Ano 9 - 2053 Abril/2015
Jupi Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Agricultura familiar: união que fortalece os laços e a vida no campo As alternativas que o homem e a mulher do campo buscam para permanecer e conviver com o Semiárido não têm limites. No experimento, existem erros e acertos, mas, para eles e elas, o que vale a pena é ir tentando. No fundo, o que se quer é poder viver numa terra que é sua, com moradia, trabalho e renda. Essa é a realidade do agricultor Valdemir Oliveira da Silva, conhecido como Pipa, que tem 42 anos, e mora no Sítio Boi Morto, distante 5 quilômetros do centro de Jupi, com a esposa, Josefa Lenilde Lourenço Rodrigues da Silva, 35 anos, e a filha, Mikaele Rodrigues Mendes da Silva, 13 anos. Casado há 16 anos, ele e sua esposa trabalham juntos na produção de coentro, cebolinha, alface, seriguela, palma e coqueiro da praia, nos seus dois hectares de terra. No dia a dia, eles contam com a ajuda do sobrinho, Valdeir Rodrigues de Araújo, de 18 anos. A família ainda possui algumas galinhas e dois bois, que servem para puxar um carro. A produção é mais voltada para o consumo da família, porém, há poucos meses, estão comercializando coentro, para um supermercado de Jupi. Algumas vezes, moradores da redondeza também vão até a propriedade Boi Morto para comprar verduras e ovos. O adubo utilizado na plantação é orgânico, preparado em casa. O agricultor comenta que é importante que ele e sua família se alimentem de produtos saudáveis, sem o uso de agrotóxicos.
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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Articulação Semiárido Brasileiro – Pernambuco
Na hora de comercializar os produtos e negociar preços, o casal garante que cabe aos dois fecharem o negócio, pois todo o trabalho deve acontecer em parceria. Pipa destaca que, sem essa união, nada avança. Dona Josefa também acha que o fato de estarem juntos na vida e no trabalho enriquece os negócios. O agricultor, que também é pedreiro, às vezes precisa se ausentar do roçado para ajudar na construção de cisternas, pela Diocese de Pesqueira, ou de banheiros, pela Funasa, nos sítios da região. Um dinheirinho extra, que aumenta a renda e ajuda nas despesas de casa, e ainda dá para investir em sua propriedade. Quando isso acontece, é sua esposa que toca o roçado, juntamente com o seu sobrinho. A família, que já possuía um reservatório e vinha armazenando água para consumo da família, desde2008, por meio do Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC), está feliz com a segunda tecnologia que recebeu, construída pela Fetape, que tem capacidade para armazenar até 52 mil litros de água, para serem utilizados na produção. Num futuro próximo, eles pretendem ampliar os canteiros e suas culturas, pois vão receber um projeto de bioágua, que é uma tecnologia que filtra a água suja (cinza) de domicílios, originada de chuveiro, pia da cozinha, tanque ou lavadora de roupa, fazendo o reuso para produção de alimentos. Eles também serão beneficiados com um incentivo de caráter produtivo, e receberão máquina forrageira, duas cabeças de caprinos; kits de sementes para produção de hortaliças, como coentro, cebolinha, couve, alface, tomate e abobrinha; caixa d'água e mangueira para ampliar a irrigação. Como Jupi está incluído em um dos municípios mais atingidos pela estiagem, o agricultor explica que, nos últimos anos, aprendeu a não desperdiçar a água. Eles evitam molhar as plantas em horários quentes, preferindo o intervalo entre cinco e seis horas da tarde, pois nesse período o sol já não brilha, o calor diminui e, com isso, as plantas aproveitam um tempo maior da umidade do solo e é utilizado um volume menor de água da cisterna. Recentemente, o agricultor desenvolveu um sistema simples de microaspersão artesanal, para o melhor uso da água. Com apenas alguns canos e tampas de garrafas pet, ele conseguiu unir o criativo ao útil e barato. Para se resguardar no exercício da profissão e garantir direitos trabalhistas, o casal é associado ao Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais de Jupi e também à Associação Comunitária Xucuru. É por meio dessas instituições que ficam sabendo dos cursos, dos pequenos projetos e das políticas públicas voltadas para os/as agricultores/as familiares da região.
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