Do roçado de terceiros a seu quintal produtivo

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Ano 8 • nº2034 Julho/2014 Macambira Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Da roça arrendada ao quintal produtivo “Antes de receber a cisterna calçadão da ASA, eu poucas vezes tinha trabalho ao redor da casa. Depois de conseguir a cisterna calçadão, raramente vendo o meu dia. Hoje, trabalho na minha roça, trabalho no meu quintal” diz Dona Josefa, beneficiária do Programa de Formação e Mobilização Social para Convivência com o Semiárido Brasileiro: Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA). A agricultora, de 60 anos, moradora do Povoado Serra do Belinho, município de Macambira, em Sergipe, é um exemplo percebido da grande participação de pessoas do sexo feminino nos trabalhos desenvolvidos no campo. Dona Zefinha, como é carinhosamente conhecida na comunidade onde reside, relata que ainda muito jovem, aos 12 anos, começou a trabalhar na roça de terceiros para ajudar aos país e que enfrentou muitas dificuldades ainda criança: “Quando comecei a trabalhar nem podia direito com a enxada. Sempre acompanhava meus irmãos e meu pai nas plantações de mandioca. Os trabalhos realizados eram pesados, principalmente para as mulheres. Ao chegar em casa continuavam os trabalhos de limpeza, preparo da comida e providência da água que geralmente era conseguida em outra propriedade distante”. A mulher camponesa que planta, que colhe, torra e faz o gostoso cafezinho no fogão à lenha, hoje a gás. Mulher que levanta na madrugada para ainda ajudar a tirar o leite das vacas, arrumar criança para ir a escola. É assim tantas outras espalhadas pelos campos do mundo. Mulheres camponesas envolvidas numa variedade de relações de pessoas e de trabalho, e ainda nos dias atuais são oprimidas por ações de uma sociedade ainda machistas, fato esse, ainda existente nas organizações de alguns movimentos sociais.

Pequeno roçado ao redor da cisterna


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Sergipe

Instalações do chiqueiro e futuras do aprisco Somente após o casamento com o agricultor Manuel, há mais de 40 anos, com quem tem 10 filhos, dona Josefa passou a dedicar grande parte do seu dia aos trabalhos domésticos, aos pequenos cultivos e a criação de animais ao redor de sua casa. Para a agricultora, tudo que era realizado com muita dificuldade devido a escassez de água na região, foi facilitado com a chegada da cisterna: “Agora, com a cisterna calçadão, a água está perto de casa, isso facilitou bastante meu trabalho e melhorou muito nossa vida, pois antes agente tinha que trazer a água de longe para depois começar os trabalhos na casa e no quintal”. Como a maioria das pessoas que buscam o necessário para viver, após ser questionada sobre expectativas para o futuro dona Zefinha disse: “Quero ter minha criação de ovelha e aos poucos aumentar meus cultivos. Além disso, quero realizar um grande sonho que é aprender a ler e escrever”.

Cultivo ao redor da cisterna

Água próximo do criadouro

Criação no quintal

Quintal Produtivo: É uma forma de cultivo que está sendo bastante difundida no meio das famílias camponesas, e tem como objetivo a soberania, segurança e autonomia alimentar camponesa. Na pratica é um trabalho realizado nos espaços próximos as casas, principalmente desenvolvido por mulheres e por vezes com a colaboração de jovens e homens. Esse cultivo geralmente busca atender aos princípios da agroecologia, que tem com base os conhecimentos tradicionais das agricultoras e suas potencialidades, seja no cultivo e produção de sementes da paixão e plantas medicinais, como também na produção de frutas e criação de animais de pequeno porte. Essa prática vem favorecendo a melhoria da convivência familiar e comunitária do ponto de vista econômico, cultural e social.

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