Rancho Queimado

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Sexta-feira, 02 de Novembro de 2012 - Edição comemorativa dos 50 anos de emancipação de Rancho Queimado.

Panorama

Rancho Queimado

Histórias e atrativos do município que comemora 50 anos de emancipação


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ESPECIAL CINQUENTENÁRIO DE RANCHO QUEIMADO

EDIÇÃO ESPECIAL

50 an� de Rancho Queimado EDITORIAL O município Rancho Queimado no dia 8 de

um caderno especial comemorativo. O conteúdo do

novembro de 2012 comemora 50 anos de eman-

material engloba aspectos de diversas áreas, dan-

cipação. A cidade, que é capital catarinense do

do um panorama geral de variados temas. Passan-

Morango, possui diversos atrativos, gastronômicos,

do desde a arquitetura, história, gastronomia, arte-

culturais e históricos. Sedia eventos folclóricos e

sanato, até as pessoas/personagens que a cidade

realiza festas tradicionais, dentre elas, a Festa do

possui/possuiu.

Morango, a Festa do Tropeiro etc.

Por meio de entrevistas, visitas à cidade e acesso a

Dado o fato dos 50 anos de emancipação,

documentos históricos, a mídia tem finalidade de trazer

teve-se a ideia de registrar de alguma forma o epi-

informação sobre o município e também ser uma espé-

sódio. Foi então que surgiu a iniciativa de produzir

cie de documento histórico destinado a cada leitor.

PRA DESCONTRAIR

CARA, VOCÊ VAI NO ANIVERSÁRIO DE RANCHO QUEIMADO?

EU TENHO QUE IR. SOU DA BRIGADA DE INCÊNDIO...

EXPEDIENTE Faculdade Estácio de sá de santa Catarina trabalho de Conclusão de Curso Comunicação social com habilitação em Jornalismo Reportagem e direção

Fotos

Coordenação Editorial

Artur Querino

Artur Querino

Lúcia Miranda

Sec. Mun. de Turismo de Rancho Queimado Edição

Acervo dos entrevistados

Artur Querino Adriana Schein

diagramação Artur Querino

ilustrações Dênis Pacher

Mariana Buôgo


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Quando tudo começou Rancho Queimado já foi a morada de índios, tropeiros e alemães. Depois de 50 anos de emancipação, a cidade é reconhecida pelos diversos atrativos que possui.

A

apenas 63 quilômetros de Florianópolis,

calma, noites agradáveis, temperaturas ame-

feita a base de mulas e cavalos, por uma (ca-

Rancho Queimado tem características

nas e paisagens naturais por todo lado.

minho aberto na mata). O intuito da estrada

bem diferentes da capital. As praias, o calor e o agito da “cidade grande” dão lugar à vida

A tradição conta que, muito tempo atrás, toda a locomoção entre a serra e o litoral era

era para que os tropeiros – homens que ajudaram a desbravar o interior catarinense com


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ESPECIAL CINQUENTENÁRIO DE RANCHO QUEIMADO

sua coragem e desvelo – transportassem para

Os comerciantes articularam a construção

A menina foi adotada pela família Schütz e

o interior aquilo que necessitavam os morado-

de um rancho no meio dessa rota. Esse local

batizada com o nome de Thelesophia Alvine

res da região e que levassem para os merca-

era utilizado, a princípio, para a pernoite dos

Waldin, mas era chamada de Sophia. O nome

dos litorâneos as riquezas produzidas, como

tropeiros. Num descuido de um dos “hóspe-

alemão Waldin foi dado em referência às ma-

carne, cereais e madeiras.

des”, as brasas queimaram o rancho. A partir

tas, ambiente onde a menina nasceu.

daí, quando alguém se referia a alguma coisa nas imediações do incêndio, davam como ponto de referência o rancho queimado.

O atual prefeito de Rancho Queimado, Mário César Goedert, chegou a conhecer a índia. “Minha mãe conta que, mesmo convivendo

Repetindo a história do descobrimento do

diariamente com a cultura germânica desde

Brasil, os índios eram os únicos habitantes do

pequena e até falar alemão, a Sophia cultuava

lugar. Em 1822, quando começou a coloniza-

a lua e o sol, uma característica da sua tribo”,

ção dessas encostas pelos imigrantes vindos

relata.

da Europa, deu-se início a exploração econômica das terras. O lugar começou a ser povoado com casas, fazendas plantações, em consequência o inevitável ocorreu: o combate entre índios e brancos.

Sophia também foi uma personagem de destaque em Rancho Queimado. Em meio aos alemães, a índia ganhou o respeito de toda a comunidade, aprendeu a ler, falar e frequentou a igreja luterana. Prova disso é o re-

A partir desse momento, entra um perso-

conhecimento de Taquaras ao homenageá-la,

nagem marcante na história de Rancho Quei-

dando seu nome ao ginásio de esportes da

mado, um homem conhecido como Martinho

Escola de Educação Básica Roberto Schütz.

Bugreiro. Os índios, na época, eram chamados de bugres pelos colonizadores. Martinho, Atualmente, mesmo após o extermínio dos índios em Rancho Queimado, os vestígios encontrados nas matas da região ainda contam um pouco da história dos silvícolas. Na localidade da Invernadinha está localizada a Toca do Bugre, composta por ossadas humanas. Analisando a história e os acidentes geográficos do local, percebe-se facilmente que o lugar era, sim, habitado por indígenas. As características do habitat, os desenhos e até a localização da toca remetem à época em que os índios povoavam as matas e florestas. Os 20 metros quadrados já foram motivo de expedições e hoje são tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

contratado pelo governo do estado, tinha a função de exterminar os índios da região, por isso o apelido de Martinho Bugreiro. Nessa mesma época, uma indiazinha foi capturada com toda a família em um ataque organizado por Martinho Bugreiro. Após a captura, a família foi levada até a praça da cidade de Rancho Queimado. Os adultos foram brutalmente assassinados e a menina e mais duas crianças foram poupadas, a pedido de um dos moradores da localidade.

HOMENAGEM para a índia Sophia

Em RAnCho QuEimAdo, o QuE Eu mAis gosto é.... Depois de 50 anos de emancipação, conheça 50 motivos para gostar de Rancho Queimado.

“...de uma tarde de domingo nos altos da Boa Vista.”

“...das belezas naturais, principalmente do Morro da Boa Vista.”

Kátia Felisbino, 22

Daiana Schiller, 27


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CARACTERÍSTICAS Fundação 8 de novembro de 1962. Principais atividades econômicas Turismo e agricultura. População 2.748 habitantes. Colonização Alemã. Principais etnias Alemã. Localização ALTO da Boa Vista: um dos lugares mais apreciados pelos moradores e turistas

Planalto Serrano, a 63km de Florianópolis. Área

Anos se passaram e, em oito de novembro de 1962, Rancho Queimado foi emancipado do município de São José. Esses 50 anos de autonomia político-administrativa a transformaram no pólo turístico que é hoje. Destaca-se a rica gastronomia, com receitas que representam toda uma história dos índios, tropeiros e colonizadores.

artesanato e gastronomia tropeira e alemã. Segundo dados do censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são 2.748 habitantes em uma área de 286,433 quilômetros quadrados. A agricultura é responsável por 80% da economia local, com destaque para a produção de feijão, milho, tomate,

288,4km2. Clima Temperado, com temperatura média entre 10ºC e 25ºC. Altitude

cebola e principalmente morango, que dá o

810m acima do nível do mar.

A cidade possui diversas atrações e manifes-

título de capital catarinense do produto para o

tações culturais indispensáveis quando se visita

município. Rancho Queimado é hoje uma cida-

Cidades próximas

a cidade. São grupos folclóricos, festas tradicio-

de ímpar, possuindo diversos atrativos na gas-

nais da cultura imigrante, a Festa do Morango,

tronomia, no lazer e na cultura.

Angelina, Alfredo Wagner, Águas Mornas, Anitápolis.

“...de saber que não há violência.”

“...do sossego e da temperatura agradável.”

“...da escola, dos amigos e do frio.”

Paola da Silva Ribeiro, 18

Rita Macedo, 38

Nicolas Macedo Debacher, 10


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O caminho das tropas H

á muitos anos atrás, para facilitar a comunicação, a agricultura, o transporte e o comércio entre o planalto catarinense e Desterro (atual cidade de Florianópolis), havia um caminho por onde passavam os tropeiros. Homens que desciam a serra catarinense através dessa estrada para levar vários tipos de carregamento. Abaixo, confira datas marcantes na construção dessa estrada.

1787

O governador da capitania, José Pereira Pinto, por ordem do vice-rei Luiz Vasconcelos e Souza, mandou construir uma estrada ligando o planalto ao litoral pelas margens do Rio Maruim. No mesmo ano, um trecho do itinerário foi mudado para o vale do Rio Cubatão.

