SIMPÓSIO CIENTÍFICO
A APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE MEMÓRIA E HISTÓRIA ORAL NA ANÁLISE DO PROCESSO DE PRESERVAÇÃO DO CONJUNTO ARQUITETÔNICO E URBANÍSTICO DA CIDADE DO SERRO – MG E DO EDIFÍCIO ARTHUR DA SILVA BERNARDES DA 666
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA REIS, LUIZ FERNANDO (1); FRANKLIN, ARTHUR Z. (2); STEPHAN, ÍTALO I. C. (3) 1. Universidade Federal de Viçosa. Departamento de Arquitetura e Urbanismo Campus UFV – Viçosa - MG lfreis@ufv.br 2. Universidade Federal de Viçosa. Departamento de Arquitetura e Urbanismo Campus UFV – Viçosa - MG arthur.franklin@ufv.br 3. Universidade Federal de Viçosa. Departamento de Arquitetura e Urbanismo Campus UFV – Viçosa - MG stephan@ufv.br
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RESUMO
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo apresenta a aplicação dos procedimentos metodológicos da História Oral para a apreensão das memórias coletivas de dois objetos arquitetônicos/urbanísticos: o conjunto arquitetônico e urbanístico do Serro – MG em que se confrontou, através de entrevistas temáticas com moradores da cidade, as ações do IPHAN no município durante o processo de proteção do conjunto histórico, no período que abrange desde o tombamento da cidade, em 1938, até a primeira década de 2000 e o Edifício Arthur da Silva Bernardes, edificação eclética que marca a criação da Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa – MG, cuja importância para a memória da instituição e da própria cidade de Viçosa culminou com o seu tombamento, em nível municipal, em 2001. Nas duas pesquisas os estudos realizados dividiram-se em três eixos: no primeiro, foram abordados os conceitos e teorias relacionadas aos temas concernentes visitando os trabalhos de autores cujos estudos debruçaram-se sobre a pesquisa da Memória Coletiva e dos procedimentos metodológicos que embasam a História Oral; no segundo, foram realizados levantamentos de documentos oficiais, cujos conteúdos são fornecidas descrições que contextualizam os vetores de estudo bem como as ações institucionais empreendidas. No terceiro eixo, definiu-se o procedimento que sustentam a abordagem da História Oral: a realização de entrevistas temáticas, o que permitiu entender como foram construídas as memórias dos grupos relacionados. Cumpre salientar que, apesar da diferença da escala (a se considerar uma cidade e um edifício), o objeto de estudo foram as memórias de cada um e o presente artigo foca-se nos procedimentos metodológicos adotados.
Palavras-chave: patrimônio cultural; memória; história oral
Este artigo relaciona os resultados de duas pesquisas que buscaram apli-
car a metodologia da história oral para apreender as memórias relacionadas a dois objetos arquitetônicos e urbanísticos: a cidade do Serro em Minas Gerais e o Edifício Arthur da Silva Bernardes, na Universidade Federal de Viçosa, também em Minas Gerais.
No primeiro objeto, foi realizado, no período de 2009 a 2012, o estudo do
processo de preservação da cidade do Serro, desde o seu tombamento realizado em 1938 até a primeira década de 2000. A pesquisa foi construída com base na análise das práticas empreendidas pelo IPHAN e das memórias e representações construídas pelos moradores. Para se atingir a esse objetivo, foi realizada a investigação das práticas de preservação adotadas pelo IPHAN por meio da documentação do Arquivo Central da instituição no Rio de Janeiro e na 13ª Superintendência Regional do IPHAN, em Belo Horizonte e dos boletins SPHAN/Pró-Memória, publicados entre 1979 e 1989.
Neste objeto, especificamente para o estudo das memórias e represen-
tações, foram realizadas entrevistas temáticas com moradores da cidade do Serro. Além disso, foi feita a análise de fontes documentais e fontes bibliográficas, sendo estas últimas constituídas por obras memoriais de autores serranos. A pesquisa que abordou as memórias do Edifício Arthur da Silva Ber-
nardes, realizada entre 2013 e 2016, foi o resultado de um projeto de iniciação científica, onde buscou-se investigar, no período de 1926 até o tempo presente, as memórias que foram construídas em relação ao Edifício Arthur da Silva Bernardes. Ou seja, levantar, a partir de uma abordagem que considerasse de um lado os documentos oficiais e os eventos relacionados à história do edifício (memória oficial) e de outro as histórias orais, estruturadoras das memórias individuais e coletivas dos grupos sociais relacionados à principal edificação do campus da Universidade
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Federal de Viçosa, cuja preservação foi garantida por seu tombamento em nível
Nas sociedades sem escrita, extintas ou não, a memória coletiva é dada
municipal, realizado em 2001.
