Volume 1, Edição 12
Dezembro 2011
astroPT magazine
ESPECIAL
Dezembro 2011
Mensagem de fim de ano: A vida muda
“Há tantos mundos diferentes, tantos sóis diferentes, e nós temos apenas um, mas vivemos em mundos distintos. Agora o sol foi para o inferno e a lua está alta. Deixe-me dizer adeus, todo homem tem de morrer, mas está escrito nas estrelas e em todas as linhas de sua mão, somos tolos de guerrear com nossos companheiros de batalha” - Dire Straits, 1985 Brothers in Arms foi um dos álbuns mais aclamados do Dire Straits. A música que intitula o álbum é também considerada por muitos uma das mais belas da banda. Para mim, a música ilustra com muita beleza e simplicidade a relação existente Página 2
entre todos os seres humanos – somos companheiros de batalha. Mesmo com todas as nossas diferenças de gênero, cor, cultura, crença e idade, somos quase todos capazes de nos conectar com o sofrimento e com a alegria dos outros de maneira automática. Compartilhamos os mesmos desafios de sobrevivência que nossos companheiros de outras culturas – precisamos comer, beber, dormir e sorrir. Também compartilhamos estes mesmos desafios com os nossos antepassados. Portanto, não compartilhamos apenas um mesmo planeta e um corpo semelhante, mas um conjunto de desafios ambientais muito semelhantes que nos forçaram a encontrar soluções semelhantes. Se somos companheiros em uma mesma batalha, também compartilhamos de armas semelhantes para enfrentar os mesmos inimigos. Muitas pessoas relatam entrar em um estado de “retrospectiva automática” constante quando o final de um ano se aproxima. Lembramos das coisas boas, das coisas ruins, mas, principalmente, percebemos o quanto as coisas mudaram, às vezes mais rapidamente do que esperávamos. Neste redemoinho que é a vida humana em qual-
Volume 1, Edição 12
quer lugar que ela se desenrole, somos constantemente bombardeados com mudanças sem avisos prévios – políticas, sociais, científicas, afetivas e psicológicas. Nossas vidas pessoais e as vidas das outras pessoas parecem impotentes diante da força imponente da mudança, e isso pode nos amedrontar. Mas foi esta mesma força, a da mudança, que permitiu o surgimento da nossa espécie e a nossa possibilidade de experienciar, hoje, este natal e o fim de ano que se aproxima. Até onde sabemos, o universo parece ter como característica básica a sua dinâmica mudança constante. A natureza que conhecemos reflete esta certeza constante de que tudo situado neste universo haverá de mudar. Porque nós, manifestações desta mudança constante, não haveríamos de mudar? O nosso medo excessivo da mudança inesperada pode nos tornar intolerantes e incompreensivos. Mas não deveríamos esperar o privilégio da certeza e da estabilidade constante porque nada que conhecemos no universo possui tal privilégio. Sendo parte deste universo, nada mais previsível do que estar inserido neste fluxo constante. Mais importante ainda, sem a mudança, correríamos o risco de nunca saber se estávamos errados. Por mais doloroso que possa ser o reconhecimento do erro para criaturas que tanto anseiam pelo entendimento das coisas, nós, enquanto humanos, não temos muitas alternativas. A diversidade de manifestações da natureza humana, seja através da orientação sexual, da crença em uma determinada religião ou das práticas em uma determinada cultura, também nos impele a estar sempre flexíveis e abertos a mudanças. É neste contexto que o humanismo secular se torna uma ideia tão poderosa, pois nos impele a superar nossos vieses cognitivos e enxergar humanidade naqueles que nos sentimos forçados a desumanizar, nos estimula a crescer diante do etnocentrismo característico de nossas mentes. Aproveitando esta época em que a fraternidade e a reflexão ocupam muitos dos nossos pensamentos, esperamos que cada um de vocês sejam Página 3
ESPECIAL
capazes de derrotar os seus próprios demônios internos, que lutem arduamente e alcancem suas metas desejadas, que consigam enxergar em qualquer ser humano, independente de suas características individuais e de suas ações, a humanidade que ele compartilha com você. Isso não significa, é claro, que devemos ser coniventes com as ações prejudiciais dos outros, mas que devemos buscar a resolução destes problemas de maneira racional e construtiva, sempre prezando pelo bem estar das pessoas, mesmo aquelas que causaram danos a outros, pois nunca sabemos quando nós é que precisaremos de contar com o humanismo dos outros por ter prejudicado alguém, mesmo que não-intencionalmente. Esperamos que se sintam inspirados pelos seus sonhos todos os dias do próximo ano e que os cultive com carinho, sem permitir que acontecimentos banais os abalem. Se existe algo que dignifica o ser humano é enxergar sentido em sua vida, é ter sonhos para perseguir e pessoas para amar e conviver. Portanto, aproveite cada um dos seus dias. Eis um conselho que pode ser dado em qualquer dia do ano, mas que pode ter um significado especial nesta época em que algumas pessoas costumam fazer um retrospecto do que passou e novos planos para o que virá. Por mais que nossa expectativa de vida aumente ao longo do tempo, dificilmente deixaremos de ter a sensação de que a vida é muito curta. O tempo passa muito rápido, provavelmente não teremos tempo ou oportunidade de ver, ler, ouvir, assistir ou fazer tudo o que queremos. Por isso, nunca é demais repetir: Aproveite cada um dos seus dias. Mais do que isso, desejamos que este mundo que dividimos, habitado por tantos seres humanos, se torne mais “humano” em 2012. ”Somos tolos de guerrear com nossos companheiros de batalha” é o que Mark Knopfler afirma ao final deBrothers in Arms. Que esta tolice, então, seja a nossa batalha. Fonte: Bule Voador Autores: André Rabelo e Alex Rodrigues
ASTROFOTOGRAFIA
Dezembro 2011
Maravilhosas imagens do cometa Lovejoy
Lovejoy tem estado a dar um maravilhoso espectáculo nos céus do hemisfério sul nestas duas últimas semanas do ano. Muitos têm sido aqueles que aproveitam esta raríssima oportunidade para captar imagens deste impressionante sobrevivente, antes do seu regresso às profundezas geladas do Sistema Solar exterior. Aqui ficam dois magníficos vídeos obtidos recentemente em plenos Andes chilenos. Veja os vídeos aqui. Sérgio Paulino
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Volume 1, Edição 12
ASTROFOTOGRAFIA
Christmas Sky Show! Conjunção de ontem entre a Lua e Vénus
Felizmente a crise não afecta a grandeza do Universo e o Pai Natal deixou-nos ontem dois presentes natalícios no Céu. Uma conjunção entre o planeta Vénus, visível à esquerda na imagem, e a Lua em fase Crescente. Nesta imagem que obtive ontem ao final do dia num pinhal junto à Nato, na Fonte-de-Telha, são visíveis os dois astros alinhados e a poucos graus de distância, assim como dois observadores entusiasmados ( Eu e um amigo de longa data José Formiga ) que apontam para Vénus e a Lua. Para quem não teve oportunidade de desfrutar deste momento, poderá sair lá para fora esta noite de 27 de Dezembro, que o espectáculo repetir-se-à desta vez com a Lua numa posição ligeiramente diferente e seguindo essa linha imaginária, mais acima da sua cabeça, encontrará o planeta Júpiter. Esta mesma imagem foi hoje escolhida como Lunar Photo of the Day, no site americano LPOD: http://lpod.wikispaces.com/December+27,+2011 Esta e outras imagens podem ser vistas aqui: http://astrosurf.com/astroarte/skyscapes.htm#139 Votos de uma Boa Semana e um Excelente 2012! Miguel Claro
