Passeio pelo centro histórico da capital é opção para fim de semana Assis Nogueira
Desde os metais em bronze vindos da Escócia, passando pelos traços de ruas inspiradas na França da belle époque, até as esculturas de deuses gregos rodeados por peças decorativas trazidas da Inglaterra. Tudo isso pode ser encontrado no centro histórico da capital, através do projeto História passo a passo. A iniciativa, gerida pelo Centro Cultural Banco do Nordeste que acontece em dois sábados de cada mês, trata-se de uma Caminhada cultural pelo centro histórico de Fortaleza, passando por avenidas mais antigas da cidade, como Dom Manoel, Imperador e Duque de Caxias. O passeio é guiado pelo Turismólogo e Historiador Gerson Linhares, e contempla a história das praças do centro, como a Praça General Tibúrcio, conhecida popularmente como Praça dos Leões, e a Praça do Ferreira, ponto de encontro dos bondes dos anos 1920, onde a ‘moçada’ da época se reunia na frente do Cine Majestick para ver os babados das saias dos ‘brotos’, como conta Gerson. As Igrejas também são citadas durante o passeio que dura em torno de quatro horas. A Igreja do Rosário, que está na Praça dos Leões, foi construída em 1730, e reconstruída em 1755. Chegou a ser Igreja Matriz de Fortaleza durante o processo de construção da Catedral Metropolitana, que durou pouco mais de quarenta anos. Tombada pelo Patrimônio Histórico Estadual, a Igreja do Rosário tem ao seu lado, o Palácio da Luz, local que foi até os anos 1980 sede do Governo do Estado, indo depois para o Palácio da Abolição, no bairro Meireles, onde se encontra até hoje. O prédio que até pouco tempo sediava a Academia Cearense de Letras, está passando por uma restauração em toda a sua estrutura. Por todo o trajeto é difícil não encontrar marcas do abandono do poder publico somadas as praticas recorrentes de vandalismo. Muros pixados, placas arrancadas, estátuas faltando peças de decoração. A estátua da escritora cearense Raquel de Queiroz, por exemplo, é alvo recorrente da ação dos vândalos. Só os óculos da escritora já foram levados três vezes. Os bancos das praças que outrora reuniam famílias inteiras para descanso, hoje dão lugar à moradores de rua em situação de miséria. Há locais que os monumentos servem de ponto de consumo de drogas. O turismologo chega a citar casos
em que turistas que vieram ao Estado no período de copa do mundo, ficaram chocados com a depredação do patrimônio do centro histórico. Para o estudante Michel Holanda, o projeto faz com que a pessoa valorize sua identidade, conhecendo sua historia bem de perto. “Eu acho muito bom pro crescimento da gente, conhecer espaços belíssimos, pertinho de casa, que as vezes não temos oportunidade de conhecer por conta do corre-corre do dia, a gente passa em frente e não sabe nem o que isso representa.” De acordo com Gerson Linhares, o projeto visa a educação patrimonial dos cidadãos. Para ele, projetos desta forma deviam ser incentivados pelo poder publico a fim de educar crianças e jovens à preservação do patrimônio da cidade. “Essa pratica da educação patrimonial deveria ser direcionada a todos os cearenses, principalmente aos estudantes de escolas publicas. O poder publico em geral devia disponibilizar acesso gratuitamente a esses equipamentos todo sábado e domingo. Uma hora dessas temos vários ônibus parados nas garagens que podiam muito bem servir a crianças, jovens e idosos , as famílias em geral pudessem visitar esses espaços. O exercício de cidadania, atrelado a Educação Patrimonial, a valorização do patrimônio e a prática do turismo cultural, que é mais humano, sustentável, e impacta com algo importante na vida da gente, que é a educação”, ressalta Gerson. Serviço: O quê: História Passo a Passo. Caminhada cultural pelo centro histórico de Fortaleza Quando: Dias 06 e 20/09, sábados, às 13 horas Onde: Centro Cultural Banco do Nordeste, R Conde D’eu, 560, Centro de Fortaleza Informações: (85)3464.3108 ou (85)8835.9915