pela dimensão narrativa e outras estruturas da história cronológica dos acontecimentos e tem a função de reter os conhecimentos mais importantes dos grupos a
Em ambas, embora com objetivos específicos diferentes, a metodologia
seguiu uma linha próxima. Primeiramente estudou-se os conceitos relacionados à
que ela se refere. A ordenação da memória coletiva nessas populações é feita em torno da identidade coletiva do grupo, prestígio das famílias dominantes.
patrimônio cultural, monumento histórico, memória e história oral. Por fim, com os objetivos dos projetos em mente, realizou-se a escolha dos grupos relaciona-
dos aos objetos de estudo e utilizando entrevistas temáticas, realizou-se as coletas
gresso. Em primeiro lugar, assumiu a forma de inscrição (epigrafia), em monumen-
das memórias construídas, comparando assim com os documentos oficiais, em
tos comemorativos de acontecimentos memoráveis. Em segundo lugar, passou a
busca de convergências e divergências.
ser registrada por meio do documento escrito. O registro da memória permitiu
2. MEMÓRIA
Com o aparecimento da escrita, a memória coletiva atingiu um duplo pro-
transmitir o conhecimento através do tempo e do espaço.
O registro das memórias dos grupos sociais e sua análise são fundamen-
A revisão dos conceitos de memória, principalmente aqueles relacionados
tais para a compreensão de processos que ocorrem ao longo da sua história e nos
à memória coletiva, foi fundamental para embasamento teórico da metodologia
espaços por eles habitados. São as memórias, nas suas mais variadas formas de
adotada nas pesquisas. Aqui, são apresentadas as perspectivas de três autores:
registro, a principal fonte de compreensão dos fatos ocorridos que dão sentido à
Jacques Le Goff, Michael Pollak e Maurice Halbwachs.
identidade dos lugares e à dinâmica de sua existência.
Para Jacques Le Goff (1990), o registro das memórias é essencial para
A perspectiva de Pollak (1989) se baseia justamente nas oposições entre a
a compreensão dos processos que ocorrem ao longo da história e nos espaços
memória oficial (na memória nacional, que se constrói pelas classes dominantes)
habitados por grupos e pelo fato em si. São as memórias que dão sentido aos
e aquela construída pelas minorias ou maiorias dominadas.
lugares e a dinâmica de sua existência.
Em seu ensaio Memória (1984), Le Goff define como objeto de análise a
memória coletiva. O autor faz uma passagem pelos seus diferentes significados nas sociedades humanas ao longo de sua história. Partindo do pressuposto de que a memória coletiva tem como função dar fundamento à existência das etnias ou das famílias, o autor discorre sobre as formas de registro da memória e sua finalidade. Essa análise que segue uma linha temporal perpassa desde as sociedades primitivas, ainda presentes em algumas regiões do planeta até a contemporaneidade.
E nesse ponto, crê-se ser possível questionar se a memória construída ao
longo dos processos de preservação nas cidades históricas também não desconsiderou as memórias das classes excluídas/dominadas?
Esta memória oficial, em busca de uma identidade nacional, representada
pelo acervo arquitetônico, urbanístico e paisagístico, determinada a partir de um modelo proposto por um grupo de intelectuais, todos eles advindos das classes dirigente-dominantes não era a memória desse grupo, conforme definição, constituído de pessoas que desempenharam papéis recíprocos, segundo determinadas normas, interesses e valores sociais, para a consecução de objetivo comuns a essa classe?
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E no momento em que se desencadeou a oficialização da preservação no
de referências de nossas lembranças antigas, inversamente essas se adaptam ao conjunto de nossas percepções do presente. É como se estivéssemos diante de muitos testemunhos. Podemos reconstruir um conjunto de lembranças de maneira a reconhecê-lo porque eles concordam no essencial, apesar de certas divergências. (halbwachs, 2006, p. 29)
Brasil – através de um decreto – não houve a participação dos moradores que habitavam as cidades atingidas pelos tombamentos. E quais foram as memórias tecidas por esses atores ao longo desse processo? Como e sob quais circunstâncias elas foram repassadas às gerações posteriores?
Acredita-se que a partir das memórias e das representações desses mora-
dores relacionadas a esse processo, seja possível responder aos questionamentos acima. A confrontação entre as duas memórias pode apresentar esse provável embate que configura as diferenças de interesses, a exclusão de um grupo e a distância entre o oficial e o clandestino.
