FAHIMTB
O MONTE CASTELO
AHIMTB / RJ ACADEMIA MARECHAL JOÃO BAPTISTA DE MATTOS
ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DAS ATIVIDADES DA ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL / RJ
200 anos da ACADEMIA REAL MILITAR - 1812 - 2012 Ano 1 - 2012
Junho
Nº 02
AHIMTB Participa de Sessão Solene na Câmara dos Depurados Sessão Solene em Comemoração dos 200 anos de criação da Academia Real Militar Câmara dos Deputados Plenário Ulysses Guimarães Brasília – DF 18 de junho de 2012 às 10h Nesta segunda feira de muito sol em Brasília, a Câmara viveu um momento precioso para as tradições bicentenárias das nossas Escola Politécnica da UFRJ e Academia Militar das Agulhas Negras, entidades irmãs e herdeiras das mesmas tradições, no dizer do Gen Ex Marco Antônio de Farias, Comandante Logístico do Exército, e que representou o Comandante da Força, Gen ENZO, em emocionante sessão solene. A sessão foi proposta pelo deputado Arnaldo Faria De Sá (PTB-SP) para homenagear a instituição que marcou o início do ensino das engenharias civil e militar no País. Criada em 1810 por Dom João VI, da ACADEMIA se originaram a Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a ACADEMIA Militar das Agulhas Negras. 1
Oportuna iniciativa a requerimento do Dep Arnaldo Faria de Sá (PMDBCE), conduzida pelos Deputados Mauro Benevides (PMDB-CE) e Deputado Onofre Santo Agostini (PSD-SC ), deixando registrado nos anais da Câmara este importante marco de preservação da memória, ajudando a manter viva e perene esta saga, tanto contribuindo para a história da engenharia e do Exército do Brasil, que se confunde com a historia daquele antigo prédio de estilo sóbrio e elegante, com suas colunas e florões, que até hoje se ergue diante do Largo da Cruz de São Francisco, onde faz 200 anos foi instalada a Academia Real Militar, dirigida pelo Brig NAPION, berço fardado da qual descendem a atual Escola Politécnica e a AMAN. O Dep Mauro Benevides é o parlamentar que detém o maior numero de mandatos, e foi 1º. VP da Assembleia Nacional Constituinte. A Sessão Solene foi aberta com a execução do Hino Nacional Brasileiro, pela Banda de Musica do CBMDF, com a mesa composta por: Deputado Mauro Benevides Deputado Onofre Santo Agostini General Marco Antônio de Farias, Comte Logístico do Exercito, representando o Cmt Ex Gen ENZO Contra Almte Antônio Fernando Garcez Faria, do EMA, representando o CM Alte Moura Neto Brigadeiro Inf Aer Amílcar Andrade Bastos, representando o Cmt da FAB Brig Saito Prof Eduardo Gonçalves Serra, vice-diretor, representando o Diretor da Escola Politécnica da UFRJ Cel Carlos Roberto Peres representando o Comandante da AMAN, Gen Bda Júlio Cesar de Arruda Prof Heloi Jose Fernandes Moreira, Presidente da A3P e representando os Presidentes do Clube de Engenharia Francis Bogossian e ABEE Prof. Israel Blajberg, Diretor Técnico-Cultural da A3P e Presidente da AHITB/RJ e representante do Cel C. M. Bento, Presidente da FAHIMTB Eng Jose Ferreira de Lima Filho, integrante da ultima turma do Largo de São Francisco e idealizador da Sessão Solene 2
Em discurso lido pelo deputado Mauro Benevides (PMDB-CE), o presidente da Câmara, Marco Maia, destacou os inúmeros projetos e pesquisas desenvolvidos nas duas instituições. “É um trabalho que acumula prêmios de reconhecimento internacional e tantas gerações de profissionais formados.” Benevides, por sua vez, ressaltou o caráter ambicioso do projeto de ensino. “É notável a contribuição dessas instituições, abrangendo todos os ramos das ciências exatas e militares, para a construção de grande parte da infraestrutura urbana brasileira.” Para o deputado, a Escola Politécnica e a ACADEMIA das Agulhas Negras reafirmaram o caráter estratégico da educação. O Deputado Onofre Santo Agostini usou da palavra comentando a importância histórica e estratégica das instituições, para o desenvolvimento do