"Eu amo este lugar,só quem irá me tirar desta terra é Deus"

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Ano 8 • nº1631 Agosto/2014 Porto da Folha

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Alda e Zominho, o retorno ao semiárido e a alegria de alcançar uma vida mais saudável

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Quando é nas primeiras chuvas A caatinga muda o terno Com a chegada do inverno Se animam até as saúvas As folhagens como luvas

Vestindo a vegetação A água no ribeirão Da seca termina o lema A flor branca da jurema É quem perfuma o sertão ( Davi Calisto Neto)

Alda, Ronildo, Lucas e Zominho

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Na comunidade Jureminha, localizada em Porto da Folha (SE) a aproximadamente 190km de Aracaju, vive o casal Alda Monteiro da Silva e Rosenildo Pinheiro da Silva, mais conhecido como Zominho e seus 3 filhos: Ronildo, Rodrigo e Lucas. é uma família agricultora que retiram da terra o seu sustento.

A família chegou a morar por quinze anos em Aracaju, a capital sergipana, onde o seu Zominho trabalhou na construção civil e fazia bicos como sorveteiro, Alda foi manicure, fazia lavagem de roupas e vendas. A cerca de 13 anos retornaram ao campo em busca de melhores condições de vida, uma vez que na cidade grande o casal não tinha a qualidade de vida para criar os seus filhos e viver com paz e tranqüilidade, seu Zominho relembra que na cidade grande você ganha de dia para comer de noite. A principio a família retornou a Jureminha para cuidar da propriedade que era um cunhado de Alda, com cerca de três anos conseguiram adquirir a posse da área, pois foram pagando a compra do terreno em prestações. A área já possuía energia elétrica, o problema sempre foi a falta d'água. A alguns anos eles conquistaram a cisterna de água para consumo humano de 16 mil litros, e a cerca de um ano eles conquistaram a cisterna de 52 mil litros. A família sempre procurou produzir seus próprios alimentos com um pequena barragem que possuíam ao fundo da propriedade de cerca de 90 tarefas, mais com da cisterna calçadão a família implantou uma horta onde produz tomate, quiabo, couve, batata cheiro verde, cebolinha, maracujá , acerola e ciriguela e um pé de abacate que Alda esta cultivando com muito cuidado. Ela deixa claro a sua satisfação com o tamanho da sua propriedade: eu vivi quinze anos em um terreno de 5 metros, por isso a terra que a gente tem aqui da e sobra pra viver bem. Alda ressalta que aprendeu nos cursos da ASA a usar defensivos orgânicos . Ela usa uma mistura de fumo de rolo, pimenta do reino, detergente neutro, água e nim, e sempre evitaram usar os produtos químicos. O lindo vôo das borboletas rodeando as plantações anuncia que a família não utiliza defensivos químicos naquilo que produzem com muito


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Sergipe

A família conta que nos cursos e nos intercâmbios aprenderam muito, Seu Zominho conseguiu sementes crioulas numa das viagens a Alagoas, o filho Romildo conheceu várias experiencias na Bahia que inclusive já esta reproduzindo nas comunidades em que ele trabalha. Alda aprendeu também a fazer o canteiro de verão, e pretendem a partir do fim do período chuvoso ampliar o numero de canteiros. Alda fala com brilho nos olhos a respeito das visitas que ela fez: A gente vendo as experiências da pra fazer igual que da certo, quando eu não podia ir eu pedia para o meu esposo participar, porque a mulher inteligente faz assim, quando não pode ir envia o marido e assim ele passa a apoiar as novidades que a gente vai conhecendo e trazendo aqui para o nosso cultivo. No fundo do terreno há uma bela vista inclusive com áreas de preservação da caatinga. Alda mostra com orgulho os pés de Jurema que tem na área e conta que: O nosso povoado recebeu o nome de Jureminha por conta da quantidade dessa planta aqui nessa região, mais com a chegada de mais gente e construção das casas, o povo foi desmatando e hoje restam bem poucas em vista do que era quando a gente chegou. Todos os familiares se envolvem na produção, Lucas o filho mais novo de 15 anos, ajuda a alimentar as galinhas, a colher os ovos e auxilia os pais nas outras tarefas, ele mostra com orgulho a qualidade das espigas de milho que produzem e afirma: A cisterna calçadão é boa demais, foi uma das melhores coisas aqui pra gente. Na parte da tarde ele vai a escola onde cursa o ensino médio. Rodrigo o filho do meio, também colabora com tarefas no campo. O filho mais velho, Ronildo, é técnico agrícola, e esta construindo uma casa próxima a dos pais, onde pretende vir morar com a esposa, garantindo que mais uma geração da família vai seguir cultivando a terra. Além da produção de legumes e hortaliças, plantam milho e palma que serve de alimento para algumas cabeças de gado de onde retiram leite, e contam com uma caixa de abelha próximo ao açude. Eu vou fazer um curso para aprender a mexer com as abelhas e a gente poder produzir mais afirma Zominho, que além de vender ovos, o leite, os legumes e hortaliças que produzem, leva também a produção da vizinhança até a cidade de Monte Alegre para comercializar as sextas e sábados. Alda segue fazendo planos para o seu lar, de ampliar a sua produção, de criar ovelhas, e de ter um biodigestor. A conquista da cisterna calçadão, trouxe ao casal a realização do sonho de produzir alimentos saudáveis e continuar a viver no campo e a se manter no local onde nasceram. Alda conclui com uma frase inspiradora: Eu não penso em ser rica, eu penso em ter tranqüilidade, em ir na minha horta, colher minhas verduras e ter o meu ganho, mais com sossego.

Alda colhendo hortaliças no canteiro economico

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