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Dezembro 2011
ASTROFOTOGRAFIA
Astrofotografia, dúvida frequente Olá a todos. Hoje num fórum de astronomia em que participo, fizeram uma questão pertinente sobre a astrofotografia e as longas exposições, na ordem das várias horas. Como é possível fazer uma exposição assim tão longa? Decidi publicar aqui a minha resposta, porque a dúvida é recorrente. É de facto possível fazer muitas horas de exposição de um só objecto. O método é bastante simples. Em vez de fazer uma exposição única de muitas horas, que estaria à mercê de nuvens, satélites ou aviões que passam, e outras vicissitudes, fazem-se muitas exposições de vários minutos. Por exemplo, em vez de fazer uma exposição de uma hora, fazem-se 12 exposições de 5 minutos. É por isso normal ver-se nas astro-
É impressionante o detalhe. Em cima, no exemplo, falei-vos de uma hora, e porque não 61 horas? (FOTO na página seguinte—topo) Créditos da imagem aqui. A foto seguinte é uma foto de 6 minutos: (Foto página seguinte—fundo) Foto minha, sem crédito nenhum
fotografias números como por exemplo 12*300 em que 12 é o Não tem nada a ver, eu sei. Fui eu que tirei ;D ;D ;D
número de exposições e 300 o tempo de exposição em segundos (300s/60s=5minutos, e portanto 12*5minutos ou 12*300segundos=3600 segundos, ou seja uma hora
)
Começa-se de “poucochinho”! É possível fazer fotos com tantas horas porquê? Porque os objectos que lá estão nas
Por exemplo, a seguinte foto foi feita com 19 horas de esposi-
fotos, a menos que seja uma estrela variável ou que surja
ção:
uma supernova, não mudam ::) Quanto mais horas de exposição mais “sinal” vai haver, mais detalhe, mais pormenor. Claro que se se aponta um telescópio numa montagem motorizada para um grande objecto do céu profundo, em poucos segundos com ISO a 1600 ou mesmo 800 já se consegue ver “a cores” esses mesmo objectos. Para fazer “grandes” astrofotos como as que estão em cima, o que se faz é juntar muitas exposições de alguns segundos ou minutos. Elas não são justapostas mas sobrepostas. O que faz o programa de imagens (Maxim DL, Iris, DSS e outros) é justapôr as imagens. O que “não é de lá” sai das imagens (ruído, inconstâncias, uma nuvem rápida
), o que é de lá
são as constantes, os fotões, a luz, isso não muda, e é isso que importa na fotografia (do gregofotós+grafê, ou seja escrita com luz). Há astrónomos amadores (Portugueses e Brasileiros) a fazer muitas horas de exposição com material entry level. Não é preciso um observatório ou ser milionário. Para isso precisam de dias ou semanas. Mas os Ver créditos desta foto aqui. Página 6
resultados são brutais, como os que mostro em cima.
ASTROFOTOGRAFIA
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Depois de se justapôr as imagens é preciso trabalhar com ela os níveis, a luminosidade, o contraste, as curvas, a temperatura da cor. E isso faz-se nos programas de que falei em cima, ou noutros programas próprios de fotos com o Photoshop e companhia. E depois de muito trabalho, ficamos contentes ao ver o resultado e já temos mais um motivo para fazer um buraco na parede e para lá colocar a nossa conquista Boas fotos (e boas festas) a todos! Tentai! Uma e outra vez. É a tentar que se aprende, e tentativa e erro é um método infalível, pelo menos depois de muitas tentativas Um abraço Qualquer dúvida é só perguntar. Se souber respondo, se não souPágina 7
ber, haverá alguém que vos responda.
Cristóvão Cunha
Dezembro 2011
EDUCAÇÃO
Parabéns Kepler Johannes Kepler (27 de Dezembro, 1571 – 15 de Novembro, 1630) não é um nome que a maioria das pessoas reconhece, mas se estiver a par das recentes descobertas de novos planetas, irá reconhecer que muitos novos planetas levam seu nome. Talvez o melhor presente de aniversário que podemos dar ao cientista é o Kepler 22b (ver mais aqui), o primeiro planeta descoberto em zona habitável de uma estrela, uma Terra possível, como o nosso planeta. Kepler é mais conhecido por desvendar os segredos dos movimentos planetários. As suas três leis do movimento planetário ainda se aplicam hoje, e tornaram possível a Isaac Newton nos dar a lei da gravitação universal. Em 1596, Kepler publicou Mysterium Cosmogra-
são proporcionais aos cubos das distâncias
phicum, onde expôs argumentos favoráveis às
médias (a) do Sol aos planetas. T2= ka3, onde k é
hipóteses heliocêntricas.
uma constante de proporcionalidade.
Em 1609 publicou Astronomia Nova… De Moti-
Provavelmente a maioria de nós nunca vai usar
bus Stellae Martis, onde apresentou as três leis
essa informação na vida, mas faz bem lembrar
do movimento dos planetas, que hoje levam o
que esta foi uma das conquistas intelectuais da
seu nome:
civilização ocidental. Até poderíamos pensar
Os planetas descrevem órbitas elípticas, com
que lembrar Kepler por si só e pelas suas leis
o sol num dos focos.
O raio vetor que liga um planeta ao Sol des-
creve áreas iguais em tempos iguais. (lei das áreas)
Os quadrados dos períodos de revolucão (T) Página 8
seria o suficiente, mas desengane-se, pois este tinha mais projetos como, por exemplo, os projetos dos primeiros óculos para a miopia e hipermetropia. José Gonçalves
EDUCAÇÃO
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Construa uma escala termométrica o termómetro é um dispositivo que mede atemperatura ou o gradiente de temperatura utilizando uma variedade de diferentes princípios. Um termómetro tem dois elementos importantes: o sensor de temperatura (ex. a bolha do termómetro de mercúrio) em que ocorre uma mudança física com a temperatura; e o meio de conversão dessa mudança física num valor numérico (ex. a escala no termómetro de mercúrio). Gostaria de saber mais sobre os termómetros?
Ler mais na Wikipedia.
Criar a sua própria escala termométrica? Então vá a este website, escolha a sua própria escala e veja qual a fórmula matemática a aplicar no seu caso.
Termómetros Desenvolvido durante os séculos XVI e XVII,
A Escala Farenheit Fahrenheit é a escala de temperatura proposta em 1724 pelo físico alemão Daniel Gabriel Fahrenheit (1686–1736). Nesta escala, a mudança da água para gelo é definida como sendo 32 ºF (grau Fahrenheit), enquanto que o ponto de ebulição da água corresponde a 212 ºF. Esta escala de temperatura foi substituída pela de Celsius, na maioria dos países, duranto fins de meados do séc XX, mas mantém-se como a escala oficial dos Estados Unidos, Ilhas Cayman e Belize.
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EDUCAÇÃO
Ler mais na Wikipedia.
A Escala Celsius
mínimo de entropia, é definida como sendo pecisamente 0 K (zero kelvin), ou seja −273.15 °C. A temperatura do ponto triplo da água é definido
Celsius é uma escala e unidade de medida para
precisamente com o valor 273.16 K, ou seja 0.01 °
a temperatura. Foi assim denominada dois anos
C.
depois da morte do astrónomo sueco Anders Celsius (1701–1744), que desenvolveu uma escala de temeperatura semelhante. O grau Celsius (° C) pode referir um valor específico da temperatura na escala Celsius ou como unidade para indicar um intervalo de temperatura, a diferença entre
Esta definição fixa a amplitude dos dois valores de temperatura, grau Celsius e o Kelvin, como sendo 1 parte em 273.16 (aproximadamente 0.00366) da diferença entre o zero absoluto e o valor do ponto triplo da água.
duas temperaturas ou uma incerteza. A unidade
Ler mais na Wikipedia.
foi conhecida, erradamente, até 1948 como
Outras escalas de temperaturas:
“centígrada” do Latin “centum” que significa 100 e “gradus” que significa “passos“.
