DESTINOS TURÍSTICOS CONECTADOS À HISTÓRIA DA AVIAÇÃO TRANSATLÂNTICA
I - O ESTUÁRIO DO RIO SHANNON, NA IRLANDA DO SUL (EIRE) A história recente de Shannon tem uma dupla ligação com a de Santa Maria: as semelhanças funcionais e históricas dos dois aeroportos; o facto de ter sido na Conferência de Navegação Aérea do Atlântico Norte da então PICAO (Provisional International Civial Aviation Organization), realizada em Dublin em 1946, que se decidiu que o Centro de Comunicações Aeronáuticas que iria servir a Região Oceânica explorada pelo Reino Unido e Irlanda se situaria em Shannon e que a ilha de Santa Maria sediaria o Centro de Controlo e de Comunicações Aeronáuticas da grande Região Oceânica cuja exploração foi confiada a Portugal. Estes são bons motivos para os açorianos apaixonados pela aviação e a sua história escolherem a Região do estuário do rio Shannon como destino de férias. Mas apresentamos outros atractivos. A) SHANNON AVIATION MUSEUM / ATLANTIC AIR ADVENTURES por Jane McGill (O Shannon Aviation Museum foi criado em Shannon Town, Co Clare, Ireland, em
2008. É uma instituição privada fundada e dirigida por Jane McGill, uma apaixonada incondicional pela aviação e fundadora da empresa Atlantic Air Adventures. Nesta sua persistente tarefa, a Jane tem contado com a participação activa de inúmeros colaboradores.) O Museu está aberto durante todo o ano e já recebeu mais de 30.000 visitantes de toda a Irlanda e do exterior. A instalação oferece experiências de aviação emocionantes e interativas para
um público amplo. O Museu revela um interesse especial em programas educativos de aviação que desenvolveu para atender a todas as idades, os quais são leccionados por aviadores experientes, e engenheiros e profissionais da indústria, apaixonados pela missão de passar testemunho para as gerações futuras. O Museu acolhe uma interessante coleção de aeronaves, incluindo um Blackburn Buccaneer, um DH Venom, cockpits, motores a jato, componentes
de aeronaves e outros artigos de memorabilia aeronáutica. Em 2015, o Shannon Aviation Museum recebeu a acreditação da Federation Aeronautique Internationale (FAI) e continua a esforçar-se por preservar e promover o património da aviação irlandesa e a contribuição única de Shannon para a aviação global enquanto “gateway” da Europa para o Novo Mundo. Programas Educativos Desde o início do trabalho da Atlantic
NOTA INTRODUTÓRIA: A LPAZ, Associação para a Promoção e Valorização do Aeroporto de Santa Maria inicia com este suplemento, uma parceria com o Jornal O Baluarte de Santa Maria, respondendo com agrado ao repto lançado pelos seus proprietários Domingos Barbosa e Fernando Ricardo. Abraçamos esta colaboração com o sentido de responsabilidade de honrar a longa e rica história de serviço comunitário prestado pelo nosso Jornal às gentes e às instituições de Santa Maria, mas também cientes de que é este o melhor caminho a traçar pelas entidades privadas e públicas que procuram pugnar pelo bem estar e pela qualidade de vida dos marienses: cooperar sem perder identidade, potenciando o melhor do trabalho de cada um e gerando sinergias que tornem mais eficaz e mais atractivo o trabalho associativo e comunitário. Estamos certos que desta colaboração sairemos ambos (o Baluarte e a LPAZ) reforçados e estimulados. Acreditamos que disso também beneficiarão os marienses. Como não quisémos dar um passo maior que a perna, este suplemento terá uma periodicidade trimestral. O seu primeiro número é integralmente ocupado por uma Rubrica (que sairá de 6 em 6 meses) de Destinos Turísticos conectados à História da Aviação Transatlântica, que julgámos interessante não apenas por indicar destinos que, apesar de menos conhecidos, têm uma ligação à histórica recente da nossa Ilha, mas também para realçar que a História e o Património Aeronáuticos constituem hoje um muito interessante e crescente nicho de Turismo Cultural. Simultaneamente damos a conhecer o que, em ambientes não muito diferentes do nosso, o meio aeronáutico está a fazer em matéria de defesa e divulgação de património, promoção de turismo, realização de actividades culturais, formativas e educativas ou promoção da economia local. Esperamos que gostem e que participem com os vossos comentários e/ou sugestões.