Esse mesmo autor ainda mostra que, memórias que são mantidas como
verdades absolutas de um sistema dominante, representado por uma ideologia ou um estado, são contemporâneas e dissociadas das memórias pertencentes à sociedade civil, que ele denomina de “clandestina”, que se apresenta impossibilitada de se expressar, por se opor à memória oficial. Entretanto, quando existe alguma brecha, uma fissura em que se permite emergir essas memórias.
Já na visão de Maurice Halbwachs, a memória individual é o testemunho
utilizado para recordar eventos vivenciados e não vivenciados. Estes últimos são aqueles sobre os quais, no passado, a partir do testemunho de outras pessoas, tenha se formado uma opinião. Portanto, existe uma interação das memórias coletivas e individuais e para cada experiência apresentada observa-se que o interesse desperto, a perspectiva sob a qual se vivencia o momento estabelece analogias com pontos de vista de outras memórias, cada uma na sua especificidade e com seu conhecimento. Esse comungar de lembranças nos coloca em vários grupos e torna possível uma experimentação mais rica, que não seria possível sem a presença das outras memórias. Assim, quando voltamos a uma cidade em que já havíamos estado, o que percebemos nos ajuda a reconstituir um quadro de que muitas partes foram esquecidas. Se o que vemos hoje toma lugar no quadro
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A presença de uma pessoa não é necessária no compartilhamento de suas
lembranças. O fato de já termos convivido com essa pessoa permite que evoquemos um evento a partir de suas lembranças, ainda que elas não sejam as mesmas que as nossas. Isto porque, segundo Halbwachs, nossas lembranças são coletivas. Nossa visão de mundo nos é dada por nossas lembranças, que são construídas e reformuladas coletivamente. Tanto quanto as lembranças de outrem participam e alteram as nossas, o mesmo acontece com as nossas lembranças em relação às dos outros.
A memória individual é fundamental para recuperar a memória de um
local, posto que a partir das lembranças das pessoas é possível recuperar momentos passados e formas desaparecidas.
A memória coletiva retém o que é capaz de viver na consciência do grupo.
Elas se eternizam mais em registros, em documentos, do que em formas materiais, inscritas na paisagem, e esses documentos transformam as memórias coletivas em memórias históricas, preservam a memória da cidade e de seus elementos constituintes e permitem contextualizar os testemunhos do passado que, permaneceram na paisagem por estabelecer relação entre os vestígios concretos e os registros das memórias coletivas.
Dessa forma, retomar os registros da memória de um lugar significa re-
viver seu passado, eternizar seu presente e garantir ao futuro um lastro de lembranças, fundamental para preservar a sua identidade.
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E para essa retomada é necessário, pois, a apreensão das narrativas dos
Na temática, o foco se fundamenta no tema pesquisado, já na de vida as questões
grupos que se relacionam com os lugares, com os edifícios, sejam eles os produ-
específicas à vida do narrador apenas serão úteis se estiverem relacionadas ao
tores da memória oficial ou aqueles que construíram seus relativos em oposição
tema da pesquisa.
aos primeiros, os construtores da memória clandestina. E essas narrativas são
Dado o seu caráter específico, a história oral temática tem características bem diferentes da história oral de vida. Detalhes da história pessoal do narrador interessam apenas na medida em que revelam aspectos úteis à informação temática central (MEIHY, 1996, p.163).
obtidas por meio da História Oral.
3. HISTÓRIA ORAL
A história oral constitui um procedimento metodológico que torna pos-
sível a apreensão de memórias individuais ou de um grupo. A utilização da história
oral como procedimento se justifica pelo tema a ser definido. Além disso, ela facul-
soluções comuns e tradicionais para a apresentação dos trabalhos analíticos em
ta o aprofundamento de detalhes preciosos sobre o objeto de estudo durante as
diferentes áreas do conhecimento acadêmico. Assim, nos dois casos, foi utilizada
entrevistas, diferentemente à adoção de uma metodologia baseada em questões
a técnica de entrevistas temáticas. Ela quase sempre equipara o uso da docu-
fechadas, já que, mesmo existindo um roteiro-guia sobre o tema, ela permite aos
mentação oral ao das fontes escritas (MEIHY, 1996, p.162). E ainda ressalta que
entrevistados ampliar sua narrativa e assim confrontar e verificar os documentos
a história oral temática utiliza a entrevista “como se fosse mais um documento,
oficiais.
