Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 5 | nº 101 | Julho | 2011 São Miguel do Tapuio - Piauí
Barraca das Tábuas Exemplo de união familiar para convivência com o semiárido A união familiar é a principal característica dos moradores da comunidade Barraca das Tábuas, localizada a 13 km da sede do município de São Miguel do Tapuio. Composta por membros de uma mesma família, todos os trabalhos desenvolvidos na comunidade, desde a plantação das culturas ao cuidado com as criações de animais, são realizados em conjunto. O agricultor João Nogueira dos Reis afirma que esse laço de parentesco facilitou o trabalho em grupo e a busca por melhorias de vida na comunidade. Ele conta que tudo começou quando seus pais, o agricultor Francisco Nogueira e Francisca Soares, resolveram sair de uma outra comunidade A família de Seu João Nogueira e Dona Maria das Dores, chamada Angélica em busca de melhoria de moradores da comunidade Barraca das Tábuas. vida. Eles e seus onze filhos foram trabalhar naquelas terras e hoje nove famílias vivem unidas na busca de vida digna. Com o falecimento dos pais, Seu João Nogueira assumiu a responsabilidade de patriarca da comunidade. Ele conta que nunca saiu da região por não querer deixar os pais e os trabalhos desenvolvidos por lá. O agricultor é casado com Dona Maria das Dores Araújo Reis há 34 anos e juntos criaram nove filhos. Na comunidade vivem mais três irmãos do agricultor, além de sobrinhos e alguns dos filhos que constituíram família e também moram na comunidade. Barraca das Tábuas ainda não tem energia elétrica e até a algum tempo atrás sofria com o problema da falta de água. A energia ainda é promessa, mas a água foi conquistada com a chegada do programa de convivência com o semiárido da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (Asa Brasil). As nove famílias foram beneficiadas cada uma com uma cisterna de 16 mil litros de água, do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC). A água, que é acumulada através da chuva que cai no telhado e vai para a cisterna, é usada para a família beber e cozinhar. Plantação de tomate. Quatro famílias da comunidade também foram beneficiadas com a
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tecnologia cisterna calçadão do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). Com a água para beber, agora as famílias também conquistaram a água para a produção de hortaliças, verduras, frutas ou a criação de pequenos animais. A parti do implemento, Dona Maria das Dores e sua nora Maria Gomes de Sousa esposa de um dos filhos do casal, o agricultor Domingos Nogueira, iniciaram uma plantação de hortaliças e verdura em seus quintais. Como as casas são bem próximas e tudo na comunidade é compartilhado por todos, o que produzem também é dividido. As famílias também combinaram de usar a água das cisternas em conjunto para regar as culturas, assim eles podem produzir o ano inteiro, aumentar a O casal João Nogueira e Maria das Dores. produção e sem ter medo da água faltar. O objetivo das agricultoras é aumentar a produção, como esse ano foi de experiência, as duas mulheres também querem envolver as outras famílias para que além de servir para o consumo, um dia eles possam lucrar com o que produzem na comunidade. Além das plantações anuais de feijão, milho, mandioca e das criações de ovelhas e bode que ajudam no sustento das famílias, elas passaram a produzir no quintal tomate, cebola, pequeno, coentro, mamão, limão, romã, goiaba “Ano que vem, se Deus quiser, nós aumentamos nossa produção. Esse ano a gente até chegou a vender, mas foi pouco, como a família é grande a gente distribuiu quase tudo aqui”, brinca Dona Maria. Com muito esforço e dinheiro próprio, o filho do casal Domingo Nogueira construiu na comunidade um poço que fornece água para outras necessidades como tomar banho e lavar roupa. As cisternas e o poço são os únicos meios de acesso à água disponível na comunidade. Para Seu João Nogueira a conquista da água é a oportunidade que a comunidade tem de continuar lutando por melhoria de vida, “a gente não tinha água agora tem, tem verduras, tempero e graça a Deus saúde, a gente tem muito, mas falta muito também, mas vamos trabalhando e com fé que aos poucos vamos conseguindo tudo que precisamos”, ressalta o agricultor.
Dona Maria e a nora Maria Gomes cuidando do canteiros da família. Apoio:
www.asabrasil.org.br