MANUAL DE ORIENTAÇÕES SOBRE SEGURANÇA E HIGIENE NO TRABALHO EM ATIVIDADES DA HIDROLOGIA by cprm

MANUAL DE ORIENTAÇÕES SOBRE SEGURANÇA E HIGIENE NO TRABALHO EM ATIVIDADES DA HIDROLOGIA EM RIOS POLUÍDOS POR ESGOTOS DOMÉSTICOS E PROCESSO DE ANÁLISE NOS LABORATÓRIOS DE ÁGUAS COLETADAS Ano 2017

Engenharia de Segurança do Trabalho – CSO/DERHU - ERJ

RISCOS NAS ATIVIDADES DOS TÉCNICOS DE HIDROLOGIA DA CPRM EM RIOS POLUÍDOS POR ESGOTOS DOMÉSTICOS E PROCESSO DE ANÁLISE NOS LABORATÓRIOS

Introdução Este manual foi desenvolvido pela Engenharia de Segurança do ERJ, após o acompanhamento das atividades dos técnicos de hidrologia no campo e têm como objetivo orientar sobre os cuidados necessários para a prevenção de doenças de veiculação hídrica, durante as atividades em rios poluídos por esgotos domésticos(descarte doméstico, industrial, hospitalar, de restos de animais, entre outros) e no processo de análise nos Laboratórios de águas coletadas nestas condições.

1 - COMO OCORRE A CONTAMINAÇÃO DOS RIOS? “Pesquisa recente divulgada pelo IBGE mostra que o esgoto doméstico é o grande

problema ambiental brasileiro, seguido do uso de agrotóxicos e fertilizantes que causam contaminação da água no país. Das cidades que registram poluição permanente da água, 75% apontaram o despejo do esgoto como a principal causa, segundo dados da pesquisa. Isso se deve também pelos investimentos baixos no setor e pela falta de educação ambiental da população. Prevê-se que seria necessário um investimento de 190 milhões de reais em esgoto sanitário e resíduo sólido, até 2020, para que a questão fosse resolvida.” FONTE: Esgoto doméstico: o pior problema ambiental brasileiro Entrevista com Adilson Pinheiro por Melissa Crocetti Redação EcoTerra Brasil

“Partindo do princípio de que o esgoto doméstico é formado pela coleta das residências, edifícios comerciais, instituições ou qualquer edificação que contenha banheiros, cozinhas, lavanderias, o grande potencial de riscos biológicos para os trabalhadores que atuam no setor é representado pelas fezes diluídas na água, que apresentam carga biológica composta pelos microrganismos na forma de bactérias, vírus e protozoários, além de ovos de helmintos(vermes).”

2 - COMO PODE OCORRER O CONTÁGIO NAS ATIVIDADES EM RIOS POLUÍDOS POR ESGOTO DOMÉSTICO E NO PROCESSO DE ANÁLISE DE ÁGUA COLETADA?  Durante o manuseio e/ou higienização de equipamentos que entraram em contato com as águas contaminadas sem as luvas de proteção;  Contato das mãos com as águas contaminadas sem as luvas de proteção;  Respingos de água contaminada atingindo olhos e boca;  Perfuração da jardineira;  Acidentalmente - queda na água;  Contato de amostras de água e sedimento contaminadas sem as luvas e máscaras

de proteção durante o processo de análise;  Respingos de amostras de água e sedimento contaminadas atingindo olhos e boca;  Durante a limpeza de frascos de armazenamento de amostras de água e sedimento contaminadas sem as luvas de proteção;  Utilização de cordões, brincos, pulseiras, relógios e anéis durante o trabalho, pois nestes objetos podem alojar-se os microrganismos que ocasionam as doenças.  Em caso da pele não estar integra (presença de ferimentos no corpo) o empregado não deverá executar atividades em rios poluídos, independente do uso de EPI’S, devido a grande vulnerabilidade da pele neste estado, potencializando a probabilidade de contaminação.