compatível com a necessidade de esclarecimentos” (MEIHY, 1996, p.162). Ou seja,
Segundo Alberti, a escolha da história oral “[...] deve ser importante, diante
do tema e das questões que o pesquisador se coloca, estudar as versões que os entrevistados fornecem acerca do objeto de análise”. (ALBERTI, s/d, p. 30)
É um procedimento que se viabiliza por meio de duas abordagens: a pri-
meira, entrevistas temáticas, que são, segundo Delgado, “[..] entrevistas que se
os procedimentos são meios que podem ser utilizados para se atingir metas que não sejam exclusivamente da história oral.
guiada pelos objetivos da pesquisa, entretanto, segundo Alberti, [...]não deve ser predominantemente orientada por critérios quantitativos, por uma preocupação com amostragens, e sim a partir da posição do entrevistado no grupo, do significado de sua experiência. (ALBERTI, s/d, p. 31)
entrevistados” (DELGADO, 2006, p. 21). Nesse procedimento, as entrevistas são realizadas sem roteiro definido, onde são mostradas diferentes visões acerca do objeto de estudo. A segunda abordagem é a história de vida, que, segundo Meihy, pessoa”, sendo esta constituída por depoimentos longos e mais profundos.
Ou seja, uma das diferenças entre história de vida e a história oral temáti-
ca, enquanto procedimentos da história oral é justamente o foco das entrevistas.
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Dessa forma, a articulação das entrevistas é realizada com as fontes rel-
acionadas a documentos escritos. Já sobre a escolha dos entrevistados deve ser
referem a experiências ou processos específicos vividos ou testemunhados pelos
1996, p.147, “[...] trata da narrativa do conjunto de experiência de vida de uma
Meihy afirma que a história oral temática é a que mais se aproxima das
Já a limitação do número de entrevistados é definida no momento em que
as narrativas não mais apresentam fatos analíticos relevantes a serem considerados. Este é o momento de saturação e indica que a realização de novas entrevistas não resultará mais em informações relevantes à pesquisa.
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Na opinião de Delgado, as informações obtidas por meio das entrevistas
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Recuperar memórias locais, comunitárias, regionais étnicas, de gênero, nacionais, entre outras, sob diferentes óticas e versões; possibilitar a redefinição de cronologias históricas, através de depoimentos que revelam novas óticas e diferentes interpretações em relação às predominantes, sobre determinado assunto ou tema; apresentarse como alternativa ao caráter estático do documento escrito, que permanece o mesmo através do tempo. (DELGADO, 2006, p. 19)
[...] um procedimento metodológico que busca, pela construção de fontes e documentos, registrar, através de narrativas induzidas e estimuladas, testemunhos, versões e interpretações sobre a História em suas múltiplas dimensões: factuais, temporais, espaciais, conflituosas, consensuais. (DELGADO, 2006, p. 15) O que realça a importância do narrador e do entrevistador. O primeiro
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temáticas constituem-se em
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Entre as limitações do método, destaca-se o predomínio da subjetividade
na narrativa do entrevistado.
por se constituir o principal meio para se atingir a finalidade do método – história oral – e o segundo por ser o vetor que conduz a construção da narrativa, de forma
A partir de narrativas que respondam às questões do pesquisador, a
que esta atenda aos objetivos aos quais se pretende alcançar.
história oral abre um leque de detalhes que, se por um lado exige o apuro na análise, por outro expõe minúcias que passariam despercebidos se a pesquisa
A história oral tem caráter multidimensional, e por meio das narrativas
são expostos fatos, épocas/tempos, lugares, relações, o que particularmente despertou o interesse em utilizá-la, a fim de atingir os objetivos do presente trabalho – as memórias e as representações.
fosse feita por meio de questionários estruturados.
4. OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS Na pesquisa de campo para o estudo das memórias e das representações dos
A relevância da memória para a história oral é também sublinhada por
Delgado ao afirmar que: Finalmente, recorre-se à memória como fonte principal que a subsidia (história oral) e alimenta as narrativas que constituirão o documento final, a fonte histórica produzida. (DELGADO, 2006, p. 16)
Ao referir-se aos aspectos metodológicos da história oral, Delgado asseve-
moradores do Serro e no estudo relativo às memórias do Edifício Arthur Bernardes, foram utilizados os procedimentos metodológicos da História Oral, que tem como base os estudos dos autores citados acima.