A Escala Rankine, a escala Delisle, a escala Newton, a escala Réaumur, a escala Rømer.
Outro pormenor, é que na comunicação social é hábito ouvir 21 graus, em vez de referir 21 ºC
José Gonçalves
(vinte e um grau Celsius). Desde 1744 até 1954, 0 °C (zero grau Celsius) foi definido como sendo o ponto de solidificação da água e 100 °C (cem grau Celsius) foi definido como o ponto de ebulição da água, ambos com a pressão de uma atmosfera padrão e com o mercúrio como sendo o material usado. Ainda hoje se ensina estas correlações na escola. Por acordo internacional a unidade “grau Celsius” e a escala Celsius são definidas atualmente por duas temperaturas diferentes: o zero absoluto, e o ponto triplo da água especialmente purificada. Esta definição também permite relacionar a escala Celsius com a escala kelvin, que define a unidade base no SI (Sistema Internacional de Unidades) da temperatura termodinâmica com o símbolo K. O zero absoluto, que é a menor temperatura possível em que a matéria tem o seu Página 10
Credit: uoregon.edu
EDUCAÇÃO
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Webradio da NASA
A NASA acaba de lançar uma webradio. No website lê-se o seguinte: YOU’VE LANDED ON IT. You’re connected to THIRD ROCK – America’s Space Station! It’s radio powered with NASA—a blend of art and science built to put you light years ahead with the best new music out there…really out there. As músicas são bem apelativas para realizar qualquer tarefa. Podem encontrar a radio aqui: http:// thirdrockradio.rfcmedia.com/ A NASA em breve vai disponibilizar a respectiva aplicação para iPhone e Android. Ler mais aqui. José Gonçalves Página 11
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AstroPT alojado por: Grifin http://www.grifin.pt/
Dezembro 2011
EDUCAÇÃO
Seguir Astronomia Alguns jovens têm enviado comentários para o astroPT a perguntar o que deverão fazer para serem astrónomos. Tendo em conta que têm 12/13/14/15/16 anos, obviamente que no futuro terão que seguir uma licenciatura na área espacial. Mas o que fazer entretanto? As respostas que tenho dado, passam por estas sugestões: - ler noticias de astronomia. - ler livros de astronomia. - assistir a palestras de astronomia. - ir a encontros de astrónomos amadores, de planetários, de centros de ciência, etc, na zona de residência. - tentar ver que parte da astronomia é que gostam mais. - tentar ter “notas” para entrar numa universidade para estudar astronomia, segundo aquilo que mais gostarem. - antes de entrarem na Universidade, e mesmo já depois de lá estarem, fazerem intercâmbios, internships, e mesmo voluntariado em locais de astronomia. Não só dá alguma experiência e contactos, mas permite perceber muito melhor aquilo de que gostam e que sintam que seja o seu futuro. Página 12
O Luís Lopes também deu sugestões de telescópios e não só, neste post. Têm outras sugestões para acrescentar? Carlos Oliveira
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FÍSICA
O que fazer para ser Astrónomo? Devido a este post, pareceume apropriado escrever sobre o que deve fazer um estudante do ensino secundário, para se tornar astrónomo em Portugal. Antes de mais, há que explicitar o que significa “astrónomo” neste contexto: - Há aqueles que fazem da observação astronómica um hobbie, mais conhecidos como astrónomos amadores. O tema deste post não é sobre estes. - Há aqueles que fazem da investigação em astronomia a sua profissão. É sobre estes, sobre os passos a seguir para se tornarem astrónomos profissionais que falarei neste post. Deixem-me começar por desfazer algumas ilusões. Aqueles que julgam que o que um astrónomo faz é observar o céu, noite após noite, num grande observatório, desenganem-se. Se esta é a vossa ideia do que faz um astrónomo, então o caminho a seguir é o de astrónomo amador. É verdade que alguns astrónomos podem passar algum do seu tempo em observatórios (como o VLT), mas sempre por períodos muito limitados. As observações que obtêm em alguns dias ou semanas podem levar depois meses, ou mesmo anos para analisar nos seus gabinetes, até que se convertam em trabalho científico. Mas voltando à questão: “O que fazer para ser astrónomo?” A primeira coisa a fazer é seguir a via científica, em particular na área da física (preferencialmente). A astrofísica moderna é física aplicada ao Universo por isso, boas bases em física e matemática são essenciais. Há ainda vertentes mais específicas que exigem também formação noutras áreas (como por exemplo a astrobiologia), mas sobre essas não falarei aqui. Já no ensino superior, há vários caminhos para se tornarem astrónomos. Em Portugal há apenas uma Licenciatura em Astronomia, na Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP). Este será o curso Página 13
mais indicado para quem quer realmente ser astrónomo. Para quem está na dúvida, no entanto, há outras licenciaturas mais genéricas que oferecem cadeiras opcionais ou até “minors” em astronomia, como por exemplo as Licenciaturas em Física da FCUP ou da FCUL. Concluído o primeiro cíclo há que fazer mestrado e doutoramento. A escolha de locais para fazer estes graus em Portugal é variada, mas dou como exemplo os mestrado e programa doutoral em Astronomia da U.Porto, ambos com o apoio do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP). É no CAUP que grande parte destes alunos desenvolve as suas teses. Finalmente, depois do doutoramento, há que procurar um centro de investigação em astronomia para desenvolver a vossa investigação. Em Portugal não há muitos. O CAUP é o maior centro de investigação em Astronomia do país, seguido por dois grupos em Lisboa (CAAUL/FCUL e CENTRA/ IST). Há ainda um pequeno grupo em Coimbra, e mais algumas pessoas espalhadas por outras instituições de ensino superior. A oferta no estrangeiro é obviamente maior, mas com a oferta também aumenta a concorrência. Nada que desanime, pois há muitos astrónomos portugueses que trabalham ou já trabalharam em instituições de prestígio internacional, como o JPL (NASA), ESO, Observatório de Paris, ESTEC (ESA) entre outros. A Universidade do Porto tem disponível a página Estudar Astronomia, com muita informação para os futuros astrónomos nacionais. Ricardo Cardoso Reis Núcleo de Divulgação Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
Dezembro 2011
FÍSICA
CERN encontra o bosão de Higgs?
