SĂŁo Paulo, 2020
Arthur Scovino
Apontamentos - MoirĂľes de Mairi
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Dedico esse trabalho ao meu amado Fernando Siso e a minha professora orientadora Viga Gordilho. Gratidão!
Se o caminho é longo, experimento abrir outros olhos para desvelar o que ficou estancado na memória. Atenção dobrada ao que se apresenta na altura dos olhos. Libertar a percepção para além das telas e das cercas: Flor de maracujá de boi: Pular a janela do tempo passando a vida a limpo no delírio da arte. Berrante: Salve o caboclo boiadeiro a uma quadra da esperança! As onze fotografias que apresento aqui é uma edição especial de um ensaio ainda inédito realizado no dia em que ouvi o caboclo assoviar pela primeira vez. Foi numa quinta-feira santa, na cidade de Mairi, no sertão baiano, ao cumprir uma promessa a passos lentos e atento no caminho de terra que leva a Capela da Santa Cruz do Monte Alegre. Cheguei ao final da tarde, a tempo de assoviar a ave-Maria de Schubert junto aos urubus no precipício.
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1 – Armadilhas. Arapucas. Casa de Zé Poleiro. Tristes Jandaias perdidas com asas quebradas a pontapés, na ponta dos pés. Todas seguindo na mesma direção. Vivenciar uma obra dessa natureza é como sorver uma faixa elétrica prismal do lugar onde os poetas aprendem a fazer poesia. O que resta dela, transborda nas demais inclinações que buscam decodificar os sinais sagrados.
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2 – Perceber a presença de outros universos que chegam rompendo mato, varrendo céu, arrastando terra… prever o dia em que todos possam estalar os dedos para se espalharem na estrada expressa do ar. Recolher a fragrância das batalhas do artista e também algumas palavras dedicadas ao futuro. Transcritas, psicografadas, remixadas, moribundas…
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3 – A mensagem é DESACELERAR, mas também desacomodarse no interior de cada bólide ao final da explosão. O que de fato importa agora? Qualquer palavra que se dirija ao invisível: Interferências. Algumas canções e bandeirinhas do Brasil refletidas na rachadura de uma bola de cristal. Arranca toco. Ventania.
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4 – Acolher uma doce reflexão ambivalente não significa aceitar o conformismo das coisas no instante em que se desenham no horizonte. VIBRAÇÃO / SENTIDO / ALINHAMENTO. APONTAMENTOS : o plano intocável das maravilhas. O lirismo quase íntimo mapeado por pesquisadores de ouro e própolis.
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5 – PENSAMENTO/ SENTIMENTO/ CUIDADO. Salve o Rei da vela! Salve Pery! Salve o Caboclo Pena Branca! Porque agora é assim: o que antes parecia sonho era um vidro de analgésico quebrado no chão. A morte ainda carece de explicação. Hélio está de volta e acentuou a palavra com um gesto energético de liberdade e responsabilidade. Vide o cacete no cinema escondendo a urgência de penetrar fundo nos segredos alertando as massas.
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6 – Ambiente e destino: levantar-se agora e cortar os laços conservadores e as lembranças de ofensas e acusações. O caminho é EVOLUÇÃO. Olhar apenas para a realidade positiva impossibilita acender os lugares ainda obscuros. As linhas se rompem ao seu tempo preparando a chegada do foguete.
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7 – Aprendizado: o sol faz o jambo corar e suas flores pintarem o chão de uma cor de rosa que não existe. A aparição do galo rosa que traz a cura para desamores do passado. O tempo limpa sua paleta de cores. Como defender o Brasil com 500 dólares por mês retirados do fundo do poço enlameado?
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8 – Apontamentos: muitos outros, ainda. Outra coisa além de impressões pessoais. Algo bem maior ao longo do caminho. PACIÊNCIA. Agradecimentos mais do que espaciais a primeira aparição de Carmen Miranda invadindo minha porta balançando o oco do mundo Novo.
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9 – Um caminho consciente sobre os atos e pensamentos. Um pedaço de terra fértil. Apocalipse emergencial temporário: meteorizar dedicatórias aos meus amores que sacaram as primeiras palavras do lado A deste novo entendimento. Ver emergir o suprassumo do surpreendente com as mãos sujas de pólen.
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10 – TRADUZIR: participações. Encontro com o arco de Aracê: GUERRA! Poesia-faca-amolada entre um copo de cognac e o vácuo. Chorume da arte. Fóssil exposto do primeiro poeta que se levanta para garantir possíveis banhos de lua na beira da praia do karma de cada um.
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11 – Ele está de volta trazendo verdadeiras epopeias no coração, cheirando borboletas e gasolina. Deposita sua confiança e intimidade aos especialistas em glorificar a linguagem obscura da América Latina. As metamorfoses se incorporam a paisagem, das nuvens do altíssimo a ponta dos dedos daqueles que fazem das tripas corações de pedra para seguir em frente.
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