Ano 9 • nº2028 Março/2015 Juazeiro
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
União protagoniza história da organização popular na comunidade de Lagoa do Meio Em 1989, debaixo do pé de umburana acontecia a primeira reunião da Associação Comunitária de Lagoa do Meio, localizada no Distrito de Massaroca, em Juazeiro- BA. A partir desse momento, a comunidade começou a se organizar com o objetivo de lutar por melhorias das famílias da comunidade, principalmente em relação ao acesso à água, que era uma das necessidades na região naquela época. Um dos grandes incentivadores da associação foi o bispo Dom José Rodrigues. Ele estimulava a organização popular como uma forte ação na luta pelo direito à uma vida digna para os agricultores e agricultoras do Semiárido. Com o apoio do bispo e a experiência do primeiro presidente, Castro José da Silva, que militou muitos anos como sindicalista na região de São Paulo, a associação foi fundada e abraçada pela comunidade. Após algumas reuniões na sombra da umburana, as agricultoras e agricultores começaram a se reunir no prédio escolar da comunidade, que hoje funciona como sede da Associação. O prédio pertence à prefeitura de Juazeiro e a associação já vem dialogando com a mesma em relação a doação do prédio para a comunidade. Ao longo dos 26 anos da associação, Jousivane dos Santos Silva, atual presidente, é firme em dizer que a associação vem contribuindo no acesso às políticas públicas voltadas para o homem e a mulher do campo, a exemplo da assessoria técnica, as tecnologias sociais, o Atual sede da associação acesso a novos mercados de comercialização de produtos. Para a agricultora e vice-presidente, Ana Lúcia Santos da Silva, o acesso a essas políticas junto com a conscientização da população tem ajudado a melhorar a qualidade de vida dos agricultores e agricultoras. “Hoje as pessoas não tão indo embora, tão voltando a morar aqui”, diz Ana Lúcia. Jousivane ressalta que agora o grande desafio da associação é buscar garantir a permanência das famílias. “Mas para elas permanecerem aqui, tem que ter sustentabilidade, então tá se buscando ver a questão da renda, porém a renda tem que partir do que se têm, a exemplo dos caprinos, ovinos, da galinha e todo contexto da agricultura familiar e a gente tem buscado isso”, enfatizou a agricultora .
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia
Toda essa busca é realizada pelas 22 famílias que compõem a associação. Elas participam junto com a diretoria nas decisões e atividades desenvolvidas na comunidade. “As famílias têm acreditado que sem a associação é mais difícil conseguir as coisas”, afirma Ana Lúcia. Jousivane complementa falando que a participação dos jovens também tem aumentando e o reflexo disso é que hoje o conselho fiscal da associação é formado por esses jovens e que é estimulada a participação das crianças nas reuniões da associação. Hoje a associação está empenhada em implementar o banco de sementes comunitário, para isso acontecem os mutirões para coletar as sementes na comunidade. Os mutirões são uma prática sempre presente na comunidade, seja para limpar o tanque de pedra comunitária, para produção de forragem, para a reforma da sede da associação, para contribuir na realização da feira de caprinos e ovinos de Massaroca. A feira é um evento que as agricultoras consideram importante para a comunidade, pois é um Uma das conquista da comunidade é a espaço de formação e comercialização dos produtos da implementação do banco de sementes agricultura familiar. É com essa união e sentimento de solidariedade que os agricultores e agricultoras plantaram palmas em uma área coletiva. “A iniciativa surgiu após a gente ganhar a muda da palma livre da cochonilha, como as mudas eram poucas decidimos plantar para que dessa forma todas as famílias sejam beneficiadas”, diz Ana Lúcia. Além das reuniões, dos momentos de mutirões, a comunidade tem momento para celebrar juntas as conquistas. No início do ano, “a comunidade faz um churrasco, com direito a amigo secreto, muito forró, todo mundo dança e se diverte”, lembra Jousivane. Outro momento importante que a associação está resgatando são as tradições religiosas e culturais da comunidade. Com toda essa coletividade, a associação, junto com cada agricultor e agricultora, vem transformado a realidade da comunidade e ajudando a construir um novo Semiárido. O plantio de palma na aérea coletiva é uma alternativa para garantir que todas as famílias tenham a semente da forrageira
Mutirão é a principal estratégia para o trabalho coletivo A limpeza do tanque de pedra coletivo foi realizada por toda a comunidade
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