1790 Apesar de não

1788

Em 14 de novembro de 1788, os alferes José Antônio da Costa e Antônio Marques Orzão deram início à obra, concluída em 6 de dezembro de 1790, com extensão de 16 léguas e 560 braças (cerca de 107 quilômetros).

alcançar a vila de Lages efetivamente, era uma ligação – embora precária – entre o planalto e o litoral. Os dois construtores logo usufruíram do trabalho, partindo de Lages até o Desterro em 17 de outubro de 1790, “com 100 reses e cargueiros”. Na mesma década, o governo construiu, na mesma direção, uma estrada paralela até o alto das Taquaras – atualmente distrito do município de Rancho Queimado–, bem mais fácil e hoje a principal, que subia o vale do Rio Cubatão, de planícies largas, de menos pedras e mais águas, Rio dos Bugres acima.

1800 / 1813 / 1829 Em 1800, a construção da estrada ficou parada durante 28 anos, por falta de apoio do Estado. Já em 1813 não se encontrava quase nenhum vestígio do seu traçado quando foi retomada com a chegada dos imigrantes alemães, a partir de 1829.

Em Rancho Queimado, o que eu mais gosto é.... “...da boa qualidade da saúde.”

...da praticidade das coisas.”

“...do trabalho e da tranquilidade.”

Nilza Schvambach, 68

Priscila Méri Hugen, 17

Jânes Méri Hugen, 39


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o tRoPEiRo Em Santa Catarina, o transporte pelas tropas foi de grande influência no desenvolvimento e na comunicação entre os centros consumidores e as regiões de produção de alimentos e outros bens. Homenageando os homens que faziam esse caminho, foi que em 1993, a vereadora Salete Coelho propôs que o município tivesse um monumento dedicado aos tropeiros, inaugurado em 27 de novembro daquele ano no distrito de Taquaras. Leonardo Schütz, tropeiro nas décadas de 1940 a 1960, posou para a foto que serviu de modelo para que a estátua fosse esculpida. Na placa que fica na base do monumento estão os seguintes dizeres:

Aos homens que trilharam os caminhos; Aos homens de vida dura e agreste; Aos homens que tropeando Levaram a vida, a esperança, o alimento; Laçando as sementes de nossas cidades. Ao tropeiro, para que nunca seja esquecido. “Do povo de Taquaras”

1860

1845

Com a visita do imperador D. Pedro II às águas termais de Caldas, foi recuperado um trecho da estrada e o traçado transferido definitivamente do vale do Rio Maruim para o Vale do Rio Cubatão.

Com a fundação da colônia de Teresópolis (conhecida atualmente como Queçaba, localizada a 12 quilômetros de Rancho Queimado), uma terceira estrada projetada de Vargem Grande, via Teresópolis, indo até Taquaras, unia-se à mais antiga, que levava a Lages.

1870

Nessa década, a “Estrada de São José – Lages” era considerada a mais importante do estado. Por ela, o gado, a mandioca, o sal e os produtos derivados da cana-de-açúcar seguiam de Lages até o litoral de Santa Catarina.

“...de ir na praça brincar com os amigos.”

“...de ir passear na praça.”

Hiago Schuch Schiller, 6

Melissa Schuch Schiller, 4

hoje

O antigo caminho das tropas levou quase dois séculos para se tornar um caminho consideravelmente transitável. Essa estrada tornou-se a moderna BR-282.

“...da hospitalidade da população. Moro aqui há 23 anos e sempre fui bem tratado.” Orli de Souza, 42


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Bem-vindo à pureza de Rancho

Empresa centenária, localizada na entrada da cidade, tem história iniciada muito antes da emancipação do município.

D

tarde pelo filho Leonardo. O atual administrador da Pureza é Ricardo Sell, bisneto de Alfredo, e seu filho mais velho, Richard, é gestor administrativo.

ando as boas-vindas aos moradores e turistas que chegam a Rancho Queimado, a fábrica de refrigerantes Pureza está localizada exatamente ao lado do portal principal da cidade.

Os sete produtos com a marca são reconhecidos no Estado. São 620 mil litros de refrigerantes produzidos mensalmente. Os produtos, que antes só circulavam na Grande Florianópolis, agora são vistos em todo o Estado e em alguns municípios do Paraná.

Uma marca conhecida por sua tradição e reconhecida no mercado catarinense, a fábrica de bebidas Leonardo Sell completa 107 anos em 2012. De acordo com a Associação dos Fabricantes de Refrigerante no Brasil (Afrebras), a empresa de refrigerantes é a mais antiga de Santa Catarina e a segunda mais antiga do Brasil. Mesmo antes de Rancho Queimado “existir”, a empresa já fabricava bebidas quando ocorreram fatos importantes da história da cidade. O negócio teve participação ativa no crescimento e na transformação do município. Tudo começou em 1905, quando Alfredo Sell fundou a Cervejaria Rio Branco. A fábrica ficava localizada onde hoje é a atual praça do município. A produção, que era apenas de cervejas, licores e gasosas, não agradava às mulheres, que consideravam o cheiro do álcool forte demais nos produtos. Com tantos pedidos por uma bebida mais suave e sem teor alcoólico, Alfredo criou em 1926 o Guaraná Pureza. O sucesso foi imediato na região e hoje se espalha por todo o Estado. O nome da marca é uma curiosidade e uma ação bem-sucedida. Afinal, quem não gosta de tomar uma coisa pura? Quem conta isso é o só-

RÓTULOS antigos utilizados para a cerveja “Pureza”

cio-proprietário da empresa, Adelmar Sell (neto de Alfredo), afirmando ainda que o nome Pureza foi escolhido pela pureza das águas e pela natureza exuberante de Rancho Queimado. Em 1949, quando a empresa mudou o nome para Bebidas Leonardo Sell, a produção de cerveja cessou, dando mais espaço ao guaraná. Além da água com gás e do xarope de groselha, outros sabores foram incorporados com o tempo: laranjinha, abacaxi e limão. O último lançamento foi o sabor morango, criado para homenagear Rancho Queimado, que detém o título de Capital Catarinense do Morango. Uma curiosidade sobre a empresa, além de ser legitimamente catarinense, é o fato de ser administrada pela quinta geração da família. Alfredo Sell começou no comando da fábrica, ocupado mais

O gestor administrativo Richard Sell, conta que, devido à tradição da fábrica e sua fácil localização ao lado do portal da cidade e às margens da BR-282 (rota entre a serra e o litoral catarinense), o local é ponto de parada de turistas e viajantes de diversos lugares. São poucas as empresas que ultrapassam a marca de um século de existência. Isso é nítido quando comparado com algumas das instituições mais antigas do Brasil. Por exemplo, a Caixa Econômica Federal possui 151 anos, a Gerdau (empresa siderúrgica brasileira) tem 111 anos e a Klabin (maior exportadora e produtora de papéis do Brasil) está 113 anos de fundação. Rancho Queimado entra para a história do Brasil, juntamente com a fábrica de refrigerantes. Ricardo Sell, administrador da empresa, tem um desejo: “Quero que a empresa continue por mais cem anos, pelo menos, para que meus filhos, netos e bisnetos participem dessa história”.

Em Rancho Queimado, o que eu mais gosto é.... “...de ter tudo o que preciso pra viver bem.”

“...de sair na rua e poder cumprimentar todo mundo.”

“...de ir ao parque brincar com meu primo.”

Alci Heinz Schuch, 61

Soraya Feldhaus Bruch, 23

Eduardo Schuch, 6


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O ferreiro do KM 100

Artesão fabrica facas em oficina na própria casa e é reconhecido na região de Rancho Queimado pela qualidade dos produtos fabricados. meu pai observando e ajudando. Gostei daquilo e estou na profissão até hoje”, confessa. Valdevino deu o nome à pequena oficina de “Facas Km 100”. O nome presta homenagem à ferraria do avô, que funcionava no antigo caminho das tropas de Lages a Florianópolis, justamente no quilômetro 100. O ferreiro comenta que pouco mudou no processo de fabricação das facas nesses mais de 160 anos. A diferença é que hoje existem equipamentos movidos a energia elétrica, mas o processo continua sendo artesanal. SINALIZAÇÃO em frente a oficina de facas

M

orador do distrito de Taquaras antes mesmo da emancipação de Rancho Queimado, o artesão Valdevino Veiss vive no local há mais de 55 anos. Ferreiro desde sempre, é verdadeiro artista em seu ofício. Transforma o aço de antigos discos de arar a terra em verdadeiras obras de arte.

