outubro 2013-janeiro 2014 – Preço avulso: 4.00, gratuito para as sócias
Revista da Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas
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Esperamos um novo milagre das rosas
LAÇOS Revista Quadrimestral Preço avulso: 4,00 Assinatura anual: 10,00 Gratuita para sócias Propriedade, edição e administração da Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas Anexo à Casa do Capelão/IO Largo D. Dinis 2675-336 Odivelas • Tel.: 21 711 92 20 www.aaaio.pt • E-mail: redaccao@aaaio.pt Fundada em 1988 Diretora Joaquina Maria Seara Marques Cadete Phillimore n.º 193/1960 Chefe de Redação Maria Margarida Alves Pereira-Müller n.º 244/1967 Corpo Redatorial Fernanda Ruth Jacobetty Vieira n.º 152/1955 Maria Antónia Figueiredo Paixão n.º 234/1951 Maria Eduarda Agostinho de Sousa Caixeiro n.º 176/1972 Maria Noémia de Melo Leitão n.º 245/1931
A LAÇOS não se responsabiliza pela opinião expressa pelos seus colaboradores A LAÇOS reserva-se o direito de encurtar os textos quando necessário
Corpos sociais da ASSOCIAÇÃO DAS ANTIGAS ALUNAS DO INSTITUTO DE ODIVELAS Assembleia Geral Joaquina Maria Seara Marques Cadete Phillimore n.º 193/1960 Maria Leonor Leão Correia Viegas Tavares n.º 332/1952 Luísa Alice Tavares Santos Pereira n.º 319/1952 Direção Maria Madalena Carvalhosa Pessoa n.º 146/1953 Maria Emília Canelhas Pinhão n.º 82/1951 Maria Isabel Ferreira Braga Gomes n.º 137/1953 Maria Antónia Serpa Soares Figueiredo Paixão n.º 234/1951 Leonor Ornelas de Medeiros Tavares n.º 16/1954 Suplentes Maria do Carmo Tovar Faro n.º 106/1951 Elsa Sofia Portela Ribeiro n.º 7/1948 Maria Teresa Amado Araújo Brazão Farinha n.º 115/1971 Conselho Fiscal Maria Fernanda Rico Vidal n.º 261/1950 Cesaltina do Nascimento Silva n.º 229/1939 Maria Isabel de Andrade Figueira Freire n.º 120/1960 Suplentes Maria Eduarda Agostinho de Sousa Caixeiro n.º 176/1972 Maria Helena Passos e Sousa Cavaco n.º 218/1954 Maria Teresa Teixeira da Silva Bagorro n.º 53/1955 A Nossa Casa Quartel da Formação Largo da Luz 1600-498 Lisboa
Parcerias: CMO e JFO
Dia da Antiga Aluna
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o próximo dia 10 de março de 2014, vamos ce-
lebrar o Dia da Antiga Aluna no Refeitório das Monjas (Sala do Teto Bonito), no Instituto de Odivelas, com o seguinte programa (provisório):
17h00
Receção às Antigas Alunas e entidades oficiais Boas-vindas pelo Diretor do IO A Presidente da Mesa da Assembleia Geral da AAAIO fala sobre a efeméride Discurso da Presidente da Direção da AAAIO Homenagem a Antiga(s) Aluna(s) Entrega dos Prémios Maria das Neves Rebelo de Sousa Momento Cultural
Impressão: Grafisol – Edições e Papelarias, Lda. Rua da Sagrada Família, n.º 30 Pavilhão Grafisol Tabaqueira – Apartado 255 2636-903 Rio de Mouro Tel. 219 158 150 | Fax 219 158 158 www.grafisol.pt | email: geral@grafisol.pt
Tiragem: 750 exemplares Depósito Legal n.º 56731/92 Nota: Isenta de Registo na E.R.C. ao abrigo do nº 1 - Art. 12, Dec. Regulamentar de 8/99 de 9 de Junho ISSN: 0874 - 811X
Capa: Maria Eduarda Caixeiro, AA 176/1971
19h00
Porto de Honra
Í N D I C E
LAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014 2 Editorial 2 Um novo Milagre das Rosas por Joaquina Cadete Phillimore 3 3 4 6 7 15 16 18 20 23 24 28 29 31
Atividades da AAAIO e suas sócias Magusto na Casa Nova por Andreia Martins E a Rainha vestiu-se de rosas Atuais e Antigas Alunas na AR Programa de ação e orçamento para o ano de 2014 apresentados em AG Natal na AAAIO Os Passeios dos Residentes no Verão por Maria Helena Cavaco Visita ao Museu das Comunicações por Maria Helena Cavaco À conversa com os residentes por Maria Isabel Barata 14 de Janeiro – dia de matar saudades por M. Margarida Pereira-Müller Discurso do Director do IO, Coronel Pato Discurso do Comandante de Batalhão, Aluna Ana Gorjão 114 anos de ensino de excelência por M. Margarida Pereira-Müller Considerações sobre o Forte de Santo António do Estoril por Wolfram Bernd Schäfer
33 Agenda 34 AA, o que é feito de ti? 34 Angela Marques de Athayde, uma europeísta convicta por M. Margarida Pereira-Müller 36 Cartas à redação
37 In Memoriam 38 Adeus, Luna Andermat! por M. Margarida Pereira-Müller 40 Uma sócia honorária da AAAIO por Joaquina Cadete Phillimore 41 Notícias do IO 66 À conversa com... 66 Green Brick Road Project por Joaquina Cadete Phillimore 70 Destaque 70 O Milagre das Rosas por Maria Máxima Vaz 72 Ideias Soltas 72 Nota histórica sobre a Casa do Capítulo do Mosteiro de Odivelas por Margarida Cunha 74 As inscrições lapidares da Casa do Capítulo do Mosteiro de Odivelas 77 Paleta de cores vivas por Maria de Lourdes Sant'Anna 79 A ordem dos factores por Isabel Vidal LAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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EDITORIAL
EDITORIAL
J oaquina Cadet e Phillim ore – AA Nº 193/ 1960
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Um novo Milagre das Rosas lenda do Milagre das Rosas é sobejamente conhecida, mas pedimos à amiga do IO e da AAAIO, Maria Máxima Vaz que a rescrevesse e recontasse à sua maneira. Por isso, abstemo-nos de o evocar neste editorial.
Se houve milagre ou não, fico-me pela lenda, mas posso atestar que, no meu jardim, ainda há rosas neste janeiro frio e molhado e que só desaparecerão, em virtude da necessária poda que as faz renascer, cada ano, com mais viço. Também posso garantir que as rosas do manto colocado sobre a estátua da Rainha Santa Isabel frente ao Instituto de Odivelas se mantêm muito bonitas! Mas o milagre de que quero falar é de outra natureza. Falo de um milagre de amizade e de concentração de esforços e de luta em torno da continuidade do Instituto de Odivelas onde repousam os restos mortais do rei D. Dinis “velado” por sua Mulher a rainha Santa Isabel, ainda coberta pelo manto que antigas alunas lhe colocaram, no passado dia 8 de novembro, e que tem resistido às intempéries, quiçá sinal de milagre também…
Um milagre que trouxe até à Casa e à Causa, antigas alunas, há muito afastadas do IO e da AAAIO, quer pela diáspora quer por outras razões que às próprias assistem.
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Um milagre que fez entrar nos cofres da Associação de todas nós montantes de quotas em atraso e de novas sócias que se quiseram associar a uma luta comum. Por isso, os resultados da congregação de todas em volta da Casa e da Causa, a saber o IO, a AAAIO e o nosso Lar têm sido visíveis e encorajadores. Um notável cordão solidário que tem tido várias formas, vários autores mas sempre os mesmos destinatários: o IO e a AAAIO. Também o movimento de regularização de quotas, mesmo não sendo alheio ao ato eleitoral, tem ajudado muito a Causa e estamos todas mais ricas por isso. Que novos Milagres das Rosas surjam para o bem e continuidade das nossas Casa e Causa ambas centenárias: o Instituto de Odivelas e a Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas.
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Andreia Mar tins – Técnica Superior de Serviço Social
Magusto na Casa Nova
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tradição manda que o dia de S. Martinho se festeje com castanhas, água-pé, uma fogueira para saltar e bom convívio. À exceção da fogueira, tudo o resto não podia faltar na Festa do Magusto celebrada no Lar da AAAIO.
Familiares e amigos dos residentes da Nova Casa brindaram-nos com a sua presença e contribuíram para esse bom convívio. Não houve a fogueira, mas os corações dos nossos residentes foram aquecidos pela presença e carinho da sua família de sangue e da sua família institucional. Ta m b é m o contributo dos colaboradores foi essencial para que tudo corresse bem e fosse proporcionado um serão animado aos residentes do Lar. A sala decorada com folhas secas, castanhas e outros elementos característicos do Magusto foram elogiados por todos os que nos visitaram nesse dia. É sempre gratificante vermos que a organização destas festas se reflete na satisfação e bem-estar espelhada no rosto de cada idoso.
ATIVIDADES
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E a Rainha vestiu-se de rosas Ação em Odivelas pela Continuidade do IO
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8 de novembro, dia da Abertura Solene do Ano Letivo do Instituto de Odivelas, a Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas (AAAIO) vestiu com um manto coberto de rosas, a estátua da Rainha Santa que se encontra no largo D. Dinis, em frente do Instituto de Odivelas, esperando um novo milagre das rosas: a revogação do despacho n.º 4785/MDN/2013, de 25 de março que decreta o fim do Instituto de Odivelas no final do ano letivo de 2014-2015. Ora um despacho NÃO pode extinguir uma escola de referência com 114 anos que foi criada por um decreto-lei.
Com um curriculum de excelência que o diferencia de outras escolas públicas, o Instituto de Odivelas, criado a 14 de janeiro de 1900, é, como sabemos, uma escola única no panorama escolar português.
Desde outubro de 2011 que a AAAIO e a APEEAIO (Associação de Pais e Encarregados de Educação das Alunas do Instituto de Odivelas) têm vindo a apresentar no Ministério da Defesa Nacional (MDN) estratégias para a manutenção do IO. Temos tido inúmeras reuniões, não só com as associações congéneres do CM e do IPE como com a tutela. O MDN não tem sido recetivo às nossas sugestões e proposEsperamos um novo tas, nem às da APEEAIO, não dando pelo milagre das rosas: seu lado nenhumas respostas às nossas a revogação do despacho questões, a saber, quanto se irá poupar por aluna/o com a fusão quanto se tem de invesn.º 4785/MDN/2013 tir para transformar o CM numa escola mista, quais as vantagens económicas. O MDN não deu seguimento ao estudo de viabilidade apresentado pela APEEAIO nem às propostas de sustentabilidade apresentadas pela Direção do IO às chefias militares. A tutela seguiu pura e simplesmente a sua ideia não-fundamentada de encerrar o IO e juntar as três escolas no CM. Nós, AAAIO, vamos continuar a demonstrar a total irresponsabilidade desses planos e a falta de conhecimento e incapacidade de gestão que significam. O IO é uma escola centenária que já formou centenas de 4
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Mulheres que têm dado contributo positivo à sociedade, não pode encerrar. O ensino de excelência e de valores não pode ser desprezado. Defendemos que haja uma escola pública com ensino diferenciado onde as alunas desenvolvam o sentido do dever e da honra e os atributos de carácter, em especial a integridade moral, espírito de disciplina e noção de responsabilidade - um espaço educativo de alto nível, capaz de despertar e estimular a curiosidade científica, o espírito crítico, ideais de ação em prol da comunidade e espírito de camaradagem. O IO tem vindo a reduzir os seus custo sem afetar o seu projeto educativo, e tem potencial para dentro de dois
anos, voltar a ter um número de alunas que lhe confira sustentabilidade. A AAAIO disponibilizou-se para ajudar o IO na criação dum infantário que, juntamente com a criação do ensino básico, iria criar passagem sem sobressaltos das alunas, entre ciclos. A AAAIO considera que, tendo em conta a excelência de resultados em vários campos deste Colégio centenário, aliada ao facto de a utilização do espaço, nomeadamente do núcleo monumental, ter contribuído indubitavelmente para a preservação do património deveriam ser dadas condições à atual direção para relançar o IO, demonstrando quão verdadeiro é o seu lema Duc in altum – Cada vez mais alto.
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Atuais e Antigas Alunas na AR em defesa da sua escola
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petição criada por Maria João Marcelo Curto, AA Nº 254/1960, foi analisada pelas Comissões de Defesa Nacional e de Educação, Ciência e Cultura, tendo sido discutida em plenário no passado dia 6 de dezembro. Esta discussão em plenário foi precedida de diversas reuniões prévias com quase todos os grupos parlamentares.
O PS foi o primeiro partido a apresentar a sua opinião sobre a petição, tendo a deputada Gabriela Canavilhas numa belíssima intervenção defendido a escola de excelência que é o Instituto de Odivelas. Também o CDS, pela voz do deputado João Rebelo do CDS, cujo trabalho tem sido espetacular neste processo, mostrou que o seu partido está absolutamente contra o encerramento do nosso colégio. O mesmo defenderam o PCP, pela voz do deputado António Filipe, e, em parte, o BE, através da intervenção da deputada Mariana Aiveca. Somente, o PSD apoia a decisão do Ministro da Defesa Nacional. Aliás a deputada Mónica Ferro, no seu discurso, parecia ser a porta-voz do MDN, insistindo na discriminação de género que não existe – situação que ainda não percebida nem pelo PSD nem pelo MDN. Será bom recordar à deputada Mónica Ferro que pôr «fim a uma discriminação de género inaceitável» é incompatível com liberdade de escolha porque para existir liberdade de escolha tem que obrigatoriamente existir variedade de oferta para escolha. Se bem que esta discussão em plenário tenha servido para levantar um pouco a moral de quem se tem batido pela continuidade do IO, a maioria de Atuais Alunas e de Antigas Alunas saiu da AR com um amargo de boca. Tantos meses de luta, todos os partidos a defenderem o IO, à exceção do PSD, e afinal só houve uma discussão sem resultados práticos. É preciso que um partido ou mais escreva(m) e leve à AR uma recomendação ao governo para ser votada. Só assim, a AR pode obrigar o ministro a mudar o rumo da reestruturação dos estabelecimentos militares de ensino. No final da discussão na AR e no largo exterior, as Alunas presentes deram o seu grito – a vontade de o dar na sala de plenário foi grande mas impossível de levar avante para não perturbar os trabalhos.
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Programa de ação e orçamento para o ano de 2014 apresentados em AG
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o passado dia 23 de novembro teve lugar a nossa Assembleia Geral com a presença de 41 associadas, incluindo as representações. Após ter saudado as sócias e de ter lido a Convocatória, a Presidente da Mesa da AG pediu um minuto de silêncio em homenagem a Ana Maria Pinto Soares Hoppner.
Ainda antes da O. T., a AA Cesaltina Silva pediu a palavra, referindo que, neste momento, não poderia deixar de relatar o seu último contacto com Ana Maria Pinto Soares Hoppner, em que esta agradeceu a homenagem que lhe foi prestada, no dia 9 de março de 2013, e dizendo expressamente sentir-se muito feliz. Seguidamente, a Presidente deu a palavra à Vice-Presidente da Mesa da AG, que leu a Ata da AG anterior. A AA Antonieta Cabanas sugere que, se a ata se refere à reunião anterior, seja votada só pelas AA hoje presentes que estiveram presentes também na AG a que se refere a ata. Assim, a ata da AG anterior foi aprovada por unanimidade das presentes nessa AG.
O plano de ação e o orçamento para 2014 refletem todo o espírito que sempre pautou a atividade da nossa associação
A AA Isabel Afreixo fez a sugestão de que não seja lida a ata. Várias AA expressaram o desejo de que o modo de dar a conhecer a ata seja alterado.
Entrando propriamente no ponto um da convocatória, a Presidente da Mesa deu a palavra à Presidente da Direção, M. Margarida Pereira-Müller, para a apresentação do Orçamento e Plano de ação para o ano de 2014. Antes de proceder à leitura do mesmo, a Presidente da Direção explicou que poderia parecer estranho o facto de uma direção cessante ter de apresentar um plano para um período em que vai estar em vigência uma nova direção, mas que este procedimento se prendia com a LAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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necessidade de apresentar à Segurança Social o plano e respetivo orçamento para o ano seguinte, no mês de novembro. A AA Ana Coucello propôs então que se aprovasse o plano e o orçamento sem a respetiva apresentação, tendo em consideração que iria haver eleições dentro de duas semanas. Este requerimento foi aprovado com 24 votos a favor, 14 contra, 3 abstenções, tendo-se passado diretamente à votação do Orçamento e do Plano de ação e do Parecer do Conselho Fiscal, que foram aprovados com uma abstenção. A AA Luísa Alice Pereira afirmou que lastimava que uma assembleia esclarecida se tenha satisfeito em votar quase em branco. A AA Antonieta Cabanas fez um depoimento em que se rejubila por haver mais do que uma lista às eleições. Chama porém a atenção de que para haver eleições tem de haver um caderno eleitoral bem feito e que para tal a Direção da AAAIO tem de fazer um esforço
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redobrado para atualizar a informação sobre as sócias. No ponto de Diversos, a Presidente da Direção informou que foi pedida à empresa BDO uma auditoria às contas da AAAIO cujo resultado se aguarda. Seguiu-se uma discussão sobre as eleições que estavam para breve e sobre os estatutos. A Presidente da Mesa da AG propôs que se aproveitasse a AG para formar a Comissão Eleitoral que ficou constituída pela Vice-Presidente e Secretária da atual Mesa da Assembleia Geral. Visto que a atual Presidente integrava uma das listas, não quis fazer parte da comissão eleitoral, embora os estatutos o permitam e pediu ainda que as listas concorrentes indicassem um elemento representativo de cada uma, para integrar aquela comissão, tendo sido nomeadas a AA Sofia Vaz Serra e a AA Antonieta Cabanas.
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Programa de ação para 2014 Associadas
IO
• Promover e aliciar delegadas por regiões nacionais e no estrangeiro de modo a dar maior projeção às atividades das AA espalhadas pelo país e pelo mundo e manter o contato deste universo cada vez mais amplo de AA do IO • Comemoração do 94º Aniversário no IO – 9 de Março/Dia da Antiga Aluna • Vários encontros de convívio entre AA – Chá da Primavera / Sardinhada / Magusto e Festa do Natal • Organização de exposições/encontros de cursos/palestras mantendo os ciclos de conferências e atividades com a SHIP e outras entidades • Angariação de novas sócias na colaboração em atividades de vária ordem • Promoção do voluntariado nas múltiplas vertentes associativas (arte, solidariedade, acompanhamento a AA, BACF, entre outras) • Estreitamento das ligações com as associações congéneres AAACM/APE • Divulgação das múltiplas atividades e intervenções da AAAIO através dos meios de comunicação social e redes sociais • Criação duma rede de voluntárias de proximidade para dar apoio a AA nas suas casas em caso de necessidade
• Estreitar as relações com a direção do IO colaborando nas iniciativas colegiais e interligadas com a AAAIO de modo a promover o colégio na sua função pedagógica e cultural no Concelho e no contexto nacional e em eventuais projetos de ampliação das atividades escolares • Manter a celebração das comemorações dos dias 14 de janeiro e 9 de março no IO bem como o acordo de utilização do Forte de Santo António (férias e eventos) • Organizar eventos culturais intergeracionais no e fora do colégio • Promover ações de colaboração das atuais alunas nas atividades da AAAIO (por exemplo, voluntariado regular ou espontâneo) • Manter as relações estreitas com a Associação de pais/encarregados de Educação unindo sinergias de modo a projetar maior visibilidade da função imprescindível duma escola centenária de excelência • Continuar com ações até à revogação do despacho n.º 4785/MDN/2013, de 25 de março – Pela continuidade do IO não baixaremos os braços
Revista Laços
• Divulgação da nossa valência de Lar nas associações congéneres para uma maior dinâmica entre os sócios das três associações • Edição e divulgação dum folheto informativo sobre a Nova Casa nas suas múltiplas funções
• Cativar anunciantes e patrocinadores na perspetiva de angariação de fundos para cobrir as despesas da revista • Manter o caderno “Noticias do IO” • Incentivar maior colaboração de AA com notícias dos cursos e/ou outras
Casa Nova
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• Consolidar as atividades lúdicas e culturais para os utentes • Manter e alargar o corpo de voluntárias, essencial no acompanhamento psicológico e presencial dos residentes e familiares • Promover o mecenato para financiamento de equipamento terapêutico e outros que contribuam para uma oferta de qualidade dos serviços • Estabelecer parcerias com organizações sensíveis à Terceira Idade • Concorrer a verbas comunitárias no âmbito do QREN caso necessário
Centro de distribuição de bens da Arroja • Sensibilizar e incentivar as AA e alunas do IO para o apoio às famílias carenciadas do bairro da Arroja e Odivelas especialmente às crianças desfavorecidas por meio de roupas, brinquedos e equipamento escolar
• Promover programas de interação com outras associações (IPSS) direcionadas na ajuda das camadas mais necessitadas de apoio psicológico • Manter a distribuição dos produtos do BACF e de outras fontes às famílias carentes do bairro e manter um acompanhamento das famílias mais problemáticas
CMO/Junta de Freguesia de Odivelas – CML/Junta de Carnide • Manter estreita colaboração nas vertentes socioculturais participando nos colóquios, seminários e reuniões de interesse comum • Solicitar apoios financeiros em várias vertentes (continuidade do IO/revista/ Arroja) • Promover exposições de AA no âmbito das Artes Plásticas e palestras de interesse cultural ligadas ao historial do convento S. Dinis e o papel do IO como escola de referência no concelho de Odivelas
Orçamento para o ano de 2014 O orçamento para o ano de 2014 continua a ser uma tarefa “espinhosa”, visto que o próximo ano se vai manter cheio de dificuldades, apesar das melhorias que se começam a sentir. Neste documento, encontramos a descrição sucinta das atividades a serem desenvolvidas pela Associação das Antigas Alunas do Instituto.
