Crise faz crescer número de camelôs na região Revista da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande ANO 10 | Nº 47 | NOVEMBRO / DEZEMBRO 2016 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Campo Grande vive novo aumento no total de crimes Saiba se sua firma está apta a pedir uma recuperação judicial
Segurança de dados: o que isso tem a ver com você? Especialistas ensinam como proteger informações vitais para o dia a dia da sua empresa
ÍNDICE 05 Giro Local 06 Seu Bolso: Investimento 10 Cotidiano: Comércio Ilegal 14 Acessibilidade 18 Direito 22 Desenvolvimento: Vale da Prata 24 Capa: Segurança de dados 30 Violência 42 Que Lugar É Esse?
É hora de mudança O carioca foi às urnas e escolheu o nome - e o projeto de governo - que assumirá em janeiro os importantes desafios enfrentados pelo Rio. Mas a eleição de Marcelo Crivella não é, de modo algum, um cheque em branco. É, antes, uma ordem de mudança dada pela população. Quatro das ideias de Crivella para a nossa região nos são especialmente caras: o foco na saúde, com a melhora do Rocha Faria; a readequação do BRT por aqui, com a derrubada das estações nunca inauguradas e que atrapalham o trânsito; a criação de um parque público para o esporte e a cultura, um “Aterro do Flamengo de Campo Grande”, como ele definiu; e uma nova relação entre a prefeitura e a comunidade, sem a indicação de “paraquedistas” alienígenas para a administração regional. Estaremos de olho. Agora com a ajuda de menos vereadores oriundos da nossa região - foram eleitos 12, contra 14 em 2012 -, será mais importante do que nunca a união de todos na hora de exercer uma pressão saudável e democrática sobre o novo governo pela resolução dos nossos problemas. Como entidade representativa e que congrega interesses convergentes da classe empresarial, a ACICG acredita na força do associativismo e no seu poder realizador. Coletivamente, somos capazes de tornar ouvida e respeitada a nossa voz, a voz da Zona Oeste, essa área imprescindível econômica, social e culturalmente para o Rio, sem a qual a nossa cidade e o nosso estado não retomarão o caminho do crescimento. Boa leitura. Guilherme Eisenlohr Presidente da ACICG
ACICG - CONSELHO DELIBERATIVO Expediente A revista Sucesso é uma publicação de responsabilidade da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande. Endereço: Rua Augusto de Vasconcelos, 1236, Campo Grande - Rio de Janeiro - Telefone: 2416-4000 Editor: Alessandro Soler (MTB 26.293) | Editora Adjunta: Elisa Eisenlohr | Contato: revistasucesso@ outlook.com | Capa: Arte de Elaine Rodrigues sobre ilustrações de Freepik | Diagramação: Elaine Rodrigues Tiragem: 4 mil exemplares | *As opiniões de artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores e não necessariamente refletem a posição da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande.
Presidente: Guilherme Eisenlohr Vice Presidente: Mounir Issa Nehme 1º Secretária: Waldecila Corrêa 2º Secretário: Jairo Tulio de Oliveira Rodrigues 1º Tesoureiro: Everaldo Fernandes 2º Tesoureiro: Luiz Costa Guedes Procurador Geral: Roberto Othoniel Diretor de Marketing: Fabiano Carvalho Diretor de Tecnologia / Informática: Victor Guerson Diretor Jurídico: Leandro David Diretora Financeira / Contábil: Rosane Brum
Diretor de Inovação e Parcerias: João Victor Cunha Diretor de Promoções: Ricardo Barbosa Diretora de Relações com Governo: Tereza Couri Diretor de Desenvolvimento Urbano: Carlos Brito Diretora Social e de Assuntos Comunitários: Silvia Fernandes Diretor de Relações Industriais: George Dib Diretor de Relações Públicas: Matias Barbosa Diretor de Eventos: Idmar Cid Muniz Diretora do Núcleo Calçadão: Mirtes Ferreira Diretor de Novos Associados: Samir Nehme CONSELHEIROS DE HONRA: Sergio Figueiredo, Wilson José C. Filho, José Luis Dutra, Jorge Luiz M. S. Junior, Rosali Garcia Tauil, Anderson Audi, Maurício Martins de Almeida, Renato Melo REVISTA SUCESSO |
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GIRO LOCAL Semana de Campo Grande marca os 413 anos do bairro Com grande sucesso de público, nosso bairro celebrou seus 413 anos, de 13 a 19 deste mês, durante a segunda edição da Semana de Campo Grande. Um desfile de carros antigos marcou a abertura oficial do evento no Rio da Prata e abriu alas para saraus literários, exposições de pintura e shows na Livraria Leitura, no Park
Grupo de escoteiros cresce 35% na região Um dos mais atuantes grupos de escoteiros do Rio, o Grupo Escoteiro Atalaia, de Campo Grande, teve expansão de quase 35% no número de participantes em menos de um ano. Se, no final de 2015, eram 129 os inscritos, no início deste mês de novembro de 2016 o total atingiu 174. A exposição das atividades dos escoteiros na mídia e a busca dos pais por atividades educativas paralelas poderiam estar
Dicas semanais de economia, agora no WhatsApp A associada Bassin Consultoria oferece, através do WhatsApp, o “Minuto Econômico”, uma gravação
por trás dessa nova popularização. “As pessoas estão conhecendo melhor o nosso trabalho, vendo que não fazemos recreação. Contribuímos para desenvolver os jovens, formar seu caráter e transformá-los em pessoas de bem, participativas e engajadas”, explica Renato Galves, diretor-presidente do grupo. Durante a Semana de Campo Grande, no dia 19 deste mês, eles plantam mudas de árvores no Miécimo da Silva. Outra campanha em desenvolvimento é o recolhimento de óleo de cozinha usado para reciclagem. Para mais informações, o site do grupo é www. escoteirosatalaia.org.
curta e direta em que especialistas dão dicas úteis sobre economia para empresários. O relatório é semanal e, segundo Eduardo Bassin, migrou de uma lista de e-mails para a plataforma a fim de ganhar agilidade e eficiência na disseminação das informações. Para receber, basta entrar em contato com a Bassin por meio do telefone 7889-6002.
Shopping, concertos ao ar livre em diversos pontos da região, mesasredondas com artistas no CIEP 163, além de atividades recreativas na Igreja Nossa Senhora do Desterro e no Espaço Cultural Compositor Adelino Moreira. Parabéns, Campo Grande!
Campo Grande, bairro radical A tradicional pista de skate de Campo Grande reabriu em setembro. Servindo como incentivo para a prática do agora esporte olímpico, a Skate Park recebeu a visita de um dos ícones da modalidade, o carioca Bob Burnquist. Ao mesmo tempo, o bairro passou a integrar um circuito de competições, o Skate Total Urbe. Para mais informações sobre as atividades da plataforma, basta acessar o a página oficial no Facebook: facebook.com/skatetotalurbe/. REVISTA SUCESSO |
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SEU BOLSO
Manual para investidores de primeira viagem Conheça diferentes modalidades de aplicações para fazer seu dinheiro render (pelo menos um pouco) nestes tempos de vacas magras na economia Por Maurício Ferro
A vida de um investidor seria mais fácil se existisse apenas uma forma de aplicar o dinheiro. E se não houvesse crise, que obriga qualquer um a apelar a investimentos compensem as perdas decorrentes da redução nas vendas. Ou se não nos afetasse a inflação, que acarreta perda de valor para o seu dinheiro. Especialistas, porém, são unânimes em dizer que não há uma “fórmula” só para tentar fazer as economias renderem. Em meio a muitos fatores importantes na hora de tomar uma decisão para investir, pelo menos três critérios básicos podem ser destacados: quantia disponível, prazo e objetivo do investimento. “Não tem uma verdade única. Mas, sabendo esses pontos, a pessoa consegue minimamente ter um plano”, afirma Mauro Calil, especialista em investimentos do Banco Ourinvest. A planejadora financeira e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Myrian Lund também é clara: “A primeira coisa a ter na cabeça são os objetivos”, diz. Para Lund, ganhar dinheiro e investir corretamente requerem uma separação entre curto, médio e longo prazos. No curto, ficam as reservas de emergência – o chamado colchão financeiro. É aquele dinheiro que pode ser pego de volta rapidamente (ou seja, que tem liquidez) para usar numa viagem de férias ou numa emergência. Ela recomenda, por exemplo, investir num fundo de renda fixa que cobre uma taxa de administração máxima entre 1% e 1,5%
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ao ano; numa Letra Financeira do Tesouro Direto (LFT), que é um título fixado à taxa básica de juros (Selic) diária, ou mesmo num CDB de um banco com taxa de 90% do CDI. É que nenhuma dessas formas de aplicação, todas consideradas de baixo risco, exige que o dinheiro fique parado obrigatoriamente por muito tempo, permitindo ao investidor lançar mão dele mais rapidamente, caso deseje.