Tudo começou quando o tataravô de Valdevino, Jacob Schaëffer, chegou da Alemanha, em 1847. Ele ensinou o ofício ao bisavô de Valdevino, Pedro Schaëffer, que repassou a arte ao filho Rodolfo Jacob Schaëffer. Este, por sua vez, passou seus conhecimentos ao genro Edelberto Veiss, que passou o ofício para o filho Valdevino. “Estou nessa lida desde muito jovem. Mesmo não conseguindo segurar as ferramentas devido ao peso, eu estava sempre junto do

A matéria-prima básica que o artesão utiliza para produzir as facas é o aço extraído de discos de arado. Já os cabos são elaborados em madeira ou a partir de chifre de boi. O acabamento é feito com lâminas de alpaca, um tipo especial de metal leve, cor de ouro. O último elemento, para finalizar o objeto, é a bainha.

Valdevino as faz com muita precisão e detalhe. “Dependendo do que o cliente pede, decoro as bainhas com o metal cor de ouro para ficar ainda mais bonito”. São detalhes artesanais do início ao final do processo que tornam o produto de seu Valdevino diferenciado. O artesão comenta que poderia transformar sua oficina em uma fábrica para que as facas ficassem mais baratas e vendessem mais, porém o segredo do produto está no processo artesanal. Os clientes falam que esse é o diferencial, que não deve ser mudado. A quinta geração da família a produzir os objetos pode ser a última. “Infelizmente sou a última pessoa da família que produz as facas, meus filhos não aprenderam esse ofício. Sei que quando eu morrer tudo vai acabar, a técnica vai se perder, porém minhas facas continuarão aqui”, resigna-se o artesão.

FACAS produzidas artesanalmente a partir de aço de discos de arado com madeira ou chifre de bois

“...da praça. É o lugar mais bonito de Rancho Queimado.”

“...das belezas naturais de Rancho Queimado.”

“...da atmosfera das montanhas.”

Diego Ventura, 21

Mariana Jardim Pereira, 27

Daniel Evaristo dos Santos, 30


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Seja acolhido

Associação de agricultores familiares transformam propriedades em pousadas simples e acolhedoras.

A

O projeto Acolhida na Colônia resgata a valorização pela cultura, história e tradicionalidade das famílias que vivem no interior. Quem tem interesse em compartilhar experiências à beira de um fogão a lenha, em hospedagem simples e aconchegante, encontra em Rancho Queimado boas opções.

Acolhida na Colônia é uma associação de pequenos agricultores familiares que vivem em munícipios interioranos e essencialmente rurais. A associação foi criada no Brasil em 1998 e está integrada à rede Accueil Paysan (atuante na França desde 1987), que propõe valorizar o modo de vida no campo por meio do agroturismo ecológico. A associação desenvolve, junto aos agricultores, atividades de turismo nas propriedades rurais. O objetivo é compartilhar histórias e vivenciar o dia a dia no campo, oferecendo hospedagens simples, porém aconchegantes. As pessoas que vivem nesses locais tratam o turista não como um hóspede, mas como um membro da família. Os associados adotam a lavoura sem agrotóxicos, dão tratamento adequado ao esgoto e proteção às nascentes de água que abastecem as casas. O projeto possui 180 famílias associadas, entre elas três em Rancho Queimado: a Pousada Bauer, o Sítio Paz e Bem e o Engenho Colonial da Família Junckes. (respectivamente cerca de 4 km, 10 km e 17 km de distância do centro da cidade). A gerente de projetos Lívia Barasz, fi-

LÍVIA e a família mantiveram o hábito realizado na França

lha de um francês e uma brasileira, conta que o pai sempre gostou de fazer turismo no interior da França. Quando a família veio para o Brasil, manteve o hábito de estar em meio à natureza. “Sempre íamos para Taquaras e participamos do projeto Acolhida na Colônia quando ficamos hospedados no Engenho Colonial da Família Junckes. A melhor parte de estar nesse lugar, além das trilhas, era a comida caseira feita na propriedade”, lembra.

Participe da Acolhida Para conhecer mais sobre a associação e as propriedades conveniadas acesse: www.acolhida.com.br

Em RAnCho QuEimAdo, o QuE Eu mAis gosto é.... “...do aconchego das pessoas.”

“...das belezas Boa Vista.”

Valmor Davoglio, 66

Henrique Voges, 23

naturais

da

“...do bom relacionamento entre as pessoas.” José Zimermann, 32


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O laço velho da saudade

CTG de nome curioso abriga rodeios, festas e competições que fazem parte do calendário de eventos do município.

N

o início de 1974, foram convidados dois peões das localidades de Taquaras e Mato Francês para participarem do quadro de laçadores do CTG Os Praianos, de São José. Eram eles Aldo Schütz e Ari Scheidt.

Devido à distância que precisavam percorrer até São José e por várias dificuldades surgidas na época, os dois convidaram outros dois laçadores também integrantes de Os Praianos, os peões Hilberto Scheidt e Nabor Jasper, para formarem um CTG no município de Rancho Queimado. Havia a necessidade, na época, de contar com no mínimo seis laçadores. Já em 1975, foram convidados para completar o quadro Solon Schütz Sobrinho e Guilherme Neuhaus. O nome do novo CTG originou-se de uma velha história. Leonardo Schütz, pai do peão Solon, deu de presente a Francisco Goedert – tio do peão Nabor –, muitos anos antes, um laço que permanecia guardado com muito carinho pelo sobrinho. O laço, que havia sido usado pelo tio na lida campeira para laçar os bovinos, enfeitava a barraca de Nabor nos rodeios deu a ele a inspiração para o nome do CTG. A proposta foi apoiada pelos companheiros, que deram o nome ao CTG de Laço Velho da Saudade. O peão Nabor, com seus dotes artísticos, escreveu na ocasião a poesia do CTG:

Andando de pago em pago, atravessando montanha e coxilha levai o velho tropeiro, montado em sua mula tordilha. Para nós não é desonra, é coisa que o homem do campo faz, e se o nosso destino é esse, é por que foi de nossos pais. Eles abandonaram a lida, partiram para eternidade, mas deixaram como lembrança o LAÇO VELHO DA SAUDADE.

belecido como sede a localidade do Alto da Boa Vista. Nesse mesmo encontro, Leonardo Schütz foi escolhido como primeiro patrão de honra do CTG. O CTG realizou o primeiro rodeio crioulo no dia 23 de março de 1977. Na oportunidade foi apresentada ao público a bandeira do CTG, idealizada e confeccionada por Felícia Hatz Schütz, a mesma que ajudou a criar o brasão do município. Em 1982, a sede do CTG foi transferida para a localidade de Morro Chato, onde permanece até hoje. O terreno da sede foi doado pela prefeitura de Rancho Queimado e, no local, são realizados rodeios, festas e competições, que fazem parte do calendário de eventos do município.

A partir daí, o CTG só fez crescer. Logo no ano seguinte foram acontecendo várias adesões e, consequentemente, a necessidade de organizar-se em sociedade, bem como buscar espaço e local para promover seu primeiro rodeio crioulo. Em uma reunião em agosto de 1976, na antiga sede do Clube Itatiaia, em Taquaras, foi fundada a Sociedade Amigos do Município de Rancho Queimado, à qual pertenceria o novo CTG. Na mesma reunião, foi esta-

SÍMBOLO que representa o CTG

“...da sensação de segurança.”

“...da qualidade de vida.”

“...da humildade e simplicidade do povo.”

Josenei Tadeu Schiller, 45

Stela Maris Weiss, 39

Terezinha Beretta, 60


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ESPECIAL CINQUENTENÁRIO DE RANCHO QUEIMADO

A história de uma visionária Mulher com espírito de liderança e pró-atividade, realizou diversas ações em benefício de Rancho Queimado. Sempre criativa e atuante, viveu em prol do município. Formou-se professora em 1934 na Escola Normal Catarinense (hoje Faculdade de Educação), em Florianópolis. Sempre se orgulhou de ter sido aluna de grandes mestres, como a professora Antonieta de Barros e os professores Barreiros Filho, Elpídio Barbosa e Altino Flores. Foi professora da Escola Complementar em Palhoça. Em 1938, casou-se com Teófilo Schütz e, em 1939, foi morar no distrito de Taquaras, onde passou a auxiliar seu esposo nos negócios da família. No mesmo ano naturalizou-se brasileira pelo Decreto-Lei 1.202. Apesar de ter orgulho de sua origem, sempre dizia se considerar muito mais brasileira do que alemã.

Cresci e quis ser professora, Estudei na Escola Normal Cinco anos passam voando de ônibus, da Palhoça à capital. Nos quatro anos seguintes na Escola Complementar lecionei Conhecendo o amor de minha vida, como é natural, me casei. O meu esposo e eu Aqui em Taquaras viemos morar e, abençoados por Deus, uma família feliz conseguimos formar.