Evento obtido no ATLAS. Crédito: CERN
Ainda não, mas poderá estar lá perto. Pelo menos é isso que poderá indicar o gráfico que descreve o evento obtido no experimento ATLAS do LHC. O bosão de Higgs é a partícula do Modelo Padrão responsável pelo transporte de massa das partículas elementares. Eis as notícias em alguma comunicação social: “Um cientista das duas equipas de investigação disse que há novos dados decobertos onde se pensa ser a região onde a partícula subatómica, que Página 14
serve de base ao Universo, se encontre.“ (PhysOrg.com) “Os cientistas no centro de investigação do CERN disseram esta terça-feira que encontraram sinais — de uma descoberta inconclusiva — o bosão de Higgs, uma partícula elementar que representa a ligação que falta para o Modelo Padrão estar completo. Fabiola Gianotti, cientista responsável pela experiência do ATLAS no LHC, disse que o sinal foi
FÍSICA
Volume 1, Edição 12
encontrado a 126 GeV (Giga electrão
ção das partículas que decaem, em vez do Higgs
volt).“ (news.NationalPost.com)
em si. Ambos ATLAS e CMS têm analisa-
“Hoje, investigadores do CERN anunciaram os
do diversos canais de decadência, e os experimen-
seus resultados da sua procura pelo bosão de
tos observam pequenos excessos na região de bai-
Higgs, uma partícula subatómica que, se existe,
xa massa que ainda não foi excluída.
pensa-se que seja a responsável por dar a massa
Tomados individualmente, nenhum des-
a outras partículas. Não é exagero nenhum ao
ses excessos é mais estatisticamente significan-
chamar-lhe a peça chave da Física Quântica, é
te que rodar um dado e obter dois seis de segui-
que encontrar esta partícula seria um grande feito
da. O que é interessante é que existem múltiplas
para os Fìsicos de partícu-
medições independentes apontando para a região
las.“ (DiscoverMagazine.com)
de 124-126 GeV. É muito cedo para dizer se o
Higgs boson: LHC scientists to release best evidence (BBC) Comunicado do CERN: “O bosão de Higgs, se existir, tem um tempo de
ATLAS e o CMS descobriram o bosão de Higgs, mas estes resultados atualizados estão a criar um grande interesse na comunidade de física de partículas.” (CERN) Veja os vídeos aqui,
vida muito curto e pode decair de vários modos diferentes. A descoberta baseia-se na observa-
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José Gonçalves
FÍSICA
Dezembro 2011
Crédito: CERN
Afinal não era o Higgs… por agora! Já anunciamos aqui no blog que estaria próximo a descoberta do bosão de Higgs. Bem, ainda não aconteceu.
A partícula, o cb(3P) [Chi-b(3P)], também é um bosão (uma partícula que transporta força) e resulta da combinação do beauty quark e seu antiquark, estando ligados pela força nuclear forte. Na verdaOs investigadores da Universidade de Birmingham e de, o bosão cb(3P) é uma versão mais pesada de da Universidade de Lancaster analisaram os dados uma partícula já identificada há uns anos, “Pensavarecolhidos pelo ATLAS, e pensam estar perante a se que este estado mais excitado existiria, mas ninobservação de uma “nova” partícula no LHC (pois guém o tinha visto até agora”, disse à BBC Roger não tinha sido observada até agora). A investigação Jones, da Universidade de Lancaster, no Reino Unifoi publicada no arXiv. do, e membro da experiência ATLAS. Página 16
Volume 1, Edição 12
“O cb(3P) é uma partícula que foi prevista por muitos físicos teóricos, mas ainda não tinha sido observado em experimentos anteriores, como no meu trabalho anterior no experimento D-Zero em Chicago“, continuou o Dr. James Walder, um associado da pesquisa da Universidade de Lancaster, que trabalhou na análise.
FÍSICA
estão corretamente interessados no bóson de Higgs, que acreditamos dá às partículas elementares a sua massa e que poderá a começar revelar-se, grande parte da massa de objetos do cotidiano vem da forte interação que estamos investigando usando ocb.”
A massa do cb(3P) é de cerca de 10,5 GeV. Os outros Dr Watson Miriam, bolseiro de investigação a traba- dois estados, detectados previamente em outras lhar no grupo da Universidade de Birmingham, experiências de colisão de partículas, são os estados observou: “Os parceiros mais leves do cb(3P) foram cb(1P) e cb(2P) com massas de 9,90 e 10,26 GeV resobservados a cerca de 25 anos atrás. As nossas pectivamente. novas medições são uma ótima maneira de testar os Artigos: PhysOrg; The Verge; Gizmodo. cálculos teóricos das forças que atuam sobre as parDeixo esta infografia sobre o modelo padrão e as tículas fundamentais, e vai mover-nos um pasinterações (imagem abaixo). so mais perto de compreender como o universo é realizada em conjunto. ” José Gonçalves O Professor Roger Jones, chefe do grupo ATLAS da Universidade de Lancaster disse: “Enquanto
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COSMOLOGIA
Dezembro 2011
Será que o gato de Erwin Schrödinger está morto ou vivo?
A experiência mental do gato de Erwin Schrödinger serviu para este cientista desaprovar o primado da Mecânica Quântica que permite que uma partícula esteja em 2 estados diferentes ao mesmo tempo. Em simultâneo uma partícula pode estar estável e em decaimento, pode ter spin para a direita e para a esquerda, helicidade da mão esquerda (negativa) e da mão direita (positiva), como um pião que gira nos dois sentidos… ao mesmo tempo. Esta super-imposição de estados levou a esta analogia com o gato, estará o felino vivo e morto ao mesmo tempo? Com esta experiência, o Físico de nacionalidade Inglesa e Alemã nascido em Viena de Áustria de Pai Austríaco e Mãe Inglesa procurava provar a total incongruência, o total absurdo da mecânica quântica em relação ao senso-comum. Na altura não estava cimentada a noção do raciocínio anti-intuitivo, embora este estivesse de facto a ser usado.Schrödinger, que era um Físico nado e criado na Física das Ondas, rejeitava intelectualmente a dualidade da onda-partícula – a “ondícula” – desta conviver em simultâneo no átomo do hidrogénio ou na luz visível. Personagem com uma vida privada peculiar bastante polémica para a sua época, pois vivia abertamente em bigamia com 2 Senhoras, sendo por Página 18
essa inusitada razão convidado a abandonar Oxford, onde se refugiara durante a 2ª Guerra Mundial, Schroedinger (sem trema acrescenta-se um “e,” de energia), não deixou de tratar do dilema matemático de forma brilhante: a sua equação, nas suas duas versões, a tempo-dependente e a independente do tempo, é uma resolução da função-onda que explica de forma meticulosa o átomo do Hidrogénio e…todos os Elementos existentes no Universo. Para tal efeito e tal feito extraordinário, o génio excêntrico usou a notação de duas entradas inventada por Paul Dirac. Afinal Schroedinger, na sua rejeição intelectual, acabou por contribuir mais para o avanço da Física Quântica que muitos do seus colegas contemporâneos. Afinal, mesmo no fim de contas, nesse particular, ficou a par de Einstein com a sua quantização (que é o mesmo que quantificação, quanta é quantidade em Latim) dos fotões ou de Planck com as suas unidades. Veremos assim 2 vídeos curtos e bastante divertidos sobre o gato de Schrödinger, sendo o primeiro da The Open University e o segundo da série Futurama (ver aqui). Manel Rosa Martins.