Ações: o risco mais elevado No mesmo sentido, Marcos Crivelaro, professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap) e especialista em finanças, acredita que, para manter a “maior liberdade de movimentação de dinheiro”, o ideal para o curto prazo é investir na renda fixa. Ele ainda diz que, no momento, não recomendaria fazer investimentos em ações, mesmo com a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) tendo passado dos 64 mil pontos em outubro, o que não acontecia desde abril de 2012. Só os papéis preferenciais da Petrobras, um dos mais negociados na Bolsa, tiveram valorização de mais de 160% em 2016, saindo de R$ 6,70 no primeiro dia do ano para mais de R$ 18. A volatilidade, porém, afasta investidores. A ações da Vale são outro caso emblemático do mercado brasileiro: chegaram à mínima anual de R$ 6,44 e fecharam a última sexta em R$ 18,64. “Quem não tem experiência com ações, é melhor que fique na renda fixa”, afirma Myrian Lund. “E, para investir em Bolsa, tem de conhecer bem o mercado. Não dá para seguir o que o amigo faz. Tem que se preparar. É para quem tem perfil mais arrojado. É como o próprio nome diz: é ‘renda variável’. Gerir isso não é para qualquer pessoa”, complementa. Para o longo prazo, segundo Lund, seria o caso de pensar na aposentadoria. Isso poderia ser feito comprando títulos no Tesouro Direto ou, se a pessoa for mais cuidadosa e souber controlar bem o próprio dinheiro, até mesmo diversificar
SEU BOLSO a carteira com ações. O cuidado especial deve ser, especificamente, com as previdências nos grandes bancos. “Estão cobrando taxa de administração de 3% ao ano. Isso acaba com a aposentadoria”, alerta ela. Já a atenção óbvia no investimento em ações é com papéis de empresas pouco “confiáveis” - seja por dificuldades de gestão ou problemas de natureza econômica ou contábil. Estes tendem a se desvalorizar, representando, às vezes, grandes perdas para o investidor.
aplicações legais no sistema financeiro nacional que banca os depósitos mesmo em caso de graves tremores econômicos da instituição responsável pelo investimento. Mas não se esqueça: no Brasil, atualmente, só são garantidos depósitos de até R$ 250 mil por esse Fundo. Todo valor depois disso, caso o banco venha a quebrar, pode simplesmente ser perdido pelo investidor.
Se puder, fuja de opções que cobram IR Já para o médio prazo, a planejadora financeira oferece uma opção à rentabilidade dada pelos grandes bancos: abrir conta numa corretora independente. Assim, seria possível aplicar em LCI (Letra de Crédito Imobiliário) ou LCA (Letra de Crédito Agrícola) com taxas de rendimento mais atrativas – sem contar que essas aplicações não contam com incidência de imposto de renda (IR), o que as torna mais atrativas se comparadas a modalidades nas quais, muitas vezes, recai um percentual de 27,5% sobre os lucros. “É investimento para dar entrada no apartamento ou para o filho estudar no exterior em 10 anos. São aquelas coisas que quase toda família sonha”, explica Lund. Para orientar você, que busca diversificar seus investimentos e aumentar os ganhos, apresentamos uma tabela com alguns dos principais investimentos oferecidos pelos grandes bancos e corretoras. Na tabela, você encontrará informações sobre o valor necessário para o investimento inicial, a liquidez (ou seja, a possibilidade de fazer um saque antes do fim do contrato com a instituição financeira), se o investimento faz parte do Fundo Garantir do Crédito, se paga imposto de renda, qual o critério de rendimento, quem assume o risco em caso de turbulências no mercado e o público ao qual o investimento se destina. O Fundo Garantidor de Crédito é um “colchão”, um mecanismo de proteção a REVISTA SUCESSO |
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*Fundo: Freepik
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COTIDIANO
Camelôs: um velho problema que volta a crescer Crise faz número de ambulantes irregulares se multiplicar, trazendo concorrência desleal para os comerciantes legalizados
Os últimos meses foram marcados por uma nova expansão no número de camelôs pelo bairro. A lei 1.876 de 1992, que regula o comércio de rua, autoriza a presença deles no Rio de Janeiro. Mas não em todos os casos. Oficialmente, são aptos para atuar como ambulantes os deficientes físicos, as pessoas acima de 45 anos, os desempregados por tempo ininterrupto superior a um ano e os egressos do sistema penitenciário com a condição de não regressão ao crime. Mas não é o que se vê. Ao redor da rodoviária. No calçadão. Junto às estações de trem. Em importantes eixos de circulação de pessoas. Em toda parte, é notável o crescimento do comércio irregular, com consequente aumento da poluição sonora e até mesmo da sujeira nas ruas.
‘O EMPRESÁRIO EXIGE TER SEUS DIREITOS RESPEITADOS’
Fotos: Nathalia Cavalcante
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O aumento ou a diminuição do número de camelôs vem obedecendo a um padrão quase constante nas últimas décadas. As crises econômicas – como a atual – costumam fazer crescer exponencialmente o total de ambulantes. As políticas de repressão da prefeitura, pouco sistemáticas e sem continuidade, às vezes contribuem para controlá-los – a última grande rodada de regularizações e repressão ocorreu ainda no governo do ex-prefeito Cesar Maia. E, assim, os comerciantes legalmente estabelecidos vão vendo seus investimentos e seus negócios prejudicados pela concorrência desleal com aqueles que não pagam impostos, ocupam o espaço público muitas vezes de modo predatório, chegam a vender mercadorias roubadas ou piratas e, em última análise, prejudicam a economia formal, contribuindo, assim, para o aumento do desemprego.
Um comerciante dono de uma loja de roupas no Calçadão, e que pediu para não ser identificado por temer represálias dos camelôs, critica o crescimento desse tipo de atividade na região. Para ele, a atuação dos ambulantes caracteriza concorrência desleal e nociva para o comércio legal, uma vez que os empresários pagam por pontos comerciais extremamente caros, aluguéis e impostos. “Temos que acabar com esse discurso do ‘politicamente correto’ que diz que os ambulantes só querem trabalhar. Na verdade, o empresário também quer trabalhar, mas paga seus impostos e exige ter seus direitos respeitados e a ordem urbana estabelecida”, afirma. O empresário diz ainda que o comércio irregular como alternativa da crise é apenas mais um agravante da situação econômica: “Concorrência do comércio ambulante leva os empresários a venderem menos e, consequentemente, a ter de demitir mais.” Lojistas que enfrentam essa concorrência desleal pedem à prefeitura que descruze os braços e volte a fiscalizar e regularizar
COTIDIANO o serviço de rua. José Augusto Monami, que já foi administrador regional de Campo Grande e hoje é dono da rede de lojas de cosméticos Monami, é uma dessas vozes. “O problema não é só o camelô, porque a própria lei autoriza, mas sim a desordem pública que vivemos no Calçadão. A guarda municipal deve ser usada para organizar. Não tem ordem urbana na cidade de um modo geral... Nós, empresários, temos que nos unir. O Centro de Campo Grande está abandonado pelo poder público”, afirma o empresário. Num levantamento feito pela SUCESSO com 70 moradores de Campo Grande, o óbvio foi constatado: a população pede urgentemente a regularização do comércio de rua. Se 80% dos entrevistados disseram não se incomodar com a simples existência dos camelôs, quase metade (48,6%) exigem que a prefeitura combata os abusos e integre essas pessoas à economia formal, com o pagamento de impostos e o oferecimento de produtos de origem conhecida e fiscalizada.
PROCESSO DE REGULARIZAÇÃO TEM FALHAS Para tentar se regularizar e, assim, pagar impostos e deixar a informalidade, o camelô deve se submeter a um número específico de vagas por área. De acordo com a Secretaria de Ordem Pública, em todo o Rio de Janeiro há 18.400 (na XVIII R.A., que engloba Campo Grande, Santíssimo, Senador Vasconcelos, Cosmos e Inhoaíba, são 800). Segundo especialistas, é a incapacidade do poder público de agilizar os processos de legalização e as duras exigências que provocam a proliferação de camelôs pela cidade. O processo é penoso e, muitas vezes, sem resultados positivos. Prova disso é que, das 800 vagas disponíveis, apenas 369 estão ocupadas, segundo reconhece a própria prefeitura. Apesar do número baixo de regulamentados, não é difícil calcular às centenas em um simples passeio pela Grande Campo
Grande: em lugares não recomendados, comprometendo não só o comércio regular, mas também atrapalhando a ocupação dos transeuntes das calçadas já de difícil mobilidade no bairro. É o caso de Alexandre Silva, de 44 anos. Vendendo suco natural e empadinhas no Calçadão, já vive como camelô há 10 anos. Neste período, diz ter tentado inúmeras vezes regularizar sua situação, mas, segundo ele, “a secretaria dá várias desculpas” e não consegue. O problema é que, com a “normalização” da presença dos camelôs – e de suas táticas que não respeitam as regras do “jogo” –, o comércio em geral acaba se tornando uma atividade mais caótica e desorganizada. É que, ao ocupar as calçadas em frente às lojas, muitas vezes escondendo as fachadas (como é notável no calçadão e na rodoviária, onde a Leader Magazine, por exemplo, foi “engolida” pelas barracas dispostas na calçada), os ambulantes obrigam os lojistas a fazer o mesmo.