No Serro, foram definidos como objetos principais (temática), os elemen-
tos constitutivos e a preservação do seu conjunto arquitetônico e urbanístico, conforme mostra o Quadro 01.
ra que por tratar-se de uma metodologia qualitativa, ela contrapõe “os conceitos e pressupostos que tendem a universalizar e generalizar as experiências humanas” (DELGADO, 2006, p. 18). E citando Paul Thompson, a autora elenca potencialidades e limites inerentes à história oral, alguns dos quais, além de reforçar a citação acima, justificam o uso dessa metodologia no presente trabalho. Destacam-se dentre essas potencialidades:
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QUADRO 1 – ROTEIRO DE ENTREVISTA (SERRO) Preliminares:
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Já na pesquisa que envolveu o Edifício Arthur Bernardes, a temática abordou as relações entre as pessoas e o edifício, buscando-se, assim, estabelecer a importância do objeto com os grupos a ele relacionados (Quadro 02).
Identificação e apresentação do Projeto; Identificação do entrevistador;
QUADRO 2 – ROTEIRO DE ENTREVISTA (EDIFÍCIO ARTHUR BERNARDES)
Garantias de sigilo;
Preliminares:
Explicações sobre o tipo de entrevista, etc.
Identificação e apresentação do Projeto; Identificação do entrevistador; Garantias de sigilo;
Tópicos da entrevista: 1. Identificação do entrevistado.
Explicações sobre o tipo de entrevista, etc.
2. Idade/faixa etária.
Tópicos da entrevista:
3. Naturalidade.
1. Idade/faixa etária. 2. Naturalidade.
4. Morador do centro histórico?
3. Relação com Edifício Arthur Bernardes (EAB): servidor (docente/técnico/ administrativo); morador.
5. Estimular o entrevistado a falar um pouco de si, da sua vida e da relação com a cidade.
4. Estimular o entrevistado a falar um pouco de si, da sua vida e da relação com o EAB;
6. Questionar o entrevistado sobre as lembranças que tem da cidade. 7. Estabelecer o elo entre essas lembranças e o conjunto arquitetônico da cidade, estimulando-o a falar das edificações que se perderam e das que foram preservadas. Quais as edificações que mais lhe chamam a atenção no Serro, seja pela forma, seja pela relação dessas edificações com fatos importantes da cidade, ou mesmo pelo caráter identitário a elas inerentes, como por exemplo, o Ginásio Ministro Edmundo Lins, a Igreja do Rosário, a Igreja Bom Jesus do Matozinhos etc. Ou edificações residenciais, que possuam algo de especial. O que pode ser destacado pelo entrevistado.
5. Questionar o entrevistado sobre as lembranças que tem do EAB e o que representa o edifício para a sua pessoa. 6. Estimular o entrevistado a falar da relação entre o EAB e a história da UFV 7. Estabelecer o elo entre essas lembranças do EAB e outros edifícios da UFV, de forma a destacar ou não a importância do EAB. 8. Permitir que o entrevistado fale sobre temas que extrapolem o roteiro estabelecido, mas que tenha alguma relação com a temática da entrevista. Quadro 02: Roteiro das entrevistas do Edifício Arthur da Silva Bernardes. Fonte: elaborado pelos autores.
8. Estimular o entrevistado a falar sobre o processo de preservação da cidade, de forma que ele emita juízo crítico sobre o mesmo. 9. Permitir que o entrevistado fale sobre temas que extrapolem o roteiro estabelecido, mas que tenha alguma relação com a temática da entrevista. Quadro 01: Roteiro das entrevistas do Conjunto do Serro. Fonte: elaborado pelos autores.
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Foi possível observar, que, mesmo que se tenha trabalhado com um tema
definido para as entrevistas, à medida que elas eram realizadas, esse tema, foi acrescido de outros. Esses novos, então, se ligavam direta ou indiretamente ao principal. 679
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Dessa forma, à medida que as entrevistas eram realizadas, procurava-se
anos. Isto não excluiu moradores com idades inferiores ou superiores cujos rela-
abordar novos subtemas incorporados em entrevistas anteriores e percebia-se
tos apresentavam significância para o estudo, como profissionais liberais, políti-
muitas vezes que eles constituíam importantes conteúdos para o trabalho.
cos, funcionários públicos, professores, aposentados, entre outros.