COSMOLOGIA
Volume 1, Edição 12
KM3NeT KM3NeT é o acrónimo para Cubic Kilometre Neutrino Telescope, um telescópio que irá detectar neutrinos. Será construído nas profundezas do mar Mediterrâneo. Vai ser a 2ª estrutura feita por humanos mais larga do mundo, a seguir à Grande Muralha da China, e será a estrutura mais alta do mundo. Leiam aqui e aqui. Carlos Oliveira
PUB
A sua revista mensal de astronáutica [clica na imagem para saber mais]
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SISTEMA SOLAR
Dezembro 2011
Campo Magnético da Terra – reversão dos pólos
Se pesquisarem no Google,
Se não entrarmos por fanta-
constante mudança, e não é
vêem cerca de 3 milhões de
sias, próprias de quem quer
por isso que morremos todos
websites a “profetizar” o fim
fomentar o medo, de modo a
os dias.
do mundo para 2012 devido à
manipular a população… o que
inversão do campo magnético
resta é a verdade. E qual é essa
da Terra.
verdade? O pólo magnético está em
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A Terra tem 4,6 mil milhões de anos. Tem tido muitos ciclos com períodos temporais diferentes de reversão de pólo
SISTEMA SOLAR
Volume 1, Edição 12
magnético. Há aproximadamente 20 milhões de anos, manteve-se num padrão de a cada cerca de 250.000 anos haver uma inversão dos pólos. No entanto, a última mudança de Pólo Norte para Pólo Sul aconteceu há 780.000 anos. Esta reversão é chamada de Brunhes-Matuyama. Nessa altura, há 780.000 anos, a vida não acabou. Nem sequer houve “inundações globais” e demais parvoíces. Simplesmente há 800.000 anos a vossa
porais que estamos a falar são cerca de 5000 anos. Ou seja, as reversões de pólos são processos graduais que demoram cerca de 5.000 anos.
xas. Conclusão: não existe qualquer razão para ter medo da reversão dos pólos. Pelo contrário: venha lá essa reversão! Já
bússola apontava para Sul e
Mesmo durante a mudança, ao
devia ter chegado há bastante
agora aponta para Norte.
contrário do que dizem os viga-
tempo! Se vier agora, é fantás-
ristas, o campo magnético con-
tico! Isso quereria dizer que
tinua a existir e a proteger-
nos próximos 5000 anos, iría-
nos das tempestades solares e
mos poder ver belíssimas auro-
não é igual ao que utilizamos
radiação espacial.
ras nos céus de Portugal, do
popularmente. Os vigaristas
Nessas alturas de mudança, a
Texas, e do Brasil.
aproveitam-se destas diferen-
grande diferença (além da bús-
Leiam aqui, aqui, aqui, e aqui.
Quando se diz que é uma mudança “abrupta”, o significado temporal geologicamente
ças de significado para mentirem à população. A verdade é que “abrupto” nas escalas tem-
sola) é o facto de existirem belíssimas auroras mais fre-
Carlos Oliveira
quentes e a latitudes mais bai-
Plutão com moléculas complexas O telescópio espacial Hubble descobriu evidências da existência de moléculas complexas na superfície de Plutão. Ainda não são pulgas, mas é importante na mesma Página 21
Provavelmente existem hidrocarbonetos complexos em Plutão. A interação da luz do Sol com os gelos de Plutão, compostos de metano, monóxido de carbono e azoto/nitrogénio, levará à formação de moléculas com-
plexas em Plutão. Em 2015, a sonda New Horizons verá certamente algumas surpresas… Leiam aqui, aqui, aqui, e aqui. Carlos Oliveira
SISTEMA SOLAR
Dezembro 2011
Núcleo de Júpiter está a derreter
Júpiter é o maior e o mais massivo planeta do sistema solar. O seu núcleo é composto de ferro, rocha, e gelo, e pesa 10 vezes mais que a Terra. As condições no núcleo são brutais: temperatura de 16.000 kelvin (superior à superfície do Sol), e uma pressão 40 milhões de vezes maior que a pressão atmosférica na superfície terrestre. Devido às condições extremas, alguns resultados são “estranhos”. Simulações feitas sob essas condições, mostram que o núcleo de Júpiter poderá estar a liquidificar Página 22
-se/dissolver-se. Isto quer dizer que no passado seria muito maior, e no futuro poderá nem existir. Por outro lado, se isto se provar como verdade, então isso quer dizer que exoplanetas maiores e mais massivos que Júpiter poderão já não ter qualquer núcleo. A sonda Juno deverá dar algumas respostas a partir de 2016. Leiam aqui, aqui, e aqui. Carlos Oliveira
TERRA
Volume 1, Edição 12
DARPA vai ter novo satélite espião
A agência norte-americana
do que se estará a passar em
DARPA (Defense Advanced
qualquer ponto do mundo.
Research Projects Agency), que é responsável pelo desenvolvi-
Será que é possível aplicar isto
mento de novas tecnologias
cientificamente, por exemplo
para uso militar vai criar uma
na procura de planetas como a
rede de satélites que faz lem-
Terra?
brar a ficção científica: através do MOIRE (Membrane Optical
Carflos Oliveira
tion) vai poder ver, tirar fotos, e fazer vídeos, em tempo real Página 23
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Imager for Real-Time Exploita-
TERRA
Dezembro 2011
Uma nova ilha no Mar Vermelho Comparação da imagem de cima com uma outra da mesma região obtida há pouco mais de quatro anos. É evidente a presença de uma nova ilha no local da erupção, ocupando uma área anteriormente preenchida pelas águas do Mar Vermelho. Crédito: NASA (montagem e anotações de Sérgio Paulino).
No passado dia 19 de Dezembro, pescadores iemenitas da cidade portuária de As-Salif observaram uma erupção ao largo de uma pequena ilha desabitada do arquipélago de Al-Zubair. O relato ganhou credibilidade horas depois quando o satélite Aura detectou na região elevados níveis de dióxido de enxofre, uma clara assinatura da presença de actividade vulcânica no local. Nos dias seguintes, imagens obtidas pelo satélite Aqua denunciavam uma pequena pluma vulcânica elevando-se acima das águas do Mar Vermelho, no extremo norte do arquipélago. O que a princípio parecia uma pequena erupção submarina, viria a transformar-se escassos dias depois no nascimento de uma nova ilha. A 23 de Dezembro, imagens captadas pelo satélite Página 24
da NASA EO-1 confirmariam a presença de uma massa de terreno sólido alimentando uma pluma vulcânica. O arquipélago de Al-Zubair é constituído por dez pequenas ilhas vulcânicas relativamente recentes, que emergem de uma plataforma submarina paralela à crista do Mar Vermelho, a fronteira geológica entre as placas tectónicas Arábica e Africana. As últimas erupções de que há registo na região ocorreram há mais de 150 anos, em pleno século XIX. Sérgio Paulino
Volume 1, Edição 12
SISTEMA SOLAR
Opportunity descobre mais uma evidência do passado húmido de Marte No início de Novembro, o compostos por sulfatos de magnésio, ferro robot Opportunity observou uma e cálcio, minerais que apontam para um estranha linha esbranquiçada a passado húmido em Marte. O veio brilhansobressair ligeiramente da superte encontrado no Cabo York apresenta altísUm pequeno veio mineral conhefície rochosa no extremo noroessimas concentrações de cálcio e sulfato, cido informalmente por Homestate do Cabo York. Baptizada com o ke, observado pelo robot Oppor- numa razão que sugere a presença no local nome Homestake pela equipa da tunity no extremo noroeste do de cristais de sulfato de cálcio relativamenCabo York. Imagem obtida a 07 missão, a pequena formação não de Novembro de 2011 pela sua te puros. Esta invulgar composição é um frontal. tinha mais de 40 a 50 cm de com- câmara forte indício de que os depósitos de Crédito: NASA/JPL-Caltech. primento e 1 a 2 cm de largura, Homestake foram produzidos em condições mas destacava-se claramente pelo seu intenso mais neutras que as que geraram outras rochas brilho na paisagem desta região da superfície analisadas pelo Opportunity. Homestake “poderá marciana. ter sido formado num ambiente aquoso diferenDepois de uma inspecção mais próxima ficou clate, um mais favorável para uma grande variedade ro que a curiosa formação era um veio de um de organismos vivos” afirmou ontem Benton depósito sedimentar aparentemente constituído Clark, um dos membros da equipa científica da por gesso, um mineral muito comum na Terra (os missão, numa pequena conferência no encontro maiores cristais terrestres de gesso encontram-se de Outono da American Geophysical Union. na famosa mina de Naica, no México). Formada O robot Opportunity prepara-se agora para passar mais um longo inverno marciano, o seu quinto desde que chegou ao planeta vermelho. Neste momento, o explorador da NASA dirige-se para uma vertente soalheira no extremo norte do cabo York, um local com vista para o interior da cratera Endeavour, pelo que deveremos vir a ter belas panorâmicas sobre a gigantesca cratera nos próxiImagem em cores naturais de Homestake obtida a 07 de Novemmos tempos. bro de 2011 pela câmara panorâmica do robot Opportunity. Crédito: NASA/JPL-Caltech/Cornell/ASU. Sérgio Paulino por moléculas diidratadas de sulfato de cálcio, o gesso (também conhecido por gipsite ou gipsita) é depositado em veios rochosos pela circulação de soluções sulfatadas saturadas. No caso do veio descoberto pelo Opportunity, a solução aquosa que lhe deu origem resultou provavelmente da dissolução de cálcio e compostos de enxofre provenientes de rochas e gases vulcânicos. Durante a sua longa viagem pelas planícies arenosas de Meridiani Planum, o robot Opportunity encontrou materiais rochosos Página 25
Visão aproximada de um fragmento de Homestake obtida pela câmara microscópica do robot Opportunity. Crédito: NASA/JPL-Caltech/Cornell/USGS.