12 Air Adventures, em 2007, quase 30.000 jovens participaram nos seus programas de Educação de Aviação. Com origem em escolas primárias e secundárias e em grupos de escotismo de toda a Irlanda, essas crianças e jovens são frequentemente acompanhados por familiares. Cada programa educativo tem a duração de 2 a 4 horas e é específicamente desenhado para se adequar às faixas etárias a que se destina. Cerca de 90.000 horas de Educação de Aviação, foram leccionadas por profissionais experientes da aviação, a jovens de toda a Irlanda. O Programa Educativo é trabalhado com a Science Foundation Ireland (SFI) através da rede Discover Primary Science and Maths (DPSM) funcionando a Atlantic Air Adventures e o Museu como um ‘Discover Centre’ credenciado. Os planos de aula aprovados conectam-se aos currículos de ciências, matemática, história e geografia da escola primária irlandesa, ajudando os professores a oferecer uma aprendizagem envolvente fora do sistema de educação formal. Isso também aumenta a confiança do professor em trazer esses conceitos de aprendizagem de regresso às salas de aula. Os “Tours” educativos destinados a escolas primárias, acomodam grupos até 48 alunos. Os planos de aula familiarizam os alunos com a física básica do voo, através do desenvolvimento de discussões conduzidas por inquérito e usando exemplos familiares do mundo natural. Esses tours estão conectados às vertentes de Energia e Forças do Currículo do Ensino Primário Irlandês da SESE (Educação Científica Ambiental Social). Já os alunos do ensino secundário são introduzidos não apenas a estes princípios da Física e da Matemática mas também a oradores convidados vindos de todo o espectro de áreas profissionais da indústria da aviação. A maioria dos estudantes não estão familiarizados com as várias hipóteses de carreira na Aviação, uma vez que não encontram pessoas dessas carreiras numa base diária, e muitas vezes não conhecem muito sobre os empregos que a aviação disponibiliza. É aqui que o Programa Educativo se torna útil para esses jovens, pois dá a conhecer a diversidade e a natureza das carreiras relacionadas com a aeronáutica, usando para isso a especialização e a experiência de palestrantes convidados que são profissionais da indústria da aviação local. A Lufthansa Technik Shannon patrocina anualmente os eventos da Engineers Week há 8 anos. A Engineers Week é uma celebração de uma semana de Engenharia, organizada pela Engineers Ireland. Todos os anos, trezentos estudantes locais da Escola Básica de Shannon, com idades entre os 9 e os 12 anos de idade, são convidados a experimentar um dia de Descoberta da Engenharia de Aviação no Museu. Engenheiros de aeronaves da Lufthansa vêm falar com as crianças e mostrar componentes de
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aeronaves, explicar como funcionam os motores das aeronaves e como eles os mantêm e reparam. O Aviation Discovery Centre é de grande importância e actua como um alimentador para a educação e treinamento de terceiro nível. Shannon tem sido central nas viagens transatlânticas, e o seu espírito pioneiro e inovador continua até hoje com um vibrante Centro de Serviços de Aviação, um Sector de Leasing de Aeronaves e vários Estabelecimentos de Treino de aviação. O Museu é um foco central para todas essas empresas que patrocinam programas e apoia a educação de muitas maneiras. O Shannon Aviation Museum está alargando as suas asas através de uma doação de €160.000 do Departamento de Desenvolvimento Rural e Comunitário destinada a um projeto de extensão e de renovação comum custo de €200.000. Este financiamento vai permitir ao Shannon Aviation Museum melhorar as suas instalações com uma renovação da fachada para acomodar um café e área de loja de presentes, e um aumento da área de exposição do museu em 3000 pés quadrados (cerca de mais 1000 metros quadrados). Irão ser instalados alguns monitores interpretativos touchscreen o que irá enriquecer a experiência dos visitantes, e no exterior nova sinalização rodoviária e material promocional ajudarão a aumentar a conscientização e o número dos visitantes. Os visitantes poderão desfrutar de uma experiência “Aprenda, Jogue, Relaxe e Faça compras”! Isso garantirá a sustentabilidade a longo prazo desta importante instalação e do trabalho educacional que promove. 