instrumentos históricos nos principais centros artísticos europeus, tais como Al Ayre Español, Les Talens Lyriques e Le Cercle d’Harmonie. Em Outubro de 2010 dirigiu a estreia moderna da Serenata “L’Angelica” de João de Sousa Carvalho. Em 2012 dirigiu a Opera “Paride ed Elena” de Gluck no âmbito de um projecto do estúdio de ópera da ESML. Como solista apresentou-se com o Ludovice Ensemble, Orquestra Capela Real, Orquestra Divino Sospiro e Orquestra Barroca da Casa da Música com
concertos para oboé e flauta de bisel de Vivaldi, Telemann, Marcello e J.S. Bach. No oboé clássico e com o Quarteto Arabesco apresentou-se com o quarteto de Mozart, ícone do repertório virtuosístico do classicismo. Colabora também com os Sete Lágrimas com o qual realizou várias gravações premiadas e tournées pela Europa. É coordenador artístico do Concerto Campestre. É doutorado pela Universidade de Aveiro onde realizou uma dissertação sobre a tradição das serenatas de corte em Lisboa no tempo de D. Maria I (1777-1800). Em 2016 é lançado pela editora Naxos a primeira gravação moderna da serenata “L’Angelica” de Sousa Carvalho da qual é maestro e produtor. Pedro Castro was born in 1977 in Porto. He studied at the Escola Superior de Música in Lisbon under the guidance of Pedro Couto Soares and at the Royal Conservatory of The Hague in the Netherlands under the guidance of Sébastien Marq (flute) and Ku Ebbinge (baroque oboe). Within the scope of a master’s degree in musical arts at the Universidade Nova de Lisboa, Castro completed a thesis entitled ‘L’Angelica Serenata – a performative study’. His professional activity involves performing with several orchestras and groupings of historical instruments in the main European artistic centres, including Al Ayre Español, Les Talens Lyriques and Le Cercle d’Harmonie. In October 2010, he conducted the modern première of L’Angelica Serenata by João de Sousa Carvalho. In 2012, he conducted Gluck’s Opera Paride ed Elena as part of an ESML opera studio project. As a soloist, he has performed concerti for oboe and recorder by Vivaldi, Telemann, Marcello and J.S. Bach with Ludovice Ensemble, Orquestra Capela Real, Orquestra Divino Sospiro and Orquestra Barroca da Casa da Música. He has EN
performed Mozart’s quartet, an icon of the virtuosic classical oboe repertoire, with the Quarteto Arabesco. He also collaborates with Sete Lágrimas, with which he has made several award-winning recordings and tours of Europe. He is the artistic director of Concerto Campestre. He holds a doctorate from the University of Aveiro, where he completed a dissertation on the tradition of serenatas in Lisbon at the time of Queen Maria I of Portugal (1777-1800). In 2016, Naxos published the first modern recording of L’Angelica serenata by Sousa Carvalho, of which Castro was the conductor and producer.
IMPRENSA_PRESS PT Pedro Castro é dono de um variado e enriquecedor cromatismo no instrumento. A coesão do grupo é assombrosa, o recheio soberbo, o baixo contínuo certeiro e cristalino. De destacar a digitação precisa de Catherine Strynckx no violoncelo barroco e o gosto de Flávia Almeida castro na sempre difícil resposta ao toque do cravo. EN Pedro Castro possesses a varied and enriching chromaticism on the instrument. The group’s cohesion is astonishing, its repertoire superb and its basso continuo crystalline and accurate. Of particular note are the precise fingering of Catherine Strynckx on the Baroque cello and the exquisite taste of Flávia Almeida Castro in the challenging task of providing harpsichord accompaniment. Entretanto Magazine, 2019
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CrĂŠditos/Credits: Augustin Le Gall
WAED BOU_ HASSOUN
7.12 21:30
SAFAR | AS ALMAS REENCONTRADAS_ REDISCOVERED SOULS
Idanha-a-Velha Antiga Sé
PT “Vou buscar inspiração à minha cultura e à sua poesia e espiritualidade. As notas que toco no meu oud – que nunca me abandona – são palavras que, quando reunidas, formam uma linguagem por meio da qual posso expressar a minha alegria, o meu amor, a minha dor e também a do meu país, que sofre e está a ser dilacerado. A música é essencial para mim. Dá ritmo a todos os momentos do meu dia e da minha vida. Vivo com música e para a música. Não me imagino a existir sem ela. É a minha ligação à minha terra natal, à minha família e aos meus amigos. É tudo para mim.”
Waed Bouhassoun Síria_Syria voz/voice, oud
EN “I draw my inspiration from my culture, its poetry, its spirituality. The notes that I play on my ‘oud - which never leaves me – are words which, when brought together, form a language with which I can express my joy, my love, my pain, and also that of my country which is suffering and being torn apart. Music is essential for me. It brings rhythm to every moment of my day, of my life. I live with it and for it. I can’t imagine existing without it. It is my link with my native land, my family, my friends. It is everything for me.”
Foto_Photo: François Guenet
7.12.2019 21:30 Sábado_Saturday
Lotação_Capacity 100 Duração_Duration +-60’ Entrada livre sujeita à lotação das salas. Por motivos de segurança a porta será encerrada assim que a lotação estiver preenchida. As portas abrem +-30‘ antes do início dos concertos._ Free entry subject to room capacity. For safety reasons, the door will be shut as soon as the room is full to capacity. Doors open +-30’ before the concerts start. 81
PT Jalal ad-Din Rumi (século XIII) vivia atormentado pelo seu amor ao divino. Qays ibn al-Mulawwah, conhecido como Louco por Layla (século VII), vivia atormentado pelos sentimentos que sentia pela sua amada. Já Wallada (século XI) era ciumento e proclamava o seu amor por Ibn Zaydun. O poeta árabe contemporâneo Adonis expressa preocupação, ansiedade e expetativas. Waed une estas figuras com o amor pelo seu país, a Síria, e a nostalgia que sente pela sua terra natal e por Damasco, a cidade da sua juventude. Está ligada às suas raízes e só consegue imaginar a sua música enquanto expressão de uma identidade – a própria. EN Jalal ad-Din Rûmi (13th century) was tormented by his love for the divine, Qays ibn al-Mulawwah, called the Madman of Layla (7th century), was tormented by his feelings for his beloved, while Wallada (11th century) was jealous and proclaimed her love for Ibn Zaydun. The contemporary Arab poet Adonis expresses his worry, his anxiety and his expectations. Waed brings them together with her love for her country, Syria, her nostalgia for her native land and for Damascus, the city of her youth. She is attached to her roots, and can only imagine her music as an expression of an identity, her own.