SISTEMA SOLAR
Dezembro 2011
Mercúrio com rotação estranha Teoricamente, devido à proximidade ao Sol, tende-se a assumir que Mercúrio deveria estar “preso gravitacionalmente” ao Sol, tendo um tempo de rotação igual ao da translação, mostrando sempre a mesma face Mercuriana para o Sol. (tal como acontece com a Lua em relação à Terra, como as luas grandes de Júpiter em relação a esse planeta, como outras luas no nosso sistema solar, e como vários exoplanetas que temos detectado) Mas Mercúrio roda 3 vezes por cada 2 órbitas. Como se explica a discrepância entre o que a teoria prediz e o que se vê na prática? Simulações em computador sugerem que Mercúrio no passado estava realmente “agarrado” ao Sol, tendo uma rotação por cada órbita, e essa rotação até seria no sentido contrário ao actual. E o que aconteceu então? Parece ter sido uma colisão com um asteróide de 70 kms, que fez com que Mercúrio tivesse ficado com uma valente “dôr de cabeça” e ter começado a rodar de forma diferente. A evidência deste impacto poderá ser Caloris Basin, que é uma cratera de impacto que está de acordo com as previsões. Leiam aqui. Carlos Oliveira
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SISTEMA SOLAR
Volume 1, Edição 12
Será Vesta um planeta-anão? A missão DAWN tem-nos dado muitas informa-
Veja o vídeo
ções sobre o asteróide gigante Vesta, que tem
aqui.
cerca de 530 kms de diâmetro.
Carlos Olivei-
Nós temos publicado vários posts sobre este aste-
ra
róide, aqui. Agora, devido ao seu tamanho, e à diferenciação do seu interior – semelhante aos planetas menores – há astrónomos que defendem que Vesta deveria ser promovido a planeta-anão.
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SISTEMA SOLAR
Dezembro 2011
As cores de Titã A atmosfera de Titã é única no Sistema Solar. Apesar de ser constituída quase na totalidade por azoto e metano (respectivamente, 95,0% e 4,9% na troposfera inferior), alberga uma variedade impressionante de outros compostos moleculares. Na sua viagem até à superfície titaniana, a sonda Huygens conseguiu detectar quantidades vestigiais de hidrogénio, árgon, monóxido de carbono, ácido cianídrico, dióxido de carbono e vapor de água, bem como mais de vinte outros compostos orgânicos, contando-se entre os mais abundantes: o etano, o acetileno, o propano, o etileno, o metilacetileno, o acetonitrilo, o cianoacetileno, o diacetileno, o dinitrilo e o benzeno. Toda esta riqueza química tem origem na destruição das moléculas de metano na
termosfera titaniana, pela acção da radiação ultravioleta, dos raios cósmicos e das partículas do vento solar aprisionadas e aceleradas pelo campo magnético de Saturno. No entanto, nenhuma destas moléculas é responsável pela Retrato de Titã em cores naturais. Composição distinta cortina construída com três imagens obtidas a 16 de alaranjada que oculta Dezembro de 2011 pela sonda Cassini, através a superfície de Titã. A de filtros para as cores azul, verde e vermelho. Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/ mesma fábrica composição a cores de Sérgio Paulino. química que destrói o metano nas camadas mais elevadas da atmosfera, camadas atmosféricas mais produz um grupo enigmático de baixas poderá estar na origem moléculas complexas da neblina alaranjada de Titã, conhecidos por tolinas, que provavelmente pela sua formam uma fina névoa azulada transformação química em logo acima da estratosfera. compostos mais complexos, tais Desconhece-se a estrutura como os hidrocarbonetos química destes compostos, mas aromáticos policíclicos. a sua precipitação para as Sérgio Paulino
Lovejoy visto da Estação Espacial Internacional A NASA acabou de publicar um fabuloso vídeo construído com imagens obtidas anteontem a partir da Estação Espacial Internacional. O vídeo mostra o cometa Lovejoy erguendose sobre o horizonte Página 28
da Terra no momento em que a Estação cruzava os céus australianos, 386 quilómetros acima da ilha da Tasmânia. Às magníficas imagens segue-se um breve comentário do seu autor, o astronauta americano Dan Burbank, sobre a experiência de observar tal objecto a partir da órbita terrestre – nas suas palavras, “talvez a coisa mais maravilhosa que alguma vez vi no espaço”! Veja o vídeo aqui. Sérgio Paulino
SISTEMA SOLAR
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Será Vesta um planeta-anão? A missão DAWN tem-nos dado muitas informa-
Veja o vídeo
ções sobre o asteróide gigante Vesta, que tem
aqui.
cerca de 530 kms de diâmetro.
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Nós temos publicado vários posts sobre este aste-
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róide, aqui. Agora, devido ao seu tamanho, e à diferenciação do seu interior – semelhante aos planetas menores – há astrónomos que defendem que Vesta deveria ser promovido a planeta-anão.