Brasil, mencionando sua condição de reservista de 1ª. Categoria da classe de 1959, do Batalhão Mauá, de Rio Negro – PR. O Prof. Israel Blajberg, presidente da AHIMTB/RJ, destacou que no próximo mês de agosto fazem 70 anos que o Brasil foi agredido por uma das maiores potencias militares da época, com os submarinos nazistas ultramodernos atacando sem aviso um pais pacifico e ainda rural, causando a perda de mais de um milhar de preciosas vidas brasileiras, e um 1/3 da nossa frota mercante. Na ocasião, os estudantes do Largo de São Francisco saíram as ruas para impor ao Governo Vargas a declaração de guerra aos países do eixo. Eram os cara-pintadas da época. A Academia Real Militar havia deixado aquele prédio há mais de 1 século, mas seu espirito permanecia, impregnado nas paredes centenárias. Não por acaso o CPOR foi criado com apoio de professores da escola, como DULCIDIO DE ALMEIDA PEREIRA, que no anfiteatro de física ajudou a fundar aquele centro de preparação em 1927 junto com o Cel Correia Lima, e IGNÁCIO AZEVEDO DO AMARAL, que viria a ser reitor da Universidade do Brasil. E daquela escola partiram para a Itália junto com a FEB 9 jovens, cujos nomes ficaram imortalizados em uma placa junto a estatueta do estudante de engenharia expedicionário, ao lado do pavilhão nacional, na sede da associação dos antigos alunos, naquele mesmo prédio onde um dia funcionou a ARM. 3
O Prof. Blajberg ressaltou a presença no plenário de tantos veteranos de guerra, valorosos ex-combatentes já na casa dos 90 anos, que aqui vieram para também recordar aqueles bravos alunos da ENE-UB, que como eles mesmos, um dia empunharam armas em defesa da democracia, em defesa do Brasil. O vice-diretor da Escola Politécnica, professor Eduardo Gonçalves Serra, informou que a instituição possui hoje 13 habilitações e mais de quatro mil alunos ativos, sendo a maior escola de engenharia da América Latina. Mencionou que tendo se originado em uma academia militar, ainda hoje está liga a projetos de engenharia na área da Defesa, apoiando a indústria brasileira, a justiça e a igualdade social. Presente a sessão, o deputado Francisco Escorcio (PMDB-MA) ressaltou a importância das entidades para o Brasil, e parabenizou os parlamentares que conduziram os trabalhos pela oportuna comemoração. Estavam presentes veteranos da FEB, como o Cel Mario Raphael Vannutteli, sua bateria disparou o 1º. Tiro da artilharia brasileira na guerra, em 16 set 42, o Vet Vinicius Vênus Silva, Presidente da ANVFEBDF, Cap Antônio Capistrano Bretas, Da. Maria do Socorro Sampaio, da Associação dos Ex-Combatentes e Curadora do Museu, filha da saudosa Enfermeira da FEB Aracy Sampaio, Sr Silas Alves, 2º. Tesoureiro e Comissão de Obras, Da. Priscila, viúva do ex-Combatente Osmar Conceição, Da. Nazareth Miller, viúva do veterano Capitão de Longo Curso Samuel Miller, acadêmicos da AHIMTB-DF, pelo seu presidente, Gen Arnaldo Serafim, Prof. Aquilino Bouzan, acadêmicos da AHIMTB/ Resende Cel Carlos Roberto Peres (Vice-presidente), da AHIMTB/RJ, Prof Heloi Moreira, ocupante da cadeira Pedro Calmon, o representante do Gen Eduardo Barbosa, Diretor da DPHCEX, Gen Leslie Antônio Alcoforado, o Sub-Cmt Geral do CBMDF, Cel QOBM /Comb Júlio Cesar Correa Faria, o Assessor Parlamentar do Exercito, Cel Villaça, e representações das 3 forças. Em seu pronunciamento, encerrando a sessão, o Gen FARIAS agradeceu aos deputados pela realização desta Sessão Solene, dizendo da importância das tradições das herdeiras e irmãs, Politécnica e AMAN, e da presença dos ex-combatentes, sendo ele mesmo genro de um veterano.
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Ressaltou que D Pedro ao declarar a Independência já sabia que teria o respaldo dos oficiais e engenheiros formados pela Academia Real Militar, cuja importância para o desenvolvimento do Brasil é enorme até hoje, seja na engenharia, seja na defesa nacional.