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WAED BOUHASSOUN PT Waed Bouhassoun é uma jovem cantora e tocadora de oud síria de enorme talento e com um timbre vocal de rara qualidade que suscita comparações com os grandes cantores árabes da década de 1930. Canta poemas de amor místico e secular que recolhe do vasto repertório da poesia árabe pré-islâmica, de poetas místicos e árabes-andaluzes dos séculos VII ao XIII e de poetas contemporâneos. Faz-se acompanhar pelo seu oud enquanto canta as suas próprias composições, arranjos musicais de poemas de Adonis, Qais Ibn al-Mulawwah, Ibn Zaydun, Ibn Arabi e outros poetas. Waed Bouhassoun é oriunda do sul da Síria e nasceu numa aldeia perto de Sweida, no seio de uma família de amantes da música: o pai deu-lhe um pequeno oud quando tinha apenas sete anos de idade. Provém da mesma região que os cantores Asmahan e Farid El Atrache, e desde muito cedo foi exposta a “outras formas de música que não as do seu país natal”, já que, em criança, os pais levaram-na para morar durante dois anos no Iémen, onde descobriu a música local em encontros de mulheres. Continuou a estudar o seu instrumento e, de seguida, entrou no Conservatório de Damasco, na época fortemente influenciado pela música ocidental. Waed Bouhassoun baseou-se nessas diversas influências para criar o seu estilo pessoal, não deixando de se manter fiel ao espírito musical do seu país. Logo nas suas primeiras aparições em Alepo, o seu talento foi imediatamente reconhecido no meio: actuou em Paris, na Maison des Cultures du Monde e, depois, no Instituto do Mundo Árabe, em Março de 2006, onde obteve um grande êxito. Desde então, tem vindo a actuar por todo o mundo árabe [na Ópera de Damasco, no Festival de Arzila, no Festival da Almedina de Tunes, com Kudsi
Erguner e o seu ensemble no Festival Beiteddine no Líbano, em Abu Dhabi, Doha, Bahrein, em Amã na Jordânia e nos festivais de Tetuan, Fez e Cairo], em França [no Anfiteatro da Ópera da Bastilha, nas óperas de Lyon e Rennes, na Filarmónica, nas Folles Journées de Nantes, no Festival Arabesques de Montpellier, em Babel Med – Marselha, no Rocher de Palmer, no Quartz de Brest por ocasião do festival No Border, na Córsega, entre outros lugares] e na Europa [no Teatro Real de Madrid, onde, a convite de Gerard Mortier, deu um concerto a solo em 2010 integrado no ciclo “Grandes Cantantes” dedicado a grandes vozes femininas, no Festival Voix de Femmes em Utrecht, no Södra Teatern em Estocolmo, no Festival Clandestino em Gotemburgo, em Krems na Áustria, no Festival Les Nuits du Monde em Genebra e em várias cidades de Espanha e Itália]. Foi igualmente convidada com Kudsi Erguner para o Jeonju International Sori Festival na Coreia do Sul. A beleza profunda, mas frágil, do seu canto provoca muita emoção, sobretudo quando apresenta um muwashshah, um clássico “bordado vocal” onde a sua voz assume todo o seu esplendor virtuoso. A artista destaca-se no canto dos poemas de amor da santa muçulmana Râbi’a al Adawiyya: “Je t’aime de deux amours” é o título do concerto dedicado aos poemas da santa sufi que integrou com Kudsi Ergüner no Anfiteatro da Ópera da Bastilha enquanto parte do Festival de l’Imaginaire em 2008. Em 2009, gravou o seu primeiro CD, La Voix de l’Amour, na colecção do Instituto do Mundo Árabe, e, no mesmo ano, recebeu o prémio Coup de Coeur da Académie Charles Cros. Em 2014, gravou o seu segundo CD a solo para a Buda Musique em Paris: L’Âme du luth é um álbum para voz e oud, no qual executa as suas próprias composições para os poemas de Adonis, Al Hallaj, Qays Ibn al-Mulawwah
(conhecido como o Louco por Layla), Ibn Zaydun, Sohrawardi e Ibn Arabi. Este álbum também ganhou um prémio Coup de Coeur da Académie Charles Cros em 2015. Waed Bouhassoun não tem medo de explorar as diversas possibilidades de colaborações artísticas, uma vez que, além de lhe permitirem expandir o seu repertório, estas também desenvolvem o potencial e a força da sua voz. Assim, quando a Cité de la Musique lhe pediu para participar num ciclo de homenagem a Oum Kalthoum, ela preparou, com a companhia de um pequeno ensemble, uma jornada musical das canções mais antigas às canções da década de 1960, para um concerto que esgotou assim que começou a venda de bilhetes, e que foi novamente apresentado, com o mesmo sucesso, na TAP – Scène Nationale de Poitiers, em Maio de 2017. Em Setembro de 2016, assistiu-se ao lançamento de La Voix de la Passion, o seu terceiro CD com a Buda Musique, que Waed Bouhassoun gravou com Moslem Rahal, o seu antigo colega do conservatório de música de Damasco e um virtuoso do ney. O som harmonioso do ney é apreendido como uma segunda voz que combina na perfeição com os ornamentos da voz de Waed Bouhassoun. Com Moslem Rahal, ela explora a poesia da língua nabateia do sul da Síria, a poesia oral dos beduínos, textos que não são bem conhecidos pelo público – mesmo pelo sírio – que lhe permitem revelar o poder da sua voz. Este trabalho foi apresentado em concerto pela primeira vez no Anfiteatro da Ópera de Lyon e, de seguida, no Théâtre de la Ville – Les Abbesses, em Paris, em Novembro de 2016. Em 2017, por iniciativa do Festival de Saint-Denis, tocou com a violoncelista Ophélie Gaillard enquanto parte de um diálogo musical, na companhia de 83
