PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E CUIDADOS COM A TERRA

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Ano 8 • nº1784 Junho/2014 Virgem da Lapa

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Preservação ambiental e cuidados com a terra é o principal tema da vida de João Pereira Oliveira “Não é tanta terra que faz dinheiro, mas a forma de como você trabalha com ela”.

Essa é uma frase de João Pereira Oliveira 51 anos, viúvo pai de 06 filhos Rodrigo, Renata, Ricardo, Rogério, Rosimar e Rosilene. Ele mora na comunidade de Baru, município de Virgem da Lapa, em Minas Gerais, sempre ensinou aos filhos a importância de cuidar bem da terra, pois segundo ele é dela que tiramos o nosso pão de cada dia, além desses ensinamentos ele sempre mostrou a eles sobre a importância de todos colaborarem nos afazeres nos da casa e do João Pereira Oliveira quintal. “Aqui em casa não temos diferenças, os trabalhos são feito por todos. Todo mundo ajuda, e as coisas vão funcionando, eu sempre falo para meus filhos que é assim que deve ser temos que trabalhar em conjunto, pois sozinho ninguém faz nada”, diz ele. de todos colaborarem nos afazeres nos da casa e do quintal. “Aqui em casa não temos diferenças, os trabalhos são feito por todos. Todo mundo ajuda, e as coisas vão funcionando, eu sempre falo para meus filhos que é assim que deve ser temos que trabalhar em conjunto, pois sozinho ninguém faz nada”, diz ele. Seu João sempre trabalhou com a terra, plantando e colhendo nas lavouras de milho e feijão com seus pais, ele conta que ajudou a criar os irmãos com os trabalhos da roça, quando casou não foi diferente, deu continuidade ao trabalho. Em 2003 sua esposa Mariana Oliveira faleceu, ele conta que se sentiu muito sozinho, mas tinha que continuar a vida, pois agora seria pai e mãe ao mesmo tempo. Ao passar dos anos as lavouras não estavam produzindo muito, então ele resolveu deixar os filhos com a mãe dele e migrou para as plantações de cana-de açúcar em São Paulo, e foi lá que ele começou a dar um novo rumo para sua família. As experiências Seu João usou todo o seu conhecimento, com as observações que ele fazia enquanto trabalhava fora para implantar em sua propriedade. “Eu sou muito observador, meu terreno é bem acidentado e tudo que eu plantava, não vingava, a água não segurava, ela escorria rápido, porém eu precisava pensar em uma alt ernativa para mudar essa realidade, quando eu estava nas lavouras de Plantação em forma de ‘‘ruas’’. cana-de-açúcar e vi que a forma deles plantarem era diferente, eles não plantavam as canas juntas, elas eram plantadas em formas de ruas e faziam curvas de nível para segurar a água”, diz Seu João. Outra observação que ele fez é que o mato que havia sobre a terra era cortado e deixado lá, para ajudar a adubar, foi quando ele plantação de João resolveu testar a experiência em sua propriedade. “Isso pode dá certo no meu pedaço de chão, não vou queimar mais nada e ainda vou aproveitar a água”, relata. Seu João mais que depressa chamou os filhos e começaram a fazer um trabalho em conjunto, abriram curvas de nível tudo a mão, os matos que eram cortados do terreno ele deixava secar pra servir de adubos, e logo em seguida começou a plantar, e foram vários pés de café, feijão de corda, andu, amendoim, mandioca e milho, e não é que deu certo!


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Minas Gerais

“Tudo que eu plantei deu com muita abundancia, dava pra ver como as vagens de amendoim e feijão estavam bonitas e grandes, com o passar do tempo eu fui observando e tentando melhorar as coisa, sentia que a terra precisava ser bem cuidada para ela dá bons frutos”, conta Sr João . Logo que ele viu que a ideia deu certo, ele tratou de aperfeiçoá-las, pegou uma caixa antiga e começou a armazenar esterco, folhagem e resto de cascas de alimentos, palha de milho e sabugo para fazer compostagem orgânicas para as plantas. Além de toda essa experiência com a terra, sacos de amendoim Seu João não corta as árvores nativas do arredor da casa, elas são preservadas e usadas como sombras para as demais plantas da propriedade. “Tudo que tiramos da terra volta pra ela, só temos que saber como tirar”, pontua ele. Ele diz que tudo que produz na sua propriedade garante soberania alimentar para sua família e o excedente vende na feira, mas que o que ele se preocupa mesmo é se a família dele está Pés de banana se alimentando bem e saudável, longe de defensivos que possam colocar a saúde deles em risco. “Ano passado eu colhi 15 sacos de amendoim, nossa terra é boa demais, não precisamos de agrotóxicos, nós temos que aprender é lidar bem com ela”, diz Seu João. Ele sempre deixa claro para os filhos a importância dos estudos, mas que o seu conhecimento adquirido ninguém pode tirar. “Eu não estudei, mas sei o que a natureza gosta, temos que fazer o reflorestamento de nossas nascentes, não Plantação de milho podemos deixá-las morrer, o lixo deve ser enterrado num buraco e queimado, eu faço assim e sei que estou contribuído, mas temos que trabalhar juntos, porque sozinhos não damos conta, afinal uma andorinha só não faz verão”, pontua ele. A chegada da cisterna de 16 mil litros A água da comunidade de Seu João é bem escassa, baseada em represas e um córrego que passa n a c o m u n i d a d e q u e e n c h e Caixa de 16 mil, e composto orgânico somente na época das chuvas. Ano passado ele foi contemplado com a cisterna de 16 mil litros da ASA (Articulação Semiárido) e diz que o projeto é muito importante para as comunidades que necessitam de água. “Eu canteiro de cheiro verde não tenho água encanada, depois da cisterna eu sempre tenho água para beber e fazer uma comida”, diz Seu João. Seu João ainda economiza a água de lavar vasilhas, para molhar um pequeno canteiro de cheiro verde que tem no fundo de casa, ele diz que não gosta de desperdiçar nada, principalmente água que é um bem muito precioso. Seu João é um homem do Semiárido como muitos, sua leitura é pouca, mas ele usa de todos os seus conhecimentos e observações para fazer com que o Semiárido seja um lugar bom para morar, e apesar das dificuldades com a falta d'água, ele não desanima perante os desafios, e nos mostra que buscar alternativas e cuidar sempre da terra, das nascentes e do meio ambiente é a forma mais simples de se viver bem por aqui. “Aqui é o meu pedaço de chão, tenho que dá valor a isso respeitando sempre o meu e o conhecimento de todo mundo “, finaliza seu João.

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