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EXOPLANETAS
Dezembro 2011
Kepler Anuncia Descoberta da Primeira Mini-Terra
Crédito: Stalker, Extrasolar Visions
A última sensação na “Kepler Conference” é o sistema Kepler-20. De acordo com informação fornecida por Govert Schilling, um conhecido jornalista especializado em astronomia e autor de vários livros, Nick Gautier, um dos cientistas da missão Kepler, anunciou a [AstroPT:mais que] provável descoberta da primeira mini-Terra, um planeta de dimensão ligeiramente inferior à Terra. Segundo Gautier, o planeta faz parte de um sistema quíntuplo e orbita uma estrela hospedeira, designada de Kepler-20 e também KOI-70, muito semelhante ao nosso Sol. O planeta em causa, designado de KOI-70.04 (-70 refere-se à estrela, -70.01 ao primeiro planeta descoberto por trânsitos, -70.02 ao segundo, etc.), orbita a estrela a uma distância de apenas 9.6 milhões de quilómetros, com um período de 6.1 dias. A sua temperatura superficial deverá ser extremamente elevada, provavelmente na ordem Página 30
dos 600 graus Celsius. A profundidade dos trânsitos conjugada com o raio da estrela hospedeira permitem deduzir para o planeta um raio de apenas 80 a 90% do raio da Terra. Todos os planetas do sistema Kepler-20 estão mais próximos da estrela hospedeira do que Mercúrio relativamente ao Sol. Trata-se portanto de um sistema extremamente compacto, semelhante ao Kepler-11, por exemplo. A existência de três dos planetas do sistema foi confirmada por medições directas do seu efeito na velocidade radial da Kepler-20. Para estes planetas foram adoptadas designações oficiais de Kepler-20b, -20c e 20d. Kepler-20b e -20c têm massas de 8.7 e 16.1 vezes a massa da Terra, respectivamente. A massa de Kepler-20d ainda não é conhecida com exactidão mas é certamente inferior a 20.1 vezes a massa da Terra. Os três planetas têm raios entre 1.9 e 3 vezes o da Terra. A realidade física dos outros dois planetas, que
EXOPLANETAS
Volume 1, Edição 12
incluem o KOI-70.04, a mini-Terra, é quase certa. É possível que a sua massa seja demasiado pequena para poder produzir um efeito visível na velocidade radial da estrela. Neste caso uma confirmação directa da sua natureza planetária é difícil. Por outro lado, o único fenómeno capaz de mimetizar trânsitos de planetas é um sistema binário com eclipses perfeitamente alinhado com a estrela quando visto da Terra (vejam este post). A existência de *dois* sistemas binários alinhados com a Kepler-20 que produzam os trânsitos dos restantes planetas é extremamente improvável. De facto, a existência de um sistema binário alinhado com um sistema planetário múltiplo é também altamente improvável. Por este motivo, os restantes dois planetas deverão ser reais. Mais observações dos trânsitos, por exemplo no infravermelho com o telescópio Spitzer, poderão aumentar o grau de confiança na sua natureza planetária. Uma confirmação directa poderá mesmo ser possível se tiverem sido detectados desvios nos instantes dos trânsitos (TTV), os quais são provocados pela interacção gravitacional entre os planetas do sistema.
tem um artigo sobre estes dois planetas submetido à conceituada revista Nature. Este facto implica que provavelmente a equipa conseguiu, se não confirmar, pelo menos validar os dois planetas. Os três planetas mais maciços do sistema e o KOI70.04 constavam já da lista de 1235 candidatos do Kepler apresentada no passado mês de Fevereiro. O KOI-70.05 só foi detectado no passado mês de Junho e a única informação disponibilizada é o seu período orbital de 19.6 dias. A equipa da missão está a ser extremamente cautelosa com a informação que revela o que pode indiciar que os artigos submetidos para revisão foram aceites para publicação (algumas editoras impõem este tipo de embargo). Se os planetas tiverem realmente sido confirmados então deverão receber as designações oficiais de Kepler-20e e Kepler-20f. Devemos ter novidades no início do próximo ano. Luís Lopes
Um outro cientista da missão, François Fressin,
Primeiros Exoplanetas do Tamanho da Terra
Os tamanhos dos exoplanetas Kepler-20e e -20f comparados com os de Vénus e da Terra. As imagens dos ditos exoplanetas são reconstituições artísticas. Crédito: NASA/Ames/JPL-Caltech Página 31
EXOPLANETAS
Numa conferência de imprensa que decorreu há minutos a equipa da missão Kepler anunciou a descoberta dos dois primeiros exoplanetas com dimensões semelhantes à da Terra. O painel de especialistas que participou no evento era constituído por: Nick Gautier, do Jet Propulsion Laboratory (JPL) e cientista da missão Kepler; Francois Fressin e David Charbonneau do HarvardSmithsonian Center for Astrophysics, e Linda Elkins-Tanton, da Carnegie Institution. Os cientistas descreveram *oficialmente* o sistema Kepler-20, constituído por, pelo menos, 5 planetas que orbitam uma estrela apenas ligeiramente menos maciça e menos luminosa do que o Sol. Já tinhamos falado deste sistema com base em informação veiculada na Kepler Conference, que decorreu no início deste mês, neste artigo. O sistema é incrivelmente compacto, com os 5 planetas a orbitar a estrela hospedeira no interior do equivalente à órbita de Mercúrio no Sistema Solar. Os planetas orbitam a estrela pela seguinte ordem decrescente de proximidade: Kepler-20b, 20e, -20c, -20f e -20d. A ordem das letras não bate certo com a ordem das órbitas pois a primeira reflecte a ordem pela qual os planetas foram descobertos. O Kepler-20e e o -20f foram os últimos a ser descobertos pois são planetas do tipo terrestre e os seus trânsitos provocam um ligeiríssimo decréscimo no brilho da estrela hospedeira, detectável apenas com um instrumento tão preciso como o Kepler, operando a partir do espaço. Se re-escrevermos a lista acima por tipo de planeta ficamos com uma ideia do quão diferente este sistema é do Sistema Solar. A uma distância tão pequena da estrela hospedeira temos: Neptuno (20b), Terra (-20e), Neptuno (-20c), Terra (-20f) e Neptuno (-20d). No nosso sistema os planetas Página 32
Dezembro 2011
encontram-se mais espaçados, com os de tipo terrestre mais próximos do Sol e os Neptunos (Urano e Neptuno) mais afastados. No sistema Kepler-20 estão todos misturados e ninguém sabe muito bem como resultou esta configuração. O Kepler-20e é o primeiro exoplaneta descoberto com um diâmetro inferior ao da Terra. Tem cerca de 87% do diâmetro da Terra e é inclusivamente mais pequeno do que Vénus. Como orbita a estrela hospedeira em apenas 6.1 dias, a sua temperatura de equilíbrio será da ordem de 1000 Kelvin e não deverá ter uma atmosfera. O planeta apresenta sempre a mesma face para a estrela, tal como a Lua o faz relativamente à Terra, pelo que as diferenças de temperatura nos lados diurno e nocturno do planeta deverão ser enormes. Tal como Io, a lua de Júpiter, a interacção gravitacional do planeta com a estrela hospedeira deverá torná-lo geologicamente extremamente activo, possivelmente com vulcanismo a nível global. O outro planeta de tipo terrestre, o Kepler-20f, orbita a estrela em cerca de 19.6 dias e tem uma temperatura de equilíbrio estimada em 700 Kelvin. Tem um diâmetro sensivelmente igual ao da Terra mas é, em princípio, demasiado quente para suportar vida. Os restantes 3 planetas do sistema, os Neptunos, orbitam a estrela com períodos de 3.7, 10.9 e 77.6 dias e têm massas de, respectivamente, 8.7, 16.1 e (menos de) 20.1 vezes a massa da Terra (Urano = 14 vezes a massa da Terra; Neptuno = 17 vezes a massa da Terra). Os raios respectivos são de 1.9, 3.1 e 2.8 vezes o raio da Terra. Podem ver a notícia aqui e mais informação sobre o sistema aqui. Podem ver o vídeo aqui. Luís Lopes