Mesa Diretora
Execução do Hino Nacional Brasileiro
Ex-combatentes presentes
Representações das Forças Armadas
Em primeiro plano Vet Vinicius da Silva, Presidente da ANVFEB-DF
Gen Marco Antônio de Farias, Comandante Logístico e ex-Cmt da AMAN
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Deputado Mauro Benevides (PMDB-CE)
Cel Carlos Roberto Peres, representante do Cmt da AMAN, Gen Bda Júlio ARRUDA
Cel Vannutelli, Artilheiro da FEB, entre Gen Arnaldo Serafim e Prof Blajberg
Prof Israel Blajberg registra a presença dos Veteranos da FEB
Prof Heloi José Fernandes Moreira, Acadêmico da AHIMTB (Cadeira Pedro Calmon)
Prof Eduardo Gonçalves Serra,Vice Diretor da Escola Politécnica da UFRJ
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200 anos de Instalação da Academia Real Militar 1812 – 2012 Israel Blajberg
Um dia D. João VI teve que se retirar de Portugal. Não quis dar ao inimigo napoleônico a oportunidade de poder humilhar a Corte. A vinda para o Brasil em 1808 determinou a abertura dos portos as Nações Amigas, e um conjunto de fatos históricos de todos conhecidos, que em breve iria transformar a antiga colônia num grande país. E assim foi. As naus que trouxeram D João já encontraram no Brasil a Real Academia Militar de Artilharia, Fortificações e Desenho, criada em 1792 na Casa do Trem da Artilharia, onde hoje está o MHN. Formava Engenheiros Militares Fortificadores e Artilheiros. Ali lecionou o mais famoso engenheiro português, José Fernandes Pinto d”Alpoim. Diante do Largo da Cruz de São Francisco ergue-se o velho prédio. Passados séculos, seu estilo sóbrio e elegante, as colunas e florões ali identificam a Alma Mater da Engenharia Brasileira. Em 1810 D. João VI ali mandou construir a Academia Real Militar, que sucessivamente foi sendo transformada, até que no século XIX foi criada a Escola Politécnica, mais tarde Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, a tradicional ENE-UB, hoje novamente Escola Politécnica da UFRJ. O tempo passou e a final as raízes das duas instituições se fixaram. A civil na Cidade Universitária, acolhendo em 1962 as primeiras turmas da antiga ENE-UB, instalada ate 1969 no prédio onde existiu a Academia Real Militar e a militar na cidade de Resende, em 1944, a atual AMAN, vinda do Realengo, depois de passar pela Praia Vermelha. Naquela casa de ciências onde pioneiramente nas 3 Américas se estudou a profissão de artilharia e a fortificação, o ataque e a defesa das praças, aconteceram no sec. XIX as primeiras transmissões telegráficas, iluminação a gás e elétrica, e a chapa de R-X, notável a contribuição para o desenvolvimento do brasil, aportada pela alma mater da engenharia nacional, motivo de orgulho no campo educacional, honrando a antiga Real Academia Militar da qual se originou. 7
Nela se formaram expoentes da nacionalidade, como Capanema, os irmãos Rebouças, Maurício Joppert e Hélio de Almeida, de Pereira Passos a Lima Barreto e Mario Henrique Simonsen, de Costa Nunes a Leopoldo Nachbin e Saturnino de Britto, sendo diretores Jose Maria da Silva Paranhos, o Visconde do Rio Branco, Paulo de Frontin, o príncipe da engenharia, Marechal Deodoro da Fonseca, Gen Aurélio de Lira Tavares e o futuro Duque de Caxias, ele que aos 15 anos foi matriculado nessa mesma academia militar, tornando-se o Cadete Luiz Alves de Lima e Silva. Numa época em que o Brasil era uma distante colônia de Portugal, não imaginavam aqueles europeus de farda colorida e chapéus bizarros no calor tropical do Rio, que suas tarefas reais de fortificações e artilharia teriam continuidade no mesmo local pela formação de milhares de engenheiros e oficiais militares, espalhados por todos os rincões deste imenso pais, onde quer que exista uma obra, um projeto de desenvolvimento, certamente por perto estará um ex-aluno da Politécnica, ou um antigo cadete da AMAN. Comprovadamente, descende a Escola Nacional de Engenharia e por conseguinte a AMAN, em linha de sucessão direta e contínua, daquela aula de fortificação de 1792, o primeiro prédio construído nas Américas para sediar uma escola militar superior, anterior mesmo a West Point. Ali se estudavam a profissão de artilharia e a engenharia militar, fortificação, ataque e defesa das praças, arquitetura civil, estradas, pontes, materiais de construção, ciências matemáticas e de observação, cálculo infinitesimal, estática, hidráulica, portos e canais, outorgando o grau de engenheiro geógrafo e de pontes e calçadas, até que um decreto real determinou que a instituição deveria passar a “... preparar para o Exército Officiais instruídos das armas de Infantaria, Cavalaria, Artilharia e Engenharia, e para o serviço público e particular, Engenheiros hábeis, de que tanto depende o progresso dos melhoramentos materiais do Paíz ...”