Na luta diária e árdua de uma realidade essencialmente rural no distrito de Taquaras, Felícia e Teófilo tiverem os três maiores e mais valiosos bens, os filhos. A partir daí se fixaram definitivamente no distrito, mesmo sabendo das dificuldades decidiram criar os primogênitos ali.

Os anos foram passando trabalhado, plantando, negociando, Três lindos filhos cresceram, nossa vida sempre alegrando. Quando o mais moço nasceu os dois mais velhos saíram pra estudar,

F

elicitas Emma Hatzky, conhecida como Dona Felícia, nasceu em Büsingen, na Alemanha, em 30 de maio de 1917. Veio para o Brasil com os pais Felix Hatzky e Emma Kirchhoff Hatzky em 1924, após a Primeira Guerra Mundial. Ao chegar no Brasil, Felícia e a família foram morar na cidade de Palhoça e logo começou a estudar na Escola Pública local.

Nasci no hemisfério norte da Terra, Alemanha se chama o país, Os meus pais para o Brasil emigraram Assim o destino o quis. Eu tinha apenas sete anos, Para escola brasileira logo entrei, Frequentei-a com muita alegria

e o mais caçula, pequeno, tornou-se a alegria do lar. A vida não foi sempre fácil Mar com esperança e amor nesta terra gentil Conseguimos vencer as lutas e amar este recando do Brasil.

Em pouco tempo o português eu já falei.

Em Rancho Queimado, o que eu mais gosto é.... “...da tranquilidade de morar aqui.”

“...da natureza.”

“...do clima agradável da cidade.”

Saulo Ventura, 49

Vivian Heinz Lazai, 31

Claudio Kraus, 39


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Tempo depois, Felícia passou por uma dura fase da vida. A morte do esposo Teófilo em 1971 deixou a mulher guerreira abalada. Mas, com a ajuda dos amigos e da família, Dona Felícia superou a dor e encontrou forças para seguir em frente.

Infelizmente para nós muito cedo, Deus, meu companheiro resolver chamar Mas também me deu força e coragem para o trabalho começando, completar. Auxiliada pelos filhos e amigos Consegui terminar o que estava planejando e rodeada por netos e bisnetos, vejo muito sonho realizado.

Dona Felícia tinha como lema: nunca diga “não dá” antes de tentar todos os recursos possíveis para resolver qualquer questão, seja na vida particular ou pública. Durante toda a vida foi membro atuante da Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Taquaras, sendo presidente da comunidade evangélica por oito anos. Foi vereadora de Rancho Queimado no período de 1976 a 1982 e exerceu por dois anos o cargo de presidente da câmara. De acordo com a nora Salete Coelho Schütz, a sogra tinha muito orgulho de ter sido a primeira mulher a ter um mandato eletivo no município. O mundo continua girando, não adianta os braços, cruzar; Seis anos, como vereadora,

Pessoa endurecida pelos percalços da vida e muitas vezes não compreendida, nunca se deixou abater pelas dificuldades e nunca mediu esforços quando se tratava de ajudar a comunidade ou pessoas. Fez com seu esposo, e posteriormente quando viúva, várias doações a entidade públicas, como o terrenos onde se localizam a Escola de Educação Básica Roberto Schütz, a praça Teófilo Schütz, o posto de saúde, parte do terreno do cemitério e do galpão da igreja católica de Taquaras. Trabalhou pelo tombamento e repasse da casa de campo de Hercílio Luz, que pertencia à família, e da Associação Comunitária do Distrito de Taquaras. Foi forte parceira na instalação da Paróquia Evangélica Luterana do mesmo distrito, bem como do Lar da Cultura e Harmonia de Reintegração Social (Lachares). Enfim, sua vida foi voltada para o desenvolvimento comunitário. A ex-empregada de Felícia, professora Kelly Schmitz, comenta que a antiga patroa sempre foi muito organizada, anotava tudo o que fazia, inclusive a quilometragem do carro. Criativa e atuante, foi parceira na criação do brasão de Rancho Queimado. Criou a primeira bandeira com o brasão do município bordado em crochê. Gostava de viajar e repassar para as outras pessoas o que aprendia ou fazia, fosse tocar piano ou, bordar, fazer tricô e crochê. Estava sempre pronta para participar de todo evento que levasse ao crescimento pessoal e criativo, como congressos, seminários e apresentações. Foi grande incentivadora da cultura com o Grupo Folclórico de Taquaras e da música, com o Coral da Igreja Evangélica (que dirigiu por vários anos). Também era membro atuante da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (Oase), do Grupo de Idosos e do Clube das Mães. Tradutora do romance Uma Mulher do Século Passado, publicado em 19 de dezembro de 2000 pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), a obra escrita pela mãe Emma Hatsky recupera a memória da colonização teuto-brasileira, mesclando acontecimentos

o município fui representar. Taquaras foi prosperando ganhamos luz, telefone, posto de saúde e calçamento,

da primeira e da segunda guerras mundiais. A tradução dos manuscritos da mãe, escritos em alemão gótico, encheram seis cadernos de 200 folhas. O livro conta a história da família na colonização alemã com linguagem simples e rica em detalhes, respeitando, nas 608 páginas, o ritmo e o contexto dos fatos narrados.

e, da paróquia evangélica fundada,

LIVRO traduzido por Dona Felícia

Para a família, Dona Felícia foi um exemplo de luta, trabalho, dignidade e perseverança. Estava sempre atenta a tudo que ocorria a sua volta, sem interferir na vida cotidiana de seus familiares. Foi o esteio da família e grande colaboradora da comunidade.

Peço a Deus na sua infinita bondade, Mais alguns anos me permita alcançar, Até o dia em que, definitivamente, resolva pela vontade dele me chamar. Felicitas Emma Hatzky Schütz 30/05/1997

Em 2004, com 87 anos, dona Felícia faleceu, porém tornou-se um exemplo de vida, dedicação e amor ao povo e a terra que adotou, a cidade de Rancho Queimado.

oito anos eu fui presidente.

Felícia também foi a primeira presidente da associação comunitária do distrito de Taquaras, onde teve atuação importante não só na comunidade, lugar que amava e defendia, mas em todo o município de Rancho Queimado. Sempre muito atenta aos acontecimentos, seu objetivo maior era o progresso e o desenvolvimento cultural e religioso do município.

Cercada de amor e carinho no meu “cantinho aconchegante”, Os acontecimentos do mundo procuro acompanhar. CENTRO Comunitário Dona Felícia

...das belezas cachoeiras.” Nazaré Floriano, 39

naturais,

das

“...da hospitalidade do rancho-queimadense.” Mério César Goedert, 47

povo

“...das belezas naturais, principalmente do campo da Boa Vista.” Eduardo Marcos de Jesus, 21


14

ESPECIAL CINQUENTENÁRIO DE RANCHO QUEIMADO

A doce fruta vermelha

Pequena no tamanho, mas com grande importância para Racho Queimado, o morango é símbolo da cidade, gerando renda e atraindo turistas.

O

plantio do morango revolucionou Ran-

Em 1992, com o apoio da empresária

mado. Para abastecer a festa, foram trazi-

cho Queimado. Sem muita alternati-

Maria Helena Teixeira Diniz, foi organiza-

dos morangos de outras regiões do estado.

va de ampliação da produção agrícola, a

da a primeira Festa do Morango. O intuito

Na época, apenas um morador plantava as

população viu, na deliciosa fruta, a saída

era fazer com que os agricultores da região

frutas e a quantidade era insuficiente para

para crescer e destacar o pequeno distrito

não fossem embora do meio rural e se mo-

abastecer o evento.

de Taquaras na região.

tivassem a plantar a fruta. A ideia era que,

O estímulo inicial do plantio do morango em Rancho Queimado começou em 1975, por meio de um pastor luterano vindo de Feliz (RS).

com que essa estratégia, a economia e os agricultores se mantivessem no município por meio de uma nova opção de renda.

meira edição – a produção do morango em Racho Queimado já era autossuficiente. Com o sucesso da festa a cada ano, a po-

Curiosamente, nessa primeira edição

pulação percebeu que o morango era uma

os morangos não eram de Rancho Quei-

boa alternativa econômica. Atualmente, a

Ele visitava periodicamente a comunidade e, sempre que vinha, trazia mudas da planta.

Em 1994 – dois anos depois após a pri-

fruta é a base da economia do município. No ano de 2001, por uma lei criada pelo deputado César Souza, Rancho Queimado recebeu o título de Capital Catarinense do Morango. Com o crescimento e a popularização da festa na região, a cidade conseguiu resgatar um pouco da cultura alemã trazida pelos primeiros imigrantes de Rancho Queimado. Prova disso foi a criação do grupo folclórico Blumental e do Coral Municipal de Rancho Queimado. De acordo com dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), atualmente são cerca de 150 famílias produzindo morango em Rancho Queimado. Atuam na produção direta em torno de 500 pessoas e são produzidas, anualmente, duas mil toneladas de morango, sendo que 70% é enviada para a Central de Abastecimento do Estado PLANTAÇÂO de morangos: cerca de 150 famílias cultivam a fruta

de Santa Catarina (Ceasa) de São José.