Moslem Rahal e da percussionista Michèle Claude. O concerto resultante desta colaboração foi apresentado no dia 9 de Maio na abertura do Festival Métis – Plaine Commune. Também em Maio de 2017, a Ópera de Lyon convidou Waed Bouhassoun pelo terceiro ano consecutivo. Tendo pedido a Omar Bashir, o extraordinário tocador de oud, que se juntasse a ela para uma exploração do repertório musical e de canções comum à Síria e ao Iraque, o espectáculo conquistou totalmente um público entusiasmado. Em Maio de 2018, novamente a pedido da Filarmónica, deu um concerto a solo no espírito dos salões de música com um repertório da década de 1930. Nessa ocasião, tocou um instrumento da colecção do Museu da Música: o Nahat oud, assim baptizado em homenagem ao mestre fabricante de instrumentos de Alepo. Além da carreira a solo, Waed Bouhassoun trabalha regularmente com Jordi Savall e o seu ensemble Hespérion XXI, tanto em concertos como na gravação de CD. Em 2013, participou na gravação do CD Orient-Occident II – Hommage à la Syrie e, em 2016, nos dois CD Ramon Llull e Granada. Novamente com Jordi Savall, contribui activamente para a implementação do seu projecto Europe Creative Orpheus XXI – Music for Life and Dignity, visando a transmissão do património musical às novas gerações, e realiza workshops de música para crianças refugiadas e deslocadas, com o propósito de as manter em contacto com as suas raízes culturais. Em 2019, assistiu-se ao lançamento de Safar: Les âmes retrouvées, o seu quarto CD com a Buda Musique, gravado em colaboração com Kudsi Erguner, Moslem Rahal e Rusan Filiztek. Hoje em dia, Waed Bouhassoun vive em Paris e trabalha na sua tese em etnomusicologia. 84
EN Waed Bouhassoun is a very talented young Syrian oud player and singer with a vocal timbre of rare quality, eliciting comparisons with the great Arab singers of the 1930s. She sings mystical and secular love poems that she gathers from the vast repertoire of pre-Islamic Arab poetry, from the mystic and Arab-Andalusian poets of the 7th to the 13th centuries and from contemporary poets. She accompanies herself on her ‘oud, singing her own compositions as setting of poems of Adonis, Qais Ibn al-Mulawwah, Ibn Zaydun, Ibn Arabi and other poets. Waed Bouhassoun comes from southern Syria and she was born in a village near Sweida into a family of music lovers: her father gave her a small oud when she was only seven years old. She comes from the same region as the singers Asmahan and Farid El Atrache, and was exposed very early to “forms of music other than those of her native country” because, as a child, her parents took her to live for two years in Yemen where she discovered the local music at women’s gatherings. She continued to study her instrument and then entered the Damascus Conservatory, which was strongly influenced by Western music at the time. She drew on these diverse influences to create her personal style, while remaining faithful to the musical spirit of her country. As of her first appearances in Aleppo, her talent was immediately recognized in the milieu: she performed in Paris, at the Maison des Cultures du Monde and then at the Arab World Institute in March 2006 where she enjoyed great success. Since then she has been performing throughout the Arab world, [at the Damascus Opera, at the Assilah Festival, at the Madinah Festival of Tunis, with Kudsi Erguner and his ensemble at the Beiteddine Festival in Lebanon, in Abu Dhabi, Doha, Bahrain, in Amman in Jordan, and at the festivals of Tetouan, Fez, and
Cairo] in France [at the Bastille Opera Amphitheatre, at the Lyon and Rennes operas, at the Philharmonic, the Folles Journées of Nantes, the Arabesques Festival of Montpellier, at Babel Med - Marseille, at the Rocher de Palmer, at the Quartz de Brest for the No Border festival, in Corsica, among other places…], and in Europe, [at the Teatro Real de Madrid where, at the invitation of Gerard Mortier, she gave a solo concert in 2010 as part of the “Grandes Cantantes” cycle devoted to great female voices, at the Voix de Femmes Festival in Utrecht, at the Södra Teatern in Stockholm, at the Clandestino Festival in Gothenberg, in Krems in Austria, in Geneva at the Les Nuits du Monde festival and in various cities in Spain and Italy]. She was also invited with Kudsi Erguner to the Jeonju International Sori Festival in South Korea. The deep but fragile beauty of her singing elicits much emotion, particularly when she undertakes a muwashshah, a classic “vocal embroidery” in which her voice takes on its full virtuosic splendor. She excels in the singing of the love poems of the Muslim saint Râbi’a al Adawiyya: Je t’aime de deux amours is the title of the concert devoted to the poems of the Sufi saint which she performed with Kudsi Ergüner at the Bastille Opera Amphitheatre as part of the Festival de l’Imaginaire in 2008. In 2009, she recorded her first CD, “La Voix de l’Amour“ in the collection of the Arab World Institute, and in the same year she received the “Coup de Cœur” prize from the Académie Charles Cros. In 2014 she recorded her second CD in solo with Buda Musique in Paris, “L’Âme du luth”, for voice and oud, on which she performs her own compositions to poems of Adonis, Al Hallaj, Qays Ibn al-Mulawwah (called the Madman of Layla), Ibn Zaydun, Sohrawardi and Ibn Arabi. This album also won a “Coup de coeur” award from the Académie Charles Cros in 2015.