No Serro, as entrevistas foram conduzidas em dois momentos. O primeiro
No edifício Arthur Bernardes, foram definidos três grupos principais, sen-
ocorreu em julho de 2010, durante uma semana, quando foram entrevistadas
do eles: servidores docentes, servidores administrativos (ativos e inativos) e es-
quatro pessoas, e o segundo, durante duas semanas, em março de 2011, quando
tudantes. Dentro desses grupos, buscou-se pessoas com relações em diferentes
foram realizadas 17 entrevistas[1]. Em ambos os períodos, pôde-se também ob-
épocas e, portanto, com diferentes faixas etárias. Sendo assim, foram realizadas
servar um pouco do cotidiano e do ritmo diário da cidade, determinado por seu
25 entrevistas com pessoas que representassem esses três grupos e onde se pro-
isolamento e sua topografia.
curou abarcar o maior período possível. As entrevistas com servidores inativos foram fundamentais para que as entrevistas apresentassem narrativas de um
Ao término das entrevistas, procedeu-se à transcrição integral de cada
período de tempo maior.
uma delas e em seguida foram classificados os tipos arquitetônicos mais recorrentes: igrejas monumentos históricos, etc. Nessas categorias, também foram in-
cluídas as edificações importantes já destruídas. A análise dos depoimentos res-
do, a relação dos entrevistados com o edifício fazia com que seus relatos extrap-
saltou os temas mais importantes, face à constância de elementos nas lembranças
olassem o roteiro proposto e, da mesma forma como ocorreu com a pesquisa do
dos entrevistados, o que revelou, no que diz respeito à preservação do conjunto
Serro, houve um enriquecimento de informações sobre as memórias construídas
urbano do Serro, a memória coletiva dos moradores.
deste objeto.
Além das entrevistas, os dados utilizados para o estudo das memórias e
Verificou-se neste objeto que, apesar de se trabalhar com um tema defini-
Assim como ocorreu na pesquisa relativa à cidade do Serro, as entrev-
representações dos sujeitos e agentes foram obtidos por meio pesquisa docu-
istas foram transcritas, analisadas e os resultados ali obtidos foram, na medida
mental e bibliográfica e a observação assistemática da cidade.
do necessário, comparadas com os registros oficiais, constantes das fontes bibliográficas e documentais disponíveis.
Nesse objeto, para a definição dos entrevistados houve a preocupação de
abarcar-se um período de tempo que fornecesse o maior número de informações possíveis. Para isso, a demarcação temporal para a análise das questões relativas à preservação do conjunto tem seu início em 1938, posto que, a finalidade era abranger o maior período de tempo possível, correspondente ao tombamento da cidade e a presença do IPHAN. Dessa forma, as entrevistas incluem os moradores da cidade com diferentes faixas etárias, que variavam entre quarenta e noventa [1] Dois dos entrevistados em 2010 foram também entrevistados em 2011. O objetivo foi o de complementar o conteúdo das entrevistas. 680
5. AS CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS ENTRE HISTÓRIA E MEMÓRIA 5.1. O conjunto arquitetônico e urbanístico do Serro/ MG
A consulta aos arquivos do IPHAN, no Rio de Janeiro, revelou os registros
de ações relativas à recuperação/manutenção física dos elementos do conjunto
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arquitetônico e urbanístico da cidade do Serro e as ações de controle das inter-
em decisões de aspectos relativos à gestão do patrimônio local. Essas decisões,
venções feitas pelos proprietários. Além disso, mostrou que, ao longo do processo
até aquele momento, eram reservadas principalmente ao IPHAN, ou quando mui-
de preservação, foram realizadas ações inovadoras, como, por exemplo, a propos-
to, decididas por outras instâncias, sem a participação dos moradores.
ta de criação do Museu Integrado do Serro entre outras, resultado de um trabalho conjunto com as instâncias Estadual e Municipal.
O outro fato se relaciona ao Projeto Memória Cultural, que teve a primeira
parte realizada em meados da década de 1980. Este projeto foi desenvolvido no
No período final da década de 30, destaca-se primeiramente por docu-
Serro com o objetivo de resgatar a memória da cidade e desenvolver na comuni-
mentos relativos ao tombamento do Serro e por cartas que mostravam a incom-
dade mecanismos de reflexão sobre o processo de preservação. Os depoimen-
preensão de moradores e autoridades sobre o assunto.
tos obtidos das entrevistas realizadas para o Projeto mostraram não somente a relação dos entrevistados com a cidade e seus edifícios seculares, mas também a
Nas décadas seguintes, foram constatados problemas relativos à ex-
relação com a gestão da preservação desse conjunto urbano.
ecução de obras que, por desconhecimento das técnicas especificadas pelo IPHAN ou mesmo por obras que se realizavam sem a autorização do órgão de preser-
vação, comprometiam o conjunto arquitetônico pela perda ou descaracterização
dores, que reconhecem nele um caminho para a manutenção da identidade local,
de exemplares. Esta era uma prática comum, apesar de os proprietários e as auto-
o que representa a manutenção de um passado grandioso e um modo de vida.
ridades locais conhecerem a obrigatoriedade de solicitar a autorização do IPHAN
Porém, há também o questionamento sobre a postura fiscalizadora e proibitiva da
para a realização das obras.
instituição, no que diz respeito à interferência no direito de propriedade.