15

ROZEMERE Ehrardt, 32 anos: “Eu mesma planto e colho os morangos”

RONALDO Soares, 19 anos: “Embalar morangos é como um quebra-cabeça”

organizadoras da Festa do Morango. Segun-

vimento da comunidade. Além do morango,

do ela, participar do evento traz um senti-

os visitantes assistem apresentações fol-

mento de muito orgulho, pois está fazendo

clóricas e podem adquirir produtos como

parte de uma história que está prestes a

geleias, artesanato, flores e comidas colo-

completar 21 anos. “A festa é muito impor-

niais. Anualmente, entre final de novembro

tante, pois é o maior evento cultural, turísti-

e início de dezembro, o evento é realizado

co e social de Rancho Queimado”, destaca.

no Parque do Morango, localizado no distri-

A festa tem como característica o envol-

to de Taquaras.

MARIA é uma das organizadoras da Festa do Morango

Curiosamente, por ser um trabalho braçal, metade das pessoas envolvidas diretamente são mulheres. Um exemplo é a agricultora Rozemere Ehrardt, de 32 anos. “Eu mesma planto e colho os morangos da minha propriedade”, comenta. Já Ronaldo José Soares, de 19 anos, participa de uma outra etapa do processo de produção de morango, a de embalagem das frutas. “Embalar morangos é como um quebra-cabeças, tenho que encaixar um a um no recipiente”, compara. Segundo Ronaldo, seu patrão tem 17 mil pés de morango, sendo que toda a produção é vendida na Ceasa de São José. A tesoureira da Associação Comunitária, Maria Angélica Koester Kaufer, é uma das

FESTA do Morango tem como característica o envolvimento da comunidade em atividades folclóricas e gastronômicas


16

ESPECIAL CINQUENTENÁRIO DE RANCHO QUEIMADO

Arquitetando o Rancho

Construções antigas ou de traços germânicos também são atrações para o turista que visita o município.

A

lém dos morangos e dos belos caminhos

é um dos cartões postais do município. De

O mercado, por exemplo, teve início no ano de

coloridos e enfeitados pelas hortênsias,

cores fortes e inspirada na arquitetura típica

1926 com o comerciante Jacó Goedert. O tempo

alemã, a construção encanta os visitantes.

e as gerações foram passando e ainda hoje a

Rancho Queimado tem outra característica que a diferencia dos demais municípios da Grande Florianópolis: a arquitetura.

A Casa do Imigrante, localizada no Parque do Morango, é réplica de uma edificação ba-

Em passeio pelas várias localidades do

seada na arquitetura germânica e erguida ori-

município, não são poucas as edificações

ginalmente em 1915. Ela possui traços de edi-

encontradas que possuem características da colonização alemã, presente desde 1822. São pequenos detalhes em janelas e fachadas que remetem às construções vistas na Alemanha. Apesar de antigas, a maioria desses prédios está

“As belas construções históricas da cidade são motivo de orgulho para os habitantes e cenários perfeitos para turistas tirarem suas fotos”

muito bem conservada.

ficações dos colonizadores de Rancho Queimado e foi inau-

família é proprietária do local. Atualmente, quem administra o mercado é Ivone Seemann Goedert e a filha, Fátima Maria Seemann Goedert. “Além do mercado em si, temos alguns objetos de época. Um exemplo é o baú em frente à bancada. Ele está aqui desde 1926”, comenta Ivone.

gurada em 1996, em homena-

A ex-vereadora de Rancho Queimado Sale-

gem aos 150 anos de funda-

te Coelho Schütz, atual proprietária do posto

ção da Colônia Santa Isabel.

de gasolina, conta: “Não coloquei bombas ele-

No

distrito

de Taquaras

também se pode ver, além de construções com trações ger-

mântivos, algumas edificações muito antigas,

trônicas pois, em virtude disso, teria que pôr uma cobertura, o que iria descaracterizar o charme do posto”. Salete relata que o posto foi construído no ano de 1957. Já o hotel que fica ao lado do posto é do ano de 1900 e está em

Ao preservar as tradições dos primeiros

como o posto de gasolina Teófilo Schütz, e

imigrantes, Rancho Queimado procura valo-

o pequeno mercado próximo ao Parque do

rizar essas características nas construções

Morango. Essas construções “presenciaram”

Além das belezas naturais, da culinária e

públicas, como na Casa do Turista e nos dois

o crescimento e a transformação de Rancho

do tradicionalismo de uma cidade que respira

portais do município: um na entrada da cida-

Queimado, já existiam desde o surgimento

história, a arquitetura de Rancho Queimado é

de e outro na chegada ao distrito de Taqua-

das primeiras casas antes mesmo de a cida-

mais um atrativo para quem conhece ou que

ras. A Casa do Turista/Secretaria do Turismo,

de ser emancipada.

vem conhecer o município.

fase de restauração para voltar a funcionar.


17

O resgate da cultura através da dança Grupos folclóricos fortalecem a cultura dos imigrantes que colonizaram o município.

A

dança é como mágica, representa a alegria e espanta a tristeza. Em Rancho Queimado, ela é responsável pelo resgate das tradições germânicas, mostrando nos passos, na postura e nas vestimentas a tradição de um povo, a representação de uma etnia e a definição de uma época. A Festa do Morango, desde o seu início, busca um resgate da cultura colonizadora. O surgimento dos grupos folclóricos Blumental e Sonnenschein marcou a consolidação desse objetivo, ajudando a trazer, através do trabalho realizado, a lembrança das raízes culturais. Dançar no estilo alemão não quer dizer que os antepassados dançavam as mesmas danças, mas a dança é uma manifestação forte de que a cultura ainda está presente no povo rancho-queimadense.

tionamento da própria comunidade, que estava cansada de ver outros grupos de municípios vizinhos se apresentando na Festa do Morango, a comunidade se reuniu e concretizou a proposta. O empresário Gilson Schmitz participa do grupo Blumental desde o início. Ele destaca a importância da dança e do grupo folclórico. “A dança nos grupos tem o intuito de despertar a comunidade, fazendo com que haja interesse em preservar a cultura e trabalhar a autoestima que a Segunda Guerra tirou do alemão”, relata. Logo no início, Gilson se candidatou para fazer um curso de dança típica alemã. O que era apenas um lazer tornou-se algo mais sério: o empresário dá aulas em Alfredo Wagner, Angeli-

na e Rancho Queimado. Ele conta que obedece fielmente aos passos da dança, por isso sempre está fazendo cursos com professores alemães. Atualmente o grupo possui 26 membros, divididos em duas categorias: a dos jovens e adultos e a das crianças. “É muito empolgante ver jovens e casais se integrando na dança” conta Gilson. Os ensaios são realizados todas as semanas, intercalando os dois grupos. A importância da dança para o resgate da cultura é evidente. Os grupos folclóricos de Rancho Queimado têm grande participação nesse quesito, pois, além de trazer de volta as raízes do povo colonizador, ajudam no processo de formação dos indivíduos.

Os grupos folclóricos estão apoiados nas famílias, na comunidade e na prefeitura. Eles levam um pouco da cultura alemã em eventos, exposições e feiras da região ou do próprio município, para que a população também veja o quão bonitos são os detalhes da tradição germânica. O grupo folclórico Blumental foi criado em 1997, no Distrito de Taquaras. Devido a um ques-

GRUPO folclórico Blumental busca resgatar a cultura germânica através da dança na Festa do Morango


18

ESPECIAL CINQUENTENÁRIO DE RANCHO QUEIMADO

O refúgio que virou patrimônio Rancho Queimado abrigou a casa de campo do ex-governador Hercílio Luz e hoje o lugar é patrimônio cultural de Santa Catarina

U

m pedacinho de terra no coração da en-

Em 1911, as belezas naturais e a calmaria

a calmaria que muitos procuram ainda hoje,

costa da Serra Geral encanta e conta a

da cidade do interior conquistaram Hercílio

Hercílio Luz encontrou no começo do século

antiga história de alguém que se apaixonou

Luz. Na busca por um lugar para descansar

passado.

por Rancho Queimado e, aos poucos, foi

com a família e tratar dos problemas de saú-

transformando a cultura local. Não é apenas

de, o ex-governador encontrou no pequeno

em Florianópolis que encontramos obras e

lugarejo o local ideal para construir uma casa

histórias do ex-governador Hercílio Pedro da

de campo. Viveu ali bons momentos de sos-

Luz. A pequena localidade de Taquaras tam-

sego. Em uma região de vales e montanhas

bém fez parte da vida e está na biografia do

cortadas por nascentes de águas cristalinas,

ilustre morador.

