Juventude Rural: A história do Assentamento Lagoa do Mato

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Ano 7 • nº1116 Setembro/2013

Milton Brandão

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Juventude Rural A história do Assentamento Lagoa do Mato

A falta de políticas específicas para atender a juventude rural ainda obriga os jovens a se deslocar de sua região à procura de oportunidades em grandes centros urbano. O Assentamento Lagoa do Mato foi pensado para combater essa realidade e incentivar jovens a permanecerem no campo. Localizado a 24 km do município de Pedro II, o Assentamento hoje é formado em sua maioria por jovens que vêem no meio rural uma possibilidade de vida digna e próspera. A idéia surgiu da cabeça de uma mulher que há mais de 10 anos trabalha com a educação no campo, a freira Nanete Santos Paraíso, mas conhecida como Irmã Celina. Os jovens que hoje estão no Assentamento são ex-alunos da Escola Família Agrícola Santa Ângela, a qual Irmã Celina coordena. Preocupada com o futuro dos jovens que se formavam na escola, quando ficou sabendo da linha de crédito Nossa Primeira Terra, do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), ela saiu em busca de informações. Preparou palestras para os alunos e começou a incentivá-los a se organizar e a procurar uma terra para comprar. Em 2008 foi feito o acordo para a compra das terras, assim surgiu o Assentamento Lagoa do Mato. Foram investidos R$ 190 mil para a compra de 579 hectares de terra e implantação dos investimentos comunitários, como construção das casas, perfuração do poço, colocação de cerca e instalação de energia elétrica. Os jovens Francisco das Chagas Rodrigues e Magajane Andrade Rodrigues acompanharam o processo desde o inicio e contam que tiveram que vencer muitas barreiras para consolidarem a terra como sua, vencer a dificuldade no acesso a água, as estradas ruins e convencer outros jovens que a vida ali poderia ser viável.


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí

“Nós perdemos muitos companheiros no caminho, que desistiram diante das dificuldades. Nós tivemos brigas feias com o pessoal da região por causa das terras, á água aqui era difícil e ainda tinha a questão da distância. Se você visse esse local como era antes, dava pra duvidar mesmo, mas é só uma questão de fé e vontade, quem não teve desistiu”, afirma Francisco Rodrigues. Aos poucos os moradores do Assentamento foram vencendo uma por uma as dificuldades. As casas foram construídas, mas tinha o problema do acesso à água. Magajane conta que no início eles tinham que buscar água de moto percorrendo cerca de 4 km de distância. Os mais velhos da região diziam que a escavação de poços no local não seria viável porque a água do subsolo era salgada. “Mesmo assim as 24 famílias se reuniram e decidimos cavar o poço. Duas tentativas e só deu água salgada. Na terceira tentativa já estava cavado 95 metros e nada, mas foi perfurado mais um pouquinho e a água jorrou, 13 mil litros de água por hora. Água boa, foi ali que pensamos: A Lagoa do Mato vai dar certo”. Conta Magajane. Os jovens do Assentamento agora pensam no futuro. A comunidade fica localizada bem próxima a Pedro II, cidade turística bastante visitada. Por isso os moradores do Assentamento querem investir no turismo rural. Os jovens contam que andando pela mata que cerca a localidade pode ser encontrado varias potencialidades que podem ser explorada como as pinturas rupestres, alem da fauna e da flora rica que ainda se encontra na região. “Alem das pinturas rupestres, tem também a fauna os bichos nativos que é o caso do veado, o catitu e algumas espécies de macacos e a flora também que é rica”, contam.

A união em torno da casas de sementes e viveiros de mudas Através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) o Assentamento Lagoa do Mato foi beneficiada em 2012 com a Casa de Semente Comunitária e o Viveiro de Mudas. Os dois projetos tiveram um papel importante para a organização das pessoas que moram no Assentamento. Os assentados se dividiram em dois grupos de 10 pessoas para ficarem responsáveis pela manutenção e conservação da Casa de Sementes e Viveiro de Mudas. “Apesar da divisão todos participam do processo, a gente se reúne pra discutir e tomar decisões juntos. As pessoas já guardam as sementes em casa, mas a tentativa de criar o banco foi pensando na preservação das sementes e também de unir a comunidade”, explica Magajane.

A casa grande do antigo dono das terras se tornou o local de reunião da comunidade e o local de guardar as sementes.

Realização

CENTRO REGIONAL DE ASSESSORIA E CAPACITAÇÃO

Apoio

O viveiro de mudas foi construido com a ajuda de toda comunidade.


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