Os dois lados de um mesmo problema: Se por um lado, o comércio irregular traz transtornos como a sujeira nas calçadas, por outro lado, é a única saída para muitos desempregados
Para tentar competir de igual para igual com o comércio irregular que ocupa grande parte da calçada e compromete a visão dos pedestres de sua loja, Fábio Luiz, varejista do Passeio Shopping há três anos, é um dos que fazem uso de táticas de “de camelô” para não perder as vendas. “Aumentou bastante a presença de camelôs com a crise! Por volta das 17h ou 18h aumenta mais ainda. A organização e a fiscalização são péssimas. Acho que até os camelôs legalizados não conseguem usar o espaço, tamanha a bagunça. Colocamos produtos na calçada, como eles fazem, para marcar território e tentar atrair o consumidor em meio a essa guerra”, conta Fábio. REVISTA SUCESSO |
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COTIDIANO DO DESEMPREGO À INFORMALIDADE
Problemas recorrentes do comércio irregular: bloqueio da visualização das fachadas das lojas e ocupação irregular nas calçadas
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Sentado em frente a uma agência do Banco do Brasil na Avenida Cesário de Melo, Joaquim Ferreira é camelô há pouco tempo. Ele cuida do seu pequeno e instável espaço onde vende biscoito, bolo, café e outros itens. Com 54 anos, vive a realidade de muitos dos comerciantes irregulares avistados ao longo das ruas do bairro: desempregado em fevereiro deste ano, quando trabalhava na construção civil, e com sequelas de hanseníase, começou a sua saga como comerciante em meados de outubro. “Meu medo é só esse: o cara (guarda) chegar aqui e botar isso tudo no caminhão e eu não saber o que fazer. Já vi eles fazendo isso com os outros, mas não comigo.” O que diferencia Joaquim de muitos outros que atuam em Campo Grande e no Rio como um todo é que, ao vender coisas feitas em casa, não participa das redes de exploração de produtos que entram ilegalmente no país, por meio de rotas que saem da China e passam pelo Paraguai. Em outros casos, camelôs vendem produtos oriundos de caminhões tombados em vias como a Avenida Brasil e saqueados. Ou, como cogita um grande especialista em planejamento urbano carioca, Humberto Kzure-Cerquera, doutor em Urbanismo, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e coordenador do Plano de Estruturação Urbanística (PEU) da região de Campo Grande, há indícios de que a própria indústria contribua
para o fenômeno dos camelôs: “É, no mínimo, estranho que produtos de ponta de estoque das indústrias vão parar nas barracas dos camelôs ao mesmo tempo em que estão à venda na loja em frente por preços mais altos.”
O QUE PENSAM OS MORADORES? No levantamento da SUCESSO, os entrevistados citam a ocupação irregular de calçadas como um ponto negativo do comércio ambulante. “Eles precisam ter um lugar reservado, senão atrapalham a passagem. Não acho legal”, afirma Flávia Lourenço, dona de casa de 52 anos. Segundo Marco Antônio Ferreira de Souza, professor da área de Estratégia, Mercado e Operações da UFRRJ, a população está cansada da ocupação ilegal do espaço público e pede melhores serviços. “O poder público precisa estimular a apropriação diversa do espaço urbano pelas pessoas, para que elas não fiquem presas à existência de poucos e pequenos locais onde tudo se concentra. Quando isso acontece, os comerciantes informais vão, logicamente, ocupar os demais espaços”, discorre Procurada para falar sobre o problema, a Secretaria de Ordem Pública se limitou a afirmar que, com apoio da Guarda Municipal, “atua diariamente em todas as regiões da cidade para coibir o comércio ambulante irregular e fiscalizar o comércio ambulante legalizado.” A secretaria não respondeu as perguntas sobre as falhas visíveis no controle dos camelôs.
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ACESSIBILIDADE 12h15 Partimos do Calçadão de Campo Grande em direção ao Passeio Shopping.
Lu, membro do Conselho Tutelar e militante pelos direitos dos cadeirantes à acessibilidade e à dignidade, descreve vividamente como se sente ilhada na região e como, diferentemente do que a maioria dos andantes fazem, precisa planejar meticulosamente um passeio ou uma simples ida ao banco.
Crônica de um transtorno anunciado...
e repetitivo Acompanhamos a odisseia de uma cadeirante para percorrer, em mais de uma hora, um trecho que qualquer andante faz em 15 minutos, um caminho cheio de obstáculos e desrespeito Texto: Rita de Cássia Costa Fotos: Nathalia Cavalcante
Manhã de sábado nublado, nos encontramos às 11h05 com Lu Rufino no salão Lakshmi, único em Campo Grande onde, segundo ela, há verdadeira acessibilidade para pessoas com deficiência. Será ali que conversaremos com Lu e seu filho João sobre o transtorno cotidiano que ela enfrenta pelo simples fato de ter de se deslocar numa cadeira de rodas pelas ruas da nossa região. Começo perguntando sobre a sua história: Lu é hoje cadeirante em consequência da poliomielite, a paralisia infantil, doença viral que afeta o sistema nervoso central e, com frequência, provoca debilidades e atrofias nos membros inferiores, hoje erradicada no país. Ela ficou doente aos 8 meses. Nascida numa favela, a jovem condenada a uma vida sem perspectiva hoje incentiva outras pessoas com deficiência a enxergar esperança no futuro. Durante a nossa conversa,
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Exatamente às 12h15 saímos em direção ao Calçadão de Campo Grande e, de lá, ao Passeio Shopping. Subindo pela rua Professor Gonçalves, algo que muitos de nós já fizemos, o primeiro momento de tensão: enquanto conversamos, Lu precisa de ajuda para se desviar dos buracos e das irregularidades no pavimento a fim de nos acompanhar. É preciso usar força para, em alguns momentos, sustentar a cadeira sem deixá-la cair. Em outros, nos vemos em meio aos carros, tendo de deixar a calçada, frequentemente ocupada por carros. Lu tem um mapa mental muito preciso sobre os lugares “impossíveis” de passar. Ela não se equivoca. Um dos mais contumazes é uma madeireira localizada na Estrada do Cabuçu, que usa a calçada como depósito improvisado de toras e estacionamento de caminhões de carga e descarga. Já houve denúncias, mas a situação se mantém. Além de lá, as travessias entre os dois lados de uma região marcada por uma cicatriz na paisagem, a linha do trem, não é nada fácil. Nas estações da SuperVia não há elevadores para auxiliar os cadeirantes, simplesmente impedindoos de seguir caminho de um lado para outro. Na rodoviária, que poderia ser uma alternativa, mesma coisa: não há elevadores e nem sequer rampas. Voltando ao nosso trajeto, ela demonstra bom humor, apesar dos buracos e da ocupação irregular dos passeios. Quando pensamos que ela pode cair em alguns
ACESSIBILIDADE
Lu precisa de ajuda para se desviar dos buracos e das irregularidades no pavimento
trechos, responde dizendo que, com treinamento em jiu-jítsu, está preparada. A visibilidade é mesmo o melhor elixir para o descaso. Se muitos de nós, no dia a dia, não param para pensar nas agruras de uma pessoa com dificuldade de locomoção, durante nosso passeio – talvez atraídos pela presença de uma câmera –, muitos transeuntes nos abordam para manifestar sua indignação pelo estado das calçadas, pela ocupação irregular, pela ausência de rampas de acesso e outros elementos mínimos numa cidade democrática. Paciente, Lu repete que a empatia despertada infelizmente não se vê refletida em verdadeiros implementos. Para ilustrar sua fala, aponta para inúmeros casos de lojas sem acesso para cadeirantes, com degraus, corredores estreitos e mercadorias atrapalhando a passagem. Postes no meio do caminho, falta de fiscalização sobre a ocupação dos passeios por camelôs e lojistas, caminhões de carga e descarga transversalmente ocupando
Lu tem de deixar a calçada, frequentemente ocupada por carros
toda a calçada: nada do que vemos e ouvimos de Lu é caso isolado. Uma longa hora depois, chegamos ao destino final, o Passeio Shopping. Ironicamente, para cadeirantes como ela, é um dos únicos “passeios” possíveis em Campo Grande. São 13h15 quando colocamos o ponto final num trajeto de pouco mais de um quilômetro. Uma hora inteira gasta num deslocamento que um pedestre, em velocidade normal, faria em 15 minutos. Somado o tempo à tensão constante com os obstáculos, cansa, exaure qualquer um. E é o que ela precisa enfrentar sempre que se atreve a tentar usar nossas calçadas. Para evitar mais uma hora de sofrimento, deixamos Lu de carro no ponto de partida, onde ela própria vai dirigindo. Na nossa equipe, o assunto ecoa durante a tarde. E, no almoço, o carro não fica sobre a calçada que serve como estacionamento irregular do restaurante. Desta vez, tomamos o cuidado deliberado de não atrapalhar a passagem. Nossa sensibilidade já é outra.
Lu disputa a passagem na calçada com mercadorias de lojas do calçadão
Poucos lugares com rampas de acesso a cadeirantes
13h15 Ponto final: Uma hora inteira gasta num deslocamento que um pedestre, em velocidade normal, faria em 15 minutos.