Waed Bouhassoun is not afraid to explore the diverse possibilities of artistic collaborations: they allow her not just to expand her repertoire but also to develop the potential and the strength of her voice. So, when the Cité de la Musique asked her to take part in a cycle as a tribute to Oum Kalthoum, she prepared, accompanied by a small musical ensemble, a musical journey from the oldest songs to songs of the 1960s, for a concert that was sold out as soon as sales began and which was presented again with the same success at the TAP – Scène Nationale of Poitiers in May 2017. September 2016 saw the release of “La Voix de la Passion”, her third CD, with Buda Musique which she recorded with Moslem Rahal, her old schoolmate from the Damascus music conservatory and a ney virtuoso. The harmonious sound of the ney is perceived as a second voice which perfectly matches the ornaments of Waed Bouhassoun’s voice. With Moslem Rahal she explores the Nabataean language poetry of southern Syria, the oral poetry of the Bedouins, texts that are not well known to audiences – even Syrians – which let her unveil the power of her voice. This work was presented in concert for the first time at the Lyon Opera Amphitheatre, and then at the Théâtre de la Ville – Les Abbesses in Paris in November 2016. In 2017, at the initiative of the Saint-Denis Festival, she played with cellist Ophélie Gaillard as part of a musical dialogue in the company of Moslem Rahal and the percussionist Michèle Claude. The concert stemming from this collaboration was presented on May 9 for the opening of the Métis – Plaine Commune Festival. Also in May 2017, the Lyon Opera invited Waed Bouhassoun for the third consecutive year. She asked Omar Bashir, the outstanding oud player, to join her for an exploration of the song and music repertoire common to Syria and Iraq : the show totally won over an enthusiastic audience. 85
In May 2018, again at the request of the Philharmonic, she gave a solo concert in the spirit of music salons with a repertoire from the 1930s. At this occasion, she played an instrument from the collection of the Museum of Music, the Nahat oud named after the master instrument maker from Aleppo. In addition to her solo career, Waed Bouhassoun works regularly with Jordi Savall and his ensemble Hespérion XXI, both for concerts and for the recording of CDs. In 2013 she took part in the recording of the CD “Orient Occident II – Tribute to Syria” and in 2016, the two CDs “Ramon Llull” and “Granada”. Again with Jordi Savall, she contributes actively to the implementation of his project Europe Creative Orpheus XXI – Music for Life and Dignity, for the transmission of musical heritage to the new generations, and she leads music workshops for refugee and displaced children so that they are not cut off from their cultural roots. 2019 saw the release of “Safar : les âmes retrouvées”, her fourth CD, with Buda Musique which she recorded with Kudsi Erguner, Moslem Rahal, and Rusan Filiztek. Waed Bouhassoun is currently living in Paris and working on her thesis in ethnomusicology.
IMPRENSA_PRESS PT Bouhassoun exterioriza uma voz maravilhosa com um enorme poder, subtileza melódica, paixão e flexibilidade, também instrumental e, em termos de interacção, tudo é como deveria ser neste álbum, afirma a newsletter oxfambrugge.be sobre o álbum de Waed Bouhassoun Safar – les ames retrouvées (2019). EN Bouhassoun generates a wonderful voice with a lot of power, melodic subtlety, passion and flexibility and 86
also instrumental and in terms of interaction everything is as it should be on this album, according to the oxfambrugge.be newsletter about Waed Bouhassoun’s album ‘Safar - Les Ames Retrouvées’ (2019). PT Algumas notas de oud, desfiadas entre as do silêncio, e depois a voz eleva-se, grave e intensa. A cantora síria (parisiense desde 2010) abre o seu quarto álbum com duas composições da sua autoria, acompanhando versos referentes a uma das histórias de amor mais famosas do mundo árabe: Qays e Layla (século VII). A graça e elegância da interpretação apoderam-se imediatamente de nós. O charme vai-se instalando ao longo das peças, encadeando as suas próprias palavras com as de Adonis (nascido na Síria em 1930), antigos poemas turcos e árabes, cantos tradicionais do sul da Síria, a poesia nabateia de Jabal al-Druze (a sua região de origem) e um curioso suporte de Clément Marot (1496-1544), cantado em francês. Além do subtil tocador de flauta ney Moslem Rahal, com o qual conversava no álbum anterior (La Voix de la passion), a autora rodeou-se do mais famoso maestro deste instrumento, Kudsi Erguner, e do jovem músico (saxofone, percussão) e cantor curdo Rusan Filiztek. EN Notes on the oud emerge amidst the silence and then the voice rises with drama and intensity. The Syrian singer (Parisian since 2010) opens her fourth album with two compositions of her own that accompany verses relating one of the most famous love stories in the Arab world: that of Qais and Leila (7th century). The grace and elegance of the interpretation take immediate hold of us. The charm of the pieces continues to grow, linking her own words with those of Adonis (born in Syria in 1930), with ancient Turkish and Arabic poems, with traditional songs from southern Syria, the Nabataean
poetry of Jabal al-Druze (her region of origin) and a curious interpretation of a poem by Clément Marot (1496-1544), sung in French. In addition to the subtle ney flute player Moslem Rahal, with whom she also collaborated in her previous album (La Voix de la passion), the artist surrounds herself with the most famous exponent of this instrument, Kudsi Erguner, and with the young Kurdish musician (saxophone, percussion) and singer Rusan Filiztek. Patrick Labesse, Le Monde (2019) PT Waed Bouhassoun canta com espantosa graça as obras dos antigos e modernos poetas e místicos... composições pessoais de beleza imediata e familiar, como um refúgio na intimidade. EN Waed Bouhassoun sings with stunning grace the works of the ancient and modern poets and mystics … personal compositions of immediate and familiar beauty, like a refuge in intimacy. Louis-Julien Nicolaou, Lesinrocks.com PT…voz límpida, especialista nas modulações do canto árabe clássico... uma sublime declaração de amor à capela a Damasco... a graça desta voz que se deixa ir, sem afetação, mas com intensidade… EN… limpid voice, an expert in the modulations of Arab classical singing … a sublime a cappella declaration of love of Damascus… the grace of this voice which lets itself go, with no affectation, but with intensity… Anne Berthod, Télérama
Foto_Photo: François Guenet
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3 Info e inscriçþes Info and booking www.foradolugar.pt mail@artedasmusas.com 88
PROGRAMA PROGRAMME PARALELOS PARALLELS
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23.11 10:30 WORKSHOP MÚSICA_ MUSIC KAROLIINA KANTELINEN 23.11.2019 10:30 Sábado_Saturday Idanha-a-Nova Centro Cultural Raiano Destinatários_Target Público geral_General public Gratuito + Inscrição Obrigatória_ Free + Booking required Karoliina Kantelinen Finlândia_Finland voz/voice, kantele, flautas de madeira_ wooden flutes, tambor xamânico_shaman drum
Foto_Photo: Juuso Westerlund
PT Ecos da Carélia. Música folclórica tradicional finlandesa e carélia e novas composições contemporâneas de base folclórica. EN Karelian Echoes. Traditional Finnish and Karelian folk music and new contemporary folk-based compositions.