3 – DOENÇAS QUE PODEM SER CONTRAÍDAS DURANTE AS ATIVIDADES

É de extrema importância que sejam seguidas todas as recomendações de segurança: uso de EPI’s, medidas de higiene pessoal, realização de exames periódicos, participação nas campanhas de vacinação ocupacional, pois existem doenças que podem ser contraídas durante as atividades nos rios poluídos por esgotos domésticos. Vejamos algumas doenças mais comuns: 3.1 – HEPATITES: A e E:

1 O que é a Hepatite? É uma doença caracterizada pela inflamação do fígado, geralmente, causado por vírus e às vezes por agentes tóxicos. Nas atividades em rios poluídos por esgotos, a transmissão ocorre pelo contato com a água contaminada por fezes do ser humano infectado.

3 Transmissão da

Sintomas da

Hepatite durante as

Hepatite

atividades em rios poluídos por esgotos

A doença

AS HEPATITES A e E PODEM SER TRANSMITIDAS ATRAVÉS DE:

Começa com os seguintes sintomas ou sinais Jardineira

Hepatite A Febre, pele amarelada, urina escura, fezes esbranquiçada, mal estar. Com os devidos cuidados a doença evolui para cura. Hepatite E Febre, náuseas, dor na barriga, pele amarelada, urina escura, fezes esbranquiçada, fígado inchado. O período de evolução da doença é longo, pode causar a morte.

 Manuseio de equipamentos que entraram em contato com as águas contaminadas sem luvas de proteção;  Contato das mãos com as águas contaminadas sem luvas de proteção;  Respingo de água contaminada atingindo olhos e boca;  Perfuração da jardineira;  Queda na água;  Utilização de cordões, pulseiras relógios e anéis durante o trabalho.  Pele não íntegra.

3.2 - LEPTOSPIROSE

Transmissão da Leptospirose durante as atividades em rios poluídos por esgotos

O que é a Leptospirose?

A LEPTOSPIROSE PODE SER TRANSMITIDA ATRAVÉS DE: A leptospirose é uma doença causada por uma bactéria presente na urina do rato que normalmente se espalha pela água suja das enchentes e esgotos.

Começa com

Sintomas da

sinais

Leptospirose

A doença os seguintes sintomas ou

São parecidos com os da gripe: dor de cabeça, dor muscular, febre e mal-estar. Nos casos mais graves podem aparecer outros sintomas como icterícia e manifestações hemorrágicas.

contaminada.

 A Leptospira, bactéria que transmite a doença pode entrar no organismo mesmo com a pele íntegra.

3.3 – CÓLERA

que é a

cólera?

É uma doença grave, causada pelo VIBRIÃO COLÉRICO que pode até matar no período de 06 a 24 horas, se não for tratada.

2 Sintomas da cólera

A doença Começa com os seguintes sintomas ou sinais

Cólera Diarréia intensa, fezes esbranquiçadas, como água de arroz, mal estar e vômito, desidratação, pressão baixa, pele seca e enrugada, fraqueza, moleza no corpo, perda de peso.

Transmissão da cólera durante as atividades em rios poluídos por esgotos

A CÓLERA PODE SER TRANSMITIDA ATRAVÉS DE:  Manuseio de equipamentos que entraram em contato com as águas contaminadas sem luvas de proteção;  Contato das mãos com as águas contaminadas sem luvas de proteção;  Respingo de água contaminada atingindo olhos e boca;  Perfuração da jardineira;  Queda na água;  Utilização de cordões, pulseiras relógios e anéis durante o trabalho.  O risco de transmissão aumenta em caso de cortes ou arranhaduras na pele ou nas mucosas em contato com a água contaminada.  O risco de transmissão aumenta em caso de cortes ou arranhaduras na pele ou nas mucosas em contato com a água contaminada. 

3.4 – FEBRE TIFÓIDE

que é a

febre tifóide?

