Ano 8 • nº1733 Julho/2014
Picos Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Vivendo e Produzindo em Família Na comunidade Angico Torto, localizada a 24 quilômetros da cidade de Picos (PI), reside dona Rita Raimunda de Jesus Santana, 72 anos. A agricultora é casada com seu Antônio Vicente Santana e é mãe de 8 filhos, 3 homens e 5 mulheres. A família mora na terra que recebeu de herança dos pais de dona Rita. No seu quintal tem de tudo, lá existe uma grande variedade produtiva. Gêneros como cheiro verde, cebola, pimentão, erva-cidreira, goiaba, limão, caju, maracujá, coco, ata, carambola, manga, cana de açúcar, banana, urucum e abacate. Além disso, ela cultiva flores, que dão cor ao seu quintal. “Tenho vontade de aumentar a produção e o que me impede de fazer isso não é minha idade um pouco já avançada, mas sim a falta de água na comunidade. Mesmo com esta dificuldade, eu não desisto de cultivar meus canteiros. Porque cuidar de minhas hortaliças é uma atividade que me dá muito prazer. Estou fazendo o que gosto. Sempre trabalhei na agricultura. E, além do mais, o que eu produzo no meu quintal serve para alimentar minha família e, ainda, gerar lucro. O que sobra, eu vendo na comunidade. Com o dinheiro das vendas, eu compro outros alimentos”, conta Dona Rita. Estrume de cabra e pau de moita (adubo orgânico) são produtos utilizados para preparar os canteiros e dar início ao plantio. O adubo é adquirido na roça onde o casal trabalha. A agricultora conta, ainda, que nunca precisou usar defensivo químico, pois nunca apareceu praga em seu quintal. “Lembro que certa vez, meu esposo trouxe uma substância para borrifar os canteiros, mas não usei devido ter cheiro de veneno, joguei fora. Se eu tivesse usado aquele produto, teria colocado em risco a saúde da minha família e a da comunidade, pois as hortaliças são comercializadas na redondeza”.
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí
Quanto ao manejo para aguar os canteiros, Dona Rita faz da seguinte forma: retira a água de um reservatório e coloca em uma cocheira, depois retira da cocheira com um regador para regar as verduras. Por incentivo de dona Rita, suas duas noras Vandinha e Lena, e sua filha Deusilene também estão produzindo hortaliças. Elas se planejam para cultivar em períodos diferentes umas das outras. Enquanto Lena tem canteiros prontos para comercializar, Vandinha está com sua plantação em desenvolvimento e Deusilene prepara os canteiros para serem semeados. Dessa forma, não faltam verduras na mesa da família e nem para venda. Dona Rita conta que sempre planta alguma coisa e lembra que uma vez plantava manga e seu genro, quando viu, perguntou se ela ainda tinha esperança de comer a fruta daquela planta. Ela respondeu que sim. Tempos depois a mangueira produziu e ela comeu da fruta. A mesma experiência acontece com as outras fruteiras cultivadas no quintal de Dona Rita. Com a chegada da cisterna de 16 mil litros, a vida de dona Rita melhorou em todos os sentidos. “Antes a situação de água aqui na comunidade era crítica. Eu tinha um reservatório pequeno e a água dele era para abastecer 4 famílias, a minha casa e as casas de 3 dos meus filhos. A água era apenas para o consumo de casa: cozinhar, beber, escovar os dentes. Às vezes, ficava, até mesmo, sem fazer nossa higiene pessoal. Para lavar roupas, tinha que andar uma grande distância em direção a um olho d'água. Os caminhos era cheios de lajeiros. Descia e subia com uma trouxa de roupa em cima da cabeça. Hoje as coisas melhoraram, e muito”, afirma a agricultora, muito contente pela conquista da cisterna. A expectativa de Dona Rita é aumentar e diversificar sua produção agrícola, bem como a de toda a sua família, pois ela e a nora Lena, até o fim do ano, terão cisternas de produção implementadas nas suas roças. A opção de trabalhar coletivamente e em modalidade familiar tem dado certo e garantido a segurança alimentar dos seus filhos, filhas, noras e netos.
Apoio
Realização
FETAG-PI