+ info p. 53 90
23.11 14:00 NATUREZA_ NATURE SAÍDA DE CAMPO COM_ COUNTRY OUTING WITH NATURTEJO GEOPARK UNESCO 23.11.2019 14:00-17:00 Sábado_Saturday Idanha-a-Nova Centro Cultural Raiano Destinatários_Target Público geral_General public Max.: 12 pax Gratuito + Inscrição Obrigatória >48h Free + Booking required >48h Manuela Catana Naturtejo Geopark UNESCO
Foto_Photo: Filipe Faria
PT Vamos refletir em conjunto sobre a importância da Floresta. Em seguida, presenteamos a Tapada do Sobral, junto ao Centro Cultural Raiano, no Dia da Floresta Autóctone, semeando e plantando algumas espécies autóctones. EN Let’s reflect together on the importance of the forest. Then we present the Tapada do Sobral, next to the Raiano Cultural Center, on the Day of the Native Forest, sowing and planting some native species. 91
28.11 19:00 GASTRONO_ MIA GASTRO_ NOMY JANTAR POBRE PAUPER’S DINNER 28.11.2019 19:00 Quinta-feira_Thursday Destinatários_Target Público geral_General public 10€ + Inscrição Obrigatória_ 10€ + Booking required Paulo Longo Antropólogo_ Anthropologist
Foto_Photo: Filipe Faria
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30.11 10:30 WORKSHOP MÚSICA_ MUSIC ENSEMBLE ALLETTAMENTO + MILO KE MANDARINI QUARTET 30.11.2019 10:30 Sábado_Saturday Idanha-a-Nova Centro Cultural Raiano Destinatários_Target Público geral_General public Gratuito + Inscrição Obrigatória_ Free + Booking required Ensemble Allettamento Espanha_Spain Milo ke Mandarini Quartet Espanha_Spain + info pp. 59 + 69
Ensemble Allettamento | Mario Braña Gómez violino barroco_baroque violin Elsa Pidre Carballa violoncelo barroco_baroque cello Milo ke Mandarini Quartet | Carlos Ramírez sanfona_hurdy gurdy, bağlama, lavta, yaylı tanbur Isabel Martín voz_voice, bendir, pandeiret_tambourine, pandeiro quadrado_square drum Peñaparda Miriam Encinas Laffitte flauta de bisel_ recorder, viella, dilruba, bendir, pandeiro quadrado_ square drum Peñaparda Christos Barbas ney, kaval, tsambouna, lavta, flauta de bisel_recorder
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30.11 20:30 NOITE CHEIA FULL NIGHT 30.11.2019 20:30 Sábado_Saturday Idanha-a-Nova Centro Cultural Raiano Destinatários_Target Público geral_General public
Inauguração Exposição_Exhibition Beira Baixa ____ Sob Perspetiva Valter Vinagre Fotografia_Photography Pedro Martins Fotografia_Photography Filipe Faria Instalação Sonora_Soundscape Concerto_Concert Milo ke Mandarini Quartet + info pág. 69 Tertúlia com sopa_ Social gathering with soup Documentário_Documentary “Il sogno mio d’amore” Nathalie Mansoux, Miguel Moraes Cabral 2018 • Portugal • 101’ Exibição em parceria com DOCLISBOA
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BEIRA BAIXA ____ SOB PERSPETIVA Valter Vinagre Fotografia_Photography Pedro Martins Fotografia_Photography Filipe Faria Instalação Sonora_Soundscape PT Beira Baixa sob Perspetiva é um projeto que pretende unir os territórios que fazem parte da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa através de seis exposições - uma por cada concelho da Comunidade. As fotografias de Pedro Martins e Valter Vinagre mostram-nos a sua visão sobre o património partilhado destes seis concelhos. Para além da fotografia, cada exposição integra peças dos territórios, que entram em diálogo com as imagens dos fotógrafos convidados. Para a primeira exposição, o “objecto” escolhido foi uma recolha sonora de Filipe Faria, que permitiu chegar a uma parte do património que não pode ser traduzido em imagens, o património imaterial: as pessoas, nas suas vozes, e o espiritual na natureza, nos seus sons. O património imaterial é, assim, abordado através do som - também este com uma consistência imaterial. Chegou-se às instalações sonoras de Filipe Faria que, nas suas recolhas, exibe essa vivência que não se pode traduzir em objectos, mas que carrega algo mais transversal e profundo. As instalações quiseram chegar ao âmago do que é partilhado pelas pessoas de cada concelho - sendo a comunidade o verdadeiro património partilhado. EN Beira Baixa sob Perspetiva aims to unite the six territories that collaborate on the Intermunicipal Community of Beira Baixa. To fulfill this aim six exhibitions have been planned. The photography of Pedro Martins and Valter Vinagre show us their vision of the shared heritage of these
six municipalities. In addition to photography, each exhibition integrates objects from the territories. For the first exhibition, the “object” chosen to enter this conversation was made by Filipe Faria: a sound installation. This allowed us to feel a part of the patrimony that is immaterial and cannot be translated into images , and allow us to capture people, in their voices, the spiritual in nature, through their sounds. Intangible heritage is, therefor, approached through sound - with its own intangible consistency. With this, we found the sound installations of Filipe Faria which, in its collections, exhibits an experience that cannot be translated into objects, but carries something transversal and profound. These installations wished to get to the heart of what is shared by the people of each county - the community being the true shared heritage. Curadoria Mariana Salgueiro e Centro Cultural Raiano Conceito Original Paulo Longo/Centro Cultural Raiano Textos Mariana Salgueiro e Paulo Longo
CONCERTO_CONCERT MILO KE MANDARINI QUARTET + info p. 69
IL SOGNO MIO D’AMORE Nathalie Mansoux, Miguel Moraes Cabral 2018 • Portugal • 101’ Exibição em parceria com DOCLISBOA PT “Durante dois anos, filmámos num antigo convento do século XVII, que alberga o Conservatório de Música de Lisboa. Movido pelo nosso amor por este lugar anacrónico, pela música que ali é tocada e pela riqueza do seu ensino, Il sogno mio d’amore mergulha-nos no universo da transmissão da música entre professores e alunos. Sons e palavras misturamse com gestos, formam uma linguagem única e revelam o que há de mais profundo no ser humano: a expressão da sua sensibilidade.” Nathalie Mansoux, Miguel Moraes Cabral [in Doclisboa] EN “For two years, we filmed in an ancient seventeenth-century monastery, which houses the Conservatory of Music of Lisbon. Moved by our love for this anachronistic place, for the music that is played there and for the richness of its teaching, Il sogno mio d’amore immerses us in the universe of the transmission of music between teachers and pupils. Sounds and words mingle with gestures, form a unique language and reveal what is most profound in the human being: the expression of his sensibility.” Nathalie Mansoux, Miguel Moraes Cabral [in Doclisboa] .