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DIREITO
Crise faz subir em 61% o número de pedidos de recuperação judicial Entenda como funciona esse processo e saiba se sua firma pode solicitá-lo *Foto: Freepik
regulam o processo de recuperação, contribuindo para o retorno da empresa à economia. Desde, é claro, que ela tenha viabilidade econômica. A definição da viabilidade econômica de uma empresa em crise passa por tantos fatores que fazem do processo de recuperação judicial um dos mais delicados exercícios de cooperação humana em busca da comunhão de interesses. Devedor e credores são colocados em difícil situação de confronto e, mesmo assim, são obrigados a colocar suas diferenças de lado em busca de uma solução de mercado para a crise. Já a recomendação para as empresas inviáveis é a decretação da falência e a eficiente liquidação de seus ativos, propiciando a transferência dos meios de produção para outro empresário que saberá melhor explorá-los ou, ainda, a liquidação parcial das dívidas havidas com os credores.
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O agravamento da crise econômica fez disparar o número de pedidos de recuperação judicial no país. Segundo dados da consultoria Serasa Experian, foram 1.235 de janeiro a agosto deste ano (sendo 741 de micro e pequenas empresas). O número total representa 61,2% mais que os 766 do mesmo período do ano passado. Trata-se de um processo duro, mas necessário para garantir a manutenção das empresas como fontes geradoras de empregos, de circulação de riquezas e de crescimento.
Para entender como funciona esse processo, a SUCESSO conversou com a advogada Natália Meneguit de Carvalho, sócia da Meneguit & Advogados Associados, uma das bancas especializadas no tema na Grande Campo Grande.
Ao se embasar na livre iniciativa, o empresário de capital privado assume o risco de ser bem-sucedido ou fracassar – e, quanto mais inovador e ousado for, é lógico supor que mais lucrará. Por isso, a Lei de Recuperação e Falências (11.101/2005), que completou uma década de vigência no ano passado, é tida por especialistas como um verdadeiro pilar do capitalismo e tem mecanismos que
empresarial. Nela serão apresentadas
REVISTA SUCESSO - Qual a diferença entre reestruturação e recuperação judicial de uma empresa? Natália: A reestruturação é um termo adotado por nós para indicar os serviços prestados através de consultoria soluções jurídica, preventiva e de gestão para a conquista de resultados positivos. Já a recuperação judicial substituiu, na Lei 11.101/2005, a antiga concordata. Avaliada a condição da empresa frente aos credores, é traçada uma estratégia pautada no cumprimento das exigências legais. Na recuperação judicial, é muito provável que os administradores e sócios continuem na condução das atividades, ainda que haja a figura do administrador judicial.
DIREITO RS - A recuperação judicial é o mesmo que
recuperação. Dele consta toda a forma de
a falência?
quitação com os credores compreendidos
Não. É uma forma de a empresa em momentânea dificuldade financeira e/ ou econômica buscar a tutela do Estado, junto ao poder judiciário para que possa equilibrar suas contas e continuar a atuar no mercado. A falência é um processo que visa a promover a arrecadação de todos
pela recuperação, como o aumento do prazo, a modificação das condições de pagamento, a eventual contenção dos juros, dentre outras informações. Com o plano de recuperação há renovação das dívidas, porém, sem prejuízo das garantias ofertadas anteriormente aos credores.
os bens da empresa, a realização do ativo
RS - Quais são as formas para se recuperar
(transformação dos bens em dinheiro) e o
a empresa?
pagamento dos credores.
Trata-se de um extenso rol contido no
RS - Quais as principais diferenças entre a
artigo 50 da Lei 11.101/2005, sendo
recuperação judicial e a extrajudicial?
algumas destas formas a concessão pelos
As principais diferenças são que, na extrajudicial, não podem ser inclusas dívidas trabalhistas e por acidente de trabalho, não há suspensão das demandas judiciais em face da empresa e dos sócios, e os credores não podem desistir após a distribuição para homologação do plano de recuperação pelo juízo. Há caso em que é facultativa a homologação judicial do plano de recuperação, tudo ao contrário do
credores de prazos e condições especiais para pagamento, a alteração do controle societário, a venda parcial dos bens (livre de ônus e sucessão) e a equalização dos encargos financeiros, tendo como termo
que ocorre na recuperação judicial.
inicial a data
RS - Toda empresa pode pedir recuperação
do pedido de
judicial? Não. A lei se aplica ao empresário, à sociedade empresária e às companhias aéreas, porém não é dirigida para empresa pública e sociedade de economia mista, instituição financeira pública ou privada,
da distribuição
RS - Qual o prazo limite das parcelas em um plano de recuperação? No plano ordinário
de previdência complementar, plano de
de recuperação
assistência à saúde, sociedade seguradora,
(normal) não
sociedade de capitalização e equiparadas.
há prazo limite
sociedade empresária devem desempenhar as atividades há mais de 2 anos, não terem ido à falência anteriormente, não terem obtido concessão de recuperação judicial há menos de cinco anos (oito anos para micro e pequenas empresas) e não terem sido condenados em crime falimentar (empresário, administrador e sócio controlador). São estendidas essas exigências a cônjuge sobrevivente, herdeiros, inventariantes ou sócio remanescente. RS - Do que trata o plano de recuperação? É um termo elaborado por quem pediu a
Natália Meneguit de Carvalho, sócia da Meneguit & Advogados Associados
recuperação.
cooperativa de crédito, consórcio, entidade
Além de tais restrições, o empresário e a
“Com o plano de recuperação há renovação das dívidas, porém, sem prejuízo das garantias ofertadas anteriormente aos credores.”
estipulado, dependerá basicamente da empresa em recuperação e dos credores. Unicamente, o processo terá de terminar após dois anos da decisão que concedeu a recuperação, continuando-se a ser cumprido o plano após este prazo.
Carla Andrea Bezerra Araújo e Natália Meneguit de Carvalho, sócias no escritório
No caso do plano especial de recuperação, destinado como opção para as micro e pequenas empresas, o prazo limite é de 36 meses. REVISTA SUCESSO |
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DIREITO RS - Na recuperação e na falência os sócios
o credor que tenha posse de título ou
são afastados do controle da empresa?
títulos executivos protestados cuja soma
Na recuperação provavelmente ocorrerá a manutenção dos administradores e sócios controladores na condução da atividade, o que não ocorre na falência.
por qualquer quantia líquida, não paga, não depositada e que não tenha sido nomeado bem à penhora no prazo legal. E aqueles credores prejudicados por venda
é pagar o que deve?
ruinosa de patrimônio, o descumprimento
Antes de Junho de 2005, na vigência da
do plano de recuperação entre outros
legislação anterior, o objetivo era exatamente
casos previstos na Lei 11.101/2005.
este, atualmente não. O que a falência busca
RS - Os sócios, administradores, ou até
para que este não esteja a mercê das consequências originárias da presença de
gerentes poderão responder criminalmente em caso de recuperação ou falência?
uma empresa sem condições de honrar seus
Em ambos os casos. Os sócios, os diretores, os
compromissos financeiros. Somente após
gerentes, os administradores, os conselheiros,
essa retirada é que há um processo que se
devidamente indicados, ou mesmo que
ocupará do pagamento aos credores.
esporádicos, bem como o administrador
RS - Quem pode pedir a falência?
| REVISTA SUCESSO
mínimos. Também o credor de execução
RS - O objetivo da falência de uma empresa
é retirar do mercado empresas irrecuperáveis,
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ultrapasse o equivalente a 40 salários-
judicial equiparam-se ao falido para todos os efeitos penais da lei, daí cresce a
A própria empresa que pretende falir pode
preocupação em estar bem assessorado num
pedir a falência. Mas não só. Também
processo de falência e de recuperação.
REVISTA SUCESSO |
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DESENVOLVIMENTO
Vale da Prata,
região que é ouro Com novos empreendimentos imobiliários, polo gastronômico e serviços em expansão, área vira uma das favoritas da classe média-alta do bairro
privilegiada, e o perfil de quem transita e vive por ali é de alto padrão.” Idealizado pela OHF Engenharia, o Alcácer Prata, na Rua Avaré, é outro dos empreendimentos que reforçam essa tendência. De perfil residencial, o conjunto, também recém-concluído, surge para suprir a demanda por moradias de classes média-alta e alta em Campo Grande. “Campo Grande tem mais de 450 mil habitantes, e percebemos que há uma grande parcela com alto poder aquisitivo e orgulho de ter nascido e crescido no bairro, desejando continuar nele. Essas pessoas têm os amigos e o comércio de que gostam na região e querem ter opções de moradia compatíveis com sua renda”, afirma João Paulo Araújo, sóciodiretor da OHF Engenharia.
