Ano 8 - nº 1615 - Julho de 2014
Chapada do Norte
Mulheres de luta e de paz: a mobilização feminina na construção de um novo Semiárido Força, alegria, persistência e união são características marcantes das mulheres da comunidade quilombola de Córrego do Rocha, município de Chapada do Norte, no Vale do Jequitinhonha (MG). A região apresenta vários desafios como a escassez de água, dificuldade de acesso aos serviços públicos, falta de apoio para o campo e poucas oportunidades de trabalho. Essa realidade é o motivo pelo qual homens e mulheres são obrigados a migrar para o corte de cana-de-açúcar, colheita de café ou construção civil, em busca do sustento da família. Apesar das adversidades enfrentadas, as mulheres não desanimam e se unem para construir uma nova história . Desde setembro de 2013, o grupo composto por aproximadamente 30 mulheres, se reúne sempre no último domingo de cada mês. A cada encontro é trabalhado um tema escolhido por elas contando com algum (a) colaborador (a) que tenha domínio da questão a ser discutida. A líder comunitária Maria Aparecida Machado Silva, mais conhecida como Cida, revela que nas rodas de conversa das mulheres, vários assuntos vão surgindo expontâneamente. Unidas e guerreiras, as mulheres de Córrego do Rocha não desanimam com as adversidades Muitas vezes, são sugeridas propostas de temas para palestras que possam motivar ainda mais o grupo como: saúde das mulheres rurais, violência doméstica, lutas sindicais, resgate cultural. Além de ser um espaço de debates importantes, é também um momento de descontração, já que elas não têm acesso a nenhuma atividade de esporte e lazer. As mulheres de Córrego do Rocha, discutem vários assuntos que perpassam o cotidiano delas e das famílias da comunidade e compartilham informações na busca por estratégias para contornar os problemas enfrentados.
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Articulação Semiárido Brasileiro – Minas Gerais
Os encontros já proporcionam os primeiros resultados. Segundo elas, algumas coisas começaram a mudar, é o caso do número de mulheres que estão fazendo os exames preventivos. A agricultora Vani Ferreira da Rocha, comenta que ao participar da palestra sobre saúde da mulher, sentiu a importância de se realizar os exames preventivos.“Ao participar, vi a importância dos exames e fui incentivando as outras amigas a fazerem”, destacou. Além dos encontros, as mulheres participam de espaços de debate e de formação política,. Isso, tem incentivado outras mulheres a também se organizarem. O grupo planeja alguma atividade de geração de renda, para favorecer a permanência das famílias na comunidade.
Uma vez por mês o grupo se reúne para debater assuntos importantes da comunidade
O sonho de todas é que ninguém mais precise migrar para garantir seu sustento. Para isso, as ações de acesso e gestão da água, produção agroecológica e fortalecimento das feiras livres, contribuem para que as famílias agricultoras tenham novas oportunidades. A implementação de tecnologias de captação e armazenamento de água da chuva para consumo humano e produção de alimentos por organizações e parceiros na região, possibilitaram aos agricultores e agricultoras melhores condições para a vida no campo. As mulheres tem participado de cursos que vão ajudar buscar novas oportunidades
Para a agricultora Domingas Souza, essas tecnologias puderam modificar não só a vida de sua família mas de muitas pessoas na comunidade. Com orgulho, ela mostra a horta com os pés de cenoura, e aponta as laranjas que já crescem com fartura no pomar. «Gosto de minha vida aqui. Não quero nunca sair desse lugar». Esse sentimento de «pertença» não é somente de Dona Domingas, mas de todas as mulheres de Córrego do Rocha que faz do lugar onde vivem, um A agricultora Domingas Souza mostra com lugar ainda melhor para se viver. orgulho sua horta
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