Foto_Photo: Filipe Faria 95
6.12 18:00 WORKSHOP MÚSICA_ MUSIC WAED BOUHASSOUN 6.12.2019 18:00 Sexta-feira_Friday Idanha-a-Nova Centro Cultural Raiano Destinatários_Target Público geral_General public Gratuito + Inscrição Obrigatória_ Free + Booking required Waed Bouhassoun Síria_Syria voz/voice, oud + info p. 81
Foto_Photo: François Guenet
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7.12 9:00 NATUREZA_ NATURE CAMINHADA DE OBSERVAÇÃO DE AVES EM MONSANTO COM A SPEA_ BIRDWATCHING WALK IN MONSANTO WITH SPEA \SOCIEDADE PORTUGUESA PARA ESTUDO DAS AVES 7.12.2019 9:00-12:00 Sábado_Saturday Monsanto Capela de São Pedro de Vir-a-Corça Destinatários_Target Público geral_General public Max.: 20 pax Gratuito + Inscrição Obrigatória >48h Free + Booking required >48h
Foto_Photo: Hehaden
Data 7 de Dezembro 2019 Horário 9h00-12h00 Ponto de encontro Capela São Pedro de Vir-a-Corça Público-alvo Todos os interessados Máx. 20 pax Idade mínima 10 anos Recomendações Levar roupa e calçado adequados para andar no campo e água Inscrição obrigatória Binóculos e guias de campo fornecidos
Date 7th December 2019 Schedule 9h00-12h00 Meeting point Capela São Pedro de Vir-a-Corça Target audience Open to the general public Max. 20 pax Minimum age 10 years old Recommendations Take weather appropriate clothes and shoes, and water Advance booking required Binoculars and field guides provided
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PT O concelho de Idanha-a-Nova é considerado uma zona de excelência para a observação de aves em Portugal, e por isso, convidamo-lo a vir dar um passeio connosco para aprender e desfrutar da avifauna que habita por aqui. A aldeia histórica de Monsanto encontra-se numa zona privilegiada do território português, estando rodeada de sítios de extrema importância biológica. Está também integrada no GeoPark Naturtejo e na Reserva da Biosfera Transfronteiriça do Tejo/Tajo Internacional. A sul da aldeia, encontra-se o Parque Natural do Tejo Internacional, uma área pouco perturbada, e com uma elevada diversidade e abundância de aves planadoras, ou de grande porte. Entre as espécies residentes estão o grifo, o abutre-preto, a águia-real e a águia-imperial. A paisagem é maioritariamente rochosa, com vegetação arbustiva e montados de sobro e azinho. Esta última característica empresta à área alguns traços de habitats mais mediterrânicos, o que se traduz no elenco local de espécies de aves. Além das aves planadoras não nos podemos esquecer das aves mais pequenas, mas que não passam despercebidas devido às suas cores contrastantes, como o chapim-real, o melro-azul, entre outras. Iremos começar a manhã com uma pequena introdução sobre a zona envolvente, o tipo de habitats observados e as espécies que esperamos ver durante o passeio. Partiremos da capela em direção ao castelo de Monsanto, fazendo várias paragens para observar as aves que encontramos pelo caminho.
QUEM SOMOS? A SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves é uma Organização Não Governamental de Ambiente que trabalha para a conservação das aves e dos seus habitats em Portugal, promovendo um desenvolvimento que garanta a viabilidade do património natural para usufruto das gerações futuras. 98
A SPEA desenvolve projetos em todo o território nacional e também em parceria no estrangeiro (ex.: Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Malta e Grécia). A sensibilização ambiental e a promoção do Birdwatching são também duas das suas prioridades. Mais especificamente, realizamos censos por todo o país (Portugal continental e ilhas) para produzir indicadores do estado da biodiversidade. Os nossos cientistas fazem parte de diversos projetos incluindo entender e mitigar o impacte das linhas elétricas nas aves; fazemos também parte da equipa que trabalha na gestão sustentável das Berlengas (conservar os seus habitats, plantas endémicas e populações de aves marinhas), o restauro da floresta Laurissilva nos Açores e proteção do priolo, e até sensibilizar o público para as mudanças climáticas e o problema da poluição. Além disto tudo, participamos na gestão do Espaço Interpretativo da Lagoa Pequena que está situado numa das mais importantes zonas de migração e nidificação de aves da Europa. E porque é que isto é importante? Estudos demonstram que 40% das espécies de aves selvagens do Mundo estão em declínio, e 1 em 8 espécies estão ameaçadas de extinção. Esta estatística inclui aves como o Britango, o Sisão e a Águia-imperial, mas aves comuns estão também a diminuir em números. As aves são bons indicadores do estado geral dos ecossistemas, ou seja, campos ricos em aves são campos saudáveis e livres de poluição. Como associação sem fins lucrativos, dependemos do apoio dos sócios e de diversas entidades para concretizar as nossas ações. Fazemos parte de uma rede mundial de organizações de ambiente, a BirdLife International, que atua em 120 países e tem como objetivo a preservação da diversidade biológica através da conservação das aves, dos seus habitats e da promoção do uso sustentável dos recursos naturais. Em Portugal, SPEA foi reconhecida como entidade de utilidade pública em 2012. Se quiser saber mais sobre
o nosso trabalho, ou ajudar-nos tornando-se sócio, visite o nosso website www.spea.pt. EN Idanha-a-Nova is considered a place of excellence for birdwatching in Portugal, and so we invite you to join us and learn more about the wonderful birds that live here. The Monsanto Historical Village is in a privileged place in Portugal, being surrounded by many sites of extreme biological importance. Is it integrated in the GeoPark Naturtejo and in the Reserva da Biosfera Transfronteiriça do Tejo/Tajo Internacional. To the south, you´ll find the Tejo International Natural Park, an undisturbed area and with a high diversity and abundance of soaring birds (or bigger birds). Among the resident species you’ll find the Griffon Vulture, the Cinereous Vulture, the Golden Eagle and the Spanish Imperial Eagle. The scenery is mostly rocky with shrub vegetation and cork oak and holm trees. This last feature lends the area traces of Mediterranean habitats which translates into the local cast of bird species. Besides the soaring birds, we must not forget the smaller species, which do not go unnoticed due to their contrasting colours, such as the Great tit, the Blue Rock Thrush, among many others. We´ll start the morning with a brief introduction about the area, the type of habitats seen and the species we may see during the walk. We´ll leave the chapel and walk towards the Monsanto castle, making several stops along the way to observe any birds we find.