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Assim, para o ano de 2014 estima-se que as receitas totais devam ascender a 808.114,00 , em que: As mensalidades das clientes devem atingir 513.060,00 na base de uma ocupação média de 40 clientes mês, ao preço médio de 1.068,88 ; O contributo efectuado pelo Centro Distrital da Segurança Social de Lisboa deverá ascender a 110.600,00 .
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Representação gráfica que pretende espelhar a evolução contabilística-financeira da AAAIO LAR
CENTRO DISTIBUIÇÃO ALIMENTAR
SÓCIAS
GERAL
Mensalidades
513.060,00
0,00
0,00
513.060,00
Subsídios
110.600,00
0,00
0,00
110.600,00
0,00
19.980,00
0,00
19.980,00
60,00
0,00
0,00
60,00
97.607,52
275,01
66.531,46
164.414,00
721.327,52
20.255,01
66.531,46
808.114,00
Quotas Juros Outros rendimentos e ganhos Total proveitos
Não se prevê que as entidades públicas nos atribuíam quaisquer outros subsídios; O contributo das associadas, mantendo a média das quotas recebidas, espera-se que venha a ser cerca de 19.980,00 ; Das poucas aplicações que fazemos no Banco esperamos receber de juros 60,00 ;
LAR
Compras
Os rendimentos diversos no total de 164.414,00 , referentes a realizações, eventos, formações, joias, antecipações, recuperações e outros donativos, incluindo aqui os valores que deverão atingir 69.970,00 a receber não só do Banco Alimentar Contra a Fome como também de outros parceiros, tais como, Pingo Doce, Continente e outros.
SÓCIAS
CENTRO DISTRIBUIÇÃO ALIMENTAR
GERAL
76.050,00
0,00
0,00
76.050,00
Fornecimentos e serviços externos
174.069,80
8.151,08
4.326,12
186.547,00
Custos c/o Pessoal
420.644,82
0,00
3.525,18
424.170,00
Gastos de depreciação e amortização
46.311,00
0,00
0,00
46.311,00
Outros gastos e perdas
6.444,92
0,00
65.565,08
72.010,00
Gastos e perdas de financiamento
2.035,00
0,00
0,00
2.035,00
725.555,54
8.151,08
73.416,38
807.123,00
Total custos
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Também no que se refere aos custos, salientamos os mais significativos: O custo da alimentação dos clientes do Lar, que devem atingir o montante de 76.050,00 ; A necessidade de contratar serviços externos, como por exemplo, água, eletricidade, gás, combustíveis, telecomunicações, bem como serviços especializados (serviços administrativos, saúde, advocacia, manutenção de equipamentos, e pequenas ações, como jardinagem, reparações e outros que sejam de necessidade relevante) leva-nos a prever um valor de 186.547,00 ; Os custos dos salários e encargos sociais com o pessoal estimam-se em 424.170,00 ; A amortização dos imóveis e equipamentos no valor de 46.311,00 , que são custos e não pagamentos. O pagamento foi feito na data do investimento; O valor de 69.970,00 inclui a distribuição dos alimentos recebidos
do Banco Alimentar Contra a Fome e dos outros parceiros, e o restante no valor de 2.040,00 será utilizado em áreas de menor relevo em termos orçamentais nomeadamente impostos, correções e outros cujo total soma 72.010,00 ; Também se calcula que os juros a pagar ao banco pela utilização da conta caucionada flexível ascendam a 2.035,00 . Os mapas em anexo espelham de forma detalhada os valores de toda a atividade que se pretende realizar, cujo total de custos e de proveitos se estima em cerca de 807.123,00 e 808.114,00 respetivamente, pelo que se apurará um resultado positivo de 991,00 . Reconhecida a missão da AAAIO e identificados os constrangimentos à plena realização dos objetivos estatutários, importa lançar mãos à obra, o que determina uma atividade contínua e permanente de aperfeiçoamento e melhoria.
Parecer do Conselho Fiscal Estabelecem os Estatutos desta Associação, no seu artigo nrº 55, que compete ao Conselho Fiscal exercer a fiscalização sobre a escrita e documentos da instituição e assistir às reuniões da Direção, sempre que o julgue conveniente, para além de dar parecer sobre o relatório, as contas e o orçamento anual da mesma. 12
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Para dar cumprimento a estas obrigações o Conselho Fiscal realizou ao longo do ano que vai findar todas as análises e investigações que considerou necessárias e convenientes, bem como assistiu a quase todas as reuniões da Direção. Sabemos que o ano de 2013 foi particularmente difícil pelas razões
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conhecidas de todas as associadas: falecimento da Presidente em funções, início de uma nova presidência, atividades relativas ao IO, crise financeira, económica e social no país, etc. Pudemos verificar que, no entanto, todos estes acontecimentos perturbadores e causadores de grande preocupação à Direção em funções, não afetaram o bom andamento do Lar nem o excelente cuidado na escrituração de todos os documentos relativos à atividade das três valências em funcionamento: Lar, Sócias e Banco Alimentar. Constatamos até, com muito agrado, a instalação de um sistema de maior controle de compras e consumos no Lar o qual se espera venha a produzir efeitos positivos no ano próximo. Por outro lado sabemos que a elaboração do Orçamento, em cada ano que passa, tem sido, com realismo, pautada pela técnica de projetar no futuro imediato as realidades numéricas, de estrutura, de funcionamento interno e de conjuntura dos 3 últimos anos, com os devidos ajustamentos qualitativos. Nunca se enveredou pela tentação de produzir um Orçamento «Objetivo» (no sentido de desejo) em vez de um Orçamento «Previsão». Também neste Orçamento para 2014 foi seguida essa atitude prudente – é um Orçamento Previsão. É o Orçamento possível. As dificuldades que se anteveem no
país não permitem outra atitude. Os detalhes deste Orçamento estão bem apresentados no documento que o suporta. Relativamente ao Programa de Ação para o ano de 2014, elaborado pela Direção, o Conselho Fiscal considera que o mesmo contem todas as medidas que ao longo do ano de 2013 foram sendo analisadas e discutidas nas reuniões de Direção e que refletem todo o espírito que sempre pautou a atividade desta associação. Assim, o Conselho Fiscal, no cumprimento das funções que lhe são cometidas pelos estatutos, vem submeter à apreciação desta Assembleia de sócias o seu parecer sobre o Orçamento para 2014 e sobre o Programa de Ação para 2014 a saber: 1) que seja aprovado o Orçamento para 2014 2) que seja aprovado o Programa de Ação da Direção. Pelo Conselho Fiscal: Presidente: Maria Fernanda Rico Vidal (Economista) 1ª Vogal: Cesaltina do Nascimento Silva 2ª Vogal: Maria Isabel Figueira Freire
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Natal na AAAIO
atal. Tempo de estarmos uns com os outros. De festejarmos a vida. Tempo de darmos. Assim, neste Natal, como aliás tem acontecido nos anos anteriores, tivemos duas ações. No dia 14 de dezembro, tivemos a nossa festa de Natal na Casa Nova, tendo juntado em animado convívio Antigas Alunas, residentes e familiares. A festa começou com uma missa celebrada pelo capelão Borges, do IO, durante a qual pôs todos os participantes da Eucaristia com vendas nos olhos para sentirem fisicamente o que viver sem luz – e daí partiu para o que é viver sem Deus, que é a luz do mundo. Musicalmente a missa foi animada pela antiga professora Natércia Simões. Seguiu-se o lanche de convívio. Paralelamente decorreu uma animada feira de artesanato onde AA venderam produtos feitos por elas: sabonetes, doces, trabalhos com panos, nozes, etc. O ponto alto do final da tarde foi a tômbola. Ao longo de quase uma hora foram saindo os quase 300 prémios que a AAAIO conseguiu juntar para esta ação de angariação de fundos a que se associaram várias empresas: Estée Lauder, Clinique, Lufthansa, Emirates, Hotel dos Templários, entre outras. Na Arroja, onde a AAAIO tem a sua outra obra social, dezembro foi também um mês especial. Durante três dias foram entregues os cabazes de Natal com muitos e bons produtos, alguns vindos do BACF, outros angariados junto de empresas pelas “almas” do nosso Centro de Distribuição de Bens Alimentares, a Cândida e a Florinda, outros comprados donativos dados por comerciantes da Arroja e anónimos. Assim se conseguiu alegrar o Natal das 264 famílias que recebem a nossa ajuda. À distribuição esteve presente o presidente da Junta de Freguesia de Odivelas, Nuno Gaudêncio.
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Maria Helena Cavaco – AA Nº 218/1954*
Os Passeios dos Residentes no Verão
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urante este verão optou-se por levar os Residentes do Lar a diferentes locais ao “Ar Livre”. Assim 3 grupos de Voluntárias acompanharam os Residentes ao domingo de manhã, aos jardins do Museu Nacional de Arte Antiga para assistirem aos concertos das Bandas Militares, tal como nos outros anos foi muito agradável e para algumas senhoras foi a primeira vez. Este ano houve menos concertos que nos anos anteriores e houve quem se manifestasse, que só tinha ido uma vez. É de facto um espectáculo que não exige esforço físico e que prende a atenção dos Residentes e não é todos os dias que se vê o Tejo. Em Junho fomos passear na zona da Torre de Belém e lanchar à esplanada do Café do Forte, junto ao Forte do Bom Sucesso. Curioso foi ouvir o comentário de uma Residente: nunca vi a Torre de Belém tão perto. Nesta altura do ano nota-se a presença de muitos turistas, uns descansavam na relva enquanto outros se dirigiam à Torre de Belém, havia música, vendedores enfim animação que lhes agradou.
Em Agosto fomos ao Jardim da Estrela. É uma zona verde de Lisboa que se encontra muito bem arranjada com árvores centenárias que chamaram a atenção pelo tamanho das raízes, com
* A autora não segue a Nova Norma Ortográfica da Língua Portuguesa.
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plesmente para tomar café ou em Setembro para verem a feira. Foi um dos Jardins recuperados em Lisboa que se encontra muito cuidado e no caso dos Residentes basta atravessar a rua e terem companhia. Terminou-se este ciclo de Verão com a Estufa Fria. Agradou muito e ninguém lá tinha ido depois das obras de umas copas enormes arranjámos sempre uns bancos com sombra para descansar. Uma colega do IPIMAR (Instituto onde trabalhei mais de 30 anos) que por lá passeava mostrou-se encantada por haver idosos que não estão prisioneiros nas suas residências e a quem é dedicada atenção. Jovens ensaiavam números de circo nos relvados, no lago vários patos e os gansos conviviam com os visitantes. A Srª D.Mª João Galvão que tem um gosto especial pela botânica foi beneficiada por se deslocar em cadeira de rodas, assim pôde percorrer uma área muito maior do jardim assistida por uma voluntária. Chegou ao Lar encantada e muito nos agradeceu. A Srª D. Cândida (nossa Regente do IO) fez também o seu primeiro passeio enquanto residente. O Jardim da Luz também foi um local onde levámos os residentes ou sim-
beneficiação, acontece que a entrada é em gravilha piso não adequado a andarilhos ou cadeira de rodas. Esperam em breve ter umas passadeiras em Madeira.
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Maria Helena Cavaco – AA Nº 218/1954*
Visita ao Museu das Comunicações Fundação Portuguesa das Comunicações
A
o visitarmos o Museu das Comunicações encontrámos um importante património, superior a 250 anos. Peças bem conservadas e reconstituição de situações à escala real. Tivemos como Guia, a Vânia, educadora de infância, que de momento se encontra a estagiar neste museu e que tudo fez para que os nossos residentes não se cansassem e apreciassem esta visita. Começou por nos dar um resumo histórico das comunicações em Portugal. Desde cedo que o Rei e a nobreza necessitaram de um serviço de comunicações para actos políticos e económicos. Numa época em que os Descobrimentos eram a actividade preponderante em Portugal, as comunicações tornaram-se essenciais. D. Manuel I criou um serviço público o “Serviço de Correio-Mor”. O primeiro transporte público de correio em Portugal começou em finais do séc. XVIII e
* A autora não segue a Nova Norma Ortográfica da Língua Portuguesa.
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efectuava o percurso entre Lisboa e Coimbra, mais tarde, a partir do século XIX, foi alargado até ao Porto e outras localidades. A estas carreiras chamava-se Mala-Posta, efectuavam o processamento e transporte do correio, com o tempo este termo Mala-Posta passou a designar as diligências de correio e passageiros. Foi precisamente a carruagem da Mala-Posta que despertou maior interesse nos Residentes. Posteriormente foram criadas algumas infraestruturas, as Estações de Muda em que os cavalos eram substituídos e tinham instalações para descansar e era feito o intercâmbio de malas de correio. Havia ainda as Estações de Posta onde se serviam refeições aos passageiros que nelas pernoitavam, conforme pudemos observar à escala real (sala de jantar, quarto mobilado e acessórios, cozinha com fumeiro). No início do século XIX Fontes Pereira de Melo fez aprovar “A Reforma Postal”; tornou-se obrigatório o selo, o primeiro teve a efígie da Rainha D.Maria II, inicia-se a distribuição domiciliária de correio em Lisboa e arredores, pelos
“Carteiros”, são implantados os primeiros marcos de correio na via pública. Todo este espólio, estações de correio, selos, carimbos, marco de correio, telégrafo com gerador de pedal, balanças, mobiliário das estações, etc. encontra-se em perfeito estado de conservação
e representado em postais que foram oferecidos aos Residentes, ao mesmo tempo que a nossa Guia e outra colega ofereciam bolinhos. Foi assim que terminou a série de passeios do ano de 2013.
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Maria Isabel Barata – AA Nº 194/1954
À conversa com os residentes
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enso que talvez valha a pena falar da minha experiência de Voluntária, mas deixarei isso para o fim deste artigo. Vou apresentar as entrevistas que foram feitas à Senhora D. Dulce e à Senhora D. Celestina. Estas Residentes são ambas antigas alunas e têm faixas etárias semelhantes.
A Senhora D. Dulce tem 89 anos, entrou para o colégio com 11 anos, sendo filha única. O Pai foi combatente da Grande Guerra. Foi aluna externa e como morava no Lumiar vinha para o colégio a pé ou de camionete. Manteve-se no colégio durante cerca de cinco anos e tirou o curso oficial de modas. Quando acabou foi para um atelier de Alta Costura. Depois do atelier trabalhou numa fábrica na Pontinha. Foi casada durante 64 anos e continuou a trabalhar depois de casada. Gostava do seu trabalho e só deixou de trabalhar quando tinha mais de 70 anos. A Senhora D. Celestina tem 86 anos. O Pai era militar, mas quando entrou com 12 anos para o colégio já este tinha morrido há vários anos. Teve três irmãs que também andaram no colégio. Ficou no colégio seis anos e quando acabou foi para casa, nunca tendo trabalhado fora. Foi casada e esteve em África donde tem muitas saudades. Questões apresentadas às duas residentes Senhora D. Dulce (D) e à Senhora D. Celestina (C). Quando mudou para o Lar de que sentiu falta? D: Da minha independência, pois quando cheguei andava com uma bengala, mas quando um dia desmaiei deixei de andar. C: Da família, apesar de uma neta me visitar com frequência.
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Ao conversar com as voluntárias sentiu que tinha voltado ao colégio e que as suas histórias também lhe interessavam a elas? D: Não sinto que voltei ao colégio, mas acho que as Voluntárias deviam falar mais, pois eu sinto-me muito só. C: Sim gosto de recordar histórias do colégio. Gosta dos passeios a museus e de ir ouvir as Bandas? D: Não vou aos passeios por estar numa cadeira de rodas. Só fui ao Forte. Estou aqui há dois anos e meio e, como toda a gente gostaria de sair. Era tão bom se houvesse uma carrinha que nos transportasse, independentemente das nossas condições físicas. C: Gosto muito dos passeios a Museus e outros locais. A que outros sítios gostaria de ir? D: Não tenho preferência, gostava era de sair. Ainda tenho casa na Av. João Crisóstomo, junto à Gulbenkian. C: Gostava de ir para fora de Lisboa, visitar lugares ligados à nossa história. Que actividades gostaria de ter aqui no Lar? D: Não tenho actividade nenhuma, não posso, porque não tenho sensibilidade nas mãos. Faço fisioterapia 3 vezes por semana com o Sr. Enfermeiro Lourenço. Noto algumas melhoras mas ele diz que não tenho força nos músculos. Não gosto de jogos mas conversas em grupo seria interessante. C: Coisas de mão (tricot e crochet).
Gosta que haja voluntárias? Que poderão elas fazer para tornar a sua estadia mais agradável? D: Gosto muito até porque a conversa é diferente. C: É sempre agradável porque trazem notícias do exterior. Fazem a ligação com outros mundos. Deixamos de estar isoladas. Gostaria que também houvesse voluntários? D: Era indiferente. C: É indiferente, é sempre agradável ter outros contactos, outras conversas. Pensa que é preferível que sejam antigos alunos do I.O, CM e do IPE? D: Acho que devem ser antigos alunos, estão mais dentro do assunto. C: Os voluntários devem ser antigos alunos de qualquer um destes colégios, sempre houve muito intercâmbio entre os três colégios O que foi mais importante na sua vida? LAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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D: Para o mal foi o falecimento da minha Mãe, que vivia comigo, mas eu já era Avó. Para o bem foi o nascimento dos meus netos. Eles vêm cá ver-me. C: Gostei de estar em África, aí vivi a minha vida. Os vizinhos eram a nossa Família. Quando voltei ao Continente senti-me mais limitada, com uma vida mais restrita.
Todos já ouvimos dizer que qualquer voluntariado é sempre compensador para quem o faz.
Provavelmente todos nós nos interrogamos sobre a nossa vida. Penso que mais do que as doenças é a solidão que torna mais difícil a vida dos nossos Residentes.
Quando a Benedita, a quem agradeço, me desafiou para ser voluntária senti muitas dúvidas se valeria a pena. Com o tempo as dúvidas foram desaparecendo, a experiência que fui adquirindo ajudou a vencer estas. Direi então vale a pena ser aqui Voluntária: quem não gosta de dar um pouco de qualidade de vida aos outros? Talvez dando um pouco aos outros também nós nos sintamos mais realizadas.
Na última vez que estive no Lar a Maria Teresa Neves e eu fomos com a Senhora D. Alda e a Senhora D. Celestina dar um passeio até ao Jardim da Luz.
Apesar de reformada continuo a ter muitas actividades, mas acho que é bom continuar a ter algum tempo para o Lar.
Sentámo-nos numa esplanada e a certa altura éramos quatro jovens a contar histórias da nossa juventude, especialmente do colégio. Penso que a certa altura as senhoras tinham esquecido o Lar, as doenças e especialmente a solidão.
Deixo aqui o meu apelo para que venham ser voluntárias. Vão ver que vale a pena.
Vou agora fazer algumas reflexões sobre o Voluntariado.
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Senti-me feliz e também eu esquecia os meus problemas (Quem os não tem?).
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Nota – Não quero terminar sem agradecer à Helena, o apoio nos textos e fotografias.
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M. Marga ri da Perei ra -Mü l l er – AA Nº 244/ 1967
14 de Janeiro
– dia de matar saudades
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ia 14 de janeiro é um dia de matar saudades - saudades da nossa escola onde passámos tantos dias bons e tantos dias maus. Comer amarelo. Rever antigas colegas. Pôr a conversa em dia. Ouvir o discurso cheio de emoção de Ana Gorjão, a Comandante de Batalhão. Alunas e Antigas Alunas unidas pela celebração do aniversário do IO e pela contestação ao despacho do MDN: a celebração do aniversário do IO e a contestação ao despacho do MDN.