É uma doença grave, produzida pela bactéria Salmonella typhi. Evolui, geralmente, num período de quatro semanas. Do momento em que a pessoa adquire a infecção até o aparecimento dos primeiros sintomas, decorrem de cinco a 23 dias (período de incubação). A fonte de infecção é o doente, desde o instante em que ingeriu os bacilos até muitos anos depois, já que os bacilos persistem em suas fezes. A febre paratifóide é mais rara que a tifóide. Produzida pela Salmonella paratyphi dos tipos “A”, “B”ou “C”, sua fonte de infecção é a mesma da febre tifoide: doentes e

portadores.

Sintomas da

febre tifóide

A doença

Começa com os seguintes sintomas ou sinais

Febre tifóide Dor de cabeça, mal-estar, fadiga, boca amarga, febre,calafrios, indisposição gástrica, diarreia e aumento do baço.

Engenharia de Segurança do Trabalho – CSO/DERHU - ERJ

3 Transmissão da febre tifóide durante as atividades em rios poluídos por esgotos

A CÓLERA PODE SER TRANSMITIDA ATRAVÉS DE:  Manuseio de equipamentos que entraram em contato com as águas contaminadas sem luvas de proteção;  Contato das mãos com as águas contaminadas sem luvas de proteção;  Respingos de água contaminada atingindo olhos e boca;  Perfuração da jardineira;  Queda na água;  Utilização de cordões, pulseiras relógios e anéis durante o trabalho.  O risco de transmissão aumenta em caso de cortes ou arranhaduras na pele ou nas mucosas em contato com a água contaminada.

3.5 - AMEBÍASE

O que é a

Amebíase?

É uma infecção causada por um parasita ou protozoário que se aloja no intestino grosso, e alimentam-se de detritos e bactérias ali localizados. Podem se localizar em outros tecidos via circulação sanguínea, nestas regiões alimentam-se das hemácias, provocando abscessos no fígado, pulmões e cérebro.

2 Sintomas da Amebíase

A doença Começa com os seguintes sintomas ou sinais

Amebíase Dores abdominais; febre baixa; ataque de diarreia, seguida de períodos de prisão de ventre; e disenteria aguda.

3 Transmissão da amebíase durante as atividades em rios poluídos por esgotos

A AMEBÍASE PODÉ SER TRANSMITIDA ATRAVÉS DE:  Manuseio de equipamentos que entraram em contato com as águas contaminadas sem luvas de proteção;  Contato das mãos com as águas contaminadas sem luvas de proteção;  Respingo de água contaminada atingindo olhos e boca;  Perfuração da jardineira;  Queda na água;  Utilização de cordões, pulseiras relógios e anéis durante o trabalho.  O risco de transmissão aumenta em caso de cortes ou arranhaduras na pele ou nas mucosas em contato com a água contaminada.

3.6 - ESQUISTOSSOMOSE

que é a

Esquistossomose?

Transmissão da esquistossomose

Você já frequentou ou frequenta regiões que têm pessoas com esquistossomose, barriga d´água, doença do caramujo ou xistosa? Já entrou em lagos, lagoas, represas, açudes ou rios, com caramujos, para nadar, pescar ou trabalhar? Caso sim, cuidado com a Esquistossomose - doenças causadas por vermes que saem nas fezes de doentes, caem em águas onde se banha ou se trabalha e entram pela pele de outras pessoas que frequentam essas águas.

A doença Começa com os seguintes sintomas ou sinais

2 Sintomas da Esquistossomose

durante as atividades em rios poluídos por esgotos

A ESQUISTOSSOMOSE É TRANSMITIDA ATRAVÉS DE:  Manuseio de equipamentos que entraram em contato com as águas contaminadas sem luvas de proteção;  Contato das mãos com as águas contaminadas sem luvas de proteção;  Respingo de água contaminada atingindo olhos e boca;  Perfuração da jardineira;  Queda na água;  Utilização de cordões, pulseiras relógios e anéis durante o trabalho.  O risco de transmissão aumenta em caso de cortes ou arranhaduras na pele ou nas mucosas em contato com a água contaminada. 