não poderia ser diferente. A tranquilidade e

Após a sua morte, a família Luz abandonou a casa. Anos mais tarde ela foi comprada por umas das famílias mais tradicionais de Rancho Queimado, que permaneceu com a construção até 1985, ano em que foi adquirida e tombada pelo Estado. Na ocasião, Rancho Queimado ganhou o primeiro patrimônio histórico: o Museu Hercílio Luz. O governo do estado de Santa Catarina, através da Secretaria de Cultura, reformou toda a casa, que conserva boa parte da mobília da época em que o ex-governador residia no local. Em cada parte da casa são encontrados objetos que remetem à época de Hercílio Luz, seja um jarro, uma mesa, um armário ou até uma simples e pequena moeda. A simplicidade dos móveis, todos restaurados e em bom estado, ajudam a contar a história que um dos governadores de Santa Catarina viveu em Rancho Queimado. Algumas peças de decoração são fruto de doações da própria comunidade. : Moradores, que quiseram colaborar para o enriquecimento da história e da cultura de Taquaras, doaram para o museu ferros antigos da década de 1930, quadros, cadeiras feitas

MÓVEIS decoram o Museu Hercílio Luz

Em Rancho Queimado, o que eu mais gosto é.... “...do ar puro.”

“...da cultura rica e variada.”

“...do frio.”

Katyelli Jasper, 23

Paula Renata Jost, 31

Mercedes Meneghel, 43


19

de madeira tão resistente que já duram 50 anos. Hoje, a casa não é só de Hercílio Luz ou de sua família. O museu é de Taquaras, é de Rancho Queimado, é de todas as pessoas que vêem na simplicidade da construção a possibilidade de mostrar que não é só a capital catarinense que tem uma história do ilustre governador. Se a ponte Hercílio Luz é cartão-postal de Florianópolis, o Museu é o cartão-postal de Rancho Queimado, na Serra Catarinense.

JORNAL noticiando a visita de Hercílio Luz em Taquaras

Não é apenas em folhetos, revistas e sites que podemos encontrar detalhes do Museu Hercílio Luz. A sétima arte também conta muita coisa. Em 1995, a casa de campo foi cenário para o filme Manhã, do diretor Zeca Pires No ano passado, no lançamento do mais novo trabalho, Zeca visitou Taquaras e participou de um debate sobre o filme A Antropóloga. Até uma minissala de cinema foi construída no Museu para a exibição do filme. Hoje o Museu Hercílio Luz é patrimônio histórico, é patrimônio de conhecimento. É impossível fazer uma simples visita. São tantas as informações que cada objeto, cada parte de casa remete a uma época, a uma história. O governador Hercílio Luz, que ia a Rancho Queimado para descansar, colocou, sem querer, Taquaras na rota de turismo de muitas pessoas.

Horário de funcionamento Terça a sexta: 13h às 18h Sábados e domingos: 10h às 17h

“...do clima agradável. Adoro o frio.”

“...das pessoas, todos são muito hospitaleiros.”

“...do clima aconchegante.”

Fernando Meneghel, 40

Osli Bunn, 79

Nazareno Floriano, 42


20

ESPECIAL CINQUENTENÁRIO DE RANCHO QUEIMADO

O homem do museu

Jardineiro do museu Hercílio Luz a quase três décadas é escultor e artesão nas horas vagas.

N

ão é apenas a figura do ex-governador

Seu Geraldo pretende continuar no mu-

Hercílio Luz que o Museu em Taquaras

seu ainda por muitos anos, pois não consi-

destaca. Por trás da história e dos objetos do

dera como trabalho as atividades que exer-

ilustre morador, existe mais um personagem

ce, mas um lazer realizado com prazer. Bom

que faz parte da história do lugar. Escon-

para seu Geraldo e ótimo para a proprieda-

dido entre hortênsias e árvores do quintal

de, que recebe tratamento especial há mais

do museu, pode ser encontrado o jardineiro

de duas décadas.

Geraldo Bauer, funcionário do local há quase 26 anos. No sorriso verdadeiro e na simples conversa, seu Geraldo conta o trabalho que faz

ADRIANA (esq.) e Marilóide (dir.) são funcionárias do museu

no museu. Além de cuidar da casa, ele capricha no jardim. Parece pouca coisa, mas quem tem o privilégio de conhecer o museu

E não é só em Rancho Queimado que

fica encantado com o belo trabalho reali-

seu Geraldo é conhecido. Paralelamente ao

zado no quintal local. Marilóide da Silva e

trabalho no Museu, ele faz peças de artesa-

Adriana Sagaz são funcionárias do museu e

nato com madeira e cipó. Peças suas foram

revelam em clima de descontração: “Quem

escolhidas para fazer parte do livro Feito a

manda no museu é seu Geraldo, ele sabe

mãos, publicado pela Fundação Catarinen-

tudo e conhece tudo do lugar”.

se de Cultura sobre os melhores artesãos

“Me sinto bem em mexer com a terra e

catarinenses.

a natureza. Uma das minhas ideias aqui no

Quem pensa que é simples fazer uma es-

museu, além de plantar hortênsias, árvores

cultura de madeira e cipó, engana-se. Se-

e outros tipos de flores por toda a proprie-

gundo Geraldo, tudo tem um segredo: a lua.

dade, foi fazer um lago com uma pequena

“Tenho que colher o cipó na lua certa, pois,

cascata”, comenta, olhando a criação.

se não fizer isso, a madeira apodrece e meu trabalho se danifica”, revela.

GERALDO e as esculturas de madeira e cipó

Em Rancho Queimado, o que eu mais gosto é.... “...do morango.”

“...da tranquilidade, do clima e dos rodeios.”

“...do lugar, que é muito saudável para morar.”

Jaqueliny Marian, 21

Maria Tereza de Jesus, 43

Hilma Werlich Ender, 62


21

Mãos que criam e transformam

Com muita criatividade e dedicação, a artesã de 86 anos fabrica peças com produtos oriundos da natureza.

A

campainha toca uma, duas, três vezes, e uma senhorinha vem atender. Olha desconfiada, mas convida para entrar, sem nem saber o assunto. Aos 86 anos, Nair Meurer Beretta é uma das artistas de Rancho Queimado que transforma elementos da natureza em obras de arte. A criatividade já começa na escolha do material. Cipós viram guirlandas, barbas-de-velho funcionam como grama nas esculturas e as palhas de milho são transformadas em flores, passarinhos, chaveiros e personagens bíblicos. Tudo feito com muito capricho e, por que não dizer, amor. Toda matéria-prima é encontrada e colhida nas matas do município. A pequena loja dentro da própria residência é cheia de santas-ceias, bonecas, enfeites de porta, chaveiros e porta-guardanapos.

“Tudo começou em 1970, quando eu resolvi fazer um curso de artesanato com palha. Foram 18 mulheres que se inscreveram mas apenas três pessoas terminaram o curso, e eu fui uma delas”, conta Dona Nair. Quando perguntada se todos os objetos foram ensinados no curso, a artesã abre o sorriso e diz que não: “a professora ensinou o básico, a criatividade é que me ajudou a criar tantas peças diferentes”.

tividade e ousadia, Dona Nair já perdeu as contas de quantas peças fez, quantas flores coloriu e quantas guirlandas montou. Mas lembra bem dos sorrisos de surpresa e admiração pelo seu trabalho, seja da família, dos amigos ou dos turistas, que mesmo estando de passagem na cidade sempre levam ao menos uma peça da loja. Além de parte de a produção ir para a Casa da Alfândega, espaço de artesanato em Florianópolis, Dona Nair possui inúmeras encomendas. Por isso, precisa da ajuda de outras pessoas para terminar as peças. O filho pre-

para os detalhes em madeira, corta e pinta tudo. Uma das netas amarra todas as palhas até formar bolinhas, que nas guirlandas viram flores ou frutinhas. A outra neta monta os passarinhos e a vizinha ajeita a pintura. Muitas mãos mágicas e que fazem a diferença. São todas elas que ajudam a mostrar um pouquinho de Rancho Queimado através de peças simples, porém bonitas e significativas. O som dos pássaros que ficam dentro da loja, as belas peças feitas artesanalmente e a simpatia de Dona Nair são motivos suficientes para retornar ao local.

ARTESANATO O artesanato desempenha papel de destaque para a cultura brasileira. Ele mostra a criatividade do artesão somado as experiências e o meio em que vive. Em Rancho Queimado, o artesanato é dos diversos atrativos que a cidade possui. Além de Dona Nair, existem dezenas de outras pequenas oficinas de artesanato na cidade onde o turista pode comprar variados tipos de peças.