Um grupo de AA chamou a imprensa ao Largo de São Dinis, tendo-a recebido com máscaras com a cara do Ministro da Defesa Nacional – “foi uma maneira de trazer o ministro ao IO uma vez que ele tomou uma decisão sem nunca ter visitado o Instituto”. A tradicional missa terminou com a leitura da resposta do Papa Francisco à carta da AA Maria João Marcelo Curto que incluía uma bençaõ papal para todas as Alunas, Antigas Alunas e pessoal docente e não-docente do IO. As Atuais Alunas ofereceram às Antigas Alunas e aos convidados não só duas exposições – Motivos de Natal e a “Magia a Cores – mas também um espetáculo no ginásio. Os presépios e árvores de Natal, criativos e originais, encontram-se expostos nos vários espaços do Instituto de Odivelas. A exposição “Magia a Cores” permitiu que as alunas despertassem para o Expressionismo abstrato de uma forma lúdica/ divertida. O Projeto de Pintura Drip’ARTe steered-drip inspirado no Action Painting (Pintura gestual) do pintor americano Jackson Pollock, foi desenvolvido com as duas turmas do 9º ano de Educação Visual e uma turma do 11º Curso de Artes Visuais. A apresentação e motivação da unidade de trabalho partiram do visionamento de um filme original do Pollock, e de um PowerPoint sobre o expressionismo abstrato. Neste tipo de pintura, o essencial está na expressão da individualidade, na espontaneidade e na subjetividade do pintor, manifestação individual, livre, gestual, sem projeto prévio e com ausência de modelos. LAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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O projeto iniciado em sala de aula com a pintura dos fundos foi concluído com o dripping e steered-drip no espaço ao ar livre da Quinta do Instituto de Odivelas. O espetáculo no ginásio foi dividido em três partes: um teatro apresentado pelas turmas do 7º ano sobre os perigos das redes sociais, um concerto com a orquestra de flautas das Alunas e uma apresentação da classe especial de ginástica, que incluiu uma réplica da ginástica sueca que foi introduzida em Portugal pelo Instituto de Odivelas. Enfim, um dia completo e cheio de emoções. As comemorações do 114º aniversário não ficaram só por aqui. No domingo
seguinte, a 19 de janeiro, a missa da igreja do IO foi transmitida pela TVI mais de 1 milhão de pessoas puderam observar ao vivo o aprumo, a dignidade das meninas de Odivelas. A 26 de janeiro, teve lugar o desfile das Alunas pelas ruas de Odivelas, que estava programada primeiramente para o dia 12, mas que devido ás condições climáticas (chova torrencialmente!) não pôde ser realizado. Este desfile foi acompanhado por muitas AA, Amigos e familiares que responderam ao apelo da AAAIO para estarem em Odvelas a acarinhar as Alunas. Um grupo de AA convocou paralelamente para a ação "Laços e Abraços" que teve lugar no Largo D. Dinis no final do desfile.
Discurso do Diretor do IO, Coronel Pato Exmo. Sr. Major General Cóias Ferreira, Diretor da Educação do Comando da Instrução e Doutrina do Exército É uma honra para todos nós, ter V. Ex.ª a presidir à cerimónia do centésimo décimo quarto aniversário do Instituto de Odivelas. Como Diretor deste estabelecimento militar de ensino, agradeço o apoio permanente do meu General, na orientação e na resolução dos problemas que podem afetar o Instituto, nomeadamente na área dos recursos humanos. O facto de V. Ex.ª ter sido Director do Colégio Militar, confere-lhe a experiência e a sensibilidade suficientes para compreender as vicissitudes e os pro24
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blemas dos estabelecimentos militares de ensino, apesar da unicidade deste Instituto. Agradeço esse apoio e essa proximidade, assim como realço a honra que nos dá com a presença de V. Ex.ª. Exma. Sr.ª Dr.ª Susana Amador, presidente da Câmara Municipal de Odivelas Muito nos honra e dignifica, a presença de V. Ex.ª nesta cerimónia. O anterior Diretor, o Sr. Coronel Bernardino Serra estabeleceu com o Município de Odivelas relações e canais de cooperação que seriam impensáveis há alguns anos atrás. Na qualidade de Diretor deste Instituto, pretendo manter e aprofundar esse relacionamento com a Câmara de Odivelas.
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Sou testemunha da forma como V. Ex.ª defendeu e defende publicamente este Instituto e outras instituições de inegável valor histórico localizadas neste jovem concelho. Odivelas é conhecida há mais de um século e estará sempre associada ao pioneirismo e vanguardismo no ensino em Portugal, graças a este Instituto. Vou passar a citar com a prévia autorização de V. Ex.ª o que a Sr.ª Presidente escreveu no nosso livro de honra no passado dia seis de Dezembro: “O Instituto de Odivelas faz parte intrínseca da história de Odivelas e confunde-se com o seu território e múltiplas vivências. O IO é um exemplo de sucesso educativo, de desenvolvimento integral e uma verdadeira escola de cidadania. Desejo sinceramente que nunca se apague esta ‘marca de água’ da nossa identidade, porque um município como Odivelas precisa de fontes de identidade, diferenciação e inovação, e o IO é um permanente íman de atratividade e competência crítica. Saúdo e louvo todos aqueles que contribuíram para esse sucesso coletivo, fonte de orgulho nacional” fim de citação. A Sr.ª Presidente termina com a frase do Padre António Vieira: “Só somos quando fazemos. Quando não fazemos, apenas duramos”. Sr.ª Presidente agradeço pessoalmente estas palavras de apoio tão oportunas e tão importantes para o Instituto. Exmo. MGen Alves Flambó, Diretor dos Serviços de Pessoal do Exército e Presidente do Conselho da Arma de Engenharia
Como Diretor do Instituto de Odivelas e como Oficial de Engenharia, agradeço e muito me honra a presença do meu General, Presidente do Conselho da minha Arma. Exma. Dr.ª Margarida Müller, Presidente da Associação das Antigas Alunas Saúdo e agradeço a presença sempre simpática de V. Ex.ª. Realço publicamente o excelente relacionamento institucional que existe entre a Direção do IO e a Associação das Antigas Alunas a que V. Ex.ª preside. A Associação é sempre um parceiro de referência e um parceiro incontornável no tocante à vida deste Instituto. Exmo. MGen Cardoso Perestrelo, Diretor da Doutrina Comando da Instrução e Doutrina Agradeço a presença de V. Ex.ª que muito nos honra. Faço votos que goste de passar este dia connosco. Exmo. Dr. Paulo Pereira, Presidente da Associação de Pais e de Encarregados de Educação Quero saudar de forma muito calorosa a Associação que V. Ex.ª preside, realçando a proximidade, o esforço, a presença e a preocupação permanentes com a atual situação do Instituto. Destaco o relacionamento franco e construtivo que tem havido com a Direção do Instituto. Saúdo todos os pais e encarregados de educação na pessoa de V. Ex.ª. Independentemente do momento que o Instituto vive, os pais continuam a LAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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acreditar nesta escola, sendo prova disso, o facto do Instituto ter iniciado o ano letivo com mais alunas do que o ano anterior, mesmo sem contar com o 5.º ano escolar, que não fomos autorizados a matricular. Com o 5.º ano, estima-se que o IO teria aumentado o número de alunas em 20%, passando a ter cerca de 350 alunas. Os pais e os encarregados de educação são as principais testemunhas dos resultados e da excelência da qualidade de ensino desta escola. Realço ainda o esforço que a Associação de Pais tem feito junto do poder político, no sentido de mostrar a excelência desta escola e de tentar reverter o conteúdo do despacho de S. Ex.ª, o Ministro da Defesa Nacional. – Exmo. Senhor Coronel Serra, anterior Diretor do IO; – Exmos. Diretores do Colégio Militar e do Instituto dos Pupilos do Exército; – Exmos. Srs. Presidentes da Junta de Freguesia de Odivelas, da Junta da Freguesia da Pontinha/Famões e da Junta de Freguesia da Ramada e Caneças; – Exmas. Autoridades Militares e Civis; – Exmas. Senhoras e Senhores Professores; – Exmos. Pais e Encarregados de Educação; – Funcionários civis e militares do Instituto de Odivelas; – Exmos. convidados; – Alunas do IO; – Antigas Alunas do IO A vossa presença em tão grande número engrandece e dignifica esta cerimónia que se pretende simples mas repleta de significado e de dignidade. 26
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Tal presença não estará certamente dissociada do momento atual que vive este Instituto. É costume nos dias da Unidade, o Comandante fazer um balanço do ano que passou. Ao avaliar de forma muito sucinta, os resultados do ano passado, verifica-se que a média da taxa de sucesso (entenda-se, aproveitamento escolar), foi superior a 93%. A média de saída das 20 alunas que terminaram o 12.º ano, foi de 16 valores, sendo a nota mínima de 14 valores e a nota máxima de 19 valores, havendo ainda duas alunas com média de 18 valores. Das alunas que este ano ingressaram no Ensino Superior, 67% entraram na 1.ª opção. Estes resultados dão bem uma ideia da excelência da qualidade de ensino que continua a ser apanágio desta Instituição. Foi ainda o Instituto de Odivelas classificado como a melhor escola pública no ensino do Português. Este sucesso só foi possível devido ao grande empenhamento e dedicação de todos aqueles que trabalham e servem nesta Casa. Estou a falar dos militares, do corpo docente e dos funcionários civis. Quero destacar o papel das funcionárias civis, algumas com cerca de 40 anos de serviço no IO, e que diariamente, com muito carinho e com muita dedicação, continuam a assegurar o funcionamento deste Instituto. Muitas destas funcionárias tratam as alunas como se fossem suas familiares, certamente que muitas
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das Antigas Alunas aqui presentes poderão testemunhar o que acabo de dizer. Esta escola criada em 1900 pelo irmão do Rei Dom Carlos, foi sempre um marco de referência pela inovação e pelo vanguardismo na Educação em Portugal. Desde a sua fundação, foi visitada por todos os reis e rainhas e por vários Presidentes da República. Todos eles reconheceram neste Instituto, uma escola completamente diferente de qualquer outra, caracterizada pelo pioneirismo e por um projeto educativo diferente, sempre muito avançado para a época e único em Portugal. Daqui saíram meninas que se transformam em cidadãs de referência para o País e pioneiras em muitas e diferentes áreas de atividade. O Instituto de Odivelas sempre foi e é um pólo catalisador de várias gerações de alunas, como se pode constatar com a vossa presença. Perente a situação atual, entendo a vossa afluência, como um toque a reunir das Antigas Alunas. Tal como as Antigas Alunas, as atuais Meninas de Odivelas continuam a demonstrar iniciativa, solidariedade, grande nobreza e uma inegável vontade de bem servir e de auxiliar aqueles que mais precisam. São exemplo disso, as muitas alunas que se mostram sempre disponíveis para apoiar causas sociais, como foram os casos recentes do almoço de Natal solidário aqui no IO, ou a recente angariação e distribuição de produtos de primeira necessidade por instituições de apoio social do concelho de Odivelas.
Realço ainda a vontade, o querer e o empenhamento que as alunas revelam quando se trata de representar o Instituto. Ciente que nem a Associação das Antigas Alunas, nem a Associação de Pais se conforma com a atual situação que o Instituto vive face ao despacho de S. Ex.ª o Ministro da Defesa Nacional, compreendo as ações desenvolvidas por estas duas Associações e não posso impedir que cada um use as influências que estão ao seu alcance, no sentido de fazer retroceder ou anularem aquele despacho. Sei que as alunas através da Associação de Pais enviaram um postal de Boas Festas a todos os senhores deputados da Assembleia da República. Também tive conhecimento que algumas Antigas Alunas dirigiram uma missiva a sua Santidade o Papa Francisco, tendo recebido uma bênção apostólica dirigida ao Instituto de Odivelas. Pelo grande respeito que este Instituto merece e pelo papel único que tem na história do País, termino deixando um apelo à Associação das Antigas Alunas e à Associação de Pais e de Encarregados de Educação, que caso entendam prosseguir com estas ações, que o façam sempre com grande elevação, mostrando a excelência e salvaguardando o bom nome, os valores e o prestígio do Instituto de Odivelas, no momento em que esta instituição celebra os seus 114 anos de existência que são também 114 anos de referência e de exemplo da Educação em Portugal. Disse. LAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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Discurso do Comandante de Batalhão, Aluna Ana Gorjão Uma vez mais estou perante vós, mas agora para celebrarmos o aniversário desta grande Instituição. Para nos unirmos e partilharmos o carinho que sentimos por esta casa, e por quem a constitui. Antes de mais gostaria de chamar a atenção para a maneira como, num dia tão especial, os números se combinam de uma forma tão mágica. Hoje é dia 14 do 1 do ano 2014, e o Instituto faz 114 anos. Será que é um feliz acaso ou uma ironia do destino? Que é engraçado, é, mas parece que só os números é que estão a nosso favor. Não posso deixar de expor a tristeza que me assola por, ao olhar para trás, sentir um desejo infinito de voltar a estar no vosso lugar, um desejo de voltar ao ponto de partida. Ser mais uma cara nova e reviver aquilo que vivi. Dava tudo para que o de este ano fosse o meu primeiro desfile e não o último. Quero sentir de novo que, ao acabar as férias, vou poder voltar para o meu refúgio. Costuma dizer-se que o Instituto é a nossa segunda casa, mas isso é até percebermos a intimidade entre nós, alunas, e a essência do IO. Sem dúvida alguma que, durante o ano, estou mais tempo neste colégio do que na minha própria casa. E por isso, o Instituto de Odivelas, não é a segunda, mas a minha primeira casa. Quando sair do Instituto sei que terei sempre presente a sensação de que 28
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me faltará algo, a sensação de que estou incompleta. O tempo passa e sem darmos conta, os corredores serão outros. Vamos viver sítios que não são os nossos, ver caras que não nos são familiares e ouvir vozes que nos soam desconhecidas. Vemo-nos então forçadas a sair, sabendo que, a partir de agora serão apenas memórias. Ainda assim, teremos sempre a necessidade de revivê-las. E por isso somos hoje honradas com a presença de tantas antigas alunas. Elas sabem porque é que voltaram. Este aniversário do Instituto é, sem dúvida, um dos que vou relembrar com maior nostalgia, talvez por ser Comandante de Batalhão, talvez por ter esperança de que este não seja o último, ou simplesmente por este marcar o fim do meu percurso. Mas qual é a verdadeira razão de estarmos aqui reunidas hoje? Com o 14 de janeiro não celebramos apenas a data em que este Instituto foi fundado pelo irmão do rei D. Carlos, Infante D. Afonso. Não celebramos apenas a existência de um colégio que perdura há mais de um século e que tem educado tantas mulheres ilustres e pioneiras em vários setores da sociedade. Celebrar o 114.º aniversário desta casa também significa reunir verdadeiras irmãs, numa homenagem às experiências inesquecíveis que o Instituto lhes proporcionou. Aqui, hoje, revivem-se momentos passados, reencontram-se
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cantos, caras conhecidas e a atual aluna com o mesmo número. Tudo, ao sabor do familiar amarelo de carne. Este ano, infelizmente, vivemos sobre uma atmosfera de incerteza e dúvida. Foi anunciado o fim de um legado de tradições por decisões néscias e dificilmente entendidas pelos diretamente afetados. Decisões essas que foram tomadas pela economia e não pelo coração. Adaptando o que já Camões dizia, “Um fraco rei não faz fraco um forte povo”. Poderá parecer, para alguns, um exagero, mas de facto, andar neste colégio, marcará para sempre as meninas que aqui se tornaram mulheres. Numa outra escola também o poderíamos ser. Mas há certos valores que quem nunca por cá passou não consegue compreender, não por falta de capacidade, mas
porque transmitir tudo aquilo que aqui aprendemos é impossível. Não cabe em meras palavras e só poderá ser entendido por quem aqui viveu. Irei desfilar uma última vez à frente de um batalhão de irmãs. Esta é a nossa oportunidade. A oportunidade de as “meninas de Odivelas” mostrarem a Portugal o orgulho com que sobem e descem as ruas do concelho, sempre de cabeça erguida, mostrando o brio aguçado de quem desfila com o esforço de querer e a vontade de brilhar. Esta é a oportunidade de mostrarmos a todos os que nos querem ver fechar as portas, que Odivelas chorará a nossa partida. Finalmente, esta é a oportunidade de mostrar porque somos orgulho nacional! Porque somos um batalhão, unido, somos Meninas de Portugal e iremos sempre Cada Vez Mais Alto.
114 anos de ensino de excelência Pela continuidade do INSTITUTO DE ODIVELAS Para a maioria das pessoas, o dia 14 de janeiro é pura e simplesmente o 14.º dia do ano de qualquer ano e que estamos a 351 dias para o final desse ano que agora mesmo começou. Para as Alunas do Instituto de Odivelas, o 14 de Janeiro é um dia especial. Um dia em que não têm aulas pois é o dia em que se comemora o aniversário do IO.
Para nós, Antigas Alunas, o dia 14 de janeiro é um dia de matar saudades. Saudades da nossa escola onde passámos tantos dias bons e tantos dias maus. Dias em que sonhávamos com a nossa liberdade fora destas paredes, mas dias em que não nos víamos a estar lá fora sem as nossas amigas com quem passávamos 24 horas por dia e seis dias por semana (algumas até muitos meses por ano). Tempos houve em que as AluLAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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nas passavam meses e meses aqui sem ir a casa. As colegas e as professoras tornavam-se então a sua família. O Instituto de Odivelas é assim uma escola muito especial, uma escola onde os afetos são tão importantes como as matérias curriculares que aqui nos ensinam. Aqui aprende-se igualmente a solidariedade, a partilha, a verdade. Aqui aprendemos a desenvolver o sentido do dever e da honra, a integridade moral, espírito de disciplina e noção de responsabilidade. O Instituto de Odivelas é um espaço educativo de alto nível, capaz de despertar e estimular a curiosidade científica, o espírito crítico, ideais de ação em prol da comunidade e espírito de camaradagem. Uma escola com um curriculum de excelência como o do Instituto de Odivelas é única no panorama escolar português. E assim se tem mantido ao longo dos seus 114 anos de existência. E assim se irá manter ainda durante largos anos. Os governantes vêm e vão, o Instituto de Odivelas fica.
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Tendo em conta a excelência de resultados em vários campos deste Colégio já centenário, aliada ao facto de a utilização do espaço, nomeadamente do núcleo monumental, ter contribuído indubitavelmente para a preservação do património, consideramos um erro crasso encerrar o Instituto de Odivelas. Desde sempre, a AAAIO tem defendido a sua escola, sempre que têm surgido ataques gulosos. Fê-lo após o 25 de Abril, fê-lo nos anos 80 e 90 e é o que tem feito nos últimos dois anos. Defendemos uma escola pública com ensino diferenciado. Defendemos o nosso Instituto de Odivelas e continuaremos a lutar pelo seu projeto educativo. Aqui nos ensinaram a não baixar os braços, a lutar pelos nossos ideais – não é assim o nosso hino? PELA CONTINUIDADE DO INSTITUTO DE ODIVELAS Duc in altum – Cada vez mais alto. 2014/01/14
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Wo l f r a m B e r n d S c h ä f e r *
Considerações sobre o Forte de Santo António do Estoril
N
asci sem saber que a imaginação iria transformar-se um dia em taipa, que iria revestir-se em madeira e alvenaria e entrei neste forte e descobri. Descobri muros antigos do arquiteto Giovanni Vicenzo Casale, muros à espera de italianos e holandeses, muros do tempo da exploração do espaço geográfico. Enquanto as distâncias se reduziram em proximidades, foi este o tempo em que uma visão global conseguiu conquistar a
consciência histórica.
Degraus brancos e cinzentos que o viajante encontra fazem com que, inevitavelmente, saia da condição de simples turista. São os olhos que começam a sentir uma curiosidade complexa: como é que este sítio estabelece uma ligação entre o meu presente e este passado ou – mais importante – o meu futuro? Queira o visitante o que quiser: não é só pelos azulejos e também não pelos versos de Camões que deseja partir à descoberta. Muitas vezes já viu coisa parecida. Sobe as escadas largas O abrigo das imaginações à direita, vira à esquerda e aí vê o terraço e exclama: eis as portas do sol! onde o sal é azul
como o mar e o açúcar é
Enganou-se. A água salgada e azul já é do azul como o céu. mar e quando irá reparar que estas pedras não pertencem ao Castelo de São Jorge de Lisboa. E também na escuridão que ainda se esconde nas esquinas, atrás de portas e neste enigma de uma igreja mínima, testemunha que o sítio é bem diferente. De quantas vidas é preciso para decifrarmos os episódios vividos aqui? Uma tela do tamanho e da beleza deste horizonte será suficiente para enquadrar os risos, e receios, sonhos e aborrecimentos dos rostos inumeráveis que passaram por aqui e ali, lá em baixo e lá em cima, onde não só o viajante se sente seduzido pelo sino? Será que vai tocá-lo? Se tocar, não se sabe o que vai acontecer. Sabe-se lá, abre-se uma porta e aparece uma menina * Genro da AA Ana Maria de Oliveira Vilela – nº 38/1964.
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do Instituto Odivelas, uma menina que está cheia de apetite e que durante um tempo considerável tinha saudades das receitas. Um sítio para meninas? Tem-no sido durante muito tempo de pés na areia de uma praia de luxo. O abrigo das imaginações onde o sal é azul como o mar e o açúcar é azul como o céu. No entanto, os cacifos e as camas das meninas são cor-de-rosa. À noite tornaram-se amigas, contaram verdades e mentiras. Repito, não importa como é que intendemos visitar o Forte de Santo António
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do Estoril. Podemos ser crianças, historiadores, turistas, namorados, chefes de estado ou de cozinha: o Forte vai-nos libertar das nossas expectativas e transformá-las. Ainda bem. Vamos redescobrir a curiosidade e, de repente, vemos que hoje o que Giovanni Vicenzo Casale fez não foi dar uma estrutura arquitetónica a um forte, mas deu-nos como presente único e inesquecível uma estrutura para a nossa imaginação que através deste forte viaja pelo tempo e pelo espaço. Uma tarefa impossível foi limitar a curiosidade. E inevitável será falar do Forte e voltar.