Esquistossomose Diarréias, febre, cólicas, dores de cabeça, náuseas, tontura, sonolência, emagrecimento, endurecimento e aumento de volume do fígado e baço (barriga d'água) e hemorragias que causam vômitos e fezes escurecidas.

4 - EPI’s OBRIGATÓRIOS TRABALHO AVAU / LIMPEZA DE RÉGUAS    

Jardineira de PVC com botina com biqueira e palmilha de aço; Luvas cano até o ombro Capacete com protetor facial; Protetor solar;

5 - EPI’S OBRIGATÓRIOS EM MEDIÇÃO DE VAZÃO - BARCOS  Luvas descartáveis;  Óculos de Segurança;  Máscara respiratória descartável para utilização em rios com grande mau-cheiro; (proveniente de substâncias oriundas da decomposição de resíduos, os quais geram gases: sulfídrico e metano);  Colete Salva – vidas;  Protetor solar;  Botina de Segurança com palmilha de aço;  Uniformes com proteção solar e chapéu com abas abertas; 6 - EPI’S OBRIGATÓRIOS EM MANUSEIO DE ÁGUA E SEDIMENTO FLUVIAL

    

Luvas descartáveis; Óculos de segurança; Máscara respiratória para manuseio de amostras, principalmente de sedimento de fundo (material sólido em suspensão no ar); Jaleco; Calçado fechado;

6 - RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA E HIGIENE PESSOAL  As atividades Avau não devem ser realizadas em rios com profundidade superior a 80 cm e velocidade da água maior que 60 cm/s.  Utilizar luvas de segurança, ao manusear e/ou higienizar os equipamentos que entraram em contato com águas de rios poluídos por esgoto doméstico;  Lavar as mãos com água potável e sabão bactericida para a remoção da sujidade e posteriormente aplicar a preparação alcoólica, sempre após o término das atividades na Estação;  Tomar banho após o término da jornada de trabalho com sabão bactericida;  Em caso de contato acidental das mãos com água contaminada, lavá-las imediatamente com água potável e sabonete bactericida e posteriormente aplicar a preparação alcoólica para higienização das mãos;  Não utilizar cordões, brincos, pulseiras, relógios e anéis durante o trabalho, pois nestes objetos podem alojar-se os microrganismos que ocasionam as doenças.  Os uniformes devem ser trocados diariamente;  Higienizar a jardineira de saneamento após as atividades utilizando sabão neutro e esponja e aplicar jato de água, em seguida colocar para secar.

7 - REALIZAÇÃO DOS EXAMES PERIÓDICOS O exame médico periódico é de extrema importância para o trabalhador que desenvolve este tipo de atividade, pois durante o mesmo, o médico do trabalho solicitará exames laboratoriais complementares e específicos relacionados aos riscos presentes em suas atividades, visando detectar possíveis danos à saúde relacionados ao trabalho. Sempre que a empresa convocá-lo para o exame compareça.

8 – PARTICIPAÇÃO NAS CAMPANHAS DE VACINAÇÃO OCUPACIONAL O calendário de vacinação ocupacional, estabelece as vacinas a serem realizadas para profissionais por área de atuação: profissionais de saúde; militares, policiais e bombeiros; cuidadores de animais; profissionais do sexo; profissionais administrativos; profissionais da aviação; profissionais que viajam muito; manicures e pedicures; profissionais que manipulam alimentos e bebidas; e profissionais que manipulam dejetos e águas contaminadas. A imunização previne contra os agentes infecciosos que podem provocar as doenças a estes profissionais. Andrea Silva Ignacio – Técnica de Segurança do Trabalho – CPRM/ERJ

Bibliografia Diretoria de Combate a Vetores da Superintendência de Controle de Endemias/Sucen/SESSP. Ministério da Saúde - FUNASA / GOVERNO DA BAHIA. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica.7ª edição – Brasília: Ministério da Saúde, 2008. Esgoto doméstico: o pior problema ambiental brasileiro Entrevista com Adilson Pinheiro por Melissa Crocetti Redação EcoTerra Brasil Revista Proteção – Edição 250 / out.2013