ASTRONAÚTICA
Volume 1, Edição 12
Boris Chertok (1912 – 2011) Faleceu um dos mitos vivos do programa espacial soviético, Boris Evseyevich Chertok (Борис Евсеевич Черток). Tinha 99 anos de idade. Boris Chertok faleceu em Moscovo no dia 14 de Dezembro de 2011 devido a complicações originadas por uma pneumonia. Durante vários anos B. Chertok foi adjunto de Sergei Korolev, estando envolvido no lançamento do primeiro satélite artificial, o Sputnik, a 4 de Outubro de 1957 e nos preparativos para a primeira missão espacial tripulada. Nascido a 1 de Março de 1912 em Lodz, Polónia, a sua família deslocou-se para Moscovo após o início da Primeira Guerra Mundial. Após terminar a sua formação no Instituto de Energia de Moscovo, começou a trabalhar como Engenheiro de Aviação. Após a Segunda Guerra Mundial, Chertok foi designado juntamente com um grupo de
engenheiros soviéticos para analisar e tentar recuperar os segredos nazis das bombas voadoras e da tecnologia de mísseis. Este envolvido nos primeiros passos do programa espacial soviético, sendo uma figura influente no desenvolvimento de muitos sistemas espaciais. Rui Barbosa
China lança satélite para a Nigéria A China levou a cabo o lançamento do satélite de comunicações NigComSat-1R para a Nigéria. O lançamento teve lugar às 1641UTC do dia 19 de Dezembro de 2011 e foi levado a cabo por um foguetão Chang Zheng-3B/E a partir da Plataforma de Lançamento LC2 do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang, provínvia de Sichuan. O NigComSat-1R foi construído pela Academia de Tecnologia Espacial da China e é baseado na plataforma DFH-4. Está equipado com 28 repetidores, incluindo 4 em banda C, 14 em banda Ku, 8 em banda Ka e 2 em banda L. O satélite será posicionado na órbita geossíncrona a 42,6º longitude Este. No lançamento tinha uma massa de 5.100 kg e terá uma vida útil de 15 anos. Página 33
Imagem: China news Rui Barbosa
Dezembro 2011
ASTRONÁUTICA
Último lançamento do ano para a China Num ano histórico para o seu programa espacial com a colocação em órbita do módulo espacial TG -1 TianGong-1 e posterior acoplagem com a SZ-8 Shenzhou-8, a China terminou o ano com o lançamento bem sucedido de um satélite de observação da Terra, o ZiYuan-1 (2C). O lançamento teve lugar às 0326:14UTC do dia 22 de Dezembro de 2011 e foi levado a cabo pelo foguetão CZ-4B Chang Zheng4B desde o Complexo de Lançamentos LC9 do Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan, província de Shanxi. Este lançamento surgiu um pouco como uma surpresa pois era esperado para dia 26 de Dezembro. O satélite ZiYuan-1 (2C) tinha uma massa de 2.100 kg no lançamento e terá um tempo de vida útil de 3 anos. Apesar de não haver muita informação sobre este satélite, sabe-se que estará equipado com duas câmaras de alta resolução capazes de fornecer uma resolução espacial de 2,36 metros em bandas de 54 km. A sua principal característica será uma câmara pancromática multi-espectral com resoluções de 5 e 10 metros, em bandas de 60 km. Pensa-se que este será um melhoramento feito tendo por base os satélites CBERS sinobrasileiros. Este foi o 19º lançamento orbital da China em 2012, tendo 18 sido bem sucedidos marcando assim um novo recorde Página 34
para a China e pela primeira vez ultrapassando o total de lançamentos orbitais num só ano em relação aos Estados Unidos. Rui Barbosa
Volume 1, Edição 12
ASTRONÁUTICA
Rússia falha lançamento de satélite Meridian Uma falha na separação entre o segundo e o terceiro estágio do foguetão Soyuz-2-1B/Fregat levou à perda de um satélite Meridian. O lançamento teve lugar às 1208UTC do dia 23 de Dezembro de 2011 a partir do Complexo de Lançamento LC43/4 do Cosmódromo de Plesetsk, Arkhangelsk – Rússia. Este é o segundo acidente em 2011 com um foguetão da família de lançadores Soyuz após a perda do veículo de carga Progress M-12M no dia 24 de Agosto. Esta falh, apear de ocorrer numa versão melhorada do lançador, vem mais uma vez levantar dúvidas sobre a segurança destes veículos e a ter ocorrido mais cedo poderia ter implicado um adiamento no lançamento da Soyuz TMA03M para a ISS. Entretanto, poderemos assistir ao adiamento do lançamento de seis satélites Globalstar previsto para o dia 28 de Dezembro desde o Cosmódromo de Baikonur. Este lançamento irá utilizar um foguetão Soyuz-2-1A/Fregat na missão ST-24. Segundo os mais recentes dados o terceiro estágio terá caído no distrito de Ordynsky do território de Novosibirsk. Anteriormente teriam corrido rumores de que o impacto ter-se-ia dado na mesma zona onde devereia cair o segundo estágio o que poderia implicar uma falha na separação entre os dois estágios. Os ddaos disponíveis apontam agora para uma falha no terceiro estágio. Este acidente surge também após o embaraçante falhanço na missão Fobos-Grunt que deverá reentrar na atmosfera terrestre na segunda semana de 2012. Este é o quarto acidente em 2011. O primeiro ocorreu a 4 de Março com a perda de quatro satélites devido a uma falha do foguetão TaurusXL lançado desde Vandenberg AFB. Neste lançamento foram perdidos os satélites Glory, KySat-1, Página 35
Hermes e Explorer-1 Prime. Já anteriormente um problema com o foguetão Rokot/Briz-KM lançado desde Plesetsk a 1 de Fevereiro, levara a que o satélite GEO-IK-2 n.º 11L (Cosmos 2470) ficasse colocado numa órbita errada. A 17 de Agosto um problema com um estágio Briz-M levou a que o satélite de comunicações Express-AM4 lançado por um foguetão Proton-M desde Baikonur, ficasse colocado numa órbita inútil. O mês de Agosto assistiria ainda a dois acidentes com o primeiro a ter lugar no dia 18 quando um foguetão CZ-2C Chang Zheng-2C falhou a colocação em órbita do satélite SJ-11 ShiJian 11-04 lançado desde Jiuquan, e no dia 24 um foguetão Soyuz-U falhou o lançamento do veículo de carga Progress M-12M. Ainda não são claras as implicações nem as causas deste novo acidente, mas certamente que veremos alguma consequência no calendário de lançamentos russo para a estação espacial internacional. O próximo lançamento neste programa está previsto para 25 de Janeiro com um foguetão Soyuz-U a lançar o veículo de carga Progress M14M. O próximo lançamento tripulado para a ISS está previsto para 30 de Março com um foguetão Soyuz-FG a lançar a Soyuz TMA-04M. Mais informações assim que estiverem disponíveis. Rui Barbosa
astroPT
astroPT mobile Um dos feedbacks que nos deram prendia-se com uma versão astroPT para dispositivos móveis.
bo de informática, mas pelo Nuno Coimbra, o nosso webmaster. O astroPT está, neste momento,
Tenho o prazer de vos comunicar que esse feedback já foi “tratado”. Não por mim, que pouco perce-
disponível em formato “mobile”. Quem aceder ao site através de um “smartphone”, recebe o formato “mobile”. Carlos Oliveira
A TODOS OS INTERESSADOS: As revistas estão disponíveis para download em: http:// issuu.com/astroPT Clicar na revista que quer descarregar, ao abrir a nova página e em baixo encontrará uma caixa com uma setinha que irá permitir fazer o download (é necessário ter conta no issuu, mas pode fazer o registo com a conta do facebook.
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O astroPT, até ao dia 29 do mês de dezembro, obteve: mais de 118000 visitas.
astroPT magazine, revista mensal da astroPT Textos dos autores, Design: José Gonçalves
O Observatório da Terra da NASA elegeu esta fotografia da Península Ibérica como a imagem do dia 26 de Dezembro de 2011. Veja o post e vídeo aqui. Carlos Oliveira