Agenda Data
Hora
Atividade
Local
29 de janeiro
18h
Encontro com a Gastronomia – Arroz
Sala de Culinária do IO
12 de fevereiro
18h
Encontro com a Gastronomia – Receitas do colégio
Sala de Culinária do IO
19 de fevereiro
Visita ao Museu da Música – Poesia no museu (a confirmar)
19 de março
Visita à Casa Fernando Pessoa
19 de março
18h
Encontro com a Gastronomia – Pão e petiscos (a confirmar)
Sala de Culinária do IO
2 de abril
18h
Encontro com a Gastronomia – Comida grega (a confirmar)
Sala de Culinária do IO
16 de abril
Esplanada em Cascais
14 de maio
18h
Encontro com a Gastronomia – Comida russa (a confirmar)
Sala de Culinária do IO
4 de junho
18h
Encontro com a Gastronomia – Comida da América do Sul e Central (a confirmar)
Sala de Culinária do IO
9 de julho
18h
Encontro com a Gastronomia – Cozinhar para crianças (a confirmar)
Sala de Culinária do IO
Plano semanal das actividades sócio-culturais do Lar “Nova Casa”
SEGUNDA-FEIRA
MISSA (Capelão Padre Borges)
TERÇA-FEIRA
Sem actividades, devido à consulta médica que decorre nesta hora
QUARTA-FEIRA
Tarde SESSÃO CORAL 15 em 15 dias (Voluntárias Maria Emília, Teresa Pacetti e Teresa Neves)
SESSÃO DE CINEMA (Assistente Social Andreia Martins)
PASSEIO 1 x por mês (Voluntárias Helena Cavaco e Dália Lacerda)
TEATRO DA LUZ QUINTA-FEIRA
SEXTA-FEIRA
(Programa da Antena 1 “Viva a Música”)
TRABALHOS MANUAIS (Voluntária Dália Lacerda)
Manhã
AGENDA
Pa r a f i c a r i n f o r m a d o s o b r e t o d a s a s a c t i v i d a d e s d a A A A I O p a r a 2 0 1 4
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ANTIGA ALUNA
O QUE É FEITO DE TI, AA?
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M . M a r g a r i d a Pe r e i r a - M ü l l e r – A A N º 2 4 4 / 1 9 6 7
Angela Marques de Athayde, Uma europeísta convicta
J
á no tempo do colégio, a Angela Verónica Raynal Saraiva Marques de Athayde, AA Nº 252/1966, estava mais ligada à Europa do que nós outras. Com uma mãe britânica, Angela e as irmãs não eram só portuguesas. Não há dúvida de que em pequenino se lançam as sementes e assim estava posta a germinar a semente europeísta.
Após terminar o curso secundário no IO, com apenas 16 anos, Angela inscreveu-se na Faculdade de Direito de Lisboa, mas tendo em conta a atribulada época revolucionária que se vivia acabou por ir para Genebra onde tira o curso de Estudos Franceses da Faculdade de Letras da Universidade de Genebra, seguindo-se, nessa mesma Universidade, mas no Instituto Universitário de Altos Estudos Internacionais, a licenciatura em Direito e Relações Internacionais que terminou em 1981.
O que aprendi no colégio contribuiu para desenvolver um espírito pautado por normas e referências úteis para o futuro
É então que se candidata a um estágio na Comissão das Comunidades Europeias, primeiro no Departamento de Relações Externas e depois no Serviço de Interpretação. Angela consegue finalmente juntar as suas duas paixões: línguas e Direito. Ao terminar o estágio em 1982, é-lhe oferecido um contrato temporário na Comissão, onde fica a trabalhar durante seis anos. Em 1988, uma vez concretizada a adesão de Portugal, passa a funcionária das instituições europeias, tendo trabalhado na Delegação do Conselho de Ministros junto das Nações Unidas em Genebra, em
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O QUE É FEITO DE TI, AA?
Direções gerais da Comissão Europeia em Bruxelas (Relações Externas, Desenvolvimento, Alargamento/Turquia), e estando desde 2011 na Direção Geral do Alargamento/Albânia (reforma do sistema judicial), após uma temporada em Roma, no Ministério italiano dos Negócios Estrangeiros. Como se vê a Europa é o seu mundo. Mas será que o Instituto de Odivelas teve influência no seu estilo de vida e na sua carreira profissional, que vai de sucesso em sucesso? “A disciplina rigorosa do internato, com saídas somente aos sábados – e de acordo com as notas – o ter de fazer a cama impecavelmente todos os dias, de lavar os lavatórios (com potassa!), e tomar o pequeno-almoço em silêncio após a regular oração da manhã, tudo isto contribuiu para desenvolver um espírito pautado por normas e referências úteis para o futuro”. Angela aponta ainda o ensino muito completo a que teve acesso no IO com “aulas teóricas e práticas, incluindo disciplinas como Latim, Puericultura, Culinária, Costura, Bordados, Arte de Bem Dizer, Economia Doméstica, Higiene, Primeiros Socorros, História
de Arte, Música e Orfeão, entre outras que fazem do IO um estabelecimento de ensino com um projeto pedagógico sui generis”. Angela resume assim o que o Instituto evoca nela: “Excelente formação escolar, conhecimentos linguísticos aprofundados, capacidade de adaptação, autonomia, ordem, cortesia e boas maneiras, bem como valores de inspiração cristã, tais como: honestidade, código de ética, solidariedade e respeito pelos outros”. Enfim, ter estado no IO é uma inestimável mais-valia pessoal e profissional.
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CARTAS À REDAÇÃO
C A R TA S À R E D A Ç Ã O
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a fugacidade da vida não existem momentos, horas, minutos ou segundos para agradecer. Porque reconhecemos que aprendemos na sapiência das palavras, dos gestos e dos sorrisos. Porque vivemos a simplicidade de momentos, onde a diferença de idades é um mero pormenor
Onde as horas nem sempre precisam de palavras pertinentes para que haja um entendimento cúmplice, onde os gestos e os sorrisos são a plenitude de uma partilha acarinhada!
Este é o momento, a hora, o minuto, o segundo para agradecer.
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Obrigada amiga Maria de Lurdes Santana pela riqueza da sua amizade! A sempre amiga Andreia Costa
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Rosário Silva Residente na Casa Nova A 18/09/2013
Maria do Céu Cruz Residente na Casa Nova A 06/09/2013
Ivone Santos Residente na Casa Nova A 17/10/2013
Maria do Carmo Ribeiro Residente na Casa Nova A 17/11/2013
Maria Alice Cubo Residente na Casa Nova A 08/01/2014
Virgília Pacheco Residente na Casa Nova A 17/01/2014
Ana Isabel Almeida e Brito AA 216/1967 A 21/01/2014
Infelizmente não somos eternos e é sempre com pesar que dizemos adeus a colegas e residentes
IN MEMORIAM
I N ME MO R I AM
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IN MEMORIAM
M . M a r g a r i d a Pe r e i r a - M ü l l e r – A A N º 2 4 4 / 1 9 6 7
Adeus, Luna Andermat!
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o início de novembro de 2013, Maria Antónia Luna Andermatt, A.A. nº 63/1935, partiu. Foi dançar para o céu. Conheci-a há alguns anos quando a entrevistei para a LAÇOS. Até lá só lhe conhecia o nome, e a mística que rodeava esta grande impulsionadora do bailado em Portugal. Em que estado de desenvolvimento se encontraria o Bailado Clássico em Portugal se ela não tivesse lutado com toda a sua energia pela dignificação e qualificação do ballet? Como escreveu Miguel Lyzarro, Maria Antónia “dedicou a sua vida à causa da dança, desenvolvendo uma ação pioneira e particularmente contributiva no que concerne a divulgação do bailado e a criação de estruturas oficiais no nosso país”.
Maria Antónia era uma mulher simples, muito simpática e muito amiga da AAAIO – não fora a sua Mãe, Maria João Luna Andermatt, ter sido a sua primeira presidente. Graças à sua grande força de vontade selvagem, à sua muita tenacidade e ao seu empenhamento, treinando de manhã, à tarde e à noite, horas e horas seguidas, chegou ao expoente que conhecemos. Após estudos em Londres, como bolseira do Instituto de Alta Cultura, onde frequentou a escola Sadler’s Wells e trabalhou com o mestre russo Goncharov. Regressou a Portugal cheia de sonhos. Entra para o Círculo de Iniciação Coreográfica (CIO) e mais tarde, cria nas instalações do Teatro Nacional de São Carlos o Centro de Estudos de Bailado do Instituto de Alta Cultura com o objetivo de formar Luna Andermatt bailarinos para uma futura companhia. Em 1961, juntamente com o marido, Francisco de Assis Brás está agora a dançar de Oliveira, cria a Companhia Portuguesa de Baino céu lado com a intenção de mais tarde se transformar na Companhia Nacional de Bailado. Entre 1967 e 1970, teve dois programas quinzenais na RTP: “Metamorfoses da dança”, sobre a história do bailado, e “Do Estúdio ao Palco”, sobre os bastidores do espetáculo. Em 1977, realiza finalmente o seu sonho e cria a Companhia Nacional de Bailado. Do seu tempo no IO dizia: “Gostei muito do colégio durante os primeiros quatro anos. Sentia-se um grande carinho por parte da direção, o Coronel Simas. Havia um ambiente familiar. Apesar de sermos muitas, éramos bem cuidadas. Tive profes38
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IN MEMORIAM
sores muito bons que acompanhavam muito bem as alunas”. No 5º ano da sua frequência do colégio, tudo mudou. O Coronel Simas saiu e entrou uma direção só feminina, que deixou de gerir o colégio com aquele cunho familiar do tempo do Coronel Simas. E Maria Antónia
saiu do IO. Sentiu porém sempre que foi bem preparada no colégio, pois os professores eram muito bons. Há poucos anos, criou a Companhia M a i o r, f o r m a d a por profissionais do teatro, dança e música, com mais de 60 anos. Agora está no céu a dançar.
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I N MEMO RI A M
IN MEMORIAM
Joaquina Cadete Phillimore – AA Nº 193/1960
Uma sócia honorária da AAAIO
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ão foi “entronizada” oficialmente como sócia honorária da AAAIO, mas é-o sem dúvida para quantas de nós tiveram o gosto e o privilégio de com ela privar. Falo de Maria Lídia Alves Pereira, dona de um sorriso cativante, que, recentemente, nos deixou e era presença assídua na nossa Casa há mais de 15 anos.
Mãe de duas AA, a Helena Alves Pereira e a Margarida Pereira-Müller, colaborou ativamente, enquanto a saúde lho permitiu em todas as atividades que a AAAIO promovia e, mesmo quando já tinha dificuldade em se movimentar, continuou a ser presença habitual na Missa semanal, nas festas de Natal, no magusto, nos 3 Santos. Participou na Marcha das Rosas em cadeira de rodas e, no fim, afirmou que tinha gostado muito. Colaborava em trabalhos “manuais”, como os lacinhos para os almoços do 14 de janeiro e se, à medida que o tempo passava, revelava talvez mais dificuldade motora, o entusiasmo, esse, era o mesmo de sempre. Pessoalmente, reencontrar de forma mais constante, ao longo dos últimos três anos, uma Amiga de família de longa data que sempre me dizia “gostei de te ver” foi um recordar muitos momentos com entes queridos já desaparecidos, alguns precocemente. Querida Tia Maria Lídia, descanse em paz e pode estar certa que a sua memória estará sempre nesta Casa que também era sua.
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08 de novembro de 2012
E
xmo. Sr. General Rovisco Duarte, Comandante da Instrução e Doutrina do Exército É uma honra para todos nós, ter V. Ex.ª a presidir a esta cerimónia. O que conheço do meu General e do trabalho desenvolvido por V. Ex.ª nos últimos 30 anos, são para o Diretor do Instituto de Odivelas, garantia suficiente que o meu General tudo fará no seio do Exército para que nestes tempos particularmente difíceis, a qualidade do ensino e de todos os indicadores de excelência deste estabelecimento militar de ensino se mantenham ou melhorem. Sendo esta a 1ª cerimónia oficial neste Instituto em que o meu General está presente na qualidade de Comandante da Instrução e Doutrina, quero aproveitar para desejar publicamente a V. Ex.ª, os votos das maiores venturas e realizações nestas novas e difíceis funções. Exma. Sra Dra Susana Amador, Presidente da Câmara Municipal de Odivelas Muito nos honra e dignifica, a presença de V. Ex.ª nesta cerimónia.
Aproveito para felicitá-la pela recente reeleição na presidência deste município. Quero ainda desejar a V. Ex.ª, os votos dos maiores sucessos para este novo mandato. Como ex-Comandante do Regimento de Engenharia da Pontinha, sou testemunha da forma como defendeu publicamente este Instituto e outras instituições de inegável valor histórico localizadas neste município. Tudo me leva a crer que V. Ex.ª continuará a bater-se por este Instituto e por tudo que ele representa para Odivelas. A marca Instituto de Odivelas associada ao pioneirismo e vanguardismo no ensino em Portugal, deu a conhecer o nome de Odivelas a todo o país, desde os finais da monarquia. O anterior Director, o Sr. Coronel Bernardino Serra estabeleceu com o município de Odivelas relações e canais de cooperação que seriam impensáveis há alguns anos atrás. Na qualidade de Director deste Instituto, pretendo manter e aprofundar esse relacionamento com a Câmara de Odivelas.
Discurso do Diretor do IO na abertura solene das aulas
NOTÍCIAS DO IO
NO T Í CI AS D O I O
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NO T Í C I A S DO IO
Exmo. Sr. Gen Cóias Ferreira, Director de Educação Desde a minha chegada ao Instituto, tenho sentido o apoio permanente do meu General na orientação e na resolução dos problemas que poderiam afectar o início do ano escolar. Agradeço esse apoio e essa proximidade, assim como realço a honra que nos dá com a presença de V. Ex.ª. Exma. Dra Margarida Müller, Presidente da Associação das Antigas Alunas
– Funcionários civis e militares do Instituto de Odivelas; – Srs. convidados; – Alunas do IO; a vossa presença engrandece e dignifica esta cerimónia que se pretende simples mas repleta de significado e de dignidade. Tal presença em tão grande número, não estará certamente dissociada do momento actual que vive este Instituto. Meu General
Saúdo e agradeço a presença de V. Ex.ª pretendo publicamente realçar o excelente relacionamento institucional que existe entre a Direcção do IO e a Associação que V. Ex.ª preside. Os conselhos e sugestões que fazem à Direcção, resultantes do profundo conhecimento e da vivência que tiveram dentro destas paredes, fazem da Associação das Antigas alunas um parceiro incontornável.
Permita-me V. Ex.ª que diriga uma saudação amiga e muito especial ao meu antecessor, o Sr. Coronel Bernardino Serra, pela marca profunda que deixou neste Instituto, caracterizada pelo muito e notável trabalho que desenvolveu em apenas dois anos.
Saúdo igualmente de forma muito calorosa a Associação de Pais e Encarregados de Educação, na pessoa do seu Presidente, o Exmo. Dr. Paulo Dias Pereira. Destaco o relacionamento franco e construtivo que tem havido com a Direcção do Instituto.
A abertura solene marca formalmente, o início de um novo ano lectivo, mas é também o evento ideal para dar a conhecer perante os pais e encarregados de educação, os resultados do ano anterior. É tambem o momento de reconhecer as alunas que mais se esforçaram e mais se distinguiram pelas classificações obtidas.
– Exmos. Srs. Oficiais Generais; – Exmos. senhores anteriores Directores do IO; – Exmos. Srs. Presidentes da Junta de Freguesia de Odivelas e da Junta da Freguesia da Pontinha/Famões; – Exmos. Senhores Representantes das Embaixadas de Países Amigos; – Exmas. autoridades militares e civis; – Exmas. senhoras e senhores professores; – Exmos. pais e encarregados de educação; 42
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Pedia a todos uma salva de palmas em homenagem à pessoa e ao trabalho desenvolvido pelo Sr. Cor. Serra
Ao avaliarmos de forma muito sucinta, os resultados do ano passado, Verificamos que as taxas de sucesso, entenda-se de aproveitamento, foram as seguintes: 5º ano – 96%, 6º ano – 100%, 7º ano – 93%, 8º ano – 95%, 9º ano – 83%,
NO T Í CI AS D O I O
10º ano – 93%, 11º ano – 100%, 12º ano – 87%, A média global de aproveitamento de todos os anos foi de 93,4%. Das 20 alunas que terminaram o 12º ano, a nota mínima foi de 14 valores, destacando-se uma aluna com média de 19 valores e duas alunas com média de 18 valores. Estas notas enchem de orgulho e de vaidade qualquer pai, mas tambem todos aqueles que prestam serviço no IO. Das alunas que este ano ingressaram no ensino superior, 67% entraram na 1ª opção. Estes resultados dão bem uma idéia da excelência da qualidade de ensino que é ministrado nesta respeitável e histórica instituição. Foi ainda o Instituto de Odivelas classificado como a melhor escola pública no ensino do português. Este sucesso só foi possível devido ao grande empenhamento e dedicação de todos aqueles que trabalham e servem neste Instituto e que sentem esta casa como sua. Estou a falar dos militares, dos funcionários civis e principalmente de todo o corpo docente, pela grande dedicação e empenhamento. Peço ao corpo docente que se levante e que lhe seja dirigida uma salva de palmas. Não posso deixar de realçar tambem, o papel de todas as funcionárias civis, algumas com mais de 40 anos de serviço nesta casa e que com muito carinho e com muita dedicação asseguram o funcionamento deste Instituto. Muitas destas funcionárias tratam as alunas como se fossem suas familiares.
Esta escola criada em 1900 pelo irmão do Rei Dom Carlos, foi sempre um marco de referencia pela inovação e pelo vanguardismo na educação em Portugal. Desde a sua fundação, foi visitada por todos os reis e rainhas e por vários Presidentes da República. Todos eles reconhecerem neste Instituto, uma escola completamente diferente de qualquer outra, caracterizada por um projecto educativo diferente, sempre muito avançado para a época e único no País. Meu General O despacho de S. Ex.ª o ministro da Defesa Nacional que prevê a extinção deste Instituto em 2015 tem criado profundas e sérias dificuldades quanto à vinda de novos professores, funcionários civis e alunas, fruto da incerteza e instabilidade que o mesmo criou. Apelo ao meu General para que no seio do Exército, faça as diligências que achar por convenientes, para que essas dificuldades não venham a afectar a qualidade e a excelência a que o IO nos habituou. Apesar da incerteza e da instabilidade criadas, os pais e encarregados de educação não tiveram dúvidas em continuar a apostar no Instituto de Odivelas, tendo esta escola começado o ano lectivo com mais alunas que o ano anterior, apesar de ter deixado de existir o 5º ano. Com o 5º ano, estima-se que o io teria aumentado o número de alunas em cerca de 20%. Os pais e os encarregados de educação são as principais testemunhas dos resultados e da excelência da qualidade de ensino desta escola. Ano após ano, constatam de forma evi-dente que as meninas que cá matricularam se vão transformando em jovens cidadãs exemplares com capacidade de LAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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NO T Í C I A S DO IO
organização, com métodos de trabalho e com sólidos valores que a sociedade infelizmente vai escondendo, mas que inevitavelmente surgirão nas alturas de decisão. Essas capacidades e valores são sinónimo de grande vantagem quando comparadas com alunas de outras escolas ou da mesma idade. Mas nem tudo são rosas neste Instituto. Todos os que aqui prestam serviço sentem-se atingidos por um profundo sentimento de injustiça resultante da situação entretanto criada com aquele despacho. A questão que colocam, é: “Como é possível extinguir uma escola de excelência que desde a sua criação, foi sempre uma referencia no ensino no nosso país e que deu ao país cidadãs que são referencias nacionais e pioneiras em várias áreas da sociedade? Ainda esta semana fomos infelizmente surpreendidos pela comunicação social com o falecimento de Maria Antónia Luna Andermatt (a quem aqui presto justa homenagem), foi ex aluna do IO com o nº 63/1935, fundadora em 1954 do Centro de Estudos de Bailado do Teatro Nacional de São Carlos e fundadora sete anos mais tarde, em 1961 da Companhia Portuguesa de Bailado que mais tarde passou a designar-se por Companhia Nacional de Bailado.
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Esse sentimento de injustiça é ainda agravado por notícias recentes passadas num canal de televisão, onde é reportado que o estado “despeja” dinheiro público em escolas que até hoje nada provaram quanto ao mérito ou quanto à simples necessidade de existirem. Conscientes da actual realidade e das consequencias futuras, todos que aqui servem alimentam a esperança da extinção não vir a ser consumada, até por se tratar de uma acção futura. No íntimo de cada um, existe a ilusão e a esperança na reversibilidade de todo este processo. É esse sentimento, essa vontade e esse brio que levam as pessoas a exigirem mais de si próprias e a tentarem fazer ainda mais e melhor. Meu General Como Director do Instituto de Odivelas posso garantir a V. Ex.ª, assim como aos pais e encarregados de educação que tudo faremos para que o Instituto de Odivelas continue a manter a qualidade do ensino e a ser a escola de referencia a que nos habituou ao longo dos 113 anos da sua existência. Disse.