2) FOYNES FLYING BOAT & MARITIME MUSEUM por Barry O’Kelly Em 2019, o Foynes Flying Boat & Maritime Museum comemorou o seu 30º aniversário, tendo percorrido um longo caminho desde a abertura oficial por Maureen O’Hara Blair em 8 de julho de 1989. O Museu é reconhecido e celebrado por possuir uma coleção de aviação única e por celebrar o berço do Irish Coffee. A coleção do Museu está alojada no edifício do hidro-aeroporto original. O Museu, que começou como um pequeno local comemorativo de um período importante na história da aviação, tem crescido consideravelmente, atraindo agora 50.000 visitantes por ano e empregando 26 funcionários. O Museu oferece uma viagem de regresso a uma era passada de feitos heróicos da aviação e glamour de Hollywood em que a cidade de West Limerick Foynes, às margens do rio Shannon, desempenhou um papel de liderança. Com efeito, Foynes era o primeiro hidro-aeroporto de acolhimento dos hidroaviões comerciais que atravessavam o Atlântico na sua rota mais a Norte (Botwood, na Terra Nova; Foynes, na Irlanda; Southampton, em Inglaterra), tal como a Baía da Horta era o primeiro porto de abrigo nas travessias centrais do Atlântico Norte (New York; Horta; Lisboa). Também aqui os destinos da His-
tória da Aviação da Irlanda e dos Açores se cruzam. Ao longo do edifício terminal original esta história verdadeiramente única é contada através de filmes realizados num estilo de cinema dos anos 1930/40, cobrindo os anos de guerra e inúmeras exposições sobre a era do romântico hidroavião, incluindo a oportunidade de embarcar na única réplica em tamanho original do célebre hidroavião Boeing 314, os famosos Clippers. Todos os hidroaviões comerciais que voaram para Foynes tinham instalações de primeira classe, mas o B314 assemelhava-se a um luxuoso cruzeiro marítimo com asas. Havia uma sala de jantar de 14 lugares, suite de lua-de-mel na parte de trás da aeronave e beliches para dormir para todos os passageiros. Um bilhete de ida de
Nova York para Foynes na época custava 375 US$. Esta é uma incrível experiência que repete os passos de JFK, Bob Hope, Eleanor Roosevelt e muitos outros dignitários, estrelas de cinema e refugiados que desembarcaram em Foynes durante a Segunda Guerra Mundial e que possibilita conhecer o ambiente luxuoso em que viajaram. Em 2013, o Museu foi ampliado para incluir um Museu Marítimo que conta a história de um dos grandes ativos marítimos da Irlanda, o Rio Shannon. Esta exposição está alojada na Torre de Controle do estuário, agora reinstalada e os visitantes podem assim desfrutar de uma vista panorâmica sobre todo o estuário de Shannon a partir do topo da torre. Quando a estrela de cinema de Hollywood Maureen O’Hara desceu de
um hidroavião em Foynes com seu marido, o Capitão Charles Blair, em 1976, dava-se o início de um relacionamento especial com a cidade, o qual duraria quase 40 anos. Ms O’Hara tem fãs de todo o mundo e de todas as idades, que são totalmente dedicados ao seu legado cinéfilo e à sua personalidade de senhora irlandesa forte, corajosa e inteligente. Uma nova ala do museu foi criada, abrigando uma coleção de Hollywood Maureen O’Hara e memorabilia pessoal, entrelaçando o glamour do estatuto icônico da aviação comercial pioneira com a fama e o romance da conexão da Irlanda à idade de ouro de Hollywood. Esta expansão substancial aumentará a experiência do visitante oferecendo uma facilidade multiuso de elevada capacidade. Prevê-se que o desenvolvimento pro-
