Criação de Caprinos é negócio rentável no semiárido

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Ano 7 • nº1356 Dezembro/2013

Milton Brandão Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Criação de Caprinos é negócio rentável no semiárido Quem vive no semiárido sabe que a criação de bodes e cabras é a mais indicada para as características ambientais da região. Por ser um animal de fácil adaptação e resistente às altas temperaturas, cria-los é um negócio rentável e garante o sustento de muitas famílias que aqui vivem. Assim como a família de Seu Adonias José de Oliveira, 62 anos, e Dona Eva Maria Paulino, 60 anos, que moram na comunidade Pau D'arcal, em Milton Brandão, e vivem da criação desses animais, mesmo com dificuldade no acesso a água e com o período de estiagem prologando dos últimos anos.

A criação de caprinos da família.

O casal de agricultores são primos e se conhecem desde pequenos, depois de crescidos resolveram namorar, se casaram e vieram morar na região. Há cerca de 20 anos morando na comunidade Pau D'arcal, Seu Adonias conta que antigamente não criava muitos bichos devido a dificuldade de ter água até para beber. Eles tinham que pegar água para tudo em uma cacimba cavada por eles na localidade. “Algumas tinham a profundidade de quase 10 metros, a gente ficava com os braços cansados de tanto puxar água naqueles carretéis”. Hoje ele conta que o acesso à água ficou bem melhor. Com a chegada da energia elétrica na comunidade, foram construídos poços tubulares e as famílias se beneficiam dessa água. É essa água também que o agricultor dar para suas mais de 200 cabeças de bode e cabra, o número certo ele não sabe, disse que perdeu as contas, porque ele vende, nascem outras, aí ele parou de contar. Seus filhos, Denilson e Francivaldo são quem ajuda o pai na criação, que segundo seu Adonias, não dar muito trabalho, porque se tem pastagem elas se viram, come de tudo. Com a estiagem prolongada, algumas até passam fome, aí ele reforça a alimentação com milho, mas como as raças que cria são adaptadas à região semiárida, dar para passar bem o Seu Adonias também vende o estrume produzido período de seca. pelos animais.


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí

Entre as raças de caprinos que a família possui estão o bode bôer, anglo-nubiano, moxotó, canidé, marota, geralmente a raças se misturam e fica Sem Raça Definida (SRD), mas todas são adaptadas à região semiárida. Já que as condições de alimentação são desfavoráveis durante boa parte do ano, é conveniente que a linhagem seja constituída de animais de elevada rusticidade. Seu Adonias e Dona Eva são pais de 11 filhos, uma já falecida, mas ele viu boa parte destes viajarem a procura de vida melhor na cidade grande. Mesmo assim seu Adonias nunca quis abandonar as terras, porque diz que elas são muito boas. Ele conta que já até viajou várias vezes para o sul, para trabalhar e ganhar dinheiro na construção civil, mas sempre voltava. “Eu retornava porque não tinha vontade de morar lá. É muita coisa ruim, violência, eu não troco meu lugar. Alguns parentes meu vivem até bem por lá, ganharam dinheiro, mas acho que não vivem tão sossegados como eu. A gente ver na televisão, as pessoas vivem com a vida na mão, com medo da violência”, comenta Seu Adonias. Nas terra da família além da criação de caprinos, eles plantam milho e feijão, não Dona Eva Maria também ajuda o marido com as crias. plantam mais porque diz que a água do poço abastece toda comunidade, e os vizinhos reclamam que ele pode secar se utilizar para outras coisas. Quando a bomba queima, as famílias passam até de três meses com dificuldades, o que salva é a água da cisterna, que a família utiliza para beber. Recentemente a família de Seu Adonias foi beneficiada com a cisterna-calçadão do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação Semiárido Brasileiro, com financiamento da Petrobrás. Com o implemento, Cistena-calçadão conquistada pela família. Seu Adonias diz que o problema de água para a produção enfim vai acabar, já que não precisará utilizar a água do poço e entrar em atrito com os vizinhos. O casal escolheu o caráter produtivo de galinha, quer potencializar a pequena criação que já possui. Com a água também pretende produzir um pasto para os animais e verduras, para não precisar mais comprar. “Todo tanto que você tira do bolso já faz falta, e agora com a água vai dar pra fazer uns plantios, não dar pra plantar muito, mas já dar pra economizar nas verduras, porque os estrumes eu já tenho, água, terra e até a galinha pra temperar e fazer aquele caldo gostoso”, brinca o agricultor.

Realização

CENTRO REGIONAL DE ASSESSORIA E CAPACITAÇÃO

Patrocínio


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