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Alocução da Comandante de Batalhão
B
oa tarde a todos os presentes, Exmos. Convidados; Pais e Encarregados de Educação; Minhas Senhoras e Meus Senhores; Caras alunas, Oito anos se passaram desde o dia em que cheguei como aluna n.º 143, um número muito especial que partilho com a minha avó Antiga Aluna n.º 143, Maria Hermínia Marques. E isto é o Instituto de Odivelas! Uma sucessão de gerações, que se unem nas suas vivências. Vivências essas distantes no tempo, mas tão próximas na sua intensidade. O tempo passou sem eu ter dado conta, também já fui a criança que vocês, alunas mais novas, são hoje. Fiz inúmeras asneiras e fui castigada por isso e até por coisas que não fiz. Chorei com saudades de casa e questionei-me tantas vezes o porquê destas regras que me pareciam tão rígidas. Ontem era uma menina sensível que, na sua pequenez se perdia na imensidão destes corredores. Hoje, sou Comandante de Batalhão. Carrego aos ombros o peso de uma instituição e o que o seu nome implica e certamente, num amanhã próximo, uma de vocês tomará o meu lugar. Relembro o dia em que pisei pela primeira vez as pedras centenárias dos nossos claustros por onde já passaram tantas outras figuras, reis, rainhas e, claro, ilustres mulheres que contribuem para uma melhor sociedade. E é com orgulho que revejo cada uma delas em cada uma de nós.
Fazer parte deste Instituto fez de mim a mulher que sou hoje. Uma mulher preparada para vencer, uma mulher que nunca desiste perante as adversidades. Mas como eu, são e serão todas vocês. Todas as 277 mulheres que fazem este Instituto. Mas não estamos sós. Somos diariamente acompanhadas pelo nosso corpo docente. Assim, quero aproveitar este momento solene para fazer, em nome de todas as alunas, alguns agradecimentos especiais: Aos funcionários desta nobre Instituição que por vezes passam despercebidos, que estão sempre na linha da frente, mas de rosto escondido, pois trabalham na sombra para que a luz do Instituto nunca se apague. Aos professores, que constituem o principal pilar desta Instituição, facultando-nos uma educação privilegiada, que vai muito para além daquilo que é a sua obrigação. Estes constituem um porto seguro, uma força motivadora e, atrevo-me mesmo a dizer, que muitos dos meus professores foram e são também meus amigos. Queria agradecer com especial afeto àqueles que tristemente se viram obrigados a abandonar esta casa que também já era sua. Aos pais por confiarem a educação das suas filhas ao Instituto. Muitos fazem um esforço incalculável para lhes proporcionar uma boa educação que sirva de alicerce para a vida. Nós, como alunas mais velhas, preparamos as novatas para os futuros anos neste Colégio. Vão ser difíceis, porque assim o devem ser. E, por experiência própria digo-vos que LAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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poderão surgir algumas dificuldades de adaptação, mas é normal, pois este mundo é-lhes desconhecido e sentem a falta do lar a que estavam tão habituadas. Contudo, peço-vos que confiem em nós, alunas finalistas, e em todo o corpo docente deste colégio, pois temos como objetivo proporcionar um ambiente familiar a todas as alunas, para que adotem este Instituto como uma segunda casa. À Associação de Pais e de Antigas Alunas, que tão presentes têm estado ultimamente e que fizeram por nós mais do que poderíamos sequer pedir. Este grupo tem sido incansável, e graças a ele é possível estabelecer o equilíbrio entre as alunas e o corpo docente. Em nome de todas, agradeço o tempo dispensado que, aliado à sua devoção a esta casa, nos têm mantido firmes. À Direção, por reconhecer o difícil momento que estamos a atravessar, não deixando, por isso, de nos garantir a qualidade de uma educação rigorosa e de nos exigir disciplina, dignas de um estabelecimento militar de ensino como o Instituto de Odivelas. É com apreço que acolhemos nesta casa o novo diretor, Coronel Pato, que tem dado continuidade aos trabalhos da Direção anterior. Em nome desta grande família, um nosso sincero "obrigada" por aceitar estes 277 desafios. À classe de finalistas, 12.º ano, o meu ano, por me apoiarem em todos os momentos, principalmente quando o trabalho e a responsabilidade falam mais alto. Crescemos todas juntas e fomos sonhando com a oportunidade de ensinar às outras alunas aquilo que outras acima de nós nos ensinaram durante tantos anos. Chegou a oportunidade pela qual tanto ansiávamos e acredito que este será um ano que nenhuma de nós esquecerá.
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Por fim, dirijo as minhas últimas menções de apreço ao Batalhão diante de mim. As alunas que saem do Instituto podem ser mulheres exemplares, com valores de liderança e responsabilidade que não são transmitidos noutras escolas. Mas, infelizmente, a qualidade do nosso Instituto não é medida pela integridade de cada uma de nós, mas sim por resultados, por rankings académicos. Por isso, como alunas, temos que nos concentrar e, como nunca, conseguir uns resultados escolares exemplares. Eu sei que as regras são muitas, a exigência é elevada e que por vezes ficamos desanimadas. Mas digo-vos, mais tarde vão valorizar aquilo que aprenderam aqui no Instituto e vão sentir saudades de todos os pormenores, até mesmo das ordens, que contrariadas, tiveram de cumprir. A união em momentos como este é fundamental, temos que conseguir levar esta instituição cada vez mais alto, como dita a sua divisa. A garantia do futuro do IO está nas nossas mãos. Certifiquem-se que são dignas do nome desta casa, da farda que por ela envergam. Abracem a exigência do dia-a-dia e transformem-na em experiências memoráveis. Tenham orgulho em estudar neste colégio tão diferente e único. Num colégio em que as amizades perduram e a quem se um dia chamámos de "irmã", o é para a vida. Num colégio em que cada reprimenda nos acompanhará e servirá de aventura ou história para contarmos às nossas netas. Num colégio onde ser menina de Odivelas uma vez é ser menina de Odivelas para sempre. Num colégio que nos agarra com as duas mãos e que quando nos deixa tropeçar é com o intuito de aprendermos a não voltar a cair. Num colégio em que a cada dia que passa ele se torna mais nosso e nós mais dele.
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Acreditem que sermos Meninas de Odivelas significa sermos mulheres que não desistem, mulheres que escolhem o percurso difícil porque têm a certeza que esse nos trará mais frutos. E desta vez não será exceção: faremos frente aos obstáculos e,
mesmo que a justiça não vingue o nome do Instituto, nós, como antigas alunas, o faremos. Porque guerras não destroem história, enriquecem-na. Obrigadada a todos.
Marcos que fazem a diferença*
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o ser confrontada com o projeto de vir a estar perante vós, no dia de hoje, para falar sobre o Instituto de Odivelas (Infante D. Affonso), senti a minha pequenez no conhecimento da grande história desta casa. Por isso, não quero deixar de expressar o meu apreço a quantos me ajudaram no conhecimento mais aprofundado da história do Instituto. Afinal, o que são 10 anos de experiência docente numa instituição secular de ensino? Nada do que vivenciei nestes 10 anos de trabalho é obra do acaso, nem construção de um momento. Existe uma cultura de casa, uma tradição que une e fortalece. Edifício físico e moral, construído e mantido por educadores visionários que aqui deixaram o seu cunho e por muitas gerações de alunas que aqui se formaram. Entenda-se o tecido da minha exposição como uma breve incursão num manancial de história de vida e vidas que permitiria a elaboração de trabalhos de outro fôlego.
Pretendo, tão somente, partilhar convosco o quão inovadores têm sido, desde o primeiro, os Projetos Educativos deste Instituto e como se tem tentado manter elevada a fasquia ao longo destes 113 anos de existência. Basear-me-ei, fundamentalmente, em duas vertentes, a ocupação dos tempos livres nos primeiros anos, quando o Desporto, para raparigas, era quase inexistente, e a “Arte de Dizer”, hoje denominada Drama Educativo ou Oficina de Teatro, conforme os ciclos. Convido-vos, assim, a um pequeno percurso pela história desta casa, independentemente das denominações que foi tendo, reflexo de momentos políticos e sociais da nossa história recente. • INSTITUTO DO INFANTE D. AFFONSO, (1900-1910) • INSTITUTO TORRE E ESPADA (1910-11) • INSTITUTO FEMININO DE EDUCAÇÃO E TRABALHO, (1911-42) • INSTITUTO DE ODIVELAS (1942-88)
* Oração de Sapiência proferida na Abertura Solene das Aulas, a 08-11-2013, por Maria da Conceição Perdigão, professora de Teatro. LAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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• INSTITUTO DE ODIVELAS (INFANTE D. AFONSO) (desde 1988)
da própria Rainha D. Amélia e em janeiro de 1900 é inaugurado o INSTUTO INFANTE D. AFFONSO.
1. Fundação do Instituto 1.1. D. Maria Pia e D. Afonso 1898-1899 No dia 27 de fevereiro de 1898, o jornal O Século referia-se a “uma iniciativa symphatica” de quatro oficiais do Regimento da Rainha D. Maria Pia, que propuseram a fundação “de um collégio para a educação das filhas de oficiais, nos mesmos termos do collégio militar”. E foi sob a elevada proteção da Rainha que se colocaram, para levar a bom termo o seu nobre propósito. Tendo o próprio Infante D. Affonso a assumir a liderança dos trabalhos, este empreendimento não esperou muito para estar delineado.
1.2. Maison Éducation 1900 Como em Portugal não existia o ensino liceal feminino, os redatores dos estatutos basearam-se na experiência do ensino ministrado em Espanha e França, tendo ficado decidido, pelo então denominado Conselho Gerente, em julho de 1900, e passo a citar excerto da ata n.º 14 que “a Regente fosse, durante o período de férias, a Paris a fim de estudar a organização e funcionamento dos grandes estabelecimentos de educação de meninas.” Encontram-se, assim, grandes semelhanças entre o que este grupo de trabalho se propôs pôr em prática e o ensino ministrado na Maison d’Éducation de la Légion d’Honneur, de Paris, instituição com a qual se tem mantido, até hoje, um intercâmbio cultural. O primeiro Estatuto do Instituto do Infante D. Affonso, aprovado por decreto de 11 de maio de 1904, referia que o mesmo tinha por fim, cito“ dar às alumnas a necessária educação physica, intelectual, moral e religiosa, e instrucções profissionais que as habilitem a poder angariar honestamente os precisos meios de subsistência» e acrescenta “como meio de educação physica tendente a conservar e melhorar a saúde das alunas, praticar-se-há diariamente a gymnastica pedagógica sueca. É com este espírito inovador que, neste espaço de educação, no início do século passado, se vê o ensino para raparigas.
A 9 de março de 1899, o rei D. Carlos aprova os primeiros estatutos, 6 de dezembro de 1899, foi nomeada Regente a Senhora D. Maria do Carmo de Souza Pinto de Magalhães, que, como credenciais tinha o facto de ter sido professora de Português e de Botânica 48
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2. República Com a implantação da República, o Instituto foi repensado na sua dinâmica interna. Pretendia-se, segundo refere o relatório de 1916/17, “a valorização da rapariga de
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hoje, de modo a torna-la a mãe consciente de amanhã, pondo-a a par das necessidades duma vida nacional superior, dando-lhe a clara noção dos seus deveres perante os deveres dum país progressivo”; pretendia-se ainda tornar as alunas desta casa, e cito,“ criaturas pensantes, unidades ativas identificadas com vários problemas de economia domestica, de economia social, aptas a transmitir aos filhos, aos irmãos, ao meio em que hão de desenvolver a sua atividade, os elementos essenciais da educação recebida”. E, assim, novos cursos e áreas de formação são criados, para além dos já existentes, alguns profundamente inovadores. Refira-se, a título de exemplo, as aulas de Puericultura, iniciadas em 1911 com a criação da creche, e as aulas de Higiene Anatomia e Fisiologia, lecionadas pela professora e médica Adelaide Cabete, sendo estas últimas precursoras do que hoje se apresenta nos curricula oficiais como Educação para a Saúde. Também nesta área, o Instituto de Odivelas foi pioneiro e inovador.
3. Coronel Ferreira de Simas A 4 de abril de 1919 é nomeado diretor o Sr. Coronel Frederico António Ferreira de Simas, oficial que ocupara o cargo de Ministro de Instrução entre 1914 e 1916, figura de relevo no pensamento pedagógico da época e personalidade de grande importância para o então
INSTITUTO FEMININO DE EDUCAÇÃO E TRABALHO. Sob a sua orientação, as missões de professores ao estrangeiro mantiveram-se frequentes, quer para comparar o ensino ministrado com o das escolas europeias de referência, quer para a aquisição de material didático considerado necessário para salas de aula, laboratórios ou prática de educação física. No ano letivo de 1924-25, aquando da inauguração do ginásio, foi feita uma apresentação, pela primeira vez em Portugal, de
exercícios de ginástica rítmica, iniciada sob proposta do prof de Ginástica, Sr. Capitão Ribeiro Ferreira, uma absoluta inovação. Para ministrar esta disciplina veio uma professora do Instituto Dalcroze de Genève, Miss Kitkat, que lecionou durante todo esse ano no Instituto. Este acontecimento teve projeção nacional; a classe de ginástica foi solicitada para fazer várias exibições, com imenso êxito. O mesmo acontece nos dias de hoje com a Classe Especial de Ginástica, LAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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que tem mostrado a grande qualidade do seu trabalho em eventos no país e no estrangeiro, nomeadamente nas atividades do Eurogym. Já nessa época, tal como atualmente, a cultura do desporto abarcava áreas como voleibol, andebol, basquetebol, badminton, natação e atletismo. A prática da ginástica e jogos de movimento, a par com uma alimentação cuidada, seguindo estudos internacionais, designadamente os franceses, eram adaptados à realidade portuguesa e aos produtos de qualidade da quinta do Instituto. Pretendia-se, assim, dotar as alunas de robustez física e fortaleza
de espírito, aumentando-lhes a energia e as faculdades de trabalho. Como o regime era fundamentalmente de internato, durante os recreios e dias feriados, as alunas passavam os seus tempos livres na biblioteca ou em jogos na quinta e claustros. Outras atividades eram ainda estimuladas, como a pintura, a música, o piano, o canto ou a dança; as ocupações propostas afastavam a inércia e o ócio e eram vistas como forma de desenvolver a disciplina, a tenacidade e a solidariedade, aspetos essenciais na formação das alunas, ontem e hoje.
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4. A Arte de Dizer Com a sua sensibilidade e gosto, o Coronel Ferreira de Simas despertou nas alunas o interesse pelos recitais e dramatizações que muito contribuíram para preencher as tardes de domingo e embelezar festas e eventos. As atividades culturais, denominadas à época “Conferências”, eram pequenos espetáculos, cuja diversidade dependia da imaginação das alunas. Podiam ser pequenas encenações, normalmente de caráter histórico, recitais de poesia, cânticos ou pequenas palestras, subordinadas a temas específicos. Havia tam-
bém as denominadas “Tardes de Arte”, que contavam com figuras das Letras e Música nacionais, convidadas pela direção. Foi a preocupação com esta vertente cultural das alunas que levou o Sr. Coronel Ferreira de Simas a escrever um pequeno livro de peças teatrais adequadas às alunas mais novas, denominado Teatro Escolar, editado em 1931, referindo no seu prefácio “ o teatro escolar, como tudo o que na escola se passa, é uma lição, ou melhor, um grupo de lições: lição de moral e da maior eficácia por ser baseada em exemplos vivos, lição de arte que outra coisa não é a preparação do cenário e da indumentária e ainda outra – de perfeita dicção.” E conclui, dizendo “ Não conhecendo (…) na literatura nacional obra que satisfaça
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ao que entendo deva ser o teatro escolar e reconhecendo o alto valor educativo desse teatro (…), meti-me a escrever uns pequenos ensaios para serem representados, por assim dizer, em família, no Instituto de Odivelas.” Vamos, de seguida, assistir à dramatização de um pequeno excerto de uma das suas peças. 4.1. Da Arte de Dizer ao Teatro Atual 4.1.1. Introdução E este reconhecimento da importância do teatro na formação das alunas, evidenciado nas orientações pedagógicas do coronel Ferreira de Simas, no início dos anos 30, não mais deixou de estar presente no Instituto de Odivelas. É assim que, em complemento das aulas de Português, foi introduzida, sob proposta do professor Artur Lobo de Campos, a disciplina de “Arte de Dizer”. Segundo este professor, ” Em Arte de Dizer aprende-se a articular com clareza a nossa língua (…) dignificando aqueles que a elevaram ao máximo de harmonia e de beleza.” 4.1.2. Manuela Machado Embora se tenha interrompido a sua lecionação por duas décadas, as aulas de Arte de Dizer são reintroduzidas no Instituto em 1966, a pedido do grupo disciplinar de português e passaram a ser da responsabilidade da Sr.ª Professora Maria Manuela Silveira Machado, professora com formação do Conservatório Nacional. Segundo a própria, “esta disciplina confinava o seu programa ao aperfeiçoamento da dicção, à correção da palavra, ao estudo da expressão oral, (…) à boa leitura, à interpretação de poesia.” Tendo sido criada, em Lisboa, em 1971, a Escola Superior de Professores de Educação pela Arte, a referida senhora professora integrou o seu curso-piloto e o Instituto de Odivelas,
mais uma vez na vanguarda, redimensionou a disciplina de Arte de Dizer e passou a dispor da disciplina de Drama Educativo. Sublinha esta Sr.ª Professora, na sua alocução de 1985, que“ a criatividade é um fator tão importante como a inteligência no sucesso educativo”. E acrescenta “Drama Educativo significa «educar com ações», com a experimentação dos objetos e a experiência dos sentimentos, com a descoberta das próprias capacidades e a compreensão das capacidades dos outros, com a prática da responsabilidade individual na vivência do grupo, com a procura, em conjunto, já não de uma expressão literária mas da expressão vivida, através da atenção, da observação, da comunicação, enfim, da relação humana.” E a partir da introdução das disciplinas de Drama Educativo e Oficina de Teatro, difícil se torna mencionar todas as peças representadas no Instituto, quer de autores consagrados, quer criadas pelas alunas em contexto de aula. No entanto, podemos referir, a título de exemplo: “As Pupilas do Sr. Reitor”, de Júlio Dinis”, “A Menina Gotinha de Água,” de Papiniano Carlos “, “História de Jesus,” de Gomes Leal, ”Bartolomeu Marinheiro”, de Afonso Lopes Vieira, ou aquando das Comemorações Camonianas, dez episódios de Os Lusíadas, interpretados em espetáculo vivo de luz e som por alunos dos três Estabelecimentos Militares de Ensino. 5. Atualidade Mantendo a tradição, o Instituto apresentou, mais recentemente, com as alunas de Drama Educativo, Oficina de Teatro e Clube de Teatro,// entre muitas outras,// peças como “A Gaivota e o Gato que a Ensinou a voar”, “Árvores, Verdes Árvores”, “ O Rapaz de Bronze.” Para muitos destes espetáculos foram escritos guiões originais, ou adaptadas obras de LAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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• e, por último, no passado ano letivo «Auto do Cruzeiro do Inferno», adaptação do conto homónimo de Isabel Zambujal.
autor. A encenação é da responsabilidade das professoras, ouvidas as sugestões das alunas, que não poucas vezes, pela sua pertinência e originalidade, enriquecem o trabalho final. Há projetos que, pelas suas características, conseguem envolver praticamente todas as disciplinas dos curricula. Foi o caso da peça “ Um serão na Corte de D. Dinis”, concebido e escrito aquando das comemorações dos 750 anos do nascimento deste rei. A peça contou com a colaboração das disciplinas de Matemática, Físico-Química, para além das habituais parcerias com Artes Visuais, Música e Educação Física. De referir ainda que, nos últimos anos, tem sido habitual a parceria do Clube de Teatro ou Oficina de Teatro com o Centro Cultural da Malaposta, nos eventos «Escolas no Teatro da Malaposta» e «Festa do Teatro Amador». Nesses eventos foram apresentadas peças como: • «As Mulheres Vicentinas», colagem das personagens femininas de Gil Vicente; • «Rapopeia», ou episódios de Os Lusíadas, apresentados por Igor Ronaldo Camões, hexaneto de Luís Vaz de Camões e rapper afamado da margem sul; • «Memorial de um Sonho» baseada na obra Memorial do Convento do Nobel português; 52
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Os espetáculos, apresentações públicas de um trabalho árduo de meses, desenvolve nas alunas, como atrás se disse, um espírito de responsabilidade e interajuda ímpares. Frequentemente, vemos alunas de 6.º, 7.ºanos crescerem em personagem e estarem ombro a ombro com as alunas mais velhas. E é do respeito pelo trabalho de cada uma, com o objetivo de chegarem todas a um fim o mais próximo da possível da perfeição que, ao pisar o palco, todos os receios são postos de lado e cada aluna rejubila com o bom desempenho da sua companheira e com seu próprio. Porque o Teatro é vida transporta para o palco, porque o teatro “não é um trabalho solitário, mas solidário” como dizia Glicínia Quartim, atriz e professora do Conservatório Nacional, porque o Teatro prepara psicologicamente para desafios que pensamos não conseguir ultrapassar, tem sido também uma mais-valia para o perfil que se pretende que as nossas alunas tenham, ao sair desta casa para enfrentar novos horizontes. 6. Conclusão O Instituto foi visionário nos planos de estudo que concebeu e pôs em prática ao longo de 113 anos, aos quais procuramos dar continuidade. É pela cultura de escola que lhes é incutida que as alunas de Odivelas se distinguem de tantas outras, também ótimas alunas de outras tantas escolas. Há um Projeto Educativo consistente, que vem, adaptado aos tempos, desde 1900. Há uma vivência diária que prepara as alunas para o Mundo.