FACHADA da oficina de artesanato de Dona Nair

Nesses mais de 40 anos de capricho, cria-

“...da tranquilidade e da paisagem.”

“...da Festa do Tropeiro.”

“...da Igreja e da Oase (Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas).”

Kelly Beretta, 29

Karina Ventura, 16

Terezinha Guckert, 67


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ESPECIAL CINQUENTENÁRIO DE RANCHO QUEIMADO

Uma história contada em letra e música Maestro renomado nacionalmente fez diferença na história de Rancho Queimado

C

ompetente, profissional, duro e inteli-

canto e teclado, aos sete anos de idade.

gente. Essas são as características de

Mais tarde, tornou-se especialista em can-

um personagem fundamental para a histó-

to coral sacro e graduou-se em regência e

ria de Rancho Queimado, que colaborou

composição em Colônia, na Alemanha.

por 18 anos com a formação cultural do município.

relacionadas ao canto, que o ajudaram

José Acácio Santana foi maestro, pro-

a produzir mais de três mil obras, desde

fessor, compositor e poeta. Em 1962 co-

canções infantis até óperas. Em Rancho

meçou a trabalhar com corais em Santa

Queimado, além do hino do município, foi

Catarina e, em 1993, deu início ao Coral

responsável pelo hino da Casa de Campo

Municipal de Rancho Queimado. À frente

Hercílio Luz.

do grupo, participou da idealização de um evento tradicional no município, a “Noite da Luz”, realizado há 10 anos sempre no mês de dezembro. É um Natal que combina de festa e muita música. O maestro também foi “Se eu me perder um dia, não repares.

um grande incentivador do

Eu me perdi na luz dos teus olhares.

município. Compôs o hino

E achei-me na canção. Minha canção tornou-se a tua imagem.

José Acácio Santana “Coral é a arte de crescer junto”

Além da importância à frente do Coral

José Acácio Santana dedicou a vida para a música. Incentivou e mobilizou o povo rancho-queimadense a se envolver com a arte. Uma de suas ações foi reger o coral do município.

Municipal,

parte

de

sua

história está ligada ao Coral da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), o qual regeu por 33 anos. O Coral da Ufsc ficou conhecido

internacionalmente,

chegando a levar o repertório catarinense de mistura

de Rancho Queimado, assim como de al-

erudita e popular em uma turnê europeia

gumas cidades da região.

que passou por Portugal, Espanha, Fran-

No hino do município, o maestro esbo-

E minha vida é como uma viagem. Na tua direção.”

Possuía especializações em 18 áreas

ça, Alemanha e Vaticano .

çou o que mais tarde a população fez, por

Muito religioso, o maestro dedicou sua

meio da Festa do Morango, dos grupos fol-

vida a servir os outros com suas músicas,

clóricos e dos rodeios: o resgate da cultu-

a fazer com que cada pessoa acreditasse

ra, uma rememoração das tradições dos

no potencial que detém, a evangelizar e

povos que passaram pelo lugar, de índios

transmitir a paz nas suas composições.

a tropeiros e alemães.

Em 12 de junho de 2011, o maestro fa-

Em São Pedro de Alcântara, na Grande

leceu em decorrência de um câncer. Em

Florianópolis, município que também foi

homenagem ao maestro, a Assembleia Le-

homenageado com um hino de sua auto-

gislativa de Santa Catarina instituiu a data

ria, José Acácio começou os estudos de

de nascimento de José Acácio, 19 de outubro, como o Dia do Coralista.

Em RAnCho QuEimAdo, o QuE Eu mAis gosto é.... “...do turismo.”

“...de olhar pela janela e ver a natureza.”

...da temperatura baixa.”

Jaqueliny Vitória Soares, 15

Tamy dos Santos, 22

Luisa Antunes, 19


23

hino dE RAnCho QuEimAdo Minha terra, meu berço natal. És herança de um sonho e de paz, que os primeiros colonos deixaram com amor muitos anos atrás. Vou cantar minha terra querida, cultivar tradições do meu povo. Na lembrança da história vivida, o passado ressurge de novo. Tu nasceste de um rancho de pouso, que abrigava os tropeiros de outrora. Hoje és município que cresce, onde vivem os filhos agora. Plantações, pecuária e madeiras são riquezas que a terra produz. Mas a prece, a união, o trabalho são do povo o farol que conduz. Teu passado de luta e trabalho produziu um presente melhor. O futuro por nós desejado há de ser mais feliz e maior.

“...do sossego e da tranquilidade.”

“...do rodeio.”

“...das pessoas, porque todos se conhecem e fazem amizades.”

Dalila Westphal, 17

Gustavo Ventura, 13

Najla Lazai, 35


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ESPECIAL CINQUENTENÁRIO DE RANCHO QUEIMADO

Cadê meu brinco ? O responsável pela delegacia da cidade relata que por ser um local tranquilo e pacato, Rancho Queimado possui ocorrências inusitadas. Contar para alguém de “cidade grande” que acabou de registrar um boletim de ocor-

A exigência de brincos nos bovinos e bubalinos (búfalos) foi imposta pela Organização

rência (BO) devido à perda do brinco de um

Mundial de Saúde Animal (OIE). O estado de Santa Catarina é considerado área livre de

boi pode parecer piada. Mas quando isso

febre aftosa sem vacinação, então a colocação dos brincos serve para que a Companhia

ocorre em Rancho Queimado, o assunto é

Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), os frigoríficos e os

mais rotineiro do que se pensa.

próprios produtores tenham conhecimento de toda a trajetória do animal, tornando a proce-

Imagine: chegar à delegacia para regis-

dência da carne mais confiável.

trar a perda do brinco de um bovino. Uma situação bem anormal, não? É isso que vem ocorrendo em Rancho Queimado desde que o Ministério da Agricultura adotou

circunstanciados e tudo mais que acontece

o uso obrigatório do brinco para identificar

na cidade. Segundo Alves, Rancho Quei-

o rebanho. Em média, semanalmente há o

mado é um município bem tranquilo mas,

registro de 40 boletins de ocorrência. Entre

eventualmente, as investigações podem ser

esses registros, a maioria é em decorrên-

comprometidas devido às fugas ocasiona-

cia da perda ou extravio desse objeto, como

das pelo fácil acesso à BR-282.

conta Luiz Carlos Alves, o responsável pelo expediente na delegacia.

Enquanto que nas “cidades grandes” as pessoas se preocupam em colocar grades

Rancho Queimado não tem delegado,

e cadeados nas janelas e nas portas, em

apenas um responsável pelo expediente,

Rancho Queimado uma das preocupações é

que realiza inquéritos, investigações, termos

deixar o brinco do gado bem firme na orelha.

LUIZ Carlos Alves

Em Rancho Queimado, o que eu mais gosto é.... “...das pessoas, que são simpáticas e hospitaleiras.”

“...de ir na praça e conversar com as amigas.”

...da tranquilidade e da simplicidade das pessoas.”

Lindamir Borges, 40

Nayara Agostinho da Veiga, 13

Júlia Hugen, 26


25

História, sabor e tradição

Possuindo culinária diretamente ligada ao tradicionalismo e a cultura imigrante, Rancho Queimado oferece diversas opções gastronômicas.

A

canela, chucrute, joelho de porco, guimis (batata, repolho couve e bacon) e a autêntica e tradicionalíssima galinha recheada.

gastronomia engloba as bebidas, a culinária e todos os aspectos culturais associados a ela, como a influência dos imigrantes em Santa Catarina. Em Rancho Queimado, as opções gastronômicas existem para todos os tipos de paladares. Desde comida caseira, feita em fogão a lenha, até pratos mais elaborados.

Atualmente, Rancho Queimado possui variadas opções no quesito alimentação. As influências da gastronomia germânica, tropeira e serrana formaram uma identidade na comida local. Gilson Schmitz, proprietário do Café Colonial Schmitz, afirma: “Hoje a gente vive uma mistura dessas culinárias”. E para quem gosta de turismo gastronômico, a cidade é uma ótima pedida.

Passeando pelo município, as pessoas são surpreendidas pelas diferentes opções de culinária. São lugares onde se pode experimentar e comprar diferentes tipos de quitutes da serra catarinense. A influência histórica na gastronomia da cidade é evidente na variedade de comidas tropeiras, germânicas e serranas. Além disso, são comercializadas as tradicionais geleias, doces, licores, broas, bolos e bombons, entre outros quitutes. Há várias opções de restaurantes espalhados pela cidade. Os mais tradicionais são bastante procurados para quem vai a Rancho Queimado. A comida tropeira é um exemplo. José Zimermann, gerente do restaurante Mério’s Country Bar, diz que o estabelecimento tem como especialidade a comida tropeira e que a procura é grande por esse tipo de culinária. “Nos fins de semana fornecemos até 500 refeições diárias. Nos dias de semana o número é menor, cerca de 160, porém o restaurante está sempre bem movimentado” revela. Ainda sob a influência dos tropeiros, outros pratos destacam-se na culinária local, como paçoca de pinhão, aipim, entrevero, feijão tropeiro, quirera, frango caipira, farofa de pinhão, charque e arroz carreteiro.