O residencial Alcácer Prata e a unidade local do Espetto Carioca: expansão em Campo Grande
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| REVISTA SUCESSO
Nos últimos anos, ignorando crises, Campo Grande vem experimentando um crescimento expressivo no número de empreendimentos, o que alimenta um ciclo virtuoso de expansão da sua população e dos serviços. Segundo dados da Associação de Dirigentes do Mercado Imobiliário do Rio, o bairro ficou em segundo lugar no ranking de lançamentos e vendas em 2015, superado apenas por Jacarepaguá. Por consequência, novas sub-regiões surgem e formam verdadeiros polos. A bola da vez entre eles é o Vale da Prata. Nos últimos anos, pelo menos cinco grandes empreendimentos imobiliários focados em negócios e comércio aportaram ali. Um deles é o WestTower, que, recém-concluído na Rua Professor Castilho, já tem quase metade das suas 192 salas comerciais ocupadas e todas as suas 16 lojas vendidas. Jonas Victor, diretor da Victor Imóveis e responsável por parte dessas negociações, explica a escolha da região: “A localização é
Mais dinheiro circulando, melhores serviços. O Polo Gastronômico do Vale da Prata, que a SUCESSO apresentou na edição passada, já virou ponto obrigatório ali. Restaurantes como Coliseum, Império D’Itália, Romanella, Espetto Carioca e Errejota Gourmet celebram o movimento em ascensão, a despeito da crise no país. “Abri aqui porque me identifico com o lugar, é onde fui criado. Esse lado de Campo Grande estava precisando de algo mais seleto”, diz Nelson Machado, dono do Errejota. E, como a gente não quer só comida, também há diversão, arte e esporte em vista no sub-bairro em desenvolvimento. A academia ProCombat acaba de inaugurar uma expansão nas suas instalações, respondendo a um aumento na procura. E o Colégio Adventista de Campo Grande, associado da ACICG, também se prepara para um mais investimento. Até janeiro, deve inaugurar a Escola Adventista de Música. “Ofereceremos formação musical de nível técnico elevado. O bairro tem enorme potencial, muitos serviços, uma população diversificada. Certamente esse crescimento só tende a continuar”, afirma Raquel Ross, diretora da nova escola.
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*Ilustrações: Freepik | Direção de Arte: Elaine Rodrigues
CAPA
Nuvem, drive, HD externo: onde seus dados estão mais protegidos? Numa era de crescente troca de informação digital, especialistas e técnicos de TI de empresas de todos os portes ensinam como garantir a manutenção do trabalho sem dores de cabeça Por Maurício Ferro Numa sociedade crescentemente interconectada, e cujo eixo de produção, trocas, experiências e criação se desloca cada vez mais para a internet, segurança de dados é tema vital – mas, perigosamente, ainda ignorado por muitos. No caso das empresas, a importância que elas dão ao armazenamento de seus dados costuma ser diretamente proporcional ao tamanho que têm no mercado. Quanto maior forem e mais informação gerarem no mundo digital, maior tenderá a ser a seriedade com que tratam 24
| REVISTA SUCESSO
a política de segurança de dados. Por outro lado, empresas pequenas às vezes negligenciam essa área. “Seria bom que não fosse assim”, comenta Gabriel Nascimento, gerente de Tecnologia da Informação (TI) da rede de cursos Yes! Idiomas, uma das grandes associadas da ACICG que é sediada em Campo Grande e conta com dezenas de unidades espalhadas por 15 estados. Nascimento acredita que, ao menos no Brasil, as pessoas não pensam de imediato nos dados ao
CAPA iniciar um empreendimento. O cuidado, muitas vezes, só vem depois de ocorrer uma falha no sistema ou, ainda pior, um ataque. E eles têm se multiplicado. A 18ª edição anual da Pesquisa Global de Segurança da Informação, realizada pela consultoria PwC, mostrou que, em 2015, o Brasil foi líder em todo o planeta no crescimento de ataques cibernéticos, com alta de espantosos 274% em relação a 2014 e um total de 8.695 casos registrados. “Ao abrir uma empresa, é muito difícil que as pessoas se preocupem com isso no primeiro momento. O pessoal não pensa em fazer backup de tudo. Aí, quando tem um problema, começam a se preocupar e verificar quais são as possibilidades”, afirma.
NÃO É PALPÁVEL. MAS É SEGURO? Uma das alternativas mais seguras para os empreendedores, dizem os especialistas, é deixar os dados na nuvem – apesar da insegurança que o público em geral sente por não ser algo palpável. As vantagens são muitas, garantem, uma vez que a maioria dos serviços que oferecem essa armazenagem dispõe de mecanismos de proteção de alta tecnologia e espalham os dados por diversos servidores, de modo a quase anular a possibilidade de perdas. “Já vi até sistema de nuvem em que o cliente também pode ter acesso aos arquivos. Um advogado, por exemplo, pode passar a senha para o cliente acessar os documentos. Existem aplicativos que fazem isso. É como se fosse um drive físico”, conta Ricardo Barbosa, administrador da Drogaria do Povo, outro dos importantes associados que já demonstraram se preocupar com o tema. Outra possibilidade que a nuvem oferece é o acesso aos dados e arquivos de qualquer lugar. É essa a facilidade que Caroline Mazzoleni, gerente administrativa da associada JM Imóveis, passou a ter há duas semanas, quando começou a utilizar o serviço. “Fazemos backup num HD externo, mas agora comecei a jogar arquivos na nuvem por conta própria. Coloco algumas coisas da imobiliária que uso no dia a dia lá. Não preciso mais estar sempre no escritório”, explica. A grande desvantagem da nuvem é o custo, para aquelas empresas que têm recursos escassos no caixa. Isso porque empresas que excedem o limite de capacidade que é ofertado gratuitamente precisam pagar pelo serviço, de acordo com o “peso”
total dos arquivos que desejam armazenar. Por outro lado, os pequenos empreendimentos, que em geral são aqueles que têm pouco dinheiro disponível para investir nesse meio, também costumam ser aqueles que não têm tanta necessidade de pagar para ter mais “espaço”. O gerente de TI Gabriel Nascimento faz o contraponto entre os empreendimentos pequenos, médios e grandes. “Numa empresa pequena é mais complicado usar nuvem, porque o custo torna-se mais elevado. De repente, com drive físico, elas conseguem um preço menor. Já numa empresa média ou grande, acho que a melhor opção é a nuvem, sem dúvida nenhuma”, opina ele, que pondera em função do orçamento. “A diferença é que um hard-drive é possível perder, mas na nuvem fica em segurança sempre”, conclui.
QUANTO MAIS, MELHOR Apesar de haver um consenso entre os especialistas de que a nuvem é uma opção segura, eles mostram que é bom estar sempre preparado para o pior e ter mais de uma forma de salvar os dados. O administrador Ricardo Barbosa, da Drogaria do Povo, conta que ali se fazem diversos tipos de backup, para minimizar ao máximo os riscos de perder informações importantes. “Fazemos backup em máquina espelhada, ou seja, que contém dois HDs. O que grava em um grava no outro. Se um para de funcionar, o outro funciona e acaba gravando”, explica Barbosa. “Agora, se a máquina pegar fogo”, prossegue ele, “como nosso e-mail é Gmail, acaba tendo bastante espaço onde guardamos muitos dados. No fim do mês, jogamos tudo na nuvem”, conta, acrescentando que não paga tanto pelo serviço adicional, já que os dados que possui não são muito pesados. “Nossos dados são mais de renda. Uma loja que faz projetos e usa programas pesados é que gasta muito. Nossos arquivos são mais leves.” Além dos dois métodos, Barbosa acrescenta que ainda existe um “gestor”, localizado num ponto específico, o qual centraliza os dados de todas as 15 unidades da Drogaria do Povo espalhadas por Campo Grande, Recreio, Santa Cruz, Itaguaí, Cabo Frio e Seropédica. Então, se tudo der errado, ainda é possível recorrer a esse gestor – atualizado diariamente – e pegar as informações desejadas. REVISTA SUCESSO |
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CAPA “Para perder toda a informação de uma loja, tem que queimar o primeiro HD, queimar o HD espelhado e queimar as três máquinas que existem no gestor. E, mesmo assim, ainda teria a nuvem do Gmail”, raciocina Barbosa. E, como o backup no gestor é online, tudo que uma loja vende é jogado virtualmente para esse ponto central. Minutos depois, todas as demais lojas já sabem o que foi vendido, e o estoque é acertado. Da mesma forma, se um preço é alterado numa loja, todas as outras unidades ficam informadas da mudança quase em tempo real. “No HD espelhado e no gestor tenho a atualização de tudo até o último minuto”, afirma.
BACKUPS DIÁRIOS A necessidade é o que dita a política de armazenamento de dados de cada empresa. Especialistas só coincidem numa coisa: o ideal é fazer backups diários dos documentos. Mesmo assim, nem sempre é imprescindível adotar tanta precaução, justamente em função dos tamanhos distintos de cada empresa, bem como da quantidade de informações que acumulam.
