Acesso à água garante práticas agroecológicas de família sertaneja

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Ano 8 •1532 Julho/2014 Araripina

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Acesso à água garante práticas agroecológicas de família sertaneja Espelhado na vida dos pais, Genival Humberto da Silva de 32 anos e Valdelice da Silva Sousa de 26 anos são um jovem casal, com uma filha de cinco anos chamada Taís Emanuelle, que traz na herança a pratica agroecológica de produzir alimentos em campo. Porém, a falta de uma infraestrutura de armazenamento de água dificultava a continuidade deste ensinamento. “Mesmo com todas as dificuldades, o meu pai nunca autorizou o uso de venenos”, afirma o agricultor. A partir do envolvimento nas atividades da Associação dos Médios e Pequenos Produtores Rurais do Sítio Serra do Jardim, em Araripina, no Sertão do Araripe, o casal passou a conhecer as iniciativas de formação e mobilização social da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), que possibilitou a família a conquistar, em 2010, uma cisterna de placas de 16 mil litros e depois, em 2012, uma cisterna-calçadão. “Depois que a gente entrou na associação, tudo ficou mais fácil porque as pessoas que representam a comunidade sempre correm atrás de projetos. Com o incentivo dessas pessoas que estão à frente, a gente vai desenvolvendo.”, reforça Valdenice. Sobre os projetos sociais e politicas públicas, a agricultora também fala que se mantém informada através dos programas de rádio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, do Sabedoria Sertaneja da ONG Chapada e do Mulher Sertaneja transmitidos na região. Após a chegada das tecnologias sociais para captação e armazenamento de água, seu Genival iniciou a construção de um sistema de produção agroecológica de frutas e hortaliças, com canteiros econômicos para cultivo de alface e coentro. “Eu já sabia fazer um canteiro porque desde pequenininho eu observava meu pai fazer”, diz Genival. A produção foi ampliada e diversificada com outras culturas, como: pimentão, tomate, pimenta, maracujá, manga, tangerina, coco, macaxeira e mandioca.


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Pernambuco

O agricultor revela que nunca cultiva as mesmas culturas duas vezes no mesmo local, mas sempre alterna entre uma plantação e outra. A justificativa para isso é que o solo não pode se acostumar somente com um tipo de alimento, do contrário a terra não produzirá com tanta força e ainda ficará pobre. “Não tenho preferência por um tipo de planta, todas tem sua importância e utilidade, além disso, eu sempre arrumo um jeito de plantar na propriedade”, comenta Genival. Outra estratégia utilizada pelo casal para aumentar o rendimento e a qualidade dos alimentos é a técnica de compostagem. Para o preparo eles utilizam matéria orgânica e esterco de animais. Nos últimos dias, porém, o casal passou a acrescentar cinzas das lenhas das casas de farinha (unidades de beneficiamento de mandioca) na fórmula da compostagem com objetivo de combater as formigas que estavam prejudicando a plantação de coentro. Outro benefício alcançado pela família foi a economia na compra de alimentos. Seu Genival revela que antes da chegada da cisterna-calçadão se gastava em torno de R$ 30 para o consumo de verduras e hortaliças durante a semana. Dona Valdenice ainda reforça “deixamos de comprar coentro, tomate, pimentão, e ainda passamos a consumir um alimento saudável, nutritivo e sem agrotóxicos”. O casal comercializa uma parte da produção o que reforça a renda familiar. Hoje, eles conseguem vender entre R$70 e R$80 por semana para outras famílias da localidade, alguns restaurantes e quando a quantidade é maior as vendas também são feitas para alguns feirantes. “Graças à Deus já temos os clientes certos”, comenta, com gratidão, a agricultora. Decidido em seguir a vida com a agricultura familiar, Genival Humberto afirma com segurança que nunca trocaria sua vida no campo por uma na cidade. O objetivo agora desse casal de agricultores é criar a filha e repassar todo o conhecimento para ela. “Como se diz o ditado: o futuro do Brasil está nas crianças, então a gente tem que passar essas informações para ela crescer consciente.”, afirma com esperança dona Valdenice.

Em trabalho conjunto, família faz transplante de mudas de tomate

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