FEIJÃO tropeiro é um dos pratos típicos da região

Os cafés coloniais são destaque na cidade. A influência alemã evidencia-se em pratos como apfelstrudel (strudel de maçã), pão de trança, cucas e tortas. O dono do Café Colonial Kafeehaus, Ino Guilherme Westphal, diz que outros alimentos típicos são encontrados nos cafés coloniais: salames, queijos, geleias, melados, bolos e pães, acompanhados de café, leite, sucos, vinhos, licores ou chás. Outros tipos de comida com influência alemã podem ser encontrados nos restaurantes da cidade. As mais pedidas são: recheio de galinha, purê de batata com calda de maçã e

Para saber onde encontrar todas as o-pções de comidas, basta ir até a Casa do Turista na entrada da cidade.


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ESPECIAL CINQUENTENÁRIO DE RANCHO QUEIMADO

Atrativ� de Rancho Queimado HOSPEDAGEM Pousada Bauer Agroturismo Contato: (48) 3275-0104 Horário de funcionamento: todos os dias, sob agendamento Site: www.acolhidanacolonia.com.br Pousada Estação da natureza Contato: (48) 9912-7349 Horário de funcionamento: todos os dias Site: www.estacaonaturezasc.com.br Pousada Pinheiral Contato: (48) 9982-4971 Taquaras

Horário de funcionamento: todos os dias Site: www.pousadapinheiral.com hotel Fazenda Águas Claras Contato: (48) 9989-0009 e (48) 8806-6062 Horário de funcionamento: todos os dias Site: www.hotelfazendaaguasclaras.com.br Rancho Eco hospedaria Rural Contato:(48) 3275-1437 e (48) 9911-4303 Horário de funcionamento: todos os dias sob agendamento hotel e Restaurante do tuti Contato: (48) 3275-0149 Horário de funcionamento: todos os dias

COMIDA Restaurante e Cafeteria Cheiro de serra Contato: (48) 8430-0692 e (48) 9103-2380 Horário de funcionamento: de quartas a segundas-feiras Site: www.cheirodeserra.com.br Restaurante mério´s Country Bar Contato: (48) 3275-0222 Horário de funcionamento: de terças a domingos Site: www.meriosrestaurante.com.br Churrascaria e Pizzaria do Aldo Contato: (48) 9735-7999 e (48) 3275-0020 Horário de funcionamento: de terças a domingos Churrascaria da Jane Contato: (48) 3275-0001 Horário de funcionamento: todos os dias, para almoço Restaurante Galpão Tropeiro Contato: (48) 9962-5970 e (48) 3275-1163 Horário de funcionamento: fins de semana e feriados Restaurante Costa da serra Contato:(48) 9992-6534 Horário de funcionamento: fins de semana

Igreja Luterana

Casa do Imigrante

Jardim do Mus


27

Site: www.costadaserra.com.br Café Colonial Kaffeehaus Contato: (48) 3275-0400 Horário de funcionamento: sábados, domingos e feriados, das 11h às 21h, e de segundas a sextas-feiras, das 13h às 20h Atafona Bar Contato: (48) 8432-0400 Horário de funcionamento: de quartas a domingos, das 17h às 24h Café schmitz Contato: (48) 3275-0042 Horário de funcionamento: sextas-feiras, das 17h às 22h, e sábados e domingos, das 9h às 22h Cachoeita Trisãmya

Portal principal

Site: www.rqagenciaecafe.com.br Restaurante dona Lora Contato: (48) 9618-5242 Horário de funcionamento: todos dos dias

ARTESANATO Artesanato Vó nair Contato: (48) 3275-0321 Horário de funcionamento: todos os dias Praça de Taquaras

Artes do Rancho Contato: (48) 3275-0377, (48) 8417-1860 e (48) 9625-7433 Horário de funcionamento: todos dos dias, das 8h às 19h. Casa das Artes Contato: (48) 3275-0254 Horário de funcionamento: todos os dias Artesanato tia Cecília Contato: (48) 3275-0373 Horário de funcionamento: todos os dias Praça no centro da cidade

seu Hercílio Luz

Geada

PASSEIO Engenho Colonial Junckes Contato: (48) 9906-3119 Horário de funcionamento: todos os dias, mediante agendamento para grupo acima de 10 pessoas sítio Paz e Bem Contato: (48) 9997-5924 Horário de funcionamento: todos os dias, mediante agendamento Casa hercílio Luz Contato: (48) 3275-1453 e (48) 3275-1075

Arquitetura

Horário de funcionamento: de terças a sextas-feira, das 13h às 19h, sábados, das 13h às 17h, e domingos, das 9h às 12h e das 13h às 17h Casa do imigrante Contato: (48) 3275-1143


Rancho Queimado

Mapa turístico

Leoberto Leal Estrada Rio da Areia

Serra dos Waltrich

Igreja Católica

Angelina

Igreja Luterana Estrada Geral Mato Frances

Estrada Rio do Cocho

Casa Hercílio Luz

Parque do Morango

Igreja Adventista

Estrada Geral Navalhas

Igreja Caminho Católica das Flores

Estrada Rio Acima Portal Taquaras

Lages

Estrada Rio Knaul Igreja Luterana Casa da Cultura Prefeitura

Igreja Católica Rio Bonito Estrada Rio Scharff

Monumento Tropeiro

Estrada Mato Frances

Distâncias Rancho Queimado até:

Igreja Luterana

Estrada Rio Pequeno

Igreja Luterana

Fpolis

Angelina Anitápolis Águas Mornas Santo Amaro da Imperatriz Florianópolis Palhoça São Bonifácio São Pedro de Alcântara São José Biguaçu Antônio Carlos Gov. Celso Ramos Curitiba São Paulo Rio de Janeiro Foz do Iguaçu Brasília

SC-407

Igreja Católica

Estrada Pinheiral

Centro Cultural do Tropeiro

Ponte

Igreja Luterana

Águas Mornas

PRF

BR-282

BR-282

Palhoça

SC-407

Sto Amaro da Imperatriz

Estrada Geral Invernadinha

BR 101

13,3 km 36,4 km 36,4 km 38,6 km 63,0 km 52,9 km 53,3 km 57,3 km 58,8 km 72,7 km 84,3 km 97,5 km 328,0 km 722,0 km 1.242,0 km 944,0 km 1.673,0 km

Igreja Católica

São Bonifácio Estrada Geral Vargedo

Porto Alegre Estrada Geral Queimada Grande

N

Avenida Pavimentada Estrada de Chão Estrada de Chão Asfalto

Anitápolis

GOV. CELSO RAMOS

401

L

O

BIGUAÇU

406

402 401

408

ANTÔNIO CARLOS

S ANGELINA

Paraná

Brasil

FLORIANÓPOLIS

407

SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA

BR -101

SÃO JOSÉ

401

LAGOA DA CONCEIÇÃO

PALHOÇA

RANCHO QUEIMADO

ÁGUAS MORNAS

Santa Catarina

BR -282

405

STO. AMARO DA IMPERATRIZ

406

LAGOA DO PERI

401

403

Rio Grande do Sul ANITÁPOLIS 407

403

SÃO BONIFÁCIO

Rodovias BR -101

407

Rodovias Federais e Estaduais Centro da Cidades Pavimentadas Estradas Municipal Rios

Sec. Municipal de Turismo de Rancho Queimado

Próximos Ev entos NOVEMBRO

DEZEMBRO

2 Rodeio Crioulo – CTG Laço Velho da Saudade – 18h

1 Festa do morango – ACDT – Taquaras – 10h 2 Festa do morango – ACDT – Taquaras – 10h 2 Final da 1ª Copa de Voleibol – Sec.

3 e 4 Rodeio Criolo – CTG Laço Velho da Saudade – 8h 8 Cinquentenário do município - Prefeitura

de Rancho Queimado – 8h

21 Feira de natal – Sec. Turismo – 19h 22 e 23 Feira de natal – Sec. Turismo – 10h 23 Cantata de natal – Igreja Católica de Taquaras – 19h

29 início da 1ª Copa de Voleibol – Sec. Esportes – 9h

30 noite santa – Topeada Belém – ACDT – Taquaras – 21h

Esportes – 9h

12 noite da Luz – Coral Municipal – 19h 16 natal solidário – Sec. Turismo – Taquaras

– 14h


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