“O mais recomendável é fazer backup diariamente, mas aqui fazemos semanalmente”, diz Gabriel Nascimento. “No nosso caso, é um backup automático agendado para toda quintafeira. Temos um servidor local em que rodamos um software. Ele agenda os backups na nossa rede de dados e, quando chega a hora marcada no agendamento, que geralmente é à noite, ele roda sozinho”, explica. Como prevenção, Nascimento afirma que às sextas sempre é checado se o backup foi feito normalmente. “Conferimos no dia seguinte e, se estiver tudo certo, liberamos. Em 98% das vezes foi tudo bem. Mas, em 2%, já aconteceu de não vir um arquivo, por exemplo. Aí tivemos que ver o que aconteceu e corrigir o problema.” Já na JM Imóveis, como conta Caroline Mazzoleni, o procedimento era um pouco diferente. Antes de a própria Caroline optar por usar a nuvem para arquivos que ela utiliza, todas as informações ficavam armazenadas num HD externo. “Todo dia colocamos alguma coisa nele e levamos para tudo quanto é lugar. Já resolve nosso problema.”
O melhor método segundo o tamanho da sua empresa PEQUENAS – Não requerem obrigatoriamente compra de espaço extra em serviços conhecidos de armazenagem em nuvem, como Google Drive, iCloud (Apple), Amazon Cloud Drive ou Box. Em média, esses serviços costumam disponibilizar 5GB de espaço, de modo que tudo o que extrapola essa cota passa a ser cobrado em assinaturas anuais. Se a sua empresa gera apenas arquivos de vendas, tabelas e informações fiscais em geral, é uma boa opção tentar essa forma de guardar tudo. Embora especialistas reforcem: segurança
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em excesso nunca é demais, e, além de contar com os servidores dos serviços em nuvem, é melhor salvar tudo o que puder em HDs externos ou drives físicos. MÉDIAS – Precisam avaliar o quanto de espaço extra terão de pagar e eleger os melhores serviços de armazenagem em nuvem. Alguns, como o Copy, oferecem até 15GB gratuitamente e até 250GB mediante o pagamento de US$ 49 anuais. Vale a pena, dependendo do tipo de informação que você precisa guardar. Novamente, siga a regra de ouro: previna-se e apele a métodos
redundantes de armazenagem, como os HDs espelhados usados pela Drogaria do Povo. GRANDES – Estas já terão de comprar espaços ainda mais robustos em serviços em nuvem e usar mais de um método de armazenagem física. Afinal, o volume de dados gerado tende a ser bem maior – e as perdas, em caso de problemas, exponencialmente piores. Os backups programados em espaços físicos, método adotado pelo Yes! Idiomas, são uma excelente forma de garantir uma frequência boa de estocagem de informações.
INFORME PUBLICITÁRIO
Golfinho Amigo e Centro Educacional Portugal união familiar por uma educação de excelência Com alunos distribuídos em três unidades, grupo aposta na gestão profissional envolvendo duas gerações É consenso entre especialistas: a educação mais importante, a que forma o caráter de um
No dia a dia, os desafios inerentes a um importante Centro Educativo com muitos alu-
cidadão, começa em casa. Nada mais lógico, portanto, que o conceito de continuidade e
nos, conjugam como ela descreve, fundamentos técnicos e o olhar generoso de quem
união inerentes ao lar sejam aplicados na administração de uma escola. Há 33 anos, uma
se conhece e respeita. Diretores Pedagógicos, Supervisores de Área, Orientadoras
mesma família leva adiante o Jardim Escola Golfinho Amigo e o Centro Educacional Por-
Educacionais e Psicóloga fazem parte do time que auxilia a família Portugal em sua
tugal, formando gerações de jovens campo-grandenses. São três espaços físicos - Estrada
gestão profissionalizada. “O olhar de todos contribui para o movimento e o processo
do Cabuçu 965, Estrada do Cabuçu 970 e Rua Camaipi 138 - situados em Campo Grande,
educativo”, ressalta Regina.
que oferecem, respectivamente, Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II e a Área de
A ideia de convivência num lar permeia as atividades do Golfinho Amigo/Centro Educa-
Lazer com quadra esportiva e piscinas. Tudo gerido por Regina Portugal e seus dois filhos,
cional Portugal. Há opção pelo horário integral até o 5º ano do Ensino Fundamental e
Vinicius e Roberta. Com a mesma dedicação e o mesmo conceito do início.
uma clara preocupação com atividades extracurriculares, proporcionando aos seus alu-
“Ter meus filhos como sucessores na gestão é uma realização. Eles estão aqui por
nos aulas de Educação Musical e Coral, aulas de Futsal, Natação, Karatê, Jazz, Ginástica
vontade própria e se prepararam para isso. Trata-se de um importante símbolo de con-
Rítmica e Natação, bem como Curso de Inglês-PES (POSITIVO ENGLISH SOLUTION).
tinuidade e sinaliza que eles valorizam o nosso trabalho e entendem que não foi fácil
O material educativo do complexo tem parceria com o renomado grupo Positivo, de
chegar até aqui. Com compromisso e também profissionalismo, trabalhamos como
Curitiba. Em 2017, incluiremos o inglês na Educação Infantil a partir do Maternal II
uma verdadeira equipe, fortalecendo as tomadas de decisões. Assim, creio que nos
(JUST FOR LITTLE kIDS). A língua já faz parte do currículo do 1º ao 9º ano, e o Espanhol
manteremos como uma organização unida, leal e dedicada”, conceitua Regina, que é
é introduzido a partir do 6º ano. Assim se traduz a preocupação com uma formação
fundadora e diretora-geral do colégio.
completa para um mundo globalizado.
POSITIVO ON: AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM O Jardim Escola Golfinho Amigo e o Centro Educa-
em palestra no colégio para os pais, no último dia 9
cional Portugal lançam no próximo ano letivo uma
de novembro. E a ideia que a norteia está no centro
novidade tecnológica que permitirá potencializar o
dos debates entre educadores em nível mundial: ofe-
aprendizado e o engajamento dos alunos do 2º ao 9º
recer uma linguagem mais atrativa e modernizar as
ano do Ensino Fundamental. O aplicativo POSITIVO
técnicas de educação para preparar os cidadãos da
ON, desenvolvido pelo Sistema de Ensino Positivo,
era digital. Os próprios professores, assim como os
permitirá aos jovens manter atividades acadêmicas
gestores do colégio e os familiares, poderão acompa-
em casa, no celular, no tablet ou no computador. A
nhar, também pelo POSITIVO ON, o desempenho es-
ferramenta foi apresentada por Rodrigo Leão, Super-
colar do aluno e os diferentes processos educativos,
visor Regional do Rio do Sistema de Ensino Positivo,
uma inédita e instigante forma de integração.
Rodrigo Leão do Sistema de Ensino Positivo com os pais. REVISTA SUCESSO |
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EZSoft: uma solução empresarial em nuvem para pôr seus lucros lá em cima Um papo com dois dos sócios da empresa nascida como startup que integra soluções empresariais de modo simples e muito adaptável – e que acaba de chegar a Campo Grande Não é só o armazenamento de dados que caminha para a nuvem – ou seja, o conjunto de servidores espalhados globalmente e que têm a habilidade de guardar informações de modo muitíssimo mais amplo e seguro do que o seu computador ou mesmo os servidores locais da sua empresa. É a própria produção da nossa sociedade que se desloca para a rede. Com essa filosofia em mente, chega a Campo Grande uma empresa que nasceu como start-up e oferece algo pioneiro no desenvolvimento de tecnologias para os negócios. Criada no Rio, a EZSoft (pronuncia-se “izi soft”, referência à palavra easy, ou fácil, em inglês) se define como uma software factory, o que, em tradução livre também do inglês, poderia ser uma fábrica de softwares, e que, na prática, é uma empresa que oferece uma plataforma completa de soluções para as atividades on-line de empresas. O foco da ação da empresa, que oferece tecnologia de alto nível a empresas de qualquer segmento, são seis pilares: controle, vendas, produtividade, captação, presença e integração. Tudo na nuvem, tudo acessível a partir do dispositivo que melhor convier ao cliente. Formada por Nelson Nanes, diretor comercial, Daniel Santos, 28
| REVISTA SUCESSO
diretor de marketing, e Marcos Nascimento, diretor de desenvolvimento, além de diversos colaboradores que, em posições sênior, têm maior contato com o cliente e maiores poderes de ação e decisão, a EZSoft conhece o mercado de Campo Grande, vê-o como um dos mais promissores do Rio e planeja trabalhar, a princípio, com empresas de tamanho médio da região, oferecendo suas soluções que, depois, poderão ser replicadas a outras, menores, a preços bem mais acessíveis. O objetivo desses empreendedores é ambicioso: expandir sua área de atuação para todo o país e até para o exterior, uma vez que sua plataforma é multilinguística e adaptável a realidades variadas. Neste papo com Daniel Santos e Marcos Nascimento, conhecemos um pouco mais da EZSoft e da sua área de atuação. O que faz exatamente a EZSoft e por que investir no mercado de Campo Grande? Daniel Santos: Somos uma empresa que começou como uma start-up e está criando uma plataforma em nuvem que permite desenvolver soluções para qualquer negócio. A sede é na Barra, mas o Nelson, um dos nossos sócios, conhece o mercado de Campo Grande. Somos todos da Zona Oeste e sabemos muito
INFORME PUBLICITÁRIO bem que nossa região é a de maior potencial de crescimento no Rio. Queremos levar às empresas daqui a nossa plataforma EZControl, que agrega todos os sistemas e é muitíssimo adaptável à realidade de cada negócio, sem limites. Entregamos tudo o que for necessário para que se possa realizar controle de negócios em nuvem, de forma virtual. O que vocês oferecem é um software de gestão empresarial? Daniel: Não. A primeira leva de sistemas do EZControl é destinada a realizar negócios on-line. Ou seja, permitir que um negócio que existe presencialmente funcione também on-line. Hoje, demanda-se a contratação de um servidor, uma equipe de informática. E o que vamos permitir é usar infraestrutura de servidor em nuvem, o que diminui custo com manutenção e hardware. Há um tipo de empresa que seria o foco preferencial de vocês? Daniel: Não estamos focando em negócios específicos. Como é flexível, se você tem uma indústria e quer ter dados do software de gestão financeira, em tempo real, num aplicativo de celular, vamos conseguir fornecer isso. Conseguimos obter dados de grandes sistemas do mercado automaticamente, por meio de APIs de integração. O nosso grande diferencial é transformar soluções que já existem em algo completamente flexível. Como é possível entrar num sistema de gestão de uma SAP ou uma Totvs, entre outras, para fazer algo com base neles? Marcos Nascimento: O EZControl oferece total integração com outros softwares, consumindo e entregando APIs, o que oferece sincronizações em tempo real. Porém, para que isso ocorra mutuamente, é necessário que estes sistemas pré-existentes deem suporte a esse tipo de recurso. Caso contrário, ainda seria possível acessar diretamente o banco de dados para a realizar a integração, sem que seja necessário contratar um novo desenvolvimento para o antigo sistema. Essas integrações agilizam o processo e reduzem o custo do projeto exponencialmente. Daniel: Oferecemos flexibilidade. Temos um cliente que tem um foodtruck e precisava de um software para gestão de estoque. Nesse caso, era preciso criar algo extremamente customizado, pois as soluções oferecidas por outras empresas são muito genéricas e com muitas funcionalidades desnecessárias. Dessa forma, conseguimos entregar algo específico para foodtrucks, utilizando as experiências de negócio vividas pelo próprio cliente. Assim, criamos também, um produto para atender todo um segmento. Quando começou a empresa? Daniel: A EZSoft nasceu de uma start-up em janeiro deste ano.