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jectado da criação de um Museu da Aviação em plano aberto de piso térreo irá aumentar muito o fluxo de visitantes . 3) SHANNON AERADIO BALLYGIRREEN por Harry O’Loughlin Shannon Aeradio, também conhecida como Shanwick Radio, está localizada em Ballygirreen, na margem norte do estuário de Shannon, 6 km ao norte do Aeroporto de Shannon (SNN, ICAO EINN). Foi fundada em 1936 e tem operado continuamente fornecendo uma gama de serviços de comunicações de aviação até os dias atuais. Em 1936, em resposta à percepção internacional de que os serviços aéreos comerciais transatlânticos em breve seriam uma realidade usando os mais recentes hidroaviões, o incipiente Estado irlandês iniciou a construção de um aeroporto internacional e uma base
de hidroaviões com infra-estrutura de apoio associada. Enquanto o novo avião terrestre combinado e o aeroporto estavam sendo concebidos na margem norte do estuário de Shannon, uma base temporária de hidroaviões foi aberta no porto de Foynes, na margem sul do rio. As comunicações necessárias e os serviços meteorológicos foram apressadamente postos em prática em Foynes para servir o início esperado de voos experimentais. Em simultâneo com a construção da base de aviões terrestres em Shannon, a principal instalação de comunicações aeronáuticas foi construída em Ballygirreen. Em 28 de outubro de 1936, as primeiras transmissões de teste foram feitas a partir de Ballygirreen. Durante 1937 e 1938, os voos experimentais transatlânticos ocorriam em conjunto com a instalação e testes de equipamentos de comunicações Ar/Terra, de Radio Direction Finding e de Rede Rádio Internacional Ponto-a-Ponto. No verão de 1939, todos os sistemas estavam em vigor para iniciar serviços comerciais oceânicos completos. No dia 8 de julho, o Yankee Clipper 111 (um Sirkorsky S.42B) partiu de Foynes para Botwood (na Terra Nova, então ainda sob administração inglesa) no primeiro voo comercial de passageiros programado através do Atlântico. Boas comunicações foram mantidas entre o Clipper 111 e Shannon Aeradio, Ballygirreen, durante todo o vôo. Durante este período, quase todas as comunicações, com exceção da partida e chegada, foram realizadas usando o Código Morse (CW). Morse foi também o meio utilizado para a distribuição ponto-a-ponto de mensagens de controle, meteo e de serviço de companhia aérea. No final de 1939, com a eclosão da guerra na Europa, as viagens aéreas
internacionais tinham sido severamente restringidas. No entanto, as operações de hidroaviões continuaram numa base restrita de e para Foynes para Lisboa e norte da África e além, durante toda a guerra. Ballygirreen ficou sob supervisão militar e assumiu atividades adicionais, incluindo comunicações diplomáticas. No início da década de 1960, os aviões a jacto começaram a substituir as aeronaves de motor de pistão. Houve um aumento subsequente no tráfego e na complexidade do Controle de Tráfego de Aeronaves. Os governos da Irlanda e do Reino Unido, que partilhavam a responsabilidade pela gestão do tráfego aéreo no Atlântico Norte Oriental, reconheceram que a duplicação de serviços dificultaria a gestão eficiente e segura do tráfego na área. Assim, Shanwick foi criado em 1966, usando as primeiras quatro letras de Shannon e as últimas quatro letras de Prestwick. No futuro, a responsabilidade exclusiva do Controlo de Tráfego Aéreo recairia em Prestwick (na Escócia) e Shannon reteria a responsabilidade das comunicações aeronáuticas. A década de 1980 até o início dos anos 2000 foram caracterizadas por