Com o tempo, a Academia Militar mudou de endereço, desocupando o prédio do Largo da Cruz de São Francisco, o berço da Engenharia Brasileira. Virou Escola Militar da Praia Vermelha, onde hoje se ergue o IME, depois Escola Militar do Realengo, e em 1944 finalmente transferiu-se para Rezende. 8
Nestes lugares todos, uma mesma placa comemorativa onde se inserem os símbolos das Armas foi mandada afixar pelo Exército. Diante dos prédios cinzentos da AMAN de Rezende, como a ENE também digna sucessora daquela Aula Magna de Engenharia e Artilharia, a estátua de um tenente chama a atenção do visitante, à entrada. Ali as turmas de Infantaria mandaram erguer um memorial em honra aos Tenentes Expedicionários, que perderam a vida na Itália durante a II Guerra Mundial. Na nossa A3P, Associação dos Antigos Alunos da Politécnica, uma estatueta bastante similar porem de tamanho menor adorna a sede. Encimada por uma placa podemos ler 9 nomes de alunos da Politécnica que também integraram a FEB tendo lutado na Itália, depois Engenheiros, dos quais ainda alguns estão aqui. A velha Politécnica e a nova AMAN continuam honrando a antiga Academia Real Militar que um dia foram. Seus filhos não negaram ouvidos ao chamado da Mãe Pátria. Aquelas paredes impregnadas de história no Largo, hoje tão abandonadas pelo poder público, contrastam e de muito com as instalações de Rezende, tão bem conservadas. Adentrando o prédio do Largo, não podemos deixar de recordar aqueles velhos tempos. Não foi por uma mera coincidência que dali saíram os Engenheiros Expedicionários para a guerra, e em tempos de paz, tantos colegas para o CPOR, especialmente os Cursos de Artilharia e Engenharia. As duas estátuas dos expedicionários selam esta mesma Vontade Nacional. Valores mais fortes estão ali presentes, suficientes para determinar melhores cuidados com o prédio. Corremos o risco hoje de ver perdido aquele patrimônio tombado a nível federal e estadual, que se resistiu 2 séculos, hoje pode se tornar vitima dos cupins, ou de um curto-circuito nas instalações elétricas precárias do atual ocupante, o IFCS – Instituto de Filosofia e ciências Sociais. Resistiremos. Até quando? Ali deveria pontificar um Museu da Tecnologia, a Casa do Engenheiro.
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A lembrança das aulas, dos Catedráticos, do trote diante da estatua de José Bonifácio flui pelos pensamentos... Seus atuais alunos e cadetes ainda não se dão conta, mas a aura daquelas paredes lentamente se transferirá para seus corações, onde ficará hibernando por décadas, acalentada pelos espíritos protetores que pairam por ali. Um dia esta chama virtual se acenderá, como para nós ocorreu, fazendo com que as glórias do passado permaneçam acalentadas, per secula seculorum.
Registro nos Anais da Câmara dos Deputados
A sessão ficou registrada nos Anais, e os respectivos pronunciamentos constarão do Diário da Câmara. O registro em vídeo está em:
http://www2.camara.gov.br/atividadelegislativa/webcamara/videoArquivo?codSessao=00021280
Editor: Eng Israel Blajberg Presidente da AHIMTB / RJ iblaj@telecom.uff.br Rio de Janeiro – RJ 20 jun 2012
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