Em 1967, há, por parte do então prefeito, o pedido de revisão do tom-
A postura do IPHAN no Serro foi, em parte, elogiada por alguns mora-
Também há aqueles que consideram os parâmetros adotados pelo IPHAN
bamento da cidade. Seu argumento se baseava no estado físico das edificações
para a conservação dos imóveis incorreta, posto que muitos moradores alegam
na incompreensão e na falta de conhecimento técnico e artístico por parte dos
não ter condições financeiras de fazer as intervenções dentro dos critérios exigi-
encarregados locais do IPHAN na definição do que preservar. A esses problemas
dos, como manutenção do sistema construtivo. Dessa forma, ocorria a desobe-
somava-se a falta de recursos financeiros da própria Instituição para a recuper-
diência às normas, aplicando materiais que barateavam as reformas, como a sub-
ação dos imóveis, o que se considerava um entrave ao desenvolvimento do Serro.
stituição da taipa de sebe pela alvenaria de tijolos cerâmicos.
Após análise do parecer, o IPHAN decidiu então por manter o tombamento do município.
Na década de 1980, marcou-se uma aproximação do discurso com a co-
munidade. Um deles foi a consulta realizada para a implantação do Museu Integrado do Serro, ilustrativo entre essa aproximação que permeava o discurso do IPHAN e a discordância dos moradores. A negativa da cessão da Igreja Bom Jesus de Matozinhos para ser utilizada como um dos seus módulos evidenciava, além do posicionamento dos moradores frente à proposta, a participação da comunidade 682
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Figura 03: Fachada do Edifício Arthur Bernardes. Acervo Figura 01: Vista do conjunto histórico. Acervo do autor. 2011.
Figura 02: Casarão em reforma. Acervo do autor. 2011.
do autor. 2017.
Nos primeiros anos de ESAV, os alunos possuíam aulas no edifício além de
Durante o período em que foi realizada a pesquisa no Serro, o trabalho
seu porão ter servido também como dormitório. Além disso, o mesmo ainda con-
do Escritório Técnico do IPHAN no Serro pautava-se na análise de propostas de
tava com o setor administrativo, de laboratórios e festividades da universidade.
intervenção, orientação dos proprietários das edificações, acompanhamento e fis-
Nas décadas de 1960 e 1970, com a transformação da instituição em Universidade
calização das obras (vistorias) realizadas no Núcleo Histórico. Esse trabalho estava
Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG) e posteriormente, Universidade Federal
focado na manutenção das características originais do núcleo histórico. Além des-
de Viçosa (UFV), ocorreu uma expansão e novos edifícios foram sendo acrescidos
sas atividades, os técnicos realizavam palestras sobre a preservação do patrimô-
ao núcleo original da instituição. Com isso, o Edifício Arthur Bernardes passou a
nio cultural em escolas e eventos.
ser utilizado como prédio administrativo, permanecendo assim até a atualidade.
5.2. O Edifício Arthur da Silva Bernardes da Universidade Federal de Viçosa
O culto à própria memória é muito forte na Universidade Federal de Viço-
sa. Logo, tem-se publicações que trazem a história tanto da UFV quanto do Edifício Arthur Bernardes, também conhecido como “Prédio Principal” ou “Bernardão”, primeira edificação erigida na Universidade.
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Em 2001, ocorreu seu tombamento a nível municipal, em que se detalhou
suas características arquitetônicas: O edifício, de planta retangular medindo 87,60 m x 26,00 m, apresenta cinco corpos, três salientes — os dois extremos e o central, o mais importante - e dois reentrantes; possui dois pavimentos de pé direito igual a 5,00 m e um porão habitável de altura variável, entre 2,60 m e 3,20 m. [...] As fachadas frontal e posterior do edifício apesentam composição simétrica obedecendo à divisão em cinco corpos. Na fachada principal, o corpo central e mais importante é marcado pela escadaria de acesso, pelos pares de colunas adossadas que enfatizam a entrada e que delimitam a sacada do Salão Nobre, e pelo frontão 685
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que coroa todo o conjunto. A construção é arrematada superiormente por platibanda com balaustrada que percorre todo seu perímetro, escondendo o telhado. [...] As grandes janelas retangulares que vazam as fachadas segundo ritmo regular [...]. (Dossiê de Tombamento, p. 12)
Ao realizar as entrevistas, o tema mais recorrente foi a referência que
a edificação possui para a universidade. Porém, foi perceptível que para os entrevistados com faixa etária inferior, o edifício não possuiu tanta significação em suas memórias. Isso se deve ao fato desse distanciamento do Edifício no cotidiano dos alunos da instituição, que o utilizam hoje apenas para resolver pendências acadêmicas.