O Nelson, sócio-fundador, trabalha há muitos anos no Rio e atua em comércio, atuou no mercado de imóveis, com grandes construtoras, fazendo parcerias e desenvolvendo negócios. É renomado no Rio. Identificou que há muitas empresas com demanda de tecnologia em várias áreas. Muitas das empresas com as quais se relacionava como parceiro tinham demandas de tecnologia que, em sua maioria, não eram bem atendidas pelas soluções tecnológicas oferecidas no mercado. Ele pensou, então, que essas demandas são recorrentes para a maioria das empresas brasileiras e, tomou a iniciativa de montar uma empresa capaz de atender à essas necessidades, reunindo profissionais seniors, com grande experiência na área de TI (tecnologia da informação). Como estão os planos de expansão? Daniel: O foco tem sido em deixar a plataforma extremamente estável. Os produtos têm de estar perfeitos. A princípio, estamos focando em desenvolver produtos customizados para empresas médias e de grande porte. Dependendo do projeto, a EZSoft pode propor uma parceria ao cliente, dividindo o custo de desenvolvimento e investindo na criação de um produto para comercializar posteriormente. Assim, ao final do projeto todos serão beneficiados, pois o cliente receberá o seu software personalizado, com custo reduzido, e a EZSoft poderá criar um novo produto para oferecer a pequenas empresas, com um valor mais acessível. A implantação dessas soluções demanda visitas? Ou é algo que pode ser feito virtualmente? Marcos: Depende. Se o negocio do cliente for somente on-line, como um e-commerce ou um gerenciador de conteúdo para sites, por exemplo, bastar acessar, contratar e começar a usar, mas, no caso de uma solução para indústria, como automação virtual de uma máquina ou criação de algo com inteligência artificial, seria necessário algum treinamento in loco com as pessoas responsáveis pela operação do sistema. Sobre criação de sites, fizemos o EZCMS, uma espécie de Wordpress (plataforma de publicação em nuvem) envenenado (risos). Estamos desenvolvendo em linguagens que vem crescendo muito e são tendências para o futuro, como o C# e o TypeScript, o que garante maior longevidade e segurança para todas as soluções que estamos desenvolvendo. Daniel: O nosso grande diferencial é a flexibilidade que nos permite ver além. Estamos visualizando até a internacionalização. Temos ideia de abrir uma filial no Canadá até 2018. A plataforma EZControl é multi-idioma e permite customização para atender com eficiência os vários mercados do Brasil e do mundo. REVISTA SUCESSO |
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VIOLÊNCIA vem se refletindo em notáveis cortes no orçamento das polícias Civil e Militar.
Assassinatos disparam na região e no estado Mortes intencionais crescem 57% no segundo quadrimestre do ano em relação a 2015 na área de Campo Grande. Roubos a transeuntes também têm alta expressiva de 55% Em todo o território fluminense, homicídios praticados pela polícia crescem 54,5% O segundo quadrimestre do ano teve nova disparada nos índices de assassinatos e crimes violentos no Estado do Rio, e a região de Campo Grande não escapou dos números sangrentos. Enquanto a capital celebrava os Jogos Olímpicos, sob a vigilância de 88 mil agentes, a criminalidade não deu trégua de maio a agosto, e o número de mortes saltou 57% na 40ª Área Integrada de Segurança Pública (AISP), que integra os bairros de Campo Grande, Santíssimo, Senador Vasconcelos, Inhoaíba e Cosmos. Segundo dados da própria Secretaria estadual de Segurança Pública, houve 22 assassinatos por aqui de maio a agosto, contra 14 no mesmo período do ano passado. No Estado do Rio, o banguebangue é espantoso: foram 1.498 mortes intencionais no mesmo período, contra 1.261 no quadrimestre equivalente de 2015. Ou seja, quase 19% de alta. A crise financeira sem fim que o estado enfrenta, reflexo da queda dos preços do petróleo (commodity que representa quase um terço das nossas receitas) e de uma gestão deficiente dos recursos públicos, 30
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Como a SUCESSO revelou em sua edição de julho, a 35ª DP (Campo Grande) opera no limite de sua capacidade, com o fim das horas extras pagas a policiais – e a consequente diminuição das diligências –, a falta de insumos básicos, como lâmpadas, material de escritório e até papel higiênico, e a “aposentadoria” compulsória de 30% da frota de veículos para poupar combustível. “Amigos e empresários da região estão ajudando com doações”, revelou o delegado-titular, Marcelo Ambrósio. De janeiro a abril já se havia registrado um grande salto no número de crimes violentos na região, com alta de 129% no total de assassinatos em relação ao mesmo período de 2015. Fontes das polícias Civil e Militar na região, que pediram para não ser identificadas, denunciam desde então uma piora considerável das condições de trabalho e cortes ainda mais duros no orçamento, afetando as investigações. Isso se reflete nos números. A Grande Campo Grande teve 686 assaltos a pedestres de maio a agosto, 55% mais que os 442 dos mesmos meses de 2015. Um trabalho de inteligência levado a cabo pela 35ª DP continua a dar bons frutos, e o bangue-bangue não se verificou nos roubos a estabelecimentos comerciais ou cargas, que tiveram quedas – de 53 para 45, no caso dos primeiros, e de 92 para 70 nos assaltos aos caminhões. Mas os aumentos nas mortes e nos assaltos a pedestres mostram que o cidadão comum é o mais afetado. Se analisadas todas as regiões do Estado do Rio de Janeiro, o quadro é alarmante. Quando se somam as modalidades de assassinatos (homicídios dolosos, ou intencionais), lesões corporais seguidas de morte, latrocínios (roubos seguidos de morte) e autos de resistência (pessoas assassinadas pela polícia em serviço), o total alcançou 1.894 de maio a agosto,
VIOLÊNCIA um salto de mais de 25% em relação aos 1.511 dos mesmos meses do ano passado. Os autos de resistência chamam particularmente a atenção: foram 306, contra 198 em 2015. Ou seja, 54,5% mais. Depois de oito anos de queda nesse tipo de ocorrência – seguidamente denunciado como execução sumária por ONGs internacionais, como a americana Human Rights Watch –, a tendência volta a se inverter. Em julho, essa organização divulgou um relatório segundo o qual os policiais do Rio de Janeiro mataram 8 mil pessoas em uma década. O ano de 2013 registrou o menor número de pessoas mortas pela polícia fluminense desde 2007, quando começou a queda: 400, número que voltou a subir em 2015 para 645, segundo dados oficiais. A região de Campo Grande, nesse sentido, é uma feliz exceção. Se, nos oito primeiros meses de 2015, houve apenas um auto de resistência aqui, este ano de 2016 continua com zero morte pela polícia na 40ª AISP. Essa política de confrontação “inteligente” foi explicitada à SUCESSO pelo comandante do 40º BPM (Campo Grande), tenente-coronel Marcos Neto. “A sociedade precisa deixar de nos associar a repressão e ditadura.” Procurada, a Secretaria estadual de Segurança não respondeu ao nosso pedido de entrevista até o fechamento da edição.
