Ano 8 • nº1762 Dezembro/2014 Sento Sé
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Tecnologias sociais garantem sobrevivência com dignidade para família agricultora Seu José Valter dos Santos, roceiro desde menino, cuida com carinho da plantação que acaba de florar. Sua companheira, Dona Maria Alves dos Santos, observa de perto o manejo de Valter com a terra e ajuda quando necessário. O casal tem dois filhos. Um rapaz e uma moça. A família recebeu este ano uma cisterna de enxurrada e uma calçadão. Com a implantação da tecnologia de captação de água de chuva, a pequena propriedade de Seu Valter, que fica dentro do município de Sento Sé, Bahia, tem garantido a produção de hortaliças, grãos e algumas frutas, como a goiaba. Com isto, a família de Seu Valter e Dona Maria consome o que produz e, se sobrar, pode ainda ser vendido na feira, diz seu Valter abrindo um sorriso. O trabalho na roça não permitiu que ele estudasse. Naquele tempo era difícil ficar na escola sendo filho homem. Estudou até a 3ª série porque precisava ajudar o pai na lavoura. Mas Valter ressalta que sua filha e filho foram pra escola. Hoje, o menino mora fora, em outro Estado, explica afirmando que não queria que os filhos tivessem pouca leitura. Hortaliças adubadas com esterco de galinha
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia
Conta que acorda por volta das 04:30h da madrugada, prepara o cafezinho reforçado e vai pro campo. Com o sol a pino, permanece lá até de noitinha, que é a hora que vai descansar, tomar outro café e ouvir rádio. Seu Valter conta que gosta da vida de agricultor e que antes havia muita dificuldade porque a pouca chuvas não davam para plantar durante Ao fundo, a casa simples da família.
o ano, apenas num curto período.
A família, mora numa casinha simples, também cria galinhas e alguns caprinos num pequeno cercado. Dona Maria conta em meio a risos que precisou botar umas telas e proteger a pequena horta, porque as galinhas comiam quase tudo. Apesar desses problemas, a pequena roça tem água de um poço artesiano, de uma cisterna-calçadão e de uma cisterna de enxurrada. Seu Valter se diz muito satisfeito com as três fontes de água. A labuta do dia a dia com o campo e os bichos ficou menos dificultosa para eles. O acesso à água, direito de todos os brasileiros e brasileiras, garante a sobrevivência dessa família agricultora, atestando que a convivência com o semiárido e o cultivo agroecológico sustentável são os mecanismos de convívio mais adequados a essa região.
Pequena lavoura de Seu Valter
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