melhorias na tecnologia, automação e ameaças regulares para o futuro do HF (Alta Frequência) como meio de comunicação aeronáutica, e a sua substituição por comunicações via satélite os FANS (Future Air Navigation Systems). No entanto, o uso de HF continuou a aumentar. O CPDLC (Controller-Pilot Data-Link Communications) é agora o meio utilizado pela maioria das aeronaves NAT (Atlântico Norte), mas a ICAO ainda exige que todas as aeronaves estabeleçam comunicações HF antes da entrada no oceano. Em 1939, Ballygirreen trabalhou todos os 42 voos que atravessavam o Atlântico
e 100 chegadas e partidas de Foynes. Em 2018, a Ballygirreen trabalhou mais de 500.000 aeronaves e, em 2019, tornou-se o Centro de Controlo Global de Alerta Aireon, um sistema de rastreamento contínuo de aeronaves em todo o mundo. 4) SHANNON AIRPORT por Álvaro Antunes Até ao final dos anos 1930s, a esmagadora maioria dos voos transatlânticos era operada por hidroaviões. Isto porque nas ilhas Atlânticas ainda não havia facilidades aeroportuárias terrestres capazes de acomodar aviões comerciais de longo curso e maior porte. Foi a Segunda Guerra Mundial que generalizou a construção por todo o Mundo (Atlântico Norte incluído) de grandes Bases Aéreas, muitas das quais se tornariam grandes aeroportos civis. Todavia, não foi esse o caso do Aeroporto de Shannon. Desde o início dos anos 30 que as autoridades aeronáuticas irlandesas tomaram consciência de que os desenvolvimentos futuros nas tecnologias da aviação iriam requerer pistas e facilidades aeroportuárias terrestres permanentes para poder acomodar as escalas dos voos transatlânticos. Em 1936, o Governo do Eire aprova a reserva em Rineanna, na margem norte do estuário do rio Shannon, de uma área de 3,1 Kilómetros quadrados destinada a acomodar a instalação do primeiro aeroporto irlandês com o fim de servir de escala para futuros voos transatlânticos. Em Outubro de 1936 começaram os trabalhos de drenagem e aterro da área pantanosa em que se iria situar o Aeroporto. Em Julho de 1939 um Savoia-Marchetti S73 da companhia belga SABENA que voou de Bruxelas via Londres (Croyton),
foi o primeiro voo comercial a aterrar no então aeródromo de Rineanna. Três anos depois, estava instalado um aeroporto utilizável que recebeu a designação de Aeroporto de Shannon. O Aeroporto de Shannon foi pioneiro em muitas das acções marcantes da história da aviação comecial. Foi o primeiro aeroporto a receber a escala terrestre de um voo transatlântico experimental de uma companhia comercial (um DC4 da Pan Am, em 16 de Setembro de 1945) e a receber a escala terrestre de um voo regular transatlântico comercial (um DC4 da American Overseas Airlines que voou de New York via Gander e com destino a Londres). Foi também o primeiro aeroporto do mundo a tornar-se um aeroporto “duty free” (vendas de artigos isentas de taxas), tornando-se um modelo à escala global para outras zonas “duty-free”. Conforme o Aeroporto de Shannon se foi consolidando como uma das portas de entrada (conjuntamente com Santa Maria) para os voos entre a Europa e as Américas, também foi crescendo acentuadamenete o número de transportadoras internacionais, de aeronaves e de passageiros que utilizavam o aeroporto como ponto de escala transatlântica; o alcance limitado das aeronaves exigia paragens para reabastecimento em muitas viagens e Shannon (nas rotas mais a norte) e Santa Maria beneficiaram bastante desse constrangimento técnico. Além disso, durante a Guerra Fria, muitos voos transatlânticos da União Soviética e da Checoslováquia usaram Shannon para reabastecimento, porque era o aeroporto de um país não-NATO situado mais a ocidente do lado europeu do Atlântico. Com o incremento dos aviões com motores a jacto e dos aviões “wide body”, os aeroportos que, como Shannon e Santa
