Ano 8 • nº 1771 Dezembro/2014
Fátima Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
FAMÍLIA PROMOVE VIDA E CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO Seu Valdério José de Santana e dona Maria Silva Santos, conhecida como Meire, moram na comunidade Araças, no município de Fátima na Bahia, com seus 3 filhos e 2 filhas. A família escreveu uma nova história há 20 anos, quando engajados nos movimentos sociais e com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, começa a protagonizar uma caminhada de lutas e dedicação propriedade.
Seu Valdério, dona Meire e a filha Apolônia
Em 1995, a família participou do Projeto Viver, Resistir e Produzir desenvolvido pela ARCAS na proposta de Fundo Rotativo. A família iniciou a atividade de criação de caprinos que depois de um tempo repassava 5 % do que rendia (em quilos) para outras famílias.
Seu Valdério conta que há aproximadamente 20 anos deixou de criar gado e passou a criar os pequenos animais. Hoje, seu Valdério e dona Meire tem um rebanho de cabras e ovelhas, assim como outras famílias da comunidade. ‘A gente descobriu que pra nós, pequeno criador, o gado não dá recurso não’. A família cria animais, planta feijão, milho, mandioca e fruteiras e preserva áreas de caatinga. Tem muitos pé de plantas espalhadas na propriedade como pau de rato, mandacaru, cajueiro, genipapo, aroeira e macambira como cerca viva. O esterco das cabras e ovelhas é usado na plantação e a sobra, a família vende. Para a família, a criação de pequenos animais melhorou a renda, além de ser de fácil comercialização. ‘Você pega um burrego para levar para feira e já coloca o dinheiro no bolso’, diz Valdério fazendo relação com a comercialização do gado que sempre é a prazo. 'Eu via que a renda vinha da criação', dona Meire completa dizendo que sempre teve leite de cabra para a alimentação da família. ‘Depois que começamos a criar cabras nunca faltou uma xícara de leite’. Valdério lembra as vantagens de criar pequenos animais, que após serem adaptados a região também possuem bons preço, referindo-se que uma arroba de gado custa cerca de 100,00 reais e se for comparar com uma arroba de carne de ovelha por exemplo seria cerca de Rebanho de caprinos, semente que já dura 20 anos 225,00 reais. ‘Eles se adaptam bem’, diz Valdério.
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ovinos e caprinos
Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia
Durante o longo período de estiagem, a família diz que não morreu nenhum animal, vendeu alguns para reduzir o rebanho e alimentou com palma, mandacaru, palhas seca armazenada em meda( uma espécie de feno, onde amontoa palhas coberta por lona). Atualmente os restos de cultura, milho em grãos, capim buffel e aruana plantado consorciado com o milho, além da mandioca, como a maniva triturada e as sobras da casa de farinha, também são utilizados na alimentação dos animais.
Contente, a família fala com orgulho de seus filhos que participam ativamente na propriedade. Dois deles estudarem na Escola Família Agrícola de Ribeira do Pombal. A partir do contato com a proposta de educação contextualizada, eles contribuem muito com o trabalho como o plantio de mudas, criação de abelhas sem ferrão e manejo de hortaliças.
Feno de casca de mandioca
Aprisco
Meda - Palhas de milho armazenada
Os animais são vacinados para prevenção de algumas doenças. Além disso, a família utiliza algumas plantas para tratar dos animais como casca de aroeira e cajueiro oferecido na água, além de sal mineral e comum. ‘Mercúrio caseiro tem direto e vacino contra os sete males', afirma seu Valdério , que também contribui na comunidade fazendo parto dos animais. Seu Valdério conta que reduziu o rebanho mas manteve a semente. No período longo de estiagem, não perdeu nenhum animal por fome ou sede, lembrando que logo quando choveu a criação voltou a se recuperar e o valor de três animais não comprava um. Tirando a lição de que foi importante manter a semente dos animais no período de estiagem. ‘Meu filho queria vender tudo, mas eu enganei ele e deixei uma sem ele saber’.
A caixa de abelha sem ferrão construída pelo Filho.
A família é acompanhada pelo serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural da ARCAS, que contribui com formações e está elaborando um projeto junto a família (Fomento) para melhoria do chiqueiro, instalações que abriga os animais .
Realização
Apoio