As estratégias de Piu e Marinalva para conviver com a seca

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Ano 7 • nº1038 Dezembro/2013 Areial

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

As estratégias de Piu e Marinalva para conviver com a seca Piu e Marinalva moram no assentamento Ciço Romano em Areial-PB e possuem 4 filhos Renan, Roberta, Rodrigo e Robson. Renan, o mais velho, está morando em São Paulo. Filho de uma família de 16 irmãos, Piu conta que começou a trabalhar na agricultura desde cedo. Meu pai há 50 anos trabalhava nessas terras no regime de meia e nós, os filhos, trabalhávamos com ele plantando roçado, criando animais, puxando agave, mas nós não tínhamos terra própria. Pra gente hoje estar aqui a luta foi grande. Quando chegamos aqui só tinha a casa. Nessa luta pela terra, a associação comunitária estava sem ter quem tomasse conta. Então as pessoas se reuniram e me elegeram o presidente. Tínhamos que lutar pelo direito de todos terem acesso à terra. Em 2005 as terras foram finalmente desapropriadas e há 3 meses a terra está no nome da família. Hoje somos 11 famílias assentadas no local. Quando assumiram sua parcela, Piu e Marinalva construíram um tanque para armazenar a água da chuva. Depois lutamos para fazer o alpendre da nossa casa, porque no tempo da colheita serve muito para espalhar o feijão, explica Marinalva. Aqui, a criação de galinhas é responsabilidade do filho Rodrigo, de 17 anos, que cuida de 10 galinhas, 30 pintos e 3 peruas. Com o dinheiro que ele apura da criação, ele compra as coisas dele, conta Marinalva. A família desenvolve várias estratégias de convivência com estiagem que, nesses anos de seca prolongada, vem ajudado muito. Primeiro, eles diminuem o plantio de hortaliças


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Articulação Semiárido Brasileiro – Paraíba

para economizar água. Plantam capim e milho para alimentar a criação de gado e guardam a palha do feijão para complementar com a palma, quando chega o verão. Piu conta que no ano de 2012 foi a reserva de cardeiro que existe dentro da propriedade, que serviu de alimento para as criações. O jerimum também é utilizado na ração animal pelo agricultor e que também planta uma carreira de capim de fora a fora no roçado, como estratégia para guardar alimento para os animais além de servir como quebra-vento. Hoje eles criam na propriedade 2 vacas, 3 garrotes e um boi. Em 2012 entraram no fundo rotativo de pequenos animais e adquiriram uma ovelha que seu Piu diz que nunca deu cria, mas já negocia a troca da ovelha por outra que procrie para repassar no fundo rotativo. Em 2013 foram beneficiados com uma cisterna-calçadão do Programa Uma Terra Duas águas. Antes os agricultores contam que percorriam 2 quilômetros para buscar água em um açude. Mas com a chegada da cisterna tudo mudou, pois eles agora têm mais água perto de casa. Cebola, tomate, cenoura, pimentão, cebolinha e coentro eles produzem para o consumo da casa. Marinalva conta que não compram quase nada fora. Tudo que produzem na propriedade é livre de veneno. Depois da chegada da cisterna eles ampliaram a sua área de frutas, plantaram pés de cajueiro, de coco, de manga, de cajú, e de acerola. Atualmente dos 8 hectares de terra, metade corresponde a área do roçado onde os agricultores plantam feijão macassar, fava, sorgo, milho, mandioca, macaxeira e batata doce. O roçado é diversificado. A erva doce também faz parte do plantio da família. Os planos da família são de aumentar a capacidade do tanque que existe na propriedade. Seu Piu conta que o reservatório que tem na propriedade, quando chove, perde muita água. A chuva vem e escorre boa parte da água, pois o tanque precisa ser reformado. Outro projeto da família é separar a criação das galinhas da plantação, porque elas ciscam muito e prejudicam o plantio, o agricultor já chegou até a plantar os pés de coentro trepados nas paredes para livrar das galinhas. Cada pessoa dá um jeito, é assim que seu Piu fala da maneira como vive na agricultura. Sabendo utilizar a água, tendo coragem para fazer os canteiros econômicos a gente dá um jeito de ir vivendo bem.

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