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Maria, serviam maioritariamente escalas técnicas, baixaram consideravelmente o seu tráfego. Em Dezembro de 2012, o Aeroporto de Shannon anunciou a sua separação da DAA (Dublin Airport Authority, que continuou a gerir os Aeroportos de Dublin e Cork); às 23horas e 59 minutos de 31 de Dezembro de 2012, o Aeroporto de Shannon tornou-se um aeroporto comercial de propriedade pública que passou a ser operado e gerido pela Shannon Airport Authority, plc. Em 2018, o Aeroporto de Shannon transitou 1.864.762 passageiros, o número mais alto desde que se tornou de gestão pública independente. A previsão de tráfego para 2019 deve chegar bem perto dos 2 milhões de passageiros em trânsito. 5) UMA CURIOSIDADE SOBRE SHANNON por Álvaro Antunes Muitos de nós conhecemos, nem que seja de nome, o Irish Coffe um dos “cocktails” mais famosos do Mundo, composto de café quente com Whiskey Irlandês e açúcar, sobreposto por uma camada de chantily. O que poucos saberão é que essa foi uma bebida inventada, no bar-restaurante do terminal do Hidroaero-porto de Foynes, pelo seu chef, Joseph Sheridan, para aquecer os passageiros dos hidroaviões “Clipper” B314 da Pan American Airways em escala nos seus voos transatlânticos.
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Consta que o primeiro serviço da “aconchegante” bebida se deveu ao retorno por problemas técnicos de um Clipper que solicitou serviço de catering. Como tinha acabado de fazer uma boa dose de cafés, Sheridan decidiu improvisar adicionando Whiskey irlandês, açúcar e chantily. Um dos americanos, estranhando o sabor, perguntou-lhe: “Is it a brazilian coffee?” ao que Sheridan respondeu: “No, sir. It is an Irish Coffee”. A bebida cedo se tornou de “consumo obrigatório” no terminal, tornando famoso o seu autor. Joseph Sheridan ganhou o seu posto no terminal de Foynes quando o Director do Hidroaeroporto, Brendan O’Regan abriu concurso para chef de bar. Sheridan apenas escreveu na sua carta de resposta ao concurso: “Dear Sir, I am the man for the job. Yours sincerly. Joseph Sheridan”. Surpreso com o impudor de Sheridan, O’Regan decidiu experimentá-lo e cedo verificou que esse impudor não era imodéstia. Quando o Aeroporto de Shannon abriu à operação comercial transatlântica em 1945, Sheridan transferiu-se para o bar do seu terminal. A sua bebida conhecia cada vez mais admiradores. O jornalista americano Stan Delaplane parou numa escala transatlântica em Shannon em 1951 e foi servido de um autêntico Irish Coffe que, a essa data, já se tinha tornado a bebida tradicional
de acolhimento no aeroporto. Quando Delaplane voltou para San Francisco, contou da bebida ao seu amigo, Jack Koeppler, proprietário do famoso Buena Vista Social Club. A equipe do Buena Vista tentou reproduzi-lo, mas nunca se saiu muito bem: tinham um problema com o creme que acabava sempre misturado no café. Koeppler ofereceu então a Sheridan um cargo no Buena Vista em 1952. O chef decidiu emigrar para a América e aceitar o trabalho. Sheridan morreu dez anos depois, em 1962. Está enterrado no Cemitério de Oakland, nos arredores de São Francisco. Atracções Turísticas perto do Centro de Shannon Town 1 . King John’s Castle, Limerick Apesar do povoado datar de 992, o castelo foi construído no século 13 por ordem do Rei João. Com uma localização intocável e estratégica, o castelo foi construído numa ilha ao largo da costa de