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A nobreza do seu caráter, a honradez da sua conduta, em suma, o seu perfil moral e social, em parte se devem a este Instituto que lhes facultou os alicerces para permanecerem verticais nas suas convicções, em momentos em que o peso do dia-a-dia a tantos verga a espinha dorsal. Termino esta partilha de histórias e vivências do Instituto, deixando-vos o testemunho do que esta casa representa, ainda hoje, para três gerações de Meninas de Odivelas. 7. Testemunhos Maria Noémia Melo Leitão – AA 245/1931 Entrou no Instituto de Odivelas em 1931
• Formou-se em História e Filosofia; • Regressa, como docente, em 1979. Exerceu até 1990, ano em que se reformou; • Presidente da Secção Feminina da Sociedade Histórica para a Independência de Portugal;
• Membro da Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas. • Foi condecorada com a Medalha D. Afonso Henriques - Mérito do Exército, de 2ª Classe em 2006 Testemunho «Não é fácil falar do IO, por tal forma se agiganta aos meus olhos como uma grande casa de Educação. (…) guardo na minha memória, como me parecia fácil, simples, o cumprimento do dever e a observância de valores maiores, como a camaradagem, a lealdade, a partilha e o respeito. A sensibilidade era estimulada em todas as suas vertentes (… ). E na reflexão do que de Belo se nos oferecia, íamos formando a nossa personalidade, sem esquecer a liberdade e a verdade como bens essenciais.» Cesaltina do Nascimento Silva – AA 229/39 Entrou no Instituto de Odivelas em 1935 • Entre 1946 e 1953 fez parte do corpo de vigilantes do IO. • Regeu a disciplina de Religião e Moral em 1961/62. • Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, ingressando novamente nos quadros do Instituto. • Exerceu a sua atividade docente até 1995, ano da sua reforma. • Membro ativo da Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas. LAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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• Foi condecorada com a Medalha D. Afonso Henriques - Mérito do Exército, de 2ª Classe em 2005. Testemunho «Que bom ser a 229/39! (…)Até ao ano letivo de 1943/44, fui uma das «Meninas de Odivelas»; beneficiámos do desenvolvimento integral, crescemos como pessoas capazes de assumir o nosso lugar na sociedade (…). A reforma não pôs limite ao meu serviço ao Instituto. Há sempre uma ocasião e uma forma de restituir ao IO o muito que dele recebi. A minha colaboração continua disponível.» Ana Maria Lobo AA 275/56 Entrou no Instituto de Odivelas em 1956 • Licenciou-se em Ciências Físico-Químicas na Faculdade de Ciências deLisboa; • Doutorou-se em Química no Imperial College de Londres em 1971;
• Trabalhou no laboratório de Sir Derek Barton, Prémio Nobel da Química de 1969; • A partir de 1975, lecionou na Universidade Nova de Lisboa, onde é hoje a Decana. • Fundou, juntamente com outras mulheres da Academia, da Associação Portuguesa de Mulheres Cientistas – Amonet; 54
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• Integrou o Conselho de Administração da Plataforma Europeia das Mulheres Cientistas, que defende os interesses de cerca de 120 mil mulheres cientistas na Europa. Testemunho «Os anos passados no Instituto de Odivelas e a oportunidade única de convívio com colegas e um grupo de professoras de nível verdadeiramente excepcional, marcaram-me a adolescência e reforçaram-me o interesse pelas ciências experimentais.» (…) Praticamente todas as professoras eram mulheres independentes, com vidas próprias e personalidades vincadas. O seu exemplo ficou para a vida das alunas condensado no lema Duc et altum. Maria Margarida Branco Alves Pereira-Müller - AA 244/1967 Entrou no Instituto de Odivelas em 1967 • Licenciou-se em Filologia Germânica; Pós-graduação: Documentalista Científica Pós-graduação: Estudos Árabes e Islâmicos. • Pós-graduação: Edição e Publicação Eletrónica.
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• Tradutora, assessora de imprensa, jornalista, escritora. Sete dos seus livros de gastronomia foram galardoados com o GOURMAND WORLD COOKBOOK Awards. Testemunho «No IO fortaleci os valores que aprendera em casa: trabalho, pontualidade, honestidade, empenhamento, solidariedade, camaradagem, quotidiano em grupo com criação de espaço interior individual.» Catarina Moura, AA 42/2002 Entrou no Instituto de Odivelas em 2002 • Licenciou-se em Ciências da Comunicação – Jornalismo, Cinema e Televisão na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa (UNL); • Estagiou no jornal Público, secção de cultura • Estudante de Artes da Escrita na FCSH-UNL Testemunho «Estudar no Instituto deu-me uma formação académica excecional, o que provavelmente teria encontrado em meia dúzia de outras escolas, mas nenhum outro sítio me daria a sensação de pertença a uma família e a um passado.
Ao entrar para o IO, sem ter consciência disso, entrei para uma família e para um lugar que saberei toda vida ser o lugar onde pertenço. (…) Não deve haver um dia em que não me lembre de alguma maneira. Um lugar que está sempre a aparecer na nossa memória só pode ser um lugar excecional.» Mariana Rodrigues 231/04 Entrou no Instituto de Odivelas em 2004 • Aluna de 2.º ano da School of Business and Economics da Universidade Nova De Lisboa. Testemunho Ser melhor a cada momento que passa. Cada segundo é uma oportunidade para evoluir. Cada segundo dos oito anos que passei no IO fez de mim o que sou hoje. Cada segundo em que tive o privilégio de estar fardada tornou-me me numa pessoa melhor. Esteja onde estiver, sei que todos os valores que me foram passados ao longo destes anos estarão comigo. A Honra, a Camaradagem, o Orgulho e o Brio. Por isso, citando uma velha amiga e colega de curso, afirmo: “se algum dia me perguntarem de que escola fui, com orgulho direi: fui, sou e serei sempre uma Menina de Odivelas!”
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Equipa de voleibol do Instituto de Odivelas – Infante D. Afonso alcança o 1.º lugar
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o passado dia 7 de dezembro de 2013 teve lugar o encontro de Voleibol que contou com a participação das alunas do Instituto de Odivelas (IO). Estiveram presentes 16 equipas de 11 escolas dos concelhos de Odivelas e de Loures. A equipa do IO alcançou o 1.º lugar ex aequo com a Escola EB 2/3 General Humberto Delgado. As alunas do IO estiveram no Voleibol “cada vez mais alto”. As vencedoras e a professora Teresa Martins estão de parabéns.
Corta-mato no Instituto de Odivelas – Infante D. Afonso
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os dias 27 de novembro e 4 de dezembro de 2013 teve lugar o tradicional corta-mato, respetivamente para os escalões Infantis e Iniciadas e Juvenis e Juniores. 56
A prova desportiva, organizada pelo grupo de professores de Educação Física do Instituto de Odivelas, decorreu nos terrenos da Quinta, ideais para a prática desta modalidade.
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Apresenta-se o apuramento das alunas do Instituto de Odivelas que participarão na prova de corta–mato do próximo dia 13 de dezembro e que decorrerá no Instituto dos Pupilos do Exército.
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O Instituto de Odivelas – Infante D. Afonso nas Cerimónias Comemorativas da Restauração da Independência
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o passado dia 1 de dezembro de 2013, o Instituto de Odivelas – Infante D. Afonso participou, como é tradição de longa data, com uma representação de alunas na Homenagem aos Heróis da Restauração inserida nas Cerimónias Comemorativas da Restauração da Independência na Praça dos Restauradores, em Lisboa, e sob os auspícios da Sociedade Histórica da Independência de Portugal. As cerimónias comemoram o dia 1 de dezembro de 1640 quando Portugal restaurou a independência, a partir da cidade de Lisboa.
Aqui, no palácio dos Almada, ao Rossio, iniciou-se a revolta de um grupo de nobres – os Conjurados - que depôs no palácio real do Terreiro do Paço a autoridade espanhola e aclamou D. João, duque de Bragança, rei de Portugal. Com D. João IV deu-se início à dinastia de Bragança, à qual pertencia o fundador, em 1900, do Instituto de Odivelas: o Infante D. Afonso, irmão do rei D. Carlos. As alunas do Instituto de Odivelas – Infante D. Afonso estiveram no evento comemorativo, e como sempre, “cada vez mais alto”. LAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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NO T Í C I A S DO IO
O Instituto de Odivelas – Infante D. Afonso nas Cerimónias Comemorativas da Restauração da Independência
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o passado dia 1 de dezembro de 2013, o Instituto de Odivelas – Infante D. Afonso participou, como é tradição de longa data, com uma representação de alunas na Homenagem aos Heróis da Restauração inserida nas Cerimónias Comemorativas da Restauração da Independência na Praça dos Restauradores, em Lisboa, e sob os auspícios da Sociedade Histórica da Independência de Portugal. As cerimónias comemoram o dia 1 de dezembro de 1640 quando Portugal restaurou a independência, a partir da cidade de Lisboa. Aqui,
no palácio dos Almada, ao Rossio, iniciou-se a revolta de um grupo de nobres – os Conjurados - que depôs no palácio real do Terreiro do Paço a autoridade espanhola e aclamou D. João, duque de Bragança, rei de Portugal. Com D. João IV deu-se início à dinastia de Bragança, à qual pertencia o fundador, em 1900, do Instituto de Odivelas: o Infante D. Afonso, irmão do rei D. Carlos. As alunas do Instituto de Odivelas – Infante D. Afonso estiveram no evento comemorativo, e como sempre, “cada vez mais alto”.
Programa “Back to School” no Instituto de Odivelas – Infante D. Afonso
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o passado dia 31 de outubro de 2013, na Sala do Teto Bonito, e no âmbito do programa “Back to School”, da iniciativa da 58
Comissão Europeia, o Instituto de Odivelas (IO), recebeu a Antiga Aluna Dr.ª Ângela Athayde (AA252/1966) para uma apresentação sobre o
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seu trabalho na Europa nas instituições europeias e a sua experiência pessoal. O programa “Back to School” tem como objetivo convidar
NO T Í CI AS D O I O
funcionários portugueses das instituições europeias a visitar as suas antigas escolas contribuindo para a divulgação da cultura, das oportunidades e das especificidades do trabalho na Europa. Assistiram à palestra as alunas do 9.º ano e do ensino secundário, acompanhadas pelos respetivos professores. Após uma breve nota biográfica apresentada pela Coordenadora Pedagógica do IO, a Dr.ª Ângela Athayde apresentou a sua vasta experiência profissional no quadro das instituições europeias, da Comissão Europeia, nomeadamente nas áreas da Interpretação, da Justiça, dos Direitos Humanos e das Relações Externas, foi uma síntese com a história e o funcionamento da União Europeia. Foi entregue, igualmente, às alunas presentes documentação diversificada alusiva à Europa dos 28. A Dr.ª Alexandra Athayde (AA251/1977), ex-estagiária da Comissão Europeia, apresentou a sua experiência profissional aliada à formação e valores que obteve no IO. As antigas alunas, e irmãs, recordaram a sua experiência pessoal enquanto alunas do IO e o contributo desta escola para a sua educação e formação académica, desde
os 9 anos até ao final do curso liceal/secundário, entre os anos 60 e os anos 80 do século XX. Salientaram as diferenças e as semelhanças entre o seu tempo de alunas e a atualidade e destacaram o regime de internato bem como o currículo do IO como mais-valias fundamentais para a aquisição da autonomia, da segurança, de regras de disciplina, de método, de organização e de trabalho, indispensáveis à confiança pessoal e à prática profissional de cidadãs da Europa e do Mundo. Referiram, também, a cumplicidade e as vivências comuns associadas ao valor da amizade e ao “ser amiga é ser irmã”, o lema das antigas alunas. A Dr.ª Ângela Athayde informou, ainda, que as antigas alunas que trabalham e residem em Bruxelas se reúnem periodicamente num são convívio cujo laço comum mais forte e duradouro é o terem sido Meninas de Odivelas. Terminou citando um excerto de uma entrevista desse grupo de emigrantes à revista “Laços” da Associação da Antigas Alunas do Instituto de Odivelas (AAAIO): “O facto de o colégio ser um internato, que nos obrigou a abandonar cedo a envolvente familiar, criou em nós
uma grande autonomia e capacidade de resiliência, preciosos no tipo de ambiente em que nos movemos. O contacto chegado com uma grande diversidade de alunas deu igualmente origem a uma grande abertura e facilidade de contacto com os outros e, sobretudo, uma grande camaradagem e solidariedade. Muitos anos passaram sobre o fim dos nossos estudos, continuamos a encontrar-nos com um inegável prazer e a cumplicidade muito especial de quem partilhou momentos marcantes nas nossas vidas. A esmerada educação recebida traduziu-se numa cultura geral e num saber fazer preciosos para as nossas vidas tanto familiar como profissional.” Por fim, o Subdiretor do IO agradeceu a presença das irmãs antigas alunas e o seu precioso contributo educativo e a aluna Comandante de Batalhão ofereceu, em nome do IO, uma lembrança. Também as antigas alunas ofereceram um presente à atual aluna com o número 253, o mesmo atribuído a uma terceira irmã – Dr.ª Gisela Athayde responsável pela fundação da Caixa Geral de Depósitos na Alemanha e da qual foi diretora.
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Tratou-se de mais um momento de voltar à escola e de encontro de alunas do século XX e de alunas do século XXI, com memórias e vivências tão semelhantes como a de terem, para sempre, à frente da identificação de antiga aluna - AA, um número com um, dois ou três dígitos. Para saber mais sobre o currículo das antigas alunas Ângela Athayde e Alexandra Athayde: Ângela Athayde Saraiva Marques, AA Nº 252/1966: • Licenciatura do "Institut Universitaire de Hautes Etudes Internationales" da Universidade de Genebra em Direito e Relações Internacionais (1976-1981); diploma em "Etudes Françaises" da Faculdade de Letras da Universidade de Genebra (19751976); frequência da Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa (19731975); • Estágios na Comissão das Comunidades Europeias (Departamento de Relações Externas e Serviço de Interpretação) (1981-1982); • Contrato temporário na Comissão das 60
Comunidades Europeias (Serviço de Interpretação) (1982-1988); • Funcionária das Instituições Europeias (desde 1988): o Delegação do Conselho de Ministros junto das Nações Unidas em Genebra (1988-1992); o Direcções Gerais da Comissão Europeia em Bruxelas: Relações Externas (1993-1999); Desenvolvimento (1999-2001); Alargamento (20012007); o Ministério italiano dos Negócios Estrangeiros, Roma (2008-2011); o Direcção Geral do Alargamento, Bruxelas (desde 2011).
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Paula Alexandra Athayde Saraiva, AA Nº 251/1977: • Licenciada em Economia pela Univ. Nova de Lisboa (1986/1991); • Comissão Europeia - Estágio na DGII - Relações Económicas e Financeiras (1991); • Auditora na Consultora Arthur Andersen; • Banco Comercial de Macau (Private Banking); • Banco Comercial Português (Private Banking / Asset Management); • BNP Paribas (Private Banking / Corporate Advisory); • Banque Privée Edmond de Rothschild - Europe (Subdirectora / Private banking).
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Palestra sobre “Empreendedorismo = Arte de Saber Voar” no Instituto de Odivelas – Infante D. Afonso
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o passado dia 21 de novembro de 2013, na Sala do Teto Bonito, o Instituto de Odivelas (IO), recebeu o Dr. Bernardo Barreto para uma apresentação sobre Empreendedorismo, baseada na experiência pessoal e profissional do convidado. Assistiram à palestra, subordinada ao tema “Empreendedorismo = Arte de Saber Voar”, as alunas do 9.º e do 12.º ano acompanhadas pelos respetivos professores. Após umas breves palavras introdutórias por parte da Coordenadora Pedagógica do IO, o Dr. Bernardo Barreto relatou de modo informal, sucinto, acessível e apelativo a sua história de vida e o seu percurso no mundo do trabalho, seguindo as seguintes ideias-chave: • Trabalhar com ideias; • Trabalhar com pessoas; • Pessoas = animais com ideias; • Formação; • Crise, “Cri” (grito); • Criatividade = Felicidade;
• Empreendedorismo – a arte de saber voar. O Dr. Bernardo Barreto, licenciado em Gestão de Recursos Humanos, entrelaçou a sua experiência profissional na área dos Recursos Humanos no mundo empresarial com o seu hobby de Observação de Aves (Birdwatching) para demonstrar como uma ideia ou um sonho podem conduzir a escolhas e opções conscientes e proporcionar vivências empreendedoras e ações inovadoras, ou seja, “a arte de saber voar”. Também revelou que o Birdwatching é, nos dias de hoje, um negócio
turístico que envolve muitas pessoas a nível mundial e que movimenta, igualmente, muitos capitais e lucros, próprios de uma economia global. O Dr. Bernardo Barreto revelou que a felicidade é o seu objetivo de vida e que o essencial é “pensar o que se quer e se pode fazer em cada momento da vida, querendo fazer e sabendo o que se pretende fazer”. De seguida, as alunas colocaram algumas questões ao convidado no sentido de esclarecer melhor certos pormenores do projeto e algumas facetas do negócio do convidado.
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NO T Í C I A S DO IO
Por fim, a Coordenadora Pedagógica do IO agradeceu a presença do Dr. Bernardo Barreto, ofereceu em nome da escola uma lembrança e destacou o precioso contribu-
to educativo da palestra junto de alunas que se encontram no presente ano letivo numa fase de opção para o futuro: as alunas do 9.º ano terão de escolher o curso do
ensino secundário e as alunas do 12.º ano terão de escolher e de se candidatar ao curso e à universidade no concurso de acesso ao ensino superior.
Festa de S. Martinho no Instituto de Odivelas
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o dia 11 de novembro de 2013, e após o Magusto ao almoço, as alunas do 11.º Ano apresentaram no Ginásio do Instituto de Odivelas (IO), a tradicional representação teatral alusiva à época, este ano intitulada S. Martinho
2067, e a que assistiram Direção, professores, funcionários militares e civis e todas as alunas. Segundo a tradição cristã, Martinho, um soldado romano e cristão do século IV, viajava a cavalo num dia de tempestade, frio e chuvoso, quando um mendigo lhe pediu ajuda. O cavaleiro decidiu, então, partilhar 62
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a sua capa com o pobre homem. As alunas do 11.º ano dramatizaram a lenda associada ao santo da Igreja, adaptando-a aos nossos dias, a situações do quotidiano, destacando os valores da família, da amizade e da partilha. No final, todas as alunas do IO cantaram e dançaram num ambiente animado e descontraído.
NO T Í CI AS D O I O
Festa do Halloween no Instituto de Odivelas – Infante D. Afonso
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o passado dia 31 de outubro de 2013, ou mais apropriadamente noite de 31
de outubro, decorreu a Festa do Halloween no Instituto de Odivelas (IO), organizada pelas alunas do 12.º ano de escolaridade.
A festividade, também conhecida por Dia das Bruxas, tem origem anglo-saxónica, mas é já uma tradição no calendário de atividades do IO, incentivada há anos atrás pelas professoras do grupo disciplinar de Inglês e de Inglês Prático. As alunas do 12.º ano estão de parabéns pelo empenho e entusiasmo que colocaram no seu trabalho que incluiu, igualmente, uma venda de “docinhos e travessuras”, no Ginásio. Participaram alunas dos vários anos de escolaridade e, como documentam as foto-
grafias, a encenação cuidada e a caracterização rigorosa das personagens proporcionaram a criação de um ambiente com momentos que as alunas adjetivaram de “assustadores e divertidos”.
O Instituto de Odivelas – Infante D. Afonso nas Cerimónias do Dia do Exército
O
Instituto de Odivelas – Infante D. Afonso, participou nas cerimónias do Dia do Exército que decorreram na cidade de
Lamego, sob o lema “Sentir no Exército a Pátria que sempre fomos”. O Dia do Exército - 24 de Outubro, evoca a data da tomada de Lisboa aos Mouros, pelas tropas do rei D. Afonso Henriques, em 1147. O primeiLAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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NOTÍCIAS DO IO
ro rei de Portugal é o Patrono do Exército Português. As alunas do 12.º ano participaram, no passado dia 27 de outubro de 2013, no desfile que ocorreu em Lamego, integrando a Parada
M a r g a r i d a C u n h a – Pr o f e s s o r a d o I O
Militar e marcaram presença, igualmente, na celebração eucarística que assinalou o Dia do Exército. As alunas do Instituto de Odivelas estiveram, como sempre, “cada vez mais alto”.