WHO ARE WE? SPEA – Portuguese Society for the Study of Birds is n non-governmental environmental organization working for the conservation of birds and their habitats in Portugal and promoting a development that guarantees the viability of the natural heritage for the enjoyment of future generations. We develop projects throughout
Portuguese territory and also in partnership abroad (eg. Cape Verde, Sao Tome and Principe, Malta and Greece). Raising environmental awareness and promoting birdwatching are also two of our priorities. More specifically, we conduct census across the country (continental Portugal and islands) in order to produce indicators of the state of our biodiversity. Our scientists are part of many projects including understanding and mitigating the impact of power lines on birds; we are also part of the team that works on the sustainable management of Berlengas (conserving their habitats, endemic plants and seabird populations), the restoration of the Laurel forest in the Azores and the protection of the Azores Bullfinch, and even raising public awareness around climate change and pollution. Furthermore, we participate in the management of the Lagoa Pequena Interpretation Center, which is located in one of the most important bird migration and nesting areas in Europe. And why is all of this so important? Studies show that 40% of bird species in the world are in decline, and that 1 in 8 species are threatened with extinction. This statistic includes species such as the Egyptian Vulture, the Little Bustard and the Spanish Imperial Eagle, but common birds are also declining in numbers. Birds are very good indicators of the general health of ecosystems and so fields that are rich in birds are healthy fields with low levels of pollution. As a non-profit association, we depend on the support of our partners and various entities to carry out our actions. We are part of a worldwide network of environmental organizations, BirdLife International, which operates in 120 countries and aims to preserve biological diversity through the conservation of birds, their habitats and the promotion of sustainable use of natural resources. In Portugal, SPEA was recognized as a public utility entity in 2012. If you want to know more about our work, or help us by becoming a member, visit our website www.spea.pt. 99
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PROGRAMA PROGRAMME EDUCATIVO EDUCATIONAL
PROGRAMA EDUCATIVO_ EDUCATIONAL PROGRAMME CORPO_BODY MASSAGEM DO BEBÉ #1_#4 BABY MASSAGE #1_#4 #1 22.11.2019 9:30 Sexta-feira_Friday #2 5.12.2019 9:30 Quinta-feira_Thursday #3 6.12.2019 9:30 Sexta-feira_Friday #4 6.12.2019 11:00 Sexta-feira_Friday Mediadora_Instructor Rita Santos Destinatários_Target Escolas_Schools Gratuito + Inscrição Obrigatória_ Free + Booking required
PT A promoção do “toque” é essencial nos primeiros tempos de vida de um bebé e deve ser potenciado para toda a vida... O “toque” promove a segurança e a confiança necessárias para um bom desenvolvimento emocional. A massagem estimula a consciência corporal de pais e filhos e ajuda a regular os ciclos do sono, a aliviar os sintomas de cólicas e a estimular o sistema nervoso e circulatório.
EN The promotion of “touch” is essential in the early life of a baby and should be boosted for life... “Touch” promotes the security and confidence necessary for good emotional development. Massage stimulates the body awareness of parents and children and helps regulate sleep cycles, relieve colic symptoms and stimulate the nervous and circulatory system. Foto_Photo: Filipe Faria
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PROGRAMA EDUCATIVO_ EDUCATIONAL PROGRAMME NATUREZA_ NATURE SAÍDA DE CAMPO #1_#2 COUNTRY OUTING #1_#2 #1 28.11.2019 10:30-11:45 Quinta-feira_Thursday #2 29.11.2019 10:30-11:45 Sexta-feira_Friday Mediadora_Instructor Manuela Catana Destinatários_Target Escolas_Schools Gratuito + Inscrição Obrigatória_ Free + Booking required
PT “O que há neste lugar? Vamos aprender a ser bons exploradores de paisagens!” Vamos observar, escutar e sentir a paisagem da Tapada do Sobral, junto ao Centro Cultural Raiano, em Idanha-a-Nova. É muito importante conhecermos melhor a paisagem para sabermos cuidar dela. Vamos usar o Guia de Exploração do “Museu da Paisagem”. Vem, daí! A paisagem precisa de ti!