Limerick. São de realçar: - a arquitectura rústica mas resistente do castelo. - uma serena vista panorâmica sobre toda a cidade. Os Turistas frequentemente dispendem um dia inteiro nas visitas ao castelo para poderem usufruir das vistas panorâmicas e explorar um dos mais bem preservados castelos em toda a Irlanda 2 . St Mary’s Cathedral,Limerick Sendo uma das mais populares catedrais na Irlanda, a St. Mary’s Cathedral em Limerick é vista como um castelo remodelado. São de realçar: - a Torre com uma altura de 13 metros - a arquitectura etérea - os trabalhos em vitrais A Torre é usada frequentemente para espectáculos musicais e é uma atracção turística de relevo durante todo o ano 3 . Milk Market, Limerick O Milk Market é um mercado de
rua em que se pode comprar de tudo, desde recordações e artigos para prendas, queijos, vinhos, frutas, legumes, mariscos, produtos lácteos e muito mais! O Mercado também aloja alguns dos melhores eventos de Shannon e Limerick como campos de meditação e Tai Chi, concertos ao vivo, workshops e uma enorme panóplia de outras ofertas lúdicas e culturais. Os visitantes apreciam o Milk Market como um local privilegiado para passar as manhãs desfrutando de alguma diversão e explorando algumas facetas culturais e gourmet da Irlanda. 4 . Sky Court Shopping Centre, Shannon Os locais dizem que o Sky Court Centre é mais que um Centro Comercial; é o … centro da cidade. Com estacionamento grátis, o Sky Court Shopping Centre é um moderno e amplo Centro Comercial que apresenta uma oferta muito variada e que inclui 10 restaurantes, 2 supermercados e 4 lojas de mantimentos (inclundo uma exclusivamente vegan), 3 farmácias, 1 centro médico dentário, espaços dedicados aos mais pequenos e dezenas de lojas dos mais variados serviços, de bancos a operadoras de comunicações, de lojas de vestuário masculino e feminino a livrarias. As actividades de lazer também estão contempladas no Sky Court, como o cinema (a cadeia de cinemas Omniplex inaugurou
uma moderna sala em 2019) ou o usufruto de um Ginásio, e sucedendo com regularidade eventos como os “happenings” literários na livraria ou os concertos de bandas de música típica irlandesa nos bares e restaurantes. Outros programas interessantes A - Burren National Park (programa guiado de 2 Horas) - A natureza e a História Conviva de perto com a natureza explorando o Parque Nacional de Burren com um guia local experiente. Suba às montanhas de Burren e será recompensado com deslumbrantes vistas da area circundante ao mesmo tempo que ganha conhecimento da fauna e flora locais e dos vestígios arqueológicos de um pssado bem distante. O dia não estará cumprido sem a visita a uma quinta familiar para observar uma série de animais, incluindo uma pónei Shetland. B - Knappogue Castle Medieval Banquet - O ambiente da nobreza medieval O Castelo de Knappogue foi restaurado pela família Andrew, a qual muito gentilmente acedeu a que a Shannon Heritage usasse as suas instalações como um segundo local para o número crescente de turistas que desejavam participar de um banquete em ambiente medieval. Desde o início desta colaboração que a qualidade era o objectivo. Produtores profissionais, treinadores de voz e coreógrafos foram empregados e jovens cantores e músicos irlandeses foram treinados para proporcionar os mais altos padrões de entretenimento. Os visitantes são recebidos na porta principal do Castelo pelo Mordomo do Conde e pelas damas do Castelo que os conduzem ao Salão Dalcassian onde podem saborear um cálice de hidromel. Aí poderão ouvir música medieval de harpa e violino seguida de uma Exibição Coral pelas Damas. O Mordomo contará então a história do Castelo terminando ao contar as Regras de Cavalaria praticadas em Knappogue e as drásticas consequências do seu não cumprimento. Segue-se o banquete, com uma ementa faustosa que inclui entradas, prato de salmão fumado com salada fresca, sopa de tomate, supremo de galinha com molho, puré de batata e vegetais cozidos, sobremesa e café ou chá. Toda a refeição é degustada na mesa de banquetes do castelo e servida por empregadas vestidas a rigor com trajos medievais de gala.