A gratidão da terra a quem resiste no Semiárido

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Ano 8 • nº2007 Novembro/2014 Caridade

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

A gratidão da terra a quem resiste no Semiárido

A

paisagem se desenha seca no assentamento Pajeúna I, em Caridade. O vento sopra quente e o sol parece queimar com mais força quando não tem nenhum sinal de nuvem no céu. É a chegada dos bêerre-o-bro, dos meses que vem para fechar o ano. Na guerra, trincheira é proteção e estratégia. No Semiárido, trincheira vem depois de barreiro e é resistência. Em meio à estiagem, o barreirotrincheira do agricultor Benedito Silva Costa, ainda guarda água e garante a produção tanto para consumo da família quanto para venda aos vizinhos. A produção nessa época do ano é menor, mas o verdinho se destaca na área de plantio e mostra gratidão aos cuidados de Benedito em formas de cebolinha, coentro, pimentão, alface, mamão, tomate e feijão, além de plantas medicinais. A resistência é tão presente no assentamento que até o feijão que parecia perdido pela falta de água, deu grão. “Tu acredita que teve pé de


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Articulação Semiárido Brasileiro – Ceará

feijão que carregou e, na hora que precisou da chuva, que a chuva afastou, ele deu miúdo, mas deu com o suor da bagem?”. Benedito se dedica à terra desde os 15 anos e mostra em suas palavras que a relação com a agricultura gera mais que resultados que podem ser colhidos: “Eu gosto muito de fazer minhas plantas. Só me sinto bem se eu tiver trabalhando. Eu tenho essa ganância de plantar”. O barreiro de Benedito, além de garantir o alimento, também é motivo de orgulho. Os olhos brilham ao mostrar a quantidade de água que tem para produzir. “Mas eu quero que a senhora veja a água. Uma lindeza!”, convida. Do barreiro, para puxar água para as plantas, Benedito instalou uma bomba movida à gasolina. Ele diz que isso facilita o trabalho. Para aumentar a capacidade do barreiro, o agricultor perfurou um cacimbão dentro da implementação. Cheio, não dá para ver até onde vai, mas ele conta que são dois metros de profundidade. Benedito é o único agricultor no assentamento de Pajeúna que continua produzindo mesmo sem chuva. Apesar da situação crítica, ele mantém a esperança de que o inverno haverá de ser melhor no próximo ano. “Quem sabe se mais tarde (a chuva) não aparece , né?”.

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