PT “What’s in this place? Let’s learn to be good landscape explorers!”Let’s watch, listen and feel the landscape of Tapada do Sobral, near the Raiano Cultural Center in Idanha-a-Nova. It is very important to know the landscape better so that we can take care of it. Let’s use the “Museum of Landscape” Exploration Guide. Come on! The landscape needs you! Foto_Photo: Rita Santos 103
PT Aprender & amar a natureza... em Idanha! Ao longo dos 365 dias, em cada ano, no concelho de Idanha-a-Nova podemos fazer uma viagem no espaço e no tempo desde os 600 Milhões de anos (Ma) até à atualidade lendo as rochas e as paisagens. A nossa casa comum, o querido Planeta Terra nasceu há 4600 Ma e a Vida surgiu há 3800 Ma. Uma longa história se seguiu e está registada nestes fabulosos livros de pedra, as rochas. Aprender com e na Natureza está ao alcance de todos nós, com mais oportunidades, aqui, em pleno Mundo Rural! Podemos contemplá-la, mas só realmente a amamos se a conhecemos e compreendemos. E a curiosidade e vontade de explicar tudo o que nos rodeia, incluindo nós próprios, nasceu connosco, enquanto espécie humana, pois nós somos parte integrante da Natureza. A UNESCO, Organização das Nações Unidas Para a Educação, Ciência e Cultura vem reconhecendo o valiosíssimo Património Natural (biodiversidade e geodiversidade) e Histórico-Cultural deste concelho. Em 2006, este Município integrou o território classificado do Geopark Naturtejo – Geoparque Mundial da UNESCO, em 2015 integrou a Rede de Cidades Criativas no âmbito da Música e em 2016 a área classificada como Reserva da Biosfera Transfronteiriça do Tejo/Tajo Internacional. Os geomonumentos Parque Icnológico de Penha Garcia, Falha do Ponsul, Minas de Segura, Monte-Ilha de Monsanto e Canhões Fluviais do Erges são verdadeiras salas de aulas interdisciplinares ao ar livre e locais-chave para a compreensão da História da Terra e evolução da Vida. Já o Centro de Interpretação da Biodiversidade “Terras de Idanha” em Segura é casa de partida para aventuras, atividades como a observação de aves e desportos de natureza. As aldeias Históricas de Monsanto e 104
Idanha-a-Velha, orgulhosas sentinelas a marcarem o tempo da História da ocupação humana de outrora, condicionada pela geodiversidade, aguardam por nós para desvendarmos as suas memórias e inovações do mundo rural. A música e instrumentos que nos chegaram até hoje transportam sons e influências de tantos que por aqui passaram ao longo de séculos e se inspiraram para as suas letras e melodias na Natureza e seus recursos. Ano após ano, chegam a Idanha vindos de todo o país e estrangeiro inúmeros alunos, professores e turistas que aprendem a interpretar e desfrutam da Natureza quer em ações promovidas pelo Município, quer pelo Geopark Naturtejo ou empresas de animação turística. As crianças, jovens e famílias residentes são desafiados ao longo do ano a aprenderem mais sobre a Natureza local, na escola, no campo e nos centros de interpretação, mas são também sensibilizados e chamados a dar o seu valioso contributo durante a sua vida. Novembro e Dezembro, na Península Ibérica, são por excelência meses para semearmos e plantarmos árvores, de forma a elas terem uma maior taxa de sobrevivência. E de preferência plantarmos autóctones! Este ano, nas atividades de Natureza as nossas crianças vão “Fora do Lugar” inspiradas no Guia de Exploração do “Museu da Paisagem”. Depois de aprenderem jogando passamos ao mais importante, que são os atos Maria Manuela Catana NATURTEJO GEOPARK UNESCO
EN Love and learn about nature... in Idanha! Year in and year out, 365 days a year, the municipality of Idanha-a-Nova allows for a journey through space and time, from 600 million years ago to the present day, reading rocks and landscapes. Our shared home, our dearest Planet Earth, was born 4,600 million years ago, while Life first emerged 3,800 million years ago. A long history has since followed and is recorded in these fabulous books of stone: the rocks. Learning with and in Nature is within the reach of all of us, with more opportunities, here, amidst the Rural World! Although we can always contemplate the Earth, we can only really love it if we know and understand it. Curiosity and the desire to explain everything around us, including ourselves, is innate to us as a human beings, for we are an integral part of Nature. UNESCO, the United Nations Educational, Scientific and Cultural Organisation, has acknowledged the priceless Natural (biodiversity and geodiversity) and Historical-Cultural Heritage of this municipality. In 2006, it integrated the territory known as the Geopark Naturtejo - UNESCO World Geopark; in 2015, it joined the Network of Creative Cities in the area of Music; in 2016, it integrated the area known as the Tejo/Tajo International Transboundary Biosphere Reserve. Veritable outdoor interdisciplinary classrooms, the geomonuments of Penha Garcia Ichnological Park, the Ponsul Fault, the Segura Mines, the Isle-Hill of Monsanto and the Erges River Canyons are key locations for understanding the Earth’s history and the evolution of Life. The ‘Land of Idanha’ Biodiversity Interpretation Centre in Segura is a starting point for adventure and activities such as bird watching and nature sports. Proud sentinels marking the history of human occupation once conditioned by geodiversity, the historic villages of Monsanto and Idanha-a-Velha await us in order to unveil memories and innovations
of the rural world. The music and instruments passed on to us today carry the sounds and influences of so many who have lived here over the centuries and who found inspiration for their lyrics and melodies in Nature and its resources. Year after year, many students, teachers and tourists come to Idanha from all over the country and abroad to learn how to interpret and enjoy nature, whether in events promoted by the Municipality, the Naturtejo Geopark or by tourism providers. Children, young people and resident families are challenged throughout the year to learn more about local nature in schools, in the countryside and in interpretation centres, but are also given knowledge and called upon to make a valuable contribution throughout their lifetime. Offering higher survival rates, November and December are the key months in the Iberian Peninsula for sowing and planting trees. Preferably we plant natives! This year, in the nature activities of the ‘Fora do Lugar’ Festival, our children will be inspired by the “Museum of Landscape” Exploration Guide. After learning through play, we move to the most important part: action. Maria Manuela Catana NATURTEJO GEOPARK UNESCO
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PROGRAMA EDUCATIVO_ EDUCATIONAL PROGRAMME MÚSICA_MUSIC O MÚSICO VAI À ESCOLA #1_#4 THE MUSICIAN GOES TO SCHOOL #1_#4 #1 28.11.2019 14:00 Quinta-feira_Thursday #2 28.11.2019 15:30 Quinta-feira_Thursday #3 5.12.2019 14:00 Quinta-feira_Thursday #4 5.12.2019 15:30 Quinta-feira_Thursday Músico_Musician Denys Stetsenko_Ucrânia_Ukraine Destinatários_Target Escolas_Schools Gratuito + Inscrição Obrigatória_ Free + Booking required
Foto_Photo: Rita Santos
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PROGRAMA EDUCATIVO_ EDUCATIONAL PROGRAMME MÚSICA_MUSIC O MÚSICO VAI À ESCOLA #5 THE MUSICIAN GOES TO SCHOOL #5 #5 6.12.2019 15:00 Sexta-feira_Friday Músicos_Musicians Concerto Campestre_Portugal Destinatários_Target Escolas_Schools Gratuito + Inscrição Obrigatória_ Free + Booking required
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