No dia 9 de outubro comemorou-se no Instituto de Odivelas o Dia de S. Dinis e o 752.º Aniversário do Nascimento do rei D. Dinis
A
9 de outubro de 2013 comemorou-se o dia de S. Dinis, mártir da Igreja cristã do século III, e o dia do 752.º aniversário do nascimento do rei D. Dinis. Para assinalar a efeméride, foi celebrada missa pelo capelão António Borges, na Igreja do Mosteiro de S. Dinis e S. Bernardo de Odivelas, na presença da Direção. Para o efeito, a professora de Educação Moral e Religiosa, Teresa Martinho, organizou uma pequena exposição alusiva à comemoração, na Igreja.
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O rei D. Dinis, conhecido pelos cognomes de O Lavrador e O Poeta, nasceu em Lisboa a 9 de Outubro de 1261 e faleceu em Santarém a 7 de Janeiro de 1325. O seu túmulo encontra-se na Igreja do Mosteiro de Odivelas, que fundou e dotou em 1295 e onde desde o início do século XX se encontra o Instituto de Odivelas. D. Dinis, rei de Portugal a partir de 1279, reinou durante quase 46 anos. Filho do rei D. Afonso III e de Dona Beatriz de Castela, D. Dinis casou em 1281 com Dona Isabel de Aragão, a Rainha Santa. O casal real teve dois filhos: Dona Constança, (casada com Fernando IV de Castela), e o rei D. Afonso IV. Dona Maria Afonso, filha
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ilegítima do rei professou, faleceu e foi sepultada no Mosteiro de Odivelas, em 1320. Os cognomes de D. Dinis indicam duas das áreas em que o rei mais se destacou: o incremento económico e a cultura, enquanto autor de poesia trovadoresca como, por exemplo, as cantigas de amigo e de amor. Como curiosidade, é também num mosteiro dedicado a S. Dinis/Saint-Denis, em Paris, que funciona, desde 1812, a escola feminina em regime de internato, a Maison d’Éducation de la Légion d´Honneur (MELH), com a qual o Instituto de Odivelas mantem, desde 1977, um intercâmbio anual.
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Apresentação do lançamento da versão portuguesa da obra – “O Livro de Jogos de Afonso X, o Sábio”
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o passado dia 27 de setembro de 2013, na Sala do Teto Bonito no Instituto de Odivelas (IO), teve lugar o lançamento, em primeira mão, da obra “O Livro de Jogos de Afonso X, o Sábio”, a primeira versão portuguesa da autoria do Professor Doutor Jorge Nuno Silva. Estiveram presentes, o Diretor do IO, Coronel António Pato, o Subdiretor do IO, Tenente-Coronel Horácio Lopes, a Coordenadora Pedagógica, Professora Maria de Lourdes Loureiro, a Presidente da Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas, Dr.ª Margarida Pereira-Müller, Professores e Convidados. A Coordenadora do Departamento de Matemática e Ciências Experimentais, Professora
Helena Candoso, proferiu, num introito, umas palavras sobre a biografia e o percurso académico de Jorge Nuno Silva e de Henrique Leitão. A apresentação da obra pelo Professor Doutor Henrique Leitão revelou-se uma lição magistral e cativante, mas recorrendo a uma linguagem simples e acessível, sobre a importância do jogo, nomeadamente dos jogos de tabuleiro e jogos de estruturas matemáticas ao longo dos tempos e no período medieval, quando Afonso X foi autor e mecenas na cultura cortesã ibérica. A obra em causa, datada da segunda metade do século XIII, e agora editada em português, é um manuscrito existente na Biblioteca do Escorial contendo mais de uma centena de iluminuras e onde são descritos os problemas e os “trebelhos” (peças de jogar) dos jogos de tabuleiro como o xadrez, o alguergue, os jogos de dados e de “tábulas”, entre outros. Jorge Nuno Silva agradeceu a todos os presentes e,
visivelmente comovido e com grande humildade intelectual, destacou os seus mais diretos colaboradores, indispensáveis no trabalho de investigação, divulgação e produção dos jogos matemáticos junto do público português. Agradeceu, também, a forma como tem sido sempre muito bem recebido no IO e no Mosteiro de Odivelas, fundado pelo rei D. Dinis, oportuna e justamente o neto materno de Afonso X. Henrique Leitão destacou, depois, a sua “ligação especial” ao IO, uma vez que as suas duas irmãs foram “Meninas de Odivelas”. O Diretor do IO agradeceu a presença de todos e disse ter sido uma honra receber tão ilustres académicos e investigadores na área da Matemática, da História da Ciência e dos Jogos nas suas componentes científica e lúdica. No final, foi oferecido um lanche na Sala do Teto Bonito, onde estiveram, também, expostas reconstituições de jogos de tabuleiro medievais. “Porque Deus quis que os homens pudessem dispor naturalmente em si próprios de todas as formas de alegria…” (Afonso X – Prólogo).
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À CONVERSA COM...
À CONVERSA COM...
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Joaquina Cadete Phillimore – AA Nº 193/1960
Green Brick Road Project
Q
“
ueremos viajar pelo mundo numa eco autocaravana movida a óleo vegetal usado e trabalhar como voluntários em quintas biológicas da rede internacional WWOOF. Com esta viagem e o contacto com comunidades locais em diferentes lugares, queremos aprender sobre sustentabilidade ambiental, agricultura biológica, preservação de ecossistemas e biodiversidade.
O nosso objectivo é uma formação prática nestes temas de forma a podermos criar o nosso espaço ou quinta onde possamos partilhar as nossas experiências e desenvolver o que aprendermos.” É assim que o projeto desenvolvido por Rita Caupers de Bragança e Leandro Fans é apresentado na página do Facebook Um dos princípios básicos (https://www.facebook.com/ da permacultura é GreenBrickRoadProject/info) e a LAÇOS achou que os seus “o problema é a solução” leitores e as suas leitoras gostariam de o conhecer. JCP – No vosso blogue http://greenbrickroadproject.wordpress.com/o-projecto/ritaeleandro/ são apresentados assim: “A Rita é portuguesa e há 10 anos foi para Inglaterra tirar o curso de Direcção de Cena. A ideia era aprender teatro e voltar para trabalhar em Portugal. Inesperadamente (mas felizmente!) este movimento despertou o amor pelas viagens! Trabalhava como freelancer em produção de cinema, publicidade e eventos, o que lhe dá a liberdade de poder viajar sempre que possível.
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À CONVERSA COM...
O Leandro nasceu no Uruguai e viveu em Lisboa desde o ano 2001. Desde sempre que desejava conhecer outros lugares e não hesitou quando surgiu a oportunidade de trabalhar em gastronomia, em Portugal. O trabalho árduo permitiu um crescimento profissional e também a possibilidade de viajar pela Europa e pela América do Sul, sendo inevitavelmente acompanhado pela sua curiosidade gastronómica pelos vários sítios por onde passa. Trabalhava como chefe de cozinha no restaurante Sul, no Bairro Alto”, mas a LAÇOS gostaria de saber um pouco mais. Quem é a Rita? Quem é o Leandro? RCB – Tenho 30 anos e tenho a sorte de ter tido uma infância cheia de grandes passeios, pela Serra de Sintra em operações de recolha e devolução de girinos para os ver transformarem-se em rãs. De dias de praia, de sol a sol, a brincar nas poças com peixinhos e caranguejos, de férias no Alentejo e no Algarve - mas aquele Algarve raro, onde havia mais caranguejos que pessoas. Parece que, com pouco mais de um ano, já’ estava a ralhar com umas meninas turistas que estavam a torturar uma carochinha daquelas da praia... Quem me conhece sabe que nunca deixei de ralhar mas também nunca deixei de defender carochinhas e afins. Ter tomado a decisão de focar toda a minha energia neste projecto, que vai tornar possível o sonho de conjugar uma viagem com um projecto de aprendizagem para viver de e com a natureza, foi das melhores coisas que podia ter feito na vida. Só› tenho pena de não ter pensado nisto antes. LF – Tenho 34 anos, sou do Uruguay onde o campo é em todo o lado e ter uma horta não é um fenómeno de
Rita e Leandro
moda, mas algo básico. Na minha casa, sempre tivemos uma pequena horta, a minha família vem do campo. Tive uma avó que toda a vida viveu segundo os princípios da permacultura, sem o chamar assim. Vivia do que o campo lhe dava e tinha um enorme conhecimento de plantas medicinais. A ligação ao campo faz parte de mim, mais do que a ligação à cidade. Graças às escolhas de vida que fiz e à curiosidade em ver o mundo pelos meus próprios olhos, dou muito valor à ligação ao campo que sempre tive. Esta viagem vai permitir uma valiosa aprendizagem, vou poder recuperar conhecimentos perdidos pela passagem do tempo e viver do campo, como a minha avó. JCP – Como reagiram as vossas famílias à vossa decisão de correr o mundo numa Amarela?? RCB /LF – Embora ambas as famílias já estejam habituadas a ver os filhos a viajar - o Leandro foi viver e trabalhar para Portugal há quase 12 anos e, desde essa altura, foi viajando entre a América do Sul e a Europa. Eu estudei 3 anos fora de Portugal e, desde que LAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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À CONVERSA COM...
há 9 anos, conheci o Leandro, tenho-o acompanhado nas andanças entre continentes - penso que a diferença cultural das nossas famílias se notou pelas reacções diferentes que tiveram. A família do Leandro ficou tão ou mais entusiasmada do que nós. Olharam para a Amarela e acharam, com confiança, que, com aquela carrinha, podíamos dar várias voltas ao mundo. A minha família, por outro lado, levou um bocadinho mais de tempo a ver o potencial da Amarela, tiveram alguma A Amarela
dificuldade em avaliar para além das cicatrizes dos seus quase 30 anos. Talvez ainda seja um pouco assim mas, pelo menos, já aceitaram que vamos mesmo partir na Amarela, por esta estrada dos tijolos verdes. JCP – A propósito de Amarela, ela nunca vos deixou mal ?? Como reagem as pessoas quando procuram trabalho ou explicam o combustível de que precisam? RCB/LF – Nunca. A Amarela é uma Mercedes 307D com o motor original de 1984. Esteve na oficina alguns meses 68
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antes de sair e ficou impecável (excepto no exterior, achamos melhor deixar algumas ferrugens à vista para a tornar menos apetecível a eventuais bandidos). Das várias escolhas possíveis, quando decidimos fazer a viagem num veículo a óleo vegetal, esta era uma das mais recomendadas. E podemos confirmar que, até agora, nem um soluço, nem nas montanhas gregas com curvas apertadas e com o peso dos tanques de óleo cheios (e que pesam cerca de 500kg...). Até agora, ainda não precisámos de procurar trabalho, mas as reacções dos anfitriões WWOOF e das pessoas com quem nos vamos cruzando têm ido além das nossas expectativas. Temos recebido muitas palavras de coragem e força e dizem-nos muitas vezes que ficam contentes por saber que há pessoas assim. Pessoas que se preocupam e que estão dispostas a fazer um esforço, não só para concretizar uma ideia mas para mostrar que se pode ser mais ecológico, de tantas maneiras e tão facilmente. Em relação ao combustível, a reacção é sempre a mesma: uma gargalhada incrédula. “A carrinha anda a quê?” Quando explicamos, os sorrisos aumentam e normalmente não temos dificuldade em conseguir uns litros de óleo e toda a gente quer ajudar. Em Itália chegamos a ter de pedir que não nos trouxessem mais! JCP – Agora que já andam há vários meses em viagem, qual o balanço que fazem? Gostariam de destacar alguma situação em particular? Estamos quase há oito meses na estrada. Preparámo-nos para muita coisa e investigámos muito sobre viagens por
À CONVERSA COM...
terra, como viver numa autocaravana e alguns truques para que se torne o mais confortável possível. Também pesquisámos sobre agricultura biológica e permacultura. Mas a verdade é que, desde que saímos, estamos tão felizes por termos decidido fazer esta viagem que, mesmo que corresse tudo mal e não chegássemos à fronteira com Espanha, pelo menos tínhamos tentado qualquer coisa. Investimos tudo o que tínhamos nesta viagem-projecto mas não estávamos à espera de ter tanto retorno e tão depressa. Viajar numa autocaravana é bastante cómodo e são precisas muito menos coisas do que se pensa para se viver bem. Aprendemos muito mais do que pensávamos aprender nestes primeiros meses e cada vez cresceu mais o entusiasmo, de ter a nossa quinta e de sermos permacultores. O facto de termos saído com uma rota e um plano pouco definido tem sido maravilhoso, permite que possamos ficar mais ou menos tempo em determinados lugares. Na Grécia por exemplo, íamos ficar 3 dias e já passaram mais de três meses... JCP – Acham que esta vossa opção de vida é aconselhável numa altura em que se fala tanto de crise? RCB/LF – Poderia dizer-se que este projecto nasceu de uma grande mistura de factores que nos trouxeram ate aqui. Somos um casal de viajantes, amantes
da natureza e ecologia, que trabalhou e viveu durante anos em Lisboa. Com o passar do tempo, viver na cidade deixou de fazer sentido, queremos ir para o campo. Muita gente nos disse que escolhemos uma má altura para avançar com este projecto, mas vemos esta “crise” como uma oportunidade e, sem querer, tropeçámos num dos princípios básicos da permacultura: “o problema é a solução”. Queremos um lugar nosso, no campo, para sermos permacultores, termos uma família, viver segundo os princípios em que acreditamos, a sustentabilidade e a ecologia, e sermos felizes, sem televisão. Gostávamos de ver mais pessoas a fazer o mesmo, a tornar o problema “crise” numa solução e na oportunidade que representa para mudarem de vida e irem atrás dos seus sonhos. A LAÇOS agradece o terem partilhado o vosso interessante projeto com os seus leitores e leitoras e deseja-vos muita sorte para poderem encontrar o vosso “espaço ou quinta” neste cantinho á beira-mar plantado e nele realizarem o vosso sonho Nota: Podem ir acompanhando esta viagem pelo blog – www.greenbrickroadproject.com – ou através da página do facebook www.facebook.com/GreenBrickRoadProject. RCB e LF escrevem segundo a antiga ortografia, nas suas respostas.
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DESTAQUE
D E S TA Q U E
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Maria Máx im a Vaz *
O Milagre das Rosas
E
ntre as muitas virtudes que ornamentam a figura da Rainha Santa Isabel, uma das mais referidas é sem dúvida a caridade.
Muitas outras completam a sua coroa de Santa: a humildade, o espírito de sacrifício, a modéstia, o amor aos desvalidos da fortuna, aos doentes, aos velhinhos e a todos quantos precisavam da sua ajuda, cuidados e carinho. Ainda na infância, já todos lhe reconheciam excepcionais qualidades. Foi criada no palácio real de Aragão, até ao falecimento do seu avô, o Rei Jaime, que lhe chamava “a mais bela rosa de Aragão”. Não teve ele a ventura de ver a encantadora rosa que desabrochou em Portugal, já Rainha. Ainda não tinha 12 anos completos, quando em Trancoso se realizou o seu casamento com o nosso Rei D. Dinis, mas demonstrou sempre a maturidade de uma Senhora adulta. O matrimónio não era a sua escolha, sentindo o apelo da vida monástica para viver em união com Deus. Aceitou contudo a vontade de seu pai que quis para ela o honroso título de Rainha. De todos os príncipes que pretenderam a sua mão, Deus quis mostrar que escolheu ele D. Dinis dizendo que a sua filha só sairia de Aragão a obra da Rainha era já Rainha. E assim foi. Antes de agradável aos seus vir para Portugal, realizou-se em olhos e atendia as suas Barcelona, por procuração, o seu casamento, que se renovou depois palavras. no seu novo reino. Dar de comer a quem tem fome era uma das suas tarefas diárias. Certo dia carregava no seu regaço grande quantidade de esmolas, destinadas aos seus já conhecidos pobres. Encontrou-se no caminho com o Rei seu esposo, que lhe perguntou: * Historiadora.
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D E STAQ UE
– Que levais no vosso manto, Senhora? – São rosas, meu Senhor. – Rosas em Janeiro? – Exclamou o Rei incrédulo. Perante a dúvida do seu esposo, a Rainha abriu o manto e mostrou ao Rei as mais lindas rosas que seus olhos viram … As esmolas, por milagre divino, transformaram-se em lindas rosas. Deus quis mostrar que a obra da Rainha era agradável aos seus olhos e atendia as suas palavras. O Rei gostou de saber que a sua Esposa amava os seus súbditos necessitados, que era generosa para com eles, que procurava remediar os seus males. Era uma Rainha que zelava pelo povo humilde de Portugal, o povo do seu reino. Dos muitos bens que lhe deu em dote, distribuía ela uma grande parte dos rendimentos pelos pobres. E nesta matéria, esteve sempre de acordo o Casal Real. Dos bens da Coroa destinou sempre o Rei uma parte para os pobres. Em abono do que afirmo, lembro a sua ida a Santarém, propositadamente para avaliar a qualidade dos terrenos onde se deviam instalar os “gafos”, tendo comprado ele próprio o terreno que lhe pareceu mais apropriado, para lho ceder. Fundou albergues e hospitais para acolherem pobres e doentes. Nos três testamentos que fez, manteve sempre
avultadas quantias para obras de caridade: 2 000 libras para os leprosos, 10 000 libras para os pobres envergonhados; 10 000 libras para dotar meninas pobres a fim de poderem casar; 200 libras para o albergue de criação de crianças de Coimbra e 300 para os meninos enjeitados de Lisboa, declarando que fossem criados com amas; 2 000 para albergues e hospitais e ainda 20 000 libras para remir cativos. Um casal real que se apoiava mutuamente para ajudar os súbditos pobres e doentes. “Pelas obras os conhecereis” e é pelas obras da Rainha e do Rei, documentadas na Chancelaria e nas crónicas, que afirmo terem ambos praticado a caridade em toda a sua longa vida. Foi este casal de excepção que fundou em Odivelas um magnífico mosteiro famoso em Portugal e no estrangeiro pela grandiosidade do edifício e pelas obras de quem o habitou. Desejamos e esperamos que prossiga a obra começada pela comunidade cisterciense e continuada honrosamente pelo Instituto de Odivelas.
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IDEIAS SOLTAS
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Margarida Cunha
Nota histórica sobre a Casa do Capítulo do Mosteiro de Odivelas
A
Casa do Capítulo, ou sala capitular, era uma dependência do antigo Mosteiro de Odivelas. Tratava-se de um espaço essencial à vida dos mosteiros. Segundo Carlota Abrantes Saraiva, na sua obra, de 1995, sobre o Mosteiro de S. Dinis de Odivelas, «nesta sala toda atapetada de sepulturas, se reunia a comunidade para deliberar sobre matérias espirituais ou temporais. Aí se procedia às eleições da nova abadessa, aí se rezavam as orações rituais por ocasião de óbito de qualquer religiosa». Borges de Figueiredo, o autor de O Mosteiro de Odivelas - Casos de Reis e Memorias de Freiras, esteve em agosto e em setembro de 1887 no Mosteiro de Odivelas e fez o estudo do espaço monacal e dependências ainda existentes e do espólio então encontrado. O também bibliotecário da Sociedade de Geografia de Lisboa e fundador e diretor da Revista Archeologica, descreveu, deste modo, a Casa do Capítulo: Borges de Figueiredo descreveu, deste modo, a Casa As 56 inscrições lapidares do Capítulo tal como a enexistentes na Casa do controu em 1887 – 1888, e da qual já pouco resta: Capítulo encerram muitas
histórias de vidas de mulheres do século XIV ao século XVIII
«O Capítulo é uma casa rectangular, d’uma só porta lateral, ladeada de duas amplas janelas. As paredes estão revestidas, até ao terço da altura, de azulejos verdes e brancos, dispostos em fachas obliquas; o tecto desapareceu. O pavimento é composto de lapides sepulchraes; e uma bancada de alvenaria, revestida de azulejos
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eguaes aos das paredes, acompanha estas, excepto ao centro do topo norte, onde estava a cadeira abbadessal. Em frente d’esta no topo sul, paredes meias com a egreja, o altar de madeira, sem retábulo e já sem imagens. Segundo Brandão [Frei Francisco Brandão, Monarchia Lusitana, de 1672], estava junto á cadeira das abbadessas, ‘hua Cruz de marmore preto com hu escudo aquartellado’, tendo ‘no alto da parte esquerda, e no baixo da parte direita as armas de Portugal com orlas, e nas outras duas escudo com leões na parte direita, e na parte esquerda três flores de liz, que era o escudo da Rainha dona Felippa Ingresa, a qual morreo neste Conuento, e esteve quinze meses enterrada nelle até ser tresladada para a Batalha.» Mais de meio século depois, em 1960, Cordeiro de Sousa, autor de diversos estudos epigráficos em edifícios religiosos chegou ao Instituto de Odivelas, e procedeu à transcrição das inscrições lapidares existentes no Mosteiro de Odivelas baseado, aliás, no estudo de Borges de Figueiredo. Afirmou, então, aquele membro da Academia Portuguesa da História: «O mosteiro de Odivelas é o maior repositório de inscrições funerárias com que tenho deparado, muito embora se hajam perdido quase todas as velhas lápidas dos primeiros séculos da sua existência. As fatais derrocadas no mosteiro causadas pelos grandes abalos de terra, com as não menos fatais reconstruções, terão feito desaparecer as memórias sepulcrais das primitivas madres cistercienses.» Cordeiro de Sou-
sa realça a existência de «tão extenso corpo de inscrições lapidares: muitas já delidas pelo contínuo caminhar de sucessivas gerações de freiras.» No século XIX, a legibilidade seria, certamente, melhor. Desde então, e até 1960, o antigo Mosteiro de S. Dinis sofreu uma ampla e profunda transformação. Em 1900, tornou-se no edifício do Instituto Infante D. Afonso. Ainda em tempo da Monarquia foi considerado monumento nacional. Porém, pedras houve que foram mudadas de lugar e/ou perderam-se para sempre. Entretanto, de 1945 a 1950, foram efetuadas novas obras de remodelação no Instituto de Odivelas. Em 1960, ao empreender o seu trabalho, Cordeiro de Sousa, descreve assim a Casa do Capítulo: «Esta última (…) serve de arrecadação ao benemérito Instituto que hoje ocupa o remoçado edifício conventual. É para desejar que se encontre a possibilidade de a fazer desocupar, reintegrando-a na sua primitiva dignidade.»