Já quanto a seu estilo arquitetônico, considera-se como sendo eclético
“classicizante”. É característica do “clássico”, o sentido de perenidade, grandeza e permanência, alguns entrevistados destacaram justamente essas características. Com isso, é passível de afirmação que o que foi proposto para a antiga Escola Superior de Agricultura e Veterinária foi cumprido: a ideia de que ela seria uma grande obra, que duraria anos e possivelmente séculos.
Porém, há questionamentos relacionados ao seu tombamento municipal,
já que por estar dentro de território federal, segundo alguns entrevistados, somente a União poderia pedir seu tombamento.
Outro assunto também abordado é que mesmo com seu tombamento, o
edifício e seu entorno sofreram depredações, por parte de alunos e até mesmo por parte da própria universidade e seus funcionários.
Um destes desrespeitos é a construção do Espaço Multiuso, um anexo a
outra edificação vizinha do “Bernardão”, o Centro de Vivência, que também já é questionável por metade dos entrevistados porque suas linhas arquitetônicas não se harmonizam com as do Edifício Arthur Bernardes.
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Dos entrevistados, quatorze deles já exerceram alguma função no ed-
ifício. Essa vivência estabelece nessas pessoas um vínculo permanente com o edifício. Ali são construídas amizades, são tomadas decisões que afetam a vida de muitas pessoas. Desde o primeiro contato, seja como aluno, seja como servidor, o “Bernardão” estabelece uma marca indelével na memória dessas pessoas. Considerando que durante décadas nesse edifício funcionavam as salas de aula, os laboratórios, e a maioria dos órgãos administrativos, a vida da instituição orbitava em torno do EAB. Mesmo depois que a universidade foi ampliada, principalmente na década de 1970, permaneceu no edifício parte das atividades acadêmicas.
Há também o reconhecimento claro por parte das pessoas que não há
como tratar da história da Universidade sem entrar também na história do “Prédio Principal”, sendo o mesmo uma importante forma de preservação da história e memória da Instituição e possuindo vital importância aos ex-alunos.
Logo, devido a fatos históricos importantes, registrados nos documen-
tos oficiais e principalmente nas memórias dos entrevistados, o Edifício Arthur da Silva Bernardes ainda se destaca como um marco da Universidade Federal de Viçosa e da própria cidade e mesmo não estando mais no cotidiano de todos da instituição, é respeitado por visitantes, estudantes, docentes e servidores, fazendo com que seu tombamento seja a forma de oficializar esta importância enquanto monumento histórico.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os procedimentos relativos à História Oral, que objetivam a apreensão
das memórias relacionadas a objetos de estudo ligados à arquitetura e o urbanismo são capazes de mostrar minúcias, questionamentos e principalmente a importância de determinadas questões para um grupo social, seja na forma de atuação de um órgão como o IPHAN em uma cidade histórica como o Serro ou o tombamento de uma edificação, como o Edifício Arthur Bernardes, em Viçosa.
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No Serro, a memória coletiva do processo de preservação de seu conjunto
tem sua referência nos elementos que ainda constituem o núcleo da cidade, além daqueles que foram perdidos ao longo de sua história recente. A existência desses elementos tem sido fundamental para a manutenção e a recomposição dessas memórias.
A pesquisa demonstrou ainda a importância do estudo da relação entre
as práticas e a construção das memórias e representações coletivas, como subsídios para a elaboração de políticas de proteção ao patrimônio arquitetônico e urbanístico das cidades históricas em Minas Gerais e no Brasil.
No Edifício Arthur da Silva Bernardes, tem-se um refúgio onde as memórias
possam ser armazenadas, recicladas, dinamizadas antes que as mesmas se percam. É porque ali é o elemento aglutinador dos atores sociais a ele relacionados.
Portanto, é através da memória que se constrói a identidade de um lugar.
E a construção de tal identidade é a forma de se recuperar a própria identidade e da construção das relações entre os indivíduos que ali vivem e compartilham suas experiências. A utilização da memória rompe com a utilização dos documentos oficiais enquanto fonte bibliográfica hegemônica e ajuda a reconstituir de forma detalhista informações acerca de acontecimentos, obras etc.
E nesse trabalho, a utilização de uma metodologia que privilegia os relatos
orais e individuais, demostrou ser capaz de expor esse caráter identitário que faz da arquitetura ou dos espaços urbanos, locais de memórias.
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