A violência em números Legenda:
2015
2016
Aumento
GRANDE CAMPO GRANDE assaltos a
homicídios
pedestres
intencionais
22
57%
14
686 442
55%
CAPITAL homicídios intencionais
latrocínios
378 418
10,6%
19
24
26%
Estado do Rio homicídios
lesões corporais
intencionais
1.261
seguidas de
1.498
morte
21
18,8%
latrocínios
8
162,5%
mortes pela polícia
69 44
306 198
56,8%
54,5%
total de mortes intencionais
1.894 1.511
25,3%
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O NOVO SIMPLES E O AUMENTO CAMUFLADO DA CARGA TRIBUTÁRIA Este ano de 2016, completam 10 anos desde o Simples foi criado, através do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, que tinha como maior objetivo simplificar a vida dos micro e pequenos empresários, através da cobrança em uma só guia dos tributos municipais, estaduais e federais. Mas infelizmente essa bela essência ficou no passado. A Lei Complementar 155, aprovada em outubro passado, trouxe um aumento no limite de Faturamento Bruto, que a partir de 2018 passa a ser de 4,8 milhões por ano. Só que as boas notícias ficaram por aí. A máxima de que “se podemos dificultar, pra que facilitar?” foi posta em prática de uma maneira cruel. O mais justo, simples e correto seria apenas aplicar a correção da inflação ano a ano desde
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2006 até hoje como índice de reajuste da tabela. Se aplicada essa dinâmica em comparação com aplicada pela nova lei, constatamos que não houve nenhum aumento real do limite, e sim perda. O jeito simples de calcular o imposto devido também foi abolido, com a criação de novas faixas, aplicação de alíquotas e descontos padrão. E o pior ainda está por vir, com o aumento descarado da carga tributária. Cito por exemplo as empresas comerciais, que estão enquadradas no Anexo I do Simples Nacional, que hoje pagam na faixa máxima de faturamento 11,61%, a partir de 2018 passarão a pagar espantosos 19%!!!!!!! O profissional da contabilidade, já altamente desgastado por tantas obrigações e cálculos, impostos aos seus clientes, vai
*Foto reynermedia via Visualhunt
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precisar dedicar ainda mais tempo para o trabalho fiscal, ao invés de atuar em sua essência contábil, transformando dados em relatórios capazes de auxiliar a gestão das empresas na tomada de decisões. NOVO PARCELAMENTO PARA DÍVIDAS Participantes do Simples Nacional com dívidas vencidas até maio de 2016 poderão realizar o pagamento dos débitos em até 120 vezes, com o valor mínimo de R$ 300,00 na parcela para micro e pequenas empresas e de R$ 20,00 para MEI. O valor de cada prestação será corrigido pela taxa Selic e por 1% aplicado no mês do pagamento da parcela. Nesse item, mais uma pitada de maldade: porque autorizar os débitos para parcelamento em 120 meses apenas das dívidas contraídas de maio de 2016 para trás? E as empresas afetadas pela crise que devem impostos do Simples de junho até agora? Não terão direito ao parcelamento? Serão punidas com o desenquadramento?
Empresários e Contabilistas precisam urgentemente se entender como aliados que são, na busca por seus direitos, pela cobrança de uma carga tributária justa, capaz de ser honrada, pela criação de um sistema tributário simples e efetivamente benéfico para o ambiente de negócios. O sucesso das empresas é a garantia de sucesso do profissional da contabilidade. Falta-nos representatividade política, pois o que parece é que a nossa legislação é feita por ignorantes no assunto ou por pessoas que pouco se importam com a manutenção da vida das empresas e a manutenção do emprego de milhões de brasileiros. O país só está ainda de pé pelo trabalho honesto e pelo imenso esforço de nós empresários e contabilistas!!!!!
SAMIR FERREIRA BARBOSA NEHME Contador / Advogado / Administrador de Empresas Vice-Presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado do RJ
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DESENVOLVIMENTO URBANO Por Carlos Machado Brito Advogado, Bacharel e Mestre em Direito, Economista e Diretor-Presidente da Sociedade Cultural do Progresso Urbano no Brasil
O ENGAJAMENTO DA SOCIEDADE NA SEGURANÇA PÚBLICA A Constituição Federal em seu artigo 144 afirma que: “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”. O Secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro afirma: “Segurança não é trabalho apenas de uma ou duas instituições, é um trabalho de todos nós. Não esperem tudo da polícia. Nós precisamos do engajamento da sociedade e das demais instituições públicas (associadas comunitárias)” O principal objetivo das entidades comunitárias é prevenir, identificar problemas e controlar os setores de risco de múltiplas origens. Compete a todo cidadão assumir sua parcela de responsabilidade em buscar ativamente soluções para os problemas de Segurança Pública, além de estar disposto a colaborar com o bem-estar da comunidade de que faz parte.
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LUTA CONTRA O CRIME São objetivos desta ação comunitária ora proposta: • Discutir e analisar os problemas identificados. Existentes, relacionados à segurança; • Planejar ações e buscar a viabilização de alternativas de solução preventivas implementadas; • Desenvolver campanhas educativas; • Aproximar polícias e comunidades, “Amigo do peito irmão camarada”; • Estreitar laços de entendimento e cooperação comunitárias. A melhora da Segurança Pública não depende só das autoridades, depende também da crença que a população tem na polícia: crença que as pessoas possam ajudar a polícia com informações, e que essas serão usadas para identificar e punir responsáveis por delitos, e não para colocar em risco a vida daqueles que tentaram ajudar a polícia a cumprir o seu papel, sem a colaboração do público, a polícia não pode melhorar o seu desempenho e essa colaboração exige confiança. *Foto: André Gustavo Stumpf via Visual Hunt
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CONSELHO DE SEGURANÇA São espaços onde os problemas locais da segurança podem ser levantados em suas reuniões. Vale destacar que o CONSEG, apesar de ser um espaço privilegiado para as discussões sobre segurança, não é o único lugar onde esse diálogo cpode acontecer. Elas podem ser iniciadas nas escolas, associações de classe, associações comunitárias, igrejas, associações de bairro e etc. Outra forma de identificar problemas é através de informações geradas pela Secretaria de Segurança, policiais, universidades, ONG’S e etc.
ATIVIDADES DOS CONSEGS • Reuniões mensais com a comunidade. • Palestras sobre drogas, violência, sexualidade, sistema judiciário, entre outras. • Campanhas de prevenção e combate às drogas e desarmamento. • Apoio às polícias. • Festas comunitárias com os membros para arrecadar fundos. • Entregas de títulos de membros honorário elou plaquetas de reconhecimento pelo trabalho realizado • Apoio ou parceria em atividades de assistência social. Estrutura do conselho: isso pode variar muito. Dependerá do tamanho do conselho e de sua articulação com os outros órgãos públicos, lideranças comunitárias, entre outros. Temas tratados nas reuniões: com frequência são trazidas para as reuniões muitas questões relacionadas à administração municipal, como, por exemplo, limpeza, iluminação, terrenos baldios e etc. Na visão da população, essas questões são problemas de segurança pública e assim são tratadas pelas polícias mais modernas do mundo.
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*Foto Grant Baldwin Photography via VisualHunt
Alguns temas que podem ser tratados nessa reunião são: • Problemas locais de segurança. • Esclarecimentos de delitos. • Identificação dos responsáveis envolvidos nos delitos. • Características dos delitos e de suas vítimas. • Número e frequência das rondas. • Problemas locais com álcool e drogas. • Conflitos entre moradores ou grupos locais. • Problemas relacionados com a infraestrutura locais que podem interferir nas condições de segurança (iluminação, acesso e sinalização das ruas, terrenos baldios e etc.). Prestação de contas: retomo dado pelos membros do Conselho aos problemas trazidos para reuniões. O compromisso de das uma resposta e deixar a comunidade informada sobre o encaminhamento dado aos problemas levantados em reuniões anteriores é muito importante para a manutenção da confiança e da credibilidade que farão com que comunidade continue a participas dos conselhos.
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QUE LUGAR É ESSE? *Foto: Nathalia Cavalcante
É um recanto tranquilo e, ao mesmo tempo, cheio de vida da nossa região. Frequentado por gente de, literalmente, todas as idades, trata-se de um respiro e de um convite à ação em meio a ruas esburacadas, poucas ciclovias e poucas áreas verdes que caracterizam a Grande Campo Grande. Que lugar é esse? Se já sabe, escreva para revistasucesso@outlook.com. Quem acertar primeiro vai ganhar um exemplar do livro “5 escolhas para uma 42
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produtividade extraordinária”, de Kory Kogon, Adam Merrill e Paulo Kretly. Na edição passada, publicamos uma imagem tomada de um ângulo pouco comum da Praça Elza Pinho Osborne, também conhecida como Largo do Rio da Prata. Quem adivinhou primeiro foi a leitora Ticiane Prudente, que receberá um exemplar do livro “O segredo das mentes milionárias”, de T. Harv Eker. Parabéns!
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