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Em 1963, a Casa do Capítulo não foi exatamente desocupada. De acordo com Carlota Abrantes Saraiva, «foi no Capítulo que, em 1963, se inaugurou um modesto museu para expor o pouco que tem sido possível reunir da antiga opulência do mosteiro e se encontrava disperso […].» Adianta ainda a autora: «No Museu se juntaram ainda objetos relacionados com o Instituto, como o livro de termo da inauguração do mesmo, que passou a servir como livro de visitantes, livros de recreio do Infante D. Afonso, oferecidos por ele para a biblioteca das alunas...» Atualmente, chegam à Casa do Capítulo grupos de alunos e outros visitantes que encontram o que resta do «modesto museu». De 1960 aos nossos dias, passou mais de meio século. Em pleno século XXI, a legibilidade das lápides é menor, e por vezes já mesmo impossível. O tempo, deliu ainda mais, desgastou as inscrições epigráficas existentes do espaço do antigo mosteiro cisterciense de Bernardas. As lápides sepulcrais existentes na Casa do Capítulo estão protegidas por um portão, as lápides da Igreja e as do Claustro Principal, por exemplo, constituem chão pisado por diversos frequentadores desses antigos espaços monacais. As 56 inscrições lapidares existentes na Casa do Capítulo encerram muitas histórias de vidas de mulheres do século XIV ao século XVIII que, na sua maioria, exerceram a função de abadessa, algumas de forma repetida e que partilharam, há mais ou menos tempo, com maior ou menor longevidade, o mesmo 74
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espaço monacal. À luz dos atuais métodos de investigação e das novas abordagens interpretativas, urgem novos estudos por parte da comunidade científica sobre tão importante espólio. A título de curiosidade, lá se encontram as lápides tumulares: de D. Urraca Pais, a terceira abadessa do Mosteiro, de D. Violante Cabral, a abadessa irmã de Pedro Álvares Cabral, ou da abadessa D. Luísa Maria de Moura, a que deu nome ao Claustro da Moura. No século XXI, já não faz sentido o preconceito tardo liberal de Borges de Figueiredo face às ordens religiosas (extintas em 1834, reservando-se exceções para o ramo feminino). Cordeiro de Sousa designa-o até de «cruel» para com as «pobres filhas de S. Bernardo». Mas, diga-se, em abono da verdade, que também já não satisfaz a seguinte explicação deste autor: «E sabendo-se a grande estimação em que a alta sociedade lisbonense, averiguadamente durante os séculos XVI, XVII e XVIII, teve na casa conventual de S. Dinis de Odivelas, pode avaliar-se o interesse desta série de nomes de tantas senhoras que a piedade, quando não a conveniência das famílias, encerrou naquelas sombrias paredes claustrais.» Fontes consultadas:
CORDEIRO DE SOUSA, José Maria, As Inscrições lapidares do Mosteiro de Odivelas, Lisboa, Academia Portuguesa da História, 1960. FIGUEIREDO, A.C. Borges de, O Mosteiro de Odivelas - Casos de Reis e Memorias de Freiras, Lisboa, 1889. SARAIVA, Carlota Abrantes, Mosteiro de S. Dinis de Odivelas, Lisboa, OGRAF/Ex, 1995. SILVA, Cesaltina do Nascimento LEITÃO, Maria Noémia de Melo, Instituto de Odivelas – 90 anos ao serviço da Educação, Lisboa, CREGRAF/Ex, 1990.
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As inscrições lapidares da Casa do Capítulo do Mosteiro de Odivelas Segundo trabalho de Cordeiro de Sousa (1960), baseado na obra de Borges de Figueiredo (1889) Nº 1 2
Data S/d
Nome
Função
Observações
Berengária Urraca Pais
Abadessa Abadessa
Inscrição em latim. Inscrição em latim. Ao tempo da morte do rei D. Dinis (1325). No cargo 23 anos e 7 meses.
Maria da Silva
Abadessa
Cordeiro de Sousa refere 1527. Borges de Figueiredo refere 1597 e a primeira abadessa a ser eleita por triénio. Irmã de Pedro Álvares Cabral. No cargo, 19 anos e 3 meses e meio. Entrou como viúva, segundo Carlota A. Saraiva.
3
1340 (Era de 1378) 1597
4
1536?
Violante Cabral
Abadessa
5 6 7 8 9
1S6Z 1609 1610 16S0? 1616
Brites da Silva Joana de Mendonça Maria Coutinho Margarida de Sousa Joana de Sousa
Abadessa Abadessa Abadessa Religiosa, Noviça Outra? Religiosa, Noviça Outra?
10 11
1624 1645
Maria de Melo Brites de Melo
Abadessa Abadessa
Irmã da N.º 10.
12
16S8?
Maria de Castro
Abadessa
Sobrinha da N.º 10? Da N.º 11?
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
1627 1638 (1)664 1648 16S0? 1664 1667 1670 1693 1693 1698 (1)698 1703 (179)5
Catarina de Sousa e Melo Mariana de Lacerda Ana de Castro Brites de Meneses Paula da Costa Margarida de Sousa de Abreu Isabel Manuel Francisca de Magalhães Inácia Maria de Távora Brites de Lacerda Madalena de Castro Ângela Henriques Maria Pimentel Feliciana
Abadessa Abadessa Abadessa Abadessa Abadessa Abadessa Abadessa Abadessa Noviça – 2 anos Abadessa Abadessa Abadessa Abadessa Abadessa
Duas vezes no cargo.
27 28
(1)708 1714
? Abadessa
29 30 31
1725 1725 1730
Não identificada Francisca Maria de Vilhena e Costa Mariana de Castilho e Silva Ana Maria de Moura Maria Madalena da Silva
Identificada como sendo Feliciana Maria de Milão. A que recebe a visita de D. Catarina de Bragança, em 1793 Inscrição curiosa Governou… o seu trianio
Abadessa Abadessa Abadessa
Quatro vezes no cargo.
Inscrição em latim. No cargo 2 anos e 7 meses. Sobrinha da N.º 9. S =5?
Sobrinha da N.º 23
Viúva e Condessa do Vimioso. Por falta de saúde não professou Duas vezes no cargo Três vezes no cargo
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Nº 32
Data 1732
Nome Maria Antónia Portugal
Função Cantora-mor
33 34
1739 1739
Abadessa Religiosa, Noviça?
35 36
1743 S/d
37
17??
Mariana Mascarenhas Maria Violante Margarida de Castro Violante de Castro Brites Caetana de Albuquerque Antónia Dique
38 39
1747 1757
Prioresa Abadessa
40 41
1758 1760
Ana (Maria) de Sousa Francisca Bernarda Mascarenhas Joana do Sobral Coutinho Teresa de Macedo
42 43 44 45
1761 I?6J 1762 1765
Maria de Almeida Antónia/Bárbara de Lencastre Isabel Antónia Brochado Luísa Maria de Moura
Abadessa Abadessa Religiosa, Noviça Outra? Abadessa
46
(1765)
Paula Teresa da Silva
Religiosa, Noviça Outra?
47 48 49 50 51 52
(1)771 1778 1779 1779 1788 1789
? Luísa Antónia de Sousa Maria Joaquina de S. José Luísa Bernarda de Lencastre Rosa de Santa Maria Luísa da Conceição
Abadessa Abadessa Cantora-Mor Religiosa, Noviça Outra Abadessa Abadessa
53
1793
Abadessa
54 55 56
1793 S/d S/d
Maria Ana Barbosa de Sousa Lobo Francisca Pimentel Joana de Castro Maria de Meneses
Abadessa Prelada Religiosa, Noviça Outra?
Abadessa Abadessa ou Prioresa
Abadessa Abadessa Abadessa
Observações Segundo Borges de Figueiredo, foi Cantora-mor. Inscrição curiosa. Ver brasão de nobreza.
Inscrição curiosa. Foi identificada, mas o seu nome não consta na inscrição. Constaria no século XIX? Inscrição curiosa. De acordo com B. Figueiredo é prima em segundo grau de Isabel Dique, freira professa, suspeita de judaísmo que saiu em auto de fé em 1713 e causou revolta à comunidade de Odivelas (e por isso irá para um convento da Ordem no Algarve, segundo Carlota A. Saraiva). Segundo Cordeiro de Sousa. Inscrição curiosa. Inscrição curiosa. Inscrição curiosa. Segundo Cordeiro de Sousa. Encontra-se “aos pés” da lápide de D. Urraca Pais - N.º 2.
Inscrição curiosa. Foi identificada, mas o seu nome não consta na inscrição. Carlota S. Saraiva refere que viveu 79 anos no mosteiro, morreu nonagenária e exerceu o cargo de abadessa por três vezes. A célebre Madre Paula. A leitura é devida a Borges de Figueiredo. Encontra-se na lápide N.º 2 muito pouco legível, entre a inscrição da N.º 52. Encontra-se no canto superior direito da lápide N.º 2.
Inscrição curiosa. Encontra-se no lado direito da lápide de D. Urraca Pais – N.º 2. Inscrição curiosa. É Borges de Figueiredo que a identifica. No cargo XXI anos e VIII meses.
NOTA: Segundo Borges de Figueiredo, até finais do século XVI, o cargo de abadessa podia ser vitalício. De acordo com a Breve do papa Gregório XV, de 22 de outubro de 1622, poderia haver reeleição para o cargo, mas somente 6 anos após a conclusão do triénio.
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Maria de Lourdes Sant’Anna – AA Nº 278/1936
Paleta de cores vivas
1.
Que linda a manhã cheia do azul safira do mar, e do outro azul do céu, leve, como a espuma de que o sol retirava pequenas palhetas de prata e fazia ondular com lentidão. Era pois do alto do terraço o que eu via e sonhava… O forte onde recuperava da fractura – era um dos que acompanhavam a barra talvez 10,12 a protegerem a entrada da cidade de Lisboa -, era pois no Forte de São João das Maias, habitação provisória da Associação das Antigas alunas que eu residia, dormia, comia mas depois dos exercícios de fisioterapia era no terraço fronteiro ao Rio Tejo que eu passava as minhas horas. Dali eu via surgir a Sagres, imponente o nosso Navio Escola, e todas as outras pequenas ou maiores embarcações. Foi pois naquela manhã de sonho que eu segui com interesse a arte de velejar dos 10,12 jovens que praticavam Windsurf. E num repente um golpe de pequeno vento fez tombar a vela que um dos alunos manobrava. Logo a minha atenção não se desviou, logo dei um pouco da minha força pedindo ao vento que nos ajudasse aos dois. Mas não, não, nada vinha em socorro daquele praticante de Windsurf que não conseguia retirar a vela do mar e pôs-se a caminho de Cascais talvez do Guincho. Eis senão quando o milagre acontece, do nada nasce poder. A embarcação de pesca que seguia a caminho do alto mar mudou de rumo e seguiu em linha recta direita ao meu velejador em apuros, e logo dois pescadores levantaram a vela e voltaram a pôr em situação de partida a prancha onde o aluno se equilibrava e aprendia aquela forma de navegar. Aqui vos deixo pois este pequeno apontamento que nos dá a dimensão do valor da solidariedade humana. 2. Que gelada estava aquela manhã de Inverno chuvoso e ventoso. Dez, quinze pessoas não digo batendo os dentes mas pelo menos batendo os pés no chão, que se abrigavam na paragem do autocarro. Olhei-nos a todos. Bem abafados de luvas e botas até ao joelho ali estávamos todos nós geladinhos; foi quando dei pela moça a um canto, bom Deus, de roupa de verão, engelhadinha, encolhiLAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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dinha… aproximei-me e perguntei de que parte de África viera contando-lhe que eu vivera alguns anos em Moçambique, e cheguei ao ponto que me interessava é que agora na sua terra era a época quente mas aqui em Portugal era Inverno, sorriu, um pequeno sorrir e disse-me que não sabia, lá longe na sua terra havia calor. Combinámos que esperaria por mim no dia seguinte ali mesmo, pois eu tinha uma roupa de Inverno que já não me servia e que a ela cairia muito bem decerto. E tudo aconteceu assim. E mais aconteceu que o dia seguinte trouxe à mesma paragem a mocinha africana sorridente dentro das calças de flanela cinzentas e da roupa de lã que até ali eu vestira. 3. Aqui há fantasmas? Achas? Vamos chamar? Eram dois os miúdos que assim palravam ao portão do grande casarão do século ido, talvez a sua construção viesse de mil oitocentos e tal, talvez. Pois continuavam atentos sem perceber que a dona da mansão os
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escutava sorrindo enquanto passeava o cão na última saída da noite. E continuavam os pequenos até que um deles, mais afoito encostou a cabeça ao portão e gritou: - Há fantasmas aqui? Há? Apareça fantasma nós queremos vê-lo. A jovem sorrindo bradou: - Sim, há aqui fantasmas. E foi assim que teve início a debandada em correria sem meta, enquanto um deles gritava, eu não te dizia que havia fantasmas? Eu não te dizia? E o bater dos pés no empedrado da rua até levantava faíscas. P.S. Este caso real foi-me contado pelo fantasma, que espera poder vir a conhecer os dois mocinhos que terão muito que contar aos netos. O que é facto é que ainda hoje corre na aldeia que o velho casarão tem fantasmas, uns dizem que é um velho alto e de barba branca, outros que é uma senhora vestida à moda antiga, outros juram a pés juntos que não, é apenas uma freira que volta nas noites de Inverno e que gosta de espreitar quem passa. Tanta coisa que cada qual inventa à altura da sua imaginação.
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P
Isabel Vidal
A ordem dos factores ara tirar o máximo partido dos seus produtos de beleza e garantir bons resultados, deve aplicá-los pela ordem certa. A regra base, que se aplica tanto aos cremes como à maquilhagem é bastante simples: primeiro as texturas fluidas e em gel, depois as cremosas e finalmente os pós. E se fixar apenas este princípio já corre tudo bem. Mas vamos ao detalhe para ver, em cada caso, o que aplica primeiro.
- O sérum aplica-se antes do creme. O sérum é um concentrado de ingredientes que agem a um nível mais profundo e deve ser aplicado sobre pele nua para penetrar melhor. A seguir aplica-se o creme que, ajudado pelo caminho aberto pelo sérum, será mais eficaz. E dará à pele o conforto que o sérum não pode dar. O truque: use sérum e creme da mesma marca para as texturas serem compatíveis (senão o creme pode ‘esfarelar’). – O creme de olhos aplica-se antes do creme de rosto. Os cosméticos que se usam à volta dos olhos têm de ser testados oftalmologicamente, são mais ligeiros e isentos de fragrância e outros elementos que podiam irritar esta zona sensível. Com os cremes de rosto não há estas restrições por isso se os aplicar primeiro arrisca-se a levar estes elementos nas pontas dos dedos quando for aplicar o creme de olhos. Se não quer ter o trabalho de lavar as mãos entre os dois cremes, comece pelo de olhos. O truque: aplique o creme de olhos só onde sente osso em redor dos olhos. – O anticelulite antes do creme de corpo. O anticelulite tem de penetrar mais fundo para fazer o seu trabalho (daí a textura em gel ou sérum da maioria destes produtos). Se depois de o aplicar sentir que a pele precisa de algum conforto extra aplique então o seu creme de corpo. O truque: deixe penetrar e secar bem o anticelulite antes de aplicar o creme. LAÇOS Número 1/14 – outubro 2013-janeiro 2014
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– O lápis de olhos antes da sombra. Embora neste caso a ordem dos factores seja um pouco arbitrária, se começar pelo lápis é mais fácil: dá logo definição ao olhar, terá uma ‘guia’ para aplicar a sombra e, caso a mão lhe trema e o traço fuja, a sombra aplicada a seguir ajuda a disfarçar. Além disso como o lápis tem uma textura mais untuosa vai ajudar a fixar a sombra. O truque: evite os lápis muito rijos e secos que agridem a pele da pálpebra.
base e a seguir o corretor naquelas zonas onde ainda se notam manchas, imperfeições ou olheiras. Outros preferem aplicar primeiro o corretor em todas as zonas onde há alguma coisa a disfarçar e a seguir a base só nas restantes áreas do rosto. A primeira opção é mais fácil mas a segunda tem um resultado mais natural. A minha sugestão é que experimente das duas maneiras e veja como prefere. O truque: se aplicar o corretor com um pincel fica menos espesso e mais natural.
– O blush em creme aplica-se antes do pó facial. Mas quando se trata de um blush em pó aplica-se depois. Isto faz sentido porque, ao aplicar um creme sobre um pó arrisca-se a que fique tudo mal espalhado, mas se aplicar um pó sobre um creme ou sobre outro pó já não há esse risco. O truque: Antes de aplicar qualquer produto em pó bata com o dedo no cabo do pincel para soltar o excesso e garantir uma aplicação uniforme.
– O lápis de contorno de lábios pode aplicar-se antes ou depois do batom. Depende do objetivo. Se quer corrigir o formato dos lábios aplique-o antes. Pode mesmo usar o truque dos maquilhadores que consiste em ‘riscar’ grosseiramente os lábios com o lápis para criar uma base onde o batom vai agarrar melhor para aumentar a sua duração. Se quer apenas ‘selar’ o batom para que ele não se infiltre nas ruguinhas em redor da boca, ou se o batom que aplicou não ficou absolutamente certinho, aplique o lápis a seguir ao batom. O truque: o lápis deve ser sempre do tom do batom que estiver a usar, nunca mais escuro senão envelhece o rosto.
– O corretor depois da base. Ou viceversa. Neste caso as opiniões dos maquilhadores dividem-se: alguns recomendam que se aplique primeiro a
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LAÇOS Revista Quadrimestral Preço avulso: 4,00 Assinatura anual: 10,00 Gratuita para sócias Propriedade, edição e administração da Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas Anexo à Casa do Capelão/IO Largo D. Dinis 2675-336 Odivelas • Tel.: 21 711 92 20 www.aaaio.pt • E-mail: redaccao@aaaio.pt Fundada em 1988 Diretora Joaquina Maria Seara Marques Cadete Phillimore n.º 193/1960 Chefe de Redação Maria Margarida Alves Pereira-Müller n.º 244/1967 Corpo Redatorial Fernanda Ruth Jacobetty Vieira n.º 152/1955 Maria Antónia Figueiredo Paixão n.º 234/1951 Maria Eduarda Agostinho de Sousa Caixeiro n.º 176/1972 Maria Noémia de Melo Leitão n.º 245/1931
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Parcerias: CMO e JFO
Dia da Antiga Aluna
N
o próximo dia 10 de março de 2014, vamos ce-
lebrar o Dia da Antiga Aluna no Refeitório das Monjas (Sala do Teto Bonito), no Instituto de Odivelas, com o seguinte programa (provisório):
17h00
Receção às Antigas Alunas e entidades oficiais Boas-vindas pelo Diretor do IO A Presidente da Mesa da Assembleia Geral da AAAIO fala sobre a efeméride Discurso da Presidente da Direção da AAAIO Homenagem a Antiga(s) Aluna(s) Entrega dos Prémios Maria das Neves Rebelo de Sousa Momento Cultural
Impressão: Grafisol – Edições e Papelarias, Lda. Rua da Sagrada Família, n.º 30 Pavilhão Grafisol Tabaqueira – Apartado 255 2636-903 Rio de Mouro Tel. 219 158 150 | Fax 219 158 158 www.grafisol.pt | email: geral@grafisol.pt
Tiragem: 750 exemplares Depósito Legal n.º 56731/92 Nota: Isenta de Registo na E.R.C. ao abrigo do nº 1 - Art. 12, Dec. Regulamentar de 8/99 de 9 de Junho ISSN: 0874 - 811X
Capa: Maria Eduarda Caixeiro, AA 176/1971
19h00
Porto de Honra
outubro 2013-janeiro 2014 – Preço avulso: 4.00, gratuito para as sócias
Revista da